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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO – UnC/Concórdia
Curso de Direito
Direito Constitucional II
Prof. Mauro J. Matté
Aula n. 03-F
(25/02/14)
DIREITO À PROPRIEDADE
1 - Conceito
O direito de propriedade tem seu fundamento na Constituição da República. Abrange qualquer direito de conteúdo patrimonial ou econômico. É tudo que possa ser convertido em dinheiro, alcançando créditos e direitos pessoais.
Na fase liberal (primeira fase do Constitucionalismo Moderno) o direito de propriedade foi concebido como uma relação entre a pessoa e uma coisa. Esse direito tinha um caráter absoluto. Hoje, esse direito de propriedade deixou de ser considerado um (puro) direito individual ou uma instituição de direito privado, como foi na primeira fase do Constitucionalismo Moderno, para se tornar um direito regido pelo Direito Público.� O Código Civil disciplina apenas as relações civis decorrentes do direito de propriedade, pois a sede, a sua estrutura, está toda ela na Constituição da República.
Pelo Código Civil (art. 1.228), a propriedade é um feixe de poderes, que envolve o poder de uso, de gozo e fruição, de livre disposição, de reivindicação e mais o título. Quem tem os quatro primeiros, e não tem o título, tem apenas o domínio (ex. enfiteuta). A regra é que esses poderes estejam concentrados em uma só pessoa, mas eles podem ser desmembrados, separados e serem de titularidade de pessoas diversas. Portanto, para o Direito Civil, o conceito de propriedade é o direito que a pessoa tem de usufruir deste feixe de poderes. Para o Direito Constitucional é um conjunto de faculdades constitucionais relacionadas ao patrimônio.
O proprietário tem a garantia de ter conservada a sua propriedade, pois ninguém pode ser privado de seus bens fora das hipóteses previstas na Constituição.
Nas situações excepcionais em que o proprietário pode ser privado do direito de propriedade ele tem a garantia de compensação, de ser reparado pela perda da propriedade. Caso ele seja privado de seus bens, tem o direito de receber a devida indenização, equivalente aos prejuízos sofridos.
Em regra, o direito de propriedade é perpétuo. Podendo ser resolúvel (por causa originária art. 1.359 c/c art. 505 e art. 1.952, todos, do CC ou por causa superveniente art. 1.360 c/c art. 557, ambos, do CC). O direito de propriedade sobre imóvel abrange o respectivo espaço aéreo e o subsolo (art. 1.229 do CC, salvo os minerais – art. 1.230 do CC).
2 – Função Social da Propriedade
Norberto Bobbio (Da Estrutura à Função) diz que o Direito sempre foi estudado no sentido de se verificar como ele é, no entanto, é mais importante saber para que ele serve (sua função). Todo instituto jurídico deve ter uma função e a propriedade tem uma função social. Significa a revanche de Grécia sobre Roma (do humanismo sobre o imperialismo). O CC/16 só dava direitos ao proprietário. A Constituição Federal de 1988 humaniza a propriedade. A Constituição da República assegura o direito de propriedade (art. 5º, XXII), mas, por outro lado, exige que ela atenda a sua função social (art. 5º, XXIII). A função social faz parte da estrutura do direito de propriedade, tanto é que direito de propriedade e função social é uma coisa só. Portanto, não é um direito absoluto (STF, ADI 2.213-MC). O proprietário pode ser privado da propriedade em diversas situações que a Constituição prevê que ela não está atendendo a função social.
Em certas situações, mesmo quando a propriedade não cumpre sua função social, o proprietário tem direito de proteção da mesma, a exemplo do que ocorre nas invasões de fazendas improdutivas pelo Movimento dos Sem Terra - MST. No entanto, quanto mais a propriedade cumpre sua função social, mais ampla é a sua proteção. 
A função social da propriedade urbana e da propriedade rural tem tratamento distinto.
2.1 – Função Social da Propriedade Urbana
A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende o plano diretor do município (art. 182, § 2º, CF). O plano diretor é um conjunto de leis municipais que tratam do uso e ocupação do solo urbano (art. 40 da Lei n. 10.257/01 – Estatuto da Cidade). Segundo o art. 182, § 1º, da CF, o plano diretor é obrigatório para as cidades com mais de vinte mil habitantes, no entanto, o art. 41 do Estatuto da Cidade estende essa obrigação para outras situações. Na prática, hoje, todos os municípios devem tê-lo sob pena de ficar sem acesso a recursos federais e outros benefícios.
O proprietário de imóvel urbano que não cumpre sua função social pode ser compelido a dar uma destinação útil e se não cumprir isso, ter IPTU progressivo (alíquotas altas)� e por fim vir a sofrer desapropriação com o pagamento através de títulos da dívida pública (art. 182, § 4º, CF e art. 5º ao 8º do Estatuto da Cidade).
2.2 – Função Social da Propriedade Rural
Da mesma forma, o imóvel rural deve atender a função social, sob pena de o titular perder sua propriedade (arts. 184 a 186 da CF).
Propriedade rural cumpre função social quando há aproveitamento racional e adequado, quando há utilização adequada dos recursos naturais e preservação do meio ambiente, assim como, quando há exploração que favoreça bem-estar dos proprietários e trabalhadores e observância disposições que regulam relações de trabalho (art. 186 da CF).
2.2.1 – Pequena Propriedade Rural
Segundo o art. 5º, XXVI da CF, a pequena propriedade rural não pode ser objeto de penhora para pagamentos de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, bem como deverá receber recursos previstos em lei que financiem o seu desenvolvimento. Mesmo quando seu proprietário oferece espontaneamente sua pequena propriedade em garantia ela não perde essa proteção (STF RE 136.753 e STJ REsp n° 262641/RS).
É uma preocupação do constituinte com a fixação do pequeno produtor rural e de sua família na terra em que trabalham.
A pequena propriedade rural foi considerada bem de família, insuscetível de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva.
É considerada pequena propriedade rural a área de terras rurais necessária para o sustento do pequeno agricultor e sua família (STJ REsp nº 1.284.708/PR). Sendo que essa área pode variar, segundo o tipo de cultura praticado e a região em que se encontra. O art. 191 da CR diz que para fins de desapropriação é a que vai até 50 hectares. O art. 4º, II, da Lei n. 8.629/93, define que é a área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais. O módulo fiscal tem tamanho variado, depende do Município. Para o Município de Concórdia é de 18 hectares. 
3 – Direitos Intelectuais
A propriedade intelectual se subdivide em propriedade do autor (científica, literária ou artística) e propriedade industrial. Em outras palavras, a atividade intelectual dá origem aos direitos de domínio industrial, científico, literário ou artístico. Os direitos de propriedade intelectual são classificados em morais e materiais. 
3.1 – Direitos Autorais
O art. 5º, XXVII e XXVIII, CF trata dos direitos autorais, que compreende as obras literárias, musicais, artísticas, filmes, fonogramas e demais criações semelhantes.� As Leis n. 9.609/98 (software) e n. 9.610/98 regulamentam os direitos autorais.
Os direitos autorais morais são inalienáveis e irrenunciáveis. Consistem no direito ao inédito, à paternidade da obra, de manter a sua integridade, modificá-la, bem como retirá-la de circulação.
Os direitos autorais patrimoniais ou materiais são transmissíveis e renunciáveis. Consistem na faculdade de usar, fruir e gozar da propriedade desses direitos, bem como de transmiti-los a terceiros. 
Plágio e Contrafação são modalidades de violação de direito do autor. O primeiro consiste na violação do direito moral do autor, na divulgação de obra alheia como se fosse sua. A contrafação é a reprodução de obra alheia sem a devida autorização.
3.2 – Propriedade Industrial
A Constituição assegura aos autores de inventos industriais o privilégio de sua exploração econômica, em caráter de exclusão (art. 5º, XXIX).A propriedade industrial compreende a proteção dos seguintes bens imateriais: a patente de invenção; a patente de modelo de utilidade; o registro de desenho industrial; e o direito de marca.� O direito à propriedade industrial está regulamentado pela Lei nº 9.279/1996.
4 – Direito de Herança
Em decorrência do direito de propriedade, elevada à condição de direito constitucional, é a possibilidade da transferência dos bens de uma pessoa falecida a seus herdeiros e legatários (art. 5º, XXX). Esse assunto está regulamentado pelo Código Civil, nos artigos 1.791 a 2.027.
Na sucessão de bens de estrangeiros situados no País, aplica-se sempre a lei que for mais favorável ao cônjuge ou filhos brasileiros da pessoa falecida, a legislação brasileira ou a do país do de cujus (art. 5º, XXXI).
5 – Limites ao Direito de Propriedade
Como o interesse coletivo se sobrepõe ao do particular, o proprietário pode ser privado do direito de propriedade para salvaguardar um interesse maior. Diante desse interesse coletivo maior (que se sobrepõe ao particular), o proprietário pode perder seu direito de propriedade, de forma total ou parcial, temporária ou definitivamente.
Essa privação pode ocorrer, entre outros, nos casos de desapropriação, de requisição, de confisco, de usucapião e outras limitações.
5.1 – Desapropriação
5.1.1 - Conceito
Desapropriação ou expropriação é a transferência compulsória da propriedade particular (ou pública de entidade de grau inferior para a superior) para o Poder Público ou seus delegados, por utilidade ou necessidade pública ou, ainda, por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro (art. 5, XXIV, da CF e art. 1.228, § 3º, CC), salvo exceções constitucionais de pagamento em títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, no caso de área urbana não edificada, subutilizada ou não utilizada (CF, art. 182, parágrafo quarto, III), e de pagamento em títulos da dívida agrária, no caso de Reforma Agrária, por interesse social (CF, art. 184).
5.1.2 – Cabimento das Desapropriações
A desapropriação é cabível nas situações de necessidade pública, de utilidade pública e de interesse social.
5.1.2.1 – Necessidade Pública
Para resolver situações emergenciais.
5.1.2.2 – Utilidade Pública
Quando a transferência de bens é conveniente, mas não imprescindível. Decreto Lei 3.365/41 (Lei das Desapropriações)
5.1.2.3 – Interesse Social
Para distribuição ou o condicionamento da propriedade para melhor aproveitamento, utilização ou produtividade em benefício da coletividade (menos reforma agrária - Lei 4.132/62).
A Desapropriação para Reforma Agrária é regida pela Lei Complementar no 76/93.
5.1.3 – Espécies de Desapropriações
A desapropriação pode ser direta ou indireta ou sanção.
5.1.3.1 – Desapropriação Direta
A desapropriação direta ocorre quando a Administração Pública efetua o procedimento legal e adequado de desapropriação, nas situações de cabimento da mesma (dispostos no item 5.1.2). Esse procedimento está descrito no item 5.1.4 a seguir.
5.1.3.2 – Desapropriação Indireta
a) É uma expropriação que se realiza as avessas, sem observância do devido processo legal. O poder publico, inexistindo acordo ou processo judicial adequado, se apossa do bem particular, sem consentimento de seu proprietário. Contra essa forma de esbulho pode o particular promover ações possessórias, exceto quando já consumado o apossamento dos bens e integrados ao domínio público (hipótese em que não cabe reintegração ou reivindicação, somente indenização).
Transfere a este ultimo os ônus da desapropriação, obrigando-o a ir a juízo para reclamar a indenização a que faz jus (se ainda não prescreveu o direito à demanda). A desapropriação indireta é criação pretoriana (da jurisprudência). 
b) O Código Civil criou a Desapropriação Judicial Indireta (art. 1.228, § § 4º e 5º). O proprietário perde a propriedade para um grupo indeterminado de pessoas. Precisa dos seguintes requisitos: b.1) extensa área urbana ou rural; b.2) posse coletiva por mais de 5 anos; b.3) um grupo indeterminado de pessoas; b.4) boa-fé (não é o clássico conceito de boa-fé); b.5) realização de obras e serviços relevantes ; b.6) pagamento de indenização fixada pelo juiz (os Enunciados 305 e 308 da Jornada dizem que quem deve pagar são os possuidores, exceto se de baixa renda, caso em que o Poder Público [município se urbano e União se rural] deve pagar); b.7) tem que ser alegada por meio de ação autônoma ou como exceção substancial em ação já em trâmite. O MP tem legitimidade. O título só pode ser registrado quando ocorrer a indenização. Pode incidir em imóvel público. Não se confunde com o usucapião coletivo do Estatuto da Cidade.
5.1.3.3 – Desapropriação-sanção
A desapropriação-sanção ocorre quando a propriedade não esteja atendendo a função social. Pelo fato de o proprietário não dar um destino útil à propriedade que ele possui ele é privado da mesma. Pode ser de imóvel urbano (art. 182, § 4º, III - ver item 2.1) ou de imóvel rural (art. 184 – ver item 2.2).
5.1.4 – Características da Desapropriação
A desapropriação é uma forma originária de aquisição da propriedade, razão pela qual o bem expropriado se torna insuscetível de reivindicação e libera-se de quaisquer ônus que sobre ele incidissem precedentemente, ficando eventuais credores sub-rogados no preço. A aquisição originária se caracteriza por não haver uma bilateralidade, em que um vende e outro compra (por exemplo). É uma aquisição unilateral (usucapião, desapropriação, etc.). Na forma derivada de aquisição há uma bilateralidade, um negócio. Na forma derivada há um vínculo com o proprietário anterior.
É um procedimento administrativo realizado em 02 (duas) fases (DL 3.365/41).
A primeira, de natureza declaratória, consubstanciada na indicação da necessidade ou utilidade pública ou do interesse social. Isso se dá através de um decreto que descreve o bem e o declara de utilidade pública, necessidade pública ou interesse social (art. 6º do DL 3.365/41). 
A segunda fase é de caráter executório, que visa transferir a propriedade para o Poder Público. Compreende a estimativa da justa indenização e a transferência do bem expropriado para o domínio do expropriante (art. 7º e segs. do DL 3.365/41). A Administração Pública efetua a avaliação do imóvel e propõe o valor obtido ao proprietário. Se ele concorda é efetuada a desapropriação amigável, mediante a escritura pública de transferência do imóvel e respectivo pagamento. Se ele não concorda, o ente Público propõe a ação judicial de desapropriação, depositando o valor que entende justo e no processo é discutido apenas o valor da desapropriação e eventual irregularidade no procedimento.
Toda a desapropriação deve ser precedida de declaração expropriatória regular, na qual indique o bem a ser desapropriado e se especifique sua destinação pública ou de interesse social. A declaração de utilidade publica é sempre ato do poder publico. Já a expropriação pode ser promovida por outras entidades que não as de natureza política. Por isso, os concessionários e as demais entidades delegadas não podem declarar a utilidade publica de bens para fins de desapropriação, mas promovem a desapropriação. Isto é, desapropriam, em nome próprio, passando os bens desapropriados a integrar seus patrimônios e não o do poder publico.
Os destinatários dos bens expropriados são o poder público e seus delegados, mas podem ser traspassados a particulares, por ter sido essa a finalidade expropriatória, como ocorre na desapropriação por zona, para urbanização ou interesse social.
5.1.5 – Sujeitos da Desapropriação
A desapropriação envolve o expropriante e o expropriado.
5.1.5.1 – Expropriante
É quem tem o poder de desapropriar. É um dos três entes da Federação (União, Estados, Municípios ou Distrito Federal) ou as suas Autarquias e Fundações Públicas, desde que haja autorização expressa, constante de lei ou contrato (Dec-lei 3.365/41, art 3º). A desapropriação para reforma agráriasó pode ser feita pela União.
5.1.5.2 – Expropriado
É o proprietário ou possuidor. Pode ser pessoa física ou jurídica de direito privado ou de direito público (de grau inferior àquela que está desapropriando).
5.1.6 – Objeto da Desapropriação
A princípio, toda a propriedade pode ser desapropriada. Portanto, tudo o que pode ser transformado em dinheiro pode ser desapropriado.
Todos os bens podem ser desapropriados (Dec-lei 3.365/41, art 2), inclusive bens móveis e ações de sociedade comercial. Mas não se admite a expropriação de dinheiro, pois este é exatamente o meio pelo qual deve ser paga (previamente) a indenização e, tampouco, os direitos personalíssimos, indestacáveis do indivíduo ou irretiráveis de sua condição física. Uma coleção de moedas (fora de circulação) pode ser desapropriada. 
A desapropriação do espaço aéreo ou do subsolo só se tornará necessária, quando de sua utilização resultar prejuízo patrimonial do proprietário do solo (Dec-lei 3.365/41, art 2º, § 1º). 
A União pode desapropriar bens em todo o território nacional, mas os estados e os municípios só poderão desapropriar dentro das respectivas circunscrições territoriais. 
É possível a desapropriação de bens públicos, mas deve-se observar a hierarquia existente entre as entidades políticas, de modo que os as maiores poderão expropriar bens pertencentes as menores. Mas há necessidade de previa autorização legislativa (Dec-lei 3365/41, art 2º, § 2º). Qualquer bem publico pode ser desapropriado, até mesmo os de uso especial e os de uso comum do povo. Os estados-membros não podem expropriar bens de outro estado, nem os municípios os de outros municípios, em virtude da igualdade juridico-politico-constitucional em que se encontram . 
5.2 – Requisição
A requisição tem previsão constitucional no art. 5º, XXV e art. 139, VIII. A requisição civil se dá em iminente perigo público. Não há transferência de propriedade, há apenas uso ou ocupação temporária. A indenização, se houver, será posterior.
As requisições estão regulamentadas no DL n. 4.812/42, DL 315-A/45, Lei Delegada n. 4/62, DL n. 2/66 e Lei n. 6.439/77.
5.2.1 – Diferenças entre desapropriação e requisição
A desapropriação pode recair em bens e tem o objetivo de adquirir os mesmos. Dá-se mediante acordo ou decisão judicial, sempre mediante prévia e justa indenização em dinheiro (salvo na desapropriação-sançao em que ela se dá por títulos da dívida pública).
A requisição recai sobre bens ou serviços e tem como objetivo o uso da propriedade. É auto-executável. Só haverá indenização, em dinheiro, se houve dano ou prejuízo e será posterior.�
5.3 – Confisco ou expropriação sem indenização
O art. 243 da CF prevê a transferência compulsória da propriedade, sem direito de indenização, quando a gleba é utilizada para o plantio de culturas ilegais. O confisco é de toda a gleba e não apenas da parte da área cultivada ilegalmente (STF RE 543.974/MG). 
O parágrafo único do art. 243 prevê o confisco de todo e qualquer bem aprendido em decorrência de sua utilização no tráfico ilícito de entorpecentes.
5.4 – Usucapião
O proprietário pode perder o direito de propriedade pelo não uso da mesma. Ou seja, se deixar outra pessoa utilizá-la, sem oposição, em função da necessidade de dar uma finalidade social á mesma o ordenamento jurídico transfere a propriedade para o possuidor. O usucapião pode ocorrer em face de bens móveis (art. 1.260 do CC) ou imóveis (art. 1.238 do CC).
As espécies de usucapião são: extraordinário (art. 1.238 do CC); ordinário (art. 1.242 do CC); especial rural (art. 191 da CF); especial urbano (art. 183 da CF); e especial familiar (art. 1.241-A, CC).
A Constituição prevê expressamente as duas espécies de usucapião especial. 
O usucapião especial rural ou pró-labore está previsto no art. 191 da CF e exige o prazo de cinco anos de posse sem oposição de área não superior a 50 hectares. O possuidor não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural e esteja morando ou tenha tornado a terra produtiva mediante o seu trabalho ou de sua família.
O usucapião especial urbano ou pró-moradia está previsto no art. 183 da CF e confere o domínio ao possuidor de área urbana com até 250 m2, por mais de cinco anos ininterruptos sem oposição, utilizando-o para moradia, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Só pode usufruir uma vez desse usucapião.
O Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/01) prevê a usucapião especial urbano individual de área até 250 m2 (art. 9º) e a usucapião especial urbano coletivo para áreas com mais de 250 m2 (art. 10).
5.5 – Outras Limitações
A propriedade também pode sofrer outras limitações civis e administrativas ao seu uso, como ocorre com as normas estabelecidas na legislação do plano diretor municipal que impede a edificação próxima da via pública (afastamento), que limita construções até um determinado número de pavimentos (STF, RE 178.836), servidões, assim como, no âmbito do direto ambiental com as áreas de preservação, reservas florestais, criação de parques, etc.
BIBLIOGRAFIA
BERNARDI, Sílvia Waltrick. JANCZESKI, Célio Armando (coord.). Constituição Federal Comentada. Curitiba:Juruá, 2010.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 21. ed., São Paulo:Malheiros, 2007.
BULOS, Uadi Lammêgo. Direito Constitucional. 4. ed., São Paulo:Saraiva, 2009.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7. ed., Coimbra, Portugal:Almedina, 2003.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 19. ed., São Paulo:Malheiros, 2001.
� SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 19. ed., São Paulo:Malheiros, 2001, p. 275.
� O IPTU pode, também, ter alíquotas progressivas em razão do valor do imóvel (art. 156, § 1º, da CF).
� BERNARDI, Sílvia Waltrick. JANCZESKI, Célio Armando (coord.). Constituição Federal Comentada. Curitiba:Juruá, 2010, p. 62.
� COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa. 24. ed., São Paulo:Saraiva, 2012, p. 112.
� BULOS, Uadi Lammêgo. Direito Constitucional. 4. ed., São Paulo:Saraiva, 2009, p. 509.

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