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O ESTUDO DO SUBSOLO e.c. JORGE HELIO FERREIRA DOS SANTOS “À primeira vista, os terrenos podem se apresentar como rochosos, arenosos, pantanosos, argilosos, etc. Mas não podemos afirmar que o as características do subsolo serão as mesmas das camadas superficiais.” É preciso examinar o local da construção para conhecer o terreno sobre o qual se vai construir. As condições para a construção de uma obra variam de acordo com o solo. É arenoso? É pantanoso? É argiloso? O ESTUDO DO SUBSOLO Uma camada de areia pode encobrir a argila, ou uma camada deslizante inclinada. Uma camada de lodo sobre areia pode encobrir a rocha” (Robert ’Hermite) O solo, contudo, pode ser visto sobre diferentes óticas. Para um engenheiro agrônomo, através da edafo/pedologia solo é a camada na qual pode-se desenvolver vida (vegetal e animal). Para um engenheiro civil, sob o ponto de vista da mecânica dos solos, solo é um corpo passível de ser escavado, sendo utilizado dessa forma como suporte para construções ou material de construção. Para um biólogo, através da ecologia e da pedologia , o solo infere sobre a ciclagem biogeoquímica dos nutrientes minerais e determina os diferentes ecossistemas e habitats dos seres vivos. As características de um solo não podem ser Descobertas pelo aspecto da camada superficial AREIA ARGILA LODO ARGILA E PEDRE- GULHO ROCHA Uma camada de areia pode encobrir a argila Uma camada de lodo sobre areia pode encobrir a rocha ou uma camada deslizante inclinada. O ESTUDO DO SUBSOLO “Uma camada de areia pode encobrir a argila, ou uma camada deslizante inclinada. Uma camada de lodo sobre areia pode encobrir a rocha” (Robert L’Hermite). A depender da sua composição, o solo pode ser composto de blocos rochosos, seixos, pedregulhos, areias, siltes ou argilas, o que vai determinar o seu comportamento. O Sistema Unificado de classificação de solos foi criado pelo engenheiro Arthur Casagrande para aplicação em obras de aeroportos, contudo seu emprego foi generalizado sendo muito utilizado atualmente pelos engenheiros geotécnicos, principalmente em barragens de terra. Código Descrição G Pedregulho S Areia M Silte C Argila O Solo Orgânico W Bem Graduado P Mal Graduado H Alta Compressibilidade L Baixa Compressibilidade Pt Turfas A INFLUÊNCIA DA ÁGUA NO SOLO A água desempenha um papel importante nas características do solo e sua resistência. Sabe-se que uma argila seca é friável, isto é, quebra-se com facilidade, e uma argila úmida é plástica e deformável. Quando se encharca um solo com água a resistência do mesmo é diminuída, podendo provocar recalques. Essa é uma causa bastante frequente das fissurações nas construções. Este efeito é tanto maior quanto mais argiloso for o solo. A água pode ainda provocar deslizamentos e desmoronamentos em taludes como decorrência da diminuição da resistência do solo. Fluxo de água nos solos Em geotecnia o fenômeno do deslocamento da água através do solo é chamado de percolação da água. Conhecer como se dá o fluxo da água no solo é muito importante pois ele é responsável por um grande número de problemas práticos de engenharia, os quais podem ser resumidos em três grupos: - a vazão da água através de maciços terrosos, drenos ou filtros; - o recalque nas fundações das obras; e - a estabilidade geral das massas de solo principalmente de taludes. Para o estudo da percolação, é fundamental que seja conhecido o coeficiente de permeabilidade do solo. Este parâmetro é obtido em laboratório através do Ensaio de Permeabilidade com Carga Constante (no caso de solos granulares como as areias e pedregulhos), ou através do Ensaio de Permeabilidade com Carga Variável (para o caso de solos finos como as argilas). A INFLUÊNCIA DA ÁGUA NO SOLO A INFLUÊNCIA DA ÁGUA NO SOLO A INFLUÊNCIA DA ÁGUA NO SOLO A resistência do terreno A água também pode subir por capilaridade... Os solos são constituídos de partículas sólidas, água e vazios ou poros. Estes poros alinhados formam inúmeros canais capilares muito finos, que aspiram água como faz uma pessoa aspirando uma bebida através de um canudinho. A força que provoca a subida capilar é uma força de sucção. Ela permite a água de um lençol freático subir vários metros até a raiz dos vegetais e até as fundações das obras. A água sobe tanto mais quanto mais finos forem os canais capilares; o que quer dizer quanto menor diâmetro tiverem os grãos do solo. A subida por capilaridade é fraca nas areias grossas e limpas, podendo ser muito grande nas areias argilosas e praticamente nula nos pedregulhos e pedras britadas limpas. Uma camada de areia ou pedra pode impedir a subida capilar. A coesão do solo se deve à ligação dos grãos entre si por delgadas partículas de água que exercem forças elétricas, mantendo os grãos coesos, ou quando a água por capilaridade exerce tensão entre os grãos. Quando o solo é inundado, a coesão desaparece. O Estudo do Subsolo Os terrenos apresentam uma resistência própria, constituindo o limite de carga que podem suportar, e este limite se chama Resistência do Terreno. As cargas dos edifícios provocam deformações no terreno tais como abatimento e empuxo lateral. O abatimento ou recalque (deformação vertical) poderá ser previsto pelo estudo do subsolo, e deverá ficar dentro de certos limites para que se garanta a estabilidade das construções. No empuxo lateral a ação se desvia da vertical por esforços provocados pela própria construção, podendo provocar rachaduras nas paredes e comprometer a estrutura. O estudo do subsolo poderá ser feito por: 1. ensaios diretos de resistência, 2. poços de exploração, e 3. sondagens. O Estudo do Subsolo Segundo Goldenhorn, os terrenos podem ser classificados em incompressíveis ou compressíveis. Os incompressíveis podem ainda se dividir em não socáveis pelas águas e socáveis pelas águas. Os incompressíveis e não socáveis pelas águas são excelentes para receber fundações; suportam grandes cargas estáticas sem sofrer abatimento. Nesta categoria incluem-se as rochas duras, constituídas de bancos de grande espessura e extensão. Excluem-se aí as rochas xistosas (sujeitas à erosão), e as constituídas de camadas finas (suscetíveis de romper pela compressão). Os terrenos incompressíveis, mas socáveis pelas águas, se não comportarem obras de contenção, como drenagens contra a ação dinâmica das águas do subsolo, podem perder sua capacidade de resistência com o correr do tempo. São as areias, cascalhos, saibros, rochas xistosas, argila firme em camadas delgadas, etc. Os terrenos compressíveis são inaptos para receberem fundações convencionais, e neles deverão ser lançadas fundações especiais. São eles: areias argilosas, areias de dunas, terra vegetal, terra argilosa, vasa, turfa, etc. Alguns destes podem resistir bem à ação das águas, mas não suportam cargas, mesmo regulares. O Estudo do Subsolo Debauve, ao estudar este assunto, e levando em conta o fato de que todos os terrenos (com algumas exceções – como p. ex. os aterros recentes) podem ser considerados incompressíveis quando estiverem “encofrados” , i.é, imobilizados de modo a não poderem refluir ou escapar lateralmente, classificou os terrenos em: a. Terrenos firmes; b. Terrenos firmes cobertos de camadas móveis; e b. C. Terrenos móveis em profundidade limitada. Das propriedades naturais que os terrenos devem apresentar,a primeira que nos interessa é o seu grau de compressibilidade. O Estudo do Subsolo 1. Ensaios diretos de resistência Para conhecermos a compressibilidade do terreno, podemos lançar mão de dois métodos: a. Método da mesa b. Método de percussão. Estes métodos se aplicam à fundações de pouca profundidade, onde se pode medir a compressibilidade na profundidade da fundação. No método da mesa, usa-se uma mesa de quatro pés de seção quadrada, de área conhecida (4x 50cm²) e calçados de chapa metálica na parte inferior, com tampo de 1,00m X 1,40m e 60 cm de altura. Abre-se uma cava de 2,00m x 1,80m até a profundidade do alicerce da obra. O fundo da cava deve estar nivelado, não devendo ser comprimido ou socado para não alterar o resultado. Coloca-se a mesa nivelada, com uma régua de madeira na vertical para medir os níveis do tampo sob a ação de cargas. Coloca-se com cuidado sobre a mesa cargas conhecidas (sacos de cimento ou areia, lingotes de ferro, etc.) à cada 30 minutos, marcando-se na régua, e continuando a operação até que haja um abatimento de 2 a 3cm. Depois é só dividir a carga total pela área dos pés da mesa. O Estudo do Subsolo Então: R = P S, onde: R= resistência específica do terreno P= carga aplicada; S= área dos pés da mesa. Para coeficiente de segurança, usa-se 1/4ou 1/5. Daí: r = R ou R. 4 5 R = resistência específica do terreno, e r= resistência (admissível) do terreno. No método de percussão, usa-se uma cava como no método anterior com profundidade igual a dos alicerces. Usa-se um maço que cai de uma certa altura repetidas vezes sobre um mesmo ponto. A penetração total do maço no solo, após um número conhecido de quedas, dará o valor da resistência no terreno. Por este método, a resistência do terreno se encontra pela seguinte fórmula: R = nP ( h + 1) ; onde: R = resistência específica do terreno; S e P = peso do maço; n =número de quedas; h = altura de queda; e = depressão produzida O Estudo do Subsolo Sondagem pelo som O conhecimento sísmico utiliza a velocidade de propagação do som nos diversos materiais. Esta velocidade é diferente para cada material. A propagação do som num meio sólido é, em geral, mais rápida do que num líquido, e neste, mais rápida do que num gás. Ex.: Em relação ao solo, alguns exemplos: - 100 a 200 m/s num solo muito solto; - 200 a 400 m/s na areia; -400 a 800 m/s na argila; - 500 a 1000 m/s para as alterações de rochas; -2.000 a 6.000 m/s para os calcários; e - até 7.000m/s para os granitos e rochas simples. O Estudo do Subsolo 2. poços de exploração Trata-se de uma técnica prospectiva que dá excelentes resultados, pois permite observar no local, a natureza das diversas camadas e a extração de boas amostras até encontrar um ‘bom solo’. É um dos processos mais simples, e empregado em grandes obras, sendo descartado quando se encontra lençol freático ou terreno não coesivo, com possibilidade de desmoronamento. Devem ser retiradas amostras das diversas camadas, utilizando-se caixas cúbicas de 20 a 30 cm de lado. Coloca-se a caixa sem fundos sobre a superfície lateral do poço e, através de pressão, crava-se as quatro faces da caixa no solo. Tampa-se a caixa e solta-se as quatro faces do amostrador, fazendo a extração com o auxílio da picareta. A caixa deve ser fechada com tampa e fundo, e lacrada com fita gomada, com indicação na face superior do número do poço e a cota de profundidade. O Estudo do Subsolo 2. poços de exploração Colocação da caixa sem fundo A caixa é cravada no solo Soltar as quatro faces da amostra Extração da amostra com auxílio de picareta 3. Sondagens Quando for necessário atingir profundidades maiores ou surgirem dificuldades como a presença de água ou a possibilidade de desmoronamentos, o reconhecimento do subsolo poderá ser feito por meio de sondagens. Para o reconhecimento do solo em grandes profundidades, utiliza-se uma sonda, que é uma longa haste, e é enfiada no interior de um furo feito no solo. Na extremidade da haste se localiza um amostrador constituído por uma caixa cilíndrica, por meio do qual se extrai a amostra. O Estudo do Subsolo A amostra deve ser conservada intacta, parafinada, e ao abrigo da evaporação, para ser transportada ao laboratório. O Estudo do Subsolo 3. Sondagens Existem vários métodos de sondagem, de acordo com a necessidade de informação desejada. Eles se classificam em: sondagem de penetração, onde se avalia com precisão a resistência do terreno, sem recolhimento de amostras do subsolo; sondagem de reconhecimento com amostras deformadas, e sondagem de reconhecimento com amostras indeformadas. Para esta última se utilizam vários tipos de amostradores, em função das características de cada terreno. Ex.: O tipo Casagrande – é o que menos deforma as amostras, mas só pode ser usado em solos coesivos. O tipo M.T.I. serva para retirar amostras de argila mole, e tem o inconveniente de exigir a retirada da amostra da camisa para ser levada ao laboratório. O tipo Ivanoff posui chapas móveis de aço na borda inferior que seguram a amostra, permitindo a amostragem de siltes, areias e pedregulhos, mesmo sob o lençol freático. O Estudo do Subsolo 3. Sondagens Equipamentos de sondagem O Estudo do Subsolo 3. Sondagens Medida das características do solo em laboratório a. Granulometria – são medidos os diâmetros dos grãos e a proporção em que ocorrem. b. Teor de umidade – a medida se faz por secagem. A amostra é pesada e em seguida é colocada em estufa a 150ºC até que nãohaja variação de peso da amostra, ou melhor, que o peso da amostra se mantenha constante. A diferença entre o primeiro e o último peso é igual à quantidade de água. c. Peso específico: é o peso por unidade de volume dos grãos sólidos. O peso é dado por uma balança de precisão, e o volume é medido por um aparelho chamado picnômetro. d. Limites de Alteberg - Limite de liquidez(LL) e plasticidade(LP) e limite de retração (LR); e. Permeabilidade e Capilaridade - mede-se a quantidade de água que passa por uma amostra em um determinado tempo para saber a permeabilidade, e os vazios entre os grãos através dos ensaios que detectam as pressões de sucção da capilaridade. Laboratório de mecânica de solos - Equipamentos O Estudo do Subsolo -Ensaio de determinação do Limite de Plasticidade (LP). -Ensaio de determinação do Limite de Liquidez(LL), observando-se o aparelho de Casagrande, com acessórios. O Estudo do Subsolo O Estudo do Subsolo Equipamentos de um Laboratório de mecânica de solos Número de sondagens O Estudo do Subsolo Sempre se pergunta qual o número de furos de sondagem que devem ser feitos para a execução de uma obra. A quantidade de sondagens necessária a um terreno varia em função da carga do edifício, das dimensões da obra e da uniformidade das camadas do subsolo. De acordo com a ABNT, se a menor dimensão da obra for maior que 25m, o mínimo será dois furos para cada 200m² de área e três furos para áreas entre 200 e 400 m². A profundidade das sondagens sofrerá variações de acordo com as características do edifício a ser construído e a natureza do terreno. Resultado das sondagens Os resultados dassondagens são apresentados da seguinte forma: - Relatório; -Planta indicando a posição dos furos; -Perfil de cada sondagem -Perfil do conjunto de sondagens -Indicação dos perfis, através de cotas, das profundidades em que foram obtidas as amostras e a resistência à penetração doamostrador; -O resultado dos ensaios, classificando cada camada e os diversos lençóis d’água com as respectivas pressões (a granulometria, o teor de umidade, o peso específico, os limites de liquidez e plasticidade, a permeabilidade e capilaridade, a coesão) O Estudo do Subsolo Locação dos furos O Estudo do Subsolo Os resultados de uma análise de solo: Laudo de sondagem O Estudo do Subsolo Laudo de sondagem Perfil longitudinal do subsolo Laudo de sondagem O Estudo do Subsolo - Exemplo do aspecto do lençol freático(profundidade encontrada) em terreno reconstituído no subsolo a partir do desenho do perfil longitudinal, obtido a partir de três furos de sondagens distintos. Fim do capítulo
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