Buscar

02-11_-_Formação_Const_no_Brasil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 01 (11/02/14)
FORMAÇÃO CONSTITUCIONAL NO BRASIL
A organização do Estado Brasileiro se iniciou com as Capitanias Hereditárias. Consistiu na simples doação de vasta área de terras a pessoas escolhidas pela Coroa Portuguesa. A primeira concessão foi a Capitania de Pernambuco, efetuada em 10 de março de 1534 para Duarte Coelho. Depois desta seguiram mais onze doações. Os donatários dessas Capitanias tinham direito quase que absoluto sobre o território das mesmas e na prática impuseram suas próprias normas e jurisdição. O sistema fracassou justamente por essa falta de unidade e inter-comunicabilidade entre as mesmas, resultando em núcleos habitacionais dispersos em várias regiões.
Em 1534, com a instituição dos governadores-gerais, buscou-se corrigir essa dispersão de poder e a administração da Colônia começou a ser organizada com a nomeação de autoridades com poderes delimitados, como o ouvidor-mor, procurador da fazenda e capitão-mor da costa.
A partir de 1621 esse poder que detinha certa centralização vai se fragmentando e a Colônia é dividida em duas e as capitanias também vão se subdividindo, surgindo centros autônomos locais. Do governo geral existente, surgem os governos regionais com uma subdivisão de centros administrativos, se transformando numa espécie de organização feudal muito parecida do que existia na Europa.
Nas zonas açucareiras (zonas rurais de produção de cana de açúcar) forma-se uma organização denominada de Câmara Municipal, formada por um colegiado de pessoas indicadas pelos fazendeiros com atribuições de prover a segurança, arrecadar e aplicar os recursos e julgar conflitos. Essa organização vai dar origem ao município de hoje.
Com a chegada de D. João VI ao Brasil de 1808 vai se instalando a corte no Rio de Janeiro e em 1815 o Brasil passa de colônia à categoria de Reino Unido de Portugal. 
A vinda da Família Real para o Brasil provocou um acelerado desenvolvimento do comércio, indústria e de organização estatal. Mas esse progresso ficou limitado ao Rio de Janeiro, pois a vasta extensão territorial continuou com o sistema de poder disperso e centrado nas autonomias locais.
Nesta fase já havia se formado uma casta social rica, integrada por fazendeiros e grandes proprietários que detinham condições de estudar nas grandes metrópoles adquirindo conhecimento e idéias liberais e da necessidade de uma constituição como forma de unificação do poder em todo o Brasil mediante uma adequada organização do Estado e que assegurasse os direitos fundamentais.
Em 7 de setembro de 1822 é proclamada a independência do Brasil.
A partir desse momento passa a se formar o Direito Constitucional brasileiro, o qual evolui, basicamente por três fases marcantes: a primeira é atrelada ao modelo liberal francês; a segunda é atrelada ao modelo Norte Americano; e a terceira fase é o atual modelo atrelado ao constitucionalismo alemão.
1) Constitucionalismo do Império: liberal francês
Com a outorga da Constituição Imperial de 1824 surge o Estado brasileiro. Essa Constituição se caracterizou por criar formalmente o Estado brasileiro, estabelecer uma forma de Estado unitário (simples) com um poder central e as Capitanias Hereditárias foram transformadas em Províncias com Presidente nomeado pelo Imperador. Embora segui-se a doutrina de Montesquieu com a divisão de poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário, criou um quarto, o Moderador no qual centrava-se praticamente todo o Poder (no Imperador) aproximando-se do modelo inglês.
Muito embora tenha permitido a existência da escravidão, ela assegurava direitos fundamentais, sob a inspiração da Constituição Francesa, visando os ideais liberais. 
2) Constitucionalismo da Primeira República: modelo americano
Essa tradição secular de poder local aliado à influência de ideais revolucionários da França e EUA mantiveram viva a intenção de um Estado federal, tanto é que foram se desencadeando diversas revoltas nesse sentido (Balaiadas, Cabanadas, República do Piratini e outras).
Em 1889, muito mais por complacência de D. Pedro II do que por força e domínio de seus opositores, os republicanos tomam o poder e com a Constituição promulgada de 1992 o Estado brasileiro é organizado em uma forma de Governo republicano e uma forma de Estado federal, transformando as Províncias em Estados membros. Inspirada na Constituição dos EUA, os marcos desse modelo foram o presidencialismo e o Estado federado.
O Estado recém havia se liberado do sistema de escravidão e tinha que conviver com uma nova realidade, formada pela força de trabalho livre vinda de imigrantes, principalmente italianos, tentando consolidar as plenitudes de um Estado liberal.
Mas o poder aos moldes feudais que havia se instaurado ainda no Brasil Colônia continuou a imperar e os coronéis elegiam os políticos e faziam suas próprias leis, enfraquecendo o poder normativo da Constituição. O desenvolvimento da economia permitiu o enfraquecimento dos coronéis e Getúlio Vargas chega ao poder através da Revolução de 1930 com a promessa de sanar os vícios eleitorais. 
3) Constitucionalismo do Estado Social: Constituição de Weimar
A Constituição promulgada de 1934 mantém a estrutura de organização de poder, centralizando-os na União e no Executivo, com a introdução de direitos sociais.
Ameaçado por movimentos comunistas, Getúlio Vargas dissolve o Congresso Nacional, instaura o Estado Novo e outorga a Constituição de 1937, a qual centralizou, praticamente, todo o poder no Executivo da União.
Com o término da Segunda Guerra Mundial surge um movimento de redemocratização do Estado, são convocadas eleições, inclusive de um poder constituinte que promulga a Constituição de 1946 que redemocratiza o Estado e equilibra as forças de poder.
Essa abertura colabora para a instauração de crises políticas e corrupções, vindo a Ditadura Militar que se instaura em 1964 a qual governa por Atos Institucionais e outorga a Constituição de 1967, centralizando novamente o poder no Executivo.
A ditadura Militar e a repressão instaurada provocaram reações populares que foram se intensificando e provocaram as eleições de governadores em 1982 e atingem o ponto culminante em 1984 com o movimento das “diretas já”. Em 1985 instaura-se formalmente um processo de transição. Em 1º de fevereiro de 1987 a Câmara dos Deputados e do Senado se reuniu em Assembleia Nacional Constituinte com o propósito de aprovar uma nova Constituição, a qual foi promulgada em 05 de outubro de 1988.
Esse período de 1934 a 1988, embora boa parte dele sob regimes ditatoriais, os textos Constitucionais se caracterizaram por ter uma ideologia social, em que o Estado deixa de se abster e procura intervir a fim de implementar medidas sociais, intervindo na livre iniciativa com o objetivo de assegurar direitos aos desfavorecidos numa tentativa de efetivar uma igualdade material. Ironicamente, os estados sociais tem se caracterizados por serem, também, de governos absolutistas.
Essa fase social se caracterizou, principalmente, pela concessão de direitos trabalhistas e benefícios previdenciários. No entanto, sem um aparato adequado e mecanismos de proteção eficientes, esses direitos não passaram de meras declarações desprovidas da efetividade prática desejada e o modelo dessa fase se mostrou utópico, pois o Estado não conseguiu implementar esse anseio, abrindo espaço para uma nova era que se seguiu na Constituição de 1988: o democrático de direito. 
A Constituição da República de 1988 será objeto de estudo em outra oportunidade.
BIBLIOGRAFIA
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção de um novo modelo. São Paulo:Saraiva, 2009.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 21. ed., São Paulo:Malheiros, 2007.
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 4. ed., São Paulo:Saraiva, 2009.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 12 ed., São Paulo:Saraiva, 2008. 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo.19. ed., São Paulo:Malheiros, 2001.

Outros materiais