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Gestão e empreendedorismo - Igor Augusto

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Igor Augusto de Melo Dias
Gestão e 
Empreendedorismo
Igor Augusto de Melo Dias
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
Belo Horizonte
Janeiro de 2016
COPYRIGHT © 2016
GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO
Todos os direitos reservados ao:
Grupo Ănima Educação
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização 
por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios 
empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros.
Edição
Grupo Ănima Educação
Vice Presidência
Arthur Sperandeo de Macedo
Coordenação de Produção
Gislene Garcia Nora de Oliveira
Ilustração e Capa
Alexandre de Souza Paz Monsserrate
Leonardo Antonio Aguiar
Equipe EaD
Conheça 
o Autor
Igor Augusto de Melo Dias leciona, desde 
2009, as disciplinas Teorias da Administração, 
Gestão de Pessoas e Gestão de Processos. Ele 
é graduado em Administração de Empresas 
pelo Centro Universitário UNA, especialista 
em Gestão Estratégica de Negócios (UNA) 
e em Gestão Pública (UEMG) e mestre em 
Administração Pública pela Fundação João 
Pinheiro. Atuou, durante oito anos, no setor 
privado, em empresas como Vale, Oi e Unimed-
BH. Atualmente, além da docência, ele exerce 
o cargo de Analista em Planejamento e Gestão 
no governo federal.
A disciplina “Gestão e Empreendedorismo” compõe a área de gestão 
e convida a uma reflexão sobre o processo empreendedor que parte 
do princípio de que o ato de empreender não se limita à criação de 
uma empresa. Todas as vezes que criamos algo novo, inusitado, 
ou provocamos uma inovação em algo já existente, estamos 
empreendendo. Portanto, o processo empreendedor requer do indivíduo 
um comportamento diferenciado que ultrapasse as técnicas gerenciais. 
Pensando nesse aspecto, a disciplina propõe uma reflexão sobre o 
desafio deste século que é conciliar a capacidade produtiva e lucrativa 
com a gestão ambiental e social. Aponta-se que o mercado não é 
mais complacente com empresas que não preveem em suas práticas 
organizacionais uma gestão responsável. Refletimos, portanto, sobre 
um futuro que já bate à nossa porta.
A disciplina também propõe que o ato de empreender depende da 
capacidade do indivíduo em reconhecer oportunidades e, partir disso, se 
empenhar em concretizá-las por meio de metodologias que permitem 
organizar as ideias, tais como o modelo de negócios Canvas e o plano 
de negócio.
A inovação é matéria-prima do empreendedor, entretanto, para 
concretizá-la, é preciso angariar recursos financeiros e uma certa 
assessoria. Logo, a disciplina também aborda aspectos relacionados à 
aquisição de recursos financeiros, bem como aos tipos de assessoria 
as quais o empreendedor pode buscar auxílio durante a árdua tarefa de 
sobreviver no mercado.
Por fim, a disciplina discute conceito essenciais do gerenciamento de 
uma empresa, por meio dos conceitos de estratégia, gestão de projetos 
e liderança transformadora, sempre com foco na área de saúde. 
Bons estudos!
Apresentação da 
disciplina
UNIDADE 1 002
Introdução ao Empreendedorismo 003
Inspiração Empreendedora 006
Empreendedorismo: Conceitos Básicos 011
A Importância do Empreendedorismo para o Desenvolvimento Econômico 015
Perfil Empreendedor 020
Revisão 027
UNIDADE 2 029
Os Desafios da Inovação 030
O que é Inovação? 033
As Diferenças entre Imitação, Inovação e Invenção 038
Características e Tipos de Inovação 042
As Vantagens Competitivas da Inovação 047
Revisão 048
UNIDADE 3 051
Mapeando Oportunidades 052
Oportunidades Pessoais – Descobrindo a Si Mesmo 053
Ideia x Oportunidade 057
Critérios para Análise de Oportunidades 062
Revisão 069
UNIDADE 4 072
Metodologias empreendedoras 073 
Design Thinking 077 
Modelo de Negócio Canvas 081 
Estrutura do Plano de Negócio 091 
Análise de Mercado 095
Revisão 104
UNIDADE 5 106
Marketing para Empreendedores 107 
Conceitos de Marketing 110 
A Importância do marketing 110
Redes de relação 114
Mercados e Orientações da Empresa com Relação ao Mercado 118
Segmentação de Mercados (Clientes) 122 
Composto de Marketing: Produto, Preço, Praça e Promoção - Atualização 
dos 4Ps 124 
Marketing Digital 127 
Entendendo o Consumidor On-line 128 
Revisão 134
REFERÊNCIAS 197
UNIDADE 6 137
Formas de assessoria e financiamento para novos empreendimentos 138 
Fontes de assessoria para o empreendimento 140 
Como financiar seus empreendimentos 148 
Programas do governo brasileiro 166 
Revisão 169
UNIDADE 7 170 
Arranjos empresariais e startups 171
Clusters de inovação e arranjos produtivos locais 173
Empresas de base tecnológica 180
Startup: desenvolvimento e características 182
Revisão 195
UNIDADE 8 197
Gestão de Organizações Ligadas Direta ou Indiretamente 
à Área da Saúde 198
Conceito de Planejamento Estratégico 200
Controle Estratégico 215
Gestão de Projetos 216
A liderança Transformadora 220
Revisão 227
Introdução
A História de Lisabeth Braun e criação da Dermage
Em 1978, incomodada com o trabalho em um laboratório de 
análises clínicas, a recém-formada farmacêutica Lisabeth (Lisa) 
Braun, 53 anos, resolveu arriscar criando a “Dermatus”, a primeira 
farmácia de manipulação no Rio de Janeiro. Percebendo na época 
que se tratava de uma grande oportunidade graças as suas viagens 
por outros países, e contrariando todos os fortes preconceitos da 
época sobre uma mulher no mercado de trabalho, principalmente 
como empreendedora, vendeu seu carro e junto com uma sócia, 
criou seu primeiro negócio em uma pequena sala comercial no 
tradicional bairro de Copacabana. 
A Dermatus chegou a ter 4 lojas, mas por divergências de visão de 
futuro do negócio, Lisa se separou da antiga sócia em 1990 para 
então criar a Dermage, contando com seu marido, o engenheiro-
civil e administrador Walter Braun, com então 57 anos, como 
sócio e diretor administrativo-financeiro, e sua filha Ilana Braun, 29 
anos, advogada e economista que atua desde 2005 como diretora 
comercial. Hoje, a Dermatus possui 5 lojas no Rio de Janeiro e a 
marca “Dermage 28”, entre lojas próprias e franquias.
O Brasil é um dos países que mais consomem cosméticos no 
mundo. A classe média, cujo poder aquisitivo tem aumentado 
nos últimos anos, lidera o uso de produtos de beleza, segundo a 
Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e 
Cosméticos. A cada 100 brasileiros que compram cremes corporais, 
Introdução ao 
Empreendedorismo
• Inspiração 
Empreendedora 
• Empreendedorismo: 
Conceitos Básicos 
• A Importância do 
Empreendedorismo 
para o 
DesenvolvimentoEconômico 
• Perfil 
Empreendedor 
• Revisão 
por exemplo, 53 pertencem a essa faixa de renda. A Dermage, 
empresa carioca que atua no desenvolvimento, na produção e 
venda de dermocosméticos, é uma das companhias que mais 
podem se beneficiar com esse cenário - afinal, seu público-alvo são 
mulheres das classes A e B, com 20 a 55 anos, preocupadas com 
beleza e saúde. 
A Dermage surgiu da união de dois mundos: cada unidade era, 
ao mesmo tempo, uma farmácia de manipulação e uma loja de 
dermocosméticos. Graças ao relacionamento que Lisa desenvolveu 
com dermatologistas, alergistas e cirurgiões plásticos ao longo de 
doze anos, a linha Dermage logo foi ganhando a preferência deles, 
que, em vez de receitarem as fórmulas, passaram a recomendar os 
produtos prontos aos pacientes. Hoje, a companhia tem uma base 
de seis mil médicos cadastrados e tem investido maciçamente para 
se tornar a marca de dermocosméticos que mais entende da pele e 
do clima dos brasileiros.
Hoje, a empresa é multicanal, presente em todo o território nacional, 
com 35 lojas entre próprias e franquias, e 80 pontos de revenda 
multimarcas e nas principais redes de drogaria do Rio de Janeiro e 
São Paulo. 
A linha Dermage possui mais de 100 produtos para rosto, corpo 
e cabelos, além de protetores solares e maquiagem - todos 
produzidos em laboratórios próprios, com tecnologia de ponta e 
matéria-prima de última geração e com foco em cuidar da pele dos 
brasileiros.
O caso apresentado no começo desta unidade é apenas um dentre 
vários exemplos que iremos estudar ao longo da nossa disciplina. 
A história da Lisabeth Braun nos ajuda a compreender diversos 
conceitos que iremos estudar a partir de agora. 
Você sabe qual o significado da palavra “empreendedorismo”? 
Quais são os impactos que os empreendedores podem gerar no 
desenvolvimento econômico de um país? Você sabe o que é atitude 
empreendedora? Esta unidade tem a finalidade de responder a 
essas e outras questões. 
O empreendedor é um agente de transformação que carrega 
consigo um perfil específico, com características como criatividade, 
inovação, persistência, dentre outras. Sendo assim, é imprescindível 
saber mais sobre o perfil do empreendedor e entender que existem 
diferenças entre empreendedores e administradores. Em meio 
às discussões propostas, são introduzidos dois conceitos, um 
relacionado às motivações empreendedoras: empreendedorismo 
por necessidade (executado em função de uma necessidade 
pessoal) x empreendedorismo por oportunidade (executado em 
função de uma oportunidade vislumbrada) e outro relacionado ao 
intraempreendedorismo (funcionários com espírito empreendedor). 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
7
Inspiração 
Empreendedora
A revelação do comportamento empreendedor exige uma reflexão 
inicial: quem somos? De onde vem a inspiração empreendedora? 
Em algum momento, nos vemos como um modelo de negócio? Ou 
será que estamos no mundo como um barco à deriva? 
Pesce (2016) e Clark et al. (2013) tratam a questão empreendedora 
de uma forma abrangente, para além da abertura de um negócio. 
Esses autores ajudam a conhecer e encontrar as competências e 
habilidades, uma forma de inovar. De acordo com eles, pode-se, a 
partir de autoconhecimento e do planejamento, construir o próprio 
modelo de negócios.
Para tanto, temos que estar preparados para nos reinventar e 
desenvolver o comportamento empreendedor. Pesce (2016), em 
seu livro “Procuram-se super-heróis”, esclarece que pessoas 
empreendedoras carregam grandes habilidades. Ela define essas 
pessoas como:
[...] pessoas que têm superpoderes e mais 
superpoderes, e muitas vezes nem sabem disso. 
Pessoas que fazem os outros se sentirem queridos, 
úteis e importantes. Pessoas que dão bons exemplos. 
Pessoas que escutam e falam com entusiasmo. 
Pessoas que sabem criar ambientes de trabalho que 
permitem a outros fazerem o melhor trabalho de suas 
vidas. Pessoas que pedem desculpas e perdoam. 
Pessoas que fazem boas perguntas. Pessoas que não 
julgam nem têm inveja ou preconceito. Pessoas que 
veem as coisas pelo lado positivo. Pessoas que criam 
situações em que todo mundo ganha. Pessoas que 
querem se conhecer melhor (PESCE, 2016, p.10).
De acordo coma autora, conhecer-se melhor é um bom caminho 
para um comportamento empreendedor. 
A relação entre comportamento empreendedor e autoconhecimento 
não é assunto novo na psicologia. Skinner, pai do behaviorismo 
Pesce (2016) e 
Clark et al. (2013) 
tratam a questão 
empreendedora 
de uma forma 
abrangente, para 
além da abertura de 
um negócio. 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
8
radical, na década de 70, já apontava o significado do 
autoconhecimento para o indivíduo:
[...] o autoconhecimento tem um valor especial para 
o próprio indivíduo. Uma pessoa que se ‘tornou 
consciente de si mesma’ por meio de perguntas que 
lhe foram feitas está em melhor posição de prever e 
controlar seu próprio comportamento (SKINNER, 1974, 
p. 31).
A novidade está, portanto, em usar o autoconhecimento como 
forma de identificar aquilo que te faz feliz e, ao mesmo tempo, faz 
de você uma pessoa inovadora. 
De acordo com Barbieri (1997), a inovação é a capacidade de 
colocar soluções criativas para os problemas e as oportunidades, 
como o objetivo de melhorar e enriquecer a vida das pessoas. Não 
basta ter novas ideias, é preciso transformá-las em um produto 
tangível, torná-las um empreendimento, serviço ou negócio.
O empreendedor tem um papel fundamental dentro desse prisma: 
reformar ou revolucionar o padrão de produção, explorando 
uma invenção ou, de modo geral, um método tecnológico não 
experimentado para produzir um novo bem, ou um bem antigo 
de maneira nova. A atitude empreendedora leva o indivíduo a 
providenciar soluções viáveis para as necessidades das pessoas.
Esse processo de tradução de uma ideia ou invenção em um bem 
ou serviço é que cria valor aos anseios e atende às expectativas dos 
consumidores que, certamente, pagarão por aquilo que necessitam.
Essas ideias passam por uma seleção com o objetivo de chegar 
a um modelo que esteja em sintonia com o investimento e com o 
tempo para o seu desenvolvimento, e que, ao mesmo tempo, seja 
inovadora.
A atualidade apresenta vários exemplos de pessoas que resolveram 
inovar dando uma guinada em sua vida a partir da identificação 
A atitude 
empreendedora 
leva o indivíduo 
a providenciar 
soluções viáveis para 
as necessidades das 
pessoas.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
9
das suas competências e habilidades que se tornaram grandes 
inspirações empreendedoras.
Exemplo disso é o caso do Edgar Corona, fundador da Smart Fit, 
formado em Engenharia Química, ele começou a empreender 
ainda durante a faculdade, montando uma confecção com alguns 
colegas. Depois de formado, atuou em uma usina de açúcar da 
família, contudo, em virtude de conflitos entre os membros da 
família, Corona conta que colocaram ele para fora do negócio. Foi aí 
que ele resolveu montar o seu próprio negócio.
O ramo escolhido foi totalmente diferente dos outros dois: uma 
academia de ginástica. Mas, ao contrário do sucesso das redes “Bio 
Ritmo” e “Smart Fit”, a primeira unidade foi um fracasso. “Montamos 
tudo errado: endereço errado, arquiteto errado, e o negócio não deu 
certo”, diz. Prestes a falir, Corona teve a chance de recomeçar com 
uma nova unidade na Avenida Paulista, em São Paulo. “Tentamos 
mirar um pouco no cliente e fizemos diferente, com uma arquitetura 
legal, mudando conceitos da academia com foco na experiência do 
cliente”, diz. Da iluminação aos vestiários, tudo foi pensado para 
conquistar o exercício(Reportagem da PEGN -16 abr. /2016).
Hoje, a Smart Fit é a maior rede de academias do Brasil, do México e 
da América Latina, com 320 unidades. 
A história de Edgar Corona mostra que ser um empreendedor de 
sucesso exige postura positiva diante das dificuldades, criatividade 
na sua superação e persistência em relação aos objetivos, 
dentre outras importantes características. Para dar suporte ao 
desenvolvimento empreendedor, existem instrumentos que podem 
e devem ser utilizados. 
De acordo com Degen (2009), há duas frases conhecidas para 
ilustrar os motivos pelos quais o empreendedor deve utilizar essas 
ferramentas. A primeira é do filosofo e professor chinês Confúcio 
(c. 551-479 a. C.): “os cautelosos raramente erram”, e a segunda 
Da iluminação 
aos vestiários, 
tudo foi pensado 
para conquistar 
o exercício 
(Reportagem da 
PEGN -16 abr. 
/2016).
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
10
do fabulista grego Esopo (c. 620-560 a. C.): “pense antes de agir”: 
as duas remetem à ideia de não ser aventureiro sem mapa e sem 
objetivo. Os instrumentos empreendedores são necessários para a 
redução dos riscos no empreendedorismo. 
É importante salientar que se pode criar o próprio plano, mesmo que 
a intenção não seja abrir um negócio. Pode-se, por exemplo, desejar 
atuar na comunidade em que se vive ou implementar as suas 
habilidades em prol da sociedade. Uma das formas de fazer isso 
é por meio do empreendedorismo social e sustentável. Segundo 
Melo e Froes (2002), o empreendedorismo social é uma das formas 
mais tangíveis de inovação dentre os tipos de empreendedorismo. 
O empreendedor social não produz bens e serviços para vender, 
mas para solucionar problemas sociais. Não é direcionado para 
mercados, mas para segmentos populacionais em situações de 
risco social (exclusão social, pobreza, miséria, risco de vida). 
Um exemplo de empreendedor social é o da Dona Geralda, 
fundadora da ASMARE (Associação dos Catadores de Papel, 
Papelão e Outros). A ASMARE é conhecida por gerar emprego e 
renda para dezenas de pessoas na grande Belo Horizonte, além de 
contribuir de forma definitiva para conscientização da população 
sobre o reaproveitamento de materiais. 
Uma das formas de fomentar o empreendedorismo social são 
as incubadoras voltadas para a área social, como a Ashoka, por 
exemplo, cuja missão é:
Dar suporte a empreendedores sociais que estão 
apoiando e colaborando com a nossa visão, com 
uma equipe multidisciplinar e integrada (Team of 
Teams), que entende a fluidez de uma sociedade em 
rápida evolução. A Ashoka acredita que todas as 
pessoas podem aprender e aplicar as habilidades de 
empatia, trabalho em equipe, liderança colaborativa e 
postura ativa de transformação. Dessa forma, serão 
cidadãos bem-sucedidos no mundo moderno, capazes 
de promover mudanças em seu entorno (ASHOKA 
BRASIL, 2016).
Um exemplo de 
empreendedor 
social é o da Dona 
Geralda, fundadora 
da ASMARE.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
11
Já na área de desenvolvimento de empresas, existem as 
incubadoras de base tecnológica que, segundo Dornelas (2008, p. 
14), tem como objetivo: “a produção de empresas de sucesso, em 
constante desenvolvimento, financeiramente viáveis e competitivas, 
em seu mercado, mesmo após deixarem a incubadora, geralmente 
em um prazo de 2 a 4 anos”.
Além das incubadoras, os parques tecnológicos também são 
bastante úteis ao empreendedorismo. Exemplo disso é o Vale do 
Silício, que contribuiu para o surgimento de uma grande variedade de 
startups de tecnologia (empresas jovens e extremamente inovadoras 
em qualquer área ou ramo de atividade que procuram desenvolver um 
modelo de negócio escalável e repetível), muitas em mercado de alto 
potencial (PESCE, 2016). Além de pensar a respeito das formas de 
assessoria para um negócio, como as incubadoras, o empreendedor 
também deve se preocupar com as fontes de financiamento. 
 O caminho do empreendedor é uma jornada de construção do 
futuro. No início, há uma inquietação de criar algo novo, produtivo, 
que transforme a realidade, uma ideia. O final, aparentemente, é ver 
a ideia concretizada por meio de uma empresa, de uma ação social, 
de uma mudança na organização de atuação do empreendedor. 
No entanto, não é bem assim, pois, parodiando um dito popular, 
“uma vez empreendedor, sempre empreendedor”. Isto é, quando 
se começa a desenvolver ideias e a realizá-las não se para mais, 
quer sempre fazer, construir e realizar mais. O mundo é sempre 
dinâmico, vive-se no meio de uma rede empreendedora e, por isso, é 
necessário um desenvolvimento constante de novas características 
e comportamentos empreendedores. 
A personalidade empreendedora transforma a condição 
mais insignificante em uma excepcional oportunidade. O 
empreendedor é o visionário dentro de nós. O sonhador. 
A energia por trás de todas as atividades humanas. A 
imaginação que acende o fogo do futuro. O catalizador 
das mudanças (GERBER, 1996, p.31). 
Quando se começa 
a desenvolver ideias 
e a realizá-las 
não se para mais, 
quer sempre fazer, 
construir e realizar 
mais.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
12
Empreendedorismo: 
Conceitos Básicos
Conta a história que dois monges, um sábio e um aprendiz, foram visitar 
um sítio onde morava uma família muito pobre. Rapidamente notaram que 
a única fonte de renda da família era uma vaca magra que, de acordo com 
o pai, era suficiente para lhes dar o sustento. Ao terminar a visita, os dois 
monges iam se retirando do sítio, quando o monge sábio pediu ao aprendiz 
que jogasse a vaca no precipício. O aprendiz ficou muito incomodado com 
o pedido, mas resolveu atendê-lo. 
Tempos depois, o monge aprendiz, inconformado com o que tinha feito, 
resolveu voltar ao sítio. Chegando lá, o aprendiz viu um cenário muito 
diferente do que encontrara na vez anterior. Agora o sítio estava cheio de 
plantação e de animais, inclusive de várias vaquinhas. O aprendiz, então, 
perguntou ao proprietário o que havia acontecido. Então, ele lhe respondeu: 
“algum tempo atrás, logo que vocês nos visitaram a nossa velha vaquinha 
caiu no precipício, achamos que seria o fim do mundo. Entretanto, isso nos 
deu coragem para mudar, desenvolver em nós habilidades e competências 
para descobrir novas oportunidades que antes não víamos por estarmos 
acomodados com a vaquinha”.
Essa história mostra que todos precisam se desvincular da “vaquinha”, de 
ideias ultrapassadas e abrir a mente para novos comportamentos. É esse o 
convite que o empreendedorismo faz. Certamente, nos últimos tempos, de 
alguma forma, já ouviu sobre este termo, “empreendedorismo”, certo? Seja 
na TV, no rádio e em programas do governo, essa palavra tem sido bastante 
veiculada e, quase sempre, ligada à inovação. Embora tenha ganhado vigor 
somente a partir da década de 90, o termo “empreendedorismo” existe há 
mais de 800 anos. Segundo Dolabela (2006, p. 29) “empreendedorismo não 
é um tema novo ou modismo: existe desde sempre, desde a primeira ação 
humana inovadora, com o objetivo de melhorar as relações do homem 
com os outros e com a natureza”.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
13
O “empreendedorismo” é uma palavra derivada do verbo francês 
entreprende (empreender) que é usada para designar o ato de “fazer algo”. 
Quem é que nunca “fez algo” novo? Quem é que nunca criou, reinventou ou 
inovou? Todo ser humano, em algum momento da vida, já utilizou essas 
habilidades, afinal, a criatividade é aspecto inerente à condição humana. 
Desde a criação da roda até os mais modernos aparelhos eletrônicos da 
atualidade, deparamo-nos com uma série de invenções que transformaram 
a vida humana.
Um dosmais marcantes empreendedores da história foi Marco Polo, 
homem de muitas facetas, que atuou como explorador, embaixador e 
mercador. Como explorador, Marco Polo tentou estabelecer uma rota 
comercial para o oriente e, como empreendedor, assinou um contrato 
com um homem rico na promessa de vender suas mercadorias. 
Dornelas (2008) explica que o termo “empreendedorismo”, durante 
a história, foi utilizado de várias maneiras para designar indivíduos 
que se diferenciaram dos demais, devido as suas características, 
tais como: criatividade, coragem e poder de transformação. 
Na Idade Média, o termo era usado para identificar indivíduos que 
assumiam grandes riscos ao gerenciar projetos de produção cujos 
recursos eram oriundos dos governos dos países. Já no século XVII, 
Dornelas (2008) explica que eram considerados empreendedores 
aqueles que firmavam contratos com o governo a fim de fornecer 
algum produto ou serviço. 
O termo 
“empreendedorismo”, 
durante a história, 
foi utilizado de 
várias maneiras para 
designar indivíduos 
que se diferenciaram 
dos demais
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
14
FIGURA 1- Thomas Edison: o valor das ideias1
1Tradução: O valor de uma ideia reside na utilização da mesma.
Fonte: Site “Startup Quote” Thomas Edison.
No século XVIII, a palavra ganhou outro viés, vindo a ser usada para 
identificar pesquisadores como Thomas Edison e outros estudiosos 
da eletricidade e da química. Ao final do século XIX e início do século 
XX, Dornelas (2008) afirma que os empreendedores passaram a ser 
frequentemente confundidos com administradores. Foi somente em 
1945 que o termo “empreendedorismo” ganhou contornos próprios. 
Um dos mais importantes economistas, Joseph Schumpeter, 
debruçou-se sobre esse tema, tornando-se um dos grandes 
responsáveis pelos estudos a respeito do empreendedorismo.
Schumpeter (1982), ao desenvolver sua Teoria da Destruição 
Criativa, dissertou sobre o impacto da criação de novos produtos na 
destruição de empresas e modelos de negócios que não inserem a 
inovação em suas práticas organizacionais. Nesse contexto, o autor 
apresenta o “empreendedorismo” como o principal elemento para o 
desenvolvimento da economia e aponta o empreendedor como um 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
15
agente de mudança, responsável pela inovação. Esta, por sua vez, 
como a grande responsável pelo constante progresso econômico. 
Assim, Schumpeter define o empreendedor como:
[...] uma pessoa que deseja e é capaz de converter uma nova ideia ou 
invenção em uma inovação bem sucedida e sua principal tarefa é a 
“destruição criativa”, a qual se dá por meio da mudança, ou seja, por meio 
da introdução de novos produtos ou serviços em substituição aos que 
eram utilizados (SCHUMPETER, 1982, p. 26).
A partir da concepção trazida por Schumpeter (1982), 
vários estudiosos deram sua contribuição na definição de 
“empreendedorismo”. De acordo com Wildauer (2010, p. 25), 
“empreendedorismo” é a “capacidade que uma pessoa possui de 
formular uma ideia sobre um determinado produto ou serviço em 
um mercado, seja essa ideia nova ou não”.
Já Birley e Muzika (2005) defendem que, independentemente dos 
recursos que o empreendedor possui, a capacidade empreendedora 
está ligada às oportunidades vislumbradas por ele. Dornelas 
também traz sua contribuição a essa discussão, ao afirmar que: 
“o empreendedorismo envolve o processo de criação de algo novo, 
de valor [...] requer a devoção, o comprometimento de tempo e o 
esforço necessário para fazer a empresa crescer” (DORNELAS, 
2008, p. 23). 
Seguindo essa linha, é possível compreender o empreendedor 
como aquele que tem capacidade de reconhecer situações que 
possam ser consideradas oportunidades. Isso significa que ação 
empreendedora implica a criação de produtos ou acesso a mercados 
ainda inexploradas por meio de novas empresas ou organizações já 
em funcionamento (HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2014).
É possível 
compreender o 
empreendedor 
como aquele que 
tem capacidade de 
reconhecer situações 
que possam ser 
consideradas 
oportunidades.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
16
Por meio da contribuição trazida pelos autores, fica fácil compreender 
que o empreendedorismo está ligado a um comportamento inovador, 
que pode ou não se concretizar por meio da abertura de uma 
empresa. Em outras palavras, empreender não se limita a criar uma 
empresa. O comportamento empreendedor vai além desse aspecto e 
anda de mãos dadas com qualquer tipo de inovação.
E você? Será que você possui um comportamento empreendedor? Faça o teste 
disponível no tópico “Aplicação na Prática” desta unidade e tire suas conclusões.
Apesar das várias definições existentes para o termo 
“empreendedorismo”, os autores concordam com a premissa 
desenvolvida por Schumpeter (1982), de que o empreendedorismo, 
por meio da inovação, propulsiona o desenvolvimento econômico. 
A Importância do 
Empreendedorismo 
para o Desenvolvimento 
Econômico
“Parabéns! Você está empregado!” Até a década de 70, essa era a 
frase que milhares de graduados costumavam ouvir assim que se 
formavam. Grandes empresas nacionais e multinacionais, ou órgãos 
públicos absorviam grande parte da mão de obra que se formava 
naquela época. Os salários eram convidativos nas empresas 
privadas e a estabilidade oferecida pelas repartições públicas era 
o sonho de muita gente. Frente a essa realidade, o ensino superior 
era voltado para os aspectos específicos da profissão, não havia o 
interesse em discutir o empreendedorismo. Até mesmo os cursos 
de administração ou de gestão tinham como foco a gerência 
de uma empresa, deixando de lado aspectos relacionados ao 
comportamento empreendedor. 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
17
Contudo, esse cenário mudou. Na década de 90, pôde-se 
observar o aumento do número de desempregados (gráfico 1). A 
mudança foi movida pelo contexto econômico e pela aceleração 
de abertura de instituições de ensino superior no Brasil. Assim, o 
aumento do número de instituições de ensino superior provocou, 
por consequência, um número cada vez maior de profissionais 
no mercado, intensificando a concorrência entre eles. Com um 
mercado profissional extremamente competitivo, foi preciso que o 
indivíduo revisasse sua renda, buscando alternativas. O caminho 
encontrado para isso foi o empreendedorismo.
GRÁFICO 1 - Porcentagem de desocupados na PEA (População 
Economicamente Ativa)
Fonte: ECONOMIA e SOCIEDADE, 2003, p.115.
Então, na década de 90, o Brasil voltou o seu olhar para o que 
estava acontecendo no mundo e percebeu que essa necessidade 
de adequação, frente às transformações que estavam ocorrendo, 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
18
não era exclusivamente sua. O empreendedorismo estava se 
apresentando para o mundo todo como a alternativa mais 
promissora diante dos problemas econômicos. Os seus benefícios 
eram evidentes em países como os Estados Unidos, que na 
década de 90, vivenciou a redução da inflação e das taxas de 
desemprego ocasionada pelas políticas públicas de incentivo 
ao desenvolvimento do empreendedorismo. Dornelas (2008) 
exemplifica algumas dessas políticas públicas, como: programas 
de incubação de empresas e parques tecnológicos; programas de 
incentivos governamentais para a promoção da inovação; subsídios 
governamentais para a criação de novas empresas, entre outros.
Além dessas ações de estímulo ao empreendedorismo, pôde-
se ver todo um movimento mundial voltado para educação 
empreendedora. Notou-se o desenvolvimento de currículos 
integrados às práticas empreendedoras em todos os níveis, no 
educação fundamentalaté o ensino superior. Dornelas (2008) 
aborda alguns desses programas desenvolvidos no mundo, tais 
como:
• Cap’tem (Bélgica): inserção de práticas empreendedoras 
no currículo da educação infantil, com a finalidade de 
desenvolver nas crianças, desde cedo, as habilidades da 
criação e da inovação;
• Boule and Bill Createna Enterprise (Luxemburgo): programa 
voltado para as crianças. O programa baseia-se em 
histórias em quadrinhos que estimula crianças a agirem de 
forma empreendedora;
• NetWork For Training Entrepreneurship: programa que teve 
origem nos Estados Unidos e foi replicado em outras regiões 
do mundo. Consiste em ensinar o empreendedorismo para 
jovens em situação de risco social. 
Todo esse esforço realizado no mundo, em prol do 
empreendedorismo, deve-se, segundo Dornelas (2008), a 
O 
empreendedorismo 
estava se 
apresentando para 
o mundo todo como 
a alternativa mais 
promissora diante 
dos problemas 
econômicos. 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
19
um consenso geral a respeito dos benefícios das ações 
empreendedoras para o desenvolvimento econômico. Para 
Dornelas (2008, p. 9), “o Empreendedorismo é o combustível para 
o crescimento econômico, criando emprego e prosperidade”. David 
(2004) reforça os argumentos de Dornelas ao explicar a razão pela 
qual o empreendedorismo ganhou espaço nas escolas de gestão:
[...] qual a razão de tanto interesse no 
Empreendedorismo? Simples: o empreendedor é 
identificado como um dos fatores de crescimento 
e desenvolvimento econômico da sociedade, pois é 
ele quem gera riquezas, implementando inovações 
de todos os tipos nas organizações contemporâneas 
(DAVID, 2004, p.15).
Para estudar todo esse movimento e seus benefícios, em 1997 um 
grupo de pesquisadores organizou o Global Entrepreneurship Monitor 
(GEM), cujo objetivo é mensurar a capacidade empreendedora de 
um país e sua relação com o crescimento econômico. O programa 
GEM, de acordo com o IBQP – Instituto Brasileiro de Qualidade 
e Produtividade - é o maior estudo anual sobre a dinâmica 
empreendedora e conta com a participação de mais de 60 países. No 
Brasil, o órgão responsável pela pesquisa é o IBPQ e o seu parceiro 
SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), 
que fornece apoio técnico e financeiro à pesquisa.
Os resultados do GEM 2012 são animadores para o país. A 
pesquisa apontou que o número de empreendedores no Brasil, 
passou de 20,9% em 2002 para 30,2% em 2012, o que indica que 
cerca de 36 milhões de brasileiros estão envolvidos com atividades 
empreendedoras. E, mais do que isso, o resultado do PIB do Brasil, 
nesse mesmo período, cresceu, indicando uma relação entre 
a atividade empreendedora e o desenvolvimento da economia 
brasileira. De acordo com o SEBRAE:
[...] a evolução da taxa de Empreendedorismo é 
compatível com o desenvolvimento da economia, 
cujo Produto Interno Bruto, PIB, cresceu em média 4% 
no período. Existe ainda uma tendência de expansão 
No Brasil, o órgão 
responsável pela 
pesquisa é o IBPQ e o 
seu parceiro SEBRAE.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
20
dessa taxa devido ao ambiente de negócios (Lei Geral, 
Super Simples e Empreendedor Individual); ao aumento 
da escolaridade e da renda da população (SEBRAE, 
2013).
Acredita-se que essa evolução deve-se, entre outros fatores, 
aos programas desenvolvidos pelo Brasil para o incentivo ao 
empreendedorismo. São exemplos disso os programas Softex 
(Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro) 
e Genesis (Geração de Novas Empresas de Software, Informação 
e Serviço); Programa Empretec (Metodologia da Organização das 
Nações Unidas – ONU), este desenvolvido pelo SEBRAE. O Empretec 
é um programa voltado para o desenvolvimento de características 
de comportamento empreendedor e para a identificação de novas 
oportunidades de negócios, além do oferecimento de cursos e 
programas sobre empreendedorismo por universidades brasileiras 
em todo o país, entre outras atividades.
Apesar de todas as previsões otimistas e das evidências de 
que o empreendedorismo é uma força motriz para a economia, 
vale ressaltar que a criação de uma empresa por si só não gera 
desenvolvimento econômico. Em outras palavras, não basta 
simplesmente criar uma empresa. Esse empreendimento tem que 
estar baseado em uma oportunidade real e deve ser bem planejado 
para que sobreviva aos primeiros anos e, dessa forma, gere os 
benefícios sociais e econômicos esperados.
Assim, é necessário evitar as práticas empreendedoras 
desorganizadas e intempestivas, realizadas por uma necessidade 
de sobrevivência do empreendedor, e otimizar o empreendedorismo 
por oportunidade, que é o que, de fato, um país precisa para crescer 
de maneira saudável.
O empreendedorismo por oportunidade é um tipo de motivação 
empreendedora que se defronta com o empreendedorismo por 
necessidade. 
Em outras 
palavras, não basta 
simplesmente criar 
uma empresa. 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
21
Perfil 
Empreendedor
O que caracteriza um empreendedor? Para responder a essa 
questão, é necessário compreender que um empreendedor possui os 
atributos de um administrador. Então, pode-se dizer que os termos 
“empreendedor” e “administrador” são sinônimos? Não, certamente 
que não. O indivíduo pode ser um administrador, mas não carregar 
consigo as características de um empreendedor. Dornelas (2008) 
explica essa diferença ao afirmar que “o empreendedor de sucesso 
possui características extras, além dos atributos do administrador, 
e alguns atributos pessoais que, somados a características 
sociológicas e ambientais, permitem o nascimento de uma nova 
empresa”, (DORNLEAS, 2008, p. 17). Um dos fatores que mais 
marca a diferença entre o empreendedor e o administrador é 
que os empreendedores são visionários e planejam com base 
na visão de futuro. Além disso, os empreendedores conhecem 
muito bem o negócio onde atuam, ou, pelo menos, cercam-se de 
pessoas experientes que possam lhes transferir conhecimento. O 
empreendedor também busca por soluções novas, é ousado, corre 
riscos calculados, é criativo e inovador.
Filion (1999) resume as características principais do empreendedor 
ao dizer que este é uma pessoa criativa, marcada pela capacidade 
de estabelecer e atingir objetivos. Além de manter um alto nível de 
consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar 
oportunidades de negócios. Um empreendedor que continue a 
aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócios e a tomar 
decisões, moderadamente arriscadas, que objetivam a inovação, 
continuará a desempenhar um papel empreendedor. Resumindo nos 
aspectos essenciais: “um empreendedor é uma pessoa que imagina, 
desenvolve e realiza visões” (FILION, 1999, p.19).
Já Dornelas (2008) chama a atenção para alguns erros que são 
comumente cometidos quando o assunto são as características dos 
empreendedores. De acordo com esse autor, há mitos que devem ser 
Os empreendedores 
conhecem muito 
bem o negócio 
onde atuam, 
ou, pelo menos, 
cercam-se de 
pessoas experientes 
que possam 
lhes transferir 
conhecimento.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
22
vencidos, tais como: considerar que os empreendedores são natos, 
que assumem riscos altíssimos e que possuem dificuldade com 
o trabalho em equipe. O autor afirma ainda que a realidade mostra 
justamente o contrário. Se considerar que empreendedores são natos, 
de que adiantariam tantos programas de educação empreendedora? 
É certo que não se pode negar que algumas pessoas nascem com 
um conjunto de habilidades que favorecem um comportamento 
empreendedor, mas isso nãosignifica que o empreendedorismo 
não possa ser aprendido por meio do desenvolvimento de algumas 
características. Quem acredita nesse mito fica imobilizado, fadado 
ao insucesso. Os empreendedores natos existem e vão continuar 
nascendo, mas isso não invalida, de forma alguma, o processo de 
ensino das habilidades empreendedoras. Dornelas concorda com 
essa afirmação ao dizer que: 
A essência do Empreendedorismo hoje em dia é a 
busca de oportunidades inovadoras. Para isso, as 
pessoas não precisam ter um dom especial, como se 
pensava no passado. Pelo contrário, qualquer pessoa 
pode aprender o que é ser um empreendedor de 
sucesso (DORNELAS, 2005, p. 20).
Acreditar que os empreendedores correm riscos altíssimos, 
como loucos, também é um mito grave. Os empreendedores 
correm riscos, porém, estes são cuidadosamente calculados e 
planejados. Os empreendedores evitam riscos desnecessários. 
Outro aspecto importante a considerar é que os empreendedores 
são excelentes líderes, possuem um ótimo relacionamento com 
sua equipe. Delegam atividades, valorizam quem está ao seu lado, 
integram pessoas e conhecimentos. Atuam como facilitadores, 
conciliando diversas partes: fornecedores, funcionários, clientes, 
etc. (DOLABELA, 1999). 
Enfim, pode-se afirmar que o que torna o indivíduo empreendedor 
é o fato de ele ser visionário, de saber tomar decisões, de fazer a 
diferença. O empreendedor é alguém que explora ao máximo as 
oportunidades. De acordo com Dornelas (2008), os empreendedores 
são determinados e dinâmicos, dedicados, são otimistas e 
Os empreendedores 
correm riscos, 
porém, estes são 
cuidadosamente 
calculados e 
planejados. 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
23
apaixonados pelo que fazem. São indivíduos que constroem o 
próprio destino, são independentes, organizados, bem relacionados, 
possuem conhecimento, planejam, criam valor para a sociedade e 
normalmente ficam ricos. 
Dolabella (1999, p. 12) completa Dornelas (2008), ao afirmar que o 
comportamento empreendedor inclui “aprender a pensar e agir por 
conta própria, com criatividade, liderança e visão de futuro, para 
inovar e ocupar o seu espaço no mercado, transformando esse 
ato também em prazer e emoção”. Filion (1999) também contribui 
para essa discussão ao mencionar que o indivíduo precisa de visão, 
energia, liderança e relações para se tornar um empreendedor.
É importante ressaltar que, embora a maioria das definições 
considere o empreendedor como alguém que crie um novo negócio 
ou produto, ele pode ser também alguém que inove em negócios 
já existentes ou em produtos e/ou serviços que já existem. 
Indivíduos com esse tipo de comportamento são conhecidos como 
“intraempreendedores”.
O intraempreendedor é uma pessoa que empreende em empresas 
já existentes, por meio de um comportamento inovador. Em 
outras palavras, é um funcionário diferenciado. A globalização 
e a crescente competitividade das empresas fizeram o mundo 
voltar os olhos para esse tipo de indivíduo que agrega muito valor 
às empresas e as tornam mais competitivas no mercado. Esse 
indivíduo é um tipo de empreendedor que não tem como objetivo 
a criação de empresas. Há indivíduos que possuem todas as 
características empreendedoras, mas que preferem desenvolvê-las 
nas empresas onde trabalham. De acordo com Filion:
Intraempreendedores são pessoas que desempenham 
um papel empreendedor dentro das organizações. 
São semelhantes aos empreendedores, salvo que 
o risco que enfrentam é muito mais baixo, porque 
estão usando o dinheiro e os recursos da empresa, 
ao invés dos seus. Se forem bem-sucedidos, serão 
beneficiados pelo seu sucesso. Trabalham em 
sistemas organizacionais nos quais têm menos poder 
Esse indivíduo 
é um tipo de 
empreendedor 
que não tem como 
objetivo a criação de 
empresas.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
24
que os empreendedores porque, como eles não são 
proprietários, tem que seguir regras e diretrizes sobre 
as quais não tem controle (FILION, 2004, p. 74).
Não é difícil compreender que o estudo do intraempreendedorismo 
tem ganhado espaço nas discussões sobre gestão. Afinal, ter um 
empreendedor dentro das organizações confere a elas vantagens 
competitivas. As organizações estão inseridas em um ambiente 
efervescente de tecnologias, contingências e competidores. Se não 
criarem um ambiente propício para o aparecimento de inovações, 
elas perderão espaço no mercado.
Teste: Você possui perfil empreendedor?
Será que você tem o perfil empreendedor? Faça o teste elaborado pela 
ACEB e descubra se você possui características empreendedoras.
1 – Ao realizar trabalhos em grupo, você:
a) sempre dá ideias e gosta de participar do processo de elaboração do 
trabalho;
b) nunca participa efetivamente e gosta que os outros façam tudo por 
você;
c) dá boas ideias e colabora, mas só quando pedem sua ajuda.
2 – Ao terminar os estudos, qual foi a sua reação?
a) Ficou extremamente inseguro, porque não tinha noção do que faria dali 
pra frente e por isso demorou a decidir que carreira seguir;
b) Apesar do medo, decidiu ir à luta e traçar metas profissionais;
c) Sentiu-se contente e confiante em enfrentar os desafios que a vida iria 
lhe proporcionar. 
3 – No início de sua carreira profissional, você:
a) tentava adquirir conhecimentos e experiência com os demais 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
25
funcionários, mas nunca acreditou que isto o levaria a crescer 
profissionalmente;
b) sempre observava os profissionais à sua volta, principalmente os mais 
experientes, a fim de acumular conhecimentos que o fizessem crescer;
c) não dava a mínima para o que os outros estavam fazendo, o importante 
era cumprir as suas tarefas.
4 – Em sua vida profissional, quando surgem outras oportunidades de 
emprego você:
a) nunca as aceita, por mais positivas que elas sejam. A ideia de encarar 
um novo desafio o deixa muito inseguro;
b) fica extremamente contente por ter surgido a oportunidade de ascender 
profissionalmente em um ambiente novo e na companhia de outros 
profissionais; 
c) analisa durante dias se esta será a melhor escolha e, se chegar à 
conclusão de que não tem nada a perder, aceita o desafio.
5 – Em qual dos perfis abaixo você melhor se encaixa?
a) O líder;
b) O observador;
c) O flexível.
6 – Com que frequência você se informa sobre economia e o mundo dos 
negócios?
a) Pelo menos três vezes por semana;
b) Todos os dias, de preferência de manhã e à noite;
c) Nunca. Fica sabendo das novidades somente quando alguém o informa.
7 – Como você toma decisões importantes na sua vida profissional ou 
pessoal?
a) Consulta a opinião de amigos e parentes, mas a decisão final sempre é sua;
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
26
b) Sempre coloca a opinião das pessoas próximas a você em primeiro 
lugar, afinal, elas gostam de você e só querem o seu bem;
c) Não escuta a opinião de terceiros. Você é a pessoa mais indicada para 
tomar suas próprias decisões e traçar o seu caminho.
8 – Se algo der errado em algum projeto profissional, você:
a) não se deixa abalar, afinal, para que as coisas sejam resolvidas, é 
necessário manter a calma;
b) acredita que tudo irá se resolver da melhor maneira, mas que é preciso 
trabalhar para que a melhora aconteça;
c) acha que o mundo está desabando e que, por mais que você se esforce, 
nada poderá ajudá-lo a resolver o problema.
9 – Você se considera criativo?
a) Sim. Sempre procuro transformar ideias simples em negócios efetivos;
b) Não. Por mais que eu me esforce para ter ideias, nada me vem à cabeça;
c) Às vezes. Em dias de muita inspiração consigo ter ideias.
10 – Como você projeta sua vida para daqui5 anos?
a) Procuro não pensar no futuro, pois meu sucesso depende muito da 
oportunidade dada por outras pessoas;
b) Tenho vários planos, entre eles o de montar meu próprio negócio. Porém, 
não tenho muita certeza de que dará certo, pois muitas empresas fecham 
logo no início de sua existência;
c) Imagino-me um empreendedor de sucesso, com meu próprio negócio 
concretizado e bastante competitivo no mercado. Tenho este anseio e só 
depende de mim alcançá-lo.
Agora, veja os pontos correspondentes às suas respostas, conforme a 
tabela abaixo, e some para ver o resultado.
Questões A B C
1° 2 0 1
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
27
2° 0 1 2
3° 1 2 0
4° 0 2 1
5° 2 1 0
6° 1 2 0
7° 1 0 2
8° 1 2 0
9° 2 0 1
10° 0 1 2
De 0 a 6 pontos: você não possui o perfil empreendedor. Se o seu grande 
objetivo profissional é constituir seu próprio negócio, é necessário que 
você mude diversas características se quiser obter sucesso. Comece 
se informando mais sobre o ramo em que quer atuar, procure ser mais 
otimista, ativo e mais seguro no momento de tomar decisões. Porém, não 
é interessante forçar a barra. Se você não nasceu para ser empresário, com 
certeza encontrará sua aptidão e obterá sucesso no que se propor a fazer.
De 7 a 14 pontos: se sua intenção é investir em um empreendimento, 
ainda faltam alguns passos importantes para que você consiga êxito. 
Você pode ser criativo, mas tem dificuldades em administrar uma equipe. 
Ou gosta de enfrentar desafios, mas sente-se inseguro no momento de 
tomar decisões importantes... Administrar uma empresa é uma tarefa 
difícil e requer bastante preparação. Portanto, você precisa se aperfeiçoar, 
e somente após se sentir seguro deve aceitar este desafio.
De 15 a 21 pontos: você nasceu para o empreendedorismo, pois possui 
as principais características que um empresário necessita ter: é otimista, 
criativo, independente e tem espírito de liderança. Você sente-se à vontade 
para tomar decisões difíceis, adora encarar desafios e sabe aproveitar as 
oportunidades. Portanto, se você sempre objetivou ter seu próprio negócio, 
agora mais do que nunca você sabe que tem grandes chances de montá-
lo, administrá-lo com excelência e caminhar rumo ao sucesso! 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
28
Para ajudá-lo a desenvolver o seu perfil empreendedor, recorra às 
associações comerciais e empresariais que oferecem cursos e palestras, 
além de consultoria jurídica e contábil, tudo para auxiliá-lo a desenvolver 
seu talento e tomar as decisões corretas.
Fonte: FAÇA o teste: você possui perfil empreendedor? Administradores. 
Disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/
faca-o-teste-voce-possui-perfil-empreendedor/16260//>. Acesso em: 03 
ago. 2016. 
Revisão
Esta unidade abordou o conceito de “empreendedorismo” e como 
sua definição foi mudando no decorrer da história, sem perder 
a sua essência: a inovação. Também abordou a importância 
do “empreendedorismo” para o desenvolvimento econômico, 
ressaltando que o ato de empreender de forma estruturada, o 
chamado “empreendedorismo por oportunidade”, pode contribuir 
para o crescimento de um país. 
Também foi traçado o perfil do empreendedor e as diferenças 
entre o empreendedor e um simples administrador. Basicamente, 
um administrador conhece as técnicas de gerir um negócio, mas 
faltam-lhe características que são próprias do empreendedor, tais 
como: criatividade, ousadia, capacidade de correr riscos calculados, 
entre outras. Por fim, a unidade salientou a existência de um tipo de 
empreendedor: o “intraempreendedor”, indivíduo que empreende em 
organizações já consolidadas, mencionando que essa discussão 
será retomada em outras partes do nosso material.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 1
29
conta a história verídica de Preston Tucker, um homem que conta 
com características empreendedoras e que fez inovações na indústria 
automobilística dos anos 40.
TUCKER – UM homem e seu sonho. Filme. Direção: Francis Ford Copolla. 
Produção: Fred Fuchs, Fred Roos, George Lucas. EUA. 1998. DVD (110 min.).
Há também artigos interessantes que falam a respeito do comportamento 
empreendedor e da sua importância pra a economia, tais como:
FONTENELE, Raimundo Eduardo Silveira et al. Empreendedorismo, 
Crescimento Econômico e Competividade dos BRICS: uma Análise Empírica 
a partir dos Dados do GEM e GCI. In: EnANPAD, 35., 2011, Rio de Janeiro. 
Anais... Rio de Janeiro: EnANPAD, 2011. p. 1-17. Disponível em: <http://www.
anpad.org.br/admin/pdf/ESO2080.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2016.
PEDROSO, José Pedro Penteado; MASSUKADO, Marcia S. A relação entre 
o jeitinho brasileiro e o perfil empreendedor: interfaces no contexto da 
atividade empreendedora no Brasil. In: EGEPE, 5., 2008, São Paulo. Anais... 
São Paulo: EGEPE, 2008. p. 1-14. Disponível em: <http://www.anegepe.org.
br/edicoesanteriores/saopaulo/87_trabalho.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2016.
SCHMIDT, Serje; BOHNENBERGER, Maria Cristina. Perfil empreendedor e 
desempenho organizacional. Revista de Administração Contemporânea, 
Curitiba, v. 13, p. 450-467, n. 3 jul./ago. 2009.
Você pode refletir a respeito dos conceitos aprendidos nessa unidade 
assistindo ao filme “Tucker - um homem e seu sonho”. Esse filme 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 2
30
Os Desafios da 
Inovação
Introdução
Biólogo cria sistema de armadilhas e controle do mosquito da 
dengue
O biólogo Álvaro Eduardo Eiras acredita que a beleza da tecnologia 
está na simplicidade. Ele aprendeu a lição durante um bate-
papo com Bill Gates, o fundador da Microsoft, que lhe entregou o 
prêmio “Inovação Tecnológica em Benefício da Humanidade Tech 
Museum Awards” em 2006, nos Estados Unidos. Eiras, 50 anos, é 
pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e 
aplicou a simplicidade em seu invento premiado, o MI Dengue. Feito 
para monitorar a incidência do mosquito transmissor da dengue, o 
Aedes aegypti, já é usado por 35 municípios brasileiros, pelo governo 
de Cingapura e pela cidade de Cairns, na Austrália. “Decidi ver como 
era o monitoramento feito pelo Ministério da Saúde. Descobri que 
os métodos usados são da década de 20”.
O MI Dengue inclui o MosquiTrap, uma armadilha para a fêmea (com 
odor criado por Eiras, chamado sugestivamente de “AtrAedes”) que 
atrai e cola o bichinho em um cartão adesivo. Depois, é usado um 
sistema on-line, com GPS nas armadilhas, que ajuda a acompanhar 
os focos da doença. A contagem dos mosquitos é enviada pelo 
celular e processada por um software que auxilia a traçar o mapa 
da dengue. O MI Dengue é vendido pela Ecovec, empresa de 
biotecnologia, em parceria com o Instituto Inovação, e dispõe o 
produto para cidades por cerca de R$ 1 anual por habitante - 2% do 
faturamento vai para a UFMG. Para se ter uma ideia, um paciente 
internado com dengue custa ao SUS cerca de R$ 3,5 mil por dia. 
• O que é 
Inovação? 
• As Diferenças 
entre Imitação, 
Inovação e 
Invenção 
• Características 
e Tipos de 
Inovação 
• As Vantagens 
Competitivas da 
Inovação 
• Revisão
Em 2010, o Ministério da Saúde registrou um milhão de casos da 
doença no país, mas ainda não adotou a armadilha. Ela está em 
avaliação, mas o processo pode levar dois anos.
Para saber mais, acesse os seguintes links: 
<https://www.youtube.com/watch?v=Njef3vaFI7Y>.
<http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI213795-
17933,00-TERRIVEL+CONTRA+OS+INSETOS.html>.
Após conhecermosa história do MI-Dengue, que foi desenvolvido 
pelo professor e pesquisador Álvaro Eiras, será mais fácil 
compreender os conceitos relacionados à inovação, bem como os 
caminhos trilhados para o desenvolvimento de novos produtos. 
A inovação é a chave para as empresas expandirem muito mais em 
um mundo em constante mudança. Qualquer empresa, organização 
ou pessoa, a título particular, pode ser inovadora. A inovação não 
está ligada somente às grandes organizações ou às grandes 
empresas industriais do planeta que oferecem grandes tecnologias 
para o mundo, mas também a qualquer pequeno negócio. Qualquer 
empresas ou pessoa pode e deve ser inovadora, pois a inovação 
não é exclusividade das grandes organizações.
O objetivo principal da unidade é apresentar os quatro tipos de 
inovação: produto, processo, posição e paradigma, destacando, 
principalmente, a inovação de produto e processo. A inovação de 
processo consiste na implementação de métodos de produção 
inovadores, novos ou com melhorias. Portanto, a inovação é um 
processo contínuo, no qual uma nova ideia é criada e transformada 
em um conceito para implantar um produto ou serviço novo, com o 
objetivo de melhorar a vida das pessoas.
Em destaque está o esforço para conhecer os quatro tipos de 
inovação estratégica: a incremental, disruptiva, radical e aberta. 
Pense que a inovação é uma exigência dos tempos modernos e 
que somos terreno fértil de inovação continuada, chamados para 
produzir produtos e serviços renovadores a todo instante. 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
unidade 2
34
O que 
é Inovação?
Agora que você já conhece os princípios do empreendedorismo 
e suas vertentes, vamos debater um tema imprescindível para os 
tempos modernos e que demanda que pessoas, organizações e o 
mundo de forma geral se movimentem: a inovação, uma questão 
fundamental para as organizações modernas. As novas ideias 
e a criatividade podem gerar oportunidades e dezenas de novos 
empregos. O tema “inovação” está em todas as rodas de discussões 
dos executivos, na sala de reunião das grandes empresas, na roda 
de amigos e alunos de uma faculdade. 
Existem várias vertentes para explicar o significado do termo 
“inovação”, mas, dentro dos objetivos traçados nesta unidade, 
vamos procurar uma linguagem que o torne mais compreensível. 
A inovação é a chave para ajudar as empresas a crescerem 
e a expandirem em um mundo de acelerada mudança. Está 
intimamente relacionada ao desempenho financeiro, já que uma 
inovação bem-sucedida pode reduzir os custos de produção de 
artefatos ou serviços, criar nichos de mercado, introduzir novos 
artigos ou serviços que, por sua vez, é claro, farão com que a 
empresa se torne cada vez mais rentável e atraente. 
Porém, é importante ressaltar que qualquer organização ou 
pessoa, a título individual, pode ser inovadora. Inovar não significa 
o condicionamento aos grandes negócios do emprego de recursos 
exorbitantes, da contratação de um gestor de inovação ou outro 
profissional altamente treinado e qualificado, com pós-graduação 
na área. As microempresas, por exemplo, com pequenas ideias 
empreendedoras, constituem um terreno fértil para inovação. 
Muitas necessidades do consumidor nasceram de pessoas 
criativas, com espírito inovador, que tiveram a ousadia de montar 
seu próprio negócio, ainda que pequeno, utilizando estratégias 
A inovação é a 
chave para ajudar 
as empresas a 
crescerem e a 
expandirem em um 
mundo de acelerada 
mudança.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
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que pudessem atrair os diversos desejos dos clientes, exigentes e 
minuciosos.
A falta de profissionais da saúde é um fator preocupante em muitos países 
em desenvolvimento. Na esperança de ajudar a melhorar este cenário, a 
startup norte-americana Sense.ly lançou um dispositivo que promete auxiliar 
pacientes a continuar recebendo os cuidados médicos longe do hospital.
A empresa criou a enfermeira virtual Molly, que oferece atendimento de 
qualidade aos pacientes e consultas sobre determinados temas. O serviço 
está disponível para pacientes que sofrem de doenças crônicas como 
insuficiência cardíaca e diabetes.
Para saber mais, acesse o site: http://sense.ly/.
Lembre-se, a inovação é de importância vital para as pequenas empresas. 
É o sangue, assim dizendo, de qualquer pequena empresa próspera, que 
lhe ajudará a florescer e a ter sucesso.
Porque a inovação exige tanta atenção em nossos dias? A resposta 
é simples e imediata: porque o ritmo de mudança é muito rápido. 
Vejam os celulares, os computadores, as câmeras fotográficas e 
tantos outros equipamentos oferecidos pela moderna tecnologia. 
As alterações ocorrem em uma velocidade incrível. Porém, é 
necessário observar que as mudanças atendem às exigências de 
um mundo contemporâneo. Estamos passando da era industrial 
para a era do conhecimento. Alguns estudiosos têm insistido em 
afirmar que quanto mais conhecimento agregado temos, maior 
será a nossa oportunidade de empregabilidade.
Em uma atmosfera global de inovação contínua, a vantagem 
estratégica pode apenas advir daqueles que são líderes e não 
apenas de meros seguidores da mudança. A única forma de se 
tornar um verdadeiro líder da mudança pode ser alcançada através 
da inovação.
É necessário 
observar que as 
mudanças atendem 
às exigências 
de um mundo 
contemporâneo.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
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Todas as empresas precisam ser inovadoras. A realidade, contudo, 
é que a maior parte delas, particularmente as pequenas e médias, 
encontram dificuldades em compreender o conceito de inovação. 
Não sabem bem como usar os seus conceitos, imaginando que ela 
só se aplica às indústrias de alta tecnologia. 
É importante ressaltar que existem muitas teorias acerca da inovação: 
qual a sua definição? Quais as suas principais características e 
seus diversos tipos? Como implementá-la? A sociedade, até hoje, 
não conseguiu estabelecer um consenso (e possivelmente nunca 
alcançará) sobre uma teoria única de inovação. 
No dia a dia, a inovação é compreendida como criar algo que culmine 
no resultado desejado (SAKAR, 2007). A partir dessa afirmativa, há 
uma pluralidade de compreensão sobre esse procedimento. 
A palavra “inovar” deriva do latim in+novare, que 
significa “fazer novo”, renovar ou alterar. De forma 
simples, inovação significa ter uma nova ideia ou, por 
vezes, aplicar as ideias de outras pessoas em novidade 
ou de forma nova (SAKAR, 2007, p. 115).
Dito isso, pode-se esclarecer melhor que “inovação” significa o 
envolvimento da criatividade, de adaptação, de ideias novas com 
possibilidade de implementação e que gerem impacto.
Na visão de Bessant e Tidd, no primeiro capítulo do livro “Inovação e 
Empreendedorismo” (2009), há o registro da fala de profissionais da 
GE, Microsoft e Apple sobre inovação: 
Estamos avaliando as lideranças da GE em relação a 
sua capacidade de Criação. Líderes criativos são os 
que têm coragem de financiar novas ideias. Liderar 
equipes para encontrar as melhores ideias e pessoas 
para assumir riscos com maior preparo e método (J. 
Immelt, presidente e Diretor-executivo da General 
Eletric). (...) Sempre dizemos a nós mesmos: temos 
que inovar. Precisamos ser os Primeiros a nos superar 
(Bill Gates, Microsoft) (...) A inovação é o divisor de 
águas entre um líder e um seguidor (Steve Jobs, Apple) 
(BESSANT; TIDD, 2009, p. 20).
A sociedade, até 
hoje, não conseguiu 
estabelecer um 
consenso sobre 
uma teoria única de 
inovação. 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
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Para o “Manual Oslo” (OCDE, 2005, p. 14), inovação é:
Uma implementação de um produto (bem ou serviço) 
novoou significativamente melhorado, ou um processo, 
ou um novo método organizacional nas práticas de 
negócios, na organização do local de trabalho ou nas 
relações externas. 
Essa definição é bem vasta e abrange o bem ou serviço que a empresa 
faz, sua forma de fazer (processo), sua forma de planejar e organizar 
o seu mercado, e até mesmo sua forma de cuidar da gestão.
Outro ponto importante a observar na definição do “Manual Oslo” é 
que a inovação é uma implementação de algo novo ou melhorado. 
Isto é, não importa se é bem, serviço, processo ou método. Se ele 
não for novo, significativamente melhorado, não for implementado, 
não é inovação. “Significativamente melhorado” quer dizer que 
a mudança deixou o produto melhor, como exemplos, temos: 
bicicletas feitas de alumínio e celulares cada vez menores.
Outra questão importante a destacar na definição estabelecida no 
manual é que se fala de implementação, não só a definição teórica 
no papel, mas a sua realização de fato. Se a ideia que você teve 
foi implementada e está funcionado, ou seja, se está dando certo. 
Portanto, inovação é uma ideia que deu certo. O aparelho de DVD 
foi uma ideia que deu certo e gerou resultado, pois esses aparelhos 
são encontrados nas residências nos dias de hoje.
Na visão de Simantob e Lipp (2003), existem vários conceitos de 
inovação, segundo vários estudiosos. Sublinhamos dois teóricos 
muito conhecidos que podem ser muito úteis em nossa tarefa. O 
primeiro, Peter Drucker, da Universidade de Claremont, em seu livro, 
“Inovação e Espírito Empreendedor”, propõe que inovação é: 
o ato que contempla os recursos com a nova 
capacidade de criar riquezas, sendo que não existe 
algo chamado de recurso até que o homem encontre 
uso para alguma coisa na natureza, e assim o dote de 
valor econômico (DRUCKER, 1987, p. 39).
O aparelho de DVD 
foi uma ideia que 
deu certo e gerou 
resultado, pois 
esses aparelhos são 
encontrados nas 
residências nos dias 
de hoje.
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Na visão de Giovanni Dosi (Universidade de Pisa), inovação é a 
busca, a descoberta, a experimentação, o desenvolvimento, a 
imitação e a adoção de novos produtos, novos processos e novas 
técnicas organizacionais. 
Entretanto, nota-se que, depois de Joseph Schumpeter, o primeiro 
economista a falar de inovação na última década do século XX, a 
inovação passou a ser reconhecida como um fator essencial para a 
competitividade das empresas.
A inovação está relacionada ao desenvolvimento 
econômico, sendo impulsionada pela criatividade 
quando há uma perturbação do equilíbrio, que 
altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio 
previamente existente. Isso se chama destruição 
criativa (SCHUMPETER,1984 citado por BARBIEIRI, 
2005, p. 14).
A “destruição criativa” gera movimento e crescimento na economia 
e altera o estado de ânimo do empreendedor criativo e inovador.
Pode-se, então, dizer que a inovação surgiu de um processo 
evolutivo dos meios econômicos, sendo Joseph Schumpeter 
considerado o pai da inovação. Os investimentos das combinações 
de produtos e processos produtivos de uma organização 
influenciam diretamente no desempenho financeiro, de modo que 
o moderno empresário deve ocupar, simultaneamente, dois papéis 
de liderança: econômica e tecnológica.
Quantos produtos você conhece que poderiam ser considerados 
“inovadores”? Quer saber mais sobre isso? Recomenda-se a consulta ao 
“Manual de Oslo”, fonte muito rica de informações referentes ao tema 
desta unidade. Ele está disponível para download em: <http://download.
finep.gov.br/imprensa/manual_de_oslo.pdf>. 
A “destruição 
criativa” gera 
movimento e 
crescimento na 
economia e altera 
o estado de ânimo 
do empreendedor 
criativo e inovador.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
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As Diferenças entre 
Imitação, Inovação e 
Invenção 
Como se pode perceber, a inovação consiste em colocar as ideias 
em prática, gerando novos produtos ou serviços. Melhorando 
processos ou criando novos modelos de negócio que levem ofertas 
de valor ao mercado com sucesso.
Porém, não podemos confundir o conceito de “inovação” de 
Schumpeter com “invenção”. São dois conceitos, ao mesmo tempo, 
complementares e diferentes. Há uma relação entre eles, distinções 
e desafios. Nem toda invenção transforma-se em inovação, e nem 
toda inovação é proveniente de uma invenção. A inovação refere-se 
a uma ideia, método ou objeto que é criado, que pouco se parece 
com padrões anteriores. Há uma ruptura, pois algo novo surgirá e 
modificará antigos padrões.
Na visão de Cerqueira (1989), temos a melhor definição de invenção.
A invenção, de modo geral, consiste na criação de uma 
coisa até então inexistente, a descoberta é a revelação 
de uma coisa existente na natureza. Descobrir é o 
ato de anunciar ou revelar um princípio científico 
desconhecido, mas preexistente na ordem natural, e 
inventar é dar aplicação prática ou técnica ao princípio 
científico, no sentido de criar algo novo, aplicável no 
aperfeiçoamento ou na criação industrial (CERQUEIRA, 
2007 citado por REQUIÃO, 1989, p. 223). 
A invenção é um ato de criar uma nova tecnologia, processo ou 
objeto. Está muito ligada ao protótipo, modelos, fórmulas e outros 
meios de registrar ideias. O ato de inventar, necessariamente, não 
responde ao conceito de inovar.
Na visão de Dosi (1988), “inovação refere-se essencialmente à 
procura, à descoberta, à experimentação, ao desenvolvimento, à 
imitação e à adoção de novos produtos, aos novos processos de 
A invenção é um ato 
de criar uma nova 
tecnologia, processo 
ou objeto. 
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produção e às novas formas de organizações” (DOSI, 1988, p. 222). 
Observamos que, segundo Dosi, a inovação deve estar revestida 
de requisito de novidade e envolve a concepção de uma ideia 
direcionada para economia.
Podemos dizer que o processo de inovação demanda um elevado 
comprometimento das pessoas que estão envolvidas com o 
processo de mudanças, e busca contextos que proporcionem novas 
realidades, resultados e experiências.
Observe a figura 1 seguinte na qual se pode identificar a 
diferenciação entre inovação e invenção.
FIGURA 1 - Os traços da inovação
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Como é possível perceber, a diferença entre “invenção” e “inovação” 
está justamente no fato de que, se a ideia implementada resulta em 
um negócio que dará retorno ao seu idealizador, ela é uma inovação.
Michael Porter, uma das maiores referências no estudo da 
competitividade, propõe que a inovação pode ocorrer a partir do 
momento em que a invenção chega ao mercado, passando a gerar 
lucro e dividendos quando o novo conhecimento é colocado em 
prática, criando novos produtos, serviços e processos, permitindo 
que a empresa cresça e se expanda.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
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Segundo o dicionário Michaelis (2012), imitação vem do latim e 
significa o ato ou efeito de imitar e representação ou reprodução de 
uma coisa, fazendo-a semelhante a outra. 
Nas figuras a seguir, temos um exemplo de imitação que gera, sem 
dúvida, prejuízos ao idealizador, no caso a Apple.
FIGURA 2 - Hiphone
Fonte: Adaptado de Jordão (2016).
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FIGURA 3 - Goophone i5
Fonte: Adaptado de Jordão (2016).
Olhando rapidamente para a figura 2, qual é o celular verdadeiro? 
E se você olhar para a figura 3, você conseguiria ver com clareza a 
distinção entre eles?
Criatividade, ideia, imitação, invenção e inovação não são as mesmas 
coisas, mas sim etapas diferentes de um processo. A criatividade 
promoverá o desenvolvimento de várias ideias. É um ato no qual oser 
humano promove a descoberta de novas ideias e conceitos. Muitas 
delas serão descartadas, sejam por motivos técnicos, econômicos e/
ou financeiros. Caso uma dessas ideias seja implementada e tenha 
sucesso, ela poderá se tornar uma inovação. Caso isso não aconteça, 
essa ideia terá se tornado uma invenção.
Um exemplo é o celular. Quando apareceu, era grande, pesado, sendo até 
necessária uma maleta para carregar a bateria de energia. Tratava-se de 
uma boa invenção, apesar de não ter sido um sucesso logo de início. Com 
o andar da carruagem, com os avanços tecnológicos, ele tornou-se um 
dos produtos mais inovadores, sempre entregando ao usuário uma nova 
possibilidade, cada vez mais imprescindível.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
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Características e Tipos 
de Inovação 
FIGURA 4 - A inovação e sua classificação
Fonte: Elaborado pelo autor.
Bessant, Tidd e Pavvit (2008) classificam a inovação em quatro 
grupos:
1. inovação de produto: representada pela mudança 
de produtos e serviços que a empresa oferece aos 
consumidores;
2. inovação em processo: mudanças na forma em que os 
produtos/serviços são criados e entregues; inclui mudanças 
significativas nas tecnologias, equipamentos e logística;
3. inovação de posição: constituída por mudanças no contexto 
em que produtos e serviços são introduzidos;
4. inovação de paradigma: deriva de mudanças nos modelos 
mentais subjacentes que orientam o que a empresa faz.
Na figura 4, é possível observar as relações entre as classificações 
de inovação apresentadas por Besssant, Tidd e Pavitt.
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
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Um exemplo de inovação de produto é a introdução de travas ABS, 
expressão alemã “Antiblockiersystem”, que é um dispositivo de segurança 
que não permite que as rodas travem em frenagens de emergência. 
Outro exemplo é o sistema de navegação nos carros de GPS (Sistema de 
Posicionamento Global), e outros sistemas melhorados.
Outro exemplo é um restaurante que vai até a sua residência e faz todo o 
cardápio para servir aos seus convidados. É um serviço novo que atende 
aos consumidores independentemente da sede da empresa. Assim como 
uma empresa que compra uma máquina para preencher um cheque com 
mais rapidez, facilitando a vida do cliente. Ou incorpora uma balança 
eletrônica que facilita a visualização do seu cliente. 
Já na inovação de posição, que outros autores chamam de 
“mercadológica”, agrega-se valor ao produto por meio de uma 
embalagem totalmente nova. Um exemplo é uma embalagem 
que não suja as mãos ao carregar uma pizza. A elaboração de um 
cadastro eletrônico e digital dos consumidores também pode facilitar 
a identificação e a empatia, gerando valor e lucro para o negócio.
No quarto tipo de inovação, “paradigma” ou “inovação 
organizacional”, trata-se uma técnica nova. É sempre a primeira 
vez. Um exemplo são as nossas ginásticas laborais. Toda vez que 
ela é implementada provoca qualidade de vida e melhoria no local 
de trabalho dos funcionários.
Segundo o professor Clayton Christensem (2011), da Harvard 
Business School, existem quatro tipos de inovação por estratégia. A 
figura 5 demonstra os quatro tipos de inovação por estratégia. 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
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FIGURA 5 - Tipos de inovação por estratégia
Fonte: Elaborado pelo autor.
A inovação incremental é a que predomina na maioria das 
empresas. São pequenas, mas importantes mudanças que podem 
ser aplicadas em modelos de negócios, produtos e/ou serviços. 
Tem como objetivo modernizar um produto já existente e que já 
tem aceitação do mercado. O seu propósito é garantir o consumo 
já existente do produto, atrair novos consumidores, gerar lucro 
e garantir aos clientes, que já são consumidores do produto, 
conveniência e fidelização.
Como exemplo de inovação incremental, têm-se as indústrias de carros, 
que mantêm por anos uma marca no mercado. Entretanto, elas atualizam, 
anualmente, o produto com as tendências do momento.
Para os pesquisadores Davila, Epstein, Shelton (2007, p. 61), as 
inovações incrementais “são uma maneira de extrair o máximo valor 
possível de serviços e produtos existentes sem a necessidade de 
fazer mudanças radicais e grandes investimentos financeiros”. Visa, 
pois, atender, através de melhorias, as necessidades dos clientes e 
aprimorar os processos e produtos atuais. 
GESTÃO E EMPREENDEDORISMO
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A inovação disruptiva tem como objetivo substituir o produto 
existente por outro mais moderno e atualizado. As empresas 
que ditam as tendências de diversos segmentos são exemplo de 
inovação disruptiva.
Um exemplo clássico de inovação disruptiva é a empresa de linhas áreas 
GOL. Entrou no mercado oferecendo serviços mais simples do que seus 
concorrentes, poucas rotas, baixa flexibilidade de alterações, barras de 
cereais, mas com uma contrapartida de preço que permitia a diversos 
consumidores o conforto de viajar de avião. Isso gerou até uma possibilidade 
de concorrência com as empresas de ônibus. Nesse caso, a GOL 
representava algo de inédito, um serviço inteiramente novo ao consumidor.
A inovação radical visa criar um novo conceito, com novos mercados 
e paradigmas. Segundo Davila, Epstein, Sheltpn (2007, p. 71), 
“inovações radicais são, pela própria natureza, investimentos de 
pouca probabilidade de retorno”. Porém, é primordial uma avaliação 
detalhada e bem planejada de um investimento nesse tipo de 
inovação, pois os riscos são maiores do que na inovação incremental.
Um exemplo típico de inovação radical são os bancos − organizações 
financeiras. Eles têm passado por uma metamorfose ao longo dos anos 
utilizando máquinas de multibanco, isto é, fundos acessíveis em qualquer 
parte do mundo com a utilização do cartão de plástico apropriado.
A inovação aberta está ligada àquelas empresas que compram ou 
licenciam processos de inovação (patentes) no lugar de criar seus 
próprios produtos inovadores. Aqui, é preciso cultivar uma rede de 
inovação, além dos limites da organização.
Esse tipo de inovação busca encontrar as pessoas certas, bem 
como integrar descobertas científicas de forma inovadora. O seu 
É preciso cultivar 
uma rede de 
inovação, além 
dos limites da 
organização.
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papel fundamental é fomentar o trabalho colaborativo entre todas 
as partes envolvidas no processo.
Um exemplo de inovação aberta colaborativa é a Brasil Foods, maior 
exportadora de carne de frango, que se preocupa com a gestão do 
conhecimento para fazer funcionar toda cadeia de desenvolvimento e 
tecnologia da empresa. As parcerias com as academias e programas de 
computador ou atividades gerenciais que permitem identificar possíveis 
nichos de pesquisa é uma constante na organização. Todas as áreas 
trabalham juntas com um único objetivo: competitividade do produto.
Na visão de Chesbrough (2003), o modelo de inovação aberta 
consiste:
No conjunto de estratégias pelas quais as empresas 
podem adquirir tecnologia que necessitam de 
outras empresas assim como adquirir as patentes 
de tecnologia que tenham desenvolvido, mas que 
não pretendam utilizar. Numa inovação aberta, as 
empresas obtêm a sua tecnologia de múltiplas 
fontes. As estratégias abertas de inovação procuram 
a eficiência através de parcerias de negócio efetivas 
(CHESBROUGH, 2003, p. 237).
A inovação aberta é altamente colaborativa, pressupõe que o 
conhecimento para “inovar” se encontra em qualquer lugar da rede 
de colaboradores de empresas e no mundo globalizado. Aqui, tem-
se um diálogo de escuta e atenção com todos os “stakeholders”, 
isto é, os públicos interessados no negócio da organização. Existe

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