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Apostila de Ética e Legislação Profissional

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ANTONIO DAS GRAÇAS ALVES FERREIRA
Professor Mestre em Economia - UFPE 
	
APOSTILA
DISCIPLINA ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL
CARGA HORÁRIA: 40 HORAS
SÃO LUIS – MARANHÃO
FEVEREIRO 2014
SUMÁRIO
UNIDADE I – ASPECTOS GERAIS SOBRE ÉTICA
INTRODUÇÃO	4
CONCEITOS PRELIMINARES	4
OS VALORES ÉTICOS E MORAIS NO TEMPO E NO LUGAR	4
OBJETO E OBJETIVO DA ÉTICA	5
CONCEITO DE ÉTICA E MORAL	6
CAMPO DA ÉTICA	8
FONTE DAS REGRAS ÉTICAS	8
IDENTIFICAÇÃO DAS NORMAS ÉTICAS – CASOS PRÁTICOS	10
COMPORTAMENTO ÉTICO	12
INTRODUÇÃO	12
RISCO E CHANCE	12
RISCO E CHANCE NA PROFISSÃO	13
PROTEÇÃO DOS VALORES ÉTICOS	15
UNIDADE II – ÉTICA E PROFISSIONAL
INTRODUÇÃO	18
PROFISSÃO E EFEITOS DE SUA CONDUTA	18
VALOR SOCIAL DA PROFISSÃO	19
RESPONSABILIDADE, UTILIDADE E PROJEÇÃO PROFISSIONAL	19
OBSTÁCULO À FAMA PROFISSINAL E POSTURA ÉTICA	20
ÉTICA E PROFISSÃO	21
INTRODUÇÃO	21
VALOR DA PROFISSÃO, UTILIDADE E EXPRESSÃO ÉTICA	21
ESPECIALIZAÇÃO, CULTURA E UTILIDADE PROFISSIONAL	22
FUNÇÃO SOCIAL DA PROFISSÃO	23
DEVERES PROFISSIONAIS	24
INTRODUÇÃO	24
DEVER PROFISSIONAL E ESCOLHA DA PROFISSÃO	25
DEVER DE CONHECER A PROFISSÃO E A TAREFA	26
DEVER DE EXECUÇÃO DAS TAREFAS E DAS VIRTUDES EXIGÍVES	26
DEVER PARA COM O MICRO E O MACROSOCIAL	28
VIRTUDES BÁSICAS PROFISSIONAIS	29
INTRODUÇÃO	29
ZELO	29
HONESTIDADE	31
SIGILO	32
COMPETÊNCIA	32
VIRTUDES COMPLEMENTARES PROFISSIONAIS	33
INTRODUÇÃO	33
ORIENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA AO CLIENTE	34
ÉTICA NA ORIENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA: TIPOS HUMANOS	34
ÉTICA DO COLEGUISMO	36
ÉTICA CLASSISTA	36
UNIDADE III – CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL E EMPRESARIAL
INTRODUÇÃO	38
CÓDIGO DE ÉTICA EMPRESARIAL	38
ÉTICA E POLÍTICA	39
ÉTICA E QUALIDADE	40
INTRODUÇÃO	40
MORAL E PADRÕES DE QUALIDADE	40
ÉTICA PROFISSIONAL E PROGRAMAS DE QUALIDADE	41
RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E CONDUTA NAS ORGANIZAÇÕES	42
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL	43
ÉTICA DOS PROFISSIONAIS CONTÁBEIS	43
A IMPORTÂNCIA DOS PROFISSIONAIS CONTÁBEIS SOCIEDADE	44
CONSIDERAÇÕES SOBRE O CÓDIGO DE ÉTICA DO CONTADOR	45
INTRODUÇÃO	45
TEMAS RELEVANTES DO CÓDIGO DE ÉTICA DO CONTADOR	45
DESTAQUES DA PROPOSTA DO NOVO CÓDIGO DE ÉTICA	50
UNIDADE IV – LEGISLAÇÃO BÁSICA DA PROFISSÃO CONTÁBIL
INTRODUÇÃO	52
DECRETO-LEI Nº 9.295/46 E SUAS ALTERAÇÕES	52
LEI Nº 10.406/02 – CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO	58
PRERROGATIVAS PROFISSIONAIS DO CONTABILISTA– ES.560/83	62
REFERÊNCIAS	66 
UNIDADE I – ASPECTOS GERAIS SOBRE ÉTICA
INTRODUÇÃO
CONCEITOS PRELIMINARES 
O estudo da ética e do conjunto de hábitos, costumes, atitudes e reações do ser humano diante do lugar e do meio social em que vive, tem ligação estreita com o que podemos chamar de bem, mal, moral e imoral, cujos conceitos serão desenvolvidos a partir da literatura existente. 
Bem é uma qualidade atribuída a ações e a obras humanas que lhes confere um caráter moral. Essa qualidade se anuncia por meio de fatores subjetivos, o sentimento de dever, que levam à busca e à definição de um fundamento que os possa explicar. 
 
Mal é tudo aquilo que se opõe ao bem, à virtude, à probidade, à honra, à correção moral, à honestidade e à honradez. É aquilo que é nocivo ou prejudicial à comunidade.
Moral é um conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.
Imoral é tudo que é contrário à moral, que seja desonesto, libertino, livre de qualquer contorno moral, devasso, dissoluto e depravado. Uma conduta ou doutrina é dita imoral quando contraria regra moral prescrita para um determinado tempo e lugar.
Desde o nascimento, o ser humano vive em grupos sociais, começando na família e, à medida que vai crescendo, surgem novas formas de agrupamentos nos quais vai se envolvendo, passando por um processo de troca de conhecimentos, hábitos e costumes, possibilitando seu crescimento moral dentro do grupo.
A convivência humana é o “fator gerador” do comportamento ético ou antiético, sendo, portando, os problemas das relações sociais entre as pessoas que geram as questões éticas. Por conseguinte, ninguém pode esquecer a lição vinculada à ética, ou seja, o direito de uma pessoa termina no ponto em que inicia o direito da outra.
As experiências vividas nos grupos sociais representam a verdadeira universidade da vida, que leva o homem a identificar os limites dos seus direitos, a conquista da paz, bem como a convivência com os conflitos.
Existem os mais variados tipos de grupos sociais nos quais o ser humano convive desde o seu nascimento e durante toda a sua vida. Como exemplo, podemos citar a família, o colégio, a igreja, o clube social, a torcida do seu time de futebol preferido, a faculdade, os amigos do bairro ou do prédio em que mora, seus colegas de trabalho, o partido político, as associações de classes, entre outros.
OS VALORES ÉTICOS E MORAIS NO TEMPO E NO LUGAR 
 
O comportamento do ser humano, assim entendido como um conjunto de atitudes e reações do indivíduo diante dos fatos e do meio social, ao longo da história e durante toda a sua existência, tem passado por mudanças incessantes.
Essas mudanças representam um conjunto de reações e atitudes praticadas pelo indivíduo e estão vinculadas ao processo de evolução da sociedade decorrente da passagem sucessiva de coisas, pessoas, acontecimentos, hábitos e dependem do ambiente, do lugar e das circunstâncias.
Em virtude dessa evolução, as normas de conduta, os princípios ou padrões sociais aceitos e adotados pelos indivíduos, classes e sociedade também se alteram, ou seja, os valores morais mudam com o tempo e com o lugar. Determinados comportamentos outrora considerados absolutamente impróprios e até mesmo contrários à lei, hoje, já não tem a reprovação social.
Como consequência decorrente das mudanças dos valores da sociedade, temos, por exemplo, as constantes alterações nas Leis, tais como, Código Civil, Código Penal, Código do Consumidor e até mesmo a Constituição Federal. Todos esses dispositivos necessitam de atualizações para que possam atender aos padrões e exigências sociais de cada época e lugar. Nessa mesma linha, muitas doutrinas e princípios que servem de base aos diversos sistemas religiosos, políticos, filosóficos e científicos também sofrem modificações ao longo do tempo e do lugar.
As relações sociais vividas pelos seres humanos representam verdadeiros “conflitos” de interesses, presentes no dia-a-dia e nas mais variadas situações. Cada ação praticada por uma pessoa, segundo suas percepções e visão do caso, corresponde a uma reação ou interação do interlocutor ou do meio em que o ato foi praticado. Esses fatos ocorrem no convívio familiar, social e profissional.
Podemos citar os mais variados casos presentes no dia-a-dia das pessoas. Vejamos as seguintes situações:
Marcos, ao passar na mesa de trabalho do seu colega Carlos, percebeu que o mesmo estava há um bom tempo conectado na Internet, apreciando um site de conteúdo pornográfico. Marcos, um profissional aplicado, ficou na dúvida, devo reclamar ao colega? Embora esse fato venha atrapalhar o bom andamento do trabalho e sendo Carlos seu amigo, deve Marcos comunicar o fato ao chefe imediato?
Em uma disputa política partidária o Sr. Alfredo, candidato a deputado estadual, virtualmente eleito, extrapolou seus gastos de campanha, não tendo como quitar suas dívidas. Nos momentos finais da disputa eleitoral, precisou de dinheiro para cobrir gastos adicionais já realizados. Recorreu aos bancos para a obtenção de um empréstimo, o que lhe foi negado. O Sr. Alfredo não hesitou e, embora sendo uma operação ilegal, solicitou a quantia pretendida ao Sr. Hermínio, um velho agiota conhecido na praça, que lhe fez algumas exigências: juros bem acima daqueles praticados pelos bancos e na intenção de tirar proveito do momento político, condicionou a liberação dos recursos ao apoio na liberação de obras para a construtora da qual o Sr. Hermínio era proprietário. Pergunta-se: o Sr. Alfredo deveria solicitaro empréstimo nessas condições? Tendo recebido o dinheiro e pago suas dívidas com os recursos liberados pelo Sr. Hermínio, deveria o Sr. Alfredo cumprir as promessas com respeito à liberação das obras? 
Se você passeia pelo parque da sua cidade e, de repente, flagra a namorada do seu melhor amigo com outro, deve dizer a verdade ao amigo que a ama loucamente ou ficar calado, como se nada tivesse visto?
Se seu melhor amigo está traindo a empresa, na qual ambos trabalham, repassando ao concorrente os segredos industriais, e se esse fato prejudica os resultados da empresa, deve denunciar o amigo ou, em nome da amizade, ficar calado?
 
Observemos que as situações apresentadas são fatos comuns, vivenciados pelas pessoas na prática diária, no âmbito familiar, afetivo, social e profissional, cujas decisões são difíceis de tomar, quanto ao julgamento dos atos praticados. Decisões ou soluções para casos dessa natureza, não envolvem somente o sentimento individual, mas a todos que estão de alguma forma, a eles atrelados e cujas consequências lhes afetarão. Para a solução de casos desse tipo, o ser humano recorre às normas, sobretudo às de conduta moral do lugar, vinculada ao tempo e à oportunidade de cada fato.
 OBJETO E OBJETIVO DA ÉTICA
A convivência em sociedade conduz as pessoas a travarem entre si, diariamente, grande número de relacionamentos. Esse quadro tem por base a necessidade de se atingirem determinados objetivos, que podem ser de natureza individual (particular) ou coletiva (envolvendo o conjunto inteiro da sociedade ou grande parte da mesma).
Independentemente de sua vontade, o homem passa a integrar uma sociedade desde seu nascimento e terá seu convívio ligado ao de seus semelhantes, através dos relacionamentos que, obrigatoriamente, manterá ao longo de toda sua existência. 
Como resposta às condições que lhe são oferecidas pela sociedade, cada pessoa constrói um conjunto de crenças e valores que serve como sustentação do comportamento que adota ao longo da vida, na busca dos objetivos que ela persegue.
Uma vez que cada pessoa apresenta seu próprio conjunto de crenças e valores, com comportamento e objetivos diferenciados, surgem conflitos nos relacionamentos existentes no seio de cada sociedade.
Tendo em vista que a convivência em sociedade precisa ser mantida, torna-se necessário que o comportamento das pessoas permaneça dentro de um nível aceito pelo conjunto da sociedade, a despeito do rol de crenças e valores de cada pessoa individualmente.
A Ética, enquanto ramo do conhecimento tem:
Por objeto – o comportamento humano no interior de cada sociedade.
Por objetivo – o estudo desse comportamento, com o fim de estabelecer os níveis aceitáveis que garantam a convivência pacífica dentro das sociedades e entre elas. 
 
 CONCEITO DE ÉTICA E MORAL
Ética vem do grego ethos que significa modo de ser ou caráter. Para os gregos, o ethos representava o lugar que abrigava os indivíduos cidadãos, aqueles responsáveis pelos destinos da polis (cidade). Nesta morada, os homens sentiam-se em segurança. Isso significa que, vivendo de acordo com as leis e os costumes, os indivíduos poderiam tornar a sociedade melhor e encontrar nela sua proteção, seu abrigo seguro. A ética aparece, assim, como resultado das leis determinadas pelos costumes e das virtudes e hábitos gerados pelo caráter dos indivíduos. Os costumes representam, então, o conjunto de normas e regras adquiridas por hábito, enquanto a permanência destes define o caráter virtuoso da ação do sujeito. 
O termo latino mos (mores) do qual deriva o termo moral, corresponde ao termo ethos do grego. Portanto, Ética e Moral são palavras que significam, em sua origem, a mesma coisa, pois dizem respeito ao modo como os indivíduos devem agir em relação ao outro no espaço em que vivem. 
Embora os termos, Ética e Moral tenham a mesma origem, atualmente, podemos diferenciá-los, pois a Ética se constitui como uma parte da filosofia que trata da moral em geral, ou da moralidade de cada ser humano, em particular. A Ética é definida por muitos autores como a ciência da moral. Isso significa que a moral aparece atualmente como um objeto de reflexão da Ética. Desse modo, enquanto à Ética compete estudar os elementos teóricos que nos permitem entender a moralidade do sujeito, a moral diz respeito à esfera da conduta, do agir concreto de cada um. Pode se resumir essas diferenças da seguinte forma: 
A Ética revela-se como reflexão (theoria);
A Moral diz respeito à ação (práxis).
 
A moral, como sinônimo de ética, pode ser conceituada como o conjunto das normas que, em determinado meio, adquirem a aprovação para o comportamento humano.
A ética, como expressão única do pensamento correto, conduz à ideia da universalidade moral, ou ainda, à forma ideal universal do comportamento humano, expressa em princípios válidos para todo pensamento normal e sadio.
O termo, ética, assume diferentes significados, conforme o contexto em que os agentes estão envolvidos. Uma definição particular diz que a “ética nos negócios é o estudo da forma pela qual, normas morais pessoais se aplicam às atividades e aos objetivos da empresa comercial. Não se trata de um padrão moral separado, mas do estudo de como o contexto dos negócios cria seus problemas próprios e exclusivos à pessoa moral que atua como um gerente desse sistema”.
Outro conceito difundido de ética nos negócios diz que “é ético tudo o que está em conformidade com os princípios da conduta humana; de acordo com o uso comum, os seguintes termos são mais ou menos sinônimos de ético: moral, bom, certo, justo, honesto”.
A ética ou moralidade das pessoas ou grupos não consiste meramente no que elas fazem costumeiramente, mas no que elas pensam que é correto fazer, ou são obrigadas a isso.
As ações dos homens são, habitualmente, mas nem sempre, um reflexo de suas crenças: suas ações podem diferir de suas crenças, e, ambas, diferirem do que eles devem fazer ou crer.
Esse é o caso, por exemplo, do auditor contábil independente que foi escalado, por seu gerente de auditoria, para auditar as contas de uma empresa e que tem relações de parentesco com o presidente dela.
Ao aceitar a tarefa, o profissional estará agindo de acordo com sua crença, a de que ele consegue separar assuntos pessoais dos profissionais e que, portanto, nada há de errado em auditar as referidas contas.
O comportamento esperado do auditor é de que ele recuse o serviço, em nome do que a sociedade entende ser o procedimento correto, que é a clara desvinculação entre o executor dos serviços e o presidente da empresa, pois aquele deverá emitir um parecer absolutamente isento sobre a veracidade ou não dos dados contidos nos relatórios auditados. 
À luz da ética profissional, portanto, o auditor deve solicitar sua exclusão da tarefa a ele incumbida, comunicando as razões para o gerente de auditoria. Desse modo, ele estará de acordo com a crença difundida de que este é o procedimento correto.
O comportamento esperado da empresa, também à luz da ética profissional, será o de que ela substitua o auditor designado. Espera-se, assim, estar comunicando implicitamente à sociedade que a firma de auditoria age com absoluta retidão de procedimentos, e em conformidade com suas expectativas.
O problema central da ética tem sido o duplo trabalho de:
Analisar o significado e a natureza do elemento normativo moral do comportamento humano, do pensamento e da linguagem;
Avaliar o significado e a natureza do comportamento humano, apresentando os critérios para justificação das regras e dos julgamentos do que é moralmente correto ou errado, bom ou mau (ética normativa).
Constituem-se exemplos de julgamentos normativos:
Um auditor não deve integrar a equipe de trabalho que verifica as contas de um cliente do qual seja amigo pessoal;
Não se deve sonegar na declaração do Imposto de Renda;
Um parlamentar não deve subscrever emendas ao Orçamento Fiscal que de alguma forma o beneficiem;
Toda indústriapoluente deve adotar as necessárias medidas de segurança quando da instalação de uma unidade;
O aluno não deve utilizar-se de material não autorizado quando da realização de provas.
Os julgamentos normativos, pois, expressam valores concernentes ao tipo de conduta que os homens devem ter em resposta a dada situação. Quando se afirmar que determinado livro é bom, por exemplo, está-se afirmando que as pessoas devem comprá-lo e/ou lê-lo.
Os julgamentos normativos são, ainda, um “guia de ação”. Eles influenciam o comportamento humano no presente e no futuro.
 
Leitura complementar: Texto “Ética, Educação e Cidadania”, Marconi Pequeno.
 CAMPO DA ÉTICA
Os dilemas morais surgem como consequência do comportamento (refletido nas ações) dos indivíduos. Estão, assim, diretamente relacionados com o cotidiano de cada sociedade, o que nos permite afirmar que um mesmo comportamento pode ser visto por uma sociedade como desprovido de moral, enquanto aos olhos de outra sociedade pode ser considerado moralmente aceito.
Se, por exemplo, no meio de nossa sociedade, uma pessoa resolve sair à rua sem roupa, certamente terá seu comportamento condenado e reprimido. Todavia, em uma tribo indígena localizada no meio da floresta amazônica, com pouco contato com a civilização, o ato seria visto com naturalidade.
Da mesma forma que entre sociedades distintas, no seio de uma mesma sociedade, é comum pessoas diferentes enxergarem determinado fato através de óticas diferenciadas, muitas vezes conflitantes. 
Exemplificando, é normal em nossa sociedade a condenação do ato de roubar; não obstante isso, um chefe de família pode acreditar que possa fazê-lo em virtude das privações por que passa sua família, e justificar-se sob este pretexto.
Note-se que estamos tratando de dois aspectos distintos de cada comportamento: um prático, relacionado à ação propriamente dita (andar despido, roubar entre outros), e outro teórico, vinculado à justificação dos valores que dão suporte à ação.
Em qualquer sociedade que se observe, será sempre notada a existência de dilemas morais em seu interior. Os dilemas morais são um reflexo das ações das pessoas, e surgem a partir do momento em que, diante de uma situação qualquer, a ação de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos, contraria aquilo que genericamente a sociedade estabeleceu como padrão de comportamento para aquela situação.
O comportamento das pessoas, enquanto fruto dos valores nos quais cada um acredita, sofre alterações ao longo da história. Tal fato significa que aquilo que sempre foi considerado como um comportamento amoral pode, a partir de determinado momento, passar a ser visto como um comportamento adequado à luz da moral.
Os problemas relacionados com o comportamento humano encontram-se inseridos no campo de preocupações da ética. Ainda que não torne os indivíduos “moralmente perfeitos”, a ética tem por função investigar e explicar o comportamento das pessoas ao longo das várias fases da história.
Essa função apresenta-se como de grande relevância, tanto no sentido de se entender o passado, quanto de servir como parâmetro para a fixação de comportamentos “padrões”, aceitos pela maioria, visando diminuir o nível de conflitos de interesses dentro da sociedade. 
 
 FONTE DAS REGRAS ÉTICAS 
O postulado segundo o qual a ética seria função da realidade social é motivo de controvérsias entre filósofos e sociólogos. Implica considerar que os diversos sistemas éticos (dos médicos, dos contadores, dos empresários, dos consumidores etc.) têm o mesmo valor, desde que ajustados à realidade social correspondente.
A considerar o exposto, o problema conceitual da fonte de regras éticas estaria resolvido: o cotidianodo cidadão (que é a melhor expressão da realidade social) seria a origem das regras éticas e não se falaria mais no assunto. Mas refletindo-se melhor e considerando fatos da vida política brasileira dos anos 1990, pergunta-se sobre quais seriam as fontes dos princípios éticos que motivaram o impeachment do Presidente Collor de Mello?
Se as fontes das normas éticas fossem as opiniões correntes dos cidadãos, o julgamento daquele mandatário seria mera formalidade processual: ele já estaria antecipadamente condenado. Os fatos noticiados pela mídia apontavam para a ilicitude dos atos do presidente, passíveis, a juízo popular, de impedimento do exercício do alto cargo. 
Por outro lado, as normas éticas podem estar inclusas na lei. Na França, por exemplo, existe uma lei instando as pessoas a ajudar outras que estejam em situação de perigo físico desde que possam fazê-lo sem colocar em risco sua própria segurança. Neste caso, seguramente a fonte das regras éticas estaria neste dispositivo legal.
Na literatura existente, as fontes das regras éticas poderiam ser resumidas em cinco, conforme a seguir comentado.
 
PRIMEIRA: A NATUREZA HUMANA (VERDADEIRA)
Essa natureza humana verdadeira seria aquela do homem sadio e puro, em que habitariam todas as virtudes do caráter íntegro e correto. Toda ação do homem ético seria uma ação ética (universalidade ética).
SEGUNDA: A FORMA IDEAL UNIVERSAL E COMUM DO COMPORTAMENTO HUMANO, EXPRESSA EM PRINCÍPIOS VÁLIDOS PARA TODO PENSAMENTO SADIO
Normas de caráter diverso e até mesmo oposto à ideia da universalidade ética. Vimos no tópico anterior que o termo ética assume diferentes significados, conforme o contexto em que os agentes sociais estão envolvidos, assim, existe a ética nos negócios, a ética na profissão do médico, a ética na profissão contábil entre outros.
TERCEIRA: A BUSCA REFLETIDA DOS PRINCÍPIOS DO COMPORTAMENTO HUMANO
Cada significado do comportamento ético tornar-se-ia objeto de reflexão por parte dos agentes sociais. Essa seria a procura racional das razões da conduta humana.
QUARTA: A LEGISLAÇÃO DE CADA PAÍS, OU DE FOROS INTERNACIONAIS, CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DE CADA CORPO SOCIAL ORGANIZADO
Apesar da literatura mencionar as leis como fontes de regras éticas, é de se acreditar que dificilmente um conjunto de leis poderia legislar satisfatoriamente sobre ética, pelos menos, por duas razões:
Uma lei específica sobre ética não poderia abarcar todas as situações que surgissem sobre determinado assunto;
Nem toda lei é moralmente aceitável. Quanto a este último aspecto, cita-se a lei norte-americana do século XIX que sancionou a escravidão.
QUINTA: OS COSTUMES (éthos)
A última fonte vem dos costumes e exprime a excelência (Arete) daquilo que “na parte irracional é acessível aos apelos da razão”. A moralidade não está apenas na ordem do logos, mas também no páthos (paixão) e no éthos (os costumes, de onde vem a palavra ética). 
 
Assim, Lebrun afirma: “Isso seria um absurdo, pois eles (movimentos e paixões da natureza humana) estão inscritos em nosso aparelho psíquico, e não podemos deixar de senti-los. Ninguém se encoleriza intencionalmente. Ora, a qualificação bom ou mau supõe que aquele que assim julga escolheu agir assim. Um homem não escolhe suas paixões: ele não é então responsável por elas, mas somente pelo modo como faz com que elas se submetam a sua ação. É deste modo que os outros o julgam sob o aspecto ético, isto é, apreciando seu caráter. Só pode, aliás, ser desta forma. Pois um juízo ético seria simplesmente impossível se não houvesse como regular as paixões...”
A seguir encontram-se casos elaborados com o intuito de ilustrar algumas fontes de regras éticas descritas.
IDENTIFICAÇÃO DAS NORMAS ÉTICAS – CASOS PRÁTICOS
CASO A
Samuel é consumidor do chocolate “Crocante”, cujo preço é de R$ 7,00. Ele só aceita essa marca de produto, porque contém uma mistura de manteiga de cacau de procedência suíça. O “Macio” é o chocolate concorrente, de boa qualidade e custa R$ 3,50, sendo a metade do preço do “Crocante”. As embalagens dos dois chocolates são vermelhas e brancas e ambos são chocolates brancos.
SITUAÇÃO 1: Certo dia, Samuel vai ao supermercado e, como bom consumidor que é, vai até a prateleira e coloca dez unidades do chocolate “Crocante” no carrinho de compra. De relance, ele observa que cada unidade está marcada com o preço de R$ 3,50, sugerindo ter o etiquetador se enganado quando da colocação da etiqueta no produto correto. Assim, como deve proceder Samuel? Deve ele notificar o fato à Caixa quando do pagamento da conta ou deve Samuel manter o silêncio?
SITUAÇÃO 2: Samuel coloca em seu carrinho dez unidade do chocolate “Crocante”, mas a Caixa, ao registrar os produtos, confunde os preços e registra a unidade por R$ 3,50. Samuel sabe que a unidade do “Crocante” custa R$ 7,00, assim, qual deve ser sua atitude?
SITUAÇÃO 3: Samuel, ao colocar as dez unidades de “Crocante” em seu carrinho, não nota que eles estão sem a etiqueta do preço. A Caixa pergunta a Samuel se ele sabe o preço da unidade do chocolate e ele pode fornecer qualquer informação que ela aceitará, dado que é cliente antigo do mesmo produto. Como deve proceder Samuel?
DISCUSSÃO
As situações que se apresentam no caso A, provavelmente, não constam de lei alguma, pois tratam de situações que atingem um número limitado de pessoas, constituindo-se em exceções.
Elas nos remetem a várias indagações: a moral do relacionamento com empresas deve ser diferente do relacionamento com pessoas? Devem as três situações ser enquadradas dentro do que se pode chamar “moralidade nos negócios”, ou seja, cada parte deve zelar pelo próprio interesse, sem se preocupar com o outro? Se assim fosse, Samuel agiria em seu próprio interesse nas três situações.
Esse comportamento, no entanto, constitui-se numa categoria peculiar de moralidade. Pode ser explicado como comportamento típico de ambientes onde o valor do bem coletivo não é prezado e as pessoas não são encorajadas a ajudar o próximo. A resposta às três situações aponta no sentido de que Samuel notifique a Caixa nas situações 1 e 2, espera-se que Samuel informe o valor que ele sabe correto para a unidade do chocolate “Crocante”.
CASO B
Josimar trabalhava na empresa “Computex” durante o Plano Collor. Essa empresa prestava serviços a três instituições financeiras de médio porte. No segundo semestre de 1990, ao perceber que grande parte das aplicações financeiras dos bancos estava com os saldos intocados – os depositantes ainda não haviam transferido a titularidade -Josimar transferiu referidos valores para a conta do Hospital Exemplo, onde um irmão de Josimar, de poucos recursos, se submetia a tratamento contra câncer. O valor total das transferências atingiu R$ 50 mil. Na Justiça, Josimar alegou que agiu daquela forma em desespero de causa, dado que estava vendo seu irmão morrer sem assistência médica. Assim, como avaliar essa situação?
DISCUSSÃO
Muitas regras morais estão na lei, que lida com comportamentos permitidos e proibidos; por exemplo, o ato de iludir (a fraude inclui-se entre os atos de ilusão).
Diferentemente da situação anterior, em que não havia norma legal a coibir o procedimento de Samuel, a situação apresentada coloca uma personagem contrariando uma norma legal que proíbe a apropriação de valores que não lhe pertencem.
Os argumentos de que os recursos não foram usados para locupletar-se, mas para saldar dívidas com o tratamento de seu irmão também não procede, pois Josimar poderia ter recorrido a hospitais públicos e a doações. E, mesmo que assim fosse, os limites para as atitudes individuais encontram-se nas leis. A tradição manda que todas as pessoas devem cumpri-las, mesmo que, aparentemente, tais normas estejam defasadas ou, mesmo, erradas. 
Um fato a destacar deste caso é que a falta de controle dos serviços prestados pela “Computex” atuou como facilitador da fraude, além do que são poucas as empresas lesadas que denunciam o fatoà polícia. Uma reportagem assinala: “Uma boa parte das empresas, entretanto, prefere não levar as investigações em frente, temendo arranhões em sua imagem ou possíveis retaliações do acusado.”
CASO C
A administração da indústria química CLAIRT costuma delegar a compra da matéria-prima ao Sr. Fred, contador da empresa, com 35 anos de serviços prestados.
Além de ser funcionário antigo, o Sr. Fred tem, livre acesso entre os fornecedores de vários países, e jamais deixa o insumo BETA faltar à produção.
O comportamento do mercado corresponde às expectativas da contabilidade geral, sendo que os resultados vêm sendo considerados bons, relativamente aos períodos anteriores.
No mês de setembro do ano em curso, apresentou-se o Sr. Cavalcante, gerente de auditoria interna da empresa que, cumprindo sua tarefa de todos os anos, iria fazer um relatório sobre as práticas e os procedimentos da CLAIRT.
No relatório final do Sr. Cavalcante, podia-se ler: “O responsável pela compra do insumo BETA, Sr. Fred, faz a contabilidade da empresa, procedimento contrário aos princípios da boa condução dos negócios, pois pode ensejar a manipulação de resultados”.
Antes de tomar qualquer decisão, os administradores da empresa leram a seguinte notícia pela imprensa:
“A Autolatina demitiu, em 1991, vinte funcionários de uma só vez. A partir da denúncia de um fornecedor, a montadora descobriu que alguns produtos por ela comprados tinham seus preços fraudulentamente aumentados. Descobriu, que comprava outros produtos em excesso. Após US$ 3 milhões de prejuízo nos estoques (volumes elevados), descobriu-se que os funcionários ligados ao esquema de corrupção recebiam comissões dos fornecedores.
Como deveria agir a Administração da CLAIRT? 	
DISCUSSÃO
O relatório do gerente de auditoria aponta, acertadamente, para uma situação de risco para a empresa. Embora o Sr. Fred seja um funcionário antigo e de confiança, tal acúmulo de funções evidencia falta de controle interno, de risco potencial para a empresa.
A providência a ser tomada pelos administradores da CLAIRT deve ser no sentido de liberar o Sr. Fred de uma das duas importantes funções – a de compra e a de responsabilidade pela contabilidade da empresa -, designando outro funcionário para uma das funções.
A separação de atividades como norma da empresa deve ser a regra e ela deve valer para todos. Essa atitude é o começo da instituição de controles internos, indispensáveis à prevenção de fraudes.
Assim, proibir que funcionários acumulem funções, em áreas vulneráveis, como finanças, vendas, compras, produção, estoque e informática deve ser “postulado de conduta” de qualquer empresa.
COMPORTAMENTO ÉTICO
INTRODUÇÃO
Diariamente, as pessoas se deparam com cenas nas quais a falta de ética pode ser facilmente visualizada. Implica dizer que, diante de determinadas situações, as pessoas apresentam um comportamento que contraria as normas estabelecidas pela sociedade. Tais cenas podem ser vistas em qualquer ambiente, como ruas, escolas, repartições públicas, templos religiosos, clubes sociais etc.
A rigor, nem mesmo se faz necessário que alguém esteja fora de sua moradia para presenciar cenas nas quais regras éticas são quebradas. Os meios de comunicação, especialmente a televisão, retratam cotidianamente essas cenas, seja na forma de acontecimentos reais, seja na forma de ficção.
Da mesma forma que independem de local, as regras éticas são desrespeitadas dentro de qualquer sociedade, não importando seu tipo, natureza ou objetivo que busca alcançar. Muitas vezes, a ausência de ética é percebida no seio de uma família (sociedade familiar), outras vezes em empresas (sociedade industrial ou mercantil) etc. 
As regras que regem a ética em qualquer sociedade, aqui incluídas as sociedades profissionais, estejam elas definidas de maneira formal ou não, são estabelecidas tendo-se por base uma situação qualquer e contemplam o comportamento considerado adequado dos participantes da sociedade diante de tal situação.
Pode-se afirmar, portanto, que a prática de qualquer ato que desrespeite uma regra estabelecida e aceita pela sociedade, independente de sua natureza, representa falta de ética. 
O ato de sonegar o Imposto de Renda, além de representar uma transgressão às normas fiscais, é um ato desprovido de ética. No mesmo sentido, quando alguém assalta um banco, além do crime penal, essa pessoa agiu de forma antiética.
De forma geral, o estabelecimento de regras no seio de uma sociedade busca proteger o direito das pessoas e da própria sociedade. É de se entender, portanto, que à medida que uma dessas regras é violada, o infrator fica sujeito a sofrer algum tipo de penalidade, mesmo que esta seja tão-somente condenação moral.
Como é normal na natureza humana, algumas pessoas farão opção, em determinadas situações, pela obediência às regras, enquanto outras optarão pelo descumprimento das mesmas. Nesse contexto, outra questão pode ser colocada: o que leva uma pessoa, a preservar (ou não) os valores éticos da sociedade da qual faz parte?
 
RISCO E CHANCE
Qualquer sociedade organizada não pode prescindir de um conjunto de regras que normatize o convívio de seus participantes. Tal conjunto de regras terá sua extensão determinada em função do tamanho e da natureza da própria sociedade, assim como dos níveis de relacionamento nele existentes.
Conforme já explicitado em tópicos anteriores, ainda que convivendo em uma mesma sociedade, nem sempre os interesses particulares de uma pessoa convergem para os interesses dos demais participantes da sociedade. Daí a importância de regras que fixem as fronteiras do relacionamento interpessoal, que devem ser respeitadas quando cada pessoa busca atender a seus próprios interesses.
Da mesma forma que no interior das sociedades, o relacionamento entre duas ou mais sociedades, sejam elas grandes ou pequenas, não pode dispensar um conjunto de regras que balizem seu cotidiano.
Atualmente, considerando-se o grau de complexidade dos relacionamentos existentes, intra e inter-sociedades, para que se compreenda o conjunto de regras que rege seu cotidiano, torna-se necessário que elas sejam segregadas em função de algum fator, tal como natureza, objetivo, competência de quem as determina, abrangência etc.,
Certamente, um dos critérios deveria ser a segregação dessas regras, segundo sua natureza, entre formais (aquelas escritas, emitidas por quem de direito para tanto) e informais (têm origem na própria cultura da sociedade; não são escritas),
Como exemplo de regras formais, temos o conjunto de leis de um país; o regulamento interno de uma empresa; o regulamento de um condomínio residencial etc.
As regras informais, embora não escritas, são observadas pela maioria das pessoas, tornando-se hábito como: auxiliar um deficiente da visão a atravessar uma rua; ceder o próprio assento para uma pessoa idosa, na ausência de assentos disponíveis; cumprimentar as pessoas conhecidas, ente outras. 
Outro critério de segregação das regras existentes em uma sociedade seria, segundo a competência de quem as estabelece, entre coercitivas e facultativas. As primeiras, para que sejam obrigatórias, precisam ser escritas, portanto, formais. O melhor exemplo é o conjunto de leis de um país. As facultativas normalmente estão ligadas ao relacionamento social das pessoas, aos “bons modos” como, por exemplo, falar baixo, vestir-se de maneira adequada ao ambiente, respeitar as filas, entre outros.
A existência de uma regra qualquer, independentemente de sua natureza (se formal ou informal), da competência de quem a elabora (se coercitiva ou facultativa), não garante por si só que os objetivos sejam alcançados. Desse modo, é de se esperar que para cada regra exista uma “penalidade” estipulada para quem a desobedecer.
Para determinados tipos de regras, como as leis, a penalidade é de fácil visualização e entendimento por todos. Assim, caso alguém sonegue impostos, por exemplo, sujeita-se a todas as sançõesprevistas na lei tributária. Quando uma pessoa é agredida física ou moralmente, o agressor fica sujeito às penalidades previstas na lei penal.
Para outros tipos de regras, nem sempre a penalidade é clara; todavia, ela existirá sempre. Se, como exemplo, alguém vai a uma festa de gala vestido de maneira inadequada (de jeans), certamente essa pessoa será preterida pelos demais participantes da festa e talvez não mais receba convite para festas similares. Estas serão suas punições.
No mesmo sentido, quando alguém não respeita os idosos, passa a ser considerado, pelas demais pessoas, como uma pessoa sem educação, sem caráter etc., essa é sua penalidade.
Como pode ser notado, qualquer que seja a sociedade em foco e, dentro desta, qualquer que seja o nível de relacionamento mantido, ainda que totalmente balizado por regras, haverá sempre oportunidades para que tais regras sejam quebradas (e elas certamente o serão). Isto porque existirá sempre alguém disposto a assumir os riscos das penalidades impostos àqueles que desrespeitam as normas.
RISCO E CHANCE NA PROFISSÃO
Ao longo da história, o desenvolvimento do ser humano, qualquer que seja o campo observado (ciências, artes, tecnologia etc.), tem sido impulsionado por sua busca incessante em atingir dois objetivos:
Conhecer a si próprio;
Suprir suas necessidades.
À medida que persegue esses objetivos, a espécie humana acumula conhecimentos e desenvolve-se. O progresso do conhecimento humano, notadamente ao longo do século atual, é algo que desafia e que pode ser visto em todos os campos do conhecimento humano, da medicina à informática, da tecnologia ao lazer.
Muitos foram os fatores que influenciaram o desenvolvimento do conhecimento humano ao longo da história e, ainda hoje, continuam a influenciá-lo. Entre eles, não poderia deixar de ser notado o fator “especialização”.
Se, no início, o homem sabia tão pouco sobre si mesmo e sobre a terra em que habitava (que certamente era possível a um único ser humano ter em mente todo o conhecimento à época existente), com o passar do tempo essa tarefa se tornou impossível. A cada nova descoberta, mais era preciso descobrir, e o caminho encontrado foi dividir a missão.
Temos neste contexto, o surgimento de segmentos especializados de conhecimentos, ou seja, de profissionais especializados, como médicos, contadores, advogados, economistas, administradores, atores etc. cada um deles tem preocupações limitadas por campos específicos de conhecimentos e destinadas a atender a necessidades também específicas.
Dentro dessas especializações foram surgindo outras, novas, cujo objetivo era explorar campos e necessidades mais específicas. Assim, temos: médicos cardiologistas, contadores auditores, advogados tributaristas, atores comediantes etc. A partir das novas especializações, chega-se a outras como cardiologistas especializados em um único tipo de doença do coração, auditores especializados (em instituições financeiras, por exemplo), tributaristas especializados em um único tipo de tributo (como ICMS, IPI, Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas etc.).
Ainda que a contribuição tenha sido significativa e continue contribuindo de maneira valiosa para o desenvolvimento da espécie humana, no que diz respeito ao comportamento ético dos profissionais, ela traz consigo algumas particularidades que podem acarretar prejuízos para a sociedade ou, mais especificamente para quem necessita de um especialista.
Imagine-se, por exemplo, que alguém, apresentando os sintomas de enfarte do miocárdio, procura um hospital e, lá chegando, encontra tão-somente um médico especialista em outro ramo da medicina. A partir daí algumas situações podem ser visualizadas:
O médico atende com sucesso ao paciente, salvando-lhe a vida;
O médico atende ao paciente, mas este não sobrevive;
O médico recusa-se a atender ao paciente por não ser um caso dentro de sua especialidade. 
Quanto à situação a, nenhum comentário adicional necessita ser feito. No que se refere à situação b, no mínimo duas questões podem ser levantadas: (1) se tivesse sido atendido por um especialista, o paciente teria sobrevivido?; (2) houve erro no atendimento? Quanto à situação c, independentemente do destino do paciente, uma questão merece ser respondida: o médico agiu corretamente ao não atender ao paciente?
Dentro da mesma situação, imagine-se que o médico de plantão seja um cardiologista. Suponha-se, agora, que no momento do atendimento o paciente faleceu. Certamente, questões do tipo “houve negligência?”, “houve erro médico?” serão colocadas.
No meio contábil, muitas situações análogas podem acontecer e, ainda que não envolvendo o risco direto de vidas humanas, também, são passíveis de discussão.
Tome-se como exemplo a situação de uma empresa falida. Suponha-se que a decretação da falência ocorreu após o encerramento de um exercício, com a simultânea divulgação das demonstrações contábeis devidamente acompanhadas do parecer dos auditores independentes, emitido sem ressalva.
A primeira pergunta que vem à tona em situações dessa natureza é: a emissão do parecer dos auditores independentes observou todas as regras determinadas pelos órgãos competentes (CFC, CVM, BACEN entre outros)?
Outra situação seria aquela de uma empresa cujos administradores procuram seguir corretamente todas as normas fiscais e, de repente, recebe uma autuação do fisco em face de irregularidades em sua contabilidade. A pergunta seria: onde estava o contador?
Caso se queira resumir todas essas questões em uma única questão, é de se perguntar: qual regra deixou de ser observada?
É certo que qualquer profissional, independentemente de sua especialização, está sujeito a cometer um erro fortuito, ainda que busque, com esmero e a todo instante, cumprir todas as regras aplicáveis.
PROTEÇÃO DOS VALORES ÉTICOS
Toda e qualquer sociedade guarda seus próprios valores e, portanto, sua própria ética. Significa dizer que nenhuma sociedade é desprovida de ética, mesmo que esta não seja reconhecida como ética por outras sociedades. 
Apesar da presença da ética em todas as sociedades, em algumas delas as situações nas quais a ética é afrontada surgem com maior frequência. Tal fato demonstra que determinadas sociedades conseguem proteger seus valores éticos com menor ou maior intensidade que outras.
Algumas sociedades tentam proteger seus valores éticos através da punição. É sabido que a máfia italiana, por exemplo, pune com a morte aqueles que ousam quebrar a regra ética que lhe é mais valiosa, qual seja, o silêncio a respeito dos negócios da instituição e a identidade das pessoas envolvidas.
Alguns países asiáticos costumam punir severamente quem fere os valores éticos da sociedade, mesmo que os valores desrespeitados sejam extremamente simples, como sujar uma rua. As punições variam da exposição pública do infrator até o espancamento.
A punição pode até coibir a transgressão dos valores éticos; contudo, não significa sua extinção, nem mesmo representa, necessariamente, o melhor caminho para tal. Conforme comentado no tópico anterior, ainda que a punição represente um risco, para o infrator, no momento em que o benefício da transgressão superar o custo da penalidade (isto é, o ônus da penalidade associado à probabilidade de sua ocorrência), a violação dos valores será concretizada.
A proteção dos valores éticos deve representar uma decisão que a sociedade precisa tomar em seu conjunto e jamais uma imposição de cima, ou seja, para que os valores éticos sejam preservados é necessário que: 
A maior parte de seus participantes assim o deseje;
Que seja educada para tal;
Que aceite; e mais importante,
Que exercite essa proteção a todo instante.
O exercício pleno dos valores éticos, que significa sua proteção irrestrita, só ocorrerá de forma satisfatória a partir da compreensão por parte dos componentes da sociedade dos benefícios que isso traz.
Muitas pessoas sujam as ruas com papéis, restos de comida etc., apesar de a maior partedas ruas conter cestos de lixo à disposição dos transeuntes. Essa atitude das pessoas representa uma transgressão aos valores éticos, que deixará de ocorrer à medida que elas compreendam que, casos todos joguem “o lixo no lixo”, a Prefeitura necessitará de menos recursos para manter a cidade limpa e, por consequência, mais recursos sobrarão para atender a outras necessidades. 
No meio profissional, o argumento mais relevante que pode ser utilizado para que todos compreendam a importância da ética, válido para qualquer profissão, é o de que, caso a sociedade em geral não perceba a disposição dos profissionais em proteger os valores éticos, certamente ela passará a não acreditar na profissão. 
Outro fator relevante para qualquer comunidade que deseja proteger os valores éticos é o papel dos líderes. Assim sendo, para que todas as pessoas compreendam, aceitem e exercitem a proteção de seus valores, é de fundamental importância assistir ao exemplo dos líderes. Dificilmente, algum valor será preservado pela sociedade se não for por seus líderes. Tal argumento é válido para qualquer tipo de sociedade, inclusive de profissionais.
Nesse sentido, o Presidente da República necessita ser o primeiro a prestar contas ao Imposto de Renda, observando todas as diretrizes da lei fiscal. Do mesmo modo, a contabilidade e as respectivas demonstrações contábeis do Conselho Federal de Contabilidade e dos Conselhos Regionais de Contabilidade, devem servir de exemplo, para qualquer outra instituição, pública ou privada, no que diz respeito à qualidade das informações ali contidas e ao atendimento das regras que lhes sejam inerentes.
A partir do exemplo transmitido pelos líderes, pode ser disseminada, para a sociedade em geral, a idéia de que as regras são obrigatórias para todos e válidas para qualquer situação e em todos os instantes, e são efetivamente praticadas, a começar pelos líderes. Assim:
O lixo deve ser sempre jogado no cesto de lixo, independentemente do ambiente: a própria casa, a escola, a empresa, a rua etc.;
O motorista deve parar o carro toda vez que o farol estiver vermelho, independentemente de o carro ser novo ou velho, nacional ou importado, próprio ou de terceiros, que venha carro no outro sentido ou não;
As leis devem ser sempre obedecidas;
O idoso deve ser respeitado, independentemente de ele ser um parente ou um desconhecido, ter os cabelos grisalhos ou pretos etc.
A mesma ideia vale para as profissões especializadas. No caso específico dos contadores, deve ser entendido que:
As responsabilidades do profissional perante sua profissão e perante seus colegas são as mesmas, independentemente de ele ser autônomo ou empregado;
As responsabilidades do profissional perante seu empregador são as mesmas, independentemente de ele ser empregado de uma pequena empresa ou de um conglomerado. 
Em nível de sociedade civil, um meio de difundir os valores éticos, assim como o interesse da população em protegê-los, seria um cuidado especial com o “marketing” dos órgãos públicos, isso porque, em princípio, são esses órgãos os responsáveis pela organização, segurança, bem-estar.
Na própria Constituição Federal, pelo fato de representar a Lei Maior, deve haver um cuidado especial no que se refere aos valores éticos que a sociedade deve preservar. Partindo da Carta Magna, todas as demais leis devem primar pelo aspecto ético, de modo que se traduzam sempre em benefícios para a sociedade.
Se, é verdade que o estado necessita melhorar algumas leis, não é menos verdade que uma parte das pessoas precisa aprender a respeitá-las. É comum algumas pessoas alegarem que não cumprem a lei pelo fato de ela ser injusta. Esta certamente não é a melhor opção para se resolverem os problemas de uma sociedade. Se a lei é injusta, o melhor caminho é lutar para modificá-la. 
Da mesma forma que muitas instituições, especialmente as privadas (como clubes, empresas), apresentam um código de ética, talvez o País pudesse ter sua Carta de Princípios Éticos. É de se crer que muitos dos escândalos que se tornaram públicos não teriam ocorrido se o País dispusesse de um código de ética bastante explícito, sido amplamente divulgado e discutido, e periodicamente revisto e atualizado. É necessário também que os possíveis infratores tenham conhecimento de que estão sendo fiscalizados efetivamente e que haja punições exemplares.
Em níveis das profissões, a existência de um código de ética é indispensável, sendo válido lembrar, desde já, que esse código não deve ser divulgado apenas no seio da profissão, mas para toda a sociedade.
Assim, é de se esperar um bom comportamento da sociedade em seu conjunto, isto é, um comportamento cada vez mais ético sob todos os aspectos e em qualquer situação, caso:
Sejam do conhecimento geral os valores éticos que se busca proteger e os benefícios que eles proporcionam para a sociedade;
Os líderes mostrem o exemplo;
As regras sejam válidas igualmente para todos os participantes da comunidade.
UNIDADE II – ÉTICA PROFISSIONAL
INTRODUÇÃO
A expressão profissão provém do latim professione, do substitutivo professio, que teve diversas acepções naquele idioma, mas foi empregado por Cícero como “ação de fazer profissão de”. 
O conceito de profissão, na atualidade, aquele que é aceito, representa: “trabalho que se pratica com habitualidade a serviço de terceiros”, ou seja, “prática constante de um ofício”.
A profissão tem, pois, além de sua utilidade para o indivíduo, uma rara expressão social e moral.
Basta lembrar os pontos que Curvillier (1947, p.358-359), destaca:
É pela profissão que o indivíduo se destaca e se realiza plenamente, provando sua capacidade, habilidade, sabedoria e inteligência, comprovando sua personalidade para vencer obstáculos;
Através do exercício profissional, consegue o homem elevar seu nível moral;
É na profissão que o homem pode ser útil a sua comunidade e nela se eleva e destaca, na prática dessa solidariedade orgânica.
De fato, se acompanharmos a vida de um profissional, desde sua formação escolar até seu êxito final, vamos observar o quanto ele produz e recebe de utilidade.
PROFISSÃO E EFEITOS DE SUA CONDUTA
Grandes vultos da Contabilidade são exemplos a serem seguidos, como exemplo de homens éticos dentro da profissão contábil e na vida pessoal. Quem lê a autobiografia de D’Auria, Lopes de Sá ou Hilário Franco pode ter perfeita noção dessas trajetórias gloriosas de três grandes cientistas da Contabilidade brasileira.
Tiveram eles o cuidado de oferecê-las, como documentário de uma vida útil e gloriosa no campo de uma profissão de alta utilidade social.
Poderíamos citar muitos outros exemplos de vidas profissionais relevantes, em muitíssimas áreas, umas maiores, outras não tanto, mas todas valorosas como contribuição aos semelhantes.
Sendo a Contabilidade, uma das profissões mais antigos do homem, evoluiu com a sociedade e hoje se situa entre as mais requeridas (não há, praticamente, crise em seu mercado de trabalho) e uma das mais difundidas, pois toda empresa e toda instituição precisa, obrigatoriamente, de tais serviços.
A profissão contábil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas células sociais, com o objetivo de prestar informações e orientações baseadas na explicação dos fenômenos patrimoniais, ensejando o cumprimento de deveres sociais, legais, econômicos, tão como a tomada de decisões administrativas, além de servir de instrumentação histórica da vida da empresa.
 
Os deveres profissionais que ela impõe, por conseguinte, são os da utilidade, em relação à explicação dos fenômenos da riqueza que as células sociais utilizam para suprirem suas necessidades de existência, assim como os informes e opiniões sobre tudo o que se relaciona ao patrimônio das pessoas naturais ou jurídicas.
O profissional que se dedica à Contabilidade possui deveres para com a regularidade do emprego racional da riqueza nas empresas, nas instituições diversas, assim como perante o ensino, a pesquisa, a difusãocultural e educacional, o mercado, a sociedade e também na produção de provas e opiniões sobre comportamento do patrimônio.
Necessita, portanto, o profissional contábil, de uma consciência profissional que possa guiar seus trabalhos e de virtudes que possam ser parametrias, considerada a imensa responsabilidade de tais tarefas.
O trabalho é um dever social, mas, além de tudo, algo que realiza quem o faz, se, realmente, no exercício de suas tarefas, emprega o amor como guia de suas ações.
Aristóteles escreveu, em A política (cap. 2, parágrafo 2º), que “a salvação da comunidade é a ocupação de todos os cidadãos, qualquer que seja a diferença que entre eles exista”.
A profissão permite que o indivíduo exerça sua função de solidariedade para com seus semelhantes, recebendo, em troca, não só dignidades, mas compensações que permitem, inclusive, o enriquecimento material.
Foi pelo caminho de cuidar do patrimônio de terceiros, inclusive, que muitos contadores se enriqueceram, partindo de suas bases profissionais.
VALOR SOCIAL DA PROFISSÃO
A quase totalidade das profissões liberais possui grande valor social. O que varia é sua forma de atuação e a natureza qualitativa dos serviços perante as necessidades humanas.
A saúde, a educação, o lazer, a habitação, a vida empresarial e institucional, por exemplo, são grandes objetivos que necessitam da atuação do profissional.
Médicos, professores, escritores, engenheiros, administradores, contadores, advogados, psicólogos, biólogos, agrônomos, economistas, entre outras profissões, são elementos indispensáveis à vida social, em tarefas de relevante importância.
A Contabilidade destaca-se por seu papel de proteção à vida da riqueza das células sociais e pela capacidade de produzir informes qualificados sobre o comportamento patrimonial.
Sá (2010, p.150), diz: “entendo, ser uma das maiores, entre todas as utilidades da profissão contábil, aquela que se baseia na consciência de que é por levar as células sociais à eficácia que se consegue o bem-estar nas nações e das comunidades em geral”.
Se todas as empresas, todas as instituições, forem prósperas, também o país o será, e o profissional contábil é um grande responsável no sentido de conduzir a riqueza individualizada à prosperidade.
O ápice da consciência profissional em Contabilidade encontra-se nessa imensa responsabilidade de servir a todo o social, embora, obviamente, não se exclua, pela importância inequívoca que têm, as responsabilidades pela produção de provas, informes qualificados, análises e opiniões.
 
Ao exercer sua profissão, o profissional contábil pratica uma função nitidamente social, como um autêntico médico de empresas e instituições, e ao mantê-las sadias, cuida, também, da riqueza social (que é uma concepção abstrata, decorrente da somatória dos patrimônios celulares).
O trabalho nessa área não serve apenas ao profissional e a sua família, mas, quando de qualidade, tem condições de dignificar sua classe e cumprir a finalidade abrangente das organizações humanas.
A dignidade no cumprimento estará sempre ao lado de uma utilidade ampla, coerente com os interesses de todos, embora o campo de atividade seja celular, das unidades de um todo. 
 
Todavia, como não há total sem parcelas e a expressão da soma depende daquela de suas unidades, uma consciência firme profissional, como condição ética, tende a beneficiar a todos, posto que se exerce, exatamente, nas parcelas ativas da sociedade.
RESPONSABILIDADE, UTILIDADE E PROJEÇÃO PROFISSIONAL
Entre os diversos campos profissionais, o profissional contábil tem a seu dispor um dos maiores mercados, pois nenhuma empresa e nenhuma instituição pode dispensar sua assistência constante; por isso, proporcionalmente, se agigantam as responsabilidades e os deveres, mas também as dignidades e as recompensas pelo exercício. 
Não são poucos os profissionais contábeis que hoje se encontram no poder, quer de empresas (como dirigentes), quer no Estado (como vereadores, deputados, senadores, ministros, altos funcionários), quer nas instituições em geral. Passam a fazer parte de uma classe média e média alta, tendendo à alta, em razão de seu valor pessoal, adquirido através do exercício da profissão.
O mesmo ocorre com advogados, médicos, engenheiros, administradores e outros que galgaram tais posições em decorrência de seus valores profissionais, projetando-se pela qualidade de seus trabalhos.
Em países de alto grau de civilização, os dirigentes nada resolvem sem ouvir seus contadores; em todos os principais negócios, nas principais decisões, estão sempre presentes tais profissionais, pois temem os gestores praticar falhas, depois, irreparáveis.
A responsabilidade que lhes é atribuída advém da utilidade que prestam e, como decorrência, os benefícios surgem.
Os benefícios que os profissionais propiciam, cumprindo as responsabilidades de seus trabalhos, passam a dar-lhes notoriedade, ampliando o grau de satisfação em relação a eles e quase criando uma obrigação de retribuição moral por parte dos beneficiados. Esta a razão pela qual, com sucesso, muitos deles chegam a cargos eletivos, com relativa facilidade.
A oportunidade de servir é retribuída, socialmente, com aquela de usufruir o prestígio granjeado.
A sociedade acaba por retribuir amplamente os serviços com qualidade que a ela o profissional dá com amor: “Aquele que se conduz eticamente bem recebe de volta o bem social que pratica”.
 
OBSTÁCULO À FAMA PROFISSIONAL E POSTURA ÉTICA 
É óbvio que não escapará o profissional vitorioso dos males da inveja.
Em Serafita, Balzac, escreveu: “É natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende e insultar o que se inveja.”
De forma ainda mais profunda, Zamora, em Pensamentos e Reflexões, escreveu: “Os ataques da inveja são os únicos em que o agressor preferiria, se pudesse, ocupar o papel de vítima.”
Tal baixo sentimento sempre se faz acompanhar de atitudes imorais e antiéticas como decorrências (calúnias, difamações, traições, resistências passivas, chantagens). Todavia, a postura ética oferece remédios para se contrapor a essa mediocridade do espírito humano. 
Nomes honrados podem ser desmoralizados; o que se fez durante toda uma vida, em poucos dias pode desmoronar, diante dos efeitos malévolos da ação dos caluniadores, traidores, difamadores, chantagistas e intrigantes, mas é nesse particular que também os profissionais de valor podem se opor com inteligência, desde que o façam em tempo oportuno e com a energia necessária. 
Há 2.500 anos, Buda já advertia: “O bem se paga com o bem e o mal com a justiça.” 
Os que movidos pela inveja praticam atitudes contra o profissional vitorioso devem ser tratados com a energia necessária e no momento em que ocorrem os ataques.
Existe, pois, uma ética perante a inveja, mas quando a lesão é profunda, uma estratégia especial precisa ser armada contra a sanha dos detratores. A passividade pode ser gravosa.
Embora Heródoto afirmasse que “é melhor ser invejado que lastimado”, a posição do atingido, quando causa lesões a seu nome que possam ser gravosas, deve ser a de ação rápida e enérgica contra o agressor.
Modernamente, as questões de direito de imagem tomaram vulto, a ponto de alguns autores afirmarem ser o mesmo “um direito de personalidade extrapatrimonial, protegendo interesses morais”, mas acrescentando ser “também um direito patrimonial assegurando a proteção de interesses materiais”.
Felizmente, suprindo as debilidades do Direito Penal, no que tange à difamação e à calúnia, o direito de imagem vem fazer uma justiça protetora do respeito devido aos que conseguiram construir um nome e não devem ficar à mercê dos que, não conseguindo a mesma notória posição, muitas vezes se valem dos ataques para aparecerem transitoriamente ou conseguirem outras vantagens pessoais. 
 
Um profissional que alcançou nome às custas dos benefícios que prestou à sociedade, criou uma imagem que valoriza sua própriaclasse e não deve estar à mercê de inescrupulosos e invejosos, pois seu nome acaba por transformar-se em patrimônio de uma comunidade.
 
Existem, no caso, um patrimônio moral do profissional de fama e um patrimônio social da classe, por ter elementos representativos. Isto precisa ser respeitado e preservado.
Ninguém, construindo um nome, deve abdicar do direito de defendê-lo, pois não é só sua pessoa que está em jogo, mas também a imaterialidade de seu conceito. É dever ético proteger um nome profissional.
Esta é a razão pela qual os códigos de ética buscam preservar valores pessoais e institucionais.
 
ÉTICA E PROFISSÃO
INTRODUÇÃO
Observado em tese, em seu sentido geral, a profissão, como exercício habitual de uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no complexo da sociedade como uma atividade específica.
Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem pratica e a quem recebe o fruto do trabalho, também exige, nessas relações, a preservação de uma conduta condizente com os princípios éticos específicos.
O grupamento de profissionais que exercem o mesmo ofício termina por criar as distintas classes profissionais e também a conduta pertinente.
Existem aspectos claros de observação do comportamento, nas diversas esferas em que ele se processa: perante o conhecimento, perante o cliente, perante o colega, perante a classe, perante a sociedade, perante a pátria, perante a própria humanidade como conceito global.
A consideração ética, sendo relativa, também hoje se analisa do ponto de vista da necessidade de uma conduta de efeitos amplos, globais, mesmo diante de povos que possuem tradições e costumes diferentes.
VALOR DA PROFISSÃO, UTILIDADE E EXPRESSÃO ÉTICA
A profissão, como a prática habitual de um trabalho, oferece uma relação entre necessidade e utilidade, no âmbito humano, que exige uma conduta específica para o sucesso de todas as partes envolvidas – quer sejam os indivíduos diretamente ligados ao trabalho - quer sejam os grupos, maiores ou menores, onde tal relação se insere.
Quem pratica a profissão dela se beneficia, assim como o usuário dos serviços também desfruta de tal utilidade. Isto não significa, entretanto, que tudo o que é útil entre duas partes o seja para terceiros e para a sociedade.
Um empresário que precisa estar informado e organizado sobre seus negócios, em face do que vai ocorrendo com seu capital, necessita de um profissional especializado em Contabilidade. Em reciprocidade, o diplomado em Contabilidade necessita do trabalho e da oportunidade que o empresário vai lhe oferecer. Estas são relações diretas entre quem presta o serviço e o que deste se beneficia.
Na oportunidade oferecida, tem o contabilista meios de mostrar todas as suas capacidades e, em decorrência, construir seu conceito profissional.
O conceito profissional é a evidência, perante terceiros, das capacidades e virtudes de um ser no exercício de um trabalho habitual de qualidade superior.
Não se constrói um conceito pleno, todavia, sem que se pratique uma conduta também qualificada.
O valor profissional deve acompanhar-se de um valor ético para que exista uma integral imagem de qualidade.
Quando só existe a competência técnica e científica e não existe uma conduta virtuosa, a tendência é de que o conceito, no campo do trabalho, possa abalar-se, notadamente em profissões que lidam com maiores riscos.
Um advogado, por exemplo, que defenda o réu e sirva também ao autor, quebra um princípio ético e se desmerece, conceitualmente, como profissional.
A profissão, pois, que pode enobrecer pela ação correta e competente, pode também ensejar a desmoralização, através da conduta inconveniente, com a quebra de princípios éticos.
ESPECIALIZAÇÃO, CULTURA E UTILIDADE PROFISSIONAL 
 
No campo educacional, tem-se alegado que o excesso de especialização termina por marginalizar, socialmente, o profissional.
Outros apregoam, opostamente, que a especialização é a solução para a qualidade do trabalho e para a sociedade, como maior veículo de utilidade; sociólogos, como Durkheim, inclusive, proclamaram ser a vida das classes aquela que se assemelha a de uma família, fazendo a apologia das especializações.
Entende-se, particularmente, que o nível de cultura profissional depende do que se faz exigível, porque a tarefa pode realizar-se em diversos âmbitos; no campo da pesquisa, da literatura, do ensino, do exercício prático geral, do exercício prático específico.
 
A cultura geral ensina a viver com maior intensidade e a compreender a própria especialização sob um prisma de maior valor.
O conhecimento de filosofia, por exemplo, abandonado por certos programas de educação, como inútil ou supérfluo, diante da dinâmica moderna, foi reconhecido como imprescindível à formação cultural de todas as profissões.
Pode parecer supérfluo, por exemplo, a um administrador profissional, os conhecimentos de psicologia, psicanálise, cibernética e heurística, mas, na verdade, se tiver bases nesses ramos, conseguirá, com muito melhor qualidade, entender as questões relativas à qualidade da decisão, da seleção de pessoal, da motivação para a produção etc.
A maior visão ensejará, automaticamente, maior qualidade de trabalho no campo administrativo, com proveitos para a eficácia da gestão.
A um contador pode parecer supérfluo o conhecimento de lógica, mas compreenderá todo o seu valor quando se aprofundar nas questões de análise dos fenômenos patrimoniais das células sociais, onde precisará conscientizar-se da força dos princípios que regem as relações dos fenômenos da riqueza e saber como classificá-los. 
Se ele se dedicar ao magistério, à pesquisa, muito perderá em qualidade de trabalho se não conhecer a epistemologia.
Sá (2010, p.158), afirma “não há cultura inútil, mas sim os que não sabem reconhecer a utilidade da cultura. Por menor que seja o conhecimento, ele será sempre maior que a ignorância”.
O valor do exercício profissional tende a aumentar à medida que o profissional também aumentar sua cultura, especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos os demais, como são os relativos às culturas filosóficas, matemáticas e históricas.
Uma classe que se sustenta em elites cultas tem garantida sua posição social, porque se habilita às lideranças e aos postos de comando no poder.
A especialização tem sua utilidade, seu valor, sendo impossível negar tal evidência; não se trata apenas da identificação de uma classe de valor, mas também da qualidade superior que esse valor pode alcançar, se a especialização for complementada com outras culturas.
Embora a autonomia profissional seja inequívoca, também o é que os limites de cada profissão sempre se confinam com os de outras; serão sempre mais qualificados a prática e o entendimento quanto menos muralhas existirem nessas demarcações, ou seja, quanto mais um saber ou técnica de outro similar se aproveitar.
O contador que possui conhecimentos melhores em administração, economia, direito, sociologia, matemática e lógica está muito mais credenciado ao sucesso que aquele que se limita apenas ao conhecimento eminentemente contábil. 
FUNÇÃO SOCIAL DA PROFISSÃO
É inequívoco que o trabalho individual influencia e recebe influências do meio onde é praticado. Não é, pois, somente em seu grupo que o profissional dá sua contribuição ou a sonega. Quando adquire a consciência do valor social de sua ação, da vontade volvida ao geral, pode realizar importantes feitos que alcançam repercussão ampla.
Quando o Estado, como organização promovida pela sociedade, motiva a idéia do coletivo, quando as administrações públicas são sinceras com seu povo, quando a justiça é aplicada sem protecionismos e sem acobertar os erros dos mais poderosos, entendo que a consciência social se exerce com maior influência.
Diante, todavia, de um exercício ineficaz da autoridade e de um poder corrupto, oligárquico e incompetente, abala-se a vontade de uma ação de cooperação para com o Estado.
Nas circunstâncias descritas,podem ocorrer atitudes mentais adversas para a nação e para a sociedade.
Assim, por exemplo, a corrupção e o roubo podem implantar-se como conduta justificável diante daquelas praticadas pelo poder.
O raciocínio de que se o Governo rouba o Tesouro, e se o Governo é o representante do todo, e se nesse caso é o todo que está a furtar e, por isso, torna-se justificável que cada um também o faça, leva à destruição dos costumes e enfraquece o vigor das sociedades.
Idealmente, entretanto, é imprescindível que as profissões se preocupem com o social, mas se não são induzidas a isto, o que tende a ocorrer é a ação irresponsável de todos.
O que é natural, como ético, é que a profissão esteja a serviço do social, quer das células, quer do conjunto indiscriminadamente.
Quando o profissional, isoladamente, e as classes profissionais, por suas entidades representantes, agem em favor de uma cooperação orgânica, social, consegue-se o estágio idealmente desejável.
É preciso, todavia, para que isso ocorra que haja uma atmosfera moral competente, nem sempre observável em nossa época.
Os acordos entre os grupos políticos que decidem em troca de favorecimentos e ao sabor de suas vontades subjetivas formam o que jocosamente pode denominar-se “ditadura democrática”, por paradoxal que pareça; ditadura porque o poder se concentra nas mãos de grupos pequenos, que agem como desejam, e democrática porque tem o rótulo de governo do povo, sem que este, todavia, influa diretamente nas decisões que lhe atinge.
Esse clima de descontentamento que hoje assistimos, através do terrorismo, das greves, da delinquência, da libertinagem tão livre quanto a prostituição, do abalo das estruturas dos lares, das fraudes gigantescas contra o povo, sempre parece ter existido, a julgar-se pelas obras dos clássicos que também reclamavam de suas épocas; na era atual, todavia, não encontram justificativas tais desajustes, diante dos imensos auxílios dimanados dos progressos da ciência e das tecnologias.
A realidade mostra-nos que os vultosos recursos que foram conquistados no campo do conhecimento não se fizeram acompanhar de evoluções no campo da política, do social, e tudo isso é consequência da debilidade da educação moral, do mau emprego da mídia eletrônica e do desrespeito às instituições. 
 
Estamos, cada vez mais, nos constituindo, como diz Toffler, em uma “sociedade desmassificada”, o que também cada vez mais dificulta a mobilização de maiorias para uma posição de reforma imediata.
A luta pelo mercado de trabalho, por exemplo, tem, também, produzido fenômenos sociais de desrespeito entre as classes, dentro de um outro desrespeito geral que não observa os compromissos da qualidade de trabalho, mas exclusivamente a produção do lucro.
A ausência de responsabilidade para com o coletivo gera, como consequência natural, a irresponsabilidade para com a qualidade do trabalho.
Sá (2010, p.162), diz: “não duvido que o Ético perante o Estado deva ser encontrado dentro de uma filosofia de virtudes, de prática do bem, de encontro com a felicidade, como preconizou Aristóteles, ou com o prazer, como admitiu Bentham, mas custa-me aceitar que as “bandeiras” ou “filosofias subjetivas de grupos do poder” possam ser a parametria verdadeira do social, do que se deve aspirar como conduta humana.”
Questiona-se até que ponto o profissional deve atender a uma Ética científica ou a uma conduta volvida ao cumprimento das leis de seu país (que espelham a política do governo das minorias dominantes).
DEVERES PROFISSIONAIS
INTRODUÇÃO
Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para o desempenho eficaz da profissão são deveres éticos.
Sendo o propósito do exercício profissional a prestação de uma utilidade a terceiros, todas as qualidades pertinentes à satisfação da necessidade, de quem requer a tarefa, passam a ser uma obrigação perante o desempenho.
Logo, um complexo de deveres envolve a vida profissional, sob os ângulos da conduta a ser seguida para a execução de um trabalho.
Esses deveres impõem-se e passam a governar a ação do indivíduo perante seu cliente, seu grupo, seus colegas, a sociedade, o Estado e especialmente perante sua própria conformação mental e espiritual.
Distinguem-se, pois, os valores nas tarefas e também a importância destas em face da conduta humana observável perante a execução.
Uma vez eleito o trabalho que desempenhará com habitualidade, o ser se compromete com todo um agregado de deveres éticos, pertinentes e compatíveis com a escolha da tarefa a ser desempenhada.
Existem aspectos de uma objetividade, volvida ao trabalho, que apresenta particularidades próprias e também peculiares a cada especialização, ou seja, há um conjunto de valores pertinentes a cada profissão.
É lícito, pois, falar de uma ética profissional, como algo amplo, e de uma Ética Profissional Aplicada a determinada profissão, como algo restrito (Ética Profissional Aplicada à Contabilidade, Ética Profissional Aplicada ao Direito, Ética Profissional Aplicada à Medicina).
DEVER PROFISSIONAL E ESCOLHA DA PROFISSÃO
Quando escolhemos o que fazer, devemos consultar nossa consciência: se a tarefa é, realmente, a desejável, a condizente com o que nos apraz, e se possuímos pendor para realizá-la.
Nem sempre a escolha coincide com a vocação, mas feita a eleição, inicia-se um compromisso entre o indivíduo e o trabalho que se propõe a realizar. Tal compromisso, essencial, está principalmente volvido para a produção com qualidade, ou seja, para a materialização de todo um esforço, no sentido de que se consiga oferecer o melhor trabalho. 
 
O dever nasce primeiro do empenho em escolher, depois daquele de conhecer, e finalmente do de executar as tarefas, com a prática de uma conduta lastreada em valores ou guias de conduta.
Não basta escolher a profissão de administrador, advogado, analista de sistema, biólogo, contador, engenheiro, jornalista, médico, professor, químico, seja a que for; é preciso que, ao buscar conhecer a tarefa haja uma ligação sensível com a mesma, de modo que possa ser prazerosa e ensejar, por isso, a prática sob os influxos do amor e do que se faz concretamente desejável.
A gênese, a proveniência do dever é, portanto, a eleição da tarefa. Daí, decorrem os compromissos do pleno conhecimento da mesma; tudo se complementa com o dever da qualidade da execução e com uma conduta valorosa, calcada em uma escolha de práticas úteis e causadoras de benefícios. 
A escolha da profissão implica o dever do conhecimento e o dever do conhecimento implica o dever da execução adequada.
Aquele que elege um trabalho como meio de vida precisa fazer dele algo prazenteiro, ou seja, deve estar estimulado, por si mesmo, a exercer as tarefas, não só por convicção da escolha, mas por identificar-se com o selecionado.
A harmonia na vida muito depende de nossa harmonia com o trabalho que executamos. O dever precisa fluir como algo que traz bem-estar, e não como uma obrigação imposta que se faz pesada e da qual se deseja logo se livrar.
A profissão não deve ser um meio, apenas, de ganhar a vida, mas de ganhar pela vida que ela proporciona, representando um propósito de fé. Seus deveres, nesta acepção, não são imposições, mas vontades espontâneas. Isto exige, portanto, que a seleção da profissão passe pela vocação, pelo amor ao que se faz, como condição essencial de uma opção.
Quando a seleção da tarefa está de acordo com uma consciência identificada com a escolha, dificilmente ocorrem as transgressões éticas, porque estas seriam violações da vontade, contrárias ao próprio ser. 
Isto não significa, todavia, que ninguém possa tornar-se um apaixonado adepto de outro conhecimento, tendo escolhido o que não lhe era movido pelo que entendia estar vocacionado.
A história registra muitos casos de profissionais de uma área que acabam por se notabilizar em outras, em razão de suas genialidades e até da descoberta de aptidões que eles mesmos desconheciam.
DEVER DE CONHECER A PROFISSÃO