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Igor Augusto de Melo Dias Gestão e Empreendedorismo Igor Augusto de Melo Dias GESTÃO E EMPREENDEDORISMO Belo Horizonte Janeiro de 2016 COPYRIGHT © 2016 GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados ao: Grupo Ănima Educação Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros. Edição Grupo Ănima Educação Vice Presidência Arthur Sperandeo de Macedo Coordenação de Produção Gislene Garcia Nora de Oliveira Ilustração e Capa Alexandre de Souza Paz Monsserrate Leonardo Antonio Aguiar Equipe EaD Conheça o Autor Igor Augusto de Melo Dias leciona, desde 2009, as disciplinas Teorias da Administração, Gestão de Pessoas e Gestão de Processos. Ele é graduado em Administração de Empresas pelo Centro Universitário UNA, especialista em Gestão Estratégica de Negócios (UNA) e em Gestão Pública (UEMG) e mestre em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro. Atuou, durante oito anos, no setor privado, em empresas como Vale, Oi e Unimed- BH. Atualmente, além da docência, ele exerce o cargo de Analista em Planejamento e Gestão no governo federal. A disciplina “Gestão e Empreendedorismo” compõe a área de gestão e convida a uma reflexão sobre o processo empreendedor que parte do princípio de que o ato de empreender não se limita à criação de uma empresa. Todas as vezes que criamos algo novo, inusitado, ou provocamos uma inovação em algo já existente, estamos empreendendo. Portanto, o processo empreendedor requer do indivíduo um comportamento diferenciado que ultrapasse as técnicas gerenciais. Pensando nesse aspecto, a disciplina propõe uma reflexão sobre o desafio deste século que é conciliar a capacidade produtiva e lucrativa com a gestão ambiental e social. Aponta-se que o mercado não é mais complacente com empresas que não preveem em suas práticas organizacionais uma gestão responsável. Refletimos, portanto, sobre um futuro que já bate à nossa porta. A disciplina também propõe que o ato de empreender depende da capacidade do indivíduo em reconhecer oportunidades e, partir disso, se empenhar em concretizá-las por meio de metodologias que permitem organizar as ideias, tais como o modelo de negócios Canvas e o plano de negócio. A inovação é matéria-prima do empreendedor, entretanto, para concretizá-la, é preciso angariar recursos financeiros e uma certa assessoria. Logo, a disciplina também aborda aspectos relacionados à aquisição de recursos financeiros, bem como aos tipos de assessoria as quais o empreendedor pode buscar auxílio durante a árdua tarefa de sobreviver no mercado. Por fim, a disciplina discute conceito essenciais do gerenciamento de uma empresa, por meio dos conceitos de estratégia, gestão de projetos e liderança transformadora, sempre com foco na área de saúde. Bons estudos! Apresentação da disciplina UNIDADE 1 002 Introdução ao Empreendedorismo 003 Inspiração Empreendedora 006 Empreendedorismo: Conceitos Básicos 011 A Importância do Empreendedorismo para o Desenvolvimento Econômico 015 Perfil Empreendedor 020 Revisão 027 UNIDADE 2 029 Os Desafios da Inovação 030 O que é Inovação? 033 As Diferenças entre Imitação, Inovação e Invenção 038 Características e Tipos de Inovação 042 As Vantagens Competitivas da Inovação 047 Revisão 048 UNIDADE 3 051 Mapeando Oportunidades 052 Oportunidades Pessoais – Descobrindo a Si Mesmo 053 Ideia x Oportunidade 057 Critérios para Análise de Oportunidades 062 Revisão 069 UNIDADE 4 072 Metodologias empreendedoras 073 Design Thinking 077 Modelo de Negócio Canvas 081 Estrutura do Plano de Negócio 091 Análise de Mercado 095 Revisão 104 UNIDADE 5 106 Marketing para Empreendedores 107 Conceitos de Marketing 110 A Importância do marketing 110 Redes de relação 114 Mercados e Orientações da Empresa com Relação ao Mercado 118 Segmentação de Mercados (Clientes) 122 Composto de Marketing: Produto, Preço, Praça e Promoção - Atualização dos 4Ps 124 Marketing Digital 127 Entendendo o Consumidor On-line 128 Revisão 134 REFERÊNCIAS 197 UNIDADE 6 137 Formas de assessoria e financiamento para novos empreendimentos 138 Fontes de assessoria para o empreendimento 140 Como financiar seus empreendimentos 148 Programas do governo brasileiro 166 Revisão 169 UNIDADE 7 170 Arranjos empresariais e startups 171 Clusters de inovação e arranjos produtivos locais 173 Empresas de base tecnológica 180 Startup: desenvolvimento e características 182 Revisão 195 UNIDADE 8 197 Gestão de Organizações Ligadas Direta ou Indiretamente à Área da Saúde 198 Conceito de Planejamento Estratégico 200 Controle Estratégico 215 Gestão de Projetos 216 A liderança Transformadora 220 Revisão 227 Introdução A História de Lisabeth Braun e criação da Dermage Em 1978, incomodada com o trabalho em um laboratório de análises clínicas, a recém-formada farmacêutica Lisabeth (Lisa) Braun, 53 anos, resolveu arriscar criando a “Dermatus”, a primeira farmácia de manipulação no Rio de Janeiro. Percebendo na época que se tratava de uma grande oportunidade graças as suas viagens por outros países, e contrariando todos os fortes preconceitos da época sobre uma mulher no mercado de trabalho, principalmente como empreendedora, vendeu seu carro e junto com uma sócia, criou seu primeiro negócio em uma pequena sala comercial no tradicional bairro de Copacabana. A Dermatus chegou a ter 4 lojas, mas por divergências de visão de futuro do negócio, Lisa se separou da antiga sócia em 1990 para então criar a Dermage, contando com seu marido, o engenheiro- civil e administrador Walter Braun, com então 57 anos, como sócio e diretor administrativo-financeiro, e sua filha Ilana Braun, 29 anos, advogada e economista que atua desde 2005 como diretora comercial. Hoje, a Dermatus possui 5 lojas no Rio de Janeiro e a marca “Dermage 28”, entre lojas próprias e franquias. O Brasil é um dos países que mais consomem cosméticos no mundo. A classe média, cujo poder aquisitivo tem aumentado nos últimos anos, lidera o uso de produtos de beleza, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. A cada 100 brasileiros que compram cremes corporais, Introdução ao Empreendedorismo • Inspiração Empreendedora • Empreendedorismo: Conceitos Básicos • A Importância do Empreendedorismo para o DesenvolvimentoEconômico • Perfil Empreendedor • Revisão por exemplo, 53 pertencem a essa faixa de renda. A Dermage, empresa carioca que atua no desenvolvimento, na produção e venda de dermocosméticos, é uma das companhias que mais podem se beneficiar com esse cenário - afinal, seu público-alvo são mulheres das classes A e B, com 20 a 55 anos, preocupadas com beleza e saúde. A Dermage surgiu da união de dois mundos: cada unidade era, ao mesmo tempo, uma farmácia de manipulação e uma loja de dermocosméticos. Graças ao relacionamento que Lisa desenvolveu com dermatologistas, alergistas e cirurgiões plásticos ao longo de doze anos, a linha Dermage logo foi ganhando a preferência deles, que, em vez de receitarem as fórmulas, passaram a recomendar os produtos prontos aos pacientes. Hoje, a companhia tem uma base de seis mil médicos cadastrados e tem investido maciçamente para se tornar a marca de dermocosméticos que mais entende da pele e do clima dos brasileiros. Hoje, a empresa é multicanal, presente em todo o território nacional, com 35 lojas entre próprias e franquias, e 80 pontos de revenda multimarcas e nas principais redes de drogaria do Rio de Janeiro e São Paulo. A linha Dermage possui mais de 100 produtos para rosto, corpo e cabelos, além de protetores solares e maquiagem - todos produzidos em laboratórios próprios, com tecnologia de ponta e matéria-prima de última geração e com foco em cuidar da pele dos brasileiros. O caso apresentado no começo desta unidade é apenas um dentre vários exemplos que iremos estudar ao longo da nossa disciplina. A história da Lisabeth Braun nos ajuda a compreender diversos conceitos que iremos estudar a partir de agora. Você sabe qual o significado da palavra “empreendedorismo”? Quais são os impactos que os empreendedores podem gerar no desenvolvimento econômico de um país? Você sabe o que é atitude empreendedora? Esta unidade tem a finalidade de responder a essas e outras questões. O empreendedor é um agente de transformação que carrega consigo um perfil específico, com características como criatividade, inovação, persistência, dentre outras. Sendo assim, é imprescindível saber mais sobre o perfil do empreendedor e entender que existem diferenças entre empreendedores e administradores. Em meio às discussões propostas, são introduzidos dois conceitos, um relacionado às motivações empreendedoras: empreendedorismo por necessidade (executado em função de uma necessidade pessoal) x empreendedorismo por oportunidade (executado em função de uma oportunidade vislumbrada) e outro relacionado ao intraempreendedorismo (funcionários com espírito empreendedor). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 7 Inspiração Empreendedora A revelação do comportamento empreendedor exige uma reflexão inicial: quem somos? De onde vem a inspiração empreendedora? Em algum momento, nos vemos como um modelo de negócio? Ou será que estamos no mundo como um barco à deriva? Pesce (2016) e Clark et al. (2013) tratam a questão empreendedora de uma forma abrangente, para além da abertura de um negócio. Esses autores ajudam a conhecer e encontrar as competências e habilidades, uma forma de inovar. De acordo com eles, pode-se, a partir de autoconhecimento e do planejamento, construir o próprio modelo de negócios. Para tanto, temos que estar preparados para nos reinventar e desenvolver o comportamento empreendedor. Pesce (2016), em seu livro “Procuram-se super-heróis”, esclarece que pessoas empreendedoras carregam grandes habilidades. Ela define essas pessoas como: [...] pessoas que têm superpoderes e mais superpoderes, e muitas vezes nem sabem disso. Pessoas que fazem os outros se sentirem queridos, úteis e importantes. Pessoas que dão bons exemplos. Pessoas que escutam e falam com entusiasmo. Pessoas que sabem criar ambientes de trabalho que permitem a outros fazerem o melhor trabalho de suas vidas. Pessoas que pedem desculpas e perdoam. Pessoas que fazem boas perguntas. Pessoas que não julgam nem têm inveja ou preconceito. Pessoas que veem as coisas pelo lado positivo. Pessoas que criam situações em que todo mundo ganha. Pessoas que querem se conhecer melhor (PESCE, 2016, p.10). De acordo coma autora, conhecer-se melhor é um bom caminho para um comportamento empreendedor. A relação entre comportamento empreendedor e autoconhecimento não é assunto novo na psicologia. Skinner, pai do behaviorismo Pesce (2016) e Clark et al. (2013) tratam a questão empreendedora de uma forma abrangente, para além da abertura de um negócio. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 8 radical, na década de 70, já apontava o significado do autoconhecimento para o indivíduo: [...] o autoconhecimento tem um valor especial para o próprio indivíduo. Uma pessoa que se ‘tornou consciente de si mesma’ por meio de perguntas que lhe foram feitas está em melhor posição de prever e controlar seu próprio comportamento (SKINNER, 1974, p. 31). A novidade está, portanto, em usar o autoconhecimento como forma de identificar aquilo que te faz feliz e, ao mesmo tempo, faz de você uma pessoa inovadora. De acordo com Barbieri (1997), a inovação é a capacidade de colocar soluções criativas para os problemas e as oportunidades, como o objetivo de melhorar e enriquecer a vida das pessoas. Não basta ter novas ideias, é preciso transformá-las em um produto tangível, torná-las um empreendimento, serviço ou negócio. O empreendedor tem um papel fundamental dentro desse prisma: reformar ou revolucionar o padrão de produção, explorando uma invenção ou, de modo geral, um método tecnológico não experimentado para produzir um novo bem, ou um bem antigo de maneira nova. A atitude empreendedora leva o indivíduo a providenciar soluções viáveis para as necessidades das pessoas. Esse processo de tradução de uma ideia ou invenção em um bem ou serviço é que cria valor aos anseios e atende às expectativas dos consumidores que, certamente, pagarão por aquilo que necessitam. Essas ideias passam por uma seleção com o objetivo de chegar a um modelo que esteja em sintonia com o investimento e com o tempo para o seu desenvolvimento, e que, ao mesmo tempo, seja inovadora. A atualidade apresenta vários exemplos de pessoas que resolveram inovar dando uma guinada em sua vida a partir da identificação A atitude empreendedora leva o indivíduo a providenciar soluções viáveis para as necessidades das pessoas. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 9 das suas competências e habilidades que se tornaram grandes inspirações empreendedoras. Exemplo disso é o caso do Edgar Corona, fundador da Smart Fit, formado em Engenharia Química, ele começou a empreender ainda durante a faculdade, montando uma confecção com alguns colegas. Depois de formado, atuou em uma usina de açúcar da família, contudo, em virtude de conflitos entre os membros da família, Corona conta que colocaram ele para fora do negócio. Foi aí que ele resolveu montar o seu próprio negócio. O ramo escolhido foi totalmente diferente dos outros dois: uma academia de ginástica. Mas, ao contrário do sucesso das redes “Bio Ritmo” e “Smart Fit”, a primeira unidade foi um fracasso. “Montamos tudo errado: endereço errado, arquiteto errado, e o negócio não deu certo”, diz. Prestes a falir, Corona teve a chance de recomeçar com uma nova unidade na Avenida Paulista, em São Paulo. “Tentamos mirar um pouco no cliente e fizemos diferente, com uma arquitetura legal, mudando conceitos da academia com foco na experiência do cliente”, diz. Da iluminação aos vestiários, tudo foi pensado para conquistar o exercício(Reportagem da PEGN -16 abr. /2016). Hoje, a Smart Fit é a maior rede de academias do Brasil, do México e da América Latina, com 320 unidades. A história de Edgar Corona mostra que ser um empreendedor de sucesso exige postura positiva diante das dificuldades, criatividade na sua superação e persistência em relação aos objetivos, dentre outras importantes características. Para dar suporte ao desenvolvimento empreendedor, existem instrumentos que podem e devem ser utilizados. De acordo com Degen (2009), há duas frases conhecidas para ilustrar os motivos pelos quais o empreendedor deve utilizar essas ferramentas. A primeira é do filosofo e professor chinês Confúcio (c. 551-479 a. C.): “os cautelosos raramente erram”, e a segunda Da iluminação aos vestiários, tudo foi pensado para conquistar o exercício (Reportagem da PEGN -16 abr. /2016). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 10 do fabulista grego Esopo (c. 620-560 a. C.): “pense antes de agir”: as duas remetem à ideia de não ser aventureiro sem mapa e sem objetivo. Os instrumentos empreendedores são necessários para a redução dos riscos no empreendedorismo. É importante salientar que se pode criar o próprio plano, mesmo que a intenção não seja abrir um negócio. Pode-se, por exemplo, desejar atuar na comunidade em que se vive ou implementar as suas habilidades em prol da sociedade. Uma das formas de fazer isso é por meio do empreendedorismo social e sustentável. Segundo Melo e Froes (2002), o empreendedorismo social é uma das formas mais tangíveis de inovação dentre os tipos de empreendedorismo. O empreendedor social não produz bens e serviços para vender, mas para solucionar problemas sociais. Não é direcionado para mercados, mas para segmentos populacionais em situações de risco social (exclusão social, pobreza, miséria, risco de vida). Um exemplo de empreendedor social é o da Dona Geralda, fundadora da ASMARE (Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Outros). A ASMARE é conhecida por gerar emprego e renda para dezenas de pessoas na grande Belo Horizonte, além de contribuir de forma definitiva para conscientização da população sobre o reaproveitamento de materiais. Uma das formas de fomentar o empreendedorismo social são as incubadoras voltadas para a área social, como a Ashoka, por exemplo, cuja missão é: Dar suporte a empreendedores sociais que estão apoiando e colaborando com a nossa visão, com uma equipe multidisciplinar e integrada (Team of Teams), que entende a fluidez de uma sociedade em rápida evolução. A Ashoka acredita que todas as pessoas podem aprender e aplicar as habilidades de empatia, trabalho em equipe, liderança colaborativa e postura ativa de transformação. Dessa forma, serão cidadãos bem-sucedidos no mundo moderno, capazes de promover mudanças em seu entorno (ASHOKA BRASIL, 2016). Um exemplo de empreendedor social é o da Dona Geralda, fundadora da ASMARE. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 11 Já na área de desenvolvimento de empresas, existem as incubadoras de base tecnológica que, segundo Dornelas (2008, p. 14), tem como objetivo: “a produção de empresas de sucesso, em constante desenvolvimento, financeiramente viáveis e competitivas, em seu mercado, mesmo após deixarem a incubadora, geralmente em um prazo de 2 a 4 anos”. Além das incubadoras, os parques tecnológicos também são bastante úteis ao empreendedorismo. Exemplo disso é o Vale do Silício, que contribuiu para o surgimento de uma grande variedade de startups de tecnologia (empresas jovens e extremamente inovadoras em qualquer área ou ramo de atividade que procuram desenvolver um modelo de negócio escalável e repetível), muitas em mercado de alto potencial (PESCE, 2016). Além de pensar a respeito das formas de assessoria para um negócio, como as incubadoras, o empreendedor também deve se preocupar com as fontes de financiamento. O caminho do empreendedor é uma jornada de construção do futuro. No início, há uma inquietação de criar algo novo, produtivo, que transforme a realidade, uma ideia. O final, aparentemente, é ver a ideia concretizada por meio de uma empresa, de uma ação social, de uma mudança na organização de atuação do empreendedor. No entanto, não é bem assim, pois, parodiando um dito popular, “uma vez empreendedor, sempre empreendedor”. Isto é, quando se começa a desenvolver ideias e a realizá-las não se para mais, quer sempre fazer, construir e realizar mais. O mundo é sempre dinâmico, vive-se no meio de uma rede empreendedora e, por isso, é necessário um desenvolvimento constante de novas características e comportamentos empreendedores. A personalidade empreendedora transforma a condição mais insignificante em uma excepcional oportunidade. O empreendedor é o visionário dentro de nós. O sonhador. A energia por trás de todas as atividades humanas. A imaginação que acende o fogo do futuro. O catalizador das mudanças (GERBER, 1996, p.31). Quando se começa a desenvolver ideias e a realizá-las não se para mais, quer sempre fazer, construir e realizar mais. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 12 Empreendedorismo: Conceitos Básicos Conta a história que dois monges, um sábio e um aprendiz, foram visitar um sítio onde morava uma família muito pobre. Rapidamente notaram que a única fonte de renda da família era uma vaca magra que, de acordo com o pai, era suficiente para lhes dar o sustento. Ao terminar a visita, os dois monges iam se retirando do sítio, quando o monge sábio pediu ao aprendiz que jogasse a vaca no precipício. O aprendiz ficou muito incomodado com o pedido, mas resolveu atendê-lo. Tempos depois, o monge aprendiz, inconformado com o que tinha feito, resolveu voltar ao sítio. Chegando lá, o aprendiz viu um cenário muito diferente do que encontrara na vez anterior. Agora o sítio estava cheio de plantação e de animais, inclusive de várias vaquinhas. O aprendiz, então, perguntou ao proprietário o que havia acontecido. Então, ele lhe respondeu: “algum tempo atrás, logo que vocês nos visitaram a nossa velha vaquinha caiu no precipício, achamos que seria o fim do mundo. Entretanto, isso nos deu coragem para mudar, desenvolver em nós habilidades e competências para descobrir novas oportunidades que antes não víamos por estarmos acomodados com a vaquinha”. Essa história mostra que todos precisam se desvincular da “vaquinha”, de ideias ultrapassadas e abrir a mente para novos comportamentos. É esse o convite que o empreendedorismo faz. Certamente, nos últimos tempos, de alguma forma, já ouviu sobre este termo, “empreendedorismo”, certo? Seja na TV, no rádio e em programas do governo, essa palavra tem sido bastante veiculada e, quase sempre, ligada à inovação. Embora tenha ganhado vigor somente a partir da década de 90, o termo “empreendedorismo” existe há mais de 800 anos. Segundo Dolabela (2006, p. 29) “empreendedorismo não é um tema novo ou modismo: existe desde sempre, desde a primeira ação humana inovadora, com o objetivo de melhorar as relações do homem com os outros e com a natureza”. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 13 O “empreendedorismo” é uma palavra derivada do verbo francês entreprende (empreender) que é usada para designar o ato de “fazer algo”. Quem é que nunca “fez algo” novo? Quem é que nunca criou, reinventou ou inovou? Todo ser humano, em algum momento da vida, já utilizou essas habilidades, afinal, a criatividade é aspecto inerente à condição humana. Desde a criação da roda até os mais modernos aparelhos eletrônicos da atualidade, deparamo-nos com uma série de invenções que transformaram a vida humana. Um dosmais marcantes empreendedores da história foi Marco Polo, homem de muitas facetas, que atuou como explorador, embaixador e mercador. Como explorador, Marco Polo tentou estabelecer uma rota comercial para o oriente e, como empreendedor, assinou um contrato com um homem rico na promessa de vender suas mercadorias. Dornelas (2008) explica que o termo “empreendedorismo”, durante a história, foi utilizado de várias maneiras para designar indivíduos que se diferenciaram dos demais, devido as suas características, tais como: criatividade, coragem e poder de transformação. Na Idade Média, o termo era usado para identificar indivíduos que assumiam grandes riscos ao gerenciar projetos de produção cujos recursos eram oriundos dos governos dos países. Já no século XVII, Dornelas (2008) explica que eram considerados empreendedores aqueles que firmavam contratos com o governo a fim de fornecer algum produto ou serviço. O termo “empreendedorismo”, durante a história, foi utilizado de várias maneiras para designar indivíduos que se diferenciaram dos demais GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 14 FIGURA 1- Thomas Edison: o valor das ideias1 1Tradução: O valor de uma ideia reside na utilização da mesma. Fonte: Site “Startup Quote” Thomas Edison. No século XVIII, a palavra ganhou outro viés, vindo a ser usada para identificar pesquisadores como Thomas Edison e outros estudiosos da eletricidade e da química. Ao final do século XIX e início do século XX, Dornelas (2008) afirma que os empreendedores passaram a ser frequentemente confundidos com administradores. Foi somente em 1945 que o termo “empreendedorismo” ganhou contornos próprios. Um dos mais importantes economistas, Joseph Schumpeter, debruçou-se sobre esse tema, tornando-se um dos grandes responsáveis pelos estudos a respeito do empreendedorismo. Schumpeter (1982), ao desenvolver sua Teoria da Destruição Criativa, dissertou sobre o impacto da criação de novos produtos na destruição de empresas e modelos de negócios que não inserem a inovação em suas práticas organizacionais. Nesse contexto, o autor apresenta o “empreendedorismo” como o principal elemento para o desenvolvimento da economia e aponta o empreendedor como um GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 15 agente de mudança, responsável pela inovação. Esta, por sua vez, como a grande responsável pelo constante progresso econômico. Assim, Schumpeter define o empreendedor como: [...] uma pessoa que deseja e é capaz de converter uma nova ideia ou invenção em uma inovação bem sucedida e sua principal tarefa é a “destruição criativa”, a qual se dá por meio da mudança, ou seja, por meio da introdução de novos produtos ou serviços em substituição aos que eram utilizados (SCHUMPETER, 1982, p. 26). A partir da concepção trazida por Schumpeter (1982), vários estudiosos deram sua contribuição na definição de “empreendedorismo”. De acordo com Wildauer (2010, p. 25), “empreendedorismo” é a “capacidade que uma pessoa possui de formular uma ideia sobre um determinado produto ou serviço em um mercado, seja essa ideia nova ou não”. Já Birley e Muzika (2005) defendem que, independentemente dos recursos que o empreendedor possui, a capacidade empreendedora está ligada às oportunidades vislumbradas por ele. Dornelas também traz sua contribuição a essa discussão, ao afirmar que: “o empreendedorismo envolve o processo de criação de algo novo, de valor [...] requer a devoção, o comprometimento de tempo e o esforço necessário para fazer a empresa crescer” (DORNELAS, 2008, p. 23). Seguindo essa linha, é possível compreender o empreendedor como aquele que tem capacidade de reconhecer situações que possam ser consideradas oportunidades. Isso significa que ação empreendedora implica a criação de produtos ou acesso a mercados ainda inexploradas por meio de novas empresas ou organizações já em funcionamento (HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2014). É possível compreender o empreendedor como aquele que tem capacidade de reconhecer situações que possam ser consideradas oportunidades. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 16 Por meio da contribuição trazida pelos autores, fica fácil compreender que o empreendedorismo está ligado a um comportamento inovador, que pode ou não se concretizar por meio da abertura de uma empresa. Em outras palavras, empreender não se limita a criar uma empresa. O comportamento empreendedor vai além desse aspecto e anda de mãos dadas com qualquer tipo de inovação. E você? Será que você possui um comportamento empreendedor? Faça o teste disponível no tópico “Aplicação na Prática” desta unidade e tire suas conclusões. Apesar das várias definições existentes para o termo “empreendedorismo”, os autores concordam com a premissa desenvolvida por Schumpeter (1982), de que o empreendedorismo, por meio da inovação, propulsiona o desenvolvimento econômico. A Importância do Empreendedorismo para o Desenvolvimento Econômico “Parabéns! Você está empregado!” Até a década de 70, essa era a frase que milhares de graduados costumavam ouvir assim que se formavam. Grandes empresas nacionais e multinacionais, ou órgãos públicos absorviam grande parte da mão de obra que se formava naquela época. Os salários eram convidativos nas empresas privadas e a estabilidade oferecida pelas repartições públicas era o sonho de muita gente. Frente a essa realidade, o ensino superior era voltado para os aspectos específicos da profissão, não havia o interesse em discutir o empreendedorismo. Até mesmo os cursos de administração ou de gestão tinham como foco a gerência de uma empresa, deixando de lado aspectos relacionados ao comportamento empreendedor. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 17 Contudo, esse cenário mudou. Na década de 90, pôde-se observar o aumento do número de desempregados (gráfico 1). A mudança foi movida pelo contexto econômico e pela aceleração de abertura de instituições de ensino superior no Brasil. Assim, o aumento do número de instituições de ensino superior provocou, por consequência, um número cada vez maior de profissionais no mercado, intensificando a concorrência entre eles. Com um mercado profissional extremamente competitivo, foi preciso que o indivíduo revisasse sua renda, buscando alternativas. O caminho encontrado para isso foi o empreendedorismo. GRÁFICO 1 - Porcentagem de desocupados na PEA (População Economicamente Ativa) Fonte: ECONOMIA e SOCIEDADE, 2003, p.115. Então, na década de 90, o Brasil voltou o seu olhar para o que estava acontecendo no mundo e percebeu que essa necessidade de adequação, frente às transformações que estavam ocorrendo, GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 18 não era exclusivamente sua. O empreendedorismo estava se apresentando para o mundo todo como a alternativa mais promissora diante dos problemas econômicos. Os seus benefícios eram evidentes em países como os Estados Unidos, que na década de 90, vivenciou a redução da inflação e das taxas de desemprego ocasionada pelas políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento do empreendedorismo. Dornelas (2008) exemplifica algumas dessas políticas públicas, como: programas de incubação de empresas e parques tecnológicos; programas de incentivos governamentais para a promoção da inovação; subsídios governamentais para a criação de novas empresas, entre outros. Além dessas ações de estímulo ao empreendedorismo, pôde- se ver todo um movimento mundial voltado para educação empreendedora. Notou-se o desenvolvimento de currículos integrados às práticas empreendedoras em todos os níveis, no educação fundamentalaté o ensino superior. Dornelas (2008) aborda alguns desses programas desenvolvidos no mundo, tais como: • Cap’tem (Bélgica): inserção de práticas empreendedoras no currículo da educação infantil, com a finalidade de desenvolver nas crianças, desde cedo, as habilidades da criação e da inovação; • Boule and Bill Createna Enterprise (Luxemburgo): programa voltado para as crianças. O programa baseia-se em histórias em quadrinhos que estimula crianças a agirem de forma empreendedora; • NetWork For Training Entrepreneurship: programa que teve origem nos Estados Unidos e foi replicado em outras regiões do mundo. Consiste em ensinar o empreendedorismo para jovens em situação de risco social. Todo esse esforço realizado no mundo, em prol do empreendedorismo, deve-se, segundo Dornelas (2008), a O empreendedorismo estava se apresentando para o mundo todo como a alternativa mais promissora diante dos problemas econômicos. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 19 um consenso geral a respeito dos benefícios das ações empreendedoras para o desenvolvimento econômico. Para Dornelas (2008, p. 9), “o Empreendedorismo é o combustível para o crescimento econômico, criando emprego e prosperidade”. David (2004) reforça os argumentos de Dornelas ao explicar a razão pela qual o empreendedorismo ganhou espaço nas escolas de gestão: [...] qual a razão de tanto interesse no Empreendedorismo? Simples: o empreendedor é identificado como um dos fatores de crescimento e desenvolvimento econômico da sociedade, pois é ele quem gera riquezas, implementando inovações de todos os tipos nas organizações contemporâneas (DAVID, 2004, p.15). Para estudar todo esse movimento e seus benefícios, em 1997 um grupo de pesquisadores organizou o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), cujo objetivo é mensurar a capacidade empreendedora de um país e sua relação com o crescimento econômico. O programa GEM, de acordo com o IBQP – Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade - é o maior estudo anual sobre a dinâmica empreendedora e conta com a participação de mais de 60 países. No Brasil, o órgão responsável pela pesquisa é o IBPQ e o seu parceiro SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que fornece apoio técnico e financeiro à pesquisa. Os resultados do GEM 2012 são animadores para o país. A pesquisa apontou que o número de empreendedores no Brasil, passou de 20,9% em 2002 para 30,2% em 2012, o que indica que cerca de 36 milhões de brasileiros estão envolvidos com atividades empreendedoras. E, mais do que isso, o resultado do PIB do Brasil, nesse mesmo período, cresceu, indicando uma relação entre a atividade empreendedora e o desenvolvimento da economia brasileira. De acordo com o SEBRAE: [...] a evolução da taxa de Empreendedorismo é compatível com o desenvolvimento da economia, cujo Produto Interno Bruto, PIB, cresceu em média 4% no período. Existe ainda uma tendência de expansão No Brasil, o órgão responsável pela pesquisa é o IBPQ e o seu parceiro SEBRAE. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 20 dessa taxa devido ao ambiente de negócios (Lei Geral, Super Simples e Empreendedor Individual); ao aumento da escolaridade e da renda da população (SEBRAE, 2013). Acredita-se que essa evolução deve-se, entre outros fatores, aos programas desenvolvidos pelo Brasil para o incentivo ao empreendedorismo. São exemplos disso os programas Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro) e Genesis (Geração de Novas Empresas de Software, Informação e Serviço); Programa Empretec (Metodologia da Organização das Nações Unidas – ONU), este desenvolvido pelo SEBRAE. O Empretec é um programa voltado para o desenvolvimento de características de comportamento empreendedor e para a identificação de novas oportunidades de negócios, além do oferecimento de cursos e programas sobre empreendedorismo por universidades brasileiras em todo o país, entre outras atividades. Apesar de todas as previsões otimistas e das evidências de que o empreendedorismo é uma força motriz para a economia, vale ressaltar que a criação de uma empresa por si só não gera desenvolvimento econômico. Em outras palavras, não basta simplesmente criar uma empresa. Esse empreendimento tem que estar baseado em uma oportunidade real e deve ser bem planejado para que sobreviva aos primeiros anos e, dessa forma, gere os benefícios sociais e econômicos esperados. Assim, é necessário evitar as práticas empreendedoras desorganizadas e intempestivas, realizadas por uma necessidade de sobrevivência do empreendedor, e otimizar o empreendedorismo por oportunidade, que é o que, de fato, um país precisa para crescer de maneira saudável. O empreendedorismo por oportunidade é um tipo de motivação empreendedora que se defronta com o empreendedorismo por necessidade. Em outras palavras, não basta simplesmente criar uma empresa. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 21 Perfil Empreendedor O que caracteriza um empreendedor? Para responder a essa questão, é necessário compreender que um empreendedor possui os atributos de um administrador. Então, pode-se dizer que os termos “empreendedor” e “administrador” são sinônimos? Não, certamente que não. O indivíduo pode ser um administrador, mas não carregar consigo as características de um empreendedor. Dornelas (2008) explica essa diferença ao afirmar que “o empreendedor de sucesso possui características extras, além dos atributos do administrador, e alguns atributos pessoais que, somados a características sociológicas e ambientais, permitem o nascimento de uma nova empresa”, (DORNLEAS, 2008, p. 17). Um dos fatores que mais marca a diferença entre o empreendedor e o administrador é que os empreendedores são visionários e planejam com base na visão de futuro. Além disso, os empreendedores conhecem muito bem o negócio onde atuam, ou, pelo menos, cercam-se de pessoas experientes que possam lhes transferir conhecimento. O empreendedor também busca por soluções novas, é ousado, corre riscos calculados, é criativo e inovador. Filion (1999) resume as características principais do empreendedor ao dizer que este é uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos. Além de manter um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios. Um empreendedor que continue a aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócios e a tomar decisões, moderadamente arriscadas, que objetivam a inovação, continuará a desempenhar um papel empreendedor. Resumindo nos aspectos essenciais: “um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões” (FILION, 1999, p.19). Já Dornelas (2008) chama a atenção para alguns erros que são comumente cometidos quando o assunto são as características dos empreendedores. De acordo com esse autor, há mitos que devem ser Os empreendedores conhecem muito bem o negócio onde atuam, ou, pelo menos, cercam-se de pessoas experientes que possam lhes transferir conhecimento. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 22 vencidos, tais como: considerar que os empreendedores são natos, que assumem riscos altíssimos e que possuem dificuldade com o trabalho em equipe. O autor afirma ainda que a realidade mostra justamente o contrário. Se considerar que empreendedores são natos, de que adiantariam tantos programas de educação empreendedora? É certo que não se pode negar que algumas pessoas nascem com um conjunto de habilidades que favorecem um comportamento empreendedor, mas isso nãosignifica que o empreendedorismo não possa ser aprendido por meio do desenvolvimento de algumas características. Quem acredita nesse mito fica imobilizado, fadado ao insucesso. Os empreendedores natos existem e vão continuar nascendo, mas isso não invalida, de forma alguma, o processo de ensino das habilidades empreendedoras. Dornelas concorda com essa afirmação ao dizer que: A essência do Empreendedorismo hoje em dia é a busca de oportunidades inovadoras. Para isso, as pessoas não precisam ter um dom especial, como se pensava no passado. Pelo contrário, qualquer pessoa pode aprender o que é ser um empreendedor de sucesso (DORNELAS, 2005, p. 20). Acreditar que os empreendedores correm riscos altíssimos, como loucos, também é um mito grave. Os empreendedores correm riscos, porém, estes são cuidadosamente calculados e planejados. Os empreendedores evitam riscos desnecessários. Outro aspecto importante a considerar é que os empreendedores são excelentes líderes, possuem um ótimo relacionamento com sua equipe. Delegam atividades, valorizam quem está ao seu lado, integram pessoas e conhecimentos. Atuam como facilitadores, conciliando diversas partes: fornecedores, funcionários, clientes, etc. (DOLABELA, 1999). Enfim, pode-se afirmar que o que torna o indivíduo empreendedor é o fato de ele ser visionário, de saber tomar decisões, de fazer a diferença. O empreendedor é alguém que explora ao máximo as oportunidades. De acordo com Dornelas (2008), os empreendedores são determinados e dinâmicos, dedicados, são otimistas e Os empreendedores correm riscos, porém, estes são cuidadosamente calculados e planejados. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 23 apaixonados pelo que fazem. São indivíduos que constroem o próprio destino, são independentes, organizados, bem relacionados, possuem conhecimento, planejam, criam valor para a sociedade e normalmente ficam ricos. Dolabella (1999, p. 12) completa Dornelas (2008), ao afirmar que o comportamento empreendedor inclui “aprender a pensar e agir por conta própria, com criatividade, liderança e visão de futuro, para inovar e ocupar o seu espaço no mercado, transformando esse ato também em prazer e emoção”. Filion (1999) também contribui para essa discussão ao mencionar que o indivíduo precisa de visão, energia, liderança e relações para se tornar um empreendedor. É importante ressaltar que, embora a maioria das definições considere o empreendedor como alguém que crie um novo negócio ou produto, ele pode ser também alguém que inove em negócios já existentes ou em produtos e/ou serviços que já existem. Indivíduos com esse tipo de comportamento são conhecidos como “intraempreendedores”. O intraempreendedor é uma pessoa que empreende em empresas já existentes, por meio de um comportamento inovador. Em outras palavras, é um funcionário diferenciado. A globalização e a crescente competitividade das empresas fizeram o mundo voltar os olhos para esse tipo de indivíduo que agrega muito valor às empresas e as tornam mais competitivas no mercado. Esse indivíduo é um tipo de empreendedor que não tem como objetivo a criação de empresas. Há indivíduos que possuem todas as características empreendedoras, mas que preferem desenvolvê-las nas empresas onde trabalham. De acordo com Filion: Intraempreendedores são pessoas que desempenham um papel empreendedor dentro das organizações. São semelhantes aos empreendedores, salvo que o risco que enfrentam é muito mais baixo, porque estão usando o dinheiro e os recursos da empresa, ao invés dos seus. Se forem bem-sucedidos, serão beneficiados pelo seu sucesso. Trabalham em sistemas organizacionais nos quais têm menos poder Esse indivíduo é um tipo de empreendedor que não tem como objetivo a criação de empresas. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 24 que os empreendedores porque, como eles não são proprietários, tem que seguir regras e diretrizes sobre as quais não tem controle (FILION, 2004, p. 74). Não é difícil compreender que o estudo do intraempreendedorismo tem ganhado espaço nas discussões sobre gestão. Afinal, ter um empreendedor dentro das organizações confere a elas vantagens competitivas. As organizações estão inseridas em um ambiente efervescente de tecnologias, contingências e competidores. Se não criarem um ambiente propício para o aparecimento de inovações, elas perderão espaço no mercado. Teste: Você possui perfil empreendedor? Será que você tem o perfil empreendedor? Faça o teste elaborado pela ACEB e descubra se você possui características empreendedoras. 1 – Ao realizar trabalhos em grupo, você: a) sempre dá ideias e gosta de participar do processo de elaboração do trabalho; b) nunca participa efetivamente e gosta que os outros façam tudo por você; c) dá boas ideias e colabora, mas só quando pedem sua ajuda. 2 – Ao terminar os estudos, qual foi a sua reação? a) Ficou extremamente inseguro, porque não tinha noção do que faria dali pra frente e por isso demorou a decidir que carreira seguir; b) Apesar do medo, decidiu ir à luta e traçar metas profissionais; c) Sentiu-se contente e confiante em enfrentar os desafios que a vida iria lhe proporcionar. 3 – No início de sua carreira profissional, você: a) tentava adquirir conhecimentos e experiência com os demais GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 25 funcionários, mas nunca acreditou que isto o levaria a crescer profissionalmente; b) sempre observava os profissionais à sua volta, principalmente os mais experientes, a fim de acumular conhecimentos que o fizessem crescer; c) não dava a mínima para o que os outros estavam fazendo, o importante era cumprir as suas tarefas. 4 – Em sua vida profissional, quando surgem outras oportunidades de emprego você: a) nunca as aceita, por mais positivas que elas sejam. A ideia de encarar um novo desafio o deixa muito inseguro; b) fica extremamente contente por ter surgido a oportunidade de ascender profissionalmente em um ambiente novo e na companhia de outros profissionais; c) analisa durante dias se esta será a melhor escolha e, se chegar à conclusão de que não tem nada a perder, aceita o desafio. 5 – Em qual dos perfis abaixo você melhor se encaixa? a) O líder; b) O observador; c) O flexível. 6 – Com que frequência você se informa sobre economia e o mundo dos negócios? a) Pelo menos três vezes por semana; b) Todos os dias, de preferência de manhã e à noite; c) Nunca. Fica sabendo das novidades somente quando alguém o informa. 7 – Como você toma decisões importantes na sua vida profissional ou pessoal? a) Consulta a opinião de amigos e parentes, mas a decisão final sempre é sua; GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 26 b) Sempre coloca a opinião das pessoas próximas a você em primeiro lugar, afinal, elas gostam de você e só querem o seu bem; c) Não escuta a opinião de terceiros. Você é a pessoa mais indicada para tomar suas próprias decisões e traçar o seu caminho. 8 – Se algo der errado em algum projeto profissional, você: a) não se deixa abalar, afinal, para que as coisas sejam resolvidas, é necessário manter a calma; b) acredita que tudo irá se resolver da melhor maneira, mas que é preciso trabalhar para que a melhora aconteça; c) acha que o mundo está desabando e que, por mais que você se esforce, nada poderá ajudá-lo a resolver o problema. 9 – Você se considera criativo? a) Sim. Sempre procuro transformar ideias simples em negócios efetivos; b) Não. Por mais que eu me esforce para ter ideias, nada me vem à cabeça; c) Às vezes. Em dias de muita inspiração consigo ter ideias. 10 – Como você projeta sua vida para daqui5 anos? a) Procuro não pensar no futuro, pois meu sucesso depende muito da oportunidade dada por outras pessoas; b) Tenho vários planos, entre eles o de montar meu próprio negócio. Porém, não tenho muita certeza de que dará certo, pois muitas empresas fecham logo no início de sua existência; c) Imagino-me um empreendedor de sucesso, com meu próprio negócio concretizado e bastante competitivo no mercado. Tenho este anseio e só depende de mim alcançá-lo. Agora, veja os pontos correspondentes às suas respostas, conforme a tabela abaixo, e some para ver o resultado. Questões A B C 1° 2 0 1 GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 27 2° 0 1 2 3° 1 2 0 4° 0 2 1 5° 2 1 0 6° 1 2 0 7° 1 0 2 8° 1 2 0 9° 2 0 1 10° 0 1 2 De 0 a 6 pontos: você não possui o perfil empreendedor. Se o seu grande objetivo profissional é constituir seu próprio negócio, é necessário que você mude diversas características se quiser obter sucesso. Comece se informando mais sobre o ramo em que quer atuar, procure ser mais otimista, ativo e mais seguro no momento de tomar decisões. Porém, não é interessante forçar a barra. Se você não nasceu para ser empresário, com certeza encontrará sua aptidão e obterá sucesso no que se propor a fazer. De 7 a 14 pontos: se sua intenção é investir em um empreendimento, ainda faltam alguns passos importantes para que você consiga êxito. Você pode ser criativo, mas tem dificuldades em administrar uma equipe. Ou gosta de enfrentar desafios, mas sente-se inseguro no momento de tomar decisões importantes... Administrar uma empresa é uma tarefa difícil e requer bastante preparação. Portanto, você precisa se aperfeiçoar, e somente após se sentir seguro deve aceitar este desafio. De 15 a 21 pontos: você nasceu para o empreendedorismo, pois possui as principais características que um empresário necessita ter: é otimista, criativo, independente e tem espírito de liderança. Você sente-se à vontade para tomar decisões difíceis, adora encarar desafios e sabe aproveitar as oportunidades. Portanto, se você sempre objetivou ter seu próprio negócio, agora mais do que nunca você sabe que tem grandes chances de montá- lo, administrá-lo com excelência e caminhar rumo ao sucesso! GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 28 Para ajudá-lo a desenvolver o seu perfil empreendedor, recorra às associações comerciais e empresariais que oferecem cursos e palestras, além de consultoria jurídica e contábil, tudo para auxiliá-lo a desenvolver seu talento e tomar as decisões corretas. Fonte: FAÇA o teste: você possui perfil empreendedor? Administradores. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/ faca-o-teste-voce-possui-perfil-empreendedor/16260//>. Acesso em: 03 ago. 2016. Revisão Esta unidade abordou o conceito de “empreendedorismo” e como sua definição foi mudando no decorrer da história, sem perder a sua essência: a inovação. Também abordou a importância do “empreendedorismo” para o desenvolvimento econômico, ressaltando que o ato de empreender de forma estruturada, o chamado “empreendedorismo por oportunidade”, pode contribuir para o crescimento de um país. Também foi traçado o perfil do empreendedor e as diferenças entre o empreendedor e um simples administrador. Basicamente, um administrador conhece as técnicas de gerir um negócio, mas faltam-lhe características que são próprias do empreendedor, tais como: criatividade, ousadia, capacidade de correr riscos calculados, entre outras. Por fim, a unidade salientou a existência de um tipo de empreendedor: o “intraempreendedor”, indivíduo que empreende em organizações já consolidadas, mencionando que essa discussão será retomada em outras partes do nosso material. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 1 29 conta a história verídica de Preston Tucker, um homem que conta com características empreendedoras e que fez inovações na indústria automobilística dos anos 40. TUCKER – UM homem e seu sonho. Filme. Direção: Francis Ford Copolla. Produção: Fred Fuchs, Fred Roos, George Lucas. EUA. 1998. DVD (110 min.). Há também artigos interessantes que falam a respeito do comportamento empreendedor e da sua importância pra a economia, tais como: FONTENELE, Raimundo Eduardo Silveira et al. Empreendedorismo, Crescimento Econômico e Competividade dos BRICS: uma Análise Empírica a partir dos Dados do GEM e GCI. In: EnANPAD, 35., 2011, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: EnANPAD, 2011. p. 1-17. Disponível em: <http://www. anpad.org.br/admin/pdf/ESO2080.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2016. PEDROSO, José Pedro Penteado; MASSUKADO, Marcia S. A relação entre o jeitinho brasileiro e o perfil empreendedor: interfaces no contexto da atividade empreendedora no Brasil. In: EGEPE, 5., 2008, São Paulo. Anais... São Paulo: EGEPE, 2008. p. 1-14. Disponível em: <http://www.anegepe.org. br/edicoesanteriores/saopaulo/87_trabalho.pdf>. Acesso em: 03 ago. 2016. SCHMIDT, Serje; BOHNENBERGER, Maria Cristina. Perfil empreendedor e desempenho organizacional. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 13, p. 450-467, n. 3 jul./ago. 2009. Você pode refletir a respeito dos conceitos aprendidos nessa unidade assistindo ao filme “Tucker - um homem e seu sonho”. Esse filme GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 30 Os Desafios da Inovação Introdução Biólogo cria sistema de armadilhas e controle do mosquito da dengue O biólogo Álvaro Eduardo Eiras acredita que a beleza da tecnologia está na simplicidade. Ele aprendeu a lição durante um bate- papo com Bill Gates, o fundador da Microsoft, que lhe entregou o prêmio “Inovação Tecnológica em Benefício da Humanidade Tech Museum Awards” em 2006, nos Estados Unidos. Eiras, 50 anos, é pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e aplicou a simplicidade em seu invento premiado, o MI Dengue. Feito para monitorar a incidência do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, já é usado por 35 municípios brasileiros, pelo governo de Cingapura e pela cidade de Cairns, na Austrália. “Decidi ver como era o monitoramento feito pelo Ministério da Saúde. Descobri que os métodos usados são da década de 20”. O MI Dengue inclui o MosquiTrap, uma armadilha para a fêmea (com odor criado por Eiras, chamado sugestivamente de “AtrAedes”) que atrai e cola o bichinho em um cartão adesivo. Depois, é usado um sistema on-line, com GPS nas armadilhas, que ajuda a acompanhar os focos da doença. A contagem dos mosquitos é enviada pelo celular e processada por um software que auxilia a traçar o mapa da dengue. O MI Dengue é vendido pela Ecovec, empresa de biotecnologia, em parceria com o Instituto Inovação, e dispõe o produto para cidades por cerca de R$ 1 anual por habitante - 2% do faturamento vai para a UFMG. Para se ter uma ideia, um paciente internado com dengue custa ao SUS cerca de R$ 3,5 mil por dia. • O que é Inovação? • As Diferenças entre Imitação, Inovação e Invenção • Características e Tipos de Inovação • As Vantagens Competitivas da Inovação • Revisão Em 2010, o Ministério da Saúde registrou um milhão de casos da doença no país, mas ainda não adotou a armadilha. Ela está em avaliação, mas o processo pode levar dois anos. Para saber mais, acesse os seguintes links: <https://www.youtube.com/watch?v=Njef3vaFI7Y>. <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI213795- 17933,00-TERRIVEL+CONTRA+OS+INSETOS.html>. Após conhecermosa história do MI-Dengue, que foi desenvolvido pelo professor e pesquisador Álvaro Eiras, será mais fácil compreender os conceitos relacionados à inovação, bem como os caminhos trilhados para o desenvolvimento de novos produtos. A inovação é a chave para as empresas expandirem muito mais em um mundo em constante mudança. Qualquer empresa, organização ou pessoa, a título particular, pode ser inovadora. A inovação não está ligada somente às grandes organizações ou às grandes empresas industriais do planeta que oferecem grandes tecnologias para o mundo, mas também a qualquer pequeno negócio. Qualquer empresas ou pessoa pode e deve ser inovadora, pois a inovação não é exclusividade das grandes organizações. O objetivo principal da unidade é apresentar os quatro tipos de inovação: produto, processo, posição e paradigma, destacando, principalmente, a inovação de produto e processo. A inovação de processo consiste na implementação de métodos de produção inovadores, novos ou com melhorias. Portanto, a inovação é um processo contínuo, no qual uma nova ideia é criada e transformada em um conceito para implantar um produto ou serviço novo, com o objetivo de melhorar a vida das pessoas. Em destaque está o esforço para conhecer os quatro tipos de inovação estratégica: a incremental, disruptiva, radical e aberta. Pense que a inovação é uma exigência dos tempos modernos e que somos terreno fértil de inovação continuada, chamados para produzir produtos e serviços renovadores a todo instante. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 34 O que é Inovação? Agora que você já conhece os princípios do empreendedorismo e suas vertentes, vamos debater um tema imprescindível para os tempos modernos e que demanda que pessoas, organizações e o mundo de forma geral se movimentem: a inovação, uma questão fundamental para as organizações modernas. As novas ideias e a criatividade podem gerar oportunidades e dezenas de novos empregos. O tema “inovação” está em todas as rodas de discussões dos executivos, na sala de reunião das grandes empresas, na roda de amigos e alunos de uma faculdade. Existem várias vertentes para explicar o significado do termo “inovação”, mas, dentro dos objetivos traçados nesta unidade, vamos procurar uma linguagem que o torne mais compreensível. A inovação é a chave para ajudar as empresas a crescerem e a expandirem em um mundo de acelerada mudança. Está intimamente relacionada ao desempenho financeiro, já que uma inovação bem-sucedida pode reduzir os custos de produção de artefatos ou serviços, criar nichos de mercado, introduzir novos artigos ou serviços que, por sua vez, é claro, farão com que a empresa se torne cada vez mais rentável e atraente. Porém, é importante ressaltar que qualquer organização ou pessoa, a título individual, pode ser inovadora. Inovar não significa o condicionamento aos grandes negócios do emprego de recursos exorbitantes, da contratação de um gestor de inovação ou outro profissional altamente treinado e qualificado, com pós-graduação na área. As microempresas, por exemplo, com pequenas ideias empreendedoras, constituem um terreno fértil para inovação. Muitas necessidades do consumidor nasceram de pessoas criativas, com espírito inovador, que tiveram a ousadia de montar seu próprio negócio, ainda que pequeno, utilizando estratégias A inovação é a chave para ajudar as empresas a crescerem e a expandirem em um mundo de acelerada mudança. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 35 que pudessem atrair os diversos desejos dos clientes, exigentes e minuciosos. A falta de profissionais da saúde é um fator preocupante em muitos países em desenvolvimento. Na esperança de ajudar a melhorar este cenário, a startup norte-americana Sense.ly lançou um dispositivo que promete auxiliar pacientes a continuar recebendo os cuidados médicos longe do hospital. A empresa criou a enfermeira virtual Molly, que oferece atendimento de qualidade aos pacientes e consultas sobre determinados temas. O serviço está disponível para pacientes que sofrem de doenças crônicas como insuficiência cardíaca e diabetes. Para saber mais, acesse o site: http://sense.ly/. Lembre-se, a inovação é de importância vital para as pequenas empresas. É o sangue, assim dizendo, de qualquer pequena empresa próspera, que lhe ajudará a florescer e a ter sucesso. Porque a inovação exige tanta atenção em nossos dias? A resposta é simples e imediata: porque o ritmo de mudança é muito rápido. Vejam os celulares, os computadores, as câmeras fotográficas e tantos outros equipamentos oferecidos pela moderna tecnologia. As alterações ocorrem em uma velocidade incrível. Porém, é necessário observar que as mudanças atendem às exigências de um mundo contemporâneo. Estamos passando da era industrial para a era do conhecimento. Alguns estudiosos têm insistido em afirmar que quanto mais conhecimento agregado temos, maior será a nossa oportunidade de empregabilidade. Em uma atmosfera global de inovação contínua, a vantagem estratégica pode apenas advir daqueles que são líderes e não apenas de meros seguidores da mudança. A única forma de se tornar um verdadeiro líder da mudança pode ser alcançada através da inovação. É necessário observar que as mudanças atendem às exigências de um mundo contemporâneo. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 36 Todas as empresas precisam ser inovadoras. A realidade, contudo, é que a maior parte delas, particularmente as pequenas e médias, encontram dificuldades em compreender o conceito de inovação. Não sabem bem como usar os seus conceitos, imaginando que ela só se aplica às indústrias de alta tecnologia. É importante ressaltar que existem muitas teorias acerca da inovação: qual a sua definição? Quais as suas principais características e seus diversos tipos? Como implementá-la? A sociedade, até hoje, não conseguiu estabelecer um consenso (e possivelmente nunca alcançará) sobre uma teoria única de inovação. No dia a dia, a inovação é compreendida como criar algo que culmine no resultado desejado (SAKAR, 2007). A partir dessa afirmativa, há uma pluralidade de compreensão sobre esse procedimento. A palavra “inovar” deriva do latim in+novare, que significa “fazer novo”, renovar ou alterar. De forma simples, inovação significa ter uma nova ideia ou, por vezes, aplicar as ideias de outras pessoas em novidade ou de forma nova (SAKAR, 2007, p. 115). Dito isso, pode-se esclarecer melhor que “inovação” significa o envolvimento da criatividade, de adaptação, de ideias novas com possibilidade de implementação e que gerem impacto. Na visão de Bessant e Tidd, no primeiro capítulo do livro “Inovação e Empreendedorismo” (2009), há o registro da fala de profissionais da GE, Microsoft e Apple sobre inovação: Estamos avaliando as lideranças da GE em relação a sua capacidade de Criação. Líderes criativos são os que têm coragem de financiar novas ideias. Liderar equipes para encontrar as melhores ideias e pessoas para assumir riscos com maior preparo e método (J. Immelt, presidente e Diretor-executivo da General Eletric). (...) Sempre dizemos a nós mesmos: temos que inovar. Precisamos ser os Primeiros a nos superar (Bill Gates, Microsoft) (...) A inovação é o divisor de águas entre um líder e um seguidor (Steve Jobs, Apple) (BESSANT; TIDD, 2009, p. 20). A sociedade, até hoje, não conseguiu estabelecer um consenso sobre uma teoria única de inovação. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 37 Para o “Manual Oslo” (OCDE, 2005, p. 14), inovação é: Uma implementação de um produto (bem ou serviço) novoou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. Essa definição é bem vasta e abrange o bem ou serviço que a empresa faz, sua forma de fazer (processo), sua forma de planejar e organizar o seu mercado, e até mesmo sua forma de cuidar da gestão. Outro ponto importante a observar na definição do “Manual Oslo” é que a inovação é uma implementação de algo novo ou melhorado. Isto é, não importa se é bem, serviço, processo ou método. Se ele não for novo, significativamente melhorado, não for implementado, não é inovação. “Significativamente melhorado” quer dizer que a mudança deixou o produto melhor, como exemplos, temos: bicicletas feitas de alumínio e celulares cada vez menores. Outra questão importante a destacar na definição estabelecida no manual é que se fala de implementação, não só a definição teórica no papel, mas a sua realização de fato. Se a ideia que você teve foi implementada e está funcionado, ou seja, se está dando certo. Portanto, inovação é uma ideia que deu certo. O aparelho de DVD foi uma ideia que deu certo e gerou resultado, pois esses aparelhos são encontrados nas residências nos dias de hoje. Na visão de Simantob e Lipp (2003), existem vários conceitos de inovação, segundo vários estudiosos. Sublinhamos dois teóricos muito conhecidos que podem ser muito úteis em nossa tarefa. O primeiro, Peter Drucker, da Universidade de Claremont, em seu livro, “Inovação e Espírito Empreendedor”, propõe que inovação é: o ato que contempla os recursos com a nova capacidade de criar riquezas, sendo que não existe algo chamado de recurso até que o homem encontre uso para alguma coisa na natureza, e assim o dote de valor econômico (DRUCKER, 1987, p. 39). O aparelho de DVD foi uma ideia que deu certo e gerou resultado, pois esses aparelhos são encontrados nas residências nos dias de hoje. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 38 Na visão de Giovanni Dosi (Universidade de Pisa), inovação é a busca, a descoberta, a experimentação, o desenvolvimento, a imitação e a adoção de novos produtos, novos processos e novas técnicas organizacionais. Entretanto, nota-se que, depois de Joseph Schumpeter, o primeiro economista a falar de inovação na última década do século XX, a inovação passou a ser reconhecida como um fator essencial para a competitividade das empresas. A inovação está relacionada ao desenvolvimento econômico, sendo impulsionada pela criatividade quando há uma perturbação do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio previamente existente. Isso se chama destruição criativa (SCHUMPETER,1984 citado por BARBIEIRI, 2005, p. 14). A “destruição criativa” gera movimento e crescimento na economia e altera o estado de ânimo do empreendedor criativo e inovador. Pode-se, então, dizer que a inovação surgiu de um processo evolutivo dos meios econômicos, sendo Joseph Schumpeter considerado o pai da inovação. Os investimentos das combinações de produtos e processos produtivos de uma organização influenciam diretamente no desempenho financeiro, de modo que o moderno empresário deve ocupar, simultaneamente, dois papéis de liderança: econômica e tecnológica. Quantos produtos você conhece que poderiam ser considerados “inovadores”? Quer saber mais sobre isso? Recomenda-se a consulta ao “Manual de Oslo”, fonte muito rica de informações referentes ao tema desta unidade. Ele está disponível para download em: <http://download. finep.gov.br/imprensa/manual_de_oslo.pdf>. A “destruição criativa” gera movimento e crescimento na economia e altera o estado de ânimo do empreendedor criativo e inovador. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 39 As Diferenças entre Imitação, Inovação e Invenção Como se pode perceber, a inovação consiste em colocar as ideias em prática, gerando novos produtos ou serviços. Melhorando processos ou criando novos modelos de negócio que levem ofertas de valor ao mercado com sucesso. Porém, não podemos confundir o conceito de “inovação” de Schumpeter com “invenção”. São dois conceitos, ao mesmo tempo, complementares e diferentes. Há uma relação entre eles, distinções e desafios. Nem toda invenção transforma-se em inovação, e nem toda inovação é proveniente de uma invenção. A inovação refere-se a uma ideia, método ou objeto que é criado, que pouco se parece com padrões anteriores. Há uma ruptura, pois algo novo surgirá e modificará antigos padrões. Na visão de Cerqueira (1989), temos a melhor definição de invenção. A invenção, de modo geral, consiste na criação de uma coisa até então inexistente, a descoberta é a revelação de uma coisa existente na natureza. Descobrir é o ato de anunciar ou revelar um princípio científico desconhecido, mas preexistente na ordem natural, e inventar é dar aplicação prática ou técnica ao princípio científico, no sentido de criar algo novo, aplicável no aperfeiçoamento ou na criação industrial (CERQUEIRA, 2007 citado por REQUIÃO, 1989, p. 223). A invenção é um ato de criar uma nova tecnologia, processo ou objeto. Está muito ligada ao protótipo, modelos, fórmulas e outros meios de registrar ideias. O ato de inventar, necessariamente, não responde ao conceito de inovar. Na visão de Dosi (1988), “inovação refere-se essencialmente à procura, à descoberta, à experimentação, ao desenvolvimento, à imitação e à adoção de novos produtos, aos novos processos de A invenção é um ato de criar uma nova tecnologia, processo ou objeto. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 40 produção e às novas formas de organizações” (DOSI, 1988, p. 222). Observamos que, segundo Dosi, a inovação deve estar revestida de requisito de novidade e envolve a concepção de uma ideia direcionada para economia. Podemos dizer que o processo de inovação demanda um elevado comprometimento das pessoas que estão envolvidas com o processo de mudanças, e busca contextos que proporcionem novas realidades, resultados e experiências. Observe a figura 1 seguinte na qual se pode identificar a diferenciação entre inovação e invenção. FIGURA 1 - Os traços da inovação Fonte: Elaborado pelo autor. Como é possível perceber, a diferença entre “invenção” e “inovação” está justamente no fato de que, se a ideia implementada resulta em um negócio que dará retorno ao seu idealizador, ela é uma inovação. Michael Porter, uma das maiores referências no estudo da competitividade, propõe que a inovação pode ocorrer a partir do momento em que a invenção chega ao mercado, passando a gerar lucro e dividendos quando o novo conhecimento é colocado em prática, criando novos produtos, serviços e processos, permitindo que a empresa cresça e se expanda. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 41 Segundo o dicionário Michaelis (2012), imitação vem do latim e significa o ato ou efeito de imitar e representação ou reprodução de uma coisa, fazendo-a semelhante a outra. Nas figuras a seguir, temos um exemplo de imitação que gera, sem dúvida, prejuízos ao idealizador, no caso a Apple. FIGURA 2 - Hiphone Fonte: Adaptado de Jordão (2016). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 42 FIGURA 3 - Goophone i5 Fonte: Adaptado de Jordão (2016). Olhando rapidamente para a figura 2, qual é o celular verdadeiro? E se você olhar para a figura 3, você conseguiria ver com clareza a distinção entre eles? Criatividade, ideia, imitação, invenção e inovação não são as mesmas coisas, mas sim etapas diferentes de um processo. A criatividade promoverá o desenvolvimento de várias ideias. É um ato no qual oser humano promove a descoberta de novas ideias e conceitos. Muitas delas serão descartadas, sejam por motivos técnicos, econômicos e/ ou financeiros. Caso uma dessas ideias seja implementada e tenha sucesso, ela poderá se tornar uma inovação. Caso isso não aconteça, essa ideia terá se tornado uma invenção. Um exemplo é o celular. Quando apareceu, era grande, pesado, sendo até necessária uma maleta para carregar a bateria de energia. Tratava-se de uma boa invenção, apesar de não ter sido um sucesso logo de início. Com o andar da carruagem, com os avanços tecnológicos, ele tornou-se um dos produtos mais inovadores, sempre entregando ao usuário uma nova possibilidade, cada vez mais imprescindível. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 43 Características e Tipos de Inovação FIGURA 4 - A inovação e sua classificação Fonte: Elaborado pelo autor. Bessant, Tidd e Pavvit (2008) classificam a inovação em quatro grupos: 1. inovação de produto: representada pela mudança de produtos e serviços que a empresa oferece aos consumidores; 2. inovação em processo: mudanças na forma em que os produtos/serviços são criados e entregues; inclui mudanças significativas nas tecnologias, equipamentos e logística; 3. inovação de posição: constituída por mudanças no contexto em que produtos e serviços são introduzidos; 4. inovação de paradigma: deriva de mudanças nos modelos mentais subjacentes que orientam o que a empresa faz. Na figura 4, é possível observar as relações entre as classificações de inovação apresentadas por Besssant, Tidd e Pavitt. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 44 Um exemplo de inovação de produto é a introdução de travas ABS, expressão alemã “Antiblockiersystem”, que é um dispositivo de segurança que não permite que as rodas travem em frenagens de emergência. Outro exemplo é o sistema de navegação nos carros de GPS (Sistema de Posicionamento Global), e outros sistemas melhorados. Outro exemplo é um restaurante que vai até a sua residência e faz todo o cardápio para servir aos seus convidados. É um serviço novo que atende aos consumidores independentemente da sede da empresa. Assim como uma empresa que compra uma máquina para preencher um cheque com mais rapidez, facilitando a vida do cliente. Ou incorpora uma balança eletrônica que facilita a visualização do seu cliente. Já na inovação de posição, que outros autores chamam de “mercadológica”, agrega-se valor ao produto por meio de uma embalagem totalmente nova. Um exemplo é uma embalagem que não suja as mãos ao carregar uma pizza. A elaboração de um cadastro eletrônico e digital dos consumidores também pode facilitar a identificação e a empatia, gerando valor e lucro para o negócio. No quarto tipo de inovação, “paradigma” ou “inovação organizacional”, trata-se uma técnica nova. É sempre a primeira vez. Um exemplo são as nossas ginásticas laborais. Toda vez que ela é implementada provoca qualidade de vida e melhoria no local de trabalho dos funcionários. Segundo o professor Clayton Christensem (2011), da Harvard Business School, existem quatro tipos de inovação por estratégia. A figura 5 demonstra os quatro tipos de inovação por estratégia. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 45 FIGURA 5 - Tipos de inovação por estratégia Fonte: Elaborado pelo autor. A inovação incremental é a que predomina na maioria das empresas. São pequenas, mas importantes mudanças que podem ser aplicadas em modelos de negócios, produtos e/ou serviços. Tem como objetivo modernizar um produto já existente e que já tem aceitação do mercado. O seu propósito é garantir o consumo já existente do produto, atrair novos consumidores, gerar lucro e garantir aos clientes, que já são consumidores do produto, conveniência e fidelização. Como exemplo de inovação incremental, têm-se as indústrias de carros, que mantêm por anos uma marca no mercado. Entretanto, elas atualizam, anualmente, o produto com as tendências do momento. Para os pesquisadores Davila, Epstein, Shelton (2007, p. 61), as inovações incrementais “são uma maneira de extrair o máximo valor possível de serviços e produtos existentes sem a necessidade de fazer mudanças radicais e grandes investimentos financeiros”. Visa, pois, atender, através de melhorias, as necessidades dos clientes e aprimorar os processos e produtos atuais. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 46 A inovação disruptiva tem como objetivo substituir o produto existente por outro mais moderno e atualizado. As empresas que ditam as tendências de diversos segmentos são exemplo de inovação disruptiva. Um exemplo clássico de inovação disruptiva é a empresa de linhas áreas GOL. Entrou no mercado oferecendo serviços mais simples do que seus concorrentes, poucas rotas, baixa flexibilidade de alterações, barras de cereais, mas com uma contrapartida de preço que permitia a diversos consumidores o conforto de viajar de avião. Isso gerou até uma possibilidade de concorrência com as empresas de ônibus. Nesse caso, a GOL representava algo de inédito, um serviço inteiramente novo ao consumidor. A inovação radical visa criar um novo conceito, com novos mercados e paradigmas. Segundo Davila, Epstein, Sheltpn (2007, p. 71), “inovações radicais são, pela própria natureza, investimentos de pouca probabilidade de retorno”. Porém, é primordial uma avaliação detalhada e bem planejada de um investimento nesse tipo de inovação, pois os riscos são maiores do que na inovação incremental. Um exemplo típico de inovação radical são os bancos − organizações financeiras. Eles têm passado por uma metamorfose ao longo dos anos utilizando máquinas de multibanco, isto é, fundos acessíveis em qualquer parte do mundo com a utilização do cartão de plástico apropriado. A inovação aberta está ligada àquelas empresas que compram ou licenciam processos de inovação (patentes) no lugar de criar seus próprios produtos inovadores. Aqui, é preciso cultivar uma rede de inovação, além dos limites da organização. Esse tipo de inovação busca encontrar as pessoas certas, bem como integrar descobertas científicas de forma inovadora. O seu É preciso cultivar uma rede de inovação, além dos limites da organização. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 47 papel fundamental é fomentar o trabalho colaborativo entre todas as partes envolvidas no processo. Um exemplo de inovação aberta colaborativa é a Brasil Foods, maior exportadora de carne de frango, que se preocupa com a gestão do conhecimento para fazer funcionar toda cadeia de desenvolvimento e tecnologia da empresa. As parcerias com as academias e programas de computador ou atividades gerenciais que permitem identificar possíveis nichos de pesquisa é uma constante na organização. Todas as áreas trabalham juntas com um único objetivo: competitividade do produto. Na visão de Chesbrough (2003), o modelo de inovação aberta consiste: No conjunto de estratégias pelas quais as empresas podem adquirir tecnologia que necessitam de outras empresas assim como adquirir as patentes de tecnologia que tenham desenvolvido, mas que não pretendam utilizar. Numa inovação aberta, as empresas obtêm a sua tecnologia de múltiplas fontes. As estratégias abertas de inovação procuram a eficiência através de parcerias de negócio efetivas (CHESBROUGH, 2003, p. 237). A inovação aberta é altamente colaborativa, pressupõe que o conhecimento para “inovar” se encontra em qualquer lugar da rede de colaboradores de empresas e no mundo globalizado. Aqui, tem- se um diálogo de escuta e atenção com todos os “stakeholders”, isto é, os públicos interessados no negócio da organização. Existeum intercâmbio, um trabalho participativo em redes para a definição dos próximos passos e dos negócios das empresas. Empregados capacitados são considerados um recurso-chave de uma empresa inovadora aberta, com uma equipe de gestão eficiente, aumentando a capacidade de atendimento das necessidades dos clientes. Empregados capacitados são considerados um recurso-chave de uma empresa inovadora aberta. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 48 As Vantagens Competitivas da Inovação Para que a inovação torne- se uma vantagem competitiva, é fundamental equilibrar os modelos de inovação. Para que a inovação torne-se uma vantagem competitiva, é fundamental equilibrar os modelos de inovação. Faz se necessário, igualmente, avaliar o retorno, de modo que cada um possa oportunizar os negócios e as suas necessidades. Davila, Tidd e Bessant (2008) afirmam que a única forma de uma empresa garantir seu futuro é inovar, ser mais adaptável ao ambiente por meio da mudança. O processo de inovação deve ser contínuo uma vez que a tendência diante de um feito de sucesso é que a concorrência tente a imitação. Desta forma, um feito inovador deve ser constantemente aprimorado ou ampliado ou mesmo arriscar novas abordagens (BESSANT; TIDD, 2008, p. 26). É possível perceber que embora as empresas possam adotar formas semelhantes de inovação ou imitação de produtos, o resultado final dessa estratégia poderá ser diferente, pois os processos e conhecimentos fazem parte de uma cultura e são diferentes, muito peculiares a cada empresa e a cada pessoa. Portanto, a competitividade será diferente para cada organização: Como cada organização tem uma combinação exclusiva e específica de estratégia da inovação, organização, processos, cultura, indicadores de desempenho e recompensas, os produtos de inovação de cada uma delas serão igualmente diferentes. Aquilo que a Apple desenvolve nunca sairia das linhas de produção da Dell ou da IBM. Cada empresa cria seu próprio tipo de inovação mediante o acrescimento de toques especiais (por exemplo, cultura, conhecimento específico, recompensas diferenciadas) (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007, p. 27). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 49 conjuntos de conhecimentos” (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008, p. 35). A inovação é um processo contínuo, no qual uma nova ideia é criada e transformada em um conceito para implantar um produto ou serviço novo, com o objetivo de melhorar a vida das pessoas. Um grande exemplo de inovação radical pode ser visualizado por meio dos resultados das pesquisas desenvolvidas pela Microsoft em parceria com a Universidade de Washington, em que os pesquisadores conseguiram armazenar informações em DNA sintético. Os primeiros testes permitiram arquivar 200 MB em um DNA. Levando em consideração que a dimensão de um DNA é microscópica, é possível imaginar a dimensão dessa descoberta. Dentro de poucos anos, as empresas poderão guardar todas as suas informações utilizando apenas DNAs. De acordo com a Microsoft, a previsão é que seja possível gravar uma grama de terabyte em um grama de DNA. Dessa forma, seria possível armazenar todas as informações da internet em DNAs. Revisão Nesta unidade, foram trabalhados os conceito de inovação, a sua importância nas empresas e na vida pessoal. Aprofundamos o estudo de quatro tipos de inovação: produto, processo, posição e paradigma. Conhecer os quatro tipos de inovação é de importância vital para as pequenas empresas serem mais prósperas e terem sucesso. São elas: Não há como separar a inovação do conhecimento, pois inovar é “criar novas possibilidades por meio de combinações de diferentes GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 50 -a inovação incremental é a que predomina na maioria das empresas. São pequenas, mas importantes mudanças que podem ser aplicadas em modelos de negócios, produtos e/ou serviços. O seu objetivo é melhorar o que já existe, sendo voltado para o mercado concorrente; -a inovação disruptiva refere-se às empresas iniciantes no mercado, com um custo menor, com mais simplicidade e com performance em produtos estabelecidos; -a inovação radical visa criar um novo conceito, com novos mercados e paradigmas; -a inovação aberta, na qual é preciso cultivar uma rede de inovação, além dos limites da organização. Esse tipo de inovação busca encontrar as pessoas certas, bem como integrar descobertas científicas de forma inovadora. O seu papel fundamental é fomentar o trabalho colaborativo entre todas as partes envolvidas no processo. Também foi traçado o caminho para você começar a ser inovador. Basicamente, gerir um negócio inovador é colocar em prática algumas características que são próprias do empreendedor, tais como: criatividade, ousadia, capacidade de correr riscos calculados, entre outras. Reflita a respeito da seguinte afirmação: a inovação não se encontra somente nas grandes empresas industriais, mas em qualquer empresa ou pessoa. A inovação não é exclusividade de um pequeno grupo de pessoas, e sim um diferencial do homem. Você é um terreno fértil para a inovação! Pense nisso. Para refletir a respeito dos conceitos aprendidos nesta unidade, assista aos vídeos da “HSM Vídeo” – “The Innovation Colletion” – que explica todos os aspectos da inovação. Confira no site: <www.hsmeducativa.com.br>. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 2 51 O livro “A nova era da Inovação” de C.K. Prahalad e M.S. Krishnan (2008) traz uma visão moderna e aberta sobre o processo de inovação nas grandes corporações do mundo moderno. Vale a pena ler. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 52 Mapeando Oportunidades • Oportunidades pessoais – descobrindo a si mesmo • Ideia x oportunidade • Critérios para análise de oportunidades • Revisão Introdução Prezado(a) aluno(a), tão importante quanto discutir a inovação é identificar quais ideias podem ser transformadas em oportunidade. Afinal, a inovação sem direção é como um barco sem leme. Assim, pretendemos nesta unidade fazer um convite a você para uma autorreflexão a respeito das oportunidades pessoais, discursando acerca de como o indivíduo pode recuperar seus sonhos e encontrar em suas vontades uma nova oportunidade de carreira. Em seguida, esta unidade apresenta a diferença entre ideia e oportunidade. É a partir de uma ideia que surgem grandes oportunidades de negócio. Portanto, discutiremos os critérios para a análise de uma oportunidade, tais como: qual mercado ela atende? Qual sua vantagem competitiva? Qual retorno econômico ela trará? Dentre outras. Além disso, nesta unidade você terá a chance de conhecer duas técnicas muito usadas no meio organizacional para a geração de ideias: a técnica de visualização e o brainstorming. Ao término da unidade, espera-se que você seja capaz de diferenciar uma simples ideia de uma verdadeira oportunidade e que possa abrir seus horizontes para uma conduta mais criativa, sendo capaz de se comportar de forma proativa frente às possíveis oportunidades de mercado e/ou de carreira. Boa leitura! GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 54 Caro aluno, na unidade anterior, vimos que a inovação não é exclusividade de grandes organizações. Nesta unidade, expandiremos ainda mais essa questão, aplicando o conceito de inovação à descoberta de oportunidades. Assim, a unidade se inicia com uma reflexão sobre as oportunidades pessoais. Isso mesmo! Você já parou para pensar sobre você, sua carreira e as oportunidades que o cercam? Para iniciar essa reflexão, vou repetir uma pergunta que certamente você já ouviu na infância: o que vocêquer ser quando crescer? Para muitos, essa pergunta ainda não tem resposta, e se tem ela ecoa internamente incomodada com a realidade do dia a dia que não a representa. E, para você? O que essa pergunta significa? Ela é um incômodo ou um orgulho pelo fato de você ter conseguido concretizar o seu sonho infantil? Essas questões são para você dar início à nossa reflexão. Afinal, o que difere as pessoas que conseguem realizar seus sonhos daquelas que se afundaram na frustração de ter que trabalhar em algo que não lhes traz prazer? Bolles (2011), autor de “What color is your parachute” (Que cor é seu paraquedas?), dá uma explicação sobre isso. De acordo com ele, “a maior parte das pessoas que falham ao procurar seu emprego dos sonhos não é por falta de informação sobre o mercado de trabalho, mas por falta de informação sobre eles mesmos” (BOLLES, 2011. Citado por CLARK et al, 2013, p. 85). Oportunidades Pessoais – Descobrindo a Si Mesmo Você já parou para pensar sobre você, sua carreira e as oportunidades que o cercam? GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 55 Ao afirmar isso, Bolles (2011) aponta a autorreflexão como um caminho para que o indivíduo encontre novas oportunidades para sua vida. Clark et al (2013) exemplifica o aspecto apontado por Bolles contando a história de Andrea Wellman, uma fotógrafa comercial. Andrea foi dispensada do seu emprego e tomou uma decisão: ao invés de correr para a agência de empregos e aceitar o primeiro emprego que aparecesse, ela resolveu preencher seu dia com compromissos com ela mesma, isto é, com atividades que lhe traziam prazer e que ela tinha deixado de lado em função da correria do dia a dia. Assim, Andrea juntou duas de suas paixões: corrida e cachorro. Ela tinha uma cadelinha chamada Molly e começou a correr em sua companhia e, ocasionalmente, corria também com cachorros dos seus amigos. De acordo com ela, isso a mantinha feliz. Certo dia, Andrea leu uma reportagem sobre mudança de carreira e se deparou com a história de um homem em Chicago que corria com os cachorros em tempo integral, fazendo disso sua profissão. Andrea, então, percebeu que estava diante de uma oportunidade, isto é, assim como aquele homem, ela poderia ser uma corredora de cachorros profissional! Andrea descobriu sua paixão e isso foi importante para identificar uma nova oportunidade. Bel Pesce, a famosa menina do vale, chama a atenção para isso ao afirmar que “quando você está apaixonado pelo que faz, de repente tem uma energia infinita para trabalhar dia e noite. É um sentimento um tanto quanto mágico” (PESCE, 2013, p. 57). Movida por essa paixão, Andrea, embora estivesse um pouco incrédula de que pudesse ganhar dinheiro com essa atividade, resolveu ligar para seus amigos e perguntá-los se eles estariam dispostos a pagá-la para que ela continuasse a correr com os seus cachorros. Para sua surpresa, a resposta foi sim, pois essas pessoas notaram os benefícios que a corrida trouxe para seus animais. Então, Andrea transformou seu hobbie em profissão e, de repente, a partir de indicações de amigos, ela foi aumentando sua cartela de clientes, o que permitiu pagar todas as suas contas e fazê-la pensar que poderia profissionalizar ainda mais aquela atividade. Para tanto, ela adicionou aos seus serviços o seguro de animais e criou um site. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 56 Hoje, Andrea tem mais de 50 clientes e teve que contratar novos corredores para ajudá-la. Ela resume sua experiência afirmando que seu trabalho, além de ter permitido que ela vivenciasse seu sonho, criou uma forma de outros corredores viverem os seus. A história da Andrea nos mostra que às vezes uma crise nos empurra para algo melhor, se fizermos desse momento um período para refletirmos com cuidado sobre nossas carreiras. Mas, como podemos refletir a esse respeito sem ter que, necessariamente, passar por uma crise? Clark et al (2013), autor do livro “O modelo de negócios pessoal – business model you”, nos dá uma dica sobre isso. De acordo com ele, parar para pensar em determinadas questões pode ajudá-lo a mergulhar em uma autorreflexão significativa. Para isso, é importante pensar sobre: Quem sou eu? O que você ama fazer? De quais atividades (jogos, hobbies, esportes, etc.) você gosta? Quais tarefas fazem seu tempo voar? Além disso, pensar a respeito de interesses internos e externos é importante. E, por que não, voltar-se para os seus sonhos infantis pode apontar caminhos interessantes para sua carreira. George Kinder, reconhecido como o pai do movimento de planejamento de vida e fundador do Instituto Kinder do Planejamento de Vida, valida essa afirmação ao dizer que: cada um de nós carrega dentro de si uma ânsia secreta – que, com o passar o tempo, ao longo da vida, torna- se com frequência um arrependimento secreto. Esta ânsia será diferente para cada um de nós, já que é um traço muito pessoal de autoexpressão. Somente na medida em que cada um de nós formos capazes de trazer à tona as vontades reais do nosso coração, nossas vidas serão plenas, verdadeiramente válidas. (KINDER e GALVAN, 2006. Citado por CLARK et al, 2013, p.91). Ás vezes uma crise nos empurra para algo melhor, se fizermos desse momento um período para refletirmos com cuidado. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 57 Entretanto, às vezes nossas vontades foram tão sufocadas que não as reconhecemos mais. Pesce (2012, p.20) alerta sobre isso ao dizer que: “se você não tomar cuidado, corre o risco de se prender demais aos projetos do dia a dia e se esquecer de quais são seus planos a longo prazo”. Essas intempéries cotidianas aparecem como obstáculos para os nossos sonhos, obscurecendo nossas vontades. Maslow, um psicólogo americano, já dizia que “não é normal saber o que queremos. É uma realização psicológica rara e difícil” (MASLOW, 1970. Citado por CLARK et al, 2013, p. 127). Então, como fazer para reencontrar nossas vontades? Qual o papel que o trabalho desempenha na sua vida hoje? O que ele representa para você? Ele corresponde às suas convicções sobre o verdadeiro significado de sua vida? Perguntas como essas podem fazê-lo encontrar suas vontades escondidas. De acordo com Clark et al (2013), especialistas no assunto afirmam que o trabalho pode ter quatro significados diferentes para a pessoas, quais sejam: trabalho como emprego, trabalho como carreira, trabalho como vocação e trabalho como realização. Vamos compreender cada um desses significados? Clark et al (2013) explica que o trabalho como emprego é o trabalho realizado em troca de algo, que, no caso, é o salário. Esse tipo de significado laboral não prevê muito envolvimento pessoal ou satisfação. O trabalho como carreira, ao contrário do anterior, é motivado pelo desejo de sucesso, realização e status. Esse tipo de significado dado ao trabalho, de acordo com Clark et al (2013), pode ser uma importante fonte de sentido para a vida. O autor continua explicando que o trabalho como vocação é encarado como uma missão, um chamado divino. Por fim, o trabalho como realização é tratado como “uma abordagem orientada por uma fonte de interesse (ou até mesmo passional) pelo trabalho - mas sem a esmagadora, abrangente natureza de uma vocação” (CLARK et al, 2013, p. 125). Esse tipo de significado também pode dar sentido à vida do indivíduo, pessoas que dão esse significado às “Não é normal saber o que queremos. É uma realização psicológica rara e difícil” (MASLOW, 1970. Citado por CLARK et al, 2013, p. 127). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 58 suas profissões geralmente privilegiaminteresses pessoais sobre a recompensa financeira, explica Clark et al (2013). Vislumbrar o trabalho como fonte de significado e não apenas como um meio de geração de renda pode fazê-lo encontrar novas oportunidades de carreira. Então, fique incomodado, pergunte para a criança que está dentro de você onde estão os seus sonhos? Encontre-os e abrace-os com dedicação e siga o conselho de Pesce: o potencial humano é absolutamente incrível. Com paixão, determinação e iniciativa, é possível fazer qualquer sonho acontecer. Mas, infelizmente, muitas pessoas pensam de maneira diferente. Não deixe que essas pessoas o desencorajem (PESCE, 2012, p.71). Então, procure se conhecer, encontre novas oportunidades para a sua vida, seja empreendedor dos seus sonhos, mude o rumo da sua profissão, torne-se o capitão do seu barco e navegue nas águas da satisfação. Ideia x Oportunidade FIGURA 9 - Síndrome da jaula pequena Fonte: Grupo Anima Educação, (NEaD), 2015. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 59 Você sofre da síndrome da jaula pequena? Não sabe o que é isso? Conta-se a história de que um gorila vivia em um zoológico em uma jaula de 6x6 metros e um dia ele foi colocado em um ambiente maior. Um visitante observou que o animal, embora agora contasse com um espaço maior, usufruía apenas de parte desse espaço, vagando de um lado para o outro em um quadrado imaginário de 6 metros por 6 metros, como se continuasse na jaula pequena. O gorila da nossa história ilustra bem o comportamento de algumas pessoas que repetem sempre a mesma coisa mesmo diante de desafios diferentes. Elas criam jaulas, obstáculos imaginários que as impedem de criar. E aí? Agora você consegue responder se sofre da síndrome da jaula pequena? Se a resposta for positiva, não se desespere! Sempre é tempo de se desvincular das amarras que o impedem de encontrar a criatividade. A criatividade nos permite ter ideias. Quanto mais a desenvolvemos, maior é a chance de criarmos. Muita gente se sente insegura quando são solicitadas a terem ideias. O receio está em encontrar um ponto de partida. Em resposta a esse temor, Dornelas sugere que a informação pode contribuir para o processo criativo. Segundo ele: novas ideias só surgem quando a mente da pessoa está aberta para que isso ocorra, ou seja, quando está preparada para experiências novas. Assim, qualquer fonte de informação pode ser um ponto de partida para novas ideias e identificação de oportunidades de mercado (DORNELAS, 2008, p. 41). A atualidade nos fornece um leque de possibilidades quando o assunto é informação. O empreendedor pode usar como fonte de pesquisa: TV, internet, jornais, livros, revistas, participar de palestras, feiras de negócio, congressos, conversas com especialistas da área em que se pretende abrir um negócio, estar atento à mudança de hábito da população, etc. Saunders (1997) citado por Birley e Muzyca (2005, p.25) também fornece sua contribuição, sugerindo três fontes de oportunidades: Dornelas sugere que a informação pode contribuir para o processo criativo. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 60 “anúncios; agentes e busca de oportunidades; ou, aguardar atentamente o surgimento de um negócio que você considere adequado aos seus objetivos”. O autor também explica que as ideias podem surgir das necessidades e desejos das pessoas, que podem ser satisfeitas de diversas maneiras. David (2004, p. 31) concorda com Saunders ao afirmar que “o impulso para a ação que possibilita aos empreendedores a busca do desenvolvimento, conhecimento e inovação, constitui as necessidades humanas individuais, que podem ser chamadas de desejos, aspirações, objetivos individuais ou motivos”. Por isso, é imprescindível ficar atento às necessidades e desejos da sociedade, deles podem surgir boas ideias. Outro aspecto a ser considerado, de acordo com Saunders (1997), é um nicho de mercado não explorado pela empresa do seu chefe. Você como empregado pode melhorar o que seu empregador realiza, abordando o mesmo mercado sob uma outra vertente. De acordo com o mesmo autor, algumas técnicas podem ser úteis como fonte de ideias: visualização e brainstorming. A técnica de visualização é explicada como um processo de sonhar acordado, no qual o indivíduo deve procurar sonhar com seu próprio futuro, visualizando o negócio que deseja. Em meio a esse processo mental, podem surgir ideias interessantes para o empreendedor. O brainstorming, muito usado no processo de gestão, também pode ser uma fonte de ideias. Dornelas (2008) explica que o brainstorming, cuja tradução literal é tempestade cerebral, é um método desenvolvido em grupo. Nesse grupo, as pessoas são estimuladas a falarem livremente a respeito de um tema, uma necessidade ou qualquer outra questão. Ao falarem livremente, uma série de ideias surge. Nesse momento, a criatividade não deve ser tolhida, isto é, não se deve avaliar se a ideia é factível, real ou viável. Em seguida, devem-se registrar aquelas ideias que pareceram mais coerentes, para que possam ser analisadas. O brainstorming tem algumas regras que devem ser obedecidas para que os resultados sejam satisfatórios. Dornelas esclarece essas regras: Em meio a esse processo mental, podem surgir ideias interessantes para o empreendedor. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 61 1. Ninguém pode criticar outras pessoas do grupo e todos estão livres para expor as ideias que vierem à cabeça, mesmo que aparentemente pareçam absurdas. 2. Quanto mais rodadas entre os participantes melhor, pois serão geradas mais ideias. Sempre, em cada rodada, todos os participantes devem dar uma ideia a respeito do tópico em discussão. 3. Podem dar ideias baseadas em ideias anteriores de outras pessoas. Essas combinações são bem-vindas e podem gerar bons resultados. 4. A sessão deve ser divertida, sem que haja uma ou outra pessoa dominando. Apenas deve ser garantido que todos participem, sem restrições. (DORNELAS, 2008, p.42). As fontes de informação, aliadas à técnica de brainstorming, podem ser um bom caminho para aqueles que não se sentem tão inspirados a criar. Mas, pergunto a você, caro aluno, no processo empreendedor basta ter uma ideia? Quando o intuito é gerar um negócio, a resposta é não! Assim, passada a fase divertida do brainstorming, a avaliação de uma ideia se deve dar por um viés mais racional. É necessário avaliar se a ideia pode se transformar em uma oportunidade, que, por sua vez, é uma ideia com potencial lucrativo. Portanto, a oportunidade, em termos práticos, pode ser definida como “um conceito negocial que, se transformado em um produto ou serviço tangível oferecido por uma empresa, resultará em um lucro financeiro” (BIRLEY; MUZYKA, 2005, p.22). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 62 De acordo com estudiosos como Timmons (1994) e Hisrich (1998), citados por Dornelas (2008), o processo empreendedor tem seu início a partir da identificação de uma oportunidade. Em seguida, ela deve ser planejada por meio de um plano de negócio. A terceira fase é a determinação e busca por recursos que coloquem a empresa no mercado e, por fim, a última fase é o gerenciamento da empresa criada. A figura a seguir, demonstra, resumidamente, o processo empreendedor: FIGURA 10 - O processo empreendedor 1IDENTIFICAR E AVALIAR A OPORTUNIDADE• Criação e abrangência da oportunidade• Valores percebidos e reais da oportunidade• Oportunidade x habilidades e metas pessoais• Situação dos competidores 2 DESENVOLVER O PLANO DE NEGÓCIOS 1. Sumário executivo 2. O conceito de negócio 3. Equipe de gestão 4. Mercado e competidores5. Marketing e vendas 6. Estrutura e operação 7. Análise estratégica 8. Plano financeiro 9. Anexos 3 DETERMINAR E CAPTAR OS RECURSOS NECESSÁRIOS Recursos pessoais Recursos de amigos e parentes Angels Capitalistas de risco Bancos Governo Incubadoras 4 GERENCIAR A EMPRESA CRIADA Estilo de gestão Fatores críticos de sucesso Identificar problemas atuais e potenciais Implementar um sistema de controle Profissionalizar a gestão Entrar em novos mercados Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Ănima, 2014 Adaptado de DORNELAS, 2008, p.27. Adaptado de Hisrich, 1998. Ao observar a figura anterior, não é difícil concluir que a parte mais difícil do processo empreendedor é a identificação da oportunidade, pois, se a avaliação da oportunidade não for bem realizada, todo o restante do processo ficará comprometido. De acordo com os pesquisadores do relatório GEM (2012): quando indivíduos são capazes de reconhecer oportunidades de negócios e de perceber que possuem capacidade para explorá-las, pode-se afirmar que se encontram presentes elementos fundamentais para o florescimento de novos negócios, que irão GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 63 contribuir para o benefício de toda sociedade através do desenvolvimento econômico e social do país, seja com a criação de empregos, seja com o aumento da riqueza e sua distribuição (GEM, 2012, p. 25). A essa altura, você já compreendeu a importância de identificar oportunidades, mas deve estar se perguntando: como reconhecer essas oportunidades? No intuito de responder a essa questão, o tópico a seguir discute alguns critérios e métodos de avaliação de oportunidade. Critérios para Análise de Oportunidades Quando o assunto é avaliar uma oportunidade, não se pode generalizar as condições ou tampouco fornecer uma receita pronta. Contudo, alguns critérios devem ser levados em consideração. Birley e Muzyca (2005) apontam alguns desses critérios. De acordo com eles, uma boa oportunidade não está ligada necessariamente a um baixo custo do produto e sim à criação de valor. Nesse contexto, entende-se por criação de valor algo originado de um produto ou serviço capaz de fortalecer a marca e a reputação da empresa, por meio do seu diferencial. Outro aspecto que deve ser considerado é que não basta vislumbrar uma oportunidade, deve-se colocá-la em prática e nem todos fazem isso. Segundo esses mesmos autores: o lucro fica para aqueles que desejam mostrar iniciativa e realmente exploram e não para aqueles que somente pensam sobre uma oportunidade de negócio. O pensamento criativo é maravilhoso, mas se não leva à ação é somente um desperdício de energia (BIRLEY; MUZYKA, 2005, p.23). Também é comum que quanto mais complexa uma oportunidade, maior a chance de falhas. Isso acontece porque, quando a oportunidade é complexa, normalmente, ela fica dependente de uma Uma boa oportunidade não está ligada necessariamente a um baixo custo do produto e sim à criação de valor. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 64 série de pessoas e processos que possam colocá-la em prática. Em meio a tudo isso, o empreendedor se perde e desiste da oportunidade. Birley e Muzyca (2005) também destacam que nem sempre as oportunidades são encontradas em mercados emergentes ou muito “badalados”, pois o excesso de empreendimentos nesses mercados pode causar sua saturação. Muitas vezes é mais coerente encontrar um nicho de mercado que ninguém percebeu. Por fim, esses autores comentam que as oportunidades não são necessariamente resultado de invenções feitas pelo próprio empreendedor. O empreendedor precisa buscar mão de obra especializada, centros tecnológicos, parceiros e pessoas capacitadas que coloquem em prática a sua ideia. Os empreendedores não precisam, portanto, investir tempo e esforço como inventores. Além dos critérios levantados por Birley e Muzyca (2005), Dornelas (2005) argumenta que uma oportunidade deve ser avaliada a partir dos seguintes questionamentos: FIGURA 11 - Avaliação de Oportunidades Qual mercado ela atende? Qual retorno econômico ela trará? Quais são as vantagens competitivas que ela dará ao negócio? Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Ănima, 2014. Uma das primeiras reflexões diz respeito ao mercado que a oportunidade virá a atender. É preciso verificar se esse mercado GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 65 tem potencial de crescimento. É preciso também averiguar a força dos competidores nesse mercado e a estrutura desse mercado. Dornelas (2008) explica que a avaliação da estrutura de mercado diz respeito à análise das seguintes características: o número de competidores; o alcance (capilaridade) dos canais de distribuição desses mesmos competidores; os tipos de produtos e serviços que se encontram no mercado; o potencial de compradores (número de clientes potenciais e quanto consomem, com que periodicidade, onde costumam comprar, quando e como); as políticas de preços concorrentes, etc. (DORNELAS, 2008, p.46). No que diz respeito à análise econômica e financeira, é necessário avaliar o retorno financeiro que essa oportunidade pode trazer. Para fazer essa análise, Dornelas (2008) comenta que é útil usar como referência o retorno oferecido pelo mercado financeiro. Então, é importante perguntar se o retorno financeiro que a oportunidade trará será superior ao retorno do mercado financeiro e se vale a pena correr o risco por ela. Nesse sentido, conceitos como ponto de equilíbrio, fluxo de caixa e payback são importantes para tomadas de decisão. O ponto de equilíbrio indica o momento em que a empresa não está tendo lucro e nem prejuízo. Já o fluxo de caixa, de acordo com Wildauer, “relaciona entradas, saídas e saldo assinalados de acordo com a linha de tempo (cronograma) de um projeto, com início no instante de tempo igual a zero” (WILDAUER, 2010, p.26). Quanto ao payback, ele indica para o empreendedor o prazo de retorno do investimento. Em relação às vantagens competitivas, o empreendedor deve avaliar se a oportunidade traz consigo realmente um diferencial ainda não trabalhado no mercado e, mais do que isso, deve-se avaliar se esse diferencial é difícil de ser copiado. A análise da equipe que vai gerir o negócio também é um critério importante na análise de oportunidade. A esse respeito, o autor explica que: O ponto de equilíbrio indica o momento em que a empresa não está tendo lucro e nem prejuízo. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 66 de nada adianta identificar uma oportunidade, criar um protótipo de um produto, o mercado ser espetacular e promissor, o empreendedor ter desenvolvido um bom plano de negócios, se ele e sua equipe não estiverem à altura do negócio que está sendo criado. A experiência prévia no ramo conta muito, pois pode evitar muitos erros e gastos desnecessários, bem como agregar um conhecimento singular ao negócio (DORNELAS, 2008, p.49). Por fim, é preciso averiguar se você realmente está disposto a empreender e arcar com todas as dificuldades inerentes a essa prática. Faça uma autoavaliação, veja se você tem todas as características necessárias para empreender. Se não as tiver, procure desenvolvê-las antes de se aventurar a abrir um negócio. Além disso, veja se você tem conhecimento e identificação com o negócio com o qual pretende atuar. Dornelas (2008) chama a atenção para essa reflexão e ressalta que o empreendedor deve estar disposto a abandonar o emprego atual e todos os direitos trabalhistas, assim como ficar sem receber uma remuneração adequada por um período, e ser capaz de dispor de benspessoais em função do negócio. É preciso também verificar se a família o apoia e se está disposto a trabalhar mais do que 10 horas. Enfim, é preciso que o empreendedor esteja consciente de todos os riscos e obstáculos que terá que enfrentar. Além da avaliação dos critérios anteriores, Dornelas (2008) indica o uso de um roteiro denominado 3Ms para seleção de boas oportunidades. Esse roteiro parte de um checklist que visa responder algumas questões críticas. Essas questões, se bem respondidas, podem ser úteis na escolha de ideias com potencial de oportunidade. As questões desse método são agrupadas em três aspectos relacionados a: demanda de mercado, tamanho e estrutura do mercado e análise de margem. A figura a seguir ilustra os 3Ms envolvidos nessa técnica. É preciso averiguar se você realmente está disposto a empreender e arcar com todas as dificuldades inerentes a essa prática. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 67 Demanda do Mercado Tamanho da estrutura do Mercado Análise de Margem Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Ănima, 2014. Adaptado de DORNELAS, 2009, p.93. Na análise do primeiro aspecto, demanda de mercado, o empreendedor deve se preocupar em identificar: o público-alvo; o ciclo de vida do produto; os canais de acesso aos clientes; o valor agregado da empresa; o potencial de crescimento do mercado onde a empresa estará inserida; e o tempo de recuperação do investimento realizado para captação do cliente. No que diz respeito ao tamanho e estrutura do mercado, a preocupação deve estar relacionada a saber: se o mercado é emergente e/ou fragmentado; se há barreiras de entrada e se está preparado para transpô-las; se o número de concorrentes no mercado é elevado e se eles controlam a propriedade intelectual; em que fase do ciclo de vida o produto se encontra. É importante também identificar o tamanho do mercado em termos monetários e conhecer a estruturação do setor no que se refere a fornecedores, compradores, competidores e substitutos. Quanto à análise de margem, deve-se, de acordo com Dornelas (2008), identificar as forças do negócio, as possibilidades de lucro, o ponto de equilíbrio, os custos e a cadeia de valor do negócio. Por fim, cabe ressaltar que é importante o empreendedor ter ciência de que existem diversos tipos de oportunidades. É lugar comum acreditar que as oportunidades são frutos de invenções tecnológicas. Birley e Muzyca (2005) destacam que, na verdade, FIGURA 12 – 3Ms GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 68 esse tipo de oportunidade costuma ser exceção e não a regra. Ao refletir sobre isso, podemos dizer que a maioria das oportunidades são oriundas de ideias simples, em outras palavras, você não precisa ser um grande inventor para encontrar uma boa oportunidade. Birley e Muzyca citam os tipos de oportunidades mais comuns. Segundo eles, há oportunidades de risco, cujo potencial é elevado; há também o contrário, isto é, oportunidades com riscos e retornos menores. Os autores destacam que as melhores oportunidades não se limitam a essa relação de risco/retorno. Os empreendedores quando trabalham a oportunidade focam em seus próprios objetivos, o retorno se torna um fruto do seu sucesso. Assim, Birley e Muzyca (2005) destacam um outro tipo de oportunidade, chamada por eles de oportunidades de estilo de vida. Nesse tipo de negócio, o empreendedor está muito mais interessado na qualidade de vida que terá com o desenvolvimento do negócio do que propriamente com o lucro que ele trará. Em outras palavras, o empreendedor ao buscar esse tipo de oportunidade abre mão de um lucro maior, para, por exemplo, ter mais tempo para usufruir com a família. Seja qual for o tipo de oportunidade que o empreendedor esteja buscando, é importante que ele saiba mapeá-la dentre as várias ideias obtidas. Todos os recursos aqui apresentados podem ajudar o empreendedor a selecionar as melhores oportunidades. No entanto, cabe ainda uma discussão a respeito das possibilidades de oportunidades existentes em outro cenário: o ambiente virtual. No texto temático denominado “Oportunidades.com” que se encontra na estrutura didática desta Unidade 3, você poderá ter conhecimento a respeito dos principais tipos de oportunidades de negócios realizados na internet. Os autores destacam que as melhores oportunidades não se limitam a essa relação de risco/retorno. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 69 NOVOS EMPREENDEDORES DEVEM AVALIAR OPORTUNIDADE DE TER O PRÓPRIO NEGÓCIO Cerca de 53% dos brasileiros com até 30 anos têm o sonho de abandonar a vida de empregado e montar o próprio negócio. No Brasil são criados mais de 1,2 milhão de empreendimentos formais a cada ano e por pessoas de todas as idades. Desse total, mais de 99% são micro e pequenas empresas e empreendedores individuais (MEI). No entanto, não é nada fácil tomar coragem e abandonar a segurança do emprego formal. Em Porto Alegre, a gerente de loja, Patrícia Pilger começou em uma loja de móveis como caixa. Depois de cinco anos, já cansada da função, ela pediu ao chefe uma nova oportunidade. Foi para área de logística. Passaram-se dois anos e mais uma vez teve coragem de lutar por uma promoção. Agora é gerente de quatro lojas. “Eu faço um trabalho de coaching, que é para aprender a aprofundar mais o trabalho de gerenciamento de lojas e de pessoas. Eu sugeri esse cargo, que até então não existia”, conta Patrícia. Ter atitude e propor mudanças pode ser a solução para melhorar um problema que incomoda a maioria dos trabalhadores. Segundo um estudo feito este ano com mais de três mil funcionários de 31 países, 57% das mulheres e 59% dos homens estavam insatisfeitos com o trabalho. Os principais motivos eram falta de oportunidade de crescimento e falta de um plano de carreira. Quando o profissional decide sair do emprego, 31% dos homens e 12% das mulheres querem virar empreendedores. Foi o que aconteceu com a Lis Nunes, uma jornalista de Maceió. A rotina era em uma redação de jornal... Horário fixo, reportagens... Mas a jornalista resolveu mudar radicalmente e abriu uma loja de esmaltes. O investimento não foi pequeno, cerca de R$ 100 mil. Mas a Lis pesquisou bastante e não se arrepende. Inclusive o negócio está se expandindo para outros estados! “É. E a coragem de empreender que em oito meses de GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 70 Segundo a consultora do Sebrae, Mônica Arruda, “é muito importante que o empreendedor invista sempre em conhecimento, porque a partir do conhecimento você tem informações sobre o seu mercado, você consegue entender o ramo de atividade, entender melhor o funcionamento do próprio negócio... E principalmente, conhecer internamente seus números e as suas necessidades internas para o mercado”. Fonte: NOVOS empreendedores devem avaliar oportunidade de ter o próprio negócio. 29 out. 2012. In: Site “Jornal Hoje”. Disponível em: <g1.globo.com/jornal- hoje/noticia/2012/10/novos-empreendedores-devem-avaliar-oportunidade-de- ter-o-proprio-negocio.html>. Acesso em: 24 nov. 2014. Revisão Nesta unidade, começamos refletindo sobre vontades e sonhos, mencionando exemplos de pessoas que a partir do autoconhecimento identificaram novas oportunidades, associando o prazer e o trabalho. Em seguida, procuramos traçar a diferença entre ideia e oportunidade. Vimos que as ideias atuam no campo livre do pensamento, isto é, podemos ter uma série delas, sem muito compromisso com sua validade. Já a oportunidade, é uma ideia que tem potencial de retorno financeiro e que, por isso, sua viabilidade deve ser testada. Assim,os critérios para teste também foram investigados. Ao avaliar uma oportunidade, o empreendedor deve se questionar: qual mercado ela atende? Qual retorno econômico ela trará? Quais são as vantagens competitivas que ela dará ao negócio? Dentre outras reflexões. A unidade também deixa uma pergunta para você: os modelos de negócio via WEB podem se constituir como grandes oportunidades para o empreendedor? Esse é o convite para que você leia o texto temático “Oportunidades.com” da estrutura didática, onde discutimos esse aspecto, de modo que você possa tirar suas próprias conclusões. loja, nós já tomamos uma proporção muito maior. E daqui a dois meses, teremos duas franquias no país: uma em Sergipe e outra no Rio de Janeiro”, conta Lis. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 3 71 Livro: CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. Empreendedorismo e viabilização de novas empresas - Um guia eficiente para iniciar e tocar seu próprio negócio. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. Este livro tem um foco mais técnico, destinado para aqueles cujo desejo é abrir um negócio. Ele traz exemplos de empresas e de soluções criativas. Site: Site do Instituto Endeavor: www.endeavor.org.br. Endeavor é uma organização internacional e representa um grande apoio a empreendedorismo e empreendedores. Neste site, você poderá ter acesso a uma biblioteca digital com obras que vão de conteúdo inspirador a conteúdo técnico. E-book: ENDEAVOR. 5 conselhos para se tornar um empreendedor de alto impacto. Disponível em: <http://info.endeavor.org.br/ebook-conselhos-empreendedor- alto-impacto>. Este e-book discute as características comuns entre grandes casos de sucesso e dá dicas essenciais encontradas no estudo feito com 55 empreendedores em 11 países para quem quer criar seu próprio negócio de alto crescimento. Metodologias empreendedoras • Design thinking • Modelo de negócio canvas • Estrutura do plano de negócio • Análise de mercado • Revisão Introdução Vocês puderam ver nas unidades anteriores as definições de empreendedorismo e as características dos empreendedores. Estudaram também sobre inovação, bem como as formas de aproveitar as oportunidades. Agora é o momento de aplicar esse conhecimento utilizando os instrumentos que o empreendedor tem à sua disposição para desenvolver uma ideia, validá-la nos vários aspectos do ambiente de negócio e planejá-la de forma a possibilitar a sua realização. Atualmente, falar em inovação virou “lugar comum”, isto é, todos nós buscamos por novidades, procuramos gerar inovações em nossas vidas. Isso acontece desde a busca de um novo aparelho de celular para nos comunicarmos e ter acesso às informações, até na busca por novos processos de trabalho – “novos jeitos de fazer as coisas”. E, porque não, buscamos continuamente melhorar as nossas vidas, nosso jeito de ser, aprendendo com os erros e evoluindo, inovando- nos. Estamos invadidos por uma onda de inovação. Mas nem sempre conseguimos alcançar nossos objetivos de inovação, não é mesmo? Qual foi a última grande novidade na sua vida? Ou simplesmente, quando é que aconteceu alguma coisa nova na sua vida Bem, nas organizações empresariais pode acontecer o mesmo. Até em maior proporção. Muito mais que as pessoas, as organizações precisam inovar, renovar, criar novas maneiras de ser e fazer “as coisas”. Mas e o empreendedor? Pois é, imagine o empreendedor que deseja implantar um novo negócio. Ele, então, precisa mesmo ser inovador. No mercado dinâmico, sobrevive aquele que sabe se refazer a cada instante e aquele que desenvolve um produto, ou serviço que seja diferente do já existente. Essa é uma das características do novo empreendedor (observe como estamos utilizando as expressões “novo” e inovador a todo instante). É curioso como não observamos coisas simples da vida. O tempo é uma delas, constituído de três momentos que convivem eternamente. Temos sempre o que era, o que é, e o que será: passado, presente e futuro. E entre os tempos, a transição, o período de mudança. O que significa que nada é definitivo. É sobre isso que trata esse módulo. Vamos falar de tecnologias que apoiam os empreendedores nesse movimento de criação. Vamos tratar do Design Thinking, do Business Model Generation - Canvas – e do Plano de Negócio. Essas são as principais tecnologias utilizadas por empreendedores para pensar e colocar “no papel” suas ideias, seus sonhos, seus planos para o futuro. O nome Design Thinking surgiu a partir da empresa IDEO (pronuncia-se “eye-dee-oh”) – www.ideo.com -, fundada em 1991 pelo americano Tim Brown. Nas palavras do fundador: Eu fui treinado como um design industrial, mas por muito tempo fiquei tentando compreender a diferença entre ser um design e pensar como um design [...] Um dia eu estava num chat com meu amigo David Kelley, professor em Stanford e fundador da IDEO, e ele me contava que toda vez que alguém perguntava a ele sobre design, ele inseria por conta própria a palavra “thinking” para explicar o que os designers fazem. O termo “design thinking” pegou. Eu agora uso esse termo como forma de descrição dos princípios de solução de problemas. (BROWN, 2009, p. 4). (tradução nossa) Como diz Tim Brown, ao contar a origem da expressão, Design Thinking é um conjunto de princípios para solução de problemas. Isto através da geração de soluções e, consequentemente, geração de ideias. Essa metodologia é constituída por quatro etapas: Imersão, Análise e Síntese, Ideação e Prototipação. Falaremos dessa metodologia em profundidade um pouco mais à frente. O Business Model Generation – CANVAS – na tradução para o português, quer dizer um modelo de análise da geração de um negócio. Ele é muito utilizado na fase de criação, geração ou validação de uma ideia de negócio. Só de imaginar que há um modelo para pensar o negócio já é uma grande inovação na área do empreendedorismo. Mas ele não é só um modelo, é também um novo jeito de pensar o negócio. Normalmente, o negócio, quando pensado por um empreendedor, é pensado isoladamente, solitariamente, guardado a sete chaves. Já no CANVAS, busca-se o pensamento de forma coletiva, isto é, entre várias pessoas. É uma atividade coletiva e, sinceramente, não estamos acostumados a pensar dessa forma. Por isso, você vai perceber isso, ele é uma grande inovação na área do empreendedorismo. O Plano de Negócio, como vamos ver aqui, é muito utilizado para tornar as ideias tangíveis. Sua origem não pode ser precisada, isto é, definida exatamente. Sabe-se que começou a ser utilizado nos Estados Unidos como um conjunto de informações exigidas por organizações financiadoras de negócios. A intenção era ter mais certeza sobre a aplicação que fariam de seus recursos. De certa forma, é essa a maior aplicação do Plano de Negócio até os nossos dias. Isto significa que as ideias ficarão compreensíveis, serão entendidas com facilidade por investidores ou por qualquer pessoa que tenha contato com o plano. Podemos dizer que todos os negócios precisam ser pensados, planejados, tangíveis e viáveis. Isso tudo está presente no Plano de Negócio. Nessa unidade vamos ver como isso acontece. Para facilitar nossos estudos, iremos trabalhar em subtópicos, abordando três metodologias utilizadas por empreendedores. Cada uma delas com um propósito, não excludentes, mas complementares. A primeira tratará do Design Thinking, utilizada no empreendedorismo para a geração de soluções de problemas ou geração de ideias. A segunda é o Modelo Canvas, utilizada no empreendedorismo para criar e avaliaruma ideia, mapeando seus caminhos críticos. A terceira é o Plano de Negócio, metodologia utilizada para apresentar as ideias aos investidores ou à base sobre a qual será construída a ideia empreendedora. Como você pode observar, aquele que deseja tornar realidade uma ideia não está sozinho, e sim amparado por métodos de trabalho. Esses métodos objetivam reduzir a margem de erro e aumentar as chances de uma ideia ter sucesso quando deixar de ser planejamento, transformando-se em realidade. Bom proveito em sua aprendizagem! GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 77 Como mencionado na introdução, o método do Design Thinking é utilizado para gerar ideias que solucionem problemas – gerar soluções que são ideias. Podemos dizer que é uma evolução de uma outra metodologia para geração de ideias, chamada brainstorming, só que com uma grande evolução. As duas metodologias são realizadas em grupo. No brainstorming, cada membro do grupo, uma vez definido o problema, dá a sua ideia que vai sendo anotada por um outro participante. Ao final, eliminam- se as ideias que não parecem ser factíveis (realizáveis) e escolhe-se uma das outras. Essa técnica é muito utilizada no meio publicitário para escolha de nome de produtos ou ideias de campanha. Já no Design Thinking, dado o problema, o grupo procura estudar as possibilidades de solução. Dependendo da situação, há o envolvimento do cliente ou usuário final, numa aproximação da empresa com seu público. O fato é que há um estudo sobre o problema e seu contexto. Essa fase é denominada IMERSÃO. A Imersão está dividida em duas etapas: Preliminar e em Profundidade. A primeira tem como objetivo o reenquadramento e o entendimento inicial do problema, enquanto a segunda destina-se à identificação de necessidades e oportunidades que irão nortear a geração de soluções na fase seguinte do projeto, a de Ideação. (VIANNA, 2012, p. 22) A imersão preliminar tem o objetivo de definir as várias faces do projeto e seus limites – o escopo do projeto – e identificar os “perfis dos usuários e atores-chave que deverão ser abordados”. (VIANNA, 2012, p. 22). A etapa de Imersão em Profundidade “inicia-se com a elaboração de um Plano de Pesquisa, incluindo protocolos de Design Thinking Podemos dizer que é uma evolução de uma outra metodologia para geração de ideias, chamada brainstorming, só que com uma grande evolução. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 78 recrutamento e mapeamento dos contextos que serão estudados” (VIANNA, 2012, p. 23). Ao final dessas duas fases, pretende-se alcançar informações seguras sobre as tendências de mercado sobre as quais a empresa atua ou atuará. Essas informações estarão contidas em cartões ou documentos que serão utilizados na fase seguinte. Chamo a atenção que todo esse processo é realizado de forma coletiva e participativa. O empreendedor deve convidar pessoas de sua confiança para participar junto com ele desses levantamentos a respeito do seu problema. Depois de passar pelas fases anteriores de nosso curso, você descobre que tem uma habilidade enorme para lidar com pessoas, para fazer negociações, para vender produtos/serviços/ideias. Fica claro que você é muito bom nessas duas habilidades. Entretanto, você não sabe exatamente qual o negócio que melhor lhe atenderia nessa sua habilidade. Afinal, são tantas as possibilidades. Então o seu “grupo de trabalho” irá ajudá-lo a pesquisar sobre as possibilidades de aproveitamento dessas suas habilidades, conhecendo a fundo como funcionam as características de negócios e atividades, as várias formas de atuação possíveis e tudo o mais que utilize essa sua habilidade. Alguns irão entrevistar comerciantes (que naturalmente fazem isso no dia a dia), outros irão buscar informações na internet, e assim por diante. A próxima etapa é a ANÁLISE E SÍNTESE. Terminada a IMERSÃO, é hora de fazer a análise dos dados e a síntese, isto é, organizar o material pesquisado para que ele possa ser utilizado por todos. Você poderá organizar em fichas, por exemplo. Aqui já se analisa com mais profundidade os dados coletados, verificando se não falta informações, se está completa a pesquisa realizada pelo grupo. Ao final, o grupo deve sentir que dá para seguir com segurança para a próxima etapa. Chamo a atenção que todo esse processo é realizado de forma coletiva e participativa. pesquisa primária, listagem de perfis de usuários e atores-chave para GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 79 A próxima etapa é a IDEAÇÃO. Essa fase tem início com um brainstorming – como dissemos, uma das técnicas mais utilizadas para a geração de ideias. Brainstorming é uma técnica para estimular a geração de um grande número de ideias em um curto espaço de tempo. Geralmente realizado em grupo, é um processo conduzido por um moderador, responsável por deixar os participantes à vontade e estimular a criatividade sem deixar que o grupo perca o foco. (VIANNA, 2012, p. 101) Essas ideias podem ser colocadas num quadro e vão sendo observadas e analisadas por cada um dos participantes do grupo. As discussões são permitidas e o grupo irá, naturalmente, filtrando as ideias, selecionando aquelas que têm mais possibilidade de acontecer. Chamo a atenção para um fato importante. Existem grupos que, para diferenciarem as ideias, decidem que, ao final, deverá existir um certo número de ideias possíveis. Estas deverão ter níveis diferentes de possibilidades de acontecerem. Por exemplo, haverá uma ou duas ideias bem possíveis de acontecer – chamadas de “essenciais”; uma ou duas ideias mais improváveis – chamadas de “desejáveis”; e uma ou duas ideias improváveis de acontecerem – chamadas de “fora da caixa”. Essas ideias devem ser soluções para o problema proposto. No nosso exemplo devem aproveitar a sua habilidade de relacionamento e negociação. A seguir vem a etapa final do Design Thinking, denominada PROTOTIPAÇÃO. Na prototipação, segundo Vianna (2012) é realizada a “tangibilização de uma ideia, a passagem do abstrato para o físico de forma a representar a realidade – mesmo que simplificada – e propiciar A seguir vem a etapa final do Design Thinking, denominada PROTOTIPAÇÃO. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 80 validações. É um instrumento de aprendizagem”. Essa etapa dá forma à ideia. É a hora de colocar a “mão na massa”, literalmente. Vianna explica o motivo da prototipação: Há várias maneiras de prototipar: utilizando papel, isopor, jogos de Lego, encenação, papelão. O importante é que o grupo veja a ideia. Protótipos reduzem as incertezas do projeto, pois são uma forma ágil de abandonar alternativas que não são bem recebidas e, portanto, auxiliam na identificação de uma solução final mais assertiva. O processo de Prototipação inicia-se com a formulação de questões que precisam ser respondidas a respeito das soluções idealizadas. A partir disso, então, são criados modelos que representem o aspecto em aberto e que viabilizem o teste. (VIANNA, 2012, p. 124) No nosso exemplo, o seu grupo fará a prototipagem da ideia que permitiria melhor a aplicação de suas habilidades (negociação e vendas de produto/serviço/ideias); aquela que fez você se sentir bem. Agora é hora de ver essa ideia funcionando e analisar se você estará feliz e satisfeito com o resultado. Se isso acontecer, termina aqui a utilização do Design Thinking e você terá uma ideia para ser trabalhada pelos nossos próximos instrumentos, o CANVAS e o PLANO DE NEGÓCIO. Se isso não acontecer, o grupo continua trabalhando nas outras ideias, até encontrar aquela que mais chance tem de fazer vocêse sentir bem. Veja a seguir a visão gráfica das etapas do Design Thinking. FIGURA 13 – Etapas do Design Thinking Fonte: http://www.uniempre.org.br/user-files/images/ designthinking_640x571.jpg. Acesso em: 17/06/2015. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 81 FIGURA 14 – Evolução do Processo de Design Thinking Fonte: Arquivo Institucional Modelo de Negócio Canvas Um grande mistério da atividade empreendedora é sobre como surgem as ideias e quando elas se tornam realidade. Há ideias que levam anos para serem pensadas e percebemos isso quando dizemos: “por que não pensei nisso antes?” Não é assim que acontece? Para facilitar a geração de ideias existem diversas formas. Imagine você querendo escrever um poema de amor. Como você faria? Provavelmente, abriria a tela do seu celular e veria a foto da pessoa que você ama, e se concentraria pensando nas qualidades que essa pessoa tem, e o que ela significa para você. E se você estiver pensando em criar um negócio, como faria? Seria diferente, claro. Bem, para criar um negócio, atualmente, utiliza-se uma nova ferramenta: Business Model Generation – conhecida como CANVAS. Traduzindo ao pé da letra: Modelo de Geração de Negócios. Canvas é uma palavra em inglês que significa tela. Então, temos que esse modelo de geração de negócios utiliza uma tela ou um quadro, se você preferir, como instrumento. E você verá na figura do CANVAS, um pouco mais à frente, que é mesmo uma tela. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 82 Mas não é só o desenho do modelo que é uma tela, você terá também de construir uma. Vamos ver como construí-la logo a seguir, na hora de praticar. Qual a diferença entre o Design Thinking e o Canvas? Neste você já trabalha uma ideia definida por aqueles que já utilizaram o Design Thinking. Para os que não utilizaram o Design Thinking, o Canvas também pode ajudar na geração de novas ideias. Mas o seu objetivo é tornar as ideias mais visíveis do ponto de vista da sua implementação. Sob esse aspecto, o CANVAS aprofunda a validação da ideia. Vejamos o porquê. Daqui para frente, vamos chamar esse modelo somente de CANVAS, para que você possa guardar bem esse nome, se é que já não o memorizou. O CANVAS foi criado por Alexander Osterwalder, em 2004, quando defendeu a sua tese de doutorado na Universidade de Lousanne, na Suíça. Em 2009, através de uma rede de 470 colaboradores e junto com Yver Pgneur, Ostewalder publicou o livro Business Model Generation. O livro virou um sucesso mundial e é muito utilizado por empreendedores na área da internet, ganhando espaço cada vez maior entre todos os tipos de empreendedores. Dada a sua simplicidade, o CANVAS é acessível a qualquer empreendedor e é uma ferramenta muito útil na fase de elaboração da ideia de negócios. Vamos conhecê-lo agora. Objetivos do Canvas Na introdução de seu livro, Osterwalder diz que, quando estamos falando de um novo modelo de negócio: “precisamos de um conceito de Modelo de Negócios que todos compreendam: de fácil descrição, que facilite a discussão. Precisamos começar todos do mesmo ponto e falar sobre a mesma coisa. O desafio é que esse conceito deve ser simples, relevante e intuitivamente compreensível, ao mesmo tempo em que não simplifique demais a complexidade do funcionamento de uma empresa” (OSTERWALDER, 2011, p. 15). CANVAS é acessível a qualquer empreendedor. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 83 Portanto, o objetivo do modelo é facilitar a descrição e a discussão de um negócio. No nosso caso, entendemos negócio de forma ampla, substituindo o seu conceito por empreendimento ou ideia a ser empreendida, em qualquer campo, não somente no empresarial. Então, utilizando o modelo, o empreendedor poderá, de modo fácil, compreender o seu negócio, visualizá-lo. O CANVAS veio para facilitar a inovação nos negócios, uma vez que o modelo permite e desafia a inovação. O modelo foi criado para gerar ideias inovadoras, mas também propiciar o amadurecimento delas através de uma ação coletiva. Essa é a grande atualização que traz o modelo em relação a outros, inclusive o Plano de Negócio (sobre o qual falaremos à frente): ele é trabalhado de forma coletiva. Estrutura do Canvas A rede CANVAS funciona da seguinte forma: ela tem nove componentes, como se fossem espaços que você deve preencher. Estes estão desenhados ou dispostos no Quadro em Branco do Modelo de Negócios. Para cada um desses componentes existem perguntas básicas que você deve procurar responder. Os nove componentes e as perguntas básicas estão a seguir: 1. Segmentos de clientes – um empreendimento nasce para atender a um ou a diversos clientes. Que clientes sua empresa quer atingir? Eles são diferentes ou têm a mesma característica (renda, grau de instrução, local onde moram, idade, gênero)? Quais são as necessidades deles? O que eles estão procurando? Exemplo: a Fundação Sara (www.fundacaosara.org.br) atende famílias carentes de recursos financeiros. Aquelas pessoas que usam seus serviços formam um público específico. Assim como uma loja da Ferrari (www.saopaolo.ferraridealers.com) atende a pessoas com alto poder aquisitivo. O CANVAS veio para facilitar a inovação nos negócios. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 84 1. Proposta de valor – as pessoas só dão valor àquilo que resolvem seus problemas e satisfazem suas necessidades, essa é a proposta de valor, uma solução. Quais benefícios sua empresa oferecerá aos clientes? Será um serviço ou um produto? Quais as características dessa solução? Exemplo: um seguro de automóveis tem como principal valor oferecer segurança a quem o adquire. Mas não é só segurança, pode oferecer também comodidade, como uma rede de assistência técnica para revisões periódicas a preços mais econômicos. 2. Canais – você precisa levar a seus clientes o seu produto ou serviço. Eles precisam acessá-lo, conhecê-lo. Como a sua empresa fará a comunicação com os clientes? Como o serviço ou produto será entregue ao cliente? Como o cliente saberá da sua proposta de valor? Exemplo: seu serviço ou produto poderá ser acessado pela internet, mas também poderá ser encontrado em uma loja física, situada num bairro ou dentro de um centro comercial. 3. Relacionamento com o cliente – será necessário estabelecer relacionamentos com os clientes e também mantê-los ao longo do tempo. Que tipo de relacionamentos sua empresa estabelecerá? Quais meios utilizará para manter esse relacionamento? Exemplo: para construir um relacionamento, sempre a longo prazo, você precisará de um programa de fidelização, incentivando o cliente a fazer mais compras ou utilizar seus serviços. “Se o cliente almoçar dez vezes em seu restaurante, ganhará uma refeição grátis” é uma prática comum. 4. Fonte de receitas – se você oferece uma proposta de valor (veja a definição no item 2), os clientes estarão dispostos a remunerar por ela. Quais são as fontes de receitas? Como o cliente remunerará o serviço ou produto? Quais serão as condições de pagamento? Exemplo: seus clientes podem necessitar pagar a prazo, dividir em parcelas, dependendo GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 85 1. do valor do seu serviço ou produto. Então suas receitas virão ao longo do tempo e não toda de uma vez, o que acontece quando o pagamento é feito à vista. 2. Recursos-chave – Existe sempre um recurso que não pode faltar para que o seu empreendimento alcance o sucesso. Quais são os recursos-chave de seu negócio? Quais são os mais relevantes para que o negócio funcione bem? Exemplo: os recursos financeiros são sempre chave para amaioria das organizações, mas para outras pode ser a tecnologia, para outras, a estrutura de transporte. Mas lembre-se de que estamos falando no plural, “recursos”. 3. Atividades-chave – são aquelas atividades que, se não são realizadas, trarão prejuízos à operação ou à imagem da empresa na “produção” ou entrega do valor. Quais as atividades mais importantes da empresa? Quais devem ser feitas para que o modelo de negócio dê certo? Um exemplo: se você desejar criar uma atividade de ajuda humanitária, a atividade de captação de recursos é uma das atividades- chave. Assim como a tecnologia de vendas online não pode faltar àqueles que atuam no comércio eletrônico. 4. Parcerias-chave – uma empresa não vive sozinha, precisa de fornecedores, aliados, parceiros na realização de seus objetivos e na entrega de valor. Quais são os fornecedores e parceiros necessários à entrega de valor pela empresa? Em que atividade da empresa eles estarão presentes? O que fornecerão? Exemplos: voltando ao exemplo da Fundação Sara, anteriormente citada. Ela precisa desenvolver parcerias com hospitais, clínicas especializadas, governos municipal, estadual e federal. Se assim não ocorrer, ela não conseguirá realizar o atendimento a que se propõe. 5. Estrutura de custos – as empresas têm um custo financeiro para sua manutenção: a sua estrutura de custos. Quais são os custos (despesas, investimentos, gastos) que a empresa necessitará para entregar a proposta de GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 86 1. valor ao cliente/mercado? Como se divide/classifica essa estrutura? Exemplo: há empreendimentos que trabalham com matérias-primas ou recursos que são de custo mais elevado, por seu caráter tecnológico ou por sua pouca disponibilidade no mercado. É o caso da divisão de produtos para a saúde da Philips (http://www.philips.com.br/ healthcare). Isso eleva a sua estrutura de custos em função dos investimentos que deve fazer em pesquisa científica, e também por atuar em um mercado especializado. Agora que você já conhece a estrutura do CANVAS, de forma conceitual, apresentamos o quadro CANVAS. Você pode ver a figura do modelo CANVAS pronta para ser utilizada na elaboração de sua ideia. FIGURA 15 – Modelo CANVAS Fonte: [MODELO Canvas]. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 87 Como aplicar o Canvas A grande “mágica” ou diferença do modelo CANVAS é que você vai dando forma, desenhando o seu negócio à medida que o quadro vai sendo preenchido e, assim, você visualiza o seu negócio. Isso pode ser feito sozinho ou em grupo. • Sozinho: você imprime o quadro e começa a responder às perguntas de cada uma das partes. Quanto mais perguntas você incluir e responder, mais claro o negócio vai ficando. • Em grupo: você convida outras pessoas para participarem da montagem do quadro. Nesse caso, o quadro pode ser desenhado em folhas grandes e cada pessoa, quando tiver uma resposta, cola essa resposta no quadro (via post-it), ou escreve a resposta no quadro. Dessa segunda forma você consegue abordagens diferentes para o negócio. Se decidir fazer em grupo, é necessário, então, que você identifique pessoas que aceitem seu convite para participar de uma sessão CANVAS e discutir com você a sua ideia, trazendo contribuições no desenvolvimento de seu negócio. Procure encontrar pessoas que compreendam seu objetivo e tenha a real intenção de ajudá-lo. Não há um número mínimo de pessoas, mas seria bom limitar o número máximo de pessoas a participarem dessa atividade. É recomendável que não seja superior a sete pessoas. Antes de iniciar a atividade do CANVAS, explique bem para as pessoas o objetivo e o modo como será realizado o encontro. Deixe as pessoas à vontade, faça em um ambiente agradável e confortável. Se você tiver recursos financeiros disponíveis, pode ser que valha a pena convidar alguém com experiência no método – outro empresário que já executou a atividade, um consultor de empresas especializado no design de negócios. Antes de iniciar a atividade do CANVAS, explique bem para as pessoas o objetivo e o modo como será realizado o encontro. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 88 Antes de irmos para a outra metodologia empreendedora, fica o desafio de aplicação dessa metodologia. É muito importante praticá- la. Para isso, estude a fundo o método CANVAS, pois ele será muito útil, tanto para você que está empreendendo seu próprio negócio, quanto para você que está trabalhando em outro empreendimento, como funcionário ou liderança. Isso porque a metodologia CANVAS pode ser utilizada a qualquer momento da vida da empresa como método de revisão do negócio. É importante que você observe que o aprendizado do CANVAS e sua forma de ser executado são úteis em muitas circunstâncias na vida do gestor. E não se esqueça de, sempre que precisar, utilizar nosso material de estudo e contar com a ajuda do seu tutor. Para que você possa ver como fica o quadro CANVAS após você realizar a atividade com o método, segue um exemplo. Nesse caso, a empresa é produtora de camisas. Veja: FIGURA 16 – Exemplo de Canvas - Produção de camisas Fonte: SOCIAL PET. In: Site “Modelos de Negócios”. Bem, depois de desenhar o seu negócio no CANVAS, é hora de construir o Plano de Negócio. Vamos a ele. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 89 Conceito e tipologias do plano de negócio Agora iremos falar sobre a outra tecnologia utilizada por empreendedores para pensar e colocar “no papel” suas ideias, seus sonhos, seus planos para o futuro. Conforme começamos a explicar na introdução dessa unidade, que trata das metodologias empreendedoras, o Plano de Negócio é mais conhecido como um conjunto de informações que auxilia aquele que precisa de recursos financeiros a buscá-los entre investidores (aqueles que financiam os negócios). Foi assim que teve início a construção do Plano de Negócio nos Estados Unidos, possivelmente após a Segunda Grande Guerra, quando, de fato, a economia tomou a forma como conhecemos hoje – de um lado aqueles que têm recursos financeiros – bancos, governos, investidores – e de outro, aqueles que deles precisam – empreendedores, empresários, pessoas físicas e organizações em geral. Nos nossos estudos vamos trabalhar com a definição utilizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE: “Um plano de negócio é um documento que descreve por escrito os objetivos de um negócio e quais passos devem ser dados para que esses objetivos sejam alcançados, diminuindo os riscos e as incertezas. Um plano de negócio permite identificar e restringir seus erros no papel, ao invés de cometê-los no mercado”. (SEBRAE, 2009, p. 8) Dessa forma, fica claro para nós que há um negócio, seus objetivos e a forma como esses objetivos serão alcançados. Então, um Plano de Negócio contém basicamente as respostas às perguntas: O QUÊ, PARA QUÊ e COMO? Um Plano de Negócio contém basicamente as respostas às perguntas: O QUÊ, PARA QUÊ e COMO? GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 90 Antes de continuarmos na compreensão de como construir um Plano de Negócio, é bom ficar sabendo que ele não é aplicável ou utilizável apenas por aqueles que irão implantar um negócio. Ele pode ser utilizado por quem deseja ampliar, recuperar, comprar ou financiar um negócio. Isto é, tem inúmeras utilizações dentro da definição que vimos. Em qualquer dessas situações, no entanto, há a necessidade de recursos e um objetivo definido para eles. O Plano de Negócio tem então inúmeras aplicações e um exemplo disso são as organizações sem fins lucrativos,que também utilizam dele para viabilizarem os seus objetivos. Elas têm objetivos (proteger a floresta amazônica, por exemplo) e para isso precisam de recursos (financeiros, materiais, humanos). Então, os tipos de plano variam de acordo com seus objetivos e podem ter variações em seus conteúdos e formas. No nosso caso, vamos trabalhar com o modelo de plano que tem como objetivo estruturar um negócio, servindo como guia para seus criadores, os empreendedores. Faremos assim porque é desse plano que origina os demais. Outro aspecto importante é que, na prática, você, como empreendedor, deve pesquisar com antecedência aqueles a quem apresentará seu Plano de Negócio, de modo que compreenda o que ele deve conter com mais ênfase. Você entenderá essa prática melhor ao final de nossa explicação sobre o Plano de Negócio. Na prática, você, como empreendedor, deve pesquisar com antecedência aqueles a quem apresentará seu Plano de Negócio. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 91 O Plano de Negócio tem uma estrutura lógica, assim como são todos os instrumentos utilizados na área de negócios. É importante não só conhecer essa estrutura, guardando-a na memória, mas, sobretudo, é importante entendê-la para facilitar a elaboração do plano. Assim, vamos descrever as partes que compõem o plano e, ao mesmo tempo, justificá-la, destacando a relevância no alcance dos seus objetivos. Sumário executivo como o nome sugere, o sumário é um resumo do que contém o plano. Seu conteúdo é assim formado: • Resumo dos principais pontos do plano de negócio - o que é o negócio?; Quais os principais produtos e/ou serviços?; Quem serão seus principais clientes?; Onde será localizada a empresa?; Qual o montante de capital a ser investido?; Qual será o faturamento mensal?; Que lucro espera obter do negócio?; Em quanto tempo espera que o capital investido retorne? • Dados dos empreendedores, experiência profissional e atribuições – uma breve descrição (curriculum) sua e de seus sócios, caso existam (nome, endereço, dados pessoais, experiências profissionais ou outras que sejam relevantes para o negócio). • Dados do empreendimento – nome que a empresa terá e, se já for registrada, o CNPJ e endereço. • Missão da empresa – a missão de uma empresa deve traduzir a razão de sua existência, o “norte” ou a direção que ela seguirá. Filosoficamente seria responder à pergunta: por que essa empresa está/estará no mundo? O Plano de Negócio tem uma estrutura lógica, assim como são todos os instrumentos utilizados na área de negócios. Estrutura do Plano de Negócio GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 92 • Setores de atividades – como se classifica a empresa? É indústria, comércio, prestadora de serviço? • Forma jurídica – a que legislação ela pertence? É uma Sociedade Limitada? Ou é uma MEI – Micro Empresa Individual? • Enquadramento tributário – será uma Micro Empresa ou uma Empresa de Pequeno Porte? Essa definição resulta na forma como a empresa é tratada tributariamente, ou seja, como será a carga de impostos a qual ela será submetida. • Capital social – apresenta o capital que os sócios ou você colocará na empresa, ou que formará a empresa; todos os recursos necessários que a empresa necessitará na sua montagem. • Fonte de recursos – qual será a origem dos valores necessários à implantação da empresa? Serão recursos próprios ou utilizará recursos de outros (investidores)? Qual a relevância do sumário? É ele que dá ao investidor a visão geral do negócio, que causa a primeira impressão. Se for bem escrito, ele garantirá que o investidor se interesse em prosseguir na leitura. O contrário pode fazer com que o investidor se desinteresse do negócio antes mesmo de uma leitura mais aprofundada. Seja atrativo na hora de fazer o sumário. Leia-o e responda: você investiria na empresa que está descrita ali? Se a resposta for não, refaça até que ela seja afirmativa. Você deve ser o primeiro a acreditar no seu negócio. Qual a relevância do sumário? É ele que dá ao investidor a visão geral do negócio, que causa a primeira impressão. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 93 Exemplo de um Sumário Executivo da empresa FaroFino (fictícia): “1. SUMÁRIO EXECUTIVO O Conceito do Negócio O site www.FaroFino.com.br surgiu da oportunidade identificada em atuar como intermediário no processo de comercialização de produtos e/ou serviços de pequenas e médias empresas por meio da internet. O site visa a facilitar a aproximação entre fornecedores e compradores por meio da forma mais simples possível, via e-mail, proporcionando a qualquer empresa que tenha este recurso efetuar o comércio eletrônico. O modelo de negócios é dirigido pela demanda e não pela oferta, diferentemente dos sites convencionais de comércio eletrônico. Os clientes do FaroFino são classificados em: fornecedores – que se cadastram no site mediante o pagamento de uma taxa mensal; e consumidores – usuários que utilizarão o site à procura de produtos e/ou serviços oferecidos pelos fornecedores das suas várias categorias. Equipe de Gestão A equipe de gestão do FaroFino é um dos pontos fortes do negócio, sendo composta por quatro profissionais que possuem sólida experiência em negócios e tecnologia. Eles atuam há mais de três anos em vendas de produtos via internet para pequenas e médias empresas brasileiras, possuindo ótima formação e, sobretudo, motivação para enfrentar e superar os desafios de administrar, gerar resultados positivos e conquistar uma participação de mercado expressiva para o empreendimento. Mercado e Competidores O segmento de B2C da América Latina é altamente promissor. Apresenta intenso crescimento, com potencial para alcançar US$2 bilhões em 2005, estando aberto a negócios inovadores que promovam o encontro entre consumidores e fornecedores de produtos e/ou serviços, experimentando um crescimento anual médio de 95%. O mercado brasileiro corresponde à aproximadamente 50% do mercado da América Latina. Cerca de 20% GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 94 da população brasileira são responsáveis por 65% dos gastos totais, significando que mesmo com uma penetração próxima dos 4%, o país já atingiu um patamar de consumo considerável na internet. As pequenas e médias empresas no Brasil ainda estão em fase de absorção da cultura da internet, e não estão prontas para dar grandes saltos na rede. A carência de produtos simples e eficazes inibe a participação dessas empresas no comércio eletrônico. A proposta do FaroFino é justamente ocupar esse espaço e oferecer uma alternativa para a inserção desse público-alvo no comércio eletrônico. Marketing e Vendas A estratégia de marketing do FaroFino visa a ganhar mercado de forma rápida, focando primeiramente o estado de São Paulo e, de maneira gradual, os demais estados brasileiros. Pretende ingressar também, a partir do segundo ano, em três países latino-americanos. Os principais fundamentos de marketing foram considerados em um plano que tem a intenção de atingir tanto consumidores quanto fornecedores que se associarão ao site. As estimativas da carteira de fornecedores indicam um crescimento médio de 36% ao ano, passando dos 18.000, no primeiro ano, para mais de 60.000 no quinto ano de operação. Estrutura e Operação A empresa possui uma estrutura funcional enxuta, com estilo de gestão moderno e ágil, previsão de participação de funcionários nos resultados, stock option e outros incentivos que atraem os melhores profissionais do mercado. A empresa encontra-se atualmente instalada na Incubadora de Empresasde São Carlos – SP, recebendo todo suporte tecnológico de hardware e software para o funcionamento do site. Estratégia de Crescimento O lançamento do site será feito na Região Metropolitana de São Paulo e expandirá para as demais localidades do país. A partir do segundo ano, prevê-se o ingresso no México, Argentina e Chile. Parcerias com portais, sites de leilão e empresas de telecomunicações serão priorizadas. Novas funcionalidades do site também estão previstas para os próximos meses, GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 95 inclusive a adequação à tecnologia WAP, permitindo o seu acesso por meio de aparelhos celulares. Previsões dos Resultados Financeiros e Investimentos A implantação do site, dentro dos planos e condições preestabelecidos, resultará num empreendimento de alta rentabilidade e em retorno aos acionistas, quando se comparam às diversas oportunidades financeiras existentes no mercado. A operação, quando adotada apenas no Brasil, resultará num valor atual do Lucro Líquido, descontada a taxa de IGPM + 13% ao ano, equivalente a R$6,6 milhões e uma taxa interna de retorno de 86% ao ano. A ampliação para os três países latino-americanos fará o valor atual do empreendimento alcançar a cifra dos R$17,6 milhões e a taxa interna de retorno ser superior a 100% ao ano. O investimento previsto para implantação desse plano de negócios, considerando-se apenas o mercado brasileiro, é de R$1 milhão. Para tal investimento, a empresa disponibiliza 15% de suas ações.” (DORNELAS, 2008, p. 5). Além do Sumário Executivo, você pode encontrar um modelo completo de um Plano de Negócios em: http://www.josedornelas.com.br/wp-content/ uploads/2008/09/pn_farofino_ed1.pdf. Acessado em 16/05/2015. Análise de Mercado O estudo de mercado de uma empresa no plano de negócio é formado por seus futuros clientes, concorrentes e fornecedores. Sobre os clientes, é necessário saber suas características gerais e ir aprofundando – quanto mais informações você tiver melhor. Seus clientes são pessoa jurídica (outras empresas) ou pessoa física? Se for pessoa jurídica, escreva no plano: • ramo de atuação, GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 96 • serviços/produtos oferecidos; • tempo de mercado; • outras informações que formem suas características. Se for pessoa física, você deve procurar retratá-las nos seguintes aspectos: • faixa etária; • grau de escolaridade; • estado civil; • região em que residem; • o quanto estão dispostas a pagar pelo seu produto; • quando costumam comprar; • outras informações que sejam relevantes para caracterizá- las como consumidoras da sua empresa. E os concorrentes? Aqui toda atenção é pouca. Procure levantar informações sempre comparando com o que você oferecerá/ oferece ao mercado sobre: • preço; • qualidade de produto; • motivos de insatisfação/satisfação dos clientes; • capacidade financeira, • localização; • estrutura; • serviços/produtos que oferecem. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 97 Dos fornecedores você deve conhecer: • qualidade dos produtos/serviços que oferecem; • preços que praticam e condições de pagamento; • conceito no mercado. Essas descrições integram o plano para que você (e o investidor) saiba as dificuldades/facilidades que o negócio terá pela frente. Clientes, concorrentes e fornecedores fazem e farão o cotidiano de uma empresa. Imagine uma empresa sem clientes ou sem fornecedores opcionais, em caso de falta de produto? Imagine você conversando com um investidor e ele perguntando: Quais serão seus concorrentes? E você respondendo que não sabe. Plano de marketing Toda empresa tem um produto ou serviço a oferecer para o mercado, e espera ser remunerada por eles. Assim como deve estabelecer relacionamento com seus diversos públicos e ter canais ou lugares em que eles poderão acessar esses mesmos produtos ou serviços. Estes são os principais aspectos do Marketing: Produto, Preço, Promoção e Praça, conhecido como os quatro P’s. No Plano de Marketing você deve apresentar uma descrição desses itens. • Produto – descreva as características de seus produtos e serviços; que necessidades atendem ou problemas solucionem; quais as principais vantagens/qualidades que eles possuem. Utilize fotos, se for possível e adequado. • Preço – descreva o valor que o cliente está disposto a pagar pelo seu produto; qual o preço praticado pela concorrência. Responda qual a relação existente entre o seu preço e o que o mercado pratica - se o preço estará acima, abaixo ou igual. Considere nessa definição que uma posição de Estes são os principais aspectos do Marketing: Produto, Preço, Promoção e Praça, conhecido como os quatro P’s. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 98 • preço no mercado é algo estratégico, isto é, relevante para o conceito que os clientes formarão sobre o negócio/ empresa. • Praça – essa expressão tem o sentido de lugar e estrutura de comercialização, ou seja, onde o cliente encontrará o seu produto – localização, pontos de venda físicos ou virtuais - e a forma desses lugares. Nas lojas físicas, considera-se a decoração, a vitrine, os móveis, o conforto do ambiente. Nas virtuais, o site e a capacidade que ele tem de “prender a atenção do cliente”. Tem relação também com a logística – como o produto chegará ao seu cliente. • Promoção – não há como ter sucesso em um negócio se os seus clientes não souberem que o negócio existe. É para isso que existe a promoção. Promover, tornar conhecido, informar, convencer o cliente são as principais funções do 4º P. Observe que os quatro P’s ou mix de marketing, como é chamado, deve ser equilibrado. Isso significa que o empreendedor deve procurar uma adequação entre eles. Se você trabalha com um produto de luxo, o público deve ter recursos para comprá-lo. A divulgação ou a promoção deve ser em lugares que esse público frequenta, assim como o ponto de venda. O preço será diferente, mais caro que outros produtos. Por isso é que as grandes empresas, de produtos de alto consumo, têm marcas e produtos diferentes para públicos diferentes. Isso é chamado de segmentação de mercado. Uma boa segmentação de mercado ajuda muito no direcionamento e posicionamento da empresa no mercado. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 99 Plano operacional Na quarta parte do Plano de Negócio entramos na operação da empresa. O que é necessário para a empresa operar, funcionar? Como será o aspecto físico? Qual a capacidade de produção/ vendas/prestação de serviços? Quantos clientes atenderá? Como serão os processos operacionais, os fluxos operacionais? Quantas pessoas serão necessárias para fazê-la funcionar? Quando é um Plano de Negócio para captar investimentos iniciais, quando a empresa não existe ainda, é aqui que vamos ter a visão de como a empresa funcionará. Se for uma loja, devemos ter uma ideia da área que ocupará, quantos funcionários nos diversos cargos da empresa (gerente, vendedor, pessoal da limpeza, do estoque). Se for uma indústria, deverão ficar definidos o processo produtivo desde a chegada da matéria-prima, a transformação, a comercialização e a entrega. O investidor deve compreender exatamente como será a futura empresa. Plano financeiro Até agora tivemos a concepção do negócio. Falamos do motivo de sua existência, de sua adaptação ao mercado, de seus clientes, de sua operação e de sua estrutura. Agora chegou a hora de responder a uma pergunta chave para o investidor: quanto vai custar esse empreendimento (essa empresa)? Sem entrar na diferença que existe entre investimento e custos,primeiro vem os investimentos que são divididos em investimentos fixos, operacionais e capital de giro. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 100 Investimento fixo significa todos os bens que serão adquiridos para que o negócio possa funcionar (máquinas, móveis, ferramentas, equipamentos, veículos) e estão relacionados diretamente à operação da empresa. Os investimentos operacionais são aqueles realizados antes da empresa funcionar, como por exemplo, uma reforma de imóvel ou o próprio processo de registro da empresa nos órgãos competentes. O capital de giro é a totalização dos recursos necessários para o funcionamento da empresa (compra de matéria-prima e mercadorias, pagamento das despesas e financiamento da comercialização). O cálculo do capital de giro deve ser feito com extremo cuidado, considerando todo o fluxo financeiro da empresa (entradas e saídas de recursos). Lembrando que esses fluxos são realizados em tempos diferentes. O ideal é que o tempo necessário para efetuar o pagamento a fornecedores seja mais longo que o tempo de recebimento do pagamento de seus clientes, pois isso fará com que você tenha recursos financeiros, fruto das vendas, antes de ter de repassá-los a seus fornecedores. Ainda no plano financeiro, você deverá estimar o faturamento mensal da empresa, o custo de matéria-prima ou insumos, o custo de comercialização (impostos sobre vendas e comissões de vendedores), o custo de mercadoria vendida (comércio) ou custo com materiais diretos, custos de depreciação e os custos fixos operacionais mensais. Após esses cálculos você fará o demonstrativo de resultados, quando serão visualizados os resultados da empresa em forma de previsão. No entanto, o seu plano financeiro não estará terminado ainda. Agora é hora de incluir os indicadores de viabilidade: Ponto de Equilíbrio, Lucratividade, Rentabilidade e o Prazo de Retorno do Investimento. Caso em seu curso não haja foco em questões Contábeis e Financeiras, sugiro aqui um pequeno Manual de Contabilidade, GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 101 editado pelo CFC – Conselho Federal de Contabilidade, que trata das questões Contábeis e Financeiras da empresa. O endereço de acesso é http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/ uploads/2013/01/ManuMicro.pdf. Nada impede que você já comece estudando desde já sobre esses assuntos. Aproveite a sua curiosidade. Ainda existem duas etapas importantíssimas antes do fechamento do Plano de Negócio: Cenários e Avaliação Estratégica. Cenários A intenção dessa fase do Plano de Negócio é mostrar que você se preocupa e compreende o futuro do mercado, que afeta diretamente o futuro da empresa. É comum que se pense em três cenários: um provável, um pessimista e um otimista. Normalmente, a diferença desses cenários é fundamentada nas expectativas do volume de vendas. Seguindo o exemplo de Plano de Negócio fornecido por Dornelas (2008), mostrado no Cenário Executivo, poderíamos ter um cenário positivo caracterizado pela expansão da oferta de acesso à internet maior do que a esperada ou, um cenário negativo com a manutenção ou redução dos índices de crescimento do acesso. Quando olhamos ao longo do tempo, (o plano foi imaginado em 2005), teríamos a concretização de um cenário positivo, o que teria levado a empresa fictícia a obter resultados melhores do que aqueles previstos na época. Avaliação estratégica A grande maioria das empresas inicia o processo de avaliação estratégica utilizando a ferramenta Análise SWOT que significa: Ainda existem duas etapas importantíssimas antes do fechamento do Plano de Negócio: Cenários e Avaliação Estratégica. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 102 S – Strengths – Forças W – Weaknesses – Fraquezas O – Opportunities – Oportunidades T – Threats – Ameaças FIGURA 17 – Estrutura para Análise SWOT Fonte: Arquivo Institucional As Forças e Fraquezas dizem respeito às características internas à empresa (capacitação da equipe ou equipe sem capacitação, por exemplo). Oportunidades e Ameaças dizem respeito ao ambiente externo à empresa (demanda de produto em alta ou demanda de produto em baixa, por exemplo). É uma ferramenta muito útil que deve ser feita com cuidado para não apresentar desvios na análise. Lembre-se, para compreender o plano de negócio em todas as suas dimensões, você deverá aprofundar os seus estudos, praticando e refletindo sobre a melhor forma de utilizá-lo no desenvolvimento de um negócio. Para esses estudos, utilize todo o material que disponibilizamos e conte com o apoio de seu tutor. Será muito importante que você pratique. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 103 Agora é hora de ver como funciona na prática a aplicação das ferramentas que descrevemos aqui. Não é fácil encontrar descrições fiéis ou reais do processo de aplicação dessas ferramentas, porque as empresas não contam seus segredos. No entanto, encontramos duas apresentações muito ilustrativas da aplicação do Design Thinking. A primeira em uma loja de varejo na cidade de Curitiba, PR. Os autores do caso dão como objetivo da pesquisa a identificação de oportunidades de um problema ambiental relacionado ao descarte de resíduos sólidos quando da mudança da vitrine da loja. A intenção era, então, usar recursos descartáveis e renováveis na vitrine. Leia o caso completo “Reaproveitamento de materiais de decoração de vitrina: estudo de caso de uma loja de varejo” em: http://www.abepro. org.br/biblioteca/enegep2013_tn_sto_183_046_22985.pdf e veja como é possível, de uma forma fácil, utilizar o conceito e a metodologia do Design Thinking para criar algo novo. Note que os resultados dessa aplicação para a loja foram significativos, com o aumento do fluxo de clientes. Note também o quadro conceitual da prática, mostrando de forma clara o que foi desenvolvido em cada etapa do Design Thinking – Imersão, Análise e Síntese, Ideação e Prototipagem. Depois de ler esse caso, você verá como podemos utilizar nossas as metodologias empreendedoras de forma fácil e rotineira. O segundo exemplo de aplicação do Design Thinking é também muito interessante. Mas observe, não se fala diretamente de Design Thinking, mas o tempo todo de sua apresentação, o empresário Luiz Vabo fala em prototipagem, em inovação e em empreendedorismo. Ele e mais um sócio criaram uma solução tecnológica para lojas do varejo monitorarem seus concorrentes e definirem adequadamente suas estratégias de preço. Veja o caso “Como dois sócios estão alcançando o sonho de revolucionar o ecommerce brasileiro” em: https://endeavor.org.br/sonho-grande-luiz-vabo-sieve/. Aproveite esses dois casos para refletir sobre como as ferramentas do empreendedorismo podem ajudá-lo a desenvolver novos negócios ou ampliar negócios existentes. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 104 Revisão Na Unidade 4 de nosso curso, você teve contato com metodologias empreendedoras. Empreender, como você viu nas unidades anteriores, é realizar algo. Não basta ter uma ideia, pois é preciso torná-la realizada. Se você empreender um negócio, existem métodos que o ajudarão a pensá-lo de forma prática e aplicada. Esse é o sentido da metodologia CANVAS e do Plano de Negócio. Na metodologia CANVAS, você desenvolve a ideia do negócio, de forma individual ou coletiva, utilizando o Quadro do Modelo de Negócios. Quadro que está dividido em nove partes: segmento de clientes, proposta de valor, canais, relacionamento com clientes, fontes de receita, recursos principais, atividades-chave, parcerias principais e estrutura de custos. Na metodologia do Plano de Negócio você aprendeu queos investidores necessitam de um mínimo de segurança antes de decidirem aplicar recursos na sua futura empresa. O Plano de Negócio é o instrumento que apresenta a empresa para esses investidores. Assim como o CANVAS, ele é dividido em partes: Sumário Executivo, Análise de Mercado, Plano de Marketing, Plano Operacional, Plano Financeiro, Cenários e Avaliação Estratégica. Antes de encerrarmos essa unidade, é importante que você compreenda que essas duas metodologias não são excludentes, isto é, uma não elimina a outra. O ideal é que você utilize o CANVAS para construir o seu Plano de Negócio. A impressão é que eles “foram feitos um para o outro”, como popularmente se diz quando há um encaixe perfeito entre duas partes de um mesmo objeto. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 4 105 Livro: OSTERWALDER, Alexander. Business Model Generation – Inovação em Modelos de Negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários. Rio de Janeiro, RH: Alta Books, 2011. Osterwalder foi o primeiro a pensar o modelo Canvas. O livro é agradável de ler, com muitas ilustrações e exemplos. Site: Aprofunde seus conhecimentos acompanhando a evolução online do Modelo Canvas em http://www.projectmodelcanvas.com/ Vídeo: Um vídeo rápido “SEBRAE – Modelo de Negócios” que permite a você ter uma visão sobre o modelo Canvas pode ser acessado em: https://www. youtube.com/watch?v=WUAQBV52bNU. Artigos Para conhece mais sobre o modelo Canvas, sugiro que você leia esse artigo BUSINESS MODEL GENERATION E AS CONTRIBUIÇÕES NA ABERTURA DE STARTUPS. Acesse em: https://repositorio.uninove.br/ xmlui/handle/123456789/556. Marketing para Empreendedores • Conceitos de Marketing • A Importância do marketing • Redes de relação • Mercados e Orientações da Empresa com Relação ao Mercado • Segmentação de Mercados • Composto de Marketing: Produto, Preço, Praça e Promoção - Atualização dos 4Ps • Marketing Digital • Entendendo o Consumidor On-line • Revisão Introdução Qual é a importância do marketing para empreendedores? O que é marketing? A que se aplica o marketing? Quem faz marketing? O que é marketing holístico? Quais as variáveis de marketing sob o composto de marketing (modelo dos 4Ps)? Quais são as tarefas de administração de marketing (pergunta mais frequentenas empresas)? Quais são as segmentações de mercado (clientes)? O que é marketing digital? Esta unidade tem a finalidade de responder a estas perguntas sob a ótica da gestão empreendedora. Trata-se de um grande desafio para você estudante frente ao mercado competitivo. Nas unidades anteriores você percebeu que o perfil e as virtudes empreendedoras são fundamentais nas competências das organizações. É importante lembrar que, na visão de Dolabela, o empreendedor “é alguém que imagina, desenvolve e realiza uma visão. Em outras palavras, acredita que pode realizar seu próprio sonho, julgando-se capaz de mudar o ambiente em que está inserido” (DOLABELA, 1999, p. 60). Analisamos também que o intraempreendedorismo está ligado direto ao “vestir a camisa” da empresa, gerando ideias e projetos inovadores com lucratividade para as organizações modernas. Nesta unidade,serão trabalhados os conceitos de marketing: a que se aplicao marketing; quem fazmarketing; o que é marketing holístico;as variáveis marketingsob o modelo dos 4Ps: as tarefas de administração marketingcom as perguntas mais frequentes das empresas, as segmentações de mercado e o marketing digital. Tudo isso com o objetivo de lhe proporcionar um conjunto de ferramentas para atuar na área de marketing na ótica empreendedora, ou seja, despertar a veia empreendedora que corre dentro de cada um de vocês e gerar uma atitude, um comportamento, já que o empreendedor é reconhecido por seus atos pragmáticos. Na leitura de Siqueira e Guimarães (2007), hoje, são considerados “empreendedores não só aqueles que abrem um grande negócio, mas, cada vez mais, também os que iniciam um pequeno negócio, criando emprego e renda e contribuindo para o desenvolvimento social” (SIQUEIRA; GUIMARÃES, 2007, p. 3). No marketing para empreendedores, há muitas formas de se alcançar resultados explorando as estatísticas. Como exemplo de dados importantes a serem explorados, Machado (2016) cita em seu artigo “Marketing Boca a Boca – A Revolução Começou!” vários dados de pesquisas realizadas por diferentes institutos. Dentre eles: a NILSEN, realizada em 56 países (inclusive o Brasil), dizque 92% dos consumidores confiam mais no “boca a boca” ou em recomendações de amigos e familiares do que em “outras formas de propaganda. Outra pesquisa, realizada pelo Keller FayGroup, no Brasil e na Colômbia, conclui que o brasileiro fala cinco vezes mais sobre marcas que o norte-americano. Nesses países, o “boca a boca” não é apenas uma parte fundamental do processo de compra, mas um fator-chave para a compra.Para reforçar, o autor apresenta as seguintes estatísticas: 85% dos “seguidores/fãs” de marcas no Facebookas recomendam para seus conhecidos (realizada pela Syncapse); 91% das compras B2B são influenciadas pelo boca a boca (INCITE Group);uma recomendação boca a boca “off-line” impulsiona uma venda pelo menos 5 vezes mais que uma impressão vinda de “mídia paga” (WOMMA); 89% das mulheres “millennials” acreditam mais em recomendações de amigos, familiares ou pares do que em recomendações de marcas (MOM Central); 74% dos consumidores consideram o boca a boca como um fator-chave para a decisão de compra (AdWeek) eoboca a boca “amplifica” o resultado de mídia paga em 15% (WOMMA). Omarketingboca a boca sempre existiu e fez parte da vida das pessoas, mas com o surgimento das “mídias sociais”, agora ele tem um poder “estratosférico” e traz algo raro em marketing:“confiança”(MACHADO, 2016). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 110 Conceitos de Marketing Segundo Kotler e Keller (2013), temos marketing em todos os lugares, seja informalmente ou não, o que nos leva a refletir sobre a possibilidade de explorar as inúmeras oportunidades que vêm às nossas mãos. O marketing está por toda a parte. Formal ou informalmente, pessoas e organizações se envolvem em inúmeras atividades as quais podemos chamar de marketing. Nos dias atuais, um bom marketing, no sentido de abrangente e cumpridor do seu papel, pode ser considerado fundamental para o sucesso de qualquer tipo de ação. No entanto, o que torna um bom marketing está em constante evolução e transformação (KOTLER; KELLER, 2013, p. 1). A Importância do marketing Qual é a importância do marketing para empreendedores? O frenético cenário econômico em que vivemos tem trazido às empresas grandes desafios para alcançar a prosperidade financeira e, em vários casos, a sobrevivência. Diante dessa realidade, o papel da inovação, aliado ao desempenho de marketing, tem sido fundamental para enfrentar essa realidade. As empresas precisam de receita para alcançar seus resultados. Logo, a habilidade da atuação de marketing é fundamental para o sucesso financeiro das empresas. No entanto, para se realizar um trabalho de marketing com qualidade, é necessário muito planejamento, execução e gestão, fazendo uso das melhores técnicas e ferramentas disponíveis. Dessa forma, se faz necessária a busca por soluções criativas para enfrentar os desafios de hoje, especialmente no ambiente de marketing. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 111 Kotler e Keller enfatizam a importância e extensão de marketing à sociedade. Essa importância abrangente do marketing se estende à sociedadecomo um todo, pois foi por meio dele que novos produtos foram introduzidos no mercado e apresentados aos consumidores. E também foi por meio do marketing que tais produtos conquistaram aceitação e têm facilitado a vida das pessoas (KOTLER; KELLER, 2013, p. 2). O Que é Marketing? O marketing tradicional constitui uma ampla variedade de atividades conjugadas em uma empresa. Eis a definição da “American Marketing Association”: A American Marketing Association define marketing como o processo integrado de planejar e executar a concepção, o preço, a promoção e administração de ideias, bens e serviços para criar intercâmbios capazes de satisfazer objetivos individuais e organizacionais (EBERT; GRIFFIN, 2005 citado por CHIAVENATO, 2011, p.181). O termo “marketing”(do inglês “market”, “mercado”) é definido também como uma filosofia de gestão. Constitui uma filosofia de gestão que reconhece que o ponto focal de toda atividade da empresa está no consumidor: aquele que compra seus produtos ou serviços (SCHEWE; SMITH, 1982citado por CHIAVENATO, 2011, p.181). O conceito de marketing envolve diversas ações, tais como: vender, divulgar, fazer propaganda, promover, distribuir, definir preço, construir a marca, atender o cliente e, sobretudo, encantá-lo e fidelizá-lo. Ou seja, marketingconstitui um conjunto de atividades voltadas ao mercado e ao cliente. O marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais. Uma das mais sucintas e melhores definições de marketing é a de “suprir necessidades gerando lucro”(KOTLER; KELLER, 2013, p. 3). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 112 A atividade essencial de marketing é olhar para o mercado e colocar o cliente no centro das ações da empresa. No entanto, tradicionalmente, o marketingleva em consideração o contexto e a realidade das grandes empresas. Neste sentido, ele tem dificuldade em atuar diretamente nos pequenos negócios, ou seja, em micro, pequenas e médias empresas (MPME). Marketing Empreendedor Segundo Collinson e ShawemZoschke e Lima (2006), o “marketing empreendedor” é uma denominação abrangente por incluir elementos de duas áreas de estudo relativamente amplas: marketing e empreendedorismo. Trata-se de uma área de estudo ainda nova, sendo seus estudos precursores nos Estados Unidos tendo pouco mais de duas décadas. Zoschke e Lima (2006) afirmam que muitos autores abordam o marketing empreendedor com o enfoque do marketing tradicional aplicado aos pequenos negócios, sem os ajustes adequados para o contexto dessas organizações. Por outro lado, um número reduzido de autores, especialmente interessados nas ligações do marketing com o empreendedorismo, utiliza uma abordagem diferenciada, entendendo o “marketing empreendedor” como o marketing realizado por empreendedores em pequenas empresas. Revelam-se assim duas abordagens do marketing empreendedor a partir da revisão de literatura: o marketing com o enfoque em gestão e o marketing praticado por empreendedores, ambos sendo realizados nas micro, pequenas e médias empresas - MPME. De acordo com o primeiro enfoque, chamado aqui de “enfoque de gestão”, muitos autores abordam o marketing empreendedor simplesmente estudando os conceitos centrais do marketing tradicional em sua aplicação aos pequenos negócios, sem, contudo, dar ênfase a conexões do tema com o empreendedorismo. Para Kotler (2000), estes conceitos centrais referem-se à seleção de GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 113 mercado-alvo, à identificação de clientes potenciais e de suas necessidades, além do desenvolvimento do produto de acordo com as necessidades dos clientes. No segundo caso, “enfoque do empreendedorismo”, StokesemZoschke e Lima (2006) retrata como as atividades de marketing empreendedor são realizadas pelos empreendedores em suas MPME. Seu estudo revelou que o processo de marketing empreendedor ocorre mais frequentemente, contrariando o que recomenda o modelo clássico de marketing difundido por Kotler (2000). Para este último autor, o processo de marketing deve começar pela identificação das necessidades de mercado (incluindo a seleção de mercados-alvo). Com sua abordagem descritiva do processo de marketing empreendedor, Stokes (2000b) sustenta que mais comumente os empreendedores dos pequenos negócios começam o processo pelo desenvolvimento de uma inovação incremental (que leva ao desenvolvimento de produtos), depois identificam mercados-alvo com as suas necessidades. Esses dois pontos são as duas primeiras etapas do modelo cíclico de marketing empreendedor descrito por Stokes (2000). Após essas duas etapas, os empreendedores realizam o marketing boca a boca (ou “marketing por indicação”) e, em seguida, há a obtenção de informações com o auxílio de sua rede de relação. Para o autor, o ciclo do processo de marketing empreendedor se completa com a volta ao primeiro item, ou seja, às inovações incrementais e ajustes. Nesse processo, percebe-se que a rede de relação exerce grande influência sobre todas as atividades de marketing realizadas pelos empreendedores, pois, além de ser uma parte integrante deste processo, as redes de relação permeiam e sustentam todas as outras atividades do processo de marketing empreendedor. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 114 Redes de relação Conforme Carson et al.eZontanos eAnderson emZoschke e Lima (2006), as redes de relação emmarketing e em empreendedorismo passaram a ser estudas nos últimos 15 anos para se entender como os recursos, informações e conhecimentos são coletados e administrados pelos dirigentes de empresas. Para os autores, no contexto da gestão de empresas, o desenvolvimento das redes de relação contribui para a construção de relações pessoais fundadas na confiança. Iacobucci,emZoschkee Lima (2006) sustenta a criação e a manutenção de relações pessoais dos dirigentes, facilitando a geração de ganhos para os negócios deles. A rede de relação é, portanto, um importante meio para que o proprietário-dirigente da pequena empresa possa, com seus contatos pessoais e profissionais, prospectar clientes, assim como angariar informações para desenvolver novos produtos e verificar a satisfação com os já existentes – em outras palavras, a rede de relação auxilia na identificação de necessidades e na busca de oportunidades no mercado (O’DONNELL, 2004). Para Gilmore,Carson eGrant emZoschke e Lima (2006), o proprietário- dirigente possui três tipos de redes de relação: pessoais, sociais e de negócios (ou de marketing). Para os autores, essas diferentes redes de relação auxiliam na solução de muitos problemas nas MPME. Para elas, essa importância se amplia à medida que essas redes tornam-se o principal canal de ligação dos dirigentes com o ambiente externo a sua empresa (FORD, 1980; HAKANSSON; SNEHOTA, 1989). Para Gilmore,Carson eGrant emZoschkee Lima (2006), a rede de relação dos dirigentes de MPME tende a ser informal, espontânea, reativa e estruturada, em consonância com as normas de ação do setor de atividade da MPME. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 115 Nesse contexto, a rede de relações pessoais e sociais dos dirigentes é importante para dar suporte às suas iniciativas de marketing. George et al.,emZoschke e Lima (2006), comprovam essaafirmação com um estudo que trata da importância do uso da rede de relações sociais como estratégia para a melhoria do desempenho das pequenas empresas. O estudo destaca que a utilização da rede de relação sociais nos pequenos negócios gera alto desempenho e implica vantagens competitivas para essas organizações. No processo de marketingempreendedor descrito porStokes, emZoschkee Lima (2006), as redes de relação pessoais, sociais e de negócios são utilizadas, principalmente, para a busca de informações sobre possíveis ajustes em produtos existentes para a melhoria e para se gerar ideias de novos produtos e oportunidades. A que se Aplica o Marketing? Os profissionais de marketing se envolvem na gestão da troca de diferentes tipos de produtos: bens, serviços, eventos, experiências, pessoas lugares, propriedades, organizações, informações e ideias. Veja cada uma dessas categorias de produtos, segundo Kotler e Keller (2013). BENS – Bens tangíveis constituem a maior parte do esforço de produção e marketing da maioria dos países. SERVIÇOS - À medida que as economias evoluem, uma proporção cada vez maior de suas atividades se concentra na prestação de serviços. EVENTOS – Os profissionais de marketing promovem eventos periódicos como grandes feiras setoriais, espetáculos artísticos e comemorações de aniversários. EXPERIÊNCIAS – Organizando diversos serviços e mercadorias, uma empresa pode criar, apresentar e comercializar experiências. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 116 O Magic Kingdom, do Walt Disney World, proporciona aos clientes uma visita a um reino de conto de fadas, um navio pirata ou uma casa mal-assombrada. PESSOAS – Artistas, músicos, CEOs, médicos, advogados e financistas bem-sucedidos e outros profissionais têm buscado a ajuda de agências de marketing de celebridades. LUGARES – Cidades, estados, regiões e países inteiros competem ativamente para atrair turistas, novos moradores, fábricas e sedes de empresas. PROPRIEDADES – São direitos intangíveis de posse tanto de bens imóveis quanto de bens financeiros (título e ações). Podem ser comprados e vendidos, e essas trocas requerem um esforço de marketing. ORGANIZAÇÕES - As organizações trabalham sistematicamente para construir uma imagem sólida e positiva na mente do seu público-alvo. INFORMAÇÕES – A produção, a embalagem e a distribuição de informações constituem importantes setores da economia. A informação é basicamente o que livros, escolas e universidades produzem, comercializam e distribuem a um preço para pais, alunos e comunidades. IDEIAS – Toda oferta de marketing traz em sua essência uma ideia básica. Charles Revson, da Revlon, certa vez observou: “Na fábrica, fazemos cosméticos; na loja, vendemos esperança” (Kotler e Keller, 2013). Produtos são plataformas para a oferta de algum conceito ou benefício. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 117 Quem faz o Marketing? Profissionais de marketing e clientes potenciais, segundo Kotler e Keller (2013). O profissional de marketing é alguém que busca uma resposta (atenção, compra, voto, doação) de outra parte, denominada “cliente potencial” (prospect). Se duas partes estão buscando vender algo, uma para a outra, ambas são consideradas profissionais do t. Os profissionais de marketing desse segmento estão capacitados para estimular a demanda pelos produtos de uma empresa, mas essa é uma visão muito limitada das tarefas que desempenham. Assim como os profissionais de produção e logísticasão responsáveis por gerenciar o suprimento, os de marketing são responsáveis por gerenciar a demanda. Os gerentes demarketingdessa área buscam influenciar o nível, a oportunidade e a composição da demanda para atender aos objetivos da organização. Oito tipos de demanda são possíveis,segundo Kotler e Keller (2013). Conheça-os a seguir. 1. Demanda negativa: os consumidores não gostam do produto e podem até mesmo pagar para evitá-lo. 2. Demanda inexistente: os consumidores não conhecem o produto ou não estão interessados nele. 3. Demanda latente: os consumidores compartilham uma forte necessidade que não pode ser satisfeita por nenhum produto existente no mercado. 4. Demanda em declínio: os consumidores passam a comprar os produtos com menor frequência ou deixam de comprá- lo. 5. Demanda irregular: as compras dos consumidores podem ser sazonais ou variar de acordo com o mês, a semana, o dia ou o horário. 6. Demanda plena: os consumidores compram todos os produtos colocados no mercado. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 118 7. Demanda excessiva: há mais consumidores interessados em comprar o produto do que produtos disponíveis. 8. Demanda indesejada: os consumidores se sentem atraídos por produtos que têm consequências sociais indesejadas. Em cada caso, os profissionais de marketing devem identificar a(s) causa(s) subjacente(s) do estado de demanda e determinar um plano de ação para alterá-lo para um estado mais desejado. Mercados e Orientações da Empresa com Relação ao Mercado Segundo Kotler e Keller (2013), antigamente, “mercado” era um local físico onde compradores e vendedores se reuniam para comprar e vender seus produtos. Atualmente, os economistas descrevem “mercado” como um conjunto de compradores e vendedores que efetuam transações relativas a um determinado produto ou classe de produto (mercado imobiliário ou de grãos, por exemplo). Por outro lado, é comum que os profissionais de marketing usem o termo “mercado”para abranger vários agrupamentos de clientes. Eles consideram os vendedores como o setor produtivo e os compradores como o mercado. Por exemplo, falam em mercados de necessidades (o mercado das pessoas que querem emagrecer), mercados de produtos (o mercado de calçados), mercados demográficos (o mercado jovem) e mercados geográficos (o mercado chinês). Eles podem também expandir o conceito para cobrir outros mercados, como o mercado de eleitores, o mercado de trabalho e o mercado dos doadores. Frente às novas realidades de marketing, qual filosofia deveria orientar os esforços de marketing de uma empresa? Cada vez mais, as empresas operam em conformidade com o conceito de GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 119 marketing holístico. Veja, em primeiro lugar, a evolução dos antigos conceitos de marketing. a. A orientação para produção é um dos conceitos mais antigos nos negócios. Ela sustenta que os consumidores dão preferência a produtos fáceis de encontrar e que sejam de baixo custo. Os gerentes das empresas orientadas para a produção se concentram em alcançar alta eficiência de produção, baixos custos e distribuição em massa. b. A orientação para produto sustenta que os consumidores dão preferência a produtos que ofereçam qualidade e desempenho superiores ou que tenham características inovadoras. c. A orientação para vendas parte do princípio de que os consumidores e as empresas não vão, espontaneamente, comprar os produtos de uma organização em quantidade suficiente. Essa orientação é praticada de maneira mais agressiva com produtos pouco procurados – aqueles que os consumidores dificilmente pensam em comprar, como seguros e jazigos – e quando uma empresa que dispõe de excesso de capacidade visa vender aquilo que fabrica, em vez de fabricar aquilo que o mercado quer. d. A orientação para marketing surgiu em meados da década de 1950 como uma filosofia de “sentir e responder”, centrada no cliente. A tarefa não é mais encontrar os clientes certos para seu produto, mas sim os produtos certos para seus clientes. A Dell não prepara um computador perfeito par seu mercado-alvo. Em vez disso, ela oferece plataformas de produtos sobre as quais cada cliente personaliza os recursos que deseja em seu computador. A orientação para marketing afirma que a chave para atingir os objetivos organizacionais consiste em a empresa ser mais eficaz que os concorrentes na criação, na entregae na comunicação de um valor superior (na opinião do cliente) aos mercados- alvo escolhidos. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 120 e. A orientação para marketing holístico, as tendências e as forças que definiram a primeira década do século XXI estão, sem dúvida alguma, levando as empresas a um novo conjunto de crenças e práticas. A figura 19 “O certo e o errado em marketing” sugere os erros em marketingqueas empresas cometem e como elas podem acertar o passo. O conceito de marketing holístico se baseia em desenvolvimento, estruturação e implantação de programas, processos e atividades de marketing, com o reconhecimento da amplitude e das interdependências de seus efeitos. Ele reconhece que em marketing “tudo é importante” e que muitas vezes se faz necessária uma perspectiva abrangente e integrada. O marketing holístico, portanto, reconhece e concilia o escopo e as complexidades das atividades de marketing. A figura 18 fornece uma visão geral dos quatro componentes abrangentes que caracterizam o marketing holístico: o marketing de relacionamento, o marketing integrado, o marketing internado e o marketing de desempenho. As empresas de sucesso mantêm seu marketing em constante transformação, seguindo as mudanças em seu mercado físico (marketplace) e no mercado virtual (marketspace). FIGURA 18 - Dimensões do Marketing Holístico Fonte: Adaptado de Kotler e Keller (2013). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 121 FIGURA 19 - O certo e o errado em marketing Fonte: Adaptado de Kotler e Keller (2013). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 122 Segmentação de Mercados (Clientes) Segundo Chiavenato (2011), não existem dois clientes iguais e é extremamente difícil – se não impossível – satisfazer a todos os vários clientes de uma mesma maneira. Para atender às diversas necessidades do mercado, torna-se necessário concentrar esforços em grupos menores – ou segmentos. Em cada segmento, os clientes tendem a ter certas similaridades entre si, como características pessoais, comportamento de compras ou aspectos psicológicos. A empresa pode apelar para alguns segmentos do público consumidor e desenvolver diferentes compostos de marketing que se ajustem às necessidades e aspirações de cada segmento. A segmentação de marketing decompõe o mercado heterogêneo em pequenos segmentos homogêneos. É o contrário do mercado de massa. O autor acrescenta que quando o mercado é heterogêneo, surge a necessidade de dividi-lo e fragmentá-lo em segmentos para melhor compreendê-lo. A essa divisão e fragmentação se dá o nome de “segmentação de mercado”. A segmentação permite que cada segmento possa ser trabalhado de modo específico e personalizado e merece uma atenção especial. Cada segmento de mercado é um submercado constituído de clientes ou consumidores bastante parecidos e homogêneos e que reagem de forma semelhante aos produtos e serviços da empresa. A empresa segmenta seu mercado quando não tem recursos suficientes para atendê-lo em sua totalidade e quando os clientes formam grupos heterogêneos. Quando há muita concorrência, a empresa deve fazer ofertas para segmentos cujas necessidades não são satisfeitas por ofertas do mercado de massa. A segmentação do mercado é baseada nas características pessoais dos consumidores. Veja a seguir as bases de segmentação de mercado, segundo Chiavenato (2011). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 123 • Segmentação quanto às características do consumidor: - segmentação demográfica: envolve as características que proporcionam o perfil do consumidor, como idade, sexo, renda, estado civil (casados, solteiros, separados, etc.), educação, residência e nível socioeconômico (classes A,B, C e D), e que determinam seu comportamento de compra. É a divisão do mercado pelo perfil demográfico da clientela. É a segmentação mais utilizada; - segmentação geográfica: divide o mercado de acordo com a localidade do consumidor que possa suas necessidades e desejos de compra. Constitui a área territorial de venda do produto ou serviço - P/S. Refere-se aos pontos de distribuição do P/S a ser comercializado. A empresa que utiliza a segmentação geográfica efetua as vendas de maneiras diferentes em cada segmento territorial. • Segmentação quanto ao comportamento de compra do consumidor: - segmentação pelo uso do produto: analisa a maneira como o cliente utiliza ou consome o P/S; - segmentação pelo benefício percebido pelos clientes: analisa a informação sobre desejos e necessidades do consumidor e transforma essa informação em programas de marketing que criam e enfatizam a satisfação de tais desejos. Trata-se de identificar as necessidades básicas que os consumidores buscam satisfazer; - segmentação pelo estilo de vida: analisa como os consumidores passam seu tempo em atividades, as coisas que têm importância e interesse para eles, o que é de valor, bem como os seus sentimentos a respeito deles próprios e do mundo que os rodeia. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 124 A segmentação do mercado permite definir a quem será feita a oferta do P/S da empresa ou a que tipos de cliente a empresa deverá se orientar e como irá tratar cada parcela diferente do mercado. Para cada segmento, a empresa adota um esquema diferente e apropriado. Composto de Marketing: Produto, Preço, Praça e Promoção - aAtualização dos 4Ps McCarthy classificou várias atividades de marketing em ferramentas de mix de marketing de quatro tipos amplos, os quais denominou os “4P’s do Marketing”: Produto, Preço, Praça (ou Ponto de Venda) e Promoção (do inglês “product”, “price”, “place” e “promotion”). As variáveis de marketing sob cada P são mostradas na figura 20. No entanto, em virtude da abrangência, complexidade e riqueza do marketing – como exemplifica o marketing holístico – claramente, esses quatro Ps não representam mais todo o cenário. Se os atualizarmos para que reflitam o conceito de marketing holístico, obteremos um conjunto mais representativo que envolverá as realidades do marketing moderno: pessoas, processos, programas e performance, como ilustra a figura 20. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 125 FIGURA 20 - Os 4Ps do mix de marketing Fonte: Adaptado de Kotler e Keller (2013). As Pessoas refletem, em parte, o marketing interno e o fato de que os funcionários são fundamentais para o sucesso do marketing, pois ele será tão bom quanto às pessoas dentro da organização. Também refletem o fato de que as empresas devem ver os consumidores como pessoas e compreender suas vidas em toda sua amplitude, e não apenas como alguém que compra e consome produtos. Os Processos refletem toda a criatividade, a disciplina e a estrutura incorporadas à administração de marketing. As empresas devem evitar planejamento e tomada de decisão ad hoc e assegurar que ideias e conceitos avançados de marketing desempenhem o devido papel emtudo o que fazem. Somente com a instauração do conjunto certo de processos que orientem atividades e programas, uma empresa pode se envolver em relacionamentos de longo prazo, mutuamente benéficos. Um importante conjunto de processos leva a empresa a gerar de forma criativa insights e inovações em bens e atividades de marketing. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 126 Os Programas refletem todas as atividades da empresa direcionadas aos consumidores. Eles englobam os quatro Ps e também uma gama de outras atividades de marketing que podem não se encaixar perfeitamente à antiga visão de marketing. Independentemente de serem on-line ou off-line,tradicionais ou não, essas atividades devemser integradas de tal forma que seu todo seja maior do que a soma de suas partes e que realizem múltiplos objetivos para sua empresa. Define-se Performance, assim como o desempenho no marketing holístico, aquela que captura o leque de possíveis indicadores de resultado que tenham implicações financeiras e não financeiras (lucratividade, bem com brandequity e custumerequity) e implicações que vão além da própria empresa (responsabilidade social, no contexto jurídico, ético e comunitário). Por fim, na verdade, esses novos 4Ps se aplicam a todos os setores dentro da empresa, e, pensando assim, os gerentes ficam mais intimamente alinhados ao restante da companhia. FIGURA 21 - A evolução da administração de marketing Fonte: Adaptado de Kotler e Keller (2013). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 127 Marketing Digital Falar de internet não é novidade. Ela está acessível todos por meio do acesso ae-mails, sites,compras em lojas virtuais, além das redes sociais, como as ferramentas do Google, Facebook, Twitter, WhatsApp, LinkedIn,Instagram, Snapchat, etc. De certo modo, apesar de fazermos tanto o uso da internet em nossos computadores pessoais, tablets,smartphones, algo que incorporamos às nossas vidas tão rapidamente, esquecemos às vezes que a internet é também utilizada por nossos clientes e consumidores. Como clientes e consumidores não conseguimos viver, comercial e socialmente, sem usar a internet, sem as mídias sociais, com nossos blogs, redes sociais, sites colaborativos e de jogos. Eles transformaram decisivamente o nosso relacionamento com as empresas, marcas e produtos. Segundo Torres (2010), os consumidores, antes focados nas mídias, recebiam informações sobre empresas e produtos através do jornalismo ou da publicidade. Nos dois casos, a empresa tinha algum controle, através das relações públicas e da propaganda paga. Além disso, os negócios de varejo utilizavam o ponto de venda, sua localização, como uma arma poderosa para atrair novos clientes. O autor acrescenta que tudo isso mudou, e mudou muito rapidamente. Os consumidores têm agora ferramentas de busca poderosas, que permitem localizar estabelecimentos comerciais próximos ao local onde estão naquele momento. Os blogs se tornaram a fonte de informação principal de muitos consumidores, principalmente aqueles que falam sobre marcas e produtos, comentando sobre a experiência de uso. As redes sociais se tornaram um canal de comunicação constante entre consumidores, GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 128 que relatam em detalhes o que compram, como utilizam e o que acharam dos produtos e serviços. O e-commerce se popularizou, ao ponto que qualquer empresa recém-criada, pode competir, na venda por produtos e serviços, tanto com as grandes redes quanto com os estabelecimentos comerciais que investiram tanto em lojas bem localizadas. Trata-se de um cenário assustador. No entanto, é possível, por meio de conjuntos de ações estratégicas, aproveitar as oportunidades criadas pelas internet, evitando que os clientes atuais migrem para seus novos concorrentes e fazendo com que clientes novos apareçam. Torres (2010) afirma que não basta enviar milhares de e-mails para desconhecidos ou criar uma campanha de links patrocinados no Google. Para aproveitar a internet no seu negócio, sem desperdiçar dinheiro ou recursos, e estabelecer vantagens competitivas mais permanentes, você tem que ter uma estratégia coerente, eficiente, e eficaz, que transforme a internet em um aliado do seu negócio hoje, amanhã e sempre. É por isso que o marketing digital existe. O marketing digital é o conjunto de estratégias de marketing e publicidade, aplicadas a Internet, e ao novo comportamento do consumidor quando está navegando. Não se trata de uma ou outra ação, mas de um conjunto coerente e eficaz de ações que criam um contato permanente da sua empresa com seus clientes. O marketing digital faz com que os consumidores conheçam seus negócios, confiem nele, e tomem a decisão de compra a seu favor (TORRES, 2010). Entendendo o Consumidor On-line O marketing digital a cada dia vem ganhando mais importância para os negócios e empresas. Isto se deve a uma mudança no comportamento do consumidor, que está utilizando cada vez mais GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 129 a internet como meio de comunicação, informação, relacionamento e entretenimento. Esta mudança vem acompanhada do avanço da tecnologia.Torres (2010) afirma que o consumidor busca informações relevantes sobre produtos e serviços, não somente para encontrá-los, mas principalmente para conhecer as experiências de outros consumidores. Um exemplo disso é a rápida e fácil consultaao YouTub e ou Google para encontrar um vídeo ou artigo que apresente um comparativo entre smartphones, ou uma análise entre as diferenças da TV Plasma, LCD e LED ou ainda para analisar diferentes hotéis para escolher o de sua melhor conveniência. No entanto, o maior número de consultas à internet tem a finalidade de auxiliar os usuários como fonte de informação para decidir qual produto ou serviço irá comprar. Hoje, na internet, as informações vêm de blogs, fóruns de discussão, sites de vídeo, como o YouTube, Vimeo, Flickr, etc., sites colaborativos, como a Wikipedia, e outros sites que chamamos de “mídias sociais”. São sitesnos quaiso conteúdo é produzido pelos próprios consumidores e que geram informações atualizadas sobre basicamente qualquer atividade econômica, produto ou serviço do planeta. Há várias formas possíveis de se fazer uso da internet para alcançar o consumidor. Então, qual seria a mais recomendada?Para se realizar uma estratégia econômica e adequada, é necessário conhecimento sobre o tema, resultado de pesquisa e muito planejamento. Neste sentido, Torres (2010) desenvolveu um modelo de sete estratégias, que permite trabalhar a internet de forma integrada e eficiente, produzindo resultados controlados e uma análise sobre o retorno do investimento. Segundo Torres(2010), para a sua empresa crescer e se desenvolver, ela tem que estar onde o seu cliente está, assim sua empresa tem que estar presente na internet e desenvolver uma estratégia de GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 130 marketing digital eficiente. Mediante ao que foi abordado, pode-se concluir que o consumidor: 1. pesquisanas ferramentas de busca por conteúdo; 2. utilizaas mídias sociais e é afetado por elas; 3. propagaas informações que recebe de outros para seus amigos quando as julga interessantes; 4. utilizao e-mail, mas é muito seletivo em relação ao que recebe em sua caixa postal; 5. é afetado pela publicidade on-line, embora em pequena escala. Ao se reunir todos essas características,é possível definir um modelo de marketing digital voltado ao contato constante com os consumidores, tirando o máximo proveito de cada uma das ferramentas da internet e aumentando a exposição de sua marca. Neste sentido, Torres (2010) propõe as “Sete Estratégias do Marketing Digital”, conheça-as a seguir. 1. Marketing de conteúdo: é o conjunto de ações de marketing digital que visam produzir e divulgar conteúdo útil e relevante na internet para atrair a atenção e conquistar o consumidor on-line. 2. Marketing nas mídias sociais: é o conjunto de ações de marketing digital que visa criar um relacionamento entre a empresa e o consumidor para atrair a sua atenção e conquistar o consumidor on-line. Ele envolve basicamente o relacionamento com seus clientes através da internet. Um dos grandes erros das empresas nas mídias sociais é querer fazer propaganda de seus produtose serviços sem ao menos criar relacionamento com seu público. 3. Marketing viral: é o conjunto de ações de marketing digital que visa criar repercussão, o chamado “buzz”, o boca a boca, uma grande repercussão da sua mensagem de uma para milhares ou GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 131 milhões de pessoas. É uma poderosa ferramenta que permite atingir muitas pessoas na internet e propagar sua mensagem. 4. E-mail marketing: é parte do marketing digital, e embora seja a ferramenta mais utilizada pelas pequenas empresas, ela seguramente é a ferramenta de marketing digital mais mal utilizada por todas as empresas. O e-mail marketing é basicamente marketing direto que visa estabelecer um contato direto com o consumidor, passando para ele a sua mensagem. Mas na internet o marketing direto e o e-mail marketing sofrem muito com o volume vergonhoso de e-mails enviados a todos, muitos deles, se não a maioria, inúteis. Assim, o desafio do e-mail marketing para as empresas é se diferenciar dos demais e realmente ser útil. Segundo o autor, é necessário conseguir que o consumidor: • não apague seu e-mail; • não coloque seu e-mail como spam; • leia o assunto do seu e-mail e se interesse; • abra o seu e-mail e leia o seu conteúdo; • continue interessado em ler outros e-mails que você enviar. Para conseguir tudo isso,o autor propõe uma regra de ouro do e-mail marketing: enviar informações úteis para as pessoas certas e que desejam recebê-las. 5. Publicidade on-line:é o conjunto de ações de marketing digital que visam divulgar a marca ou produto da empresa e podem ser similares às ações de publicidade convencionais. Entretanto, a mídia on-line é diferente em diversos aspectos da mídia convencional, e, portanto a publicidade on-line tem suas características próprias. Ela envolve várias mídias e tecnologias, como os banners, banners interativos, podcasts, vídeos, widgetse jogos on-line. Além disso, a comercialização, em alguns casos, é muito distribuída, e nem sempre se estará pagando pela publicação. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 132 E, principalmente, o público de cada mídia é muito diferente e nem sempre bem estabelecido, ou fácil de determinar. Assim, as pequenas empresas devem conhecer bem todas as alternativas da publicidade on-line para definir o que mais interessa para o seu negócio. 6. Pesquisa on-line: é o conjunto de ações de marketing digital que visam conhecer melhor o consumidor, o mercado, a mídia e os concorrentes que afetam o seu negócio. Para trabalhar com o marketing digital, e mesmo para fazer sua empresa vender mais e crescer, é necessário pesquisar. A pesquisa on-lineenvolve o uso das informações que existem na internet para criar uma inteligência digital para sua empresa. 7. Monitoramento: é o conjunto de ações de marketing digital que visam acompanhar os resultados das estratégias e ações, visando aprimorar o marketing e sua eficiência. No monitoramento, monitoram-sesite,blog e todas as ações de marketing digital, melhorando o que não está dando certo e reforçando o que está. Isso quer dizer, reforça o autor, que além de implantar as primeiras seis estratégias do marketing digital, deve-semonitorar osite e todas as ações para medir os resultados e aprender com eles. Lembre-se: se não se pode medir, não se pode melhorar. De acordo com o autor, com esse conjunto de estratégias,as empresas podem trabalhar ações de marketing digital, integradas ao contexto do seu negócio e às ações convencionais de marketing e publicidade, ganhar eficiência e foco e se concentrar naquilo que é mais importante para as empresas: servir seus clientes. Essa abordagem cobre de modo consistente a grande maioria das possíveis formas de contato disponíveis atualmente que as empresas podem ter com seus consumidores. Com estas estratégias implantadas de forma integrada,as empresas estarão presentes na internet e poderão tirar o máximo proveito desta nova era da comunicação global. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 133 Foi aos 17 anos que Alexandre Costa recebeu seu primeiro desafio como empreendedor. Na época, revendia chocolates de uma indústria e recebeu uma encomenda de 2 mil ovos de 50g. O que ele não sabia era que aquela encomenda era praticamente impossível, pois o tamanho dos ovos estava fora de linha.Para não decepcionar os clientes, ele resolveu comprar matéria-prima em uma loja especializada do ramo e, com ajuda da Dona Creusa, uma senhora que fazia chocolates caseiros, realizou seu primeiro trabalho próprio. Com lucro aproximado de R$ 500,00, o rapaz iniciou suas atividades na Páscoa de 1988, momento em quenasceu a Cacau Show, no bairro da Casa Verde, em São Paulo.A empresa foi impulsionada em seu primeiro contrato, em 1990, poruma empresa de varejo, mas foi em 1996 que seus chocolates estouraram, fazendo com que Costa aproveitasse esse empreendimento no mercado. De porta em porta, Alexandre Costa saia vendendo seu produto. Enquanto isso, os escritórios da empresa já ocupavam quatro andares. Por falta de espaço, em 2000, um dos distribuidores precisou alugar uma sala para colocar a enorme encomenda, e essa sala se tornou a primeira loja da Cacau Show. Em 2004, já contavam com 230 estabelecimentos e, no ano seguinte, ganhou o prêmio de melhor franquia do ano pela Editora Globo. Nos anos consecutivos, a Cacau Show foi crescendo de uma forma tão intensa que se tornou reconhecida como uma das empresas de chocolates finos mais especializada do Brasil ereconhecida por diversas pesquisas. Hoje, a empresa soma mais de 1.000 lojas espalhadas por todo o país, além de prêmios e reconhecimentos. Alguns deles: Empreendedor do Ano 2011, categoria Master, pela Ernst & Young Terco; Prêmio ABF-AFRAS Destaque Sustentabilidade 2012 pelo projeto “Brincando e Aprendendo”, desenvolvido pelo Instituto Cacau Show; Prêmio Pequenas Empresas & Grandes Negócios, como uma das três melhores franquias na categoria GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 134 Cafeteria e Confeitaria; Prêmio Jovens Lideranças na categoria Varejo; Prêmio Lojista Alshop na categoria Chocolate &Doceria e Prêmio ABF Excelência em Franchising 2012. Em 2010, Alexandre Costa lançou um livro “Uma trufa e 1000 lojas” que conta a história da sua empresa. De certo modo, o volume é um manual de empreendedorismo, que, de forma literária, aborda temas relevantes para qualquer empreendedor. Persistência, diferencial, disciplina e realidade são pontos que Costa aborda no livro e que servem de lição para qualquer jornada empreendedora. Revisão Nesta unidade foi trabalhado mais um pouco sobre os conceitos de marketing, sendo mostrado que temos marketing em todos os lugares, seja informalmente ou não, fato que nos leva a refletir sobre a possibilidade de explorar as inúmeras oportunidades que vêm às nossas mãos. Você estudousobre o “marketing empreendedor”, uma denominação abrangente queinclui elementos de duas áreas de estudo relativamente amplas: marketing e empreendedorismo. Trata- se de uma área de estudo ainda nova, com pouco mais de duas décadas de estudo. Você estudou também quea rede de relação (relacionamento) exerce grande influência sobre todas as atividades de marketing realizadas pelos empreendedores, pois, além de ser uma parte integrante deste processo, as redes de relação permeiam e sustentam todas as outras atividades do processo de marketing empreendedor. A unidade mostrou que os gerentes de marketing buscam influenciar o nível, a oportunidade e a composição da demanda para atender aos objetivos da organização e que são possíveis oito tipos de demandas:negativa; inexistente; latente; em declínio; GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 135 irregular; plena; excessiva e indesejada. Mostramos que frente à nova realidade de marketing,a filosofia que deve orientar os esforços de marketing de uma empresa, cada vez mais, é o conceito de marketing holístico. A unidade também mostrou que a segmentação do mercado é baseada nas características pessoais dos consumidores e que, por conta disto, as bases de segmentação de mercado se definemquanto às características do consumidor. Por fim, foi mostrada a atualização do mixde marketing, especificamente o modelo dos quatro Ps,a evolução da administração de marketing e o marketing de digital. Desfrute do material. Boa sorte! Quer saber mais e aprofundar seu conhecimento? Veja algumas dicas que ajudarão você no seu desenvolvimento. Filmes À PROCURA da felicidade.Direção: Gabriele Muccino. Produção: Todd Black, Jason Blumenthal, James Lassiter, Will Smith, Steve Tisch, Teddy Zee. EUA. 2006. DVD (117 min.). Filme “À Procura da Felicidade”trata de um pai de família que enfrenta sérios problemas financeiros e se torna um exemplo de garra e determinação. A REDE social. Filme. Direção: David Fincher. Produção: Dana Brunetti, Michael de Luca, Scott Rudin. EUA. 2010. DVD (121 min.). “A Rede Social”,filme americano de 2010, trata sobre a fundação da rede social “Facebook” e seus desdobramentos. CHEF.Direção: Jon Favreau. Produção: Jon Favreau, SergueiBespalov. EUA. 2014. DVD (114 min.). O filme“Chef”tem a seguinte sinopse: após perder o seu emprego GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 5 136 como chef de um restaurante, Carl decide abrir um trailerde comida para recuperar seu instinto criativo, ao mesmo tempo em que busca se aproximar da sua família. Artigos MARTINS, Jacquison Almeida et al. A influência da mídia no futebol escolar. Revista Científica Eletrônica de Ciências Aplicadas, Itapeva, 6, p. 1-10, 2009. Disponível em: <http://fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/ arquivos_destaque/tmHl6iAOc8ESwt2_2014-4-22-15-44-54.pdf>. Acesso em: 13 out. 2016. PONTES;Mayara Fernanda Lima; SANTOS, Mariól Siqueira. A influência da mídia na educação física e no esporte.Revista CientíficaEletrônica de Ciências Aplicadas, Itapeva.p. 1-5,.Disponível em: <http://fait.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/ tFZq1PlWR602Pvc_2014-4-22-15-20-10.pdf>. Acesso em: 13 out. 2016. SARTURI, Priscila et al. Empreendedorismo em farmácias e drogarias: o perfil dos profissionais da cidade de Guarapuava - PR. Convibra, p. 1-18. Disponível em: <www.convibra.org/dwp.asp?id=8112&ev=30>. Acesso em: 13 out. 2016. SEBRAE.Marketing para farmácias e drogarias. Disponível e m : < h t t p : // w w w. b i b l i o t e c a s . s e b r a e . c o m . b r / b i s / d o w n l o a d . zhtml?t=D&uid=0b566cfb145fd86e49113b3248901c3e>.Acesso em: 13 out. 2016. Formas de assessoria e financiamento para novos empreendimentos • Fontes de assessoria para o empreendimento • Como financiar seus empreendimentos • Programas do governo brasileiro • Revisão Introdução No decorrer do nosso curso você já estudou conceitos de empreendedorismo e compreendeu os passos a serem dados para transformar ideia em oportunidades. Na Unidade 4 apresentamos o CANVAS e o Plano de Negócios, que são ferramentas que contribuem com as chances de sucesso de um novo empreendimento. Já na Unidade 5 tivemos a oportunidade de conhecer importantes conceitos sobre economia criativa e empreendedorismo social sustentável. Contudo, estamos cientes de que dar início a um novo empreendimento não é um processo simples. Por isso, nesta unidade mostraremos os trabalhos realizados por incubadoras de empresa, parques tecnológicos e aceleradoras. Em seguida iremos abordar a importância do Sebrae para os empreendedores brasileiros e o conceito de Franchising. Essas instituições podem contribuir para que a suas ideias saiam do papel, pois em todas elas você poderá receber aconselhamentos e trocar informações sobre os seus empreendimentos. Saiba que de nada adianta ter boas ideias, conhecer boas oportunidades e ter aconselhamento adequado se você não possui recursos. Sendo assim, na segunda parte dessa unidade iremos apontar diversos caminhos que você pode utilizar para financiar seus sonhos, dentre eles o financiamento coletivo (crowdfunding). Por fim, iremos apresentar alguns programas de políticas públicas desenvolvidos pelo governo brasileiro que podem ser úteis para pequenos empreendedores. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 140 Como futuro empreendedor, pesquisar mais e decidir qual delas pode ser mais útil para o seu negócio. Fontes de assessoria para o empreendimento Neste primeiro momento iremos falar sobre incubadoras, parques tecnológicos, SEBRAE e sobre Franchising. Em todos os casos caberá a você, como futuro empreendedor, pesquisar mais e decidir qual delas pode ser mais útil para o seu negócio. Incubadora Muitos empreendedores desenvolvem produtos ou serviços inovadores na área de gestão , contudo, vários desses projetos são abandonados. As incubadoras têm um papel fundamental no desenvolvimento de novos negócios, tendo em vista que elas oferecem ambiente físico propício para inovação, interação das empresas incubadas com universidades, assessorias para o desenvolvimento de planos de negócios e para captação de recursos junto a órgãos de fomento, e diversas formas de aconselhamento com especialistas de diferentes áreas. Você terá a oportunidade de conhecer mais sobre o assunto em um texto disponível na estrutura didática dessa unidade. Não deixe de lê-lo, pois ele será essencial para o seu processo de aprendizado. Parques tecnológicos De acordo com Santos e Parejo (2003), os Parques Tecnológicos têm sua origem durante a década de 1930, em Palo Alto, região de São Francisco, no estado da Califórnia (EUA), junto à Universidade de Standord. Essa experiência acabou resultando no surgimento do Silicon Valley (Vale do Silício). É importante ressaltar que, em 1951, o Professor Frederick Terman fundou o Stanford Research Park, em uma área que pertencia à universidade. Em um primeiro momento, as empresas que se GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 141 instalaram lá eram resultantes dos estímulos dados por Terman aos alunos de Engenharia Elétrica. Anos depois, diversas empresas de tecnologia instalaram-se naquela região (SANTOS, 2003). Atualmente o Vale do Silício abriga empresas como Google, Facebook, Intel, Hewllet-Packard (HP), eBay e Apple, e diversas outras empresas de base tecnológica. FIGURA 22 - Silicon Valley área (Vale do Silício) FIGURA 23 - Apple Campus Fonte: [Silicon Valley] Disponível em: <http://lukewalsh.co.uk/blog/uploaded_ images/Silicon-Valley-746836.jpg>. Acesso em 22 jul. 2015. Fonte: [Entrada Apple Campus] Disponível em: <http://canaltech.com.br/conteudo/ Adriano/Sede_da_Apple/Apple-Entrada-do-Infinity-Loop.jpg>. Acesso em 22 jul. 2015. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 142 FIGURA 24 – Google FIGURA 25 – Intel FIGURA 26 – HP Fonte: [Entrada prédio Google] Disponível em: <http://canaltech.com.br/conteudo/ Adriano/Google/Google-Predio.jpg>. Acesso em 22 jul. 2015. Fonte: [Entrada prédio Intel] Disponível em: <http://imagens.canaltech.com. br/26102.41004-intel.jpg>. Acesso em 22 jul. 2015. Fonte: [Entrada prédio HP] Disponível em: <http://extras.mnginteractive.com/live/ media/site568/2015/0302/20150302__0303hp2~1.JPG>. Acesso em 22 jul. 2015. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 143 O vultuoso crescimento do Vale do Silício é frutode uma constante troca de conhecimento entre as empresas que lá se instalaram e das pesquisas desenvolvidas em Stanford e demais centros de pesquisa da região (SANTOS e PAREJO, 2003). Ocorreu na Rota 128, rodovia que está próxima à região metropolitana de Boston, localizada no Estado de Massachusetts (EUA). Assim como no Vale do Silício, diversas empresas de tecnologia instalaram-se na região em virtude da mão de obra qualificada oriundas de renomadas instituições de ensino, como MIT (Massachusets Institute of Technology), A Harvard University e a State University of Massachusets e Bonston University. (SANTOS, 2003). Os dois casos apresentados serviram como referência para que outros países desenvolvessem estruturas físicas, de modo que empresas de base tecnológicas pudessem se instalar próximas aos grandes centros de pesquisas e universidades (SANTOS, 2003 e FIGLIOLI, 2013). Dessa forma, nota-se claramente o interesse dos governos de diversos países em criar Parques Tecnológicos como uma política pública capaz de promover a interação e aprendizado, e fortalecimento das relações entre universidades, empresas e sociedade (FIGLIOLI, 2013). Agora que você teve uma ideia de onde surgiu o conceito de Parque Tecnológico, gostaríamos de apresentar alguns conceitos básicos. De acordo com a Aprontec, os Parques Tecnológicos são: ”(...) complexo produtivo industrial e de serviços de base científico-tecnológica. Planejados, têm caráter formal, concentrado e cooperativo, agregando empresas cuja produção se baseia em Pesquisa e Desenvolvimento GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 144 (P&D). Assim, os parques atuam como promotores da cultura da inovação, da competitividade e da capacitação empresarial, fundamentados na transferência de conhecimento e tecnologia, com o objetivo de incrementar a produção de riqueza de uma determinada região.” (Aprontec) Já para Figlioli (2007): “Os parques tecnológicos são empreendimentos imobiliários planejados, com uma estrutura administrativa institucionalizada, que visa a promoção por meio de mecanismos de transferências de conhecimento, localizados em uma área geográfica delimitada dentro, ou próxima, ao campus de Universidades ou instituto de pesquisas, com os quais mantém relações formais.” (FIGLIOLI, 2007, p 31) Dessa forma, empresas que já tenham encontrado um modelo de negócio que seja viável e atuem diretamente com inovação, e que se beneficiam de parcerias com centros de pesquisas e universidades devem ter atenção às possibilidades de se instalarem em Parques Tecnológicos. No Brasil, atualmente, existem mais de 30 Parques Tecnológicos. Para que uma empresa se instale em um desses parques, é necessário observar requisitos especificados no edital, bem como questões relacionadas ao valor do aluguel e benefícios que a empresa terá. Você terá a oportunidade de compreender um pouco melhor sobre esse assunto por meio de um vídeo que gravamos com o presidente da BHTec (Parque Tecnológico), Professor Ronaldo Pena. Para saber mais acesse: BH Tec. Parque Técnologico de Belo Horizonte. Disponível em: <http://bhtec.org.br/>. Acesso em 22 jul. 2015. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 145 Aceleradoras As aceleradoras são empresas que prestam assessoria completa para startups que apresentam grande potencial de crescimento. Na maioria dos casos, os programas de aceleração variam de seis meses a um ano, e, durante este período, a empresa conta com uma estrutura completa, desde um espaço físico na própria aceleradora, até mesmo aconselhamento de experts em sua área de atuação. A aceleração ainda permite que as empresas tenham seus custos operacionais reduzidos e, na maioria dos casos, tornam-se lucrativas e sustentáveis. Contudo, as aceleradoras passam a ter uma fatia da empresa, ou seja, a startup passa a ter um novo sócio. Os investimentos iniciais feitos pelas aceleradoras ocorrem em empresas que possuem entre um e três anos, produtos comercializáveis e uma base de clientes ativos. Os investimentos realizados variam entre R$50 mil e R$350 mil. Embora não haja uma regra sobre o tema, normalmente as aceleradoras passam a ter direito a uma parcela das empresas que pode variar entre 5% e 20%. Portanto, além de uma assessoria completa, as aceleradoras contribuem com o capital necessário para que a empresa possa dar grandes saltos de crescimento. Tendo em vista que cada aceleradora tem sua própria forma de trabalho, gostaríamos de sugerir que você visite alguns sites para aprender mais sobre o assunto: Tecmallsa. Aceleradora de startups e negócio de alto impacto. Disponível em: <http://www.techmallsa.com.br/>. Acesso em 22 jul. 2015. 21212. Digital acelerador. Disponível em: <http://21212.com/>. Acesso em 22 jul. 2015. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 146 Uma das aceleradoras mais famosas do mundo é a Y Combinator, que desde 2005 já financiou mais de 700 startups que atualmente valem mais de U$30 bilhões. Y Combinator. Financiador de startups em estágio inicia. Disponível em: <https://www.ycombinator.com/>. Acesso em 22 jul. 2015. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) O Sebrae é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que atua como agente de promoção do desenvolvimento por meio de uma estrutura de apoio a pequenos negócios espalhados pelo Brasil. A instituição oferece cursos presenciais e em EAD que são voltados não só para quem quer abrir o próprio negócio, mas também para aqueles que querem aprender mais sobre gestão. Além disso, o Sebrae presta consultorias para empreendedores em suas unidades que estão espalhadas por todo o Brasil. Uma das aceleradoras mais famosas do mundo é a Y Combinator, que desde 2005 já financiou mais de 700 startups que atualmente valem mais de U$30 bilhões. Franchising De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), durante o ano de 2013, as franquias movimentaram R$115 bilhões por meio das suas 2703 redes de franquia e 114.409 unidades franquiadas espalhadas no Brasil. Os números apresentados apontam um alto crescimento das franquias e é por isso que gostaríamos de falar mais um pouco sobre o assunto. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 147 Talvez, mais do que saber números, você deve estar se perguntando como funciona esse modelo de negócios. Para que isso seja possível, vamos contar uma pequena história sobre a rede de franquia mais conhecida do mundo: Ray Kroc era um vendedor de multimixers, que era um tipo de máquina que despejava bebidas em vários copos ao mesmo tempo. Na década de 1950, com mais de cinquenta anos, em um momento em que a economia não ia nada bem, ele recebeu uma encomenda de oito dessas máquinas de um restaurante localizado na cidade de San Bernadino, na Califórnia (EUA) (PESCE, 2011). A demanda chamou a atenção de Kroc, que fez questão de ir conhecer o restaurante. Chegando lá, ele ficou impressionado. Era um estabelecimento relativamente simples em que os clientes faziam os pedidos e os recebiam rapidamente em seus próprios carros. Isso só era possível em virtude de uma linha de montagem criada para a preparação da comida (PESCE, 2011). Um detalhe importante havíamos esquecido de comentar. O nome do restaurante que Kroc havia visitado chamava-se Mc Donald´s. Após conhecer a forma de funcionamento do Mc Donald´s, já com 52 anos de idade, Kroc conversou com os proprietários e se encarregou de expandir as operações do negócio (PESCE, 2011). De lá para cá a marca expandiu-se por todo o mundo e, no Brasil, de acordo com informações retiradas do site da empresa, ela é operadapela Arcos Dourados, que é uma máster franqueada da marca McDonald´s em toda a América latina. Quando falamos em Franchising, precisamos considerar sempre duas partes: o franqueador, que é quem desenvolveu a marca e a forma de funcionamento do negócio e o franquiado, que é quem irá utilizá-la de acordo com determinados padrões previamente estabelecidos. Como futuro empreendedor, pesquisar mais e decidir qual delas pode ser mais útil para o seu negócio. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 148 O franquiado recebe diversas formas de apoio quando busca abrir uma franquia. O Subway, por exemplo, oferece apoio a financiamento, ajuda a selecionar o ponto, oferece propaganda e publicidade, apresenta projeto de operação e projeto financeiro. Além disso, o franqueador oferta diversos tipos de cursos, com o objetivo de manter as operações de todos os negócios padronizadas. De acordo com o Sebrae, existem diversas vantagens em abrir uma franquia. Dentre elas gostaríamos de destacar: • começar o negócio com uma marca que já possui reconhecimento no mercado; • apoio do franqueador; • melhor planejamento dos custos de instalação, com base na experiência do franqueado. Contudo, ao abrir uma franquia, é necessário tomar alguns cuidados com as possíveis desvantagens: • pouca flexibilidade, tendo em vista que a busca pela padronização do modelo de negócios faz com que os controles sejam frequentes; • caso haja algum problema na rede, o franquiado poderá ser prejudicado. Como financiar seus empreendimentos No decorrer da nossa disciplina tivemos a oportunidade de discutir questões relacionadas à transformação de ideias em oportunidades, trabalhamos com ferramentas como Plano de Negócios, CANVAS e Design Thinking. Tudo isso é muito importante. Contudo, o início de um novo empreendimento demanda um capital inicial. Algumas GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 149 pessoas elaboram planos e modelam seus negócios, mas ficam estáticas quando percebem que não possuem recursos suficientes para começar um empreendimento. Neste tópico iremos apresentar as principais fontes de financiamento para que você possa dar o seu primeiro passo. Capital próprio Muitos empreendedores dão inicio aos seus negócios com o seu próprio capital. Nesse caso, a pessoas fazem reservas durante algum tempo com esse propósito e esses recursos tornam-se extremamente úteis para a fase inicial do empreendimento. De acordo com Wolheim e Remus (2012), o capital próprio é uma das formas de financiamento mais utilizadas, tendo em vista que ela evita que o empreendedor se endivide ou tenha que captar recursos com investidores, que é um processo complexo e muitas vezes lento. É importante destacar que o capital a ser utilizado na abertura de um novo negócio não pode estar vinculado a nenhum outro compromisso pessoal do empresário, pois a abertura de uma empresa gera riscos. Sendo assim, o empreendedor deve estar ciente de que ele pode ter ótimos retornos financeiros com seu empreendimento. Entretanto, também pode nunca mais reaver esse recurso investido. O empreendedor que utiliza o capital próprio também deve ter capacidade fazer estimativas das despesas necessárias para abertura do negócio de forma assertiva. Em alguns casos, o capital acaba antes que o empreendimento tenha entrado em operação. Tal situação é extremamente desconfortável, tendo em vista que nesses casos torna-se difícil avançar ou retroceder com os planos (WOLHEIM e REMUS, 2012). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 150 Em alguns casos, é possível observar empreendedores que utilizam o seu patrimônio para financiar novos negócios. Um bom exemplo dessa situação seria a venda de um imóvel ou automóvel, com o objetivo de converter o patrimônio em recursos financeiros. O patrimônio utilizado para financiar o empreendimento não pode ser essencial para a sobrevivência do futuro empresário, tendo em vista o risco envolvido na abertura de um novo negócio, bem como a demora para se obter os primeiros retornos. Fs (friends, family e fools) Outra importante fonte de recurso financeiro pode ser obtida de maneira informal por meio de amigos (friends) e familiares (family), e tolo (fools). Esta última palavra é uma brincadeira que se faz com aqueles que se propõem a emprestar recursos de maneira informal, mais pela relação de amizade do que pelo negócio em si (SPINA, 2011). Importantes negócios começaram assim, Sam Walton, fundador da Walmart começou o seu negócio com US$20 mil dólares que ele pegou emprestado com seu sogro. Já o fundador da Amazon.com, Jeff Bezos, vendeu cotas da sua empresa no valor de US$ 100 mil. Alair Martins, fundador do Grupo Martins, maior empresa atacadistas de alimento do Brasil, também utilizou dinheiro do seu pai para criar a empresa (NAKAGAWA, 2011). Pegar dinheiro emprestado com amigos e parentes exige alguns cuidados básicos, tendo em vista que as pessoas podem não saber o risco que envolve um empreendimento em seu estágio inicial. Sendo assim, é recomendável o máximo de transparência para que essas pessoas não sejam surpreendidas no futuro. Mais do que GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 151 isso, é importante que o empreendedor se resguarde de problemas de relacionamentos decorrentes de dívidas que ele não terá capacidade de honrar, caso as coisas não saiam como esperado. De acordo com Nakagawa (2011), a captação de recursos pode ocorrer de duas formas: TABELA 1 – Captação de recursos Fonte: Elaborado pelo autor. EMPRÉSTIMO SÓCIO INVESTIDOR Exerce função administrativa. Conforme cláusula estabelecida no contrato social. Não exerce função administrativa. Conforme cláusula estabelecida no contrato social. Pode ser formal: quando há contrato entre as partes. Ou informal: quando há apenas um compromisso verbal. É importante destacar que a documentação e formalização dos empréstimos, além de vantagens, evita problemas no futuro. Nakagawa (2011) menciona que determinados documentos auxiliam no entendimento da obrigação entre as partes, taxa de juros (de preferência abaixo do mercado) e formas de quitação. Além disso, um contrato, mesmo que seja simples, pode ser relevante para o empreendedor que pretenda captar recursos com outros investidores. Linhas de crédito bancário Muitos empreendedores, após constatarem que o capital próprio ou de familiares não será suficiente para iniciar o novo negócio, optam por fazer empréstimos bancários. A obtenção desse tipo de recurso ocorre por meio de endividamento da empresa, que nada mais é do que a aquisição de capital de terceiros mediante pagamento de juros. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 152 Ao optar por fazer empréstimos bancários, fique atento! Quanto mais incerto for seu negócio, mais difícil será a obtenção de taxas de juros mais baixas. De qualquer forma, em muitos casos, os empréstimos bancários podem ser vantajosos para o empreendedor. De acordo com Nakagawa (2011) esse tipo de captação não traz a perda do patrimônio, ao contrário do que acontece quando o recurso é levantado junto a investidores (neste caso o investidor passa a ser dono de parte da empresa). Por outro lado, de acordo com Nakagawa (2011), o risco da empresa aumenta à medida que o endividamento também aumenta. Além disso, o empréstimo, na maioria das vezes, exige garantias patrimoniais. Antes de fazer um empréstimo bancário, analise todas as ofertas de linha de crédito disponíveis no mercado. Diversos especialistas recomendam que a captação desses recursos ocorra antesque a empresa esteja endividada, pois isso gera insegurança para os bancos. Dessa forma, você corre o risco de pagar taxas de juros mais altas e ou até mesmo nem conseguir o crédito de que você precisa. Capital de risco A utilização de capital de risco para financiamento de empresas de pequeno e médio porte é, na maioria das vezes, uma solução mais atrativa e menos complexa do que a realização de empréstimos bancários (PAVANI, 2003). Quanto mais incerto for seu negócio, mais difícil será a obtenção de taxas de juros mais baixas. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 153 Os bancos fazem suas análises de crédito com base no desempenho passado das organizações, tendo em vista que isso permite avaliar a capacidade de a empresa gerar caixa para pagamento dos juros e amortizações dos empréstimos. Contudo, as empresas, em seus estágios iniciais, dificilmente terão um histórico com os documentos exigidos pelos bancos. Além disso, exigências de garantias contratuais e altas taxas de juros muitas vezes inviabilizam a tomada de empréstimo por pequenas empresas em bancos comerciais (PAVANI, 2003). Já o investidor de risco acredita no sucesso da empresa que vai investir. A partir do momento que ele se torna sócio do negócio, ele contribui não só com capital, mas também com o seu conhecimento do negócio. Portanto, além de alto envolvimento com as empresas, o investidor, em algumas situações, pode fazer interferências diretas (de acordo com as cláusulas contratuais). (PAVANI, 2003). Investidores anjos Os investidores anjos são pessoas físicas que têm interesse em aplicar recursos em empresas que estão em estágios iniciais. Normalmente esses investidores possuem grande conhecimento na área em que pretendem fazer seus investimentos e capacidade de contribuir com o sucesso do negócio. FIGURA 27 – Investidor anjo Fonte: [Investidor anjo] Disponível em: <http://startupi. com.br/wp-content/uploads/2014/08/business_angel_ investor_investidor_anjo.png>. Acesso em 22 jul. 2015. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 154 Investidor anjo: distancia-se da ideia dos 3 Fs (familiy, friends and fools), tendo em vista que o investimento é realizado em um negócio cujo o empreendedor não é seu amigo nem membro da sua família (SHANE, 2008). Embora no Brasil o investimento-anjo ainda seja uma prática pouco disseminada, o mesmo não ocorre em outros países. Nos Estados Unidos essa é a principal forma das empresas emergentes se capitalizarem e representa um valor de aproximadamente 50 bilhões investidos por ano (TORRES, 2008). De acordo com Spina (2012) o investimento-anjo tem por objetivo financiar startups (empresas emergentes). Além dos recursos, o investidor também agrega valor com conhecimento, experiência e relacionamentos, o que, na maioria das vezes, aumenta as chances de sucesso do negócio. Os recursos oriundos do investidor anjo normalmente são utilizados para a realização de gastos com a criação da empresa, pagamento dos primeiros funcionários, desenvolvimento e lançamento dos produtos ou serviços da empresa. Um levantamento realizado pela associação Anjos do Brasil mostra que é comum que este tipo de investimento seja realizado por um grupo de dois a cinco investidores. Dessa forma o risco é diluído, mas é imprescindível que seja definido os investidores-líderes, com o objetivo de tornar o processo de investimento mais célere. Nesse caso, a média investida costuma variar entre R$200 mil e R$500 mil reais. Caso o investimento seja realizado por um único investidor, o valor investido costuma ficar entre R$20 mil e R$100 mil. Sendo comum no mercado brasileiro que o anjo fique com 15% a 30% do empreendimento, conforme negociações entre as partes (CARDOSO, 2014). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 155 Buscar um investidor anjo é uma excelente oportunidade para a empresa, principalmente no seu estágio inicial, pois está dando os seus primeiros passos. É importante destacar que esse tipo de investimento apresenta grande risco. Caso a empresa não tenha a evolução esperada, o investidor também perderá o dinheiro aplicado. Portanto, é comum que o investidor faça diversas análises com objetivo de verificar o potencial do novo negócio (SPINA, 2012). Antes de buscar um investidor anjo, é necessário que você saiba que este tipo de financiamento de recurso tem como principal vantagem a ausência de juros que você teria que pagar, caso fosse até um banco pegar algum tipo de empréstimo. O investidor passa a ter uma parte do seu negócio, que normalmente varia entre 15% e 30%. Após período estipulado em contrato, o investidor anjo irá vender sua parte para o próprio empreendedor ou para terceiros. Trata-se de uma relação temporária, caso contrário o investidor não conseguiria recuperar o capital investido. Se você estiver certo de que este é o caminho mais adequado para que o seu negócio possa alavancar, é necessário que você busque saber muitas informações sobre o investimento-anjo. Esses profissionais normalmente possuem vasta experiência como empreendedor ou executivo de grandes empresas. Com isso, eles têm capacidade de contribuir não só com recursos, mas também com decisões estratégicas (SPINA, 2012). Algumas dicas para captar recursos com investidores anjos. • Não procure um investidor anjo apenas com uma ideia. O ideal é que você já tenha desenvolvido o CANVAS ou seu Plano de Negócios (conforme conceitos na Unidade 4), para que você consiga mostrar o quanto a sua empresa pode crescer. Questões É importante destacar que esse tipo de investimento apresenta grande risco. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 156 • básicas, como público alvo e tamanho do mercado, principais concorrentes e seus principais pontos fortes, e pontos fracos são informações iniciais que você deve ter antes de entrar em contato com o investidor. • Caso a sua empresa ainda não esteja em funcionamento, você pode apresentar um protótipo de como seria sua operação. Lembre-se: a prototipagem é uma fase essencial do Design Thinking que você teve a oportunidade de estudar na Unidade 5. • O investidor anjo não é a opção adequada quando você não tem empresa e quer apenas lançar produtos. Nesse caso, recomenda- se que, em um primeiro momento, seja realizada o registro de patente, com o objetivo de proteger a propriedade intelectual. Em um segundo momento é possível negociar a licença e o processo de fabricação junto a uma empresa do setor. Ao identificar o potencial investidor, o empreendedor deve encaminhar um sumário executivo da empresa. De acordo com Nakagawa (2011), esse documento tem sido disponibilizado nos sites das redes de anjos brasileiras. Cabe ao interessado preenchê- lo de forma adequada com os dados da empresa para que ele possa ser analisado por um comitê formado por investidores da rede. Em outros casos, como é o caso da Floripa Angels, há um link no próprio site que direciona o empreendedor para uma tela em que ele deve preencher informações básicas sobre a empresa, como: nome, e-mail e site, ou blog, e uma descrição sucinta do negócio que deve conter no máximo 30 palavras (projetos promissores podem ser apresentados em poucas palavras). Além disso, no caso específico da Floripa Angels, o empreendedor deve enviar uma apresentação em PDF que seja concisa e contenha as seguintes informações: • Problema a ser resolvido; • Solução da proposta; GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 157 • Apresentação da equipe; • Tamanho do mercado; • Necessidade de investimento; • Informações que você julgar importante.Fonte: http://www.floripaangels.org/envie-seu-projeto A apresentação do negócio para futuros investidores é realizada por meio de pitch. É a oportunidade que o empreendedor tem para mostrar seu modelo de negócios e seus protótipos. Normalmente, os pitch ou pitch elevator (discurso do elevador) é muito dinâmico e pode durar entre três e cinco minutos. Isso significa que a apresentação deve ser capaz de atrair interessados com o conceito do negócio. Caso o empreendedor convença o investidor de que o negócio é inovador e escalável, e o processo de análise contínua (SPINA, 2011). O processo de avaliação dos negócios dura mais de 90 dias. Embora esse tempo possa parecer longo, ele é essencial não só para que os investidores compreendam as características dos negócios que eles pretendem investir, tendo em vista o risco da aplicação, mas também para que os empreendedores conheçam o investidor, que terá um papel decisivo no futuro da empresa (SPINA, 2011). Portanto, o empreendedor deve ter atenção, pois a busca deve ser feita com antecedência. Isso demonstra capacidade de organização e aumenta possibilidade de sucesso de uma boa avaliação. De acordo com Nakagawa (2011), uma forma de encontrar um investidor seria buscar em redes de investidores anjos. No Brasil, atualmente, há uma associação chamada Anjos do Brasil, que possui muitas informações sobre o tema. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 158 Após fazer uma listagem com o nome dos potencias investidores, Nakagawa (2011) recomenda que o empreendedor comece o contato com aqueles que ele já conhece pessoalmente. Contudo, caso isso não seja viável, é possível usar a teoria dos seis graus de separação, que parte da premissa que seis pessoas (no máximo) separam uma pessoa da outra no mundo. Sendo assim, o empreendedor pode começar do grau zero, mas caso não consiga, ele pode partir para pessoas do grau 1. Certamente acessar o investidor dessa forma aumenta a sua receptividade. Para conhecer um pouco mais, acesse os sites abaixo: Anjos do Brasil. Entidade de fomento ao investimento-anjo apoiando o empreendedorismo de inovação. Disponível em: <http://www. anjosdobrasil.net/para-empreendedores.html>. Acesso em 22 jul. 2015. Curitiba Angels. Investimento anjo para empreendedores originais e realizadores. Disponível em: <http://www.curitibaangels.com.br/>. Acesso em 22 jul. 2015. Vitoria Investidores Anjos. Associação privada com o objetivo de promover o desenvolvimento de empresas do Espirito Santo. Disponível em: <http:// vitoriainvestidoresanjos.com.br/>. Acesso em 22 jul. 2015. Capital semente O capital semente ou o Seed Capital é considerado algo recente no Brasil. Capital semente (Seed Capital): Trata-se de uma modalidade de capital de risco realizado na fase pré-operacional do negócio. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 159 O programa Inovar Semente, lançado pela FINEP (Fundação de Inovação e Pesquisa – Empresa Pública Vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia) em dezembro de 2005, foi uma iniciativa pioneira (NAKAGAWA, 2011). FIGURA 28 – Capital semente Fonte: Disponível em: <http://site.protec.org.br/uploads/noticias/imagens/shutterstock_58390957_2.jpg>. Acesso em 22 jul. 2015 O capital semente é o tipo de investidor que investe na fase inicial da empresa ou projeto, muitas vezes ainda na ideia e sem uma empresa estruturada, visando validar o modelo de negócios e dar os primeiros passos da empresa (CRIATEC, 2009, p.10). Em 2007 o BNDS lançou o fundo Criatec I, que é um fundo de investimento criado com objetivo de financiar empresas inovadoras de pequeno porte com faturamento de até R$1,5 milhões por ano. Em 2013, o BNDS lançou o Criatec II, com características de política de investimento um pouco diferente do primeiro, tendo em vista que o foco são empresas inovadoras com faturamento até R$10 milhões por ano. De acordo com Nakagawa (2011), os fundos de capital semente possuem uma forma de operação muito parecida. Normalmente, eles investem em empresas que estão geograficamente próximas aos seus escritórios. Isso ocorre porque os fundos, além contribuírem com capital, também buscam implantar boas práticas de gestão e governança nas empresas que investem. É interessante destacar que seed capital está ganhando força no Brasil, porque os fundos de Venture Capital por aqui não funcionam nos mesmos padrões dos fundos de Venture Capital Norte Americanos, ou seja, investindo em empresas no seu estágio inicial. Nos EUA, os fundos de Venture Capital fazem aporte de recursos em empresas que concluíram a prototipação de produtos ou serviços. Facebook, Starbucks, Google e GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 160 Apple são apenas alguns exemplos de empresas que receberam este tipo de investimento (NAKAGAWA, 2011). No Brasil, os fundos de Venture Capital investem mais em empresas de pequeno porte e estáveis, que estão se tornando empresas de médio porte. Com o seed capital, os investidores anjos passaram a ocupar exatamente essa posição. Contudo, esses dois tipos de capital de risco apresentam algumas diferenças básicas: • Os investidores anjos, na maioria das vezes, são pessoas físicas, mantém uma estrutura operacional básica e não está sujeito ao controle da Comissão de Valores Imobiliários. • Os fundos de seed capital precisam de uma estrutura que permita a prospecção de clientes, análise de investimentos, recurso para realização de viagens e visitas, gastos com due diligence (tipo de auditoria que permite verificar passivos da organização antes dos investimentos). Normalmente, os fundos têm uma duração de 10 anos. Venture capital O Venture Capital (VC) tem como objetivo o desenvolvimento de empresas inovadoras. Nesse caso, o empreendedor cede uma parte das ações da empresa ao investidor. Caso o negócio se valorize, o investidor poderá vender a parte da empresa para recuperar o capital aplicado. Se a valorização não ocorrer, o empreendedor não terá uma dívida decorrente do financiamento, ao contrário do que ocorre quando se realiza um empréstimo no banco. Investimento que ocorre em empresas de pequeno e médio porte com grande potencial de crescimento, o Venture Capital financia as primeiras expansões, elevando a empresa a novos patamares do mercado (CRIATEC, 2009, p.10). Com o seed capital, os investidores anjos passaram a ocupar exatamente essa posição. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 161 Os fundos de Venture Capital, quando comparados aos de capital semente, fazem investimentos mais altos, tendo em vista que a empresa já possui e já superou a sua fase como startup. Além disso, a empresa já terá validado seu modelo de negócio, portanto o capital pode contribuir com a expansão da empresa. Os investidores que aplicam recursos em fundo de VC têm como objetivo obter retornos com a venda de sua parte da empresa. Esse processo pode durar entre 4 e 10 anos (CRIATEC, 2009). É importante destacar que os fundos podem gerar contribuições relevantes para a boa gestão e contatos importantes. Em alguns casos, o auxilio não financeiro pode se tornar mais importante do que o investimento em si. Crowdfunding O Crowdfunding (financiamento coletivo) é um processo no qual pede para um público em geral doações para financiar empreendimento em estágios iniciais. Isso permite que empreendedores e proprietários de pequenos negócios possam evitar o Venture Capital e investidores anjos para apresentar seus produtos diretamente aos usuários da internet, que irão prover retorno financeiro caso gostem do produto ofertado. Figura 29 - Crowndfunding Fonte: disponívelem: http://www.quickenloans.com/ blog/wp- Acesso em 06/07/2015 GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 162 A ideia básica do crowdfunding (financiamento coletivo) é que você pode obter capital para seus projetos por meio de projetos e de recompensas de criativas. Portanto, essa é uma forma extremamente interessante para que você possa dar vida aos seus projetos, como gravar um disco, escrever um livro, montar uma peça teatro ou fazer uma viagem muito especial. Segue abaixo um exemplo para que você possa compreender como funciona o financiamento coletivo. Exemplo Veja as recompensas ofertadas: Em junho de 2014, a banda Dead Fish optou por fazer o lançamento do seu sétimo álbum de forma independente. Para tornar viável o projeto, eles fizeram uma campanha no Cartase (site de financiamento coletivo). A meta do Dead Fish era arrecadar R$60 mil. Em um mês e meio a campanha arrecadou R$258.766 mil. A banda ofertou recompensas de acordo com os valores doados pelos interessados, que variavam de R$25,00 a R$1000,00. De acordo com o Relatório da Indústria de Crowdfunding (The Crowdfunding Industry Report), elaborado pela Massolution, destacou-se que, em 2012, mais de dois milhões de projetos foram financiados via crowdfunding no mundo inteiro. Eles arrecadaram U$2.7 bilhões de dólares, sendo que mais de trinta milhões de pessoas contribuíram com isso. Atualmente, o Kickstarte é o maior site de financiamento coletivo do mundo. Fundado em 2009, apoia projetos de diversas categorias, como filmes, games, música, artes, design e tecnologia. Até o presente momento, mais de sete milhões de pessoas apoiaram pelo menos um projeto, mais de dois milhões apoiaram dois projetos e duzentos e setenta mil pessoas apoiaram dez projetos ou mais. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 163 Desde o início da sua operação, o site levantou mais de U$ 1 bilhão, com setenta e seis mil projetos bem sucedidos (www.kickstarte. com). O Cartase é considerado a maior comunidade de financiamento coletivo brasileira. Mais de 180 mil pessoas já apoiaram pelo menos um projeto e 1,5 projetos foram bem sucedidos. Além disso, o site levantou mais de 25 milhões de reais para investir em ideias. Embora os números de Cartase possam parecer tímidos, perto da Kickstarte, é importante ressaltar que esse tipo de modelo de negócio tem apresentando rápido crescimento no Brasil. Portanto, fique atento, pois essa pode ser uma ótima forma de arrecadar recursos para o seu financiamento. Fizemos um levantamento dos sites nacionais (Tabela 1) de Crowdfunding. Identificamos projetos dos mais variados tipos que conseguiram ser financiados dessa forma: jogos, livros, estudos no exterior, filmes, peças de teatro. TABELA 2 - Sites de crowdfunding brasileiro http://catarse.me/pt/projects http://www.kickante.com.br/ http://www.salvesport.com/ http://www.juntos.com.vc/ http://www.opote.com.br/ Recebe projetos de diversas categorias: arquitetura e urbanismo, arte, artes plásticas, ciência e tecnologia, cinema e vídeo, comunidade, meio, dança, design, educação, esporte, eventos, gastronomia, humor, jogos, literatura e meio ambiente, música, moda, teatro e web. A juntos.com.vc é uma organização sem fins lucrativos que possibilita o financiamento de projetos com impacto social. Recebe projetos de diversas categorias: causas (educação, meio ambiente, crenças e religião, comunidade), criativo (vídeo, teatro, moda, humor), empreendedorismo (gastronomia, inovação, eventos, esportes, pequenos negócios, tecnologia, startup, demo day). Crowdfunding para projetos relacionados ao esporte. O único que também recebe projetos incentivados para o doador possa usufruir de renúncia fiscal. O Pote está à procura de PROJETOS CRIATIVOS E BEM ESTRUTURADOS. O mais importante é que sejam PROJETOS CRIATIVOS, que inspirem pessoas que acreditam nele e que essas pessoas queiram não só acompanhá-los, mas também financiá-los. SITE CARACTERÍSTICAS DOS PROJETOS ACEITOS GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 164 Fonte: Elaborado pelo autor. http://www.garupa.juntos.com.vc/ http://benfeitoria.com/ https://www.startando.com.br As propostas devem estar relacionadas à criação, ampliação ou melhoria de roteiros de viagem, meios de hospedagem, passeios, restaurantes comunitários, centros de visitantes e outros serviços relacionados ao turismo, para citar alguns exemplos. Todo projeto que tenha interesse coletivo, promova impacto positivo e cuja proposta se beneficie (e seja viável) por essa dinâmica de crowdfunding - o que vai depender da sua relevância, credibilidade e força de divulgação. As categorias não são fixas e, de modo geral, relacionam-se à inovação e à cultura, por exemplo: Animação, Arte, Cinema e Vídeo, Comunidade, Dança, Design, Educação, Esportes, Eventos, Fotografia, Gastronomia, Jogos, Literatura, Moda, Música, Quadrinhos, Social, Teatro, Tecnologia, Web. Uma vez que seu projeto seja criativo, ele será devidamente analisado. Curiosidade A campanha mais bem sucedida de crowdfunding no Brasil A campanha da Bel Pesce, realizada pela Kickante, com o objetivo de financiar o tour do seu terceiro livro, O Legado A Menina do Vale 2, que passou por todas as capitais do país, teve a maior arrecadação oriunda de crowdfunding no Brasil. A meta da campanha era levantar R$260.000,00, mas ela foi encerrada com uma arrecadação recorde de R$889.410,37. Outro número que chama atenção é que 5210 pessoas contribuíram com a campanha em troca de recompensas que variavam de agradecimentos por e-mails e link para livros online (R$10,00), obrigado pelas mídias sociais, e direito a assistir à palestra+livro autografado (R$35,00). Agora que você já entendeu o que é o crowdfunding, é necessário que você saiba algumas vantagens que você teria ao utilizar essa forma de financiamento coletivo (STEINBERG, DeMARIA, KIMMICH, 2012): • Ao lançar uma campanha, você tem a oportunidade de fazer uma validação inicial do produto ou serviço que você GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 165 • está lançando. Vamos trabalhar com o seguinte exemplo para facilitar o seu entendimento (STEINBERG, DeMARIA, KIMMICH, 2012). Suponha que você esteja desenvolvendo um game que contribui para o aprendizado da Língua Portuguesa e optou por buscar recursos no financiamento coletivo. No encerramento da campanha você arrecadou menos da metade do valor esperado. Embora a campanha tenha fracassado, esse retorno pode colaborar para que você reformule o produto. Tendo em vista que a sua proposta inicial não foi validada pelo público. • O fracasso em campanhas desse tipo não faz com que você perca dinheiro, como acontece quando o empreendedor faz um empréstimo bancário. Isso ocorre porque a maioria das campanhas é do tipo tudo ou nada. Ou seja, caso o empreendedor não alcance a meta, as doações voltam para as pessoas e o empreendedor fica desobrigado a pagar as recompensas (STEINBERG, DeMARIA, KIMMICH, 2012). Ainda que algumas pessoas afirmem que isso pode prejudicar a imagem do empreendedor, isso só acontece em casos muitos específicos. O conhecimento gerado pelo erro pode ser essencial para que empreendedores possam alcançar sucesso no futuro (STEINBERG, DeMARIA, KIMMICH, 2012). • Ao fazer esse tipo de campanha, você deve entregar as recompensas prometidas dentro dos prazos estipulados. Embora haja uma série de cuidados nesta etapa, isso pode ser mais interessante do que ceder uma parte da empresa para investidores ou pagar juros decorrentes de empréstimos (STEINBERG, DeMARIA, KIMMICH, 2012). Sendo assim, gostaríamos de destacar que crowdfunding pode seruma ótima forma para financiar seu empreendimento. No entanto, é sempre importante analisar se você está preparado para fazer o GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 166 lançamento do seu produto e entregar as recompensas que forem prometidas. Programas do governo brasileiro O governo brasileiro, seja no âmbito federal ou estadual, tem desenvolvido programas que apoiem o empreendedorismo no país. A seguir iremos apresentar alguns deles para que você possa aproveitar essas importantes oportunidades. Programa Crescer: FIGURA 30 – Programa Crescer Fonte: [Crescer – Programa Nacional de Microcrédito] Disponível em: <http:// brazilplanet.com.br/wp-content/uploads/2013/10/O-Crescer-Programa-Nacional- de-Microcr%C3%A9dito-Produtivo-e-Orientado.jpeg>. Acesso em 23 jul. 2015. Trata-se de um programa do governo federal que oferece microcrédito a micro e pequenos negócios, que tenham faturamento anual de até R$120 mil reais ao ano ou R$10 mil reais ao mês. As taxas de juros são mais baixas do que as normalmente oferecidas em outros bancos comerciais. Esse tipo de empréstimo pode ser realizado por meio dos seguintes bancos: GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 167 • Banco do Brasil S/A • Caixa Econômica Federal • Banco do Nordeste do Brasil S/A • Banco da Amazônia. S/A Programa Start- Up Brasil FIGURA 31 – Programa Start – Up Brasil Fonte: [Startup Brasil] Disponível em: <http://www.fumsoft.org.br/wp-content/ uploads/2013/03/fumsoft_acelera_mg_startup_brasil_marcas_programa_mcti_ governo_federal.jpg>. Acesso em 23 jul. 2015. É o programa de aceleração de startups desenvolvido pelo Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação junto com aceleradoras e tem por objetivo apoiar em empresas de base tecnológica em seus estágios iniciais (StartUp Brasil. Plataforma que reúne mentores focados em estruturar e desenvolver novos projetos. Disponível em: <www. startupbrasil.org.br>. Acesso em 23 jul.2015.). A diferença desse programa de aceleração para o que mencionamos anteriormente é que durante o período de 12 meses em que as empresas estão vinculadas aos programas, elas têm acesso ao valor que pode chegar R$200 mil reais em bolsas de pesquisa e desenvolvimento para os seus profissionais. A FINEP (Fundação de Inovação e Pesquisa), vinculada ao MCTI, tem como missão a promoção do desenvolvimento econômico e social por fomento público à Ciência, Tecnologia e Inovação. Sendo assim, fique atento aos programas e linhas de financiamento disponíveis no site da FINEP, que podem ser reembolsáveis e não reembolsáveis. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 168 Captação de Recursos de Empresas Brasileiras Depois de um final de 2014 praticamente estagnado em investimentos de startups no Brasil, duas empresas anunciaram aportes nesta semana. Conheça: • A Cuponeria recebeu 800 mil reais do Verus Group. • A Sophie & Juliete anunciou 2,2 milhões de reais dos fundos Astella e também do Verus Group. A Cuponeria, que pertence ao grupo Buscapé Company, é uma plataforma de distribuição de cupons de desconto. Este é o segundo aporte da startup, que já foi acelerada pela Aceleratech. Segundo a empresa, o investimento será usado para melhorar, principalmente, a área de TI. Parte do investimento será aplicada em ações de marketing e branding. Em 2015, a meta da empresa é alcançar escala no negócio. Especializada em venda direta online de bijuterias e acessórios, a Sophie & Juliete foi criada em 2012 com aportes dos fundos IG Expansión e Redpoint e.ventures. Os 2,2 milhões de reais desta nova rodada vieram da Astella, que aportou 1,7 milhão de reais, do Verus Group, que colocou 1 milhão de reais, e também da Redpoint e.ventures. O valor será usado na empresa para investir em tecnologia, melhorando as ferramentas e funcionalidades do site. Até hoje, a empresa vendeu 130 mil peças pelo site e através de cinco mil consultoras. Para 2015, a expectativa é comercializar 300 mil peças. CUPONERIA e Sophie & Juliete anunciam aportes. 27 jan. 2015. In: sote “Startupi”. Disponível em: <http://startupi.com.br/2015/01/cuponeria-e-sophie-juliete- anunciam-aportes/>. Acesso em 23 jul. 2015. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 6 169 Revisão Nessa unidade tivemos a oportunidade de conhecer instituições que podem ser de grande relevância para o empreendedor que está dando os seus primeiros passos. Você aprendeu os conceitos de incubadoras, aceleradoras e vislumbrou até mesmo uma possibilidade de abrir uma franquia. Certamente você deve ter percebido que não obstante os empreendimentos tradicionais como comércio em lojas físicas e os mais diversos tipos de serviços continuem sendo essenciais para a nossa sobrevivência em sociedade, há uma grande tendência para produtos e serviços voltados para inovação e tecnologia. Na nossa próxima unidade iremos detalhar os conceitos de startups e algumas tendências voltadas para empresas nessa área. Isso não significa que modelos de negócios tradicionais serão instintos, estamos apenas fazendo um alerta para oportunidades que têm surgido no mundo do empreendedorismo. Sendo assim, fique atento às novas possibilidades que estão aparecendo, bem como os mecanismos de captação de recursos disponíveis no mercado atual. Anjos do Brasil. Entidade de fomento ao investimento-anjo apoiando o empreendedorismo de inovação. Disponível em: <http://www.anjosdobrasil.net/>. Acesso em 23 jul. 2015. Em busca de um investidor: o pitch ideal. Endeavor Brasil. (02:08) son.; color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=soT4TCqe0SY>. Acesso em 23 jul. 2015. Arranjos empresariais e startups • Clusters de inovação e arranjos produtivos locais • Empresas de base tecnológica • Startup: desenvolvimento e características • Revisão Introdução Olá, caros(as) alunos(as)! No decorrer do nosso curso tivemos a oportunidade de estudar diversos temas relevantes dentro do empreendedorismo. Agora é hora de dar um novo passo. Iremos apresentar três temas de grande relevância: • Clusters de inovação. • Arranjos produtivos locais. • Empresas de bases tecnológicas e startups. Em um primeiro momento iremos mostrar as forças que as empresas podem ter ao atuar de forma regionalizada. Existem diversos tipos de sistemas e arranjos possíveis. Contudo, nessa unidade iremos nos aprofundar nas ideias de clusters e arranjos produtivos locais. O objetivo é que você compreenda porque as empresas que estão no mesmo setor e na mesma região geográfica podem se beneficiar ao atuarem de forma conjunta. Essas redes são consideradas uma importante fonte de vantagem competitiva para as organizações. Em seguida você terá a oportunidade de aprender o conceito de empresa de base tecnológica (EBT) e porque os empreendedores devem ter atenção para este tipo de negócio. Existem pesquisas que evidenciam que as empresas que utilizam alta tecnologia têm mais chances de sucesso que as demais. Por fim, falaremos sobre startups, apresentaremos os principais conceitos e o caminho que você deve trilhar para desenvolver a sua. Espero que vocês gostem! GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 173 Clusters de inovação e arranjos produtivos locais ???? ?? ????? ???? ????? ?????? ?? ???? ???? A globalização representa uma mudança de paradigmas em diversas dimensões da nossa vida. Atualmente podemos fazer compras pela internet de produtos que estejam em qualquer lugar do planeta e recebê-lo em nossas casas em poucos dias. A abertura dos mercados e as facilidades em processos de comunicação e transporte poderiam, em tese, reduzir a relevância da localizaçãodas organizações em termos de competitividade. Em um primeiro momento, seria plausível pensar que não importa região de uma empresa, afinal de contas ela receberá os insumos que precisar e irá vender para qualquer lugar do mundo (PORTER, 1998). Contudo, você deve ter atenção para um detalhe importante. Algumas regiões do mundo são reconhecidas pelo potencial que possuem em determinados setores. Imagine, por exemplo, que você queira tomar um vinho brasileiro. Ele tem grandes chances de ter sido produzido nas Serras Gaúchas (RS), já que dados do Ministério da Agricultura revelam que 90% dos vinhos brasileiros têm origem naquela região. Quando o assunto é desenvolvimento de novas tecnologias e inovação, o Vale do Silício, região localizada no Estado da Califórnia, nos EUA, é maior referência mundial. Diversas empresas, como Google, Microsoft, Apple, Facebook, Intel e Yahoo estão instaladas lá. Uma boa estratégia de inovação é crucial para que os empreendimentos possam se tornar bem sucedidos e alcançar boa participação de mercado. Grandes empresas, via de regra, possuem parte do seu orçamento destinado ao processo de desenvolvimento de novos produtos. Já as empresas de pequeno porte (PMEs), que GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 174 estão nos seus estágios iniciais, vivem uma realidade diferente, tendo em vista que elas atuam com poucos recursos e tecnologias precárias. De acordo com KACHBA e KAZUO (2013), a adoção de desenvolvimento de produtos de forma coletiva é uma estratégia de inovação que contribui para superar os desafios do processo de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) enfrentado pelas PMEs. Sendo assim, é possível identificar regiões geográficas que se desenvolveram em virtude da cooperação e troca de conhecimentos entre as empresas em busca de inovações. Os estudos que analisam as aglomerações de empresas não são um fenômeno recente, prova disso é que o livro “Princípios da Economia”, de Marshall, de 1920, sinalizava que o agrupamento das indústrias aumentaria a competitividade das empresas, principalmente as de pequeno porte (SCHIMITZ e NADVI, 1999). De lá para cá, muitos conceitos têm surgido para definir arranjos que possam existir entre empresas que atuam em um mesmo local e no mesmo setor, bem como as possíveis relações existentes entre empresas e demais agentes econômicos e políticos. Este é o caso da administração pública, universidades, fornecedores de matérias- primas e clientes. Nesta seção iremos apresentar dois tipos de aglomerados: os cluster de inovação e os arranjos produtivos locais. Cluster de inovação Por mais que possa parecer paradoxal, PORTER (1998) destaca que na economia global as vantagens competitivas duradouras são decorrentes do pensamento local, que envolve relacionamentos e troca de conhecimentos entre empresas, universidades e governos. Isso é o que o autor chama de cluster. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 175 O cluster é uma concentração geográfica de empresas e instituições interconectadas em um determinado setor. De acordo com PORTER (1998), eles englobam um arranjo que conecta as indústrias e outras entidades consideradas relevantes para competição. Inclui-se fornecedores de matérias-primas, canais de distribuição e fabricantes de produtos complementares. Além disso, muitos aglomerados contemplam a participação de governos, universidades e associações comerciais. Já para TIDD e BESSANT (2009), os cluster podem ser definidos como: Redes formadas porque seus participantes se encontram próximos uns dos outros – por exemplo, na mesma região geográfica. O Vale do Silício é um bom exemplo de cluster que conta com proximidade. O conhecimento circula entre os membros da rede, mas é muito incentivado pela proximidade geográfica e pela habilidade de comunicação entre integrantes mais importantes” (TIDD, BESSANT, 2009, p. 122). Portanto, para ser considerado um cluster, é necessário que as empresas atuem no mesmo setor e estejam concentradas na mesma região geográfica. Nos clusters, normalmente, é possível identificar divisão de tarefas entre as empresas, aspectos relevantes para especialização. Em um cluster é possível observar tanto a competição quanto a cooperação entre as organizações. Isso ocorre porque, sem a competição, os clusters tendem ao fracasso (PORTER, 1998). A concorrência faz com que as empresas busquem continuamente melhorias em seus processos, produtos e serviços. Já a cooperação torna-se imprescindível, principalmente nas relações verticais que ocorrem dentro das cadeias produtivas. Nos clusters, normalmente, é possível identificar divisão de tarefas entre as empresas, aspectos relevantes para especialização. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 176 Sendo assim, podemos imaginar que, em cluster de empresas que atuam na fabricação de equipamentos de informática, podem existir inúmeras formas de cooperação entre fornecedores de matérias- primas e fabricantes de equipamentos, o que caracteriza uma relação vertical. Já a competição ocorre no nível horizontal, entre empresas que concorrem pelo mesmo mercado. AMATO NETO (2009) destaca que o ganho de eficiência coletiva é uma das características mais relevantes dos clusters, independentemente do seu nicho de atuação ou do tipo de produto ou serviço que oferecem. Isso significa que a ação coletiva dos atores, somada às economias externas locais, são capazes de gerar vantagem competitiva para as empresas que fazem parte do cluster. Por fim, não se pode deixar de destacar o seu papel econômico. De acordo com o TIDD, BESSANT e PAVITT (2008, p.432), é um “agrupamento regional de empresas para fomentar o crescimento econômico através da exploração de sinergias de inovação”. Um bom exemplo de cluster de inovação brasileiro é o Ecossistema Empreendedor de Campinas (SP), que está ligado à Unicamp e à PUC- Campinas. Esse cluster teve início em 1991 e é composto pela CIATEC (Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas), o Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, a Agência Inova e mais de 220 empresas que geram mais de 10 mil empregos (HSM, 2014 – Qual é o Mapa da Mina Brasileiro?). Além disso, esse cluster possui uma rede de empreendedores chamada Unicamp Ventures, que é um espaço de relacionamento e colaboração para a busca de compartilhamento de conhecimentos de empreendedores ligados à Unicamp. A rede que tem como sua missão básica fomentar a colaboração entre empreendedores abriga empresas em estágio inicial, com pouco ou nenhum faturamento, e até mesmo aquelas que possuem faturamento GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 177 superior a R$100 milhões. Estima-se que a riqueza produzida pelas empresas que compõem a Unicamp Ventures já tenha ultrapassado o valor de R$1 bilhão (Unicamp Ventures). Arranjo Produtivo Local (APL) Atualmente, o RedeSist, um grupo de pesquisa vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realiza diversos estudos sobre APL. O grupo, que é coordenado pelos professores José Eduardo Cassiolato e Helena Lastres, apresenta o seguinte conceito para APL: “Arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais – com foco em um conjunto específico de atividades econômicas - que apresenta vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas – que podem ser desde de produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes entre outros – e suas variadas formas de representaçãode associação. Incluem também diversas organizações públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisas desenvolvimento e engenharia, política, promoção e financiamento.” (CASSIOLATO e LASTRES, 2005, p.3). É importante que você perceba que o conceito de APL é mais abrangente do que o de cluster. Este está mais voltado para a relação existente entre empresas. Já aquele destaca-se por envolver agentes econômicos, políticos e sociais. LÜBECK, WITTMANN e SILVA (2012), após vasta pesquisa na literatura sobre cluster e arranjos produtivos locais, apresentaram os conceitos abaixo, que contribuem para melhor compreensão sobre diferenças básicas entre as duas nomenclaturas. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 178 O cluster é definido como uma “concentração geográfica de empresas e instituições interconectadas por uma mesma cadeia produtiva, no qual cada empresa mantém sua independência e a interação é insipiente” (LUBECK, WITTMANN e SILVA, 2012, p.128). Já os Arranjos Produtivos Locais (APLs) são definidos como: “Aglomerações geográficas de agentes econômicos, políticos e sociais pertencentes a uma mesma cadeia produtiva e/ou setor econômico e que apresentam vínculos na articulação, interação, cooperação e aprendizagem sob uma estrutura de coordenação não-hierárquica das ações e atividades do arranjo.” (LUBECK, WITTMANN e SILVA, 2012, p.128). Portanto, fica claro que a estrutura de coordenação das ações é uma característica dos APLs e não dos clusters. De acordo com SUZIGAN et al (2006), os APLs devem proporcionar aos produtores um conjunto de benefícios em virtude da aglomeração de empresas em uma mesma região. Contudo, o autor destaca que tais arranjos possuem uma configuração complexa, uma vez que envolvem diversos subsistemas de produção, como é o caso da logística, distribuição, comercialização, desenvolvimento tecnológico. Além disso, os APLs são fortemente influenciados por questões econômicas, sociais e institucionais. Características relevantes dos APLs: • Possibilitam a sociabilização e compartilhamento de conhecimento tácito, que é um tipo de conhecimento que não está codificado, portanto mais difícil de ser transmitido (CASSIOLATO e LASTRES, 2005). • Possuem governança, que é uma forma de coordenação entre os agentes e atividades (CASSIOLATO e LASTRES, 2005). • São compostos por uma diversidade de atividades e atores os APLs são fortemente influenciados por questões econômicas, sociais e institucionais. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 179 • econômicos políticos e sociais (CASSIOLATO e LASTRES, 2005). • Amplia o contingente de mão de obra especializada e com habilidades específicas ao sistema local (SUZIGAN et al, 2006). • Atrai fornecedores especializados de matéria-prima, componentes e serviços (SUZIGAN et al, 2006). • Aumento de competitividade por meio de ações conjuntas, como compra coletiva de matéria-prima, promoção de cursos de capacitação, criação de cooperativas de crédito, centros tecnológicos entre outras (SUZIGAN et al, 2006). Exemplo de Arranjo Produtivo Local No município de Nova Serrana – MG existe um famoso APL da indústria de calçados. Atualmente são 53 empresas fabricantes de calçados masculinos, 110 fabricantes de calçados femininos e 691 empresas fabricantes de tênis. Os fabricantes de calçados de Nova Serrana e região têm alcançado inúmeros benefícios em virtude dessa aglomeração regional, como • aumento da produção em virtude da profissionalização do design; • profissionalização da gestão racionalização dos processos produtivos. O APL de Nova Serrana contempla preocupações que vão além das questões diretamente ligadas à produtividade da empresa. O programa Aprender (alfabetização de funcionários da empresa) e projetos de produção mais limpa, que visam à conservação do meio ambiente, são ótimos exemplos de ações coordenadas desse APL (O ARRANJO Produtivo Local. 22 jul. 2015. In: site “Fiemg”. Disponível em: <http://www.fiemg.org. br/Default.aspx?tabid=659>. Acesso em 22 jul. 2015.). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 180 Empresas de base tecnológica Após ter aprendido tanto sobre empreendedorismo no decorrer desse livro, gostaríamos de fazer uma breve reflexão. Caso você fosse montar o seu empreendimento hoje, como ele seria? Qual seria a sua área de atuação? Que tipo de tecnologia você utilizaria? Qual modelo de negócio você utilizaria? Seria interessante que você parasse a leitura e tentasse responder a essas questões colocando as respostas no papel. Certamente eu não terei a oportunidade de ler o que você escreveu, mas o que iremos apresentar a seguir pode ajudá-lo a repensar suas repostas. As empresas de base tecnológica (EBT) têm como principal característica sua capacidade de utilizar tecnologias inovadoras. Normalmente, tais empresas gastam boa parte do seu orçamento com Pesquisa e Desenvolvimento de novos produtos e as pessoas que nela trabalham possuem formação técnico-científica, em muitos casos, na área de Engenharia e Tecnologia (MACHADO et al., 2001). Isso significa que uma empresa que desenvolva um aplicativo que ajude seus usuários a manter a boa forma por meio de dicas nutricionais ou uma empresa que desenvolva cosméticos podem ser consideradas uma EBT. Contanto que elas sejam capazes de inovar em seus produtos e utilizem conhecimentos técnico- científicos. Caso você tenha a impressão de que este tipo de empresa é algo que está distante da sua realidade, saiba que você está equivocado. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 181 O conhecimento técnico advém de diversas áreas de conhecimento, o papel do empreendedor consiste em estruturá-lo por meio de um modelo de negócios que seja viável. Em um livro chamado “Solo Fértil: Como Identificar Grandes Oportunidades para Empreendimento de Alta Tecnologia”, Scott Shane (2004) afirma que os empreendedores que criam empresas de alta tecnologia têm mais chances de sucessos do que aqueles que empreendem em negócios com baixa tecnologia. De acordo com Shane, não resta dúvida de que existem diversos empreendimentos que possuem baixa tecnologia e são muito lucrativos. Veja, por exemplo, o caso do Mc Donalds e do Walmart. Eles deixam claro a possibilidade de sermos bem sucedidos, mesmo quando não atuamos no setor de tecnologia. De toda forma, é importante que você preste atenção em um detalhe: “ser um empreendedor de sucesso envolve apostar no mais provável, não olhar para extremos” (SHANE, 2004). Não estamos querendo desestimular que você monte empreendimentos em setores tradicionais, contudo é importante que você saiba que na indústria de baixa tecnologia (varejo e restaurantes) as chances de fracasso são maiores e retornos financeiros são mais baixos. O nosso convite aqui é para que você analise com cautela o setor que você tem interesse em empreender. Diversas pesquisas têm mostrado que o empreendedor tem mais chances de criar empresas com alto crescimento em setores específicos. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 182 Startup: desenvolvimento e características Conceitos iniciais Ao pensarmos sobre a evolução dos empreendimentos no último século, iremos encontrar grandes mudanças na forma como produtos e serviços são comercializados. Até a década de 1970, o que existia era a comercialização de produtos físicos (roupas, eletrodomésticos, carros) em lojas físicas. A partir da década de 1980 passa a ser possível comprarmos produtos digitais (ex. softwares) em lojas digitais. Contudo,é a partir da década de 1990 que observamos o fenômeno das empresas ponto.com. Isso significa que diversos produtos físicos passaram a ser comercializados por meio de canais digitais. Mais recentemente deparamos com um novo contexto, no qual produtos digitais são comercializados por meio de canais digitais. Pense no seu dia a dia. Você certamente faz uso de diversos aplicativos, tanto em seu celular, quanto no seu computador. Todos eles são frutos dessa revolução digital. É dentro desse contexto que o termo startups vem se popularizando por todo o mundo. Mas afinal de contas, o que é uma startup? FIGURA 32 - Inovação Fonte: [Startup] Disponível em: <http://bizstart.com. br/wp-content/uploads/2013/12/3_6-startup-1.jpg>. Acesso em 22 jul. 2015. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 183 Em seu livro “Startup: Manual do Empreendedor”, STEVE BLANK e BOB DORF (2014) definiram uma startup como uma empresa de caráter temporário, que surge com o objetivo de buscar um modelo de negócios que seja recorrente, escalável e lucrativo. Uma startup é uma empresa pequena, ainda em um estágio inicial de desenvolvimento. A grande maioria delas atua em negócios com base tecnológica que utilizam canais digitais para distribuição de seus produtos. No momento em que são criadas, as startups não sabem exatamente quais são as necessidades dos seus clientes e desconhecem o modelo de negócios que tornará viável o seu crescimento. Sendo assim, elas deverão ser capazes de testar possíveis modelos de negócios (BLANK e DORF, 2014). Também é importante destacar que ela tem caráter temporário. Isso ocorre porque depois de algum tempo em funcionamento, as startups podem seguir em duas direções distintas. Na primeira delas, os empreendedores identificam um modelo de negócio escalável, com grande potencial de crescimento, captam recursos e crescem até se tornarem uma grande empresa, na maioria das vezes com capital aberto. Esse processo aconteceu com empresas como o Google e o Facebook. Contudo, também existem diversas startups que caminham na direção contrária e encerram as suas atividades ainda muito pequenas. Para que você compreenda melhor o que falamos até aqui, vamos trabalhar com um exemplo muito simples. Imagine que você opte por montar um empreendimento. Após meses elaborando um plano de negócios, você inaugura a sua lanchonete. Como você foi cuidadoso com todos os detalhes e está atendendo à demanda dos seus clientes, em pouco tempo você passa a ter uma grande demanda (500 atendimentos por dia). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 184 FIGURA 33 - Lanchonete Fonte: [Lanchonete] Disponível em: <http://kalanga.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/05/interior-de- lanchonetes-4.jpg>. Acesso em 22 jul. 2015. Vamos supor que o sucesso do seu empreendimento seja tão evidente que você escolha por ampliá-lo para atender uma demanda estimada de 2500 clientes por dia. Essa ampliação, certamente, irá aumentar a sua receita em decorrência do aumento das vendas. Contudo, as despesas também terão um gasto significativo com a locação de um espaço maior, novos investimentos em móveis e contratação de novos funcionários. Isso significa que o seu empreendimento não te permite ter ganhos em escala. Agora veja o exemplo do Waze. Trata-se de um aplicativo criado em Israel, em 2008. Além de mostrar a melhor rota para se chegar em determinado local, ele permite com que os usuários do serviço possam trocar informações entre si, melhorando o percurso diário de todos. Em 2013, com apenas cinco anos de vida, o Waze foi vendido para o Google por um valor de aproximadamente $1,3 bilhões. De acordo como site de tecnologia da IG, em 2014, o Waze atendia 50 milhões de usuários em todo o mundo, sendo 6 milhões apenas no Brasil. Já o WhatsApp foi comprado pelo Facebook em 2014 por $16 bilhões. Atualmente, a sua base de clientes possui mais de 450 GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 185 milhões de usuários espalhados pelo mundo. Tais informações colocam em evidência a escalabilidade das startups. Como grande parte dessas empresas atua em ambientes digitais, o aumento da base de clientes não implica em aumento significativo de gastos. Isso permite grande lucratividade desses empreendimentos e ganhos consideráveis em escala. Após observar esses números, talvez você esteja pensando seriamente em montar sua startup. Contudo, precisamos fazer um alerta! O empreendedor nessa área deve saber conviver com o risco. ERIC RIES (2011, p.24) define uma startup como “uma instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de extrema incerteza”. Percebam que a definição do Ries é extremamente ampla. Ela não faz nenhum tipo de restrição com relação ao tamanho, nem com relação ao setor da economia no qual a empresa deve atuar para ser considerado uma startup (RIES, 2011). Elas podem nascer de organizações de grande porte, que criam empresas menores para desenvolver e comercializar uma determinada tecnologia, como ocorre com os spin-off corporativos. Também é possível identificar startups oriundas de spin-off acadêmicos, que ocorre com a criação de uma empresa para comercializar tecnologias que tiveram origens em pesquisas realizadas dentro das universidades. O ponto mais importante nesse conceito é o fato de que elas devem ser projetadas para enfrentar situações de grande incerteza, uma vez que ela desenvolve um produto ou serviço inovador. Sendo assim: “Abrir uma nova empresa, que seja um clone exato de negócios já existente, copiando modelo de negócios, precificação, cliente alvo e produto, pode até ser um investimento economicamente atraente, mas não é GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 186 uma startup, pois seu sucesso depende apenas da execução tanto que este sucesso pode ser modelado com grande exatidão.” (RIES, 2011, p.25) De acordo com THIEL (2014), novas tecnologias tendem a surgir por meio de novas empresas, como é o caso das startups. Isso ocorre porque, quando os negócios são menores, as pessoas conseguem perceber com mais clareza a missão de tornar o mundo melhor. Além disso, grandes organizações possuem hierarquias burocráticas, que são avessas ao risco e dificultam a inovação. Portanto, podemos afirmar que um dos pontos que facilita o processo de inovação dentro de uma startup é fato de que elas possuem uma estrutura enxuta, em que as pessoas interagem mais. Além disso, os empreendedores têm menos a perder do que uma empresa já consolidada. A experimentação e a aceitação de que as coisas podem dar errado ocupam o lugar do temor existente em grandes empresas. Resumo das características básicas das startups • Empresas em estágio inicial. • São transitórias e estão em busca de um modelo de negócios que sejam recorrentes, escaláveis e lucrativos. • Atuam em um ambiente de muita incerteza. • Desenvolvem produtos e serviços inovadores. • Podem surgir de diversos setores da economia. • As estruturas mais enxutas das startups permitem maior interação entre as pessoas e contribui para inovação. • Replicar um modelo de negócios já existente, mesmo que seja algo economicamente atraente, não significa criar uma startup. Grandes organizações possuem hierarquias burocráticas, que são avessas ao risco e dificultam a inovação. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 187 Desenvolvimento de clientes e movimento startup Enxuta Agora que você já sabe o que é uma startup, será necessário dar um passo importante. Nesta seção iremos abordar as metodologias do desenvolvimento de clientes de Steve Blank e da startupEnxuta, de Eric Ries, que são essenciais para quem quer montar um startup. A metodologia de desenvolvimento de clientes é fruto dos trabalhos de Steve Blank, que é uma das maiores referências em Empreendedorismo no mundo. Ele chegou ao Vale do Silício na década 1970 e, em pouco mais de 20 anos, criou oito startups. Atualmente, leciona Empreendedorismo na Stanford University, em Berkeley, e na Columbia University. O seu primeiro livro chama-se “Do sonho e revolução em 4 passos”, e o segundo, “Startup: Manual do Empreendedor”, que foi escrito com Bobo Dorf. Até bem pouco tempo atrás os empreendedores pressupunham conhecer o caminho correto para a criação de uma startup de sucesso. Eles adotavam modelos de desenvolvimento de produtos e clientes com base nos conceitos ensinados nas escolas de negócios. Contudo, as ferramentas de gestão aplicadas às grandes organizações apresentam grandes distorções quando são utilizados por empresas menores (BLANK e DORF, 2014). Na maioria das vezes, era possível observar empreendedores elaborando seus planos de negócios extremamente analíticos, contendo estimativas com as vendas dos futuros negócios, bem como definição do tamanho do mercado e diversos itens a serem monitorados para que o produto final seja alcançado. O grande problema desse tipo de plano é que eles dificilmente contribuem para o sucesso das empresas. Na verdade, 90% dos novos produtos fracassam quando utilizam essa lógica (BLANK e DORF, 2014). De acordo com Blank e Dorf (2014), existem noves pecados mortais que podem ser cometidos no lançamento de um produto: Grandes organizações possuem hierarquias burocráticas, que são avessas ao risco e dificultam a inovação. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 188 1. Presumir que “Eu sei o que o cliente quer.” Lembre-se: uma startup é uma empresa nascente em busca de um modelo de negócio. No primeiro dia de funcionamento ela não possui clientes. Sendo assim, no dia um, restringe-se a um conjunto de hipóteses, nada mais. A metodologia tradicional, com base no plano de negócios, sugere que o empreendedor gaste muitos recursos desenvolvendo produtos sem contato prévio com os clientes. 2. “Eu sei quais são as características dos produtos.” Quando um empreendedor acredita saber o que o cliente quer, ele acaba desenvolvendo produtos com base nos seus pressupostos. Isso pode funcionar bem com uma empresa que já esteja em funcionamento e conheça bem a realidade dos seus clientes. Já no caso das startups, é necessário que o empreendedor vá para rua e conheça bem a demanda dos seus clientes. 3. Foco na data de lançamento: é muito comum, entre as empresas que trabalham com metodologias tradicionais de desenvolvimento de produto, determinar uma data de lançamento. A partir daí são definidos cronogramas que devem ser rigorosamente cumpridos até o grande dia. Contudo, não é raro que grandes lançamentos sejam acompanhados de grandes fracassos. De acordo com Blank e Dorf (2014, p.9), “é natural e óbvio que todas as empresas queiram colocar e vender um produto no mercado, contudo, isso não deve ser efetuado antes que a companhia saiba a quem estão vendendo e por que irão comprar. Portanto, o lançamento de um produto deve ser testado e aprovado pelos públicos de interesse. ” 4. Ênfase na execução em lugar de hipóteses, testes, aprendizagem e interação. As startups devem abandonar a lógica tradicional que está apoiada em um programa passo a passo, voltado para a execução. Isso significa que devem começar estabelecendo hipóteses, em seguida, será GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 189 1. necessário submetê-las a testes, que na maioria dos casos irão se mostrar equivocadas. Dessa forma, será necessário repensar hipóteses e aprender com elas até encontrar um modelo de negócios que seja viável. 2. Planos de negócios tradicionais não incluem tentativa e erro. Conforme dissemos anteriormente, uma startup precisa testar suas hipóteses. Nada pode ser mais importante que analisar as experimentações feitas com clientes. Sem isso, torna-se impossível validar um modelo de negócio. 3. Confundir títulos e cargos tradicionais com o que uma startup precisa para cumprir o objetivo. É comum que algumas startups tentem criar estruturas organizacionais parecidas com as tradicionais, contratando profissionais de vendas, finanças, marketing e produção. Mas isso não funciona nesse tipo de prática. 4. Vendas e marketing executam o plano. Nos modelos tradicionais, é comum que profissionais de marketing atuem com foco no lançamento do cliente. Ou seja, após o lançamento e a primeira remessa para o cliente, algumas questões serão sanadas. Contudo, o ideal, como dissemos anteriormente, é que todos os testes com clientes sejam realizados antes dessa etapa. 5. Presunção de sucesso leva aumento de escala prematuro. A utilização de planos de negócios induz ao raciocínio de que não existirão falhas no percurso. Ou seja, há pouco espaço para erros e aprendizagem para realizar as devidas adequações. 6. Gerir na crise leva altos custos de financiamento. O desenvolvimento de clientes parte do pressuposto de que as startups devem ter uma forma estruturada para testar as suas hipóteses e validar variáveis relacionadas aos mercados, clientes, canais e preços. Assim, é possível GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 190 1. transformar estimativas em fatos concretos (BLANK e DORF, 2014). FIGURA 34 - As quatro fases do desenvolvimento de clientes Fonte: BLANK e DORF, 2014, p. 21 Conforme temos a possibilidade de ver na figura acima, as quatro etapas do desenvolvimento de clientes não são circulares. Elas começam com a descoberta dos clientes. Isso acontece com base na visão dos fundadores da empresa, seguida de testes com clientes. O objetivo dessa etapa é transformar hipóteses em fatos. Na etapa seguinte, busca-se verificar se o modelo de negócios é escalável e repetível. Caso isso não seja constatado, volta-se a etapa anterior. A terceira etapa é chamada geração de demanda e tem por objetivo definir o montante de usuários e a dimensão do negócio. Na quarta e última etapa do modelo busca-se trabalhar no processo de transição da startup para que ela possa se tornar uma grande empresa, tendo como base a validação do modelo previamente aprovado. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 191 Iremos detalhar esse modelo em um texto chamado: “Como criar a sua startup?” Que está no Aprendendo. Portanto, não deixe de acessá-lo. A startup enxuta (The Lean Startup) Agora você terá a oportunidade de conhecer os principais conceitos de uma importante metodologia desenvolvida por Eric Ries, chamada “A Startup Enxuta (The Lean Startup)”. É importante destacar que o livro do Ries, lançado no Brasil em 2011, tem servido como referência para muitos empreendedores, principalmente para aqueles que possuem uma startup. Sua metodologia tem como base o conceito de produção enxuta que se originou no Japão, dentro da fábrica da Toyota, após a Segunda Guerra Mundial. A indústria automobilística japonesa, desde então, tornou-se referência para diversas indústrias. O pensamento enxuto prevê aumento da eficiência por meio da eliminação de perdas. Os japoneses consideram que a perda é tudo aquilo que gera valor ao produto, ou seja, que não satisfaz os interesses do cliente. De acordo com RIES (2011), a produção enxuta valoriza o conhecimento dos funcionários e a redução do tamanho dos lotes de produção. Além disso, o Sistema Toyota de Produção é muito conhecido pelo Just in Time,que é um conceito baseado na ideia de que a produção deve ser “puxada” a partir da demanda, de forma que seja possível produzir somente itens necessários, no momento necessário e na quantidade necessária. Isso evita excesso de estoques e contribui para eliminação de desperdícios (CORRÊA e GIANESE, 2013). Talvez vocês estejam se perguntando de que forma uma metodologia voltada para indústria poderia ser útil para o desenvolvimento de uma startup? Este é o ponto central do livro “Startup Enxuta”. A indústria automobilística japonesa, desde então, tornou- se referência para diversas indústrias. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 192 De acordo com RIES (2011), o sucesso de um empreendimento está associado a algumas importantes descobertas: que tipo de produto/ serviços os clientes querem ou precisam, e estão dispostos a pagar por eles? Na maioria das vezes, empreendedores tentam responder a essas perguntas por meio de planos de negócios, no qual fazem diversas pesquisas de mercados com o objetivo de descobrir a preferência dos consumidores. De acordo com RIES (2011), estes métodos são falhos, uma vez que não provocam interação direta com o consumidor. O método de Ries propõe que o empreendedor aprenda a dirigir uma startup. Isso significa abrir mão de planos complexos, que estão estruturados com base em inúmeras hipóteses, para adoção de uma lógica que permita a experimentação e ajustes constantes, por meio do ciclo de feedback chamado construir-medir-aprender. Imagine que você queira criar um aplicativo que tenha por objetivo unir pessoas que queiram dar caronas. Esta é uma demanda latente da nossa sociedade, tendo em vista o caos que enfrentamos nas ruas de todas as grandes cidades do mundo por causa do excessivo número de transportes. Embora possa parecer tentador lançar um aplicativo com inúmeras funcionalidades, como por exemplo: espaço para troca de mensagens entre usuários, brindes para quem acumula pontos e convênios com empresas parceiras. A metodologia da startup enxuta sugere que você lance um produto mínimo viável. Isso significa que você deve lançar uma versão mais simples do aplicativo e a partir daí você terá a oportunidade de compreender aquilo que é de fato relevante para o cliente. Dessa forma é possível gastos desnecessários com o desenvolvimento de funcionalidades que ninguém considera importante. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 193 A experiência do cliente permite ao empreendedor um processo chamado por Ries de aprendizagem validada. Ou seja, o produto mínimo viável oferece importantes feedbacks para que as startups identifiquem de forma assertiva aquilo que é considerado valor para o usuário. Detalharemos essa metodologia no Aprendendo. Fique atento! A seguir iremos apresentar o caso da Buscapé. Fique atento, pois você terá a possibilidade de entender na prática muitos dos conceitos vistos até aqui. O caso Buscapé: de uma startup a uma das mais valiosas empresas do setor. A história do Buscapé teve início no final da década 1990, quando os estudantes de Engenharia Elétrica da POLI-USP, Romero Rodrigues e Rodrigo Borges viram na internet uma grande oportunidade de negócio* . Entre 1996 e 1999 eles haviam feito estágio no Larc (Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores da Poli) e tiveram a oportunidade de se envolver em diversos projetos, como desenvolvimento de redes metropolitanas que tinha por objetivo conectar todos os centros acadêmicos do Brasil e a criação de serviços de e-mails para o laboratório. O que motivou o início do Buscapé foi uma situação vivenciada com Rodrigo em junho de 1998. Ele queria comprar uma impressora e, ao pesquisar na internet, ele constatou que não havia nenhuma informação sobre preços do produto na internet. Naquela época ainda não existia o Google, portanto, as pesquisas foram realizadas em sites como o Cadê, Yahoo e Altavista. * O caso do Buscapé foi escrito com base nos relatos do Romero Rodrigues, apresentados no livro Startup Brasil, de autoria de Pedro Mello e Marina Vidigal. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 194 O problema enfrentado por Rodrigo naquele momento serviu como insight para que ele e Romero dessem início ao desenvolvimento de um site de pesquisas de preços. A ideia inicial era um pouco diferente do Buscapé que conhecemos hoje. Ao invés de utilizar informações das lojas virtuais, como ocorre nos dias de hoje, eles optaram por capturar e divulgar os preços praticados por lojas físicas. Para que isso fosse viável para a equipe, que passou a contar com mais um sócio, o Rogério, que também era aluno da POLI (Romero, Rogério e Rodrigo), desenvolveu um software que seria instalado nas lojas que tivessem interesse em se filiar ao site. O programa levantaria os preços por meio de uma planilha do Excel e depois iria transferir as informações para o banco de dados central. Após quatro meses desenvolvendo o software, a equipe do Buscapé apresentou o conceito do negócio para alguns lojistas. Eles foram surpreendidos, pois a grande maioria dos comerciantes recebia os jovens às gargalhadas e outros nem encerravam a ligação telefônica. Ninguém queria divulgar preço de produtos pela internet. Esse primeiro feedback serviu para que o Buscapé mudasse o seu modelo de negócio. Ao invés de coletar preços das lojas físicas, eles começaram a levantar tais informações junto às empresas que já faziam vendas online naquela época, em 1998. O site Buscapé foi colocado no ar em 1999 e, após um aporte de capital de três milhões de dólares oriundos do Banco Merrill Lynch, Unibanco e Brazil Warrant, a empresa finalmente decolou. Em 2005, o Buscapé recebeu nova rodada de investimentos do Great Hill, que é um fundo de Private Equity, o que permitiu a expansão, inclusive com a compra do seu principal concorrente, que era o Bomdefaro. Em 2009, com a saída do Great Hil do negócio, a Naspers comprou 91 % das ações do Buscapé por 343 milhões de dólares. Bom, o resto dessa história ainda está em curso e vale a pena ser observada. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 195 Revisão Nessa unidade apresentamos importantes conceitos sobre temas relacionados ao empreendedorismo. Em um primeiro momento, abordamos os conceitos de Arranjos Produtivos Locais e cluster de inovação. Tivemos a oportunidade de compreender que não obstante a globalização seja um fenômeno consolidado, a atuação de empresas por meio de redes regionalizadas é capaz de gerar vantagens competitivas para todos que compõem esse tipo arranjo. Além disso, falamos sobre o conceito de Empresas de Base Tecnológica. Demos ênfase a teoria de um importante professor de Empreendedorismo da School of the University, chamado Scott Shane. De acordo com ele, empreendimentos baseados em tecnologia têm mais chances de serem bem sucedidos que os empreendimentos tradicionais. Por fim, apresentamos os conceitos mais relevantes sobre startups e apresentamos duas metodologias que têm sido muito utilizadas nos dias de hoje. Espero que vocês tenham gostado de todo conteúdo da unidade. Não deixe de acessar o Aprendendo. Lá teremos uma complementação de conceitos vistos por aqui. Sites: STARTUPI. Base de conhecimento sobre o mercado de inovação, negócios, empreendedorismo e tecnologia brasileira. Disponível em: <http://startupi. com.br/>. Acesso em 22 jul. 2015. ENDEAVOR. Organização de apoio a empreendedorismo e empreendedores de alto impacto. Disponível em: <https://endeavor.org.br/>. Acesso em 22 jul. 2015. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 7 196 ABSTARTUPS. Banco dedados oficial da Associação Brasileira de Startups. Disponível em: <http://www.abstartups.com.br/>. Acesso em 22 jul. 2015. Livros: BLANK, Steve; DORF, Bob. Startup: Manual do Empreendedor. São Paulo: Alta Books, 2014. RIES, Eric. A Startup Enxuta. São Paulo: Leya Brasil, 2012. Gestão de Organizações Ligadas Direta ou Indiretamente à Área da Saúde • Conceito de Planejamento Estratégico • Controle Estratégico • Gestão de Projetos • A liderança Transformadora • Revisão Introdução Durante o estudo das unidades anteriores foram vistos o ambiente, os conceitos, as características, os instrumentos de trabalho e a necessidade de ser inovador para atuar de modo empreendedor. Como você já sabe o empreendedor e os conhecimentos da gestão e empreendedorismo não dizem respeito somente ao mundo dos negócios. A ação da gestão empreendedora pode acontecer na sua casa, nos ambientes comunitários e sociais (igrejas, associações de bairros, ONGs), em órgãos governamentais e em outros ambientes, quando há necessidade de construir e gerir algo novo. Quais são os conceitos básicos de estratégias empresariais? Qual é a relevância do diagnóstico e do controle estratégico para o bom gerenciamento de uma empresa? Quais são os conceitos básicos de gestão de projetos? O que é liderança transformadora? Esta unidade tem a finalidade de responder a essas perguntas sob a ótica da gestão empreendedora e apresentar conceitos essenciais da gestão de organizações ligadas direta ou indiretamente à área da saúde, grande desafio para você, estudante, frente ao mercado competitivo. É importante lembrar que, na visão de Dolabela (1999, p. 60), o empreendedor “é alguém que imagina, desenvolve e realiza uma visão. Em outras palavras, acredita que pode realizar seu próprio sonho, julgando-se capaz de mudar o ambiente em que está inserido”. Os conteúdos desta unidade apresentaram os conceitos de planejamento estratégico; diagnóstico situacional e definição de estratégias empresariais: a importância da estratégia, tipos de estratégia, estratégias de manutenção, estratégia de crescimento, estratégia de desenvolvimento; controle estratégico; gestão de projetos; a liderança transformadora: teorias sobre a liderança, liderança transformadora. Todo esse conteúdo foi selecionado para oferecer um conjunto de ferramentas que auxilie a atuação na área de gestão de organizações ligadas direta ou indiretamente à área da saúde. Em outras palavras, este material oferece uma visão sobre a importância de exercer uma liderança transformadora nos projetos empreendedores. Na perspectiva de Bass (citado por LERMEN, 2004), os líderes transformacionais motivam as pessoas a realizar além do que imaginavam, elevando o sentimento de importância delas e o valor de suas tarefas, fazendo com que transcendam em nome do grupo, da organização ou até de uma política mais ampla. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 200 Conceito de Planejamento Estratégico “Se eu tivesse apenas uma hora para cortar uma árvore, eu usaria os primeiros quarenta e cinco minutos afiando meu machado”. Esta é provavelmente uma das mais famosas frases de Abraham Lincoln (1809 - 1865), presidente dos Estados Unidos, entre 1861 e 1865. Provavelmente, Lincoln quis nos ensinar a respeito da importância de nos prepararmos ou nos planejarmos. Uma das primeiras funções administrativas é o planejamento. Por intermédio dele, o empreendedor pode estabelecer seus objetivos, metas e o modo de alcançá-los, ou seja, a estratégia a ser utilizada para o seu êxito. O objetivo deste tópico é apresentar alguns conceitos básicos de estratégias empresariais possíveis de serem aplicados direta ou indiretamente à área da saúde. Tipos de Planejamento Segundo Chiavenato (2004), o planejamento é feito através de planos com diferentes períodos (horizontes) e abrangências, pois o planejamento envolve diferentes níveis da organização. O administrador deve saber lidar com diferentes tipos de planos. Estes podem incluir períodos de longo a curto prazo, como podem envolver a organização inteira, uma divisão ou departamento ou ainda uma tarefa. O planejamento é uma função administrativa que se distribui entre todos os níveis organizacionais (CHIAVENATO, 2004, p. 201). Embora o seu conceito seja exatamente o mesmo, em cada nível organizacional, o planejamento apresenta características diferentes, como mostra a figura 35. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 201 FIGURA 35 - O planejamento nos três níveis organizacionais Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004). Comumente, as empresas realizam a tarefa do planejamento e, para isso, precisam do envolvimento de grande parte das pessoas que nelas trabalham. O nível institucional, segundo Chiavenato (2004), elabora genericamente o planejamento estratégico, seguido pelo nível intermediário com seus planos táticos, e pelo nível operacional, que, de modo detalhado, determina os planos operacionais. Cada qual dentro de sua área de competências, juntos são um uníssono com os objetivos globais da organização. O planejamento proporciona um nível de racionalidade e dá o norte às ações da empresa. Adicionalmente, ele coordena e integra as várias unidades, caso seja um grupo, a fim de harmonizar e promover a sinergia da organização como um todo na busca de seus principais objetivos. A figura 36 ilustra os três níveis de planejamento. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 202 FIGURA 36 - Os três níveis de planejamento Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004). O planejamento estratégico, segundo Oliveira (2010), é o processo administrativo que dá sustentação metodológica para se estabelecer a melhor orientação a ser seguida pela empresa, com o propósito de aperfeiçoar o nível de interação com os fatores não controláveis (externos), ao mesmo tempo em que atua de modo inovador e diferenciado. De acordo com Chiavenato (2004), o planejamento estratégico é um processo organizacional que compreende a adaptação por meio de aprovação, tomadas de decisão e avaliação. Ele busca responder a perguntas básicas, tais como aquelas voltadas à razão de sua existência e outras que procuram questionar o que e como ela faz o que faz. O resultado do processo é um plano que serve para orientar suas ações por um período de três a cinco anos. A tabela 3 apresenta as características dos três níveis de planejamento, segundo Chiavenato (2004). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 203 TABELA 3 – Características dos três níveis de planejamento Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004). Os planos normalmente abrangem diferentes períodos de tempo, também chamados de “horizontes de tempo”. Os planos de curto prazo normalmente consideram um período de até um ano; os planos intermediários aumentam o horizonte para um a dois anos; e, por fim, os planos de longo prazo consideram a partir de cinco, podendo chegar, dependendo da empresa, a dez ou quinze anos. Quando se trata de objetivos do planejamento, quanto menor o horizonte de planejamento - mais curto o tempo, mais específico. O contrário é verdadeiro, ou seja, quanto mais longo o tempo, menor o grau de detalhamento. De modo geral, as empresas necessitam trabalhar com planos para todos os horizontes de tempo. Em nível institucional, é necessário um plano de longo prazo que abranja a empresa como um todo. Dessa forma, ela dá o mesmo rumo a todos os gestores no sentido de alcançar o futuro almejado para a empresa. Chiavenato (2004) afirma em sua obra que uma pesquisa desenvolvida por Elliot Jaques mostra como as pessoas divergemem sua capacidade de pensar, organizar e trabalhar com atividades de diferentes horizontes de tempo. Muitos trabalham de modo GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 204 confortável em horizontes de tempo de apenas três meses, um número razoável; não muitos trabalham melhor em um horizonte tempo de um ano; e poucas pessoas são capazes de enfrentar o desafio de um horizonte de vinte anos pela frente. O autor faz uma relação dos diferentes níveis hierárquicos. Ele afirma que o administrador pode trabalhar em diferentes níveis de autoridade, pois planeja levando em conta diferentes horizontes de tempo. Ele acrescenta que, enquanto o planejamento de um supervisor desafia o período de três meses, para um gerente, um nível acima, pode-se lidar com horizontes de tempo de um ano. Já para o cargo de diretor, o horizonte pode variar entre três, cinco, dez anos ou mais. Ou seja, quanto maior o nível hierárquico, mais habilidades são requeridas em relação à visão a ser projetada em horizontes maiores de tempo. Diagnóstico Situacional e Definição de Estratégias Empresariais Uma vez tendo que realizar o planejamento estratégico, o administrador, ou gestor da empresa, realiza o diagnóstico da situação de sua empresa, ou seja, uma leitura dos dados levantados. Dessa forma, é possível adotar alguns tipos possíveis de estratégias. Segundo Steiner (citado por OLIVEIRA, 2010), a palavra “estratégia” significa, literalmente, “a arte do general”, derivando-se da palavra grega “strategos”, que significa, estritamente, “general”. A estratégia era considerada na Grécia Antiga aquilo que o general faz. Antes de Napoleão, segundo o autor, “estratégia” significava “a arte e a ciência de conduzir forças militares para derrotar o inimigo ou abrandar os resultados da derrota”. Na época de Napoleão, a palavra “estratégia” estendia-se aos movimentos políticos e econômicos visando às melhores mudanças para a vitória militar. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 205 Em termos militares, Von Bülow (citado por OLIVEIRA, 2010) explicou, de forma genérica, que a estratégia é a ciência dos movimentos guerreiros fora do campo de visão do general, e a tática é a ciência de como lutar. No entanto, no meio corporativo, as batalhas e os inimigos não são sempre claramente identificáveis. Em uma empresa, a estratégia está associada à arte de utilizar, adequadamente, todos os recursos disponíveis, sejam eles financeiros, administrativos, humanos e tecnológicos, tendo como objetivo eliminar ou diminuir os problemas internos e aumentar as oportunidades que estão no ambiente dos negócios, não controlável. Quando se busca um caminho para as ações de uma empresa como um todo dentro de uma estratégia empresarial, é necessário questionar: “qual destino deve ser dado à empresa? É necessário estabelece-lo?” De modo esquemático, essas perguntas podem ser representadas pela figura 37. FIGURA 37 - Escolha de um caminho de ação pela empresa Fonte: Adaptado de Oliveira (2010). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 206 A figura 37 ilustra, por meio de um caminho sinuoso, planejado ou não, que a empresa chegou ao momento presente em uma situação específica, que necessita ser avaliada para que ela possa extrair conclusões que servirão de base para que o estabelecimento de um sentido ou caminho futuro. A avaliação desse processo é feita através do confronto entre os pontos fortes, fracos e neutros da empresa, de um lado, e suas oportunidades e ameaças em seu ambiente, de outro lado. Devem resultar dessa avaliação a missão, os propósitos, os cenários, a postura estratégica, a vantagem competitiva, as macroestratégias e as macropolíticas, conjunto este que representa o ponto de partida para determinar o caminho rumo aos objetivos para o futuro, desafios e metas, escolhidos entre as opções estratégicas que a empresa consegue identificar como prioritárias ou as mais ajustadas em determinado momento. A estratégia deve ser sempre econômica e viável, ou seja, uma opção inteligente e, sempre que possível original e levando em conta toda a experiência das artimanhas do mercado, constituindo- se uma excelente ferramenta de que uma empresa pode dispor para fazer o adequado uso de seus recursos, atingir um alto nível de competitividade, vencer a concorrência, minimizar seus problemas e aperfeiçoar sua capacidade de explorar as possíveis oportunidades. Importância da Estratégia A importância da estratégia para a empresa pode ser entendida através de um comentário do General Robert E. Wood, da Sears Roebuck & Company, que foi uma grande estrategista. Dizia ele, segundo Chandler Jr. (citado por OLIVEIRA, 2010), que a empresa é como um ambiente de guerra, de certa forma, pois, se a estratégia escolhida for a correta, mesmo que ocorram muitos erros táticos, a empresa desfrutará da vitória. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 207 Além de ser um instrumento administrativo facilitador e que melhora as interações da empresa com os fatores externos a ela, as estratégias têm forte influência sobre os fatores internos da empresa. Mills (citado por OLIVEIRA, 2010) sustenta que as estratégias empresariais definem as necessidades da estrutura organizacional em termos de qualificações. Elas estabelecem a estrutura como um todo, de pessoas, sistemas, estilo administrativo e valores comuns. Deve-se considerar com igual importância tanto o objetivo a ser atingido quanto o modo de alcançá-lo. É importante que a empresa expresse o que espera fazer com a relação ao seu ambiente, onde estão os fatores externos e não controláveis pela empresa, de modo que possa enunciar o que quer conquistar ou aonde quer chegar. Tipos de Estratégias De acordo com a sua capacitação e objetivos, o gestor poderá escolher qual é a estratégia mais adequada. No entanto, deve ter ciência de que a escolha que fizer pode levar a empresa a um horizonte de tempo longo para o seu desenvolvimento. Segundo Oliveira (2010), as estratégias podem ser desenvolvidas conforme a situação de cada empresa: estar voltada à sobrevivência, manutenção, crescimento ou desenvolvimento, conforme ilustra a figura 4. A escolha de estratégias deve ser correta, ou seja, deve ser feita de modo que faça uso de todas as oportunidades possíveis e no momento adequado. • Estratégia de sobrevivência: este tipo de estratégia deve ser utilizado quando não existe escolha, ou seja, apenas quando a situação da empresa e seu ambiente estão em situação inadequada ou caótica (índice alto de pontos fracos internos e ameaças externas). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 208 Os tipos de estratégias que se enquadram na situação de sobrevivência da empresa são: • redução de custos: é a estratégia mais utilizada em períodos de recessão. Consiste em reduzir os custos de todas as formas para tornar possível a sobrevivência da empresa. Alguns aspectos importantes que o executivo pode implantar são: reduzir pessoal, níveis de estoque, diminuir as compras, realizar leasing de máquinas e/ou equipamentos, melhorar eficiência fabril, reduzir os custos promocionais, e outros; • desinvestimento: é comum que as empresas se encontrem em conflito de linhas específicas de produtos e/ou de tipos de serviços que passam a não ser mais interessantes. Um exemplo típico é a indústria automotiva, que pode passar a fabricar outro seguimento de produto e concluir que é chegado o momento em que a segunda linha não é mais viável economicamente, passando a colocar em risco toda a empresa, e, nesse momento, a melhor alternativa é desinvestir para não prejudicar o todo,mantendo apenas o seu negócio principal. Caso nenhuma das estratégias básicas de sobrevivência funcionem, o gestor será levado a adotar a estratégia de: • liquidação do negócio: trata-se de uma estratégia aplicada em último caso, ou seja, quando não há outra opção, a não ser fechar a empresa. É possível chegar a essa situação quando uma empresa atua em um único negócio, seja produto ou serviço, e não investe em algo novo que possa substituí-lo, depois do estágio de declínio. Estratégia de Manutenção Nesse caso, a empresa se encontra em um ambiente no qual predominam as ameaças, mas possui uma série de pontos fortes GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 209 – saúde financeira, profissionais capacitados, know-how, etc. – adquiridos ao longo da história, que permitem com que o gestor, possa continuar com sua empresa mantendo sua posição no mercado até sobreviver. A estratégia de manutenção pode apresentar-se de três formas: • estratégia de estabilidade: procura, principalmente, manter- se equilibrada financeiramente, ou seja, mantendo o seu retorno mesmo em caso de perda; • estratégia de nicho: nesse caso, a empresa busca dominar um segmento específico de atuação de mercado, concentrando suas forças e recursos para manter algumas vantagens competitivas. Nesse caso, a empresa é voltada a um único nicho, seja ele produto, mercado, tecnologia, ou negócio, e não há interesse em mudar o foco de seus recursos para outro fim; • estratégia de especialização: nesse caso, a empresa procura concentrar seus esforços de crescimento em poucas atividades, ou até mesmo em uma específica, de produtos ou serviços em relação aos diferentes segmentos para conquistar o mercado ou manter liderança. A grande vantagem da estratégia de especialização é o ganho em redução dos custos unitários por intermédio do ganho em escala - processamento em massa. Sua desvantagem principal é que organização se torne vulnerável em função da grande dependência gerada pelas poucas opções que lhe restam de fornecimento de produção e vendas. O tempo em que a organização consegue manter essa estratégia está condicionado à sua capacidade de estar à frente de seus concorrentes, com, por exemplo, uma tecnologia diferenciada. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 210 Estratégia de Crescimento Nessa situação, embora na empresa predominem os pontos fracos, o ambiente no qual está inserida lhe proporciona situações favoráveis que podem ser transformadas em oportunidades, quando, efetivamente, esta as aproveita. Normalmente, o gestor opta, nessa situação, em lançar novos produtos e/ou serviços, aumentar as vendas, etc. Algumas das estratégias voltadas ao crescimento são: • estratégia de inovação: nesse caso, a empresa mantém seus esforços ao desenvolvimento e inovação de produtos e/ou serviços para se diferenciar de seus concorrentes; • estratégia de internacionalização: nesse caso, a empresa amplia suas atividades voltando seus esforços para outros países, ou seja, fora do país de origem; • estratégia de joint venture: trata-se de uma estratégia adotada para possibilitar a entrada em um novo mercado, no qual há uma associação entre as duas empresas para produzir um produto. É uma prática comum em países onde há restrições às empresas multinacionais, na qual uma das empresas entra com a tecnologia, enquanto que a outra entra com o capital; • estratégia de expansão: o processo de expansão requer um planejamento adequado, pois, do contrário, as empresas podem ser absorvidas pelo governo ou por outras empresas nacionais ou multinacionais. Estratégia de Desenvolvimento Nesse caso, há a predominância de pontos fortes internos na medida em que se têm oportunidades externas. Situação totalmente favorável e desejada em que o executivo deve procurar voltar seus esforços em: desenvolver novos mercados, clientes, e/ou novas GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 211 tecnologias. A combinação entre o mercado favorável e a tecnologia permite ao gestor desenvolver novos negócios no mercado. A estratégia de desenvolvimento pode assumir uma ou mais das seguintes conotações: • desenvolvimento de mercado: ocorre quando a empresa procura aumentar as vendas, levando seus produtos e/ou serviços a novos mercados, podendo ter a oportunidade de abertura geográfica de novos mercados ou a atuação em novos segmentos do mercado; • desenvolvimento de produtos ou serviços: ocorre quando a empresa procura aumentar suas vendas mediante o investimento no desenvolvimento de produtos ou serviços melhores para seus mercados atuais; • desenvolvimento financeiro: corresponde à situação em que duas empresas de um mesmo grupo empresarial, ou mesmo autônomas ou concorrentes, se ajudam mutuamente. Uma apresenta, como ponto fraco, os recursos financeiros, mas grandes oportunidades no mercado; e outra, o contrário, ou seja, tem como ponto forte os recursos financeiros, mas poucas oportunidades no mercado. Elas se associam formando uma nova empresa, que reúne os dois pontos fortes: recursos financeiros e oportunidade no mercado; • desenvolvimento de capacidades: ocorre quando a associação é realizada entre uma empresa com desvantagem em tecnologia e vantagem em oportunidades usufruídas e/ou potenciais, e outra empresa com vantagem em tecnologia, mas com desvantagem em ralação às oportunidades no mercado; • desenvolvimento de estabilidade: corresponde a uma associação ou fusão de empresas que têm como foco tornar o seu crescimento uniforme, principalmente, quanto ao aspecto mercadológico. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 212 Esses três últimos tipos de estratégia de desenvolvimento têm seu foco na soma dos esforços por meio da fusão de empresas com posturas estratégicas diferentes, no que se refere ao desenvolvimento financeiro e à capacidade, ou com posturas estratégicas idênticas no que tange ao desenvolvimento de estabilidade. No entanto, caso os pontos fracos predominem em uma determinada empresa, as estratégias de desenvolvimento financeiro e de desenvolvimento de capacidade devem ser tratadas ou vistas como um tipo de estratégia de crescimento, sendo inseridas no subgrupo das estratégias de joint venture. A estratégia de diversificação é considerada a mais forte do desenvolvimento de uma empresa. Nesse caso, como os produtos e seus usos são diferentes, é requerido das empresas que se faça uma minuciosa análise para decidir sobre o modo com que será realizada a diversificação. Oliveira (2010) sustenta que, comumente, as empresas procuram oportunidades no ambiente externo para iniciar um processo de diversificação em algumas condições: • quando as empresas começam a enfrentar dificuldades para atingir seus objetivos em função das alterações internas e externas a elas, geralmente, ocasionadas por: • falta de oportunidades para investir nos segmentos atuais; • saturação de mercados, e, • queda da taxa de retorno dos projetos de expansão. • quando visualizam oportunidades de retorno mais atrativas para os projetos de diversificação do que para outras iniciativas; • quando há recursos disponíveis, mesmo após ter investido GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 213 suficientemente para manter-se em uma posição adequada no mercado; e, • quando não há informações disponíveis suficientemente confiáveis para possibilitar uma comparação conclusiva entre expansão e diversificação, pois isso ocorre em função de serem comuns às empresas possuir muito mais informações a respeito das possibilidades de expansão do que informaçõesexternas sobre as possibilidades de diversificação. Salienta-se que a expansão, diferentemente da diversificação, está associada ao desenvolvimento das empresas com seus atuais produtos e serviços, bem como os seus atuais usos. Na análise da estratégia de diversificação, considera-se que é possível assumir algumas características: • diversificação horizontal: nela, a empresa compra ou se associa a empresas similares, em ambiente econômico que lhe é familiar por ter consumidores do mesmo tipo. Por exemplo, uma doceira que passa a vender também salgados e a servir café colonial em seu estabelecimento, oferece produtos novos e um serviço adicional aos existentes; • diversificação vertical: ocorre quando a empresa passa a produzir novo produto ou serviço, que se acha entre seu mercado de matérias-primas - estágio anterior de produção, e o consumidor final dos produtos que já fabrica - estágio subsequente à sua produção. Por exemplo, quando uma clínica odontológica começa também a vender as próteses que antes eram feitas por protéticos. Com isso, passou a ter mais qualidade e custos menores, se tornando mais competitiva; GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 214 • diversificação concêntrica: trata-se da utilização do potencial tecnológico para diversificar a linha de produtos, com aproveitamento desta mesma tecnologia e/ou de sua força de vendas, oferecendo-se uma quantidade maior de produtos no mesmo mercado. É comum para pequenos produtores de bens de consumo. Por exemplo, uma padaria tomando a iniciativa de produzir pastéis e massas; • diversificação conglomerada: consiste na diversificação de negócios, em que a empresa não faz uso da mesma tecnologia ou da força de vendas. Nesse caso, há um menor risco, uma vez que um grupo de empresas apresenta estar envolvido em vários e diferentes negócios; • diversificação interna: corresponde a uma situação em que a diversificação da empresa se baseia tão somente pelos fatores internos, e, por isso, sofre menor influência dos fatores externos ou não controlados pela empresa; • diversificação mista: trata-se de uma situação em que há mais do que um tipo de diversificação ao mesmo tempo. Esses tipos básicos de estratégias podem ser visualizados na figura 38. FIGURA 38 - Estratégias empresariais Fonte: Adaptado de Oliveira (2010). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 215 Segundo Oliveira (2010), existem outras estratégias que podem ser consideradas específicas de alguns tipos de empresas, como o da responsabilidade social, em que uma empresa procura promover aspectos sociais, principalmente, benefícios para grupos sociais específicos, regionais ou nacionais. As empresas, por meio da ação social, podem ser ou não remuneradas pelos benefícios patrocinados. Controle Estratégico Segundo Chiavenato (2004), os controles estratégicos são denominados “controles organizacionais”. Eles constituem o sistema de decisões da cúpula que controla o desempenho e os resultados da organização como um todo, baseando-se nas informações externas – que chegam do ambiente externo – e nas informações internas – que são provenientes dos vários níveis organizacionais. A seguir, veja alguns tipos de controles estratégicos. • Balanço e relatórios financeiros: é um tipo de controle do desempenho da empresa que possibilita mensurar e avaliar o esforço da empresa como um todo. Os balanços contábeis e relatórios financeiros são os tipos mais utilizados de controle. • Controle dos lucros e perdas: o Demonstrativo de Lucros e Perdas (L&P) proporciona uma visão resumida dos lucros ou de perdas da empresa em um período de tempo específico. Ele possibilita comparações com períodos anteriores e identifica variações em algumas áreas, como, por exemplo, despesas de vendas ou lucro bruto sobre vendas, que necessitam de maior atenção por parte do GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 216 administrador. A capacidade de cada empresa em grupo alcançar determinado lucro passa a ser o padrão adequado para medir seu desempenho e resultados. • Análise do Retorno sobre o Investimento (ROI): uma das técnicas de controle das empresas utilizadas para medir o sucesso da organização ou de uma unidade organizacional é a razão dos ganhos em relação ao investimento de capital. Trata-se de uma abordagem desenvolvida pela DuPont Company como parte do seu sistema de controle global. O sistema utilizado pela DuPont envolve os seguintes fatores na análise do RSI: • a análise do ROI possibilita que a empresa avalie linhas de produtos ou unidades de negócios diferentes, a fim de identificar onde o capital está sendo mais bem aplicado; • possibilita a identificação dos produtos ou unidades de negócios mais lucrativos, e a melhoria de outros que estão com resultados negativos. Com isso, ela proporciona a possibilidade de fazer uma aplicação balanceada do capital em vários produtos ou unidades organizacionais para alcançar um lucro global maior. Gestão de Projetos De acordo com a proposta da disciplina Gestão e Empreendedorismo, o objetivo deste tópico é apresentar conceitos básicos de gestão de projetos. O tema é bastante amplo e requereria um conteúdo vasto para apresentá-lo de modo completo. Quando falamos em gestão de um modo geral, é essencial que se tenha em mente a sua importância nos trabalhos de desenvolvimento de produtos de tecnologia, como equipamentos, GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 217 software e/ou serviços. Dessa forma, adotou-se aqui um resumo com alguns conceitos e principais elementos a serem considerados, extraídos de Lerman (2003). Um projeto é um empreendimento temporário, com o objetivo de criar um produto ou serviço único. Temporário significa que cada projeto tem um começo e um fim bem definidos. Único significa que o produto ou serviço criado é de alguma forma, diferente de todos os seus semelhantes (PMBOK citado por LERMAN, 2003). Todo projeto requer recursos e é limitado por escopo, prazo e custos. No entanto, processo é um trabalho contínuo e repetitivo, com várias etapas sequenciais adotadas por uma empresa para produzir um resultado desejável, por exemplo: beneficiamento de café, processo de venda. Segundo o autor, gestão de projetos é a combinação de recursos humanos e materiais por meios, metodologias e técnicas para atender aos objetivos de um projeto, e consiste na aplicação de conhecimentos, habilidades e técnicas para planejar atividades que visem atingir os requisitos do projeto. O PMBoK (Project Management Body of Knowledge) do PMI (Project Management Institute) tem se tornado um padrão de mercado na gestão de projetos. Sua terminologia independe da área de atuação, como engenharia civil, tecnologia de informação, etc. Essa metodologia, segundo o autor, é organizada em grupos de processos e áreas do conhecimento. Seu objetivo é planejar e acompanhar toda a execução do projeto de tal forma que haja o mínimo de desperdício de recursos, para que se consiga entregar no prazo certo com as funcionalidades desejadas, ótima qualidade e dentro do orçamento. Veja nas tabelas 4 e 5 as descrições sumárias para cada um dos processos e para cada uma das áreas de conhecimento a serem consideradas na gestão de projetos. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 218 TABELA 4 - Descrição dos grupos de processos Fonte: Adaptado de Grando et al. (2012). Na tabela 5, a seguir, é apresenta a descrição das áreas de conhecimento consideradas na gestão de projetos. TABELA 5 - Descrição das áreas de conhecimento na gestão de projetos GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade8 219 Fonte: Adaptado de Grando et al. (2012). Convém lembrar que, no caso de desenvolvimento de software, as metodologias usadas já incluem alguns controles para facilitar a gestão dos projetos, mas alguns conceitos e práticas do PMBoK GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 220 podem ser considerados e incorporados conforme a necessidade, principalmente em projetos complexos. Outra informação importante é que, sempre que se altera um dos elementos de um projeto, como o prazo, o orçamento ou a qualidade, o escopo – que incluem os recursos, uma ou mais das demais variáveis são afetadas. Além disso, existem casos em que não se pode alterar determinada variável, por exemplo: um orçamento limitado previamente estabelecido. Deve ser considerado também que, para produtos inovadores, é necessário começar com um escopo bem restrito, o mais simples possível, ou seja, um produto mínimo viável para validar e testar as hipóteses com os clientes e o mercado; nesses casos, o uso de métodos ágeis para o desenvolvimento de produtos é o indicado. A liderança Transformadora Conforme Chiavenato (2011), a liderança tem sido um dos temas mais pesquisados e estudados nas últimas décadas. As teorias sobre a liderança apresentadas por autores humanistas podem ser classificadas em três grupos, conforme ilustrado na figura 39, a seguir. Cada um desses grupos de teorias apresenta características próprias. FIGURA 39 - As teorias sobre liderança Fonte: Adaptado de Chiavenato (2011). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 221 • Teorias de Traços de Personalidade: são as mais antigas das teorias a respeito da liderança. Um traço é considerado uma qualidade ou característica que distingue a personalidade. Segundo elas, o líder é aquele que possui traços de personalidade específicos que o distinguem das demais pessoas. O líder tem características marcantes de personalidade por intermédio das quais pode influenciar o comportamento das demais pessoas. Essas teorias foram influenciadas pela teoria do “grande homem” defendida por Carlyle para explicar que o progresso do mundo foi resultado das realizações pessoais de alguns homens que dominam a história da humanidade. Cada autor especifica alguns traços característicos da personalidade que definem o líder, como: 1. traços físicos: como energia, aparência pessoal, estatura e peso; 2. traços intelectuais: adaptabilidade, agressividade, entusiasmo e autoconfiança; 3. traços sociais: cooperação, habilidades interpessoais e habilidade administrativa; 4. traços relacionados com a tarefa: impulso de realização, persistência e iniciativa. O autor conclui que um líder deve inspirar confiança, ser inteligente, perceptivo e decisivo para ter condições de liderar com sucesso. • Teorias sobre Estilos de Liderança: são teorias que estudam a liderança em termos de estilos de comportamento do líder em relação aos seus subordinados. Enquanto a abordagem dos traços faz menção aquilo que o líder é, a abordagem dos estilos de liderança leva em consideração aquilo que o líder faz, ou seja, o seu estilo de comportamento para liderar. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 222 • Teorias Situacionais da Liderança: as teorias situacionais apresentam a liderança de forma mais ampla e partem da ideia de que não existe um único estilo de liderança para toda e qualquer situação, mas que para cada situação, há um tipo de liderança que alcance a eficácia dos seus subordinados. As teorias situacionais são mais interessantes ao administrador, pois promovem o aumento das opções e possibilidades de mudar a situação para adequá-las a um modelo de liderança ou então mudar o modelo de liderança para adequá-lo a situação. O líder deve ter a habilidade de se ajustar a um grupo de pessoas sob condições variadas. A localização de um líder está relacionada à posição estratégica que ele ocupa dentro da cadeia de comunicações e não apenas às suas características de personalidade. A abordagem situacional da liderança passou a ganhar predominância na teoria administrativa. Tannenbaum e Schmidt (citado por CHIAVENATO, 2011) expõem uma abordagem situacional da liderança, apresentada na figura 6, com uma gama ampla de padrões de comportamento de liderança que o administrador escolhe para as suas relações com os subordinados. Cada tipo de comportamento está relacionado com o grau de autoridade utilizado pelo líder e o grau de liberdade disponível para os subordinados, dentro de um continuum de padrões de liderança. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 223 FIGURA 40 - Continuum de padrões de liderança Fonte: Adaptado de Chiavenato (2011). O comportamento de liderança localizado no lado extremo esquerdo denota o administrador que mantém alto grau de controle sobre os subordinados, enquanto o comportamento localizado no lado extremo direito denota o administrador que permite ampla liberdade de ação para os subordinados. Nenhum dos extremos é absoluto, pois autoridade e liberdade nunca são ilimitadas (CHIAVENATO, 2011, p.74). Para a escolha do padrão de liderança a ser adotado em relação aos subordinados, o gestor deve levar em conta a avaliação de três forças ilustradas na figura 41, que agem simultaneamente. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 224 FIGURA 41 - Forças que condicionam os padrões de liderança Fonte: Adaptado de Chiavenato (2011). Da abordagem situacional, podem-se inferir as seguintes proposições: a. quando as tarefas são rotineiras e repetitivas, a liderança deve ser limitada e subordinada ao controle do chefe, que passa a adotar uma postura de liderança próxima ao limite, ou seja, extremo esquerdo do gráfico; b. um líder pode adotar diferentes padrões de liderança para cada um de seus subordinados de acordo com as forças anteriores; c. para um mesmo subordinado, o líder também pode adotar diferentes padrões de liderança, mediante cada situação envolvida. Em situações em que o subordinado apresenta alto nível de eficiência, o líder pode lhe conceder maior liberdade nas decisões. No entanto, se o subordinado apresenta erros seguidos e imperdoáveis, o líder pode adotar uma postura de maior autoridade pessoal e menor liberdade de trabalho. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 225 Segundo Lermen (2004), líderes que apresentam característica transformacional são aqueles que, por meio de sua vida pessoal e de sua energia, conseguem inspirar os seguidores, tendo um impacto significativo em suas organizações. Segundo Bass (citado por LERMEN, 2004), os líderes transformacionais motivam as pessoas além do que imaginavam realizar, elevando o sentimento de importância e de valor de suas tarefas, fazendo transcender em nome do grupo, da organização ou até de uma política mais ampla, elevando também o nível de necessidade a ponto atingir as necessidades mais elevadas como a de autorrealização. No entanto, para que o líder seja totalmente eficaz e para que obtenha o maior impacto possível sobre sua organização, ele precisa usar a sua visão e a sua energia pessoais para inspirar os seus seguidores. Lermen (2004) acrescenta que muito embora o conceito de liderança transformacional exista desde a discussão de Max Weber sobre líderes no início do século, uma das poucas contribuições à análise sistemática do assunto é a proposta por Robert House: (...) os líderes transformacionais têm níveis muito altos de poder de referência, e parte deste poder vem da necessidade que eles têm de influenciar os outros… os líderes transformacionais comunicam uma visão ou um objetivo de nível mais alto (transcendente)que captura a energia e o comprometimento dos seguidores… de criar uma imagem de sucesso e competência, e de exemplificar pelo seu próprio comportamento... comunicam aos seguidores altas expectativas e a confiança de que os seguidores terão o desempenho ao nível daquelas expectativas (HOUSE citado por LERMEN, 2004). Portanto, a liderança transformacional (ou transformadora) tem em sua essência o poder de influenciar os seguidores por meio de suas características diferenciadas que os incentivam a atingir os resultados almejados, a superar expectativas, a empreender. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 226 Quando uma empresa é desenvolvida e pensado o dono empreendedor é o líder de basicamente tudo, sendo o responsável pela tomada de decisões, delega as tarefas e se responsabiliza pelo negócio. A visão empreendedora torna os sócios ou fundadores exemplos de liderança por todo o processo de construção de sua história empreendedora e serve de exemplo para a formação de novos líderes. A figura do líder, segundo o consultor Eduardo Ferraz, deve reunir dominância, influência, estabilidade e conformidade. Confira os oito principais tipos de líderes e veja em qual você se encaixa. 1. Comandante - Retrata o perfil de generais, que têm domínio da situação, não têm tempo a perder e, por isso, acabam sendo respeitados. Pela sua rapidez, podem ser mais eficientes em momentos críticos da empresa. O aspecto negativo, é que este tipo de líder concentra mais as decisões, o que cria um nível maior de dependência da empresa em relação a ele. 2. Visionário - Este estilo de líder se caracteriza pela capacidade de inspirar os que com ele trabalham e que o seguem pela visão que possui diante do negócio, não pela sua autoridade em si. O lado negativo é que a empresa depende também desta qualidade como fio condutor do negócio. 3. Acelerador - Consegue alcançar resultados de alto desempenho, mas os empregados têm que acompanhá-lo. Devido à sua impaciência, os funcionários trabalham sob pressão e podem até desenvolver problemas de saúde 4. Coach - Se preocupa com a melhoria de cada funcionário e atua na linha de educador e “paizão”. Consequentemente, pode ter dificuldades em demitir algum empregado quando este não tem um desempenho adequado. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 227 5. Democrático - Neste caso, os especialistas ressaltam a característica de delegar mais do que decidir. Geralmente, líderes deste tipo conduzem equipes de nível mais avançado e conseguem tirar proveito do conhecimento dos colaboradores. 6. Sociável - Este líder costuma ser adorado por todos, é carismático e animado, valoriza o trabalho em equipe e traz resultados pelo poder do discurso. Embora seja bem visto, em termos práticos, pode apresentar desorganização, esquecimento e atrasos. 7. Perfeccionista - Este tipo de líder, segundo os especialistas, costuma ser obsessivo por detalhes, característico de quem é perfeccionista. Geralmente, ele é mais voltado à área técnica do que propriamente à gestão de pessoas. Fonte: Adaptado de ALMEIDA, Camila. 7 exemplos de liderança para os empreendedores. Revista Exame. Disponível em: <http://exame.abril.com. br/pme/noticias/7-exemplos-de-lideranca-para-os-empreendedores>. Acesso em: 09 nov. 2016. Revisão Nesta unidade você conheceu um pouco mais sobre o planejamento nos três níveis organizacionais, as características e cada nível de planejamento: estratégico, tático e operacional. Foram trabalhados os conceitos básicos de estratégias empresariais, sua importância e tipos de estratégias, a relevância do diagnóstico e do controle estratégico para o bom gerenciamento das empresas e os conceitos básicos de gestão de projetos, bem como os conceitos de liderança transformadora. O conteúdo apresentou as diferentes ações estratégicas em função de situações externas e internas e demonstrou que existem outras estratégias que podem ser consideradas específicas de alguns GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 228 tipos de empresas, como da responsabilidade social, em que uma empresa procura promover aspectos sociais, principalmente benefícios para determinados grupos sociais, regionais ou nacionais. Foi discutido também que todo projeto requer recursos e é limitado por escopo, prazo e custos. No entanto, processo é um trabalho contínuo e repetitivo, uma série de passos sequenciais adotados por uma organização para produzir um resultado desejável. A liderança constitui um dos temas mais pesquisados e estudados nas últimas décadas. As teorias sobre a liderança apresentadas por autores humanistas podem ser classificadas em três grupos: traços de personalidade, estilos de liderança e situacional de liderança. Cada um desses grupos de teorias apresenta características próprias. Você aprendeu que os líderes transformacionais motivam as pessoas além do que imaginavam realizar, elevando o sentimento de importância e de valor de suas tarefas, fazendo com que transcendam em nome do grupo, da organização ou até de uma política mais ampla, elevando também o nível de necessidade a ponto atingir as necessidades mais elevadas como a de autorrealização. Por fim, foi mostrado que para que o líder seja totalmente eficaz e para que ele obtenha o maior impacto possível sobre sua organização, ele precisa usar a sua visão e a sua energia pessoais para inspirar os seus seguidores. Para saber mais sobre o assunto discutido nesta unidade, veja algumas dicas de artigos e filmes. • Filmes: ANJOS DA Vida. Filme. Direção: Andrew Davis. Produção: Beau Flynn, Trip Vinson, Armyan Bernstein. EUA. 2006. DVD (139 min.). GESTÃO E EMPREENDEDORISMO unidade 8 229 Com Kevin Costner, “Anjos da Vida” retrata o duro trabalho da guarda costeira em salvar vidas no mar de Bering. FOMOS HERÓIS. Filme. Direção: Randall Wallace. Produção: Randall Wallace, Bruce Davey, Stephen McEVeety. EUA. 2002. DVD (138 min.). Em plena Guerra do Vietnã, o tenente-coronel Hal Moore (Mel Gibson) e mais 400 integrantes do Exército dos Estados Unidos, todos da elite de combate, são cercados por 2000 soldados vietnamitas. INVICTUS. Filme. Direção: Clint Eastwood. Produção: Clint Eastwood, Lori McCreary, Robert Lorenz, Mace Neufeld. EUA. 2009. DVD (133 min.). A história é baseada no livro “Playing the Enemy: Nelson Mandela and the Game That Made a Nation de John Carlin” e na conquista da Copa do Mundo de Rugby de 1995 pela seleção sul-africana de Rugby, organizada no país após o desmantelamento do Apartheid. • Artigos: BRINGHENTI, C.; LAPOLLI, E.; BRINGHENTI, I.; MENDES, S. O planejamento estratégico e empreendedorismo: uma combinação para alcançar bons resultados. In: ENCONTRO NACIONAL DE EMPREENDEDORISMO, edição, 2001, Florianópolis. Anais... Florianópolis: Escola de Novos Empreendedores, 2001. p.1-7. SEBRAE MATO GROSSO DO SUL. A importância do planejamento estratégico para as empresas. Disponível em: <http://sebrae. ms/2014/06/16/planejamento-estrategico>. Acesso em: 09 nov. 2016. GESTÃO E EMPREENDEDORISMO 230 Referências AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS. Pesquisa GEM foi divulgada este mês. Disponível em: <http://www.pi.agenciasebrae.com.br/sites/asn/uf/PI/ Pesquisa-GEM-2012-foi-divulgada-este-m%C3%AAs>. Acesso em: 03 ago. 2016. ASHOKA BRASIL. Visão e Missão. Disponível em: <http://brasil.ashoka.org/ vis%C3%A3o-e-miss%C3%A3o>. Acesso em: 03 ago. 2016. BARBIERI, José Carlos. A contribuição da área produtiva no processo de inovações tecnológicas. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 37, p. 66-77, n. 1 jan./mar. 1997. BARBIERI, A. F. ; CARR, D. 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