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Trabalho nutrigenética nutrigenômica

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NUTRIGENÉTICA, NUTRIGENÔMICA E O CÂNCER
Dayane Andressa Loli�
RESUMO
Nas últimas décadas, presenciamos um aumento nas taxas de doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, diabetes, câncer e aterosclerose. A nutrição contemporânea está concentrada em pesquisas que visam a promoção da saúde e prevenção de doenças a partir dos nutrientes que ingerimos em nosso dia a dia.O modo como nos alimentamos pode ser responsável por uma série de doenças que adquirimos. A nutrigenética e a nutrigenômica permitem o estudo das relações entre nutrientes e genes. O objetivo desta revisão de literatura foi identificar investigações já realizadas de nutrigenética e nutrigenômica associadas à uma doença multifatorial, o câncer.
PALAVRAS-CHAVE: Nutrientes, Genes, Câncer.
INTRODUÇÃO
Cada indivíduo é formado a partir de informações contidas nos genes de seus pais. Os genes são moléculas formadas por quatro bases (adenina, timina, guanina e citosina) que se repetem em sequência.
Em 1990, teve início um grande esforço internacional com o objetivo de mapear e sequenciar todos os genes que constituem os seres humanos, denominado Projeto Genoma Humano. Este projeto forneceu relevantes informações para a ciência acerca dos aspectos genéticos.
O conhecimento da comunicação entre os genes e os compostos dos alimentos, como os nutrientes e os compostos bioativos possibilitou o surgimento de duas novas ciências, denominadas nutrigenômica e nutrigenética. (FUGII, YAMADA, 2010).
A nutrigenômica (ou Genômica Nutricional) estuda como alimentos, nutrientes e outros compostos bioativos ingeridos influenciam o genoma. Identifica ao longo do tempo a influência da dieta na estrutura e expressão dos genes, favorecendo condições de saúde ou de doença. Relacionam-se dados genéticos de indivíduos saudáveis ou doentes com a sua dieta para alcançarem as conclusões sobre as interferências da dieta na estrutura e expressão genética. (ABRAN, 2013).
A Nutrigenética estuda como a constituição genética de uma pessoa afeta sua resposta à dieta. (ABRAN, 2013). A escolha dos alimentos e o apetite, sofrem influência da constituição genética do indivíduo.
A ingestão dos alimentos não produz efeitos iguais para todo mundo. As necessidades de alimentos, nutrientes e compostos bioativos variam de um indivíduo para o outro e influenciam o risco individual de doenças ao longo da vida. Este trabalhou buscou conceituar os termos nutrigenética e nutrigenômica e associá-los a uma doença multifatorial, o câncer, a fim de enfatizar a importância do desenvolvimento dessas ciências.
MATERIAIS E MÉTODOS 
	Esta revisão de literatura foi realizada por meio do levantamento de dados em artigos científicos encontrados nas bases de dados Periódicos Capes e Google Acadêmico, por meio dos descritores nutrigenômica, nutrigenética e câncer. Foram consultados artigos sobre o tema e selecionados aqueles que apresentaram relevância sobre a interação genes-nutrientes-câncer. Também foram consultados livros e sites da internet, a fim de se complementar e conceituar alguns termos. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os hábitos alimentares, bem como o estilo de vida são as principais causas de mortes por neoplasias, sua incidência deverá aumentar de 10 milhões (em 2000) para 15 milhões em 2020, sendo a dieta responsável por 30% dos óbitos em países ocidentais e 20% naqueles em desenvolvimento (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE/ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2003).
	A nutrição pode modificar o processo carcinogênico em qualquer estágio, incluindo metabolismo do carcinógeno, defesas das células e do hospedeiro, diferenciação celular e crescimento do tumor. A expressão do gene pode ser promovida ou alterada por nutrientes durante a gravidez, infância, e durante a vida. Assim, nutrição e dieta contribuem aproximadamente com 35% de fatores causais para o câncer (MAHAN, 2012).
Estudos epidemiológicos indicam que ao redor de 70%-80% dos cânceres humanos estão relacionados a fatores ambientais. O termo ambiental refere-se à ação de fatores exógenos ou endógenos capazes de induzir lesão no DNA e levar ao desenvolvimento neoplásico. (RODRIGUES E CAMARGO, 2010, p.255).
 	No meio ambiente encontramos um grande número de fatores de risco, tais como: tabagismo, alcoolismo, hábitos alimentares, exposição solar, exposição a substâncias químicas entre outros.
 	De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (2014), o desenvolvimento da maioria dos cânceres requer múltiplas etapas que ocorrem ao longo de muitos anos. Assim, alguns tipos de cânceres podem ser evitados pela eliminação da exposição aos fatores determinantes. Se o potencial de malignidade for detectado antes de as células tornarem-se malignas, ou numa fase inicial da doença, tem-se uma condição mais favorável para seu tratamento e, consequentemente, para sua cura.
O desenvolvimento de várias formas comuns de câncer é resultado da interação entre fatores endógenos e ambientais, sendo um dos mais notáveis a dieta. Para o câncer de cólon e reto, os fatores protetores mais importantes são a atividade física e o consumo de alimentos que contêm fibra dietética, ou seja, aqueles de origem vegetal, tais como: frutas, hortaliças (legumes e verduras) e cereais integrais. Por outro lado, são fatores de risco para esse tipo de câncer: carne vermelha, carnes processadas (como mortadelas, presuntos, salsichas, linguiças), bebidas alcoólicas, tabagismo, gordura corporal e abdominal. Outros fatores de risco são a história familiar de câncer colorretal, a predisposição genética ao desenvolvimento de doenças crônicas do intestino e a idade, uma vez que tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam com a idade. Apesar disso, a maioria dos cânceres de cólon e reto (cerca de 75%) se dá de forma esporádica, surgindo de mutações somáticas e evolução do clone celular tumoral. (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2014).
 
 	Corroborando esta afirmação, estudos experimentais in vivo e in vitro demonstraram que fatores de natureza variada tais como agentes físicos, químicos e biológicos são capazes de lesar o DNA da célula e levar ao desenvolvimento neoplásico. (RODRIGUES E CAMARGO, 2010, p.255).
 	Portanto, a dieta, que se enquadra como agente químico, tem sido fortemente associada ao desenvolvimento do câncer.
Segundo o INCA 2014, alguns tipos de alimentos, se consumidos regularmente durante longos períodos de tempo, parecem fornecer o tipo de ambiente que uma célula cancerosa necessita para crescer, se multiplicar e se disseminar. Esses alimentos devem ser evitados ou ingeridos com moderação. Neste grupo estão incluídos os alimentos ricos em gorduras, tais como carnes vermelhas, frituras, molhos com maionese, leite integral e derivados, bacon, presuntos, salsichas, linguiças, mortadelas, dentre outros.
 
 	Garófolo et al. (2004) relatam que “há várias evidências de que a alimentação tem um papel importante nos estágios de iniciação, promoção e propagação do câncer, destacando-se entre outros fatores de risco.“
Neves, Koifman e Mattos (2006) realizaram um estudo epidemiológico com o objetivo de analisar o padrão de incidência ou mortalidade por câncer de cólon e reto e verificar a possível influência de hábitos dietéticos e outras variáveis na distribuição da neoplasia. Os resultados encontrados incluíram uma associação direta entre o consumo de óleos/gorduras e carnes e as taxas de mortalidade por câncer de cólon/reto. Constataram uma correlação direta entre câncer de cólon e ingestão calórica derivada de fontes animais, porém observaram uma correlação negativa com aquela derivada de vegetais, sugerindo que seria a gordura de origem animal, e não o total calórico ingerido, que estaria relacionado ao risco de câncer de cólon. Verificaram também correlação positiva entre o consumo de ovo e leite e câncer de cólon e reto.
Entre as mortes por câncer atribuídas a fatores ambientais, a dieta contribui com cerca de 35%, seguida pelo tabaco (30%) e outros, como condiçõese tipo de trabalho, álcool, poluição e aditivos alimentares, os quais contribuem com menos do que 5%. Acredita-se que uma dieta adequada poderia prevenir de três a quatro milhões de casos novos de cânceres a cada ano. (GLANZ, 1997 citado por GARÓFOLO, 2004).
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2003), as mortes por neoplasias correspondem a 7,1 milhões por ano, representando 12,6% dos óbitos em todo o mundo.
Sabe-se que a dieta é um dos fatores determinantes para o desenvolvimento de uma neoplasia. Indivíduos que sofrem de câncer e outras doenças crônicas serão muito beneficiadas com as pesquisas em nutrigenômica e nutrigenética, pois os estudos vem buscando detectar quais alelos dos genes se relacionam com uma maior ou menor resposta à intervenção dietética.
Espera-se que no futuro próximo, a criação de programas de saúde individuais contribua para reduzir esse índice de mortalidade, uma vez que sendo as intervenções mais específicas para cada pessoa, o organismo possa responder melhor (GO; BUTRUM; WONG, 2003).
Dessa forma, o estudo da nutrigenômica e nutrigenética é de grande valia para a prevenção e o tratamento de doenças, pois conseguiremos elaborar uma dieta específica para cada paciente, de acordo com seu perfil genético individual, fazendo com que se obtenha mais sucesso no tratamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA - ABRAN. A Nutrigenômica, a Nutrigenética e a Epigenética como meios para alcançar o potencial da nutrição, manter a saúde e prevenir doenças. Disponível em: \\ http://abran.org.br/para-publico/a-nutrigenomica-a-nutrigenetica-e-a-epigenetica-como-meios-para-alcancar-o-potencial-da-nutricao-manter-a-saude-e-prevenir-doencas/. Acesso em 15 de fevereiro de 2017.
FUJII, T. M. M.; MEDEIROS, R.; YAMADA, R. Nutrigenômica e nutrigenética: importantes conceitos para a ciência da nutrição. Nutrire:rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 1, p. 149-166, abr. 2010. Disponível em: \\http://files.bvs.br/upload/S/1519-8928/2010/v35n1/a011.pdf. Acesso em 16 de fevereiro de 2017.
GARÓFOLO et al. Dieta e câncer: um enfoque epidemiológico. Revista de Nutrição, Campinas, 17(4):491-505, out./dez., 2004. Disponível em: \\ http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/2301. Acesso em 16 de fevereiro de 2017.
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Coordenação de Prevenção e Vigilância Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Rio de Janeiro: INCA, 2014.
MAHAN, L.K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause. Alimentos, Nutrição & Dietoterapia. 13° Edição. São Paulo, Editora Roca, 2012. 
NEVES, Fabrícia Junqueira das; KOIFMAN, Rosalina Jorge; MATTOS, Inês Echenique. Mortalidade por câncer de cólon e reto e consumo alimentar em capitais brasileiras selecionadas. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2006; 112-120.
� Acadêmica do Curso de Nutrição da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE Câmpus Francisco Beltrão. Orientação Prof. Dra. Claudicéia Risso Pasquotto.

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