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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

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Introdução ao Estudo do Direito
Características do direito:
Caracter tridimensional – o direito apresenta uma tripla dimensão: fáctica, valorativa e normativa. O direito é um conjunto de princípios e de normas (dimensão normativa) destina a regular situações factos ocorridos na vida social (dimensão fáctica), regulação que se efectua de acordo com determinados valores – em especial com a justiça – que se pretende atingir (dimensão valorativa) 
Necessidade – o direito é fundamental para a existência de uma sociedade que sem um conjunto de normas que a regule é um mero aglomerado de pessoas, ou seja o homem tem de viver em sociedade para se realizar enquanto homem, mas também a sociedade não existe sem direito.
Alteridade – o direito não se destina a regular a conduta do homem isolado, mas sim enquanto relacionado com outros no âmbito da sociedade, o direito regula essencialmente algumas das relações entre os homens, as que assumem uma relevância jurídica e por isso se tornam relações jurídicas
Imperatividade – o cumprimento das normas jurídicas não é apresentado como uma opção, o direito pretende orientar a conduta do homem, independentemente da vontade dos destinatários, só assim consegue desempenhar a sua função ordenadora, essencial para a própria substância da sociedade.
Coercibilidade – o caracter imperativo do direito impõe que este crie meios a fim de levar os destinatários das suas normas a optar pelo cumprimento, castigando o infractor e premiando o cumpridor. Traduz-se na possibilidade de imposição coactiva, se necessário pela força e contra a vontade dos seus destinatários, das normas e sanções jurídicas
Exterioridade – é caracterizada em dois aspectos: o estado de espirito dos destinatários das normas jurídicas, o seu pensamento interior são, em regra, indiferentes para o direito; as intenções dos sujeitos são tomadas em consideração pelo direito, embora este só intervenha se esses elementos ou intenções se manifestarem exteriormente de algum modo, a mera intenção de não cumprir uma qualquer norma não provoca a intervenção do direito, este só age perante comportamentos
Estalidade – embora não seja tomada como característica do direito, assume hoje em dia uma relevância significativa, significa que o direito regula a conduta do homem inserido numa determinada sociedade, a sociedade estadual. 
Instituição:
Instituição – Etimológica – Algo que permanece numa sociedade em evolução (em movimento), é uma realidade social que gira á volta das instituições. Está fixo para nos orientar, porque precisamos de orientação , as nossas movimentações constantes precisam de realidades fixas, de locais fixos.
Instituição – Sentido Corrente - A Instituição é uma obra constituída por estatutos, regida por normas próprias, por elementos pessoais (homens) e elementos materiais (edifício). Estatutos / Pessoas / Bens.
Instituição Jurídica: Conjunto de normas jurídicas unidas à volta de princípios comuns a essas normas. Instituição como grupo de normas.
Funções das Instituições:
Função de estabilidade / orientação – permite orientar
Função de integração – integrar várias pessoas numa instituição
 (
 ( Unificação – a instituição unifica quem lhe pertence
 ( Identidade – Identifica-os 
Espécies de Instituições:
Fundamentais - Instituições que nenhuma sociedade pode dispensar. 1º a Família; 2º a Propriedade; 3º o Estado
Secundárias – Complementam as primeiras, estão ao serviço das primeiras. Escola; Parlamento; Tribunal; Igreja; Serviço Público... 
Noção e distinção de Instituição e Instituto:
 Instituição: Complexo de normas que reúnem á sua volta um princípio comum – ex. Instituição Familiar.
Instituto: Conjunto de normas menor, que disciplinam uma realidade pequena da vida – ex. Instituto de ocupação (art. 1318 do CC. até art. 1324 do CC.); Asserção (art. 1325 do CC. até art. 1345 do CC.); Demarcação (art. 1353 do CC.)
Dentro da propriedade que é uma Instituição existem vários Institutos.
Justificação para a existência das Instituições – o Homem nasce um ser inacabado. Nasce antes do tempo. Ex. os pintainhos nascem com sentido de orientação, já se alimentam e andam. 
A Ciência Sociológica do Direito:
Ordem Social:
O Direito só existe porque há conflito, o Direito têm como função evitar ou resolver o conflito. Para haver conflito é necessário haver pelo menos duas partes.
O Homem é um animal social, não pode viver fora de uma sociedade ( nós somos aquilo que os outros fazem de nós, e os outros são aquilo que fazemos deles), a sociedade é o reflexo daquilo que nós somos, o homem só se realiza no meio dos outros, a cultura de m povo é a sociedade que a cria.
O Homem é um animal político – Aristóteles – Político de Polis (cidade), comunidade, sociedade. O alimento espiritual do homem é o diálogo (intercâmbio de ideias)
Mundo Natural – leis do meio físico, impõem-se por si – lei da gravidade
Mundo Cultural – regida por normas da ética, mundo do dever ser, construídas pelo homem e portanto falíveis e violáveis – moral, religião 
As Leis são da Natureza, as Normas são da sociedade, do mundo cultural.
As Normas Sociais propõem-se a:
 ( Evitar
		( Conflitos
 ( Resolver 
As normas sociais disciplinam a vivência em sociedade do homem, as normas sociais agrupam-se em instituições. 
As Ordens Normativas
Ordem Religiosa:
Entra na composição da ordem jurídica, é expressa pelos usos ou convêncionalismos sociais e subdistingue-se em sectores específicos, como os relativos à cortesia, à moda, às práticas profissionais. 
Sanção – a violação destes usos é sancionada com a reprovação social e mesmo com sanções sociais difusas
Ordem jurídica:
Faz parte da ordem normativa e ordena os aspectos mais importantes da convivência social, visa a justiça.
As suas normas são necessariamente critérios de decisão e a generalidade desempenha a função orientadora das condutas.
Sanção – as sanções das normas de conduta podem ter uma finalidade diversificada: compulsória reconstutiva, compensatória, preventiva, primitiva
Ordem Moral
Faz parte da ordem normativa e visa o aperfeiçoamento da pessoa dirigindo-a para o bem.
Intra-individual, repercute-se na ordem social 
Ordem de Trato Social
Direitos Objetivos e Direitos Subjetivos (privados)
Direito objectivo - É o direito legislado, ou seja, o conjunto de normas jurídicas que regulam as condutas dos Homens. É o direito visto na perspectiva da ordem jurídica.
Direito subjectivo - Consiste no poder ou faculdade atribuído pelo direito a uma pessoa de livremente exigir de outrem um comportamento positivo (acção) ou negativo (omissão). É o direito visto na perspectiva do sujeito.
Exemplo:
O art. 1305º CC (conteúdo de direito de propriedade) "O proprietário goza de modo pleno e exclusivo dos direitos de uso, fruição e disposição das coisas que lhe pertencem.....". Esta norma jurídica constitui o direito objectivo e esta norma concede ao proprietário os direitos de poder usar, fruir e dispor das coisas que lhe pertencem, são os direitos subjectivos. 
Qual é a relação que existe entre direito objectivo e direito subjectivo?
Podemos dizer que o direito subjectivo só existe na medida como o direito objectivo o prevê.
Quanto à natureza:
Teoria da Vontade
Windscheid
Parte do princípio que o subjectivo está ligado com o sujeito, assim o direito subjectivo é a vontade juridicamente protegida, vontade psicológica dos sujeitos.
Tem a sua origem em Savigny apoiado na filosofia de Kant da autonomia da vontade, concebeu o direito subjectivo como um instrumento que permite a liberdade de acção, o livre desenvolvimento da vontade autónoma e por isso a propriedade constitui o primeiro dos direitos subjectivos.
Criticas:
menores e deficientes carecem de vontade psicológica e todavia são titularesde direitos subjectivos
as pessoas colectivas têm direitos subjectivos e não têm vontade psicológica ou humana
há direitos que temporariamente não têm titulares – ex. herança jacente
pode um titular de um direito subjectivo não querer exigir o seu cumprimento e se dependesse da vontade o direito devia extinguir-se, o que não sucede
não se extingue um direito subjectivo se o seu titular o ignorar e portanto faltar uma vontade
há direitos cuja renuncia não produz consequências – ex. um trabalhador renunciar à indemnização
Reacão de Windscheid:
não é vontade psicológica, mas a vontade normativa, cai no positivismo normativista que acaba por não considerar os direitos subjectivos
Teoria do Interesse:
Ihering
Interesse juridicamente protegido
Críticas:
- Interesse palavra vaga e imprecisa
- Interesses protegidos sem direitos subjectivos correspondentes
Parte de uma concepção conflituosa da sociedade e do direito, considera que o direito subjectivo é composto por dois elementos igualmente importantes:
formal – a protecção ou tutela que a lei confere
material – o interesse entendido em sentido em sentido amplo, susceptível ou não de avaliação pecuniária
Criticas:
se um credor não estiver interessado em exigir o pagamento de uma obrigação contraída por um amigo pobre, o seu direito não deixa de existir – não depende do seu interesse
há interesses juridicamente protegidos e que não correspondem direitos subjectivos é o caso de interesses reflexamente subjectivos: quando a vacinação é obrigatória contra determinada epidemia, mas não dispomos de um direito subjectivo à vacinação de um vizinho 
para proteger os menores é-lhes atribuída a incapacidade de exercício de direitos – art. 123º do CC – o ordenamento jurídico protege interesses não através da concessão de direitos ma restringindo a capacidade do indivíduo
há casos em que o interesse e o direito pertencem a pessoas diferentes – num contracto a favor de um terceiro
Teoria Normativista:
Kelsen
Mera subjectivação do direito objectivo
Críticas:
- perda de especificidade
- pura construção lógica
O elemento relevante do direito é a forma (a norma, o dever ser) e não a substância (os factos, o ser).
O direito subjectivo é visto na perspectiva do sujeito, portanto uma norma jurídica (direito positivo) estabelece um dever e assim um direito subjectivo não é mais do que um direito reflexo, uma consequência desse dever
Criticas:
há direitos subjectivos que carecem de protecção
há casos em que a acção judicial não corresponde um direito subjectivo um direito subjectivo – acção declarativa ou simples apreciação
segundo este pensamento não tem sentido falar em justiça, não podendo protestar contra a falta de direitos de alguns grupos étnicos porque o estado os pode retirar ou não os criou
Direitos subjectivos em sentido estrito:
São aqueles que têm por conteúdo um poder de exigir uma prestação (crédito) ou um poder de domínio sobre uma coisa. É um poder de dispor e gozar de um objecto, de um bem, é o lado activo (arrendar, alugar etc.)
Exigir – o titular pode solicitar ao tribunal que aplique determinadas medidas, exigir judicialmente
Pretender – o titular não pode reagir contra o adversário que não cumpra o seu dever jurídico – direito subjectivo de potencial reduzido – é o caso das obrigações naturais em que o credor não pode exigir judicialmente o seu cumprimento, mas se o devedor pagar, não pode repetir o que pagou – art. 402º e 403º do CC
Direitos Potestativos:
Poder de, unilateralmente, intervir na esfera jurídica alheia, corresponde-lhe um dever de sujeição ou de conformação. É um poder de imposição.
Sujeição – a necessidade de suportar as consequências do exercício de tais direitos
Modalidades de Direitos Potestativos:
Constitutivos – se é criada uma nova relação jurídica – quando um proprietário de um terreno encravado, exerce o seu direito potestativo de exigir a constituição de uma servidão de passagem através do terreno, o exercício desse direito produz uma relação jurídica nova - art. 1550 do CC
Modificativos – se é modificada uma relação jurídica preexistente – quando um dos cônjuges em perigo de perder o que é seu pela má administração do outro, exerce o seu direito potestativo de pedir a simples separação de bens, ou seja modifica-se o regime matrimonial para o da separação de bens. - art. 542 nº2 do CC
Extintivos – se é extinta uma relação jurídica anterior – quando um dos cônjuges requer o divórcio invocando que o outro violou culposamente os deveres conjugais – a relação conjugal dissolve-se. – art. 1788º do CC
Classificação dos direitos subjectivos:
Inatos – direitos que nascem com a pessoa, deste modo não precisa de os adquirir, trata-se da generalidade dos direitos de propriedade
Não Inatos – são os restantes direitos subjectivos que se adquirem não com o nascimento, mas posteriormente
Essenciais – são os direitos indissoluvelmente ligados á pessoa, como todos os direitos de personalidade inatos e não inatos.
Não Essenciais – são todos os direitos concebíveis sem a pessoa, como os direitos de crédito, reais, sucessórios 
Direitos Pessoais – não são susceptíveis de avaliação pecuniária – art. 496 do CC “ danos não patrimoniais
Direitos Patrimoniais – são susceptíveis de avaliação pecuniária – art. 483 do CC
Disponíveis – são livremente transmissíveis pelo seu titular – direito de propriedade e direito de crédito
Indisponíveis – não são transmissíveis pelo seu titular – direito de personalidade art. 70 do CC
Absolutos – poder directo e imediato sobre um bem ou uma pessoa, são direitos de exclusão, ficando apenas o seu titular – direito de personalidade, direitos reais
Relativos – são poderes directamente sobre uma conduta alheia e só indirectamente sobre uma coisa ou pessoa
Disponíveis – Podem desligar-se do titular – ex. os direitos patrimoniais excepto o direito de uso e habitação art. 1488º do CC e os direitos constituídos intuito personae art. 1444º nº1 do CC
Indisponíveis – São intransmissíveis – ex. os direitos de personalidade
Simples – Contêm uma pretensão e uma prestação – ex. o mútuo art. 1142º CC; o comodato art. 1129º CC
Complexos – Contêm um feixe de possibilidades, ex. direito de propriedade art. 1305º do CC, o poder paternal 1878º do CC
Direitos de direcção, poderes-deveres ou poderes funcionais
São direitos ligados ao exercício de uma função – ex. o empresário, o poder paternal art. 1878º do CC, a tutela art. 1975º do CC
Natureza:
Há quem os considere direitos subjectivos, por existir uma compenetração dos distintos interesses, dados os laços que unem os respectivos titulares - ex. o pai e o filho, o tutor ao pupilo) – Posição de Orlando de Carvalho
Há quem entenda que não são direitos subjectivos, por o titular do poder ser obrigado a praticar as funções que lhe estão ligadas, situação que o titular de um direito subjectivo pode usar ou não o seu direito, trata-se sim de uma situação de poder, posição de Miguel Reale
Direitos Subjetivos Públicos:
São direitos que os cidadãos podem invocar contra o estado, quer impondo limites ao exercício dos seus poderes quer exigindo uma certa actuação – ex. os direitos fundamentais.
Problemática:
A ordem jurídica humana deve sujeitar-se necessariamente à lei natural e, por isso os direitos subjectivos são invioláveis e portanto os governantes têm de respeitar a ordem jurídica.
Doutrina jusnaturalista – parte da anterioridade dos indivíduos em relação ao estado, no estado de natureza a que o homem se encontrava, já era portador de direitos, por isso o estado (fruto de um contracto social para os garantir) deve respeitar esses direitos.
Locke - o estado foi criado por um contracto social para garantir os direitos já existentes no status naturalis.
Rousseau – os homens cederam ao estado os direitos que tinham no status naturalis e o estado restituiu-lhos transformando-os emdireitos civis.
Critica – o contracto social é uma ficção e o estado natural nunca existiu.
Doutrina da autolimitação – vê na soberania o poder de decidir em última instância e por isso, entende que ao estado cabe delimitar o que pertence ao indivíduo.
Critica – os indivíduos ficam á mercê do estado 
Direitos Subjetivos e Figuras Afins
Meros interesses jurídicos – são interesses tutelados pela ordem jurídica a que não correspondem direitos subjectivos, ex. o interesse do automobilista na boa conservação das estradas, o interesse na vacinação das pessoas – porém falta-nos a faculdade ou o poder de exigir ou pretender esses comportamentos que definem direitos subjectivos
Faculdades em sentido estrito – são possibilidades de agir e não algo que pertença a alguém como seu. Ex. faculdade de assistir a um espectáculo, a faculdade de fazer ou não um negócio jurídico.
Direitos reflexos – são posições jurídicas tuteladas por efeito reflexo das especiais obrigações que impedem sobre outros. Ex. as sanções de violações de regulamentos administrativos protegem a posição de quem tira vantagens do cumprimento desses regulamentos; o direito à indemnização previsto no art.º 495 do CC.
Expectativas jurídicas – são probabilidades particulares de se verificarem determinados efeitos ou aquisições jurídicas, a que corresponde já uma consistência jurídica – ex. a expectativa de um filho vir a ser herdeiro legitimo do pai. 
Norma Jurídica:
Características das normas jurídicas:
Hipoteticidade - a norma só se aplica perante a verificação futura de uma determinada condição, ou seja, a verificar-se a concretização verificada na previsão, a concretização é só uma hipótese, daí a norma ser hipotética, se a situação prevista não vier a ocorrer as consequências jurídicas a ela associadas também não ocorrem
Generalidade – característica das normas jurídicas de se aplicarem sempre a um grupo mais ou menos amplo de pessoas, e não a uma única pessoa em particular
Abstracção – característica das normas jurídicas de se aplicarem sempre a um número abstracto de casos, ou de situações e não a casos ou situações concretas, individualizadas.
Coercibilidade - consiste na susceptibilidade de aplicação coactiva de sanções, se a norma for violada.
Classificação das normas jurídicas:
NORMAS IMPERATIVAS OU INJUNTIVAS - São normas que impõem condutas por acção ou por omissão;
NORMAS PERCEPTIVAS - São normas que impõem certas condutas por acção.
Ex.: As normas que obrigam a pagar impostos.
NORMAS PROIBITIVAS - são normas que proíbem. determinadas condutas
Ex. : as normas que punem o furto e o homicídio etc.
NORMAS PERMISSIVAS OU FACULTATIVA - São normas que permitem ou autorizam certos comportamentos.
NORMAS INTERPRETATIVAS - São normas que se destinam a definir o sentido e o alcance a certas condutas ou a certas expressões.
NORMAS SUPLETIVAS - são as normas que podem ser afastadas pela vontade das partes. Ex.: regime casamento de comunhão de adquiridos.
NORMAS GERAIS - são normas que constituem um regime regra (art. 219ºCC)
NORMAS ESPECIAIS - são normas que sem contrariarem o regime- regra contida nas regras gerais, vêm adoptar estas normas a circunstâncias particulares.
ex.: o direito civil e um direito privado comum (norma geral) o direito comercial (especial)
NORMAS EXCEPCIONAIS - são normas que constituem uma oposição ao regime regra (219º- 1143º; 219º-875º)
NORMAS UNIVERSAIS - são aquelas que se aplicam em todo o território nacional
NORMAS REGIONAIS - são aquelas que se aplicam nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores- D. legisl. Reg.
NORMAS LOCAIS - são aquelas que se aplicam no território de uma autarquia local (posturas e regulamentos locais).
NORMAS AUTÓNOMAS - normas que por si só tem um sentido completo.
NORMAS NÃO AUTÓNOMAS OU REMISSIVAS - normas, que por si só não têm um sentido completo ( falta-lhe toda a parte da previsão, toda a parte da estatuição).
Remissão explícita – referem expressamente a norma ou normas para que remete. Pode ser:
Modificativa – a norma não só remete para outra ou outras normas, mas também modifica o seu alcance, a modificação pode ser:
Restritiva – a norma jurídica para que a norma remete é restringida
Ampliativa – a norma remete para outra que lhe amplia o alcance
Não modificativa – a norma limita-se a remeter para outra, que a completa sem a modificar o seu alcance, a remissão pode ser:
Intra-sistemática – a norma jurídica remete para outra norma do mesmo sistema jurídico – evitar repetições
Extra-sistemático – a norma jurídica remete para sistemas jurídicos diferentes – estranhos ou estrangeiros – drt. Int. privado
Remissão implícita – a norma jurídica não remete expressamente para outra norma. 
Ficções legais – 
Presunções legais – provado determinado facto considera-se provado outra
Quanto à sanção, as normas classificam-se em:
Leges plus quam perfectae – determinam a invalidade dos actos que as violem e aplicam ainda uma pena aos infractores – ex. casamento celebrado por quem já é casado – o segundo casamento é anulável e o infractor punido por bigamia. 
Leges perfectae – só determina a invalidade dos actos contrários – compra e venda e a doação de bens imóveis sem escritura pública
Leges minus quam perfectae – não estabelece a invalidade do acto contrário, mas determina que não produzirá todos os seus efeitos – casamento de um menor sem a autorização dos pais ou tutor, o casamento é válido mas o menor continua a sê-lo quanto à administração dos bens.
Leges imperfectae – não estabelece nenhuma sanção – as normas constitucionais que consagram o direito á segurança social
O Direito, Estado e Nação: 	
Estado - é uma colectividade, um povo fixo num determinado território que nele instituiu por autoridade própria, um poder político relativamente autónomo, é formado pelo: povo, território e poder político
Funções:
- Poder Constituinte
- Poder de revisão Constitucional
- Função Política
- Função Legislativa
- Função Jurisdicional
- Função Administrativa
Nação – pertencem à mesma nação todos quantos nascem num certo ambiente cultural feito de tradições e costumes, geralmente expresso numa língua comum, actualizado num idêntico conceito de vida e dinamizado pelas mesmas aspirações de futuro e os mesmos ideais colectivos.
Kelsen:O Estado é o somatório, o complexo das suas próprias leis Críticas: o estado é titular de direitos públicos e privados sujeito de obrigações.
Marxista: o estado é um aparelho de coacção da classe economicamente dominante (capitalista) sobre o proletariado é uma mera supra-estrutura política que protege e perspectiva uma determinada estrutura económica e social deixará de existir quando deixarem de existir as classes e portanto a opressão de uma sobre a outra
Criticas: Põe em causa a lei da dialéctica, segundo a qual nada é definitivo recusa uma ulterior reforma social, tende para a estagnação a realidade evidência um fracasso da teoria.
Fins do Direito
A justiça: enquanto virtude social
O direito tem por função realizar a justiça, a justiça é o principal fim do direito e o valor supremo para a ordem jurídica e para o jurista.
Elementos Lógicos:
Principio da Igualdade – a justiça impõe não só que se trate igualmente o que é igual, mas também que se trate desigualmente o que é substancialmente diferente
Principio da Proporcionalidade – cada regra de direito tem que escolher os meios adequados ao fim que pretende atingir, e que justificou o seu aparecimento, não podendo optar por meios excessivos ou desajustados para a alcançar
Principio da Imparcialidade – o direito em todas as suas fases, nomeadamente na sua aplicação coerciva e ao dirimir conflitos não deve pautar-se por critérios de desfavorecimento individual
Modalidades da Justiça:
Comutativa – visa corrigir os desequilíbrios que se verificam nas relações contratuais e nos actos involuntários e ilícitos interpessoais,assegura a equivalência entre prestações ou entre danos e indemnização, pertence ao direito privado – é a justiça das relações da coordenação.
Distributiva – rege a repartição dos bens comuns pelos membros da sociedade segundo um critério de igualdade proporcional, é a justiça própria das relações de subordinação e pertence ao direito público
Geral ou legal – rege a participação dos membros da sociedade nos encargos comuns, segundo o critério de igualdade proporcional
Equidade
Significa igual, justo é a justiça no caso concreto
Como a justiça é irracional, rígida e indiferente e dura, cabe à equidade as seguintes funções:
Dulcificadora – suaviza o rigor da lei e humaniza o direito com valores e sentimentos como a bondade e a compaixão 
Resolutória ou Decisória – constitui um critério de decisão dos casos em substituição das soluções pré-estabelecidas nas normas jurídicas, o juiz decide segundo a sua consciência (o seu sentimento de justiça) – art. 4º do CC
Flexibilizadora – ajusta a norma jurídica (geral) ao caso a decidir, sucede com as normas que utilizam conceitos indeterminados e clausulas gerais (boa fé) que ao juiz cabe preencher quando as aplica
Interpretativa-aplicadora – adequa a norma geral e abstracta ao caso sub iudice, faz a adequação ao caso concreto
Integradora – Constitui um factor a ponderar no processo de integração de lacunas
Correctiva – corrige, modifica ou restringe a lei afastando soluções desadequadas que se opõem à teleologia da norma e intenção do legislador 
A Sanção e a Coacção (e a Coercibilidade)
Etimológica – sanção, pena, castigo
Comum – reacção desfavorável da ordem jurídica ao incumprimento de uma norma – sanção negativa 
Menos comum - reacção favorável ao cumprimento de uma norma, que se traduz na atribuição de vantagens – sanção positiva
Classificação:
Reconstitutivas – restabelecem a situação que existiria se a norma jurídica não tivesse sido violada
Compensatórias – estabelecem uma situação que embora diferente as considera valorativamente equivalente á situação anterior à violação da norma jurídica – indemnização dos danos causados
Punitivas – aplicam um mal ao infractor como castigo da violação de uma norma jurídica
Preventivas – visam afastar futuras violações, cujo receio é justificado pela prática de um determinado ilícito – liberdade condicional
Compulsórias - procuram que, embora tardiamente, o infractor adopte a conduta devida e, portanto que a violação não se prolongue, por isso cessam logo que a norma jurídica desrespeitada seja observada – prisão em que incorre quem não cumprir a sua obrigação de prestar alimentos, embora esteja em condições de os prestar. 
Sanção \ Norma jurídica
não é elemento essencial (a sanção) porque nem todas as normas têm sanção
é uma simples condição de eficácia, contribui para a obediência da norma
Coacção
Força que impõe o cumprimento de direito
Crítica: a maioria das normas observa-se sem apelo á força
Coercibilidade
Susceptibilidade de imposição pela força das prescrições de direito – é a força em potência
Norma + Coacção
Críticas: há sanções incoercíveis confunde o direito com a pura ordem de força.
Ineficácia jurídica – é uma reacção da ordem jurídica que impede que os actos jurídicos desconformes com a lei produzam todos ou alguns efeitos jurídicos que, em condições normais, produziriam . 
Ineficácia em sentido restrito – ocorre quando o acto que transgrediu a lei não produz todos ou parte do seus efeitos jurídicos 
Modalidades:
Inexistência jurídica – ocorre quando nem sequer aparentemente se verifica uma qualquer materialidade (um corpus) de certo acto jurídico. Trata-se de casos muitos graves em que para o direito nada há e, por isso, nenhum efeito jurídico pode produzir-se – sucede com o casamento celebrado sem a declaração da vontade de um ou ambos os nubentes ou contraído por pessoas do mesmo sexo.
Invalidade – verifica-se quando um acto, que existe materialmente, sofre dum vício que justifica a não produção de efeitos jurídicos; por isso, deverá ser restituído tudo o que tiver sido prestado ou, se não for possível a restituição em espécie, o valor correspondente. Modalidades
Anulidade – ocorre quando a violação da norma jurídica ofende um interesse público, por isso, não carece de ser invocada por quaisquer interessados e pode ser declarada ex officio pelo juiz se , no processo em julgamento, tiver elementos que certifiquem a sua existência; pode ser invocada por qualquer pessoa que tenha interesse na não produção dos efeitos jurídicos; é insanável pelo decurso do tempo (ou seja é perpétua) e por confirmação dos interessados
anulabilidade – verifica-se quando a violação da norma jurídica ofende um interesse particular, por isso, é necessário que seja invocada pela pessoa ou pessoas a favor de quem foi estabelecida e o juiz não a pode declarar ex officio, é sanável no decurso do tempo e por confirmação dos interessados
A tutela do Direito e a Garantia dos Direitos
Tutela Pública:
A tutela pública é a função que o estado desempenha, para tornar efectivas as normas jurídicas através de um aparelho cuja estrutura não é todavia inteiramente homogénea, constitui portanto uma garantia dos direitos subjectivos, conferindo-lhes uma consistência prática.
Modalidades:
Tutela Preventiva:
Funciona antes da violação do direito e procura evitá-la, dificultando-a ou tornando-a inconveniente. O seu campo é muito vasto, mas importa destacar:
a autoridade pública
as sanções jurídicas negativas
as medidas de segurança
a inabilitação do autor de um determinado delito para o exercício de certa actividade ou profissão
a acção declarativa de simples apreciação
os procedimentos cautelares
Tutela Repressiva:
Funciona depois de consumada a violação do direito e consiste numa reacção traduzida na aplicação de uma sanção, ou seja, de determinados efeitos jurídicos desfavoráveis ao infractor.
# a tutela pública realiza-se principalmente através da interacção dos tribunais, por isso fala-se de tutela ou garantia judiciária. Os tribunais são órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo. Para o desempenho desta função, os tribunais estruturam-se segundo a princípios seguintes:
Independência – os juizes só obedecem ao Direito
Imparcialidade – os juizes julgam de forma livre e descompremetida dos interesses dos litigantes
Passividade – os juizes não podem resolver o conflito de interesses que a acção pressupõe sem que uma das partes tenha pedido e a outra sido devidamente chamada a deduzir oposição
Organização Judicial:
Tribunais de 1º Instância – são em regra os tribunais de Comarca
Tribunais de 2º Instância – que se denominam Relações
O Supremo Tribunal de Justiça
Administração Pública:
Ministério Público:
É um órgão constitucional da administração da justiça, goza de independência externa (designadamente perante o ministério da justiça) mas não é um órgão de soberania, nem se confundem com os órgãos do poder judicial, porque m não tem competência para praticar actos materialmente jurisdicionais.
Tutela Privada:
A tutela privada também dita justiça ou coacção privada ou ainda autotutela, é a defesa de direito realizada pelos particulares nas situações excepcionais legalmente previstas. Comporta várias figuras jurídicas, destaca-se:
o direito de resistência – faculdade de resistir a qualquer ordem que ofenda os nossos Direitos, Liberdades e Garantias
a acção directa – é o recurso à força para evitar a utilização prática de um direito, no caso de ser impossível recorrer a meios coercivos normais
a legitima defesa – é o acto que afasta uma agressão actual ou iminente ilícita contra a pessoa ou o património do agente ou de terceiro, quando não for possível recorrer à autoridade pública e o prejuízo causado não 
Estado de necessidade – é a situação em que alguém se encontra que justifica a licitude daacção de destruir ou danificar uma coisa alheia para remover o perigo actual ou iminente de um dano manifestamente superior quer do agente quer de terceiro
Direito de retenção – é a faculdade que em determinadas situações o credor goza de reter uma coisa do devedor para o coagir a cumprir a sua obrigação
Fontes do Direito
Fontes do Direito em sentido técnico-jurídico, consiste nos modos de formação e revelação das normas jurídicas num determinado ordenamento jurídico.
As fontes do direito podem-se distinguir em:
FONTES IMEDIATAS OU DIRECTAS DO DIREITO
São aquelas que criam normas jurídicas.
 FONTES MEDIATAS OU INDIRECTAS DO DIREITO
São aquelas que não criam normas jurídicas, mas contribuem para a sua formação.
São enumeradas tradicionalmente quatro fontes do direito:
- A LEI;
- O COSTUME;
- A JURISPRUDÊNCIA;
- A DOUTRINA.
 Como iremos ver de seguida, o Código Civil estabelece nos artigos 1.º a 4.º disposições sobre as fontes do direito e considera a lei como única fonte imediata do direito em contraposição aos usos (art.º 3º) e equidade(artº4º) cuja força vinculativa provém da lei, ou seja, os usos e equidade só têm relevância jurídica, quando a lei o determine.
Portanto, temos:
- A lei como fonte imediata do direito
- Os usos e a equidade são fontes mediatas do Direito 
 A LEI
A lei é considerada uma fonte imediata do direito, e para alguns autores ela é a única fonte imediata admissível, para outros autores e, ao lado da Lei, o costume também é fonte imediata do direito.
No entanto, o art. 1º do CC acolhe a LEI como a única fonte imediata do Direito.
Portanto a lei como fonte imediata do direito, cria normas jurídicas, com carácter vinculativo emanadas do órgão dotado de competência legislativa.
Art. 1º (fontes imediatas do direito) 
1. São fontes imediatas do direito as leis [.......];
2. Consideram-se leis todas as disposições genéricas provindas dos órgãos estaduais competentes; [........];
Neste artigo 1º a lei é empregue em sentido amplo.
O termo lei pode ter vários significados:
- Tem o significado de ordenamento jurídico, como por exemplo no art. 13º/1 CRP, onde se consagra que todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei
- Tem o significado de acto legislativo (lei [acto legislativo da AR] ou Decreto-lei [acto legislativo do Governo]) como por exemplo no art. 103º/2 CRP, onde se consagra que os impostos são criados por lei,........
- Tem o significado de norma jurídica, como por exemplo no art. 205º/1 onde se refere "As decisões dos tribunais que não sejam de mero expediente são fundamentadas na forma prevista na lei."
- Tem o significado de Direito
E tem ainda o significado de diploma legislativos.
Para se compreender verdadeiramente o termo lei temos que ter em conta a distinção entre os vários sentidos em que a lei se apresenta:
LEI EM SENTIDO AMPLO
Refere-se a qualquer diploma que consagre normas jurídicas emanadas dos órgãos estaduais competentes, pela Assembleia da República, Governo, Assembleia legislativa regional dos Açores e da Madeira, as Assembleias Municipais, freguesias, ou seja, leis, decretos-lei, regulamentos, portarias, decretos legislativos regionais e posturas.
Resumindo, a lei em sentido amplo abrange todos os diplomas que consagram normas jurídicas.
LEI EM SENTIDO RESTRITO ( lei propriamente dita )
Refere-se aos diplomas emanados pela Assembleia da República (LEI)
DISTINÇÃO ENTRE LEI E DECRETO-LEI
LEI - diploma emanado pela Assembleia da República
DECRETO-LEI - diploma emanado pelo Governo.
 DISTINÇÃO ENTRE LEI CONSTITUCIONAL E LEI ORDINÁRIA.
LEI CONSTITUCIONAL ORIGINÁRIA
É a lei que cria a constituição.
LEI CONSTITUCIONAL DERIVADA ( lei de revisão)
É a lei que altera a Constituição.
LEI ORDINÁRIA
São todos os restantes diplomas emanados pelo poder legislativo (Lei da Assembleia da República, decreto-lei do Governo)
Podemos definir LEI como uma norma jurídica criada e imposta na sociedade emanada de uma autoridade competente
Vimos os tipos ou categorias de leis, que fazem parte do Direito português.
Agora vamos ver como as leis se fazem e como cessa a sua vigência.
O Estado goza de três poderes distintos:
- Poder legislativo: Exercido pela Assembleia da República e pelo Governo, ( artigos 161.º,164.º,165.ºe 198.º da CRP)
- Poder executivo (administrativo): Exercido pelo Governo.(artigos 199.º e 266.º e artigos seguintes)
- Poder judicial: Exercido pelos tribunais.(artigos 202.º e seguintes da CRP)
A Lei emerge do poder legislativo.
Vamos apenas ter presente as leis da Assembleia da República os decretos-leis e os decretos-regulamentares do Governo 
Em certas matérias só pode legislar a Assembleia da República, é a reserva absoluta de competência legislativa (art.º 164.º da CRP).
Noutras matérias pode legislar a Assembleia da República ou o Governo com autorização dela, através duma lei de autorização, é reserva relativa de competência legislativa. (art.º165.º da CRP).
Estão neste último caso a criação de impostos conforme i) do n.º 1 do citado art.º165.
Portanto a Assembleia da República tem competência para fazer leis e o Governo tem competência para fazer decretos-leis e bem assim competência regulamentar exercida através de decretos-regulamentares; resoluções do Conselho de Ministros; portarias e despachos normativos.
FEITURA DAS LEIS
O processo legislativo de elaboração das leis compreende as seguintes fases:
-ELABORAÇÃO;
-APROVAÇÃO;
-PROMULGAÇÃO;
-PUBLICAÇÃO;
-ENTRADA EM VIGOR.
 ELABORAÇÃO
Em primeiro lugar há que elaborar o texto da lei. 
Na Assembleia da República, a elaboração e aprovação da lei obedece a certas formalidades que estão reguladas e previstas na constituição.
Só pode iniciar o processo legislativo, quem tiver competência de iniciativa legislativa:
"A iniciativa da lei compete aos Deputados, aos grupos parlamentares e ao Governo...." (art. 167º/1 CRP).
A seguir à elaboração segue-se a discussão e votação (art. 168º CRP).
A elaboração e votação dos decretos-lei e dos decretos regulamentares por parte do Governo é informal.
 APROVAÇÃO.
Aprovação das leis por maioria na Assembleia da República e os decretos-leis por maioria em Conselho de Ministros.
 PROMULGAÇÃO
As leis, os decretos-leis e os decretos regulamentares carecem de promulgação do Presidente da República, (art.º 134.º b) da CRP.
A falta de promulgação determina a inexistência do acto. (art.º 137.º da CRP)
A promulgação é o acto pela qual o Presidente da República atesta solenemente a existência da norma e intimida à sua observância
 PUBLICAÇÃO
A lei para poder ser aplicada tem que ser conhecida e para ser conhecida tem que ser publicada e a sua publicação faz-se no Diário da República, nos termos do artigo 119º CRP, no artigo 5º/1 CC e da lei 74/98 de 11 de Novembro. 
Com a publicação, a lei passa a ser obrigatória, isto não significa que ela seja desde logo aplicável, há ainda a necessidade de estabelecer o começo da sua vigência.
 ENTRADA EM VIGOR
Depois da lei ser publicada no Diário da República para a sua entrada em vigor, existe um espaço de tempo. O número 2 do art. 5º CC, dispõe o seguinte:
"Entre a publicação e a vigência da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou, na falta de fixação, o que for determinado em legislação especial."
A este tempo que medeia entre a publicação e a entrada em vigor da lei, chama-se "Vacatio Legis".
Quando é que uma lei entra em vigor?
Por exemplo:
O Diário da República distribuído hoje tem a data de hoje, os diplomas nele publicados têm a data de hoje que corresponde à data da publicação.
Assim, se uma lei publicada no Diário da República de hoje fixar uma data para entrar em vigor, por exemplo, esta lei entra em vigor no dia 30/10/99.
Será nessa data que essa lei entra em vigor.
Se uma lei também publicada no Diário da República de hojenão fixar a data de sua entrada em vigor esta lei entra em vigor no continente no 5º dia após a publicação não se contando o dia da publicação (o dia de hoje).
 CESSAÇÃO DA VIGÊNCIA DAS LEIS
A lei mantém-se em vigor até que algo a faça cessar a sua vigência.
Como é que a lei deixa de vigorar?
É o mesmo que dizer quando é que a lei deixa de produzir efeitos jurídicos?
Esta matéria é tratada no art. 7º do CC.
A lei pode deixar de vigorar por: caducidade; revogação.
Outra realidade diferente e que não põe termo à vigência da lei, é a suspensão de vigência de lei, ou seja, a lei suspensa continua a existir na ordem jurídica, só que não produz quaisquer efeitos.
 CADUCIDADE
Consiste no termo de vigência da lei em consequência de um facto superveniente, que pode ser a própria lei prever uma data de cessação de vigência, ou um prazo de duração (leis temporárias).
Ou ainda pelo desaparecimento definitivo da realidade a que a lei se aplicava. Como por exemplo se desaparecesse completamente as espécies cinegéticas no nosso país, a lei da caça deixava de vigorar.
 REVOGAÇÃO
Consiste no termo da vigência da lei em consequência da entrada em vigor de uma lei nova de valor hierárquico igual ou superior.
A revogação pode ser:
- REVOGAÇÃO EXPRESSA
Quando a lei nova declara quais os preceitos que deixam de vigorar. Por exemplo quando a lei nova diz que são revogados ou os artigos de uma lei ou decreto-lei, quando a lei nova diz que determinado diploma é revogado.
- REVOGAÇÃO TÁCITA
É quando a lei nova é incompatível com a lei anterior, neste caso prevalece a lei posterior. Cabe ao interprete a descoberta dessa incompatibilidade. Por exemplo: posteriormente a uma lei que estabelece um prazo de 5 anos propor certa acção, é publicada outra lei fixando para o mesmo efeito, o prazo de três anos.
 
Critério de resolução de Conflitos:
Critério de Superioridade
Critério da Posteridade
Critério da Especialidade
Uma Lei pode ser:
Inexistente
Nula
Ineficaz
O COSTUME
O costume é prática de uma conduta social reiterada e constante, acompanhada da convicção da sua obrigatoriedade pela comunidade.
O costume é constituído por dois elementos essenciais que devem estar sempre presentes sob pena de não ser costume:
Corpus (usus)- uma prática social reiterada e constante.
Animus- a convicção da respectiva obrigatoriedade, como se estivesse a obedecer a uma norma geral e abstracta.
Do ponto de vista da lei, o costume pode ser de três espécies:
COSTUME SECUNDUM LEGEM (segundo a lei)
O costume confirma ou interpreta. A lei Portuguesa ignora-o, o que significa que não o considera relevante.
COSTUME PRAETEN LEGEM (para além da lei)
O costume regula aspectos não regulados pela lei. O nosso código civil no artigo 10º não alude ao costume como meio de integração de lacunas da lei, logo não é admitido no Direito Português.
COSTUME CONTRA LEGEM (o costume contrário a lei)
O costume cria uma regulamentação contrária à lei. Este costume não é admitido no ordenamento jurídico Português, porque se o fosse, implicaria a cessação da vigência da lei. E a lei só deixa de vigorar se for revogada por outra lei (art. 7º CC).
O código Civil Português exclui o costume como fonte imediata de direito e nem sequer o reconhece como meio de integração das lacunas da lei.
O legislador apenas admitiu que os usos tinham relevância jurídica quando a lei para ele remete e portanto nunca contra a lei- fonte mediata de Direito (art. 3º/1 CC).
Aliás, quando na lei civil nos aparece a referência ao costume é mais no sentido de uso, como por exemplo no art. 737º/1 a), 1400º/1 etc.
Diferente do costume é o uso, ou seja, o uso é prática reiterada de uma conduta a que falta a convicção da respectiva obrigatoriedade (o animus).
É admitido o número de disposições com referência aos usus (por exemplo art. 885º/2 CC).
No direito internacional público, o costume é uma importante fonte de direito 
Art. 8º CRP (Direito Internacional)
1.As normas e os princípios de direito internacional geral ou comum fazem parte integrante do direito português.
2.[........]
Por força do art. 8º/1 CRP, o costume internacional vigora directamente na ordem jurídica interna Portuguesa, pelo simples facto de vigorar na ordem internacional (recepção automática).
 JURISPRUDÊNCIA
Jurisprudência é o conjunto de decisões ( sentenças e acórdãos ) proferidas pelos tribunais ao fazerem a interpretação e aplicação da lei aos casos concretos que lhe são submetidos.
Tipos de decisões judiciárias:
SENTENÇAS São as decisões proferidas pelos tribunais singulares, ou seja, decisões proferidas por um único juiz;
ACÓRDÃOS São as decisões proferidas por tribunais colectivos, que são constituídos por três juizes.
A Jurisprudência é apenas uma fonte mediata do Direito por apresentar um papel de relevo como contributo para a formação de normas jurídicas, cuja criação fica reservada ao poder legislativo ( Assembleia da República e Governo)
Para que a Jurisprudência constituísse fonte imediata do Direito era necessário que criasse Direito através da orientação seguida pelos tribunais nas decisões de casos concretos e individuais de forma a que vinculasse todos os outros tribunais a julgarem de igual modo situações idênticas.
Na verdade, não vigora a regra do precedente, ou seja, a decisão proferida por um tribunal não vincula o próprio tribunal, nem os demais tribunais aquando do julgamento de casos futuros semelhantes.
As decisões dos tribunais só vinculam o caso concreto sobre o qual é proferido a decisão do tribunal.
Os tribunais apenas estão sujeitos à Constituição e à Lei.(art. 203ºCRP e art. 8ºCC.).
Excepcionalmente existem decisões do Tribunal Constitucional com força obrigatória geral que criam Direito, são situações em que o tribunal constitucional aprecia e declara a inconstitucionalidade ou ilegalidade de certas normas, com força obrigatória geral (art. 281º e 282º CRP).
Os juizes são independentes e não têm que decidir como eles próprios ou outros o fizeram anteriormente.
Os Tribunais de instância inferior não têm que julgar em conformidade com decisões de instâncias superiores.
Apenas em caso de recurso (reapreciação da decisão judicial por outro tribunal hierarquicamente superior) é que a decisão proferida pelo tribunal superior vincula face à decisão recorrida, não valendo já para outros casos semelhantes.
É de salientar, que há uma hierarquia judiciária: juizes superiores e inferiores, mas deve-se ter em atenção, que esta hierarquia difere da hierarquia administrativa. A hierarquia administrativa traduz-se no poder dos superiores darem ordens aos inferiores, o que tal não acontece na hierarquia judiciária, justamente pela aplicação do princípio da independência dos juizes. 
PAPEL IMPORTÂNTE DESEMPENHADO PELA JURISPRUDÊNCIA
No entanto a jurisprudência desempenha um papel importante, sobretudo a proveniente dos tribunais superiores, em que os acórdãos têm um peso efectivo nas decisões futuras, muitas das vezes são referidos ou citados, quando se entende que o novo caso sob judicio é análogo ao que foi decidido por um desses acórdãos. Em todo o caso não vinculam os tribunais, mas contribuem para aquilo que se chama a jurisprudência uniformizada, a fim de se atingir maior segurança nas decisões e evitar desperdício da actividade jurisprudêncial em casos semelhantes. 
 DOUTRINA
Doutrina é o conjunto de estudos, opiniões e pareceres dos jurisconsultos sobre a forma adequada de interpretação, integração ou aplicação do Direito.
Jurisconsultos são juristas qualificados, em geral, professores nas Universidades.
A doutrina consta de tratados, manuais, comentários às leis (códigos) e à jurisprudência, monografias e estudos jurídicos vários.
A doutrina não é considerada fonte imediata ou directa do Direito uma vez que ela não cria normas jurídicas e por conseguinte não tem carácter vinculativo.
A doutrina é uma fontemediata do direito, apesar de não criar Direito, tem uma importante relevância prática na revelação do próprio Direito, dado que as opiniões dos Jurisconsultos contribuem para esclarecer o sentido e o alcance de determinadas normas jurídicas e ajudam a colmatar algumas omissões na lei.
Uma outra relevância importante da Doutrina é a influência que ela exerce na feitura das leis, nas decisões judiciais e na actuação da administração pública.
ALGUNS ASPECTOS EM QUE A DOUTRINA TEM TIDO UM PAPEL RELEVANTE:
NA FEITURA DAS LEIS (criação do Direito)
Os estudos do professor Manuel de Andrade na feitura do Código Civil;
Os projectos, as lições, as críticas à jurisprudência do Professor Marcelo Caetano no Direito Administrativo;
A influência do Professor Diogo Freitas do Amaral na feitura do código de procedimento Administrativo;
Os projectos, as lições do Professor Eduardo Correia na feitura do Código Penal;
O projecto, as lições do professor Leite de Campos na feitura do actual código da Lei Geral Tributária.
NAS DECISÕES JUDICIAIS
Apesar da doutrina não ter carácter vinculativo nem força obrigatória para os tribunais nem para os particulares, tem no entanto uma força persuasiva que é tanto maior quanto maior for o prestígio reconhecido ao seu autor e à sua reputação no mundo jurídico.
Por vezes é usual documentarem-se processos em tribunal com pareceres sobre matéria jurídica emitidos pelos jurisconsultos.
NA ACTUAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
No Direito Tributário, em particular, vamos encontrar doutrina nos manuais, nos comentários dos vários códigos fiscais, nas instruções (circulares, ofícios-circulares, ofícios circulados, etc.) emanados pela administração fiscal. É de salientar que estas instruções da Administração Fiscal vinculam apenas os funcionários, não tendo carácter vinculativo para os tribunais nem para os contribuintes.
HIERARQUIA DAS FONTES OU DAS LEIS.
A hierarquia das leis prende-se com o facto de que nem todas as normas têm o mesmo valor jurídico. As leis estão escalonadas hierarquicamente.
Assim as normas de hierarquia superior prevalecem sobre as normas de hierarquia inferior
EXEMPLO:
Se uma norma de hierarquia inferior contrariar uma norma de hierarquia superior poderá ser considerada inconstitucional ou ilegal, consoante contrarie, respectivamente a constituição da República Portuguesa ou qualquer outra lei.
As leis especiais prevalecem sobre as leis gerais.
A hierarquia das leis respeita a hierarquia dos órgãos de que são emanados.
A hierarquia das leis tem a seguinte configuração em forma de pirâmide:
leis constitucionais
leis constitucionais editadas pelo legislador constituinte originário
leis constitucionais editadas pelo poder constituinte de revisão
leis constitucionais mediatas
leis ordinárias
Leis e decretos-leis
Decretos legislativos regionais
Regulamentos
Sistema Jurídico:
Estrutura – doutrina de Castanheira Neves
Princípios Normativos
Normas e Dogmática
Realidade Jurídica
Caracterização 
Descentralização
A variedade e extensão da vida social moderna reclama que a tarefa de criação de normas jurídicas se distribua por uma pluralidade de órgãos, situados no poder central ou periférico, que possam compreender as diferentes exigências e necessidades que a moderna vida social alberga
Finitude
O sistema jurídico tem as suas fronteiras e limites, preocupa-se com os problemas jurídicos e não com as matérias que ocupem um espaço ajurídico ou juridicamente irrelevantes, disciplinados por outras normas sociais
Hierarquização
as normas estruturam-se hierarquicamente
RAMOS DO DIREITO
O DIREITO é constituído por 2 grandes ramos do Direito:
- DIREITO PÚBLICO
- DIREITO PRIVADO 
 DIREITO PÚBLICO
É aquele ramo do direito que regula as relações jurídicas entre o Estado e os cidadãos, em que o Estado intervém com o seu poder de autoridade, ou poder soberano.
Exemplo: quando o Estado cria os impostos intervém munido do seu poder de autoridade.
RAMOS DE DIREITO PÚBLICO:
Direito constitucional direito penal, direito administrativo, direito económico, direito fiscal, direito internacional público.
O direito fiscal é um ramo de direito público, porque quando o Estado cria um determinado imposto, as relações jurídicas que se estabelecem entre o Estado e os particulares, o Estado aparece investindo com o seu poder soberano, com o poder o poder de autoridade sobre os particulares.
DIREITO PRIVADO
É aquele ramo do direito que regula as relações jurídicas dos cidadãos entre si, ou entre os cidadãos e o Estado, em que o Estado actua sem o seu poder de autoridade, actua em pé de igualdade com os cidadãos.
RAMOS DO DIREITO PRIVADO:
Direito civil (direito comum), direito comercial, direito do trabalho, direito internacional privado.
Por exemplo: 
O Estado pretende arrendar um imóvel a um particular, para nele instalar determinado serviço. 
O Estado pretende comprar um automóvel a um particular.
Aqui o Estado vai celebrar um contrato de arrendamento ou um contrato de compra e venda, em pé de igualdade com o senhorio ou com o vendedor.
Portanto o Estado neste caso actua como se fosse um particular.
 INTERPRETAÇÃO DA LEI
Interpretar uma lei, consiste em determinar o sentido e o alcance real da lei.
ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO DA LEI SEGUNDO A SUA FONTE E VALOR
Duas formas de interpretação:
AUTÊNTICA, e;
DOUTRINAL.
 INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA:
É a aquela que é realizada pelo próprio legislador, mediante uma lei igual ou de valor superior à lei interpretada. A essa lei interpretada chama-se lei interpretativa (art. 13º CC) e destina-se a interpretar uma lei anterior.
A interpretação autêntica tem força obrigatória ou seja, tem carácter vinculativo.
 INTERPRETAÇÃO DOUTRINAL:
É aquela que é realizada pelos:
Tribunais;
Administração pública;
Juristas;
Particulares.
A interpretação doutrinal realizada pelos tribunais e pela Administração Pública, tem força vinculativa, mas apenas em relação ao caso concreto sobre o qual é proferida a decisão pelo tribunal.
Nos restantes casos não têm força obrigatória.
Em relação à interpretação feita pelos juristas, esta tem maior ou menor força persuasiva, consoante maior ou menor for o prestígio do jurista.
 ELEMENTOS DA INTERPRETAÇÃO DOUTRINAL
São aqueles elementos que o interprete se serve para interpretar as leis.
O art. 9º do CC contém regras sobre a realização da interpretação.
ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA INTERPRETAÇÃO DOUTRINAL
- O Elemento Gramatical (ou literal): constituído pelo texto legislativo "a letra da lei"
- O Elemento Lógico: constituído pelo "espírito da lei", isto é o seu sentido profundo.
O elemento lógico está subdividido em três elementos:
- Sistemático
- Histórico 
- Teleológico
Na interpretação o elemento gramatical e o elemento lógico têm que ser sempre utilizados conjuntamente.
O art. 9º/1 do CC refere-se a ambos os elementos:
- "a letra da lei" - elemento gramatical ou literal
- "ao pensamento legislativo" (espírito da lei) - elemento lógico.
O art. 9º/1 do CC também se refere às subdivisões do elemento lógico:
- "unidade do sistema jurídico " - elemento sistemático 
- "as circunstancias em que a lei foi elaborada" - elemento histórico
- "as condições específicas do tempo em que é aplicada" - elemento teleológico ou racional.
 ELEMENTO GRAMATICAL OU LITERAL
É constituído pelo texto ou letra da lei, por meio do qual o interprete inicia a interpretação, através da determinação do significado das palavras utilizadas pelo legislador na lei.
Princípios Orientadores:
- As palavras não se devem entender isoladamente mas sim no conjunto do texto;
- Deve-se partir do princípio que todas as palavras do texto legal têm nele uma função útil;
- O sentido das palavras deve ser, em princípio, o que resulta da linguagem corrente, salvo tratando-se de termos comsignificado técnico-jurídico, que neste caso serão estes os utilizados.
ELEMENTO LÓGICO
Por meio do elemento lógico o interprete vai apurar a partir do texto qual o espírito da lei e para isso recorre ao elemento sistemático, ao elemento histórico e ao elemento teleológico.
ELEMENTO SISTEMÁTICO
Uma lei não está isolada, por isso a sua interpretação tem que ter em consideração as relações existentes entre a lei a interpretar e as outras leis e ter também em conta todo o sistema jurídico.
 ELEMENTO HISTÓRICO
Este elemento compreende os dados ou acontecimentos históricos para que expliquem a criação da lei.
E então socorre-se:
- À história do Direito, para, confrontar a lei que se pretende interpretar com leis anteriores que regularam a mesma matéria;
- Aos estudos doutrinais em que o legislador se baseou para fazer a lei que se pretende interpretar e por vezes recorrer a doutrinais e leis estrangeiras;
- Aos projectos e anteprojectos da lei.
 ELEMENTO TELEOLÓGICO
Consiste em saber qual foi o objectivo em vista que motivou o legislador a elaborar a lei. Qual foi a finalidade da lei e o que ela pretende alcançar.
 INTERPRETAÇÃO QUANTO AO RESULTADO
- INTERPRETAÇÃO DECLARATIVA;
- INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA;
- INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA.
 INTERPRETAÇÃO DECLARATIVA
Quando o sentido da letra coincide com o espírito da lei (pensamento legislativo).
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
Quando o sentido da letra da lei fica aquém do seu espírito. O legislador disse menos do que pretendia.
O interprete tem de fazer uma interpretação de modo a fazer corresponder a letra da lei ao seu espírito. Ex.: art. 877º/1 CC.
INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA
Quando o sentido da letra da lei vai além do seu espírito. O legislador do que aquilo que pretendia.
O interprete terá de restringir o texto da lei de modo a harmonizá-lo com o espírito da lei.
 
INTEGRAÇÃO DE LACUNAS
 Depois de esgotados todos os elementos interpretativos de que o interprete se socorrem, verificou que determinado caso não cabe no conteúdo de uma lei.
Portanto, estamos perante um caso omisso ou um lacuna da lei.
Neste caso temos que integrar uma lei ao caso omisso.
Integrar uma lei é aplicar uma lei a um caso omisso ou a uma lacuna da lei.
Se não temos uma lei como é possível aplicar uma lei ao caso omisso?
Através da chamada integração de lacunas da lei previsto no art. 10º CC.
A interpretação do caso omisso ou lacuna da lei, faz-se com recurso à analogia que consiste em aplicar ao caso omisso a norma reguladora de casos análogos (art. 10º/1CC).
E se não forem encontrados casos análogos com regulamentação própria?
Neste caso temos resposta no art. 10º do CC.
O interprete iria criar uma norma geral e abstracta, como fosse o legislador e iria aplicá-la ao caso omisso.
Esta norma criada pelo interprete tem aplicação apenas para o caso concreto.
Em certos casos a lei proíbe a analogia:
Nas normas penais incriminais (art. 1º CP);
Nas normas fiscais relativamente à incidência de impostos, à taxa, aos benefícios fiscais e às garantias dos contribuintes (art. 103º/2 CRP).
 
APLICAÇÃO DAS LEIS NO TEMPO
Prende-se com o problema das sucessões das leis no tempo. Os arts. 12º e 13º do CC, contém os princípios gerais sobre a aplicação das leis no tempo no nosso ordenamento jurídico.
A aplicação das leis no tempo consiste em determinar qual a lei aplicável a uma determinada situação: se a lei antiga se a lei nova.
Art. 9º/1 do CC "A lei só dispõe para o futuro": princípio da não retroactiva ( regra geral ) "ainda que lhe seja atribuída eficácia retroactiva" esta eficácia retroactiva é atribuída pelo legislador" ( direito transitório ).
Por vezes é a lei nova que estabelece ela própria, regras destinadas a regular a sucessão da lei. Tais regras fazem parte do Direito Transitório.
Por vezes nada estabelece.
Por exemplo: A alugou verbalmente um veículo a B, numa data em que para tal a lei não exigia documentos escritos.
Entretanto entrou em vigor uma nova lei, que faz depender a validade desses contratos da respectiva redução a escrito.
O referido aluguer deverá ser considerado válido por se lhe dever aplicara lei velha ou não será, por dever aplicar-se a lei nova?
Nos termos do art. 13.º do CC a lei interpretativa é retroactiva, ressalvando-se, no entanto, os efeitos já produzidos:
- Pelo cumprimento da obrigação;
- Pela sentença transitada em julgado.
 
PRAZOS (art. 297.º CC)
Aos prazos que já estiverem a decorrer aplica-se de imediato a lei nova, quer estabeleça um prazo mais curto quer estabeleça um prazo mais longo.
(ver art. 297º/1/2 CC).
N.º1 do art.º 297.º - exemplo: a lei estabelece um prazo mais curto .
A Lei Velha, que tinha entrado em vigor em 1996, fixava um prazo de 10 anos, a Lei Nova, que entrou em vigor em 1999, vem fixar um prazo mais curto, passando de 10 para 5 anos.
  N.º 2- do art.º 297.º - exemplo: a lei nova vem fixar um prazo mais longo.
A lei antiga previa um prazo de 4 anos. A lei nova, que entrou em vigor em 1999 prevê, um prazo mais longo de 6 anos. Estava a decorrer um prazo ao abrigo da lei antiga desde 1996 quando termina.
 
APLICAÇÃO DE LEIS NO ESPAÇO
Cada Estado tem a sua própria ordem jurídica.
Muitas vezes as relações jurídicas estão em conexão com várias ordens jurídicas, e por vezes é necessário determinar qual a lei a aplicar no território nacional. Estamos aqui perante um problema de conflito de leis no espaço.
Por exemplo: um português casa em França com uma inglesa que vão fixar o seu domicílio em Espanha, onde têm todos os bens.
O português morre em Espanha.
Qual é a lei substantiva aplicável. Pelo Tribunal Português? Aplica-se a lei da sua nacionalidade, a lei do lugar do óbito, a lei do lugar dos bens.
Como se vê estão aqui em conexão 4 ordenamentos jurídicos:
- o português;
- o francês;
- o inglês;
- e o espanhol.
Muitas vezes os Estados não aplicam exclusivamente o seu Direito interno no seu espaço e tenham que por vezes aplicar nos seus tribunais as leis de outros Estados.
A regulação destas situações estão previstas nos arts. 15º a 65º do CC.
Na aplicação das leis tributárias no espaço vigora de pleno, o princípio da territorialidade, ou seja, aplica-se sempre a lei fiscal interna Portuguesa.
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