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O Tema: caracterização e realização em português* Carolina Siqueira Muniz VENTURA (CEPRIL−PUCSP) Rodrigo Esteves de LIMA−LOPES (PUCSP/UNIFIEO) DIRECT Papers 47 ISSN 1413−442x 2002 Publicado por LAEL, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brazil, e AELSU, University of Liverpool, United Kingdom. Introdução Para Halliday (1985/1984) e seguidores (Thompson, 1996; Eggins, 1994; Martin et. al, 1996 entre outros) os seres humanos expressam significados através de três níveis de linguagem diferentes e complementares: um ligado ao relacionamento entre as pessoas (Metafunção Interpessoal), outro relacionado à representação dos mundos interior e exterior (Metafunção Experiencial) e um último que dá a sentença seu status de mensagem (Metafunção Textual). Este artigo trata do terceiro nível: a Metafunção Textual, responsável pela organização dos significados experienciais (primeiro nível) e interpessoais (segundo nível) em um todo coerente. Em português, inglês e em muitas outras línguas, essa organização é feita principalmente através da escolha que fazemos do elemento que ocupa a posição inicial de cada oração que enunciamos − esse elemento é chamado de Tema, ou ponto−de−partida da mensagem, dentro da Gramática Sistêmico−Funcional (GSF). Assim, do ponto de vista da Metafunção Textual da linguagem, cada oração divide−se em duas partes: a primeira, que corresponde ao início da oração, é o Tema, e o restante é o Rema. A organização da oração em Tema−Rema normalmente acontece da seguinte forma: na parte que corresponde ao Tema, colocamos informações cuja função é fazer a ligação entre a oração que está sendo criada e as orações que vieram antes dela no texto; ou ainda, estabelecer um contexto para a compreensão do que vem a seguir, ou seja, do Rema. Na parte que corresponde ao Rema, desenvolvemos as idéias que estão sendo veiculadas pelo Tema. Isso significa que, na grande maioria das vezes, o Tema expressa a informação dada, a qual já é conhecida pelo nosso ouvinte ou que é recuperável no contexto. O Rema, por sua vez, expressaria a informação nova: aquela que nosso ouvinte desconhece, e que corresponde, efetivamente, ao conteúdo que queremos que ele passe a conhecer. No entanto, é preciso ter em mente que Tema−Rema e Dado−Novo são duas estruturas diferentes − ou correspondem a dois níveis de análise diferentes − que acabam por coincidir em muitos casos. A observação da organização dos Temas de um texto e da estrutura de informação desse texto revela não apenas o que o autor coloca em destaque, como também nos traz importantes pistas sobre o desenvolvimento do texto, ajudando a determinar como a informação ali flui. Assim, este artigo é dividido em cinco partes: a primeira parte trata das origens do conceito de Tema e de sua integração à GSF, a segunda trata de sua definição e identificação, a terceira, de suas diferentes manifestações, a quarta traz algumas estruturas problemáticas para identificação do Tema, bem como algumas particularidades da língua portuguesa e a quinta (e última) trata da relação entre Tema e texto. * Este capítulo é uma adaptação do Capítulo 1 ’Fundamentação Teórica’ da Dissertação de Mestrado de Carolina Siqueira Muniz Ventura (Siqueira 2000), com ampliações sugeridas por Rodrigo Esteves de Lima−Lopes e revisão da Profa. Dra. Leila Barbara, orientadora da dissertação. Ventura e Lima−Lopes 2 1. As origens do conceito de Tema A noção de Tema foi articulada por Mathesius em 1939 e desenvolvida por membros da Escola de Praga como Vachek, Firbas e Danes, que se concentraram no estudo da dinâmica da sentença como um evento comunicativo − o que denominaram "perspectiva funcional da sentença" (FSP). Segundo a definição de Mathesius, Tema é aquilo que é conhecido ou pelo menos óbvio em uma determinada situação e a partir do qual o falante prossegue. Em outras palavras, para Mathesius, Tema é a mesma coisa que informação dada. Na década de 60, M.A.K. Halliday, influenciado pelo trabalho da Escola de Praga, integrou uma noção similar (que ele chamou de Tema) ao seu modelo sistêmico−funcional. A principal diferença entre a abordagem da Escola de Praga e abordagem sistêmico−funcional sobre Tema é que a segunda, como vimos acima, considera que Tema e informação dada são conceitos distintos. 2. Tema: definição e identificação Dentre as várias estruturas que, simultaneamente, compõem uma oração, a Estrutura Temática é aquela que dá à oração o seu caráter de mensagem − as outras estruturas são a de Transitividade, que confere à oração o caráter de representação do mundo em que o falante está inserido, e a de Modo, que fornece à oração o caráter de troca entre os participantes de uma dada interação. A oração faz−se mensagem em um sistema organizado em torno de um binômio, sendo um de seus elementos o Tema e o outro, o Rema. A organização temática das orações é o fator mais significativo no desenvolvimento de um texto, o que dá a essas estruturas uma importante função para a construção da coesão. Analisando−se a estrutura temática de um texto oração por oração, é possível perceber a natureza de sua textura e compreender como o escritor deixou claro para o leitor sua preocupação com a organização da mensagem, bem como sua ênfase informacional. Daí a importância do Tema para a área da análise do discurso em geral e para estudos da estrutura e do fluxo de informações de textos em particular. O Tema é indicado pela posição que ocupa na oração. Ao falarmos ou escrevermos em português (e também em inglês), sinalizamos que um item é temático colocando−o em posição inicial. Portanto, o Tema é o elemento que funciona como o ponto−de−partida da mensagem. O resto da mensagem, ou seja, a parte em que o Tema desenvolve−se, é o Rema. A principal função do Tema é fornecer o pano−de−fundo para a interpretação do Rema. É importante distinguir entre a definição de Tema e a maneira como podemos identificar o Tema de uma oração. A definição de Tema é funcional: o Tema é um elemento dentro de uma determinada configuração estrutural que organiza a oração como mensagem; essa configuração é: Tema + Rema. Quanto à sua identificação: o Tema pode ser identificado como o elemento que aparece em posição inicial na oração. Por exemplo1: O Banco Bradesco construiu sólida posição no Mercado de Capitais Você recebe mais rápido o seu primeiro exemplar No vídeo Montanha−Russa, descubra porque projetar um superbrinquedo... Junto com o 1o. vídeo você já recebe grátis a fita "Velocidades Fantásticas" Para garantir o melhor para a sua diversão e informação a ACME vídeo e o ACME Channel selecionaram... TEMA REMA 1 Todos os exemplos foram retirados de corpora autênticos em língua portuguesa Ventura e Lima−Lopes 3 Ter posição inicial na oração não é o que define Tema, mas sim é o meio através do qual a função de Tema é realizada. Há diferentes formas de se realizar a função Tema em diferentes línguas: um exemplo é a colocação de partículas sinalizadoras em línguas como o japonês. A partir da tabela acima, podemos perceber também que o Tema não é necessariamente um sintagma nominal: pode ser também um sintagma adverbial ou um sintagma preposicionado, os quais, nos exemplos acima, estão indicando circunstâncias. Assim, a regra geral é: Tema é tudo o que aparece em posição inicial na oração, até o final do primeiro elemento experiencial (participantes, processo (verbo) ou circunstância). É interessante notar que, se mudarmos os elementos que ocupam a posição temática, mudamos também o significado da mensagem: Junto com o 1o. vídeo, você já recebe grátis a fita Velocidades fantásticas é diferente de Você já recebe grátis a fita Velocidades fantásticas junto com o 1o. vídeo, que é diferente de A fita Velocidades fantásticas você já recebe grátis junto com o 1o. vídeo. Na primeira oração, a mensagem é sobre quando você recebe a fita; na segunda, sobre você; e na terceira,sobre a fita Velocidades fantásticas. 3. O Tema e suas diferentes realizações 3.1.Tema e Modo das orações Passaremos, agora, a mostrar os possíveis Temas nos diversos tipos de orações. Mas antes, é preciso explicar que existe uma distinção entre Tema não−marcado (o padrão típico, usual) e Tema marcado (alternativa não usual, atípica). Numa oração, o elemento que é tipicamente escolhido como Tema depende, em primeiro lugar, da escolha de Modo da oração. Em português, uma oração pode estar no modo declarativo, interrogativo ou imperativo; se estiver no modo interrogativo, será polar (do tipo sim/não) ou de conteúdo (do tipo QU−). Essa distinção é fundamental para que possamos responder a seguinte pergunta: qual seria, então, numa oração qualquer, o elemento tipicamente escolhido para servir de Tema? Em outras palavras, como é possível distinguir um Tema marcado de um não−marcado? Na verdade, a noção de marcado vs. não−marcado é um ponto polêmico dentro da análise de Tema. As discussões sobre esses conceitos estão principalmente relacionadas à possibilidade de uma escolha considerada marcada ser não−marcada em contextos diferentes. Por exemplo: embora na linguagem oral seja comum a presença do sujeito na oração (Eu faço. A gente vai...), essa escolha não é típica em gêneros escritos, como relatórios anuais (Siqueira, 2000) e cartas de anúncio de produtos e serviços (Lima−Lopes, 2001). Em língua portuguesa, a presença de processos em posição inicial na sentença pode ser algo relativamente comum. Na verdade, a tipicidade desta instanciação é relativa ao meio no qual se dá o evento comunicativo. No meio oral é comum encontrarmos estruturas como: Eu consegui me levantar O calor incendiou minha roupa e minha mochila TEMA REMA Ao passo que no meio escrito, pode−se encontrar estruturas como: Queremos que você seja um dos nossos clientes Ventura e Lima−Lopes 4 Tal fato torna−se possível graças ao sistema de inflexão verbal do português, que traz em si noções de número, tempo e pessoa (quer [e] [mos]), possibilitando a recuperação do gramatical. Uma vez que essa é uma particularidade do nosso idioma que não é prevista pela teoria inicial de Halliday para o inglês2, a clasificação de estruturas onde o sujeito não é expresso torna−se problemática. Convidamos você para conhecer o melhor... Submetemos à apreciação de V. Sas. as Demonstrações Financeiras do exercício encerrado... O tipo de estrutura trazido pelos exemplos acima é um ponto de divergência entre os lingüistas sistêmicos. Duas são as posturas adotadas: a) uma onde o processo é considerado o Tema da oração e b) outra onde o Tema é considerado implícito. Exemplos da primeira são Souza (1997), Siqueira (2000) e Lima−Lopes (2001). Os autores colocam que, nesses casos, o Tema deve ser o processo (ou verbo), uma vez que ele é o primeiro elemento experiencial da sentença, satisfazendo, portanto, uma das condições colocadas por Halliday (1994). Entre os argumentos que defendem essa postura estão: • Ao se considerar o Tema implícito, estamos inferindo que esse seria o ponto de partida da mensagem, o que é previsto dentro do sistema do português, embora não realizado; • Quando o autor não inicia a mensagem pelo pronome/sujeito, está realizando uma escolha no nível textual. Assim, tal escolha deve ser levada em conta no momento da análise; • A proposta de Halliday prevê processos como Temas no caso das orações imperativas (ver nota 2); • Finalmente, se o Tema é tudo que aparece em posição inicial na oração até o primeiro elemento experiencial, e os processos são elementos experienciais, podem ser considerados como Temas quando vêm em posição inicial na sentença. Isso levaria a análises como: Precisamos sair daqui! Ocorreu um assassinato nesta madrugada. TEMA REMA Já Barbara e Gouveia (Barbara e Gouveia, 2001; Gouveia e Barbara, 2001) sugerem que o Tema é um elemento coesivo que pode (ou não) ser expresso. Entre os argumentos que defendem essa postura estão: • apesar de estar elíptico, o Tema é recuperável pelo processo de coesão textual; • as escolhas onde um Tema não está expresso podem, em vários contextos, ser consideradas equivalentes a situações onde ele está, sendo que o falante não vê diferenças entre essas instanciações; • a classificação do processo como Tema marcado é uma transferência direta da regra do inglês, não observando as especificidades do português. Essa postura levaria à seguinte análise: [Nós] Submetemos à apreciação de V. Sas. as Demonstrações Financeiras do exercício... TEMA REMA 2 Em língua inglesa, esse tipo de escolha verbal é restringida a situações muito especiais e raras, entre elas o imperativo, que não necessariamente possui sujeito (Close that door!) e pela alocação de processos múltiplos a um mesmo agente (He came down and [he] raped both of us). Na primeira situação, considera−se o processo como tema. Já na segunda, é interessante perceber que, mesmo em língua inglesa, a classificação temática é confusa nesse aspecto, uma vez que há duas possibilidades de análise temática: uma na qual processos múltiplos em inglês possuem o sujeito como tema, e outra em que o processo é considerado tema. Ventura e Lima−Lopes 5 Portanto, essas diferenças de classificação levam à seguinte diferença na análise: Entregamos [Nós] num prazo de 24hs... Entregamos num prazo de 24hs... TEMA REMA No caso deste artigo, adotamos a primeira proposta − Tema processo − por acreditarmos que a presença do processo na posição inicial é fruto da escolha do falante, o que deve, portanto, ser levado em conta. Ao considerarmos o tema como implícito, estamos realizando uma inferência e não identificando um elemento textual expresso. Contudo, vale ressaltar que apresentaremos ambas as possibilidades no decorrer do trabalho, de forma a mostrar para o leitor os resultados das duas correntes de análise. Passemos agora à identificação dos principais tipos de Tema em português. a) Tema nas orações declarativas: • não−marcado: Tema = sujeito A empresa atua no setor alimentício. As empresas que atuam no setor de alimentos têm tido grande desenvolvimento. As empresas do setor alimentício têm tido grande desenvolvimento. TEMA REMA • marcado: pode ser um sintagma adverbial ou preposicionado, funcionando como adjunto na oração; ou um complemento, que é um sintagma nominal deslocado que não está funcionando como sujeito. Em 1997, as vendas de cerveja cresceram 28% em volume Temos o prazer de apresentar o novo... [Nós] Temos o prazer de apresentar o novo... TEMA REMA • Tema nas orações exclamativas (sub−grupo das orações declarativas): Tema não−marcado = elemento QU− exclamativo. Que bom que você escreveu! TEMA REMA Existe um tipo de oração exclamativa que não possui nem estrutura de transitividade, nem estrutura temática. É o caso das orações sem verbo, como por exemplo, Que legal!, Parabéns!, Socorro! b) Tema nas orações interrogativas: • não−marcado: Pergunta do tipo sim/não: Tema = sujeito (ou o operador verbal finito, caso o sujeito seja elíptico). O operador verbal finito é o elemento que expressa a polaridade (sim ou não?) − justamente a informação que quem fez a pergunta quer saber. Nos exemplos abaixo, os operadores verbais finitos são "poderiam", "é" e "Posso". Ventura e Lima−Lopes 6 Vocês poderiam fazer chegar até eles? Você é competente na língua inglesa? Posso fazer uma pergunta? [Eu] Posso fazer uma pergunta? TEMA REMA Pergunta do tipo QU−: Tema = elemento QU−. O que vai mudar em sua vida? Quantos dos seus professores não são brancos? TEMA REMA • marcado: pode ser outro elemento da oração com exceção do elemento QU−: Depois do que aconteceu ontem, quando você vai vê−lo novamente?" TEMA REMA Em casos onde há a elipse do sujeito na interrogativa, teríamos as seguintes possibilidades: [está] Fazendo [Você] oquê? [está] fazendo o quê? TEMA REMA c) Tema nas orações imperativas: • afirmativas: Tema não−marcado = verbo no imperativo Aceite este convite TEMA REMA • negativas: Tema não−marcado = Não + verbo no imperativo Não perca tempo!!! TEMA REMA Tema marcado: sujeito ou qualquer outro elemento (com exceção do verbo no imperativo) em posição temática. você não perca tempo ou dinheiro TEMA REMA 3.2 Tema Simples Todos os exemplos de Temas apresentados nas seções acima são exemplos de Temas Simples, ou seja: são Temas formados apenas pelo primeiro elemento experiencial da oração. Exemplo: Ventura e Lima−Lopes 7 A empresa recebeu o prêmio Minas Ecologia em 1995. TEMA REMA O Tema da oração acima é um Tema Simples, pois é formado apenas pelo elemento experiencial da oração (o sujeito, ou seja, o participante "A empresa"). Já o Tema Múltiplo, que será visto a seguir, é formado por um Tema experiencial precedido por outros tipos de Temas: o textual e/ou o interpessoal. É importante mencionar que o Tema Simples nem sempre é composto de apenas uma unidade: um sintagma nominal, adverbial ou preposicionado. Ele também pode ser constituído de dois ou mais sintagmas, formando um único elemento estrutural. Por exemplo, A ACME life e a ACME coleções reuniram para você os mais famosos clássicos... TEMA REMA Como temos duas estruturas do mesmo tipo − dois sintagmas nominais em conjunção, por exemplo − o Tema acima ainda se encontra sob a categoria Tema Simples. 3.3 Tema Múltiplo Consideremos o seguinte exemplo: Assim, a empresa pôde aproveitar melhor o expertise de negociação da área de suprimentos. A questão é: qual é o Tema da oração acima? Lembrando que a regra geral diz que o Tema é tudo que aparece em posição inicial na oração, até o final do primeiro elemento experiencial, a resposta é: "Assim, a empresa". Expliquemos isso melhor: Há elementos que possuem um status especial na estrutura temática. São elementos que, quando estão presentes tendem a ser, ou são, obrigatoriamente, temáticos. Aqueles que são tipicamente, mas não obrigatoriamente, temáticos, são os adjuntos conjuntivos (de fato, ou seja, além do mais, assim...) e os adjuntos modais (certamente, talvez, infelizmente ...) Os que são obrigatoriamente temáticos são as conjunções (e, logo, mas ...) e os relativos (o qual, cujo,...) Os adjuntos conjuntivos relacionam a oração ao texto que a antecede. Os adjuntos modais expressam o julgamento do falante com relação à relevância da mensagem. As conjunções e os relativos são itens que relacionam a oração à oração anterior, dentro da mesma sentença. Como esses elementos são tipicamente ou necessariamente temáticos (ocorrem em posição inicial na oração), quando um deles está presente ele não esgota todo o potencial temático da oração. Portanto, o elemento que está depois dele ainda fará parte do Tema. Portanto, se algum adjunto conjuntivo, modal, relativo ou conjunção estiverem presentes em posição inicial na oração, eles formarão, juntamente com o elemento subseqüente, um Tema Múltiplo. Para explicar isso melhor, pensemos na estrutura de Transitividade. Tal estrutura é composta de três elementos: processo (que representa a ação), participantes (que ora realizam ora são afetados pela ação) e circunstâncias (responsáveis pelo pano de fundo). O princípio relevante para a estrutura temática é o seguinte: o Tema contém um e somente um desses elementos, chamado de Tema topical, ou experiencial. Os elementos conjuntivos e modais não entram na estrutura de Ventura e Lima−Lopes 8 Transitividade: não são nem processo, nem participante, nem circunstância. Portanto, como já dissemos anteriormente, o Tema se estende desde o início da oração até (e incluindo) o primeiro elemento da estrutura de Transitividade, ou seja, até o primeiro elemento experiencial. O Tema múltiplo pode ser constituído por: Tema textual + Tema experiencial. Exemplo: Além disso, três unidades de negócios obtiveram a ISO 9001 Tema textual Tema experiencial TEMA REMA Tema interpessoal + Tema experiencial: Infelizmente, a empresa não alcançou os resultados esperados Tema interpessoal Tema experiencial TEMA REMA ou uma combinação dos três. Um exemplo seria: Bem, mas... Paula, certamente, a melhor idéia seria entrar logo na Pós−Graduação Tema textual Tema interpessoal Tema experiencial REMA 3.4 Tema nos complexos de orações Até aqui, considerou−se a estrutura Tema−Rema somente como uma única estrutura dentro da oração. Porém, quando lidamos com complexos oracionais, essa estrutura pode ser analisada em dois níveis: Se (você) preferir o documento pode ser enviado pelo fax Tema 1 Rema 1 Tema 2 Rema 2 TEMA REMA É possível, portanto, analisar a oração dependente (subordinada) como sendo o Tema e a independente (principal) como Rema, ou fazer uma análise de Tema e Rema separada para a oração dependente e para a independente. A opção fica a cargo do analista, de acordo com os objetivos da sua investigação e com o grau de sofisticação da análise. Nossa sugestão (seguimos Thompson, 1996) é que, no caso de orações em relação de hipotaxe (subordinação), como é o caso do exemplo acima, se a oração dependente ocorrer antes da independente, pode−se considerar que a oração dependente inteira é o Tema da sentença: Se (você) preferir, o documento pode ser enviado pelo fax TEMA REMA Se a oração independente ocorrer antes, seu constituinte inicial é o Tema da sentença inteira: Ventura e Lima−Lopes 9 O documento pode ser enviado pelo fax se (você) preferir TEMA REMA As orações paratáticas (ou coordenadas), por sua vez, são consideradas independentes entre si, devendo−se fazer uma análise de Tema e Rema para cada uma delas: O Marathon já está sendo distribuído nos Estados de SP, RJ e BA, mas ele também deverá ser vendido em breve em outros Estados. TEMA REMA TEMA REMA 3.5 Estruturas Tematizadoras: mudando o foco da mensagem Há maneiras pelas quais o escritor/falante pode manipular a estrutura de sua mensagem para estabelecer tipos específicos de pontos−de−partida, ou seja, de Temas. São as chamadas Estruturas Tematizadoras: as Equativas Temáticas, os Temas Predicativos, os Comentários Tematizados e os Temas Prepostos. a) Equativas Temáticas Considere o seguinte exemplo: O que garante cobertura total aos policiais é o helicóptero TEMA REMA Esse tipo de oração é chamado de Equativa Temática, porque transforma a estrutura Tema + Rema numa equação, onde Tema = Rema. Em outras palavras, nesse tipo de oração, o Tema e o Rema são intercambiáveis: É o helicóptero que garante cobertura total aos policiais TEMA REMA É possível re−escrever as Equativas Temáticas de modo que os componentes da mensagem ocupem posições onde essa igualdade desaparece, como em: O helicóptero garante cobertura total aos policiais TEMA REMA A diferença entre utilizar uma Equativa Temática e um Tema simples depende dos propósitos do escritor/falante. O ponto−de−partida em uma Equativa Temática é, geralmente, uma pergunta que o falante/escritor imagina que o ouvinte/leitor poderia fazer naquele momento do texto. No caso do exemplo acima, a pergunta do leitor/ouvinte poderia ser: O que garante cobertura total aos policiais? b) Temas Predicativos A função do Tema Predicativo é oferecer ao escritor/falante a possibilidade de selecionar um elemento da mensagem de forma a dar−lhe status temático, como em: Ventura e Lima−Lopes 10 Não foi o ministro que renunciou Foi o presidente que o demitiu TEMA REMA Podemos entender melhor por que o escritor utilizou um Tema Predicativo se re−escrevermos as orações de forma que os Sujeitos sejam o Tema: O ministro não renunciou; o Presidente o demitiu. TEMA REMA TEMA REMA O que se perde no exemplo acima é o contraste entre os dois Sujeitos. Se esse texto fosse falado, o falante poderia sinalizaro contraste através da entonação, enfatizando as palavras "ministro" e "Presidente". Já na escrita esse recurso não está disponível, e o Tema Predicativo serve para mostrar e enfatizar a relação de contraste para o leitor. c) Comentário Tematizado A estrutura Comentário Tematizado permite que os escritores/falantes tematizem seu próprio comentário a respeito do valor ou da validade do que dirão a seguir. Iniciar uma mensagem expressando sua própria opinião é bastante natural, o que faz com que o Comentário Tematizado seja bastante comum em vários tipos de discurso. É verdade que ele errou ao aceitar dinheiro dos bicheiros. TEMA REMA d) Temas Prepostos Essa última estrutura tematizadora ocorre quase exclusivamente em situações de fala, ou em textos escritos que imitam a fala. Com o Tema Preposto, os falantes anunciam o Tema como um constituinte isolado e substituem−no por um pronome na oração seguinte: O conceito de secretária executiva bilíngüe na nossa cabeça, ele é fortíssimo! TEMA REMA 4. Dificuldades de identificação do Tema Na descrição do inglês, com base na qual foi inicialmente formulada a GSF, existem alguns contextos em que a identificação e análise do Tema torna−se problemática. Alguns desses contextos e, por conseguinte, as dificuldades que eles acarretam, também podem ser encontrados em língua portuguesa. Além disso, Halliday (1994) e seus seguidores já admitiam que a realização da categoria de Tema pode ocorrer de diferentes formas em outros idiomas, como é o caso da língua portuguesa. Assim, o propósito desta seção é discutir alguns problemas encontrados na descrição ou identificação de Tema em língua portuguesa, além de propor sugestões de análise. a) O Tema no discurso citado Ventura e Lima−Lopes 11 Um dos problemas na análise temática é o discurso citado. Quando se tem a utilização de uma citação direta, ou seja, a reprodução fiel do discurso proferido pelo outro, os Temas das duas orações são importantes, devendo, portanto, ser analisados separadamente, como no exemplo abaixo. Sarney disse: "Não quero brigar com ninguém" TEMA REMA TEMA REMA Contudo, percebe−se que, em língua portuguesa, algumas inversões podem acontecer nessa estrutura, ou seja: há a inversão da citação, que aparece em primeiro lugar, ganhando destaque em relação ao seu autor, e do verbo em relação ao sujeito, em que o ato de dizer é colocado como principal em relação ao dizente: "Não quero brigar com ninguém", disse Sarney TEMA REMA TEMA REMA Essas inversões, embora não modifiquem o conteúdo da mensagem, mudam o seu foco em relação à mesma mensagem organizada na ordem canônica. Nesse ponto, é interessante perceber que em alguns discursos esse tipo de organização parece ser o mais usual, como é o caso do discurso jornalístico, como vemos no exemplo acima. Já o caso do discurso indireto parece ser um pouco mais complicado e uma questão ainda pendente na análise de Tema. Isso se dá pelo fato de haver a possibilidade de trabalhar a questão a partir de dois ângulos. No primeiro, a oração projetada é tratada como combinada à oração principal, o que implica na não−observação de seu Tema separadamente: Corrêa disse à Folha que ele não se lembrava da denúncia. TEMA REMA No segundo ângulo de análise, a oração projetada é considerada como uma mensagem diferente, colocada em um outro "nível", o que pressupõe que também a sua estrutura Tema−Rema deve ser analisada: Corrêa disse à Folha que ele não se lembrava da denúncia TEMA REMA TEMA REMA Mais uma vez, a opção por uma ou outra possibilidade de análise dependerá dos objetivos do pesquisador e do nível de sofisticação de sua análise. b) Interpolações no tema Processos de interpolação são aqueles nos quais o falante/escritor interrompe o seu Tema em favor de outras informações, adicionadas antes da conclusão do Tema, como mostram os exemplos abaixo. Nesses exemplos, o autor "suspende" a oração e inclui informações responsáveis pela caracterização mais detalhada dos sujeitos: Frei Damião, 96, um dos religiosos mais populares do Nordeste, chega amanhã a São Paulo. A primeira−dama do Pará, Elcione Barbalho, 49, mulher do governador Jáder Barbalho (PMDB), 49, foi assaltada Clara, 21, e o irmão, Eduardo, 19, instaladores de ar condicionado, salário mensal de CR$ 120 mil, trabalham no Tatuapé e moram na Casa Verde. TEMA REMA Ventura e Lima−Lopes 12 Esse tipo de estrutura interpolada não faz parte da oração que interrompe, o que é marcado por meio da sinalização por vírgulas. A opção por mantê−la junto com o Tema nasce, então, do fato do falante encaixá−la nessa posição por razões de ênfase. Essa estrutura pode ser considerada comum em alguns registros da língua portuguesa, como em textos jornalísticos, nos quais ela é utilizada para a caracterização daquele sobre quem se fala. c) Atributivos prepostos como tema Podemos citar dois tipos de discurso que utilizam muito os atributivos em posição temática: a propaganda e o guia turístico, como nos exemplos abaixo: Construída em 4 anos, entre 1956 e 1960, a capital federal deve ganhar um novo centro cultural projetado por Niemeyer. Sinônimo de comodidade e alternativa segura de pagamento no Brasil e no exterior, os Cartões de Crédito X conquistaram o Certificado de Qualidade ISO 9002. TEMA REMA Nesse tipo de estrutura, a ordem canônica é novamente quebrada em favor da ênfase dada a uma determinada característica de um sujeito (ou de um objeto, ou circunstância). Assim, atributivos prepostos são estruturas nas quais um elemento definidor/caracterizador é colocado em posição temática. O atributivo preposto possui conteúdo experiencial, e por isso poderia constituir, por si só, o Tema. No entanto, é expresso como estruturalmente dependente, amarrado ao sintagma nominal que o segue. Portanto, o sintagma nominal pode ser considerado como o verdadeiro ponto−de−partida da mensagem, e o atributivo preposto está apenas trazendo um pouco mais de informação antes que o escritor concentre−se em sua mensagem verdadeira. 5. Tema e texto Agora que já sabemos o que é Tema e como podemos identificá−lo nos diversos tipos de orações, é importante investigar a seguinte questão: Afinal, qual é o papel que o Tema desempenha dentro de um texto? Conforme mencionamos acima, a organização temática das orações revela aspectos do método de desenvolvimento de um texto. Em outras palavras, se analisarmos a estrutura temática de um texto oração por oração, conseguiremos perceber como o autor efetuou a ligação entre idéias e orações para construir seu texto, ou seja, como o autor organizou sua mensagem. Isso quer dizer que os Temas das orações de um texto auxiliam o leitor a ler o texto, a seguir a lógica de que o autor se valeu para transmitir suas idéias. Quando duas pessoas iniciam uma conversa, qualquer dúvida que surja durante a conversa pode ser resolvida instantaneamente, pois a pessoa pode perguntar à outra o que ela quis dizer com determinada frase, por exemplo. Além disso, a pessoa que fala utiliza entonações diferenciadas para marcar quais informações são mais importantes para o leitor. Já em textos escritos, os leitores não podem esclarecer suas dúvidas com os escritores, e por isso é essencial que os escritores elaborem textos cujos Temas evidenciem que o método de desenvolvimento do texto é claro e lógico. Como os escritores também não podem utilizar a Ventura e Lima−Lopes 13 entonação para marcar quais informações são mais importantes e quais devem ser compreendidas como fornecendo o pano−de−fundo para o entendimento das informações importantes, eles usam para isso também a estrutura Tema−Rema: utilizam a posição ao final da oração (Rema) para indicar a informação importante aos leitores, e a posição no início da oração (Tema) para orientar os leitores para a mensagem que virá a seguir. Resumindo, o Tematem a função de orientar o ouvinte ou o leitor na compreensão e interpretação da informação subseqüente, que é o Rema. Portanto, Temas e Remas são usados para propósitos discursivos diferentes. Existem quatro hipóteses principais para o papel exercido pelo Tema dentro de um texto, que também estão relacionadas ao papel de orientador para o leitor: • os tipos de significados que são colocados em posição temática variam dependendo do propósito do escritor; • é possível manipular as reações dos leitores e ouvintes em relação aos textos mudando o conteúdo dos Temas desses textos; • padrões diferentes de progressão temática correlacionam−se a gêneros diferentes; • o conteúdo dos Temas correlaciona−se com o método de desenvolvimento de um texto ou de um segmento, método este que é percebido pelo leitor do texto. Há vários estudos (infelizmente, poucos sobre a língua portuguesa) que procuram identificar padrões temáticos dentro de diferentes gêneros. Entre esses estudos destacam−se: • Nie (1991): segmentos de guias turísticos em inglês; • Wang Ling (1991): segmentos de peças teatrais em inglês; • Backlund (1991): conversas telefônicas em inglês; • Xiao (1991): receitas culinárias e fábulas em inglês; • Ghadessy (1995): comentários esportivos em inglês; • Souza (1997): anúncios e cartas de emprego em português e inglês; • Siqueira (2000): relatórios anuais em português e suas respectivas traduções para o inglês. • Lima−Lopes (2001): cartas de venda de produtos e serviços. O que esses diferentes estudos demonstram é que cada gênero possui seus próprios padrões temáticos, os quais, por sua vez, estão relacionados aos propósitos comunicativos de cada gênero. Vejamos dois exemplos: os relatórios anuais (Siqueira, 2000) e as cartas de pedido de emprego (Souza, 1997). Os relatórios têm o conteúdo experiencial de seus Temas focado na empresa, suas partes, termos econômico−financeiros e circunstâncias de tempo. Já as cartas, em pronomes pessoais de primeira pessoa e expressões que remetem ao autor da carta e a sua experiência. Já que relatórios anuais se caracterizam por dois propósitos: um legal, que é a publicação das contas da empresa, e outro propagandístico, pois seu conteúdo também visa à atração de novos parceiros comerciais e investidores (cf.: Siqueira, 2000), nada mais lógico do que a presença de termos econômico−financeiros em posição temática, relacionados à análise financeira da empresa (seu balanço, seus lucros, etc.); de circunstâncias de tempo em posição temática, relacionadas à identificação do período ao qual o relatório se refere; e, finalmente, de Temas referentes à empresa e suas partes, produtos e serviços (Siqueira, 2000). Já as cartas de pedido de emprego visam à promoção pessoal do candidato, o que explica sua centralização no remetente, sua experiência no mercado e competência (Souza, 1997). Ventura e Lima−Lopes 14 6. Algumas considerações sobre Rema Ao final deste artigo, o leitor estará, provavelmente, se perguntando: E o Rema? Tanto foi dito e explicado sobre o Tema, e nada foi dito sobre o Rema? A maioria absoluta dos estudos sobre estrutura temática das orações, tanto em inglês quanto em outras línguas, focaliza os Temas dos textos. Até onde é do conhecimento dos autores deste artigo, apenas P.H.Fries tem investigado também o Rema − e em escala bem menor do que o Tema − e somente em língua inglesa. Lembrando que, na maioria dos casos, existe a correlação entre Tema e informação dada e Rema e informação nova, Fries (1994) cunhou o termo N−Rema (N vem de informação nova) para indicar o último constituinte da oração, pois diz que "o Rema inclui elementos demais" − tudo que não é o Tema. Assim, o N−Rema é a parte da oração dedicada à informação nova, é a parte da oração que o escritor quer que fique gravada na memória do leitor. Espera−se, portanto, que o conteúdo do N− Rema correlacione−se aos objetivos do texto como um todo, aos objetivos do segmento do texto dentro desses objetivos maiores, e também aos objetivos da sentença e da oração. Por outro lado, o Tema é o orientador da mensagem transmitida pela oração; ele diz ao leitor como ele deve entender a informação nova transmitida pela oração. Exemplos dessa estrutura em português seriam: Temos o prazer de apresentar o novo processador ACME de 200mhz [Nós] Temos o prazer de apresentar N−REMA TEMA REMA O Banco Bradesco construiu sólida posição no Mercado de Capitais N−REMA TEMA REMA Para comprovar essas hipóteses, Fries analisa uma carta mandada pelo grupo de ação política Zero Population Growth (ZPG) a simpatizantes, com o objetivo de levantar fundos para suas causas. Através da análise dos Temas e N−Remas de cada oração, Fries mostra que as informações enfatizadas pela autora da carta como motivos sólidos para que o leitor contribua financeiramente com o ZPG aparecem N−Rematicamente, e que as informações relacionadas ao pano−de−fundo foram colocadas em posição temática. Para ficar apenas com dois exemplos: os N−Remas contêm a grande maioria dos termos avaliativos que aparecem no texto, ou seja, as palavras e frases que indicam o envolvimento do autor com a informação aparecem nos N−Remas. Os Temas, por sua vez, contêm a maior parte das referências à organização ZPG, seus membros e o teste (The Urban Stress Test) para o qual ela precisa de fundos. Os Temas e Remas foram usados, no texto analisado por Fries, com diferentes propósitos enunciativos. O conteúdo dos Temas apresentou−se como estando relacionado às informações dadas, as quais fornecem o pano−de−fundo, a orientação para o entendimento das informações novas. Estas, por sua vez, relacionam−se ao próprio objetivo geral do texto (obter fundos) e apareceram em posição N−Remática. Trabalhos sobre Remas e N−Remas em português são praticamente inexistentes, deixando um grande espaço para pesquisas. 7. Comentários finais Como já colocado anteriormente, a Metafunção Textual é responsável pela organização da Ventura e Lima−Lopes 15 mensagem. Nesse contexto, o Tema, ou ponto−de−partida da mensagem, e o Rema, que pode ser o responsável pela informação nova, são os elementos que dão à sentença seu caráter de mensagem, além de contribuir para o estabelecimento da coesão e coerência textuais. Neste artigo, procuramos expor as principais formas de manifestação do Tema, observando algumas particularidades da língua portuguesa e discutindo diferentes posturas teóricas, relacionadas com sua identificação e definição em português. Entretanto, muito ainda tem que ser feito. Uma vez que a GSF foi estruturada tendo como base a língua inglesa, uma série de adaptações e discussões ainda precisam acontecer, o que depende do aumento dos estudos em nosso idioma. Outro ponto a ser tocado é a escassez de estudos em língua portuguesa. Como coloca Siqueira (2000: 152), quase todos os estudos nessa área (que são poucos se comparados com outras partes da GSF, como interpessoalidade) analisam corpora em inglês. A solução desse problema implica no trabalho com novos gêneros, que, além de ter seus padrões levantados e analisados, precisam ser comparados entre si e ter sua progressão temática estudada. Esse tipo de abordagem permitiria não só a melhor discussão de alguns dos pontos abordados neste trabalho, como também sugeriria novos pontos de debate. Ainda dentro dos poucos estudos em português, podemos observar que sua maioria está relacionada à área de negócios. Isso também mostra que há uma série de registros (Halliday & Hasan, 1989) que precisam ser pesquisados. Referências Bibliográficas BACKLUND, I. (1991) Theme in English telephone conversation. Paper delivered at the 17th International Systemic Congress, Stirling, Scotland. June 1990. BARBARA, L. & C. GOUVEIA (2001) It is not there, but [it] is cohesive: the case of pronominal ellipsis of subject in Portuguese. Direct Papers no. 46, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,Brazil, and AELSU, University of Liverpool, United Kingdom. GOUVEIA, C. & L. BARBARA (2001) Marked or unmarked that is NOT the question, the question is: Where’s the Theme? Direct Papers no. 45, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brazil, and AELSU, University of Liverpool, United Kingdom. EGGINS, S. (1994) An introduction to systemic functional linguistics. Pinter Publishers. FRIES, P.H. (1994) On theme, rheme and discourse goals. IN: M. COULTHARD (ed.) Advances in written text analysis. Routledge. GHADESSY, M. (1995) Thematic development and its relationship to registers and genres. IN: M. 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Seus principais interesses de pesquisa são análise do discurso de base sistêmico−funcional, tradução − ensino e pesquisa, e ensino instrumental de línguas. e−mail: carolventura@uol.com.br Rodrigo Esteves de Lima−Lopes é Mestre em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL − PUCSP). Autalmente leciona Língua Portuguesa (COMFIL) e Inglês para Fins acadêmicos (COGEAE) na PUCSP e Inglês geral /Metodologia de Pesquisa no UNIFIEO. Seus principais interesses de pesquisa são análise do discurso de base sistêmico−funcional, Língüística do Corpus e ensino instrumental de línguas. e−mail: limalopes@terra.com.br
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