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ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA CRIMINAL DA COMARCA DE VITÓRIA-ES
(10 linhas duplas)
Processo Nº
JORGE, já qualificado nos autos do processo supra, vem perante a Vossa Excelência, por meio de seu advogado e procurador, apresentar, tempestivamente, suas
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS
Nos autos do processo n°, que lhe move o MINISTÉRIO PÚLICO ESTADUAL, em razão dos fatos e fundamentos que passa a expor:
I - DOS FATOS
Jorge conheceu Analisa em um bar com os amigos, ficando, tão logo, perdidamente encantado com ela. Após um bate-papo, houve troca de beijos, o que fez com que o casal decidisse partir para um lugar mais reservado, onde trocaram carícias e praticaram sexo oral e vaginal. Após trocarem contatos telefônicos e nas redes sociais, retornaram cada um para o seu aposento, ao fim da noite.
No dia seguinte, Jorge, ao acessar a página de Ana na rede social, descobre que, apesar da aparência adulta, esta possui apenas 13 (treze) anos de idade, tendo o mesmo ficado chocado com essa constatação. O seu medo foi corroborado com a chegada da notícia, em sua residência, da denúncia movida por parte do Ministério Público Estadual, pois o pai de Analisa, ao descobrir o ocorrido, procurou a autoridade policial, narrando o fato. Por ela ser inimputável e contar, à época dos fatos, com 13 (treze) anos de idade, o Ministério Público Estadual denunciou Jorge pela prática de dois crimes de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217- A, na forma do artigo 69, ambos do Código Penal. O Parquet requereu o início de cumprimento de pena no regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da lei 8.072/90, e o reconhecimento da agravante da embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, II, alínea “l”, do CP.
O processo teve início e prosseguimento na XX Vara Criminal da cidade de Vitória, no Estado do Espírito Santo, local de residência do réu. Jorge, por ser réu primário, ter bons antecedentes e residência fixa, respondeu ao processo em liberdade.
Na audiência de instrução e julgamento, a vítima afirmou que aquela foi a sua primeira noite, mas que tinha o hábito de fugir de casa com as amigas para frequentar bares de adultos. As testemunhas de acusação afirmaram que não viram os fatos e que não sabiam das fugas de Analisa para sair com as amigas. As testemunhas de defesa, amigos de Jorge, disseram que o comportamento e a vestimenta da Analisa eram incompatíveis com uma menina de 13 (treze) anos e que qualquer pessoa acreditaria ser uma pessoa maior de 14 (quatorze) anos, e que Felipe não estava embriagado quando conheceu Analisa. O réu, em seu interrogatório, disse que se interessou por Analisa, por ser muito bonita e por estar bem vestida. Disse que não perguntou a sua idade, pois acreditou que no local somente pudessem frequentar pessoas maiores de 18 (dezoito) anos. Corroborou que praticaram o sexo oral e vaginal na mesma oportunidade, de forma espontânea e voluntária por ambos.
A prova pericial atestou que a menor não era virgem, mas não pôde afirmar que aquele ato sexual foi o primeiro da vítima, pois a perícia foi realizada longos meses após o ato sexual.
II - DOS DIREITOS 
Da Absolvição Necessária
De acordo com o artigo no artigo 383, inciso III do CPP, verifica-se a necessidade de absolvição do réu, por não configurar infração penal a prática do mesmo, ao contrário do que alega o Ministério Público em sua acusação.
“Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
III - não constituir o fato infração penal;”
Desse modo, a conduta praticada por Jorge é atípica pela teoria finalista, incidindo na regra “nullum crime sine culpa”, uma vez que ocorreu erro ou inexistência do elemento subjetivo do tipo penal, excluindo o dolo do art. 20, CP:
“Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.”
Tal fundamento se dá em virtude de o réu desconhecer a verdadeira idade de Analisa, o que o fez cair em erro, pois as circunstâncias e sua aparência não condiziam com a realidade dos fatos.
Do Concurso Material e Formal
 Ressalta-se a inexistência de concurso formal ou material que possa ser aplicável aos atos do acusado, pois os mesmo se deram em razão do contexto temporal 
 O acusado está sendo processado pelo crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) em concurso material (art. 69 do CP). 
O acusado conheceu a vitima em uma balada e acabaram no decorrer da festa criando uma certa intimidade, trocando beijos e caricias, em nenhum momento o réu chegou a perguntar a idade da vitima pelo fato de o local ser frequentado por pessoas maiores de idade, deste modo pensou que a mesma também era maior de idade, assim como as testemunhas afirmaram que também acharam que a vitima era mais velha pelo comportamento e pelas vestimentas, no fim da noite os dois manterão relações sexuais na modalidade oral e vaginal. 
No dia seguinte o acusado veio descobrir por meio de uma rede social que a vitima tinha apenas 13 anos de idade, ficando o mesmo em estado de choque, pois, não tinha a minima ideia de tais fatos. Desse modo, não resta dúvidas de que o acusado agiu em erro de tipo essencial escusável previsto no art. 20 do CP, neste caso permite somente a punição por culpa mas o tipo penal imputado ao réu não prevê forma culposa de modo que, a conduta é formalmente atípica.
Os crimes em que deixam vestígios exigem que sejam feito exame de corpo de delito nos termos do art. 158 do CPP, para a produção de provas e configuração dar circunstâncias geradas pela conduta. No exame pericial foi constatado que a menor não era virgem, mas não pode atestar que foi a primeira relação apesar de assim ela ter dito em seu depoimento, pois, tal exame foi feito meses depois e já não era mais possível averiguar tais fatos, mas afirmou ter o hábito de fugir de casa com as amigas e frequentar bares adultos, desta forma, não se pode confirmar as causas reais de sua condição.
Diante de tais fatos não resta dúvidas de que o acusado agiu em erro, não pensou em nenhum momento que estava agindo contra a lei, praticando portanto, conduta atípica. Mas caso assim não entenda Vossa Excelência que seja a pena fixada no minimo legal, pois o acusado é réu primário, tem bons antecedentes e residência fixa, as circunstâncias judiciais estão ao seu favor.
Ainda nesse sentido, o parquet requereu o reconhecimento da agravante da embriaguez preordenada, mas o acusado não se embriagou para praticar tais fatos, até porque não era sua intenção praticar uma conduta tipica, o mesmo estava apenas se divertindo em um bar com seus amigos. Os amigos do acusado que estava presente afirmaram este não estava embriagado, de forma que, deve ser afastada a presença de tal agravante. 
Mas, ao tempo do crime o acusado era menor de 21 anos, tinha apenas 18 anos e nesse caso nos termos do art. 65, I do CP deverá incidir a atenuante da menoridade.
Deve também ser excluído o concurso de crimes do art. 69 do CP, pois, com o advento da lei 12. 015/2009, o crime de estupro de vulnerável e o de atentado violento ao pudor se tornaram um tipo misto alternativo, devendo ser considerado um crime único.
Requereu ainda o ministério público que iniciasse o cumprimento da pena em regime fechado pela por fazer o crime parte do rol do art. 1º da lei 8.072 sendo o crime hediondo, de forma que, o art. 2º, §1º da mesma lei defende o inicio de cumprimento de pena em regime fechado. Ocorre que, o STF já julgou tal dispositivo inconstitucional de acordo com o art. 33, §2º, "a" prevê regime inicial fechado para crimes com pena superior a 8 anos, o que não é o caso, devendo então fixar o regime inicial semi aberto para o acusado.
DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto requer seja a presente ação recebida e provida de forma que seja reconhecida a atipicidade da conduta por erro de tipo essencial inevitável absolvendo o réu sumariamente nos termos do art. 386, III do CPP. Caso não entenda Vossa Excelência dessaforma, que seja a pena fixada no minimo legal reconhecendo as circunstâncias judiciais a favor do acusado, excluindo o concurso de crimes por ser um tipo misto alternativo, afastando a agravante de embriaguez preordenada e reconhecendo a atenuante de menoridade, fixando o regime inicial de cumprimento de pena no regime semi aberto. 
Nesses termos, 
Pede deferimento. 
Vitória- ES, 15 de abril de 2014
Advogado - OAB
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