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Manobras de Higiene Brônquica Convencionais versus Atuais Técnicas Convencionais 1) Drenagem Postural Fundamenta-se no princípio físico da ação da gravidade. A posição e o grau de inclinação irão variar de acordo com a área do pulmão a ser drenada, devendo haver um posicionamento específico segmentar das vias respiratórias para que a gravidade atue na drenagem do excesso de secreção, a fim deslocá-lo das ramificações brônquicas segmentares para lobares, destas para os brônquios principais, logo depois para a traquéia para finalmente ser eliminada pela tosse. (COSTA, 1999) Técnicas como vibração, percussão, técnica de expiração forçada entre outras podem está associadas à drenagem postural para acelerar o deslocamento da secreção até as vias aéreas proximais. Webber et al. (1986) em seu estudo verificou que a associação da drenagem postural com a técnica de expiração forçada permitiu um aumento significativo dos valores espirométricos, produzindo assim evidências objetivas da melhora da função pulmonar. Posicionamento - De 10º a 15º para áreas correspondentes ao lobo médio e língula - De 20º a 30º para as bases pulmonares 2) Percussão Manual e Mecânica É a propagação de ondas de energia mecânica aplicadas na parede torácica para os pulmões (GASKELL; WEBBER, 1988). A oscilação mecânica gera um aumento da pressão intratorácica, e assim um descolamento de secreções das regiões mais periféricas para as centrais, facilitando a eliminação. (PRYOR, 1997) Gallon (1991) observou que a percussão contínua (com as duas mãos, com freqüência de 240 ciclos/minuto) é mais eficaz no descolamento do muco das paredes brônquicas do que a percussão intermitente (6 - 12 ciclos/minuto). CD-ROM Fisioterapia Respiratória ® Tapotagem 3) Vibração É a aplicação de movimentos ritmados na parede torácica do paciente durante a fase expiratória e pretende aumentar o nível de fluxo expiratório, deslocando as secreções das vias aéreas de pequeno calibre para as de maior calibre, e assim, facilitar expectoração através da tosse. (GASKELL; WEBBER, 1988) Pode ser realizada manualmente ou com um vibrador mecânico. Segundo Costa (1999) o vibrador mecânico possui a vantagem de dar a mesma freqüência de vibração em toda área do tórax, o que não é possível com a vibração manual. Sutton et al. (1985) relatam que para a vibração manual ser efetiva, sua freqüência deve estar em torno de 12-16 Hz. De acordo com o Consenso de Lyon (1994), a freqüência ideal desejada é de 3 a 75 Hz, a fim de modificar as propriedades físicas do muco com diminuição da viscosidade em razão do tixotropismo. 4) Tosse É uma ação reflexa de defesa do organism, que objetiva remover substâncias estranhas e secreção acumulada na árvore brônquica. Em índivíduos sem doença broncopulmonar, a tosse raramente ocorre e o sistema mucociliar é o responsável pela depuração. Quando a quantidade de secreção aumenta, a tosse é um mecanismo adicional para a clearance mucociliar. (PRYOR, 1997) A tosse, segundo Scanlan et al.(2000), é a parte mais importante da terapia de higiene brônquica, já que a maioria das técnicas apenas ajuda a mover as secreções para as vias aéreas centrais. A tosse dirigida deve ser ensinada ao paciente visando diminuir as características da tosse espontânea, produzindo uma tosse efetiva voluntária. Um posicionamento adequado que auxilie no momento da tosse e exercícios de controle da respiração (respiração diafragmática) devem ser priorizados, e ainda assegurar a utilização das fases de inspiração profunda, para evitar o colapso das vias aéreas. Tipos de tosse: - Voluntária: Huff, fragmentada na fase expiratória e flowfelter - Assistida: Pressão manual e TEMP - Reflexa: Tic-traqueal, induzida por ambú, induzida pelo cuff, induzida por vibração mecânica, induzida por pressão digital esternal, induzida por troca de decúbito e instilação traqueal Tic-traqueal 5) Pressão expiratória Baseia numa pressão manual exercida sobre o tórax na expiração, com objetivo de aumentar a ventilação pulmonar e condução das secreções dos brônquios distais para os proximais, facilitando a eliminação das mesmas. Autores constataram que uma pressão exercida sobre o tórax modificação da pressão intratorácica. Técnicas Atuais ou não convencionais 1) Drenagem Autogênica É uma técnica onde se utiliza uma seqüência de técnicas respiratórias, alterando a velocidade e a profundidade da ventilação, promovendo oscilações dos calibres dos brônquios. Tem como objetivo, obter um fluxo expiratório máximo nas diferentes gerações dos brônquios > deslocar a secreção das regiões mais distais do pulmão para as mais centrais > melhor expectoração. (LANNEFORS, 1993) Porém essa técnica, segundo Zach et al. (1987) possui a desvantagem de ser limitada pela idade e pela capacidade de compreensão do paciente, pois é de difícil aprendizado e requer tempo e treinamento por um profissional experiente. A drenagem autogênica é dividida em 3 fases: 1- "desprender" o muco nas porções periféricas dos pulmões através de respirações com volume pulmonar muito baixo; 2- "coletar" o muco nas vias aéreas médias por meio de respiração com volume pulmonar baixo; 3- "evacuar" o muco para as vias aéreas centrais por meio de respirações com alto volume pulmonar. No final de cada inspiração há uma pausa respiratória de 2 a 3 segundos, que é importante para manter as vias aéreas abertas por um período maior de tempo, possibilitando que o ar chegue nas vias aéreas de pequeno calibre. 2) Técnica de Expiração Forçada Realizado com a glote aberta e a partir de um volume pulmonar médio a baixo. As secreções mobilizadas alcançam as vias aéreas mais superiores e 1 ou 2 huffs ou tosse são solicitadas para expectoração. Após esses 1 ou 2 huff ou expiração forçada, se faz necessário um período de relaxamento e respiração diafragmática controlada, o qual previne algum aumento na obstrução do fluxo aéreo. A duração dessa pausa varia de acordo com a fatigabilidade do paciente. Seu objetivo é ajudar na mobilização das secreções através da manipulação das pressões torácicas e da dinâmica das vias aéreas A expiração forçada ajuda na mobilização e na limpeza das secreções mais periféricas. (PRYOR, 1997) 3) Técnica do Ciclo Ativo da Respiração Traduz-se na combinação de técnicas de controle da respiração, exercícios de expansão torácica associados ou não a vibração e percussão e técnica de expiração forçada. Assim, consiste em: respiração controlada, 3 ou 4 exercícios de expansão torácica, novo controle respiratório, mais 2 ou 3 exercícios de expansão torácica, controle respiratório, 1 ou 2 huffs e novamente um controle respiratório. Técnicas manuais, como vibração e percussão, podem ser utilizadas durante os exercícios de expansão torácica. Devido à significativa necessidade de colaboração requerida por parte do paciente, para que a técnica seja efetiva, deverá ser introduzida em crianças maiores ou adolescentes. 4) Flutter É um aparelho semelhante a um cachimbo, composto de uma esfera de metal de alta densidade que repousa em um cone de plástico circular e uma tampa com vários orifícios. A esfera de metal oferece resistência ao ar expirado, abrindo e fechando a passagem de ar. Promove uma pressão positiva expiratória (5 a 35 cmH2O), vibração oscilatória da parede brônquica (8 a 26 Hz) e uma aceleração intermitente do fluxo expiratório. A mudança da freqüência de oscilação, dependedo fluxo aéreo expiratório e da angulação que o instrumento é utilizado. (SCANLAN et al., 2000) O tempo requerido para uma boa eficiência é de 10 a 15 minutos. 5) Pressão Expiratória Positiva – PEP Baseia-se na auto-aplicação de pressão positiva na expiração com bocal acoplada à válvula, com resistência expiratória fixada (5 a 20 cmH2O). A ação da pressão positiva expiratória gera um maior volume de ar nas vias aéreas periféricas durante a inspiração, evitando o colapso e deslocando o muco em direção as vias aéreas centrais, onde pode ser eliminado. O paciente deve se sentar inclinado para a frente, com os cotovelos apoiados sobre uma mesa, e segurar o aparelho à frente da boca. O paciente deve inspirar a médio volume pulmonar, e expirar ativa e suavemente por mais ou menos 2 minutos (6 a 10 repetições rítmicas). A duração e a frequência do tratamento são adaptadas individualmente, mas cada sessão é realizada normalmente durante 15 minutos, 2 vezes ao dia. 6) Aceleração (Aumento) do Fluxo Expiratório - AFE É uma expiração ativa ou passiva, realizada a mais ou menos alto volume pulmonar, onde a velocidade, a força e a extensão podem variar para encontrar o “débito ótimo”, necessário à desobstrução das vias aéreas. Deve-se posicionar o paciente em decúbito dorsal, e as mãos do fisioterapeuta deverão ser colocadas uma sobre o tórax e a outra sobre o abdome. A manobra inicia-se no platô inspiratório e a mão torácica realiza uma pressão de aceleração simétrica, oblíqua, de cima para baixo e de frente para trás. A mão abdominal, por sua vez, realiza um movimento oblíquo de baixo para cima e de frente para trás. Uma aceleração de fluxo deve ser sempre precedida de uma inspiração máxima e realizada a uma velocidade superior à da expiração normal e próxima à da tosse. Conforme a idade e a colaboração do paciente, a técnica pode ser passiva, ativa-assistida e ativa. Indicada em recuperação de patologias pulmonares, pós-cirúrgicos e problemas respiratórios de origem neurológica ou traumática, sempre que a secreção for um fator agravante. 7) Expiração lenta total com a glote aberta em decúbito lateral ELTGOLl) É uma técnica de autoria do fisioterapeuta belga GUY POSTIAUX que significa realizar uma expiração lenta total com a glote aberta estando em decúbito lateral. Seu objetivo e uma depuração das vias aéreas distais através do deslocamento de ar com a velocidade mais elevada possível nas diferentes gerações brônquicas do aparelho respiratório periférico. (Consenso de Lyon – 2000) O terapeuta exerce uma pressão abdominal no sentido oblíquo à parede costal supralateral durante a expiração do paciente até obter a desinsuflação do pulmão infralateral. Deve executar a técnica de 10’ a 15’ no decúbito desejado e ao final, pede- se a tosse técnica. A técnica pode ser ativa ou ativo-assistida. É indicada em: - Pacientes hipersecretivos e colaborativos, adultos ou adolescentes - Pacientes broncorreativos - Pacientes crônicos - Vantagem na ausculta silenciosa, que pode mascarar uma obstrução residual significativa - Ausculta de estertores subcreptantes E contra-indicada em: - Retenção de secreção por lesão cavitária - Acometimento V / Q - Desconforto do paciente - Lesão carcinomatosa - Patologia pleural unilateral - Paciente não colaborativo ELTGOL 8) Exercícios Respiratórios Objetivos: • Promover padrão normal de relaxamento respiratório • Reexpansão alveolar • Aumento da ventilação e da oxigenação • Mobilização da caixa torácica Dentre os vários tipos de exercícios respiratórios, existem: - Exercícios diafragmáticos - Exercícios de respiração localizada - Inspirômetros incentivadores Referências Bibliográficas CONSENSO de Lyon, 1994. COSTA, D. Fisioterapia respiratória básica. 1 ed. São Paulo: Atheneu, 1999. GALLON, A. Evaluation of chest percussion in the treatment of patients with copious sputum production. Respiratory Medicine, v. 85, p. 45-51, 1991. GASKELL, D.V.; WEBBER, B.A. Fisioterapia Respiratória - guia do Brompton Hospital. 4 ed. Rio de Janeiro: Colina Editora, 1988. LANNEFORS, L. What are the alternatives? Autogenic drainage and Active cycle of breathing techniques. Pediatrics Pulmonology, v. 9, p. 95-96, 1993. PRYOR, J. Depuração mucociliar IN: Elizabeth Ellis & Jennifer Alison. Fisioterapia Cardiorrespiratória Prática. Sem edição. Rio de Janeiro: Revinter, 1997. SCANLAN, G.L.; MYSLINSKI, M.J. Terapia de higiene brônquica. IN: Scalan, C.L.; Wilkins, R.L.; Stoller, J.K. Fundamentos da Terapia Respiratória de Egam. 7 ed. São Paulo: Manole, 2000. SUTTON, P.P. et al. Assessment of percussion, vibratory-shaking and breathing exercises in chest physiotherapy. European Respiratory Journal, v. 66, p. 147-152, 1985. WEBBER, B.A. et al. Effects of postural drainage, incorporating the forced expiration technique, on pulmonary function in cystic fibrosis. British Journal Disease Chest, v. 80, p. 353-359, 1986. WILLIAMS, M.T. Chest physiotherapy and cystic fibrosis - Why is the most effective form of treatment still unclear? Chest, v. 106, p. 1872-82, 1994. ZACH, M.S.; OBERWALDNER,B. Chest physiotherapy - The mechanical approach to antiinfective therapy in cystic fibrosis. Infection, v. 15, n. 5, p. 77-79, 1987.
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