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DIREITO PENAL (PARTE ESPECIAL)

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI - 4º PERÍODO
DIREITO PENAL (PARTE ESPECIAL)
PROFESSORA: CRISTINA BALCEIRO DA MOTTA
PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
Capítulo I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
 HOMICÍDIO SIMPLES (art. 121, caput do Código Penal)
+ Fundamento Constitucional: art. 5º da Constituição Federal
+ Pena de Morte no Brasil: a) em tempo de guerra (art. 5º inciso XLVII);
 b) legítima defesa e
 c) aborto em situações legalmente permitidas. 
 
 
+ Quando ocorreu o primeiro homicídio? R= a Bíblia nos relata que foi aquele em que Caim matou seu irmão Abel, em Gênesis, Cap. 4, verc. 8.
Conceito = É o tipo central dos crimes contra a vida e é o ponto culminante da orografia dos crimes.
Objeto jurídico protegido = vida humana
Sujeito ativo = qualquer pessoa
Sujeito passivo = alguém após o nascimento e que esteja viva (ser humano)
Ação Penal = pública incondicionada, em todas as modalidades do delito
Competência = Tribunal do Júri (art. 5º, inciso XXXVIII, letra "d" da CF, exceto o homicídio culposo que é de competência do juízo comum.
Elementos objetivos do tipo 
 
	'	 1) conduta = matar (núcleo do tipo) = eliminar a vida
 - conduta comissiva = ação
 - conduta omissiva = deixar de fazer (omissão) = é necessário o dever jurídico de impedir o resultado
 2) Meios - direto = atinge diretamente a vítima (tiro, facada, veneno, etc). 
 - indireto = o agente aciona outra causa que atinge a vítima (cão feroz; jogar a vítima em um local que ela vai morrer, etc).
Exemplos de meio: - físico = revólver, punhal, etc.
 - químico = veneno
 - patológico = aids, vírus, bactérias, etc.
 - psíquico ou moral = violenta emoção em cardíaco.
Elementos subjetivos do tipo = dolo genérico – vontade de matar a vítima = animus necandi ou accidendi
DOLO = (a) direto
 (b) eventual
Consumado = Por ser um crime material, consuma-se com a morte. 
Quando ocorre a morte? 
R = ocorre com a cessação do funcionamento cerebral, circulatório e respiratório. Prevalece o conceito legal da morte encefálica - ( Lei n. 9434/97 em seu art 3º, caput). 
Tentado = admitida quando a morte não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente. É preciso a intenção de matar por parte do agente (cogitação + preparação + execução + exaurimento).
Tipos de Tentativas = (1) branca ou incruenta – dispara contra a vítima para matar, mas não a atinge.
 (2) vermelha ou cruenta - o objeto material é alcançado pela atuação do agente (A atira em B e o feri). A vítima é socorrida prontamente e sobrevive).
	 (3) perfeita ou acabada ou crime falho - agente esgota todos os meios que tinha para execução do crime, mas a vítima sobrevive. Pode ser cruenta ou incruenta.
 (4) imperfeita – o agente é interrompido durante os atos de execução (revólver com seis cartuchos e atira apenas três, sendo interrompido antes de esvaziar o tambor).
O HOMICIDIO É UM CRIME QUE DEIXA VESTÍGIOS
PROVA = laudo de exame de corpo delito/ laudo necroscópico ou cadavérico. Se o cadáver desaparecer = laudo indireto (testemunhas maiores de idade e idôneas, no mínimo duas)
HOMICIDIO PRIVILEGIADO
Redução da pena = 1/6 a 1/3 (obrigatória)
Concurso de agentes = o privilégio não se comunica (CP – art. 30)
Hipóteses
- relevante valor social = está relacionado ao interesse da coletividade, e não apenas do agente. Traidor da pátria.
- relevante valor moral = está ligado ao interesse particular do agente do homicídio, e que é aprovado pela moralidade média e considerado nobre e altruísta. Ex: eutanásia (piedade, misericórdia e paixão).
- domínio de violenta emoção = não deve ser leve e passageira ou momentânea. Tem que ser capaz de alterar de fato o estado de animo do agente a ponto de tirar-lhe o controle, a seriedade, por estar dominado por essa emoção, que se tornou violenta diante dos fato que lhe foi apresentado. 
a) choque emocional
 + a frieza exclui a violenta emoção
 + a reação passional também (raiva)
 + as reações patológicas também
 + mera perturbação emocional não serve para o privilégio
b) provocação injusta da vítima
 + provocação não é agressão (legítima defesa) 
 + é aquela capaz de justificar a cólera, a indignação, a ausência de seriedade, e a repulsa do agente, sem motivo razoável.
 + o que se leva em conta é que o agente sinta-se provocada injustamente, podendo ser dirigida, ainda, a terceira pessoa ou até mesmo um animal.
 c) reação imediata = logo após
Obs: !) Havendo injusta agressão por parte da vítima, está configurada a legitima defesa (art. 25, caput do CP).
 2) se o agente erroneamente supõe a existência do motivo, induzido por circunstâncias de fato, incide o privilégio (erro na execução (aberratio ictus)
 HOMICÍDIO QUALIFICADO = art. 121 e seus incisos do CP.
Importante: a) as qualificadoras previstas nos incisos I e II e V são de índole subjetiva porque pertencem ao íntimo do agente e portanto não se comunicam aos coautores ou partícipes.
 b) as qualificadoras descritas nos incisos III e IV são de natureza objetiva porque referem-se aos meios e modos de execução do crime. Portanto, se comunicam entre coautores e partícipes, desde que conhecidos por todos os envolvidos, sob pena de responsabilidade penal objetiva. Pela mesma razão como bem assevera Cleber Masson, "devem integrar o dolo do responsável pelo homicídio".
1) Mediante paga ou promessa de recompensa ou motivo torpe = homicídio mercenário que ocorre quando o agente recebe uma quantia para matar ou quando lhe é oferecida uma recompensa que será cumprida somente após a execução do crime. O homicídio mercenário é um motivo torpe. TORPE é aquele moralmente reprovável + desprezível = são qualificadoras subjetivas (Ex: rivalidade profissional; herança; satisfação de desejos sexuais; vingança, disputa de ponto de venda de drogas; não pagamento de dívida etc.).
CURIOSIDADES: 1) O mandante do crime (pagador) também responde pela qualificadora de mediante paga tal qual o executor? R = Alguns doutrinadores dizem que não (art. 30 do CP), porém há julgados que admitem a comunicabilidade. Compartilho da opinião de que não há comunicação entre o mandante e o executor em relação a essa qualificadora.
 2) Na paga o recebimento é prévio, enquanto que na promessa o pagamento é convencionado para momento posterior à execução do crime. Não é necessário que o agente receba a recompensa. O pagamento, em ambos os casos, pode ser em dinheiro ou qualquer outra espécie de bem, não sendo a vantagem necessariamente econômica.
2) Motivo fútil = á aquele insignificante, frívolo, desproporcional, de somenos importância. A qualificadora é subjetiva. O motivo não pode ser torpe e fútil ao mesmo tempo (Ex: simples acidente de transito, rompimento de namoro, pequeno desentendimento, brigas de carteados; adversários de futebol, desavenças de trânsito; etc.).
 CURIOSIDADES 1) motivo fútil pode ser considerado quando há ausência de motivo? A resposta é não. A rigor não há crime algum que possa ser cometido por absoluta ausência de motivação, salvo quando se tratar de pessoa alienada mental.
 2) motivo injusto não é motivo fútil, não se confundem pois todo o crime é injusto, pois o sujeito passivo não é obrigado a suportá-lo, embora nem sempre seja futil.
 3) quanto a embriaguez (actiolibera in causae), existem duas posições: a) exclui o motivo fútil; b) não exclui. Vigora o entendimento de que não exclui o motivo fútil ou torpe. O doutrinador e professor Cleber Masson adota a tese de que a embriaguez é incompatível com o motivo fútil, pois o embriagado não tem pleno controle do seu modo de agir.
 4) dolo eventual exclui motivo fútil? R = STF diz que sim.
 5) o ciúme pode ser classificado como sendo motivo fútil? Tudo dependerá do que gerou o sentimento passional. Ex: matar a namorada porque ela flertou com terceiro = fútil.
 6) não poderá haver simultaneamente motivo torpe e fútil - uma motivação exclui a outra.
 7) Não se aplica a qualificadora do motivo fútil quando a razão do crime é uma a acirrada discussão entre autor e vítima, ainda que decorrente de causa desproporcional ao resultado produzido.
3) Emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura, asfixia, ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.
+ são qualificadoras objetivas porque se referem ao meio empregado para praticar o crime.
+ insidioso = fraude, clandestino, desconhecido da vítima (Ex: armadilha, sabotagem de objeto que a vítima vai usar, etc).
+ cruel = sofrimento desnecessário para a vítima, inútil, impiedoso ou intensa brutalidade do agente. E o que causa, portanto, à vítima intenso e desnecessário sofrimento físico ou mental. Ex: privação de água e de alimento; desferi repetidos golpes; sevícias reiteradas, etc.) Oportuno relembrar que quando o meio cruel é empregado após a morte da vítima caracteriza-se, em regra, o crime de homicídio (simples ou com outra qualificadora), em concurso com o crime do art. 211, caput do CP (destruição, subtração ou ocultação de cadáver).
+ meio que resulta perigo comum (Ex: provocação de desabamento, inundação, etc). É o meio que expõe, além da vítima, um numero indeterminado de pessoas a uma situação de probabilidade de dano. Se ficar provado este perigo, ao agente serão imputados os crimes de homicídio qualificado e de perigo comum, em concurso formal. (arts. 250 a 259 do CP). 
+ veneno = venefício (a vítima desconhece a intenção do agente – substância química, biológica, animal, mineral ou vegetal). Lembrar que determinadas substâncias podem ser consideradas como veneno, dependendo da doença de que é acometida a vítima, como por exemplo a glicose para quem é diabético.
+ asfixia pode ser: a) mecânica = enforcamento, estrangulamento, esganadura, sufocação, afogamento, soterramento, imprensamento, etc e
 b) tóxica = uso de gás asfixiante ou inalação.
+ tortura = verificar o art. 1º, parágrafo 3º, parte final da Lei n. 9.455/97. Não se pode confundir a tortura, agravada pela morte, com o homicídio qualificado pela tortura. O traço distintivo consiste em que aquele constitui crime preterdoloso, isto é, o autor age com dolo de torturar, operando-se a morte a título de culpa (ou seja, ele não a desejou nem assumiu o risco de que ela ocorresse) No crime de homicídio o dolo é de matar, servindo a tortura como meio executório.
+ meios Insidiosos são os que têm sua eficácia lesiva dissimulada, como o crime cometido por estratagema ou perfídia (p. ex. armadilha). è a utilização de fraude sem que a vítima saiba.
+ meios Cruéis = já definidos acima.
4) Traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível à defesa do ofendido.
+ traição = ataques desleais, repentinos, inesperados, sorrateiros (Ex. atirar na vítima pelas costas, durante o sono, agente atraia a vítima para um local, etc).
A traição pode ser física (ataque súbito e sorrateiro, por exemplo, violento golpe de bastão pelas costas) ou moral (quebra de confiança entre agente e o ofendido, da qual ele se aproveita para praticar o crime, ex: convidar conhecido para consumir droga visando, após, matá-lo com maior facilidade). Nessa qualificadora o agente se vale da confiança que o ofendido nele previamente depositava para o fim de matá-lo em momento que ele se encontrava desprevenido e sem vigilância. Não será aplicada se a vítima conseguir fugir.
O homicídio qualificado pela traição é conhecido como homicídio proditorium.
A idade da vítima (tenra ou avançada, por si só, não possibilita a aplicação dessa qualificadora, porquanto constitui característica da vítima, e não recurso procurado pelo agente.
+ emboscada = pressupõe ocultamento, que ataca a vítima de surpresa, é a tocaia. O agente aguarda escondido, em determinado lugar, a passagem da vítima, para matá-la quando ali passar. É chamado ex insidiis. 
+ dissimulação = é o modo de conduta do agente, fingimento, disfarça a sua intenção hostil, apanhando a vítima desatenta e indefesa. Pode ser moral (quando o agente dá falsas mostras de amizade para captar a atenção da vítima) ou material (utilização de disfarce). Também se caracteriza quando o agente para se aproximar da vítima , faz nascer um vinculo de confiança. 
De igual modo, a idade da vítima não possibilita a aplicação dessa qualificadora.
+ surpresa = vítima dormindo, faca escondida na bota, vítima conversando com terceiros, etc). Se a vítima percebeu, ou tinha razões para esperar a agressão, não há surpresa. O ataque frontal e repentino poderá ser caracterizada a surpresa. Se a vítima conseguir fugir, não cabe a qualificadora. É incompatível com o dolo eventual. Não haverá surpresa se o crime for precedido de desavença entre as partes. Exige-se a surpresa no ataque.
A superioridade das armas, ou então, o emprega de arma contra vítima desarmada, por si só, não constitui surpresa.
+ outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima = é formula genérica indicativa de outro meio semelhante a à traição, à emboscada e à dissimulação, como a surpresa, estado de embriaguez, superioridade numérica de agentes etc.
5) Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime = homicídio qualificado pela conexão, ou seja, ligação entre dois ou mais crimes.
 1ª) conexão teleológica = homicídio é cometido com o fim de assegurar a execução de outro crime, no futuro; e quando o homicídio é cometido como meio para executar outro crime. (Ex: homicídio praticado no marido para estuprar a esposa). 
 2ª) conexão conseqüencial = o homicídio é praticado para assegurar a ocultação (incendiário que mata a testemunha) ou para assegurar a impunidade (criminoso que mata aquele que descobriu a autoria do crime e vai contar à polícia) ou para assegurar a vantagem de outro crime (Ex: objeto furtado, paga ou promessa de recompensa, etc).
A ocultação refere-se ao próprio crime, que não é conhecido, que também pode ser sido praticado por terceira pessoa. O agente procura impedir que se descubra a prática de outro crime. Na impunidade, o crime é conhecido, mas a autoria é desconhecida. O agente procura evitar a punibilidade do crime anterior. 
A vantagem é tudo o que se auferiu com o outro crime. Em todas as hipóteses é irrelevante o tempo decorrido entre o homicídio e o outro crime. A extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão (art. 108, 2ª parte, do CP).
Não é necessário que o outro crime tenha sido praticado pelo autor do homicídio, podendo ser praticado por terceiro.
Se houver concurso de crimes, o agente responderá por ambos (homicídio qualificado por conexão e o outro crime) em concurso material.
 3ª) conexão ocasional = quando o homicídio é praticado por ocasião da prática de outro delito. (Ex: o agente está furtando e resolve matar a vítima por vingança)
O HOMICÍDIO QUALIFICADO é definido na Lei n. 8.072/90 como HEDIONDO, sujeitando-se a todas as conseqüências jurídicas da hediondez
HOMICIDIOPRIVILEGIADO – QUALIFICADO = HOMICIDIO HIBRIDO
Existem duas correntes:
1) majoritária = é possível desde que as qualificadoras sejam objetivas, compatíveis com o privilégio, que é subjetivo. (Ex: pai que mata o estuprador da filha, logo após o estupro por meio cruel).
2) minoritária = não podemos reconhecer, ao mesmo tempo, situações que agravem e amenizem a sanção penal. 
Causa de Aumento de Pena estipulada no parágrafo 4º do art. 121 do Código Penal. 
“sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra menor de 14 anos”.
+ foi introduzida pelo ECA e não retroage, porque é prejudicial ao réu.
+ é de aplicação obrigatória e incide até o dia anterior ao aniversário do menor. 
+ aplicação da teoria da ação (Ex: vítima é ferida com menos de 14 anos e morre depois = incide a causa de aumento de pena).
É possível utilizar as qualificadoras quando houver o dolo eventual?
+ em regra as qualificadoras podem ser realizadas com dolo direto e eventual, com exceção do motivo torpe, do motivo fútil, da traição e da emboscada.
HOMICIDIO CULPOSO
Modalidades
Imprudência = fazer alguma coisa com afoiteza, agindo o agente sem os cuidados necessários, com precipitação (ação positiva, Ex: disparo de arma de fogo ao limpar o objeto; empurrão que faz a pessoa cair e morrer, etc). É a forma ativa. Culpa positiva.
Negligencia = é a ausência de precaução, de cautela, É um não fazer, uma omissão (ação negativa). Ex: deixar veneno ao alcance das crianças que morrem; arma ao alcance de menores, etc. É a forma omissiva. A negligencia ocorre quando o agente se porta sem a devida cautela. É a culpa que se manifesta na forma omissiva, que ocorre antes do resultado, que é sempre posterior. Culpa negativa.
Imperícia = é a falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão. Ex: engenheiro que constrói casa sem alicerce, causando desabamento; médico que ministra remédios sem os cuidados necessários e causa choque anafilático no paciente, engenheiro que projeta a casa sem alicerces suficientes e provoca a morte do morador. Não é erro profissional. Culpa profissional.
O crime culposo é incompatível com a tentativa.
Observação
Com o advento da Lei n. 9.503/97, o homicídio culposo decorrente da direção de veículo automotor passou a subsumir-se ao disposto no art. 302 do Código de Trânsito (princípio da especialidade).
A culpa da vítima pode concorrer com a do agente, inexistindo compensação. Assim, não deixa de ser responsável pelo resultado o agente imprudente, mesmo que a vítima tenha contribuído, de qualquer modo, para a produção do evento. Somente no caso de culpa exclusiva da vítima é que fica excluída a do autor dos fatos.
_ culpa consciente = é a culpa com previsão, por isso é mais reprovável. O agente prevê a possibilidade de ocorrer o resultado, porém, levianamente, confia na sua habilidade, e o produz por negligência, imprudência ou imperícia. A pena acaba sendo maior.
_ culpa inconsciente = é aquela sem previsão. O agente age sem prever que o resultado pode ocorrer. Essa possibilidade nem sequer passa pela cabeça do agente, o qual dá causa ao resultado.
- Não existem graus de culpa.
- O dever do cuidado objetivo, que é um elemento típico dos crimes culposos, corresponde ao dever que a todos se impõe de praticar os atos da vida com as cautelas necessárias, para que do seu atuar não decorram danos a bens alheios. A compreensão do dever de cuidado objetivo completa-se com a noção de previsibilidade objetiva (outro elemento do fato típico do crime culposo. O resultado era previsível?? Verificar a possibilidade de antever o resultado.
- Causas de aumento de pena
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício = o agente tem aptidão para desempenhar o seu mister, mas acaba por provocar a morte de alguém em razão do seu descaso, deliberadamente, desatendendo aos conhecimentos técnicos que possui.
+ prevalece o entendimento de que esta causa de aumento só tem aplicação na hipótese de crime culposo praticado por profissional capacitado tecnicamente = culpa profissional o agente conhece a regra técnica e a ignora, deixando de observá-la. Na imprerícia o agente não age conforme os ensinamentos de sua profissão, arte ou ofício por desconhecer ou ignorá-los total ou parcialmente.
	
2) Omissão de socorro = deixa de prestar socorro podendo e sem qualquer risco pessoal. Se a vítima é socorrida imediatamente por terceiros, não incide o aumento. (Aqui o próprio agente do homicídio culposo deixa de prestar auxílio).
+ Se o agente, no caso concreto, não agiu com culpa, mas mesmo assim deixa de prestar socorro à vítima, responde pelo crime de omissão de socorro (art. 135 do CP). 
	
3) Não procurar diminuir as conseqüências do comportamento = pode ser confundida com a hipótese anterior.
4) Foge para evitar a prisão em flagrante = demonstra o agente ausência de escrúpulos, bem como diminuta a sua responsabilidade moral, torna mais difícil e incerta a punição, prejudicando a investigação.
Observação
+ Socorrendo a vítima, deixando-a no hospital sob os cuidados médicos, pergunta-se: deve o agente ficar aguardando ser preso, produzindo prova contra si mesmo? R = não.
PERDÃO JUDICIAL (art. 121, parágrafo 5º do CP).
- é uma causa extintiva da punibilidade (art. 107, inc. IX) = direito público subjetivo do réu. O Estado perde o interesse de punir. Cabe à defesa demonstrar que as conseqüências da infração atingiram o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se mostra desnecessária. Havendo dúvidas o agente deve ser condenado. Ex: pai/filho, marido/mulher, grandes amigos, etc. Merece o perdão o causador de um acidente que, apesar de ter matado a vítima ficou tetraplégico.
+ a doutrina diverge quanto à natureza da sentença concessiva do perdão, alguns doutrinadores afirmam que ela é condenatória (o juiz deve primeiro declarar a procedência da ação penal para depois perdoar, livrando o réu de alguns efeitos, entre eles = nome no rol dos culpados, reincidência, etc.), outros já dizem que a sentença é declaratória de extinção de punibilidade.
Hoje temos a SUMULA 18 DO STJ = declaratória = afasta todos os efeitos principais e secundários da condenação. Não subsistem quaisquer efeitos condenatórios
A posição hoje do STF: = condenatória (verificar jurisprudência atualizada)
(citar art. 120 do CP)
Quais são os efeitos principais? = cumprimento da pena e reincidência
Quais são os efeitos secundários? = reparação de dano
AÇÃO PENAL = ação penal pública incondicionada
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO (art. 122 do CP).
O que é suicídio? = Nelson Hungria conceitua como sendo a “eliminação voluntária e direta da própria vida. Para que haja suicídio é imprescindível à intenção positiva de despedir-se da vida”. O suicídio é ilícito embora não seja criminoso.
CURIOSIDADES 
Atenas = aquele que se matava era tido como uma verdadeira injustiça contra a sua comunidade = não tinha direito as honras da sepultura e sua mão era cortada e enterrada à parte.
Roma = quem queria se matar teria que ir ao Senado e dizer quais as razões de querer morrer. Se o Senado aceitasse, também decidiria sobre o gênero da morte.
Direito Canônico = crime com proibição de receber oferendas
Brasil = é punido apenas terceiro que participa do evento. A ação de matar-se não é criminalizada. Então por que o terceiro é punido?
1) Condutas
 induzir = participação moral, ou seja, é dar a idéia, sugerir o suicídio;
 instigar = participação moral é reforçar, estimular, encorajar a idéia já existente na mente do suicida;
 prestar auxílio = participação material é a ajuda concreta. Ex: empréstimo da arma, indicação do local, etc.
Observação: O auxílio é secundário. Se a conduta for praticada diretamente em relação ao ato suicida, ocorrerá homicídio = homicídio consentido. Ex: o agente puxa a cordaque enforca a vítima, segura o punhal contra a vítima e ela se projeta, amarra a corda no pescoço de quem se atira ao mar, provoca a emissão de gás em um quarto onde a vítima está acamada e deseja morrer, etc.
Segundo César Bitencourt, “. o auxílio pode ocorrer desde a fase preparatória até a fase de executória do crime, ou seja, pode ocorrer antes ou durante o suicídio, desde que não haja intervenção nos atos executórios, caso contrário estaremos diante de um homicídio”.
Pergunta-se: que crime estaria caracterizado no caso daquele que induziu ou instigou o ofendido ao suicídio e no momento culminante do ato acabou interferindo na sua execução?
R: impossível o concurso material de crimes homicídio e participação em suicídio, pois a morte da vítima compõe um único evento ou resultado, havendo, portanto um só crime. Então qual dos dois delitos deverá prosperar? Nesse caso devemos observar o concurso aparente de normas penais = homicídio é a solução. Por que? R: Porque pelo princípio da consunção, o crime-meio (participação em suicídio) está compreendido no crime-fim (homicídio), dada a progressividade de uma conduta à outra (Fernando Almeida Pedroso).
É possível o auxílio por omissão?
R = Não, pois a expressão prestar auxílio é conduta comissiva (posição majoritária).
Entretanto alguns doutrinadores admitem que o auxílio pode se dar em conduta omissiva, quando o agente tenha o dever jurídico de impedir o resultado. Ex: pai que deixa o filho suicidar-se, diretor de presídio que deixa o preso morrer de greve de fome.
2) Elemento subjetivo do tipo: = é o dolo direto ou eventual
Ex: maus tratos sucessivos e a vítima se suicida, pai que expulsa a filha desonrada de casa (dolo eventual), consciente de que essa arbitrariedade poderá levar a jovem a querer se matar, etc.
 Tentativa = inadmissível, pois o tipo exige a produção do resultado morte ou lesão corporal grave, para imposição da pena.
Para Magalhães Noronha, a conseqüência lesiva não é condição objetiva da punibilidade, por ser querida pelo agente. 
Fernando Capez explica que de acordo com a previsão legal do Código se não houver a ocorrência da morte ou lesão corporal de natureza grave, o fato é atípico. Assim, o ato de induzir, instigar ou prestar auxílio para que alguém se suicide, sem que deles ocorram eventos naturalísticos acima mencionados, não há crime.
Em suma: lesão leve ou ausência de lesão = fato atípico
 Lesão grave ou morte = crime consumado.
 3) Tipo qualificado: aumento de pena
- motivo egoístico = Ex: participa para receber herança, para eliminar rival, há interesse pessoal do agente, etc.
- menoridade da vítima = menor de 18 anos e maior de 14 anos. Se a vítima for menor de 14 anos = Homicídio.
- resistência diminuída da vítima = Ex: enfermidade física ou mental, embriaguez, etc.
Falar sobre o caso das testemunhas de Jeová = maior de idade médico deve intervir = tentativa de homicídio do adepto à seita. O médico que atua contra a vontade da vítima maior e capaz, que se recusa a receber transfusão de sangue em situação de imprescindibilidade, age amparado pelo art. 146, parágrafo 3º do
CP, pois tal recusa pode ser considerada como tentativa de suicídio.
 Se for o filho = pais respondem por homicídio.
 
 Pacto de Morte ou Suicidio a Dois: + se quem sobreviveu foi o autor dos atos de execução da morte do outro = homicídio
 + se o sobrevivente apenas auxiliou o outro a suicidar-se = participação em suicídio
 + se ambos praticaram atos de execução um contra o outro e ambos sobreviveram = tentativa de homicídio
 + se ambos auxiliaram mutuamente e ambos sobreviveram, desde que resulte lesões corporais graves = participação em suicídio
 + se um deles praticou atos de execução da morte de ambos, mas ambos sobreviveram, aquele responderá por tentativa de homicídio, e este por participação em suicídio, desde que o executor, em razão da tentativa, sofra lesões corporais graves.
 
Ação Penal: pública incondicionada.
Objeto jurídico: a vida humana
Objeto material: é o ser humano que suporta a conduta criminosa
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito Passivo: qualquer pessoa que possua um mínimo de capacidade de resistência e de discernimento, pois caso contrário, haverá o homicídio.
Competência: É do Tribunal do Júri.
INFANTICÍDIO (art. 123 do CP)
Conceito = é o homicídio praticado pela genitora contra o próprio filho, influenciada pelo estado puerperal, durante ou logo após o parto.
Bem jurídico tutelado = vida humana
Objeto material = é a criança, nascente ou recém nascida
.
Sujeitos do crime:
 a) sujeito ativo = mãe em estado puerperal (crime próprio). Como ela possui o dever de agir para evitar o resultado, é possível que cometa o crime por omissão. Admite-se a e a participação (todos os terceiros que concorram para o infanticídio por ele também respondem, tendo em vista o disposto no art. 30 do CP. 
 b) sujeito passivo = é o nascente (durante o parto) e o recém nascido, ou neonato (logo após o parto).
		 5) Elementos objetivos do tipo - a) matar = homicídio (forma livre)
 b) estado puerperal = é o conjunto de perturbações psicológicas e físicas sofridas pela mulher em face do fenômeno do parto. A mulher em função dessa situação pode sofrer perturbação de sua saúde mental. Portanto há necessidade de que haja nexo causal entre a morte e o estado puerperal (começa no início do trabalho de parto até a primeira menstruação da mãe). Não há necessidade de comprovação pericial do estado puerperal.
		6) Elemento subjetivo do tipo – dolo direto ou eventual. Não há a forma culposa. Se a mulher sob a influência do estado puerperal, matar o filho culposamente, o fato é atípico. E se não estiver sob essa influência = homicídio culposo.
		7) Consumação = consuma-se com a morte do nascente ou do neonato. (crime material)
		8) Tentativa = admitida se um deles praticou atos de execução da morte de ambos, mas ambos sobreviveram, aquele responderá por tentativa de homicídio 
 9) Distinção com o crime de aborto
 + aborto = antes do início do parto, que começa com a dilatação.
 + infanticídio = após o início do parto.
 9) Competência: É do Tribunal do Júri.
Curiosidades
- se a criança nasce morta e a mãe executa atos de matar = crime impossível.
- se a mãe mata adulto, sob influência de estado puerperal = homicídio.
​- o prazo do estado puerperal, hoje, se delimita quando do aparecimento da 1ª menstruação, cerca de 45 dias após o parto. Entretanto tem alguns doutrinadores que se posicionam no sentido de ser 7 dias após o parto. O estado puerperal é o conjunto de alterações físicas e psíquicas que acometem a mulher em decorrência das circunstancias relacionadas ao parto e que afetam sua saúde mental
+ se a mãe , sob influencia do estado puerperal, praticar alguma conduta visando a morte do filho acometido de anencefalia, estará caracterizado o crime impossível, em razão da impropriedade absoluta do objeto material. (art. 17 do CP e ainda STF no julgamento da ADPF - Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54/DF).
- é necessária a perícia para que se possa avaliar a intensidade do puerpério e o quanto este contribuiu para o comportamento da autora.
- predomina o entendimento de que em sendo a mulher quem realiza os atos materiais tendentes a morte do infante, responde ela por infanticídio, delito que também será atribuído aos eventuais concorrentesdo fato (ex. a enfermeira que, ciente de tudo, lhe fornece o instrumento utilizado para matar a criança) Isso porque as elementares do crime, ainda que de caráter pessoal (como é o caso do estado puerperal) comunicam-se aos co-autores ou partícipes. (art. 30 do CP)
ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO (art. 124 do Código Penal)
Conceito = é a interrupção da gravidez com a conseqüente morte do feto.
Espécies: a) natural ou espontâneo = interrupção da gravidez de forma espontânea = não há crime (saúde).
 b) acidental = interrupção da gravidez por causa acidental (queda etc.) – não há crime.
 c) legal ou permitido = no direito brasileiro só existe duas formas:
 1ª) necessário ou terapêutico = quando não há outro meio para salvar a gestante (art. 128, inc. I do CP). Quando é praticado por médico não há crime.
 2ª) sentimental ou humanitário ou moral = quando a gravidez resulta de estupro (art. 128, inc II do CP). Se praticado por médico não é crime.
 d) eugenésico ou eugênico = sério e grave perigo para o feto seja por doença hereditária, por doença da mãe durante a gravidez ou por uso de drogas (causa enfermidades psíquicas, corporais, deformidades). Não é permitido por nossa Lei Penal.
 e) social ou econômico = família numerosa e pobre. Não é permitido no Brasil. 
 f) criminoso = todo aquele não permitido em lei.
 
Objeto Jurídico = vida humana intra-uterina
Sujeito Ativo = auto-aborto é a gestante e no aborto consentido é qualquer pessoa.
Sujeito Passivo = feto. No aborto consentido é o feto e a gestante.
Elementos objetivos do tipo = objeto material é o produto da fecundação (ovo, embrião ou feto). A vida uterina inicia-se com a nidação – implantação do óvulo no útero materno – e termina com o início do parto. Se a gravidez é extra-uterina (tubária, ovárica, etc) ou molar (patológica) não há crime, porque a gravidez não pode chegar a termo, ou seu produto não chegará a ser humano. 
A gravidez precisa ser provada: a palavra da gestante não basta. Desaparecendo vestígios, a prova testemunhal ou documental pode suprir a falta de exame de corpo delito direto.
O feto precisa estar vivo, entretanto, tal circunstância pode ser presumida quando verificada sua expulsão provocada. Se a gravidez não era viável, não há aborto.
7) Elemento subjetivo: É o dolo , direto ou eventual. Não existe aborto culposo - quem provoca o aberto por culpa responde por lesão corporal culposa contra a gestante, pois os ferimentos nela provocados são conseqüência natural da manobra abortiva. Se a própria gestante agir culposamente e ensejar o aborto, o fato será atípico. Se o sujeito agride uma mulher, que sabe estar grávida, com a intensão exclusiva de lesioná-la, mas produz culposamente o aborto, responderá por lesão corporal gravíssima.
8) Conduta: a) provocar = qualquer ação de produzir, promover, causar o aborto, interrompendo a gravidez com a morte do feto em si mesma;
 b) consentir = permitir, concordar, aceitar que outrem lho provoque.
9) Meios = devem ser idôneos a provocar o resultado.
Deve haver nexo causal entre o meio utilizado e a morte do feto. Esta comprovação é necessária. (despacho – macumbaria).
10) Elemento subjetivo do tipo = dolo = vontade de interromper a gravidez e causar a morte do produto da concepção. Não existe a forma culposa. A mulher imprudente que causa aborto: fato atípico. O terceiro imprudente que causa aborto: lesão corporal culposa na mulher.
11) Consumação e Tentativa (crime material). Consuma-se o aborto com a morte do feto em conseqüência da interrupção da gravidez. A morte do feto pode ocorrer no ventre materno ou após a expulsão provocada. A expulsão não é necessária para a consumação. Se o feto já estava morto é um crime impossível. A tentativa é admitida quando as manobras abortivas não interrompem a gravidez ou apenas aceleram o parto, com a sobrevivência do neonato.
	Questões:
	1) É possível o concurso de pessoas? (existem duas correntes). A majoritária admite. Aquele que induz, instiga ou auxilia de maneira secundária a gestante a provocar o aborto em si mesma é um partícipe do art. 124 do CP. Ou aquele que induz ou instiga a mulher a consentir que outrem lho provoque.
A minoria não admite. O terceiro ainda que atue como partícipe responderá pelo art. 126 do CP.
2) Se a gestante for absolvida pela inexistência do fato (aborto), o processo não poderá prosseguir contra o terceiro que provocou o aborto com seu consentimento.
3) Se no auto-aborto ocorrer morte ou lesão corporal grave e houver partícipe, este responderá por quais crimes? R = auto-aborto é homicídio culposo ou lesão corporal culposa em concurso formal, uma vez que o art. 127 (qualificadora) não incluí o art. 124 do CP, mas somente os arts. 125 e 126.
4) A gestante que provoca o aborto terapêutico em si mesma para salvar sua vida = estado de necessidade; e se for aborto sentimental (estupro) responde pelo crime de aborto. O art. 128 somente abrange as hipóteses do aborto praticado pelo médico.
5) Se houver violência ou grave ameaça de terceiro, como meio para execução da provocação do aborto, haverá dois crimes em concurso formal = aborto sem consentimento e constrangimento ilegal (art. 146 do CP).
6) Se uma mulher, achando-se (erroneamente) grávida (gravidez psicológica), ingerir medicamento abortivo, não haverá crime algum, por absoluta impropriedade do objeto (material) 
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO, SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE. (Art. 125 do CP)
a) Sujeito do crime = qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo (crime comum), admitindo-se o concurso de agentes. É um crime de dupla subjetividade passiva, figurando como vítimas o produto da concepção (óvulo, embrião ou feto) e a gestante.
Tipo subjetivo = dolo eventual ou direto.
a) Tipo objetivo = interromper violenta e intencionalmente, uma gravidez, destruindo o produto da concepção.
b) Consumação e Tentativa = consuma-se com a privação do nascimento, a destruição do produto da concepção (crime material). Admite-se a tentativa. 
Questões:
1ª) Pontapé violento no ventre da mulher = crime de aborto provocado (violência). Se também queria lesionar a mulher = curso formal com lesões corporais.
2ª) Homicídio de mulher grávida = concurso formal entre homicídio e aborto.
3ª) O dissentimento da ofendida pode ser: a) Real (agente emprega violência, fraude ou grave ameaça) ou b) Presumido (quando a vítima é menor de 14 anos, alienada ou débil mental
4º) No caso de gêmeos ou trigêmeos haverá dois ou três crimes, em concurso formal impróprio ou imperfeito.
ABORTO PROVOCADO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE (art. 126 do CP)
Sujeitos do crime = qualquer pessoa pode praticar este delito (crime comum). O concurso de agentes é possível. O sujeito passivo é o ovo, embrião ou o feto.
Tipo objetivo = ocasionar (ação ou omissão), com o consentimento da gestante, válido, a interrupção da gravidez. Esse consentimento deve subsistir até a consumação do aborto, porque se durante o procedimento, ela solicitar ao terceiro a interrupção das manobras letais, mas não for obedecida, para ela o fato será atípico, e o terceiro responderá pelo crime descrito no art. 125 do Código Penal.
Tipo subjetivo = dolo direto ou eventual
Consumação e Tentativa = consuma-se com a morte do feto no útero materno ou depois da prematura expulsão provocada pelo agente. É possível à tentativa (delito plurissubsistente)
Ação Penal: Pública Incondicionada.
Competência: É a do tribunal do Júri.
ABORTO MAJORADO PELO RESULTADO (art. 127 do CP) = Aborto Qualificado
- Somente se aplicam aos crimes definidos nos artigos. 125 e 126. Mas por que não ao art. 124? R = porque o direito penal não pune a autolesão nem o ato de matar-se. O terceiro (colaborador) também escapa da majorante.
- Paraque haja a majoração da pena não é indispensável que o aborto se consuma. Basta que a gestante sofra lesão grave ou que venha a morrer.
- imprescindível a prova da gravidez.
ABORTO LEGAL = EXCLUSÃO DO CRIME (art. 128 do CP).
Capítulo II
AS LESÕES CORPORAI
 LESÃO CORPORAL SIMPLES (art. 129 do CP)
Conceito = trata-se de uma ofensa física voltada à integridade ou a saúde do corpo humano. Não se enquadra neste tipo penal qualquer ofensa moral. Para que o crime ocorra é preciso que a vítima sofra algum dano no seu corpo, interna ou externamente, e aí se incluí também a função orgânica ou abalos psíquicos comprometedores.
 A autolesão não é punida no direito brasileiro.
Objetividade jurídica = integridade física ou psíquica do ser humano.
Objeto material: a pessoa humana que sofre a conduta criminosa
Sujeitos ativo e Passivo = qualquer pessoa (crime comum).
Elementos objetivos do crime (núcleo do crime) = ofender significa atingir a integridade corporal, ou a saúde física ou mental da vítima.
Elemento subjetivo do tipo = dolo direto ou eventual. É o chamado “animus laedendi ou nocendi” Admite a forma culposa e preterdolosa.
Consumação e tentativa = crime material que se consuma com a efetiva lesão à integridade física ou psíquica da vítima. Admite a tentativa mas somente nas modalidades dolosas. Incabível na lesão culposa e na lesão corporal seguida de morte.
Ação Penal: na lesão corporal dolosa de natureza leve e na lesão corporal culposa a ação é pública condicionada à representação do ofendido. As demais lesões corporais são de ação pública incondicionada.
Observações:
 a) diferença entre vias de fato e lesão corporal;
 b) transexualismo;
 c) violência esportiva = se for dentro da disputa não é crime. Se fora da disputa ou agressão ao juiz, é crime.
 d) absorção da lesão leve;
 e) tortura – tipificação na Lei n. 9.455/97
 f) a lei não difere entre a lesão grave e gravíssima. Chama todas de lesão grave, a distinção é apenas doutrinária.
+ a lesão grave deve ser comprovada por perícia (ver art. 168, parágrafo 3º do CPP).
+ ocupação habitual = deve-se compreender como tal toda e qualquer atividade (lícita) regularmente desempenhada pela vítima, e não apenas a sua ocupação laborativa.
+ perigo de vida = é a concreta possibilidade da vítima morrer em face das lesões sofridas.
+ debilidade permanente = trata-se de um enfraquecimento duradouro no corpo ou na saúde, que instala na vítima após a lesão corporal provocada pelo agente. Não precisa ser perpétua, mas de longa duração.
+ membro = braços, mãos, pernas, e os pés. Os dedos são apenas partes dos membros.
+ sentido = olfato, audição, visão, paladar e tato.
+ função = trata-se de ação própria de um órgão do corpo humano. Ex. função respiratória, função circulatória. A perda de um dos rins é debilidade permanente e não perda de função, pois se trata de órgão duplo.
+ perda ou inutilização = perda implica em destruição ou privação de algum membro (ex: corte de um braço), sentido (ex: aniquilamento dos olhos), ou função (ex: ablação da bolsa escrotal – função reprodutora) e a inutilização quer dizer a falta de utilidade, ainda que fisicamente esteja presente o membro ou órgão humano (ex: perda do movimento da mão ou a impotência para o coito, embora sem remoção do órgão sexual).
+ deformidade permanente = consiste em um dano estético de certa monta, permanente, visível, irreparável e capaz de causar impressão vexatória. Se a vítima se submeter a uma cirurgia e a deformidade for reparada, a lesão passará a ser leve. Permanecerá a qualificadora, ainda que a deformidade possa ser disfarçada por meios artificiais (cabelo, cremes, perucas, próteses, roupas, etc).
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE (art. 129, parágrafo 3º do CP). 
É o chamado homicídio preterdoloso. Há o dolo na lesão corporal e culpa (previsibilidade) no homicídio. É exigido o nexo causal entre o ato do agente e a morte da vítima. Se a morte ocorrer por caso fortuito ou força maior, excluído o nexo causal, o agente só responderá por lesão corporal. É impossível a tentativa. Ex: soco na vítima com queda, fratura de crânio e morte; facadas que seccionam artéria; paulada na cabeça.
LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA (art. 129, parágrafo 4º do CP). Aplicável às lesões grave, gravíssima ou seguida de morte.
Ocorrerá a substituição da pena privativa de liberdade pela pecuniária, mas tão somente em relação às lesões leves.
 
LESÕES CORPORAIS RECÍPROCAS (substituição da pena obrigatória)
Também pode ser aplicado o privilégio. Neste caso as duas partes entram em luta injustamente. Não se trata de legítima defesa, mas ambos os agressores são igualmente culpados. (ex: ambos se ferem e um agiu em legítima defesa; ambos se ferem, alegam legítima defesa e não há prova do início da agressão; ambos se ferem e nenhum em legítima defesa).
LESÃO CORPORAL CULPOSA (art. 129, parágrafos 6º e 7º do CP).
Simples (par. 6º = qualquer que seja o grau da lesão leve, grave ou gravíssima).
Qualificada (par. 7º = remete ao art. 121, par. 4º).
Ação Penal
a) pública incondicionada quando a lesão for grave, gravíssima e seguida de morte.
 b) pública condicionada a representação do ofendido, de acordo com a Lei n. 9.099/95 se a lesão for leve ou culposa.
 No caso de violência doméstica: a ação será pública incondicionada. Lei n. 11.340/06. O que mudou foi à pena máxima = 3 anos. Não é de menor potencial ofensivo. Anteriormente a essa lei a pena máxima era de 1 ano = art. 129, parágrafo 9º do CP. Veja também os parágrafos 10º e 11º pois se trata de aumento de pena.
Capítulo III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
 
CRIMES DE PERIGO: São estes delitos cuja consumação se dá com a exposição do valor protegido a uma situação de perigo (isto é, a probabilidade de dano). Existem doutrinadores que interpretam de forma diversa (Hungria; Nucci, etc) O sujeito não deseja lesar o bem tutelado, embora possa prever a ocorrência do dano. Excepcionalmente, como ocorre na figura qualificada contida do art. 130, parágrafo 1º, e no crime do art. 131, há dolo de dano. Portanto, basta a probabilidade de dano.
+ enquanto o crime de dano consuma-se com a efetiva lesão a um bem juridicamente tutelado, o crime de perigo contenta-se com a mera probabilidade de dano. Há uma função preventiva e educativa.
+ perigo individual e coletivo
+ perigo concreto = é a probabilidade da ocorrência de um dano que necessita ser devidamente provada pelo órgão acusador. São os crime que se consumam com a efetiva comprovação, no caso concreto, da ocorrência da situação de perigo, como por exemplo o crime de perigo de vida do art. 132 do CP.
+ perigo abstrato, presumido ou de simples desobediência = fica uma probabilidade de dano presumida pela lei, que independe de prova no caso concreto. Portanto são crimes
que se consumam, automaticamente, com a mera prática da conduta. Não se exige a comprovação da produção da situação de perigo. Ao contrário, há presunção absoluta de que determinadas condutas acarretam perigo a bens jurídicos. É o caso do Tráfico de Drogas.
+ crimes de perigo individual = são os que atingem uma pessoa determinada ou então um número determinado de pessoas, tal como no crime de perigo de contágio venéreo. É o que se dá com os crimes elencados nesse capítulo ( arts. 130 a 136 do CP) 
+ crimes de perigo comum ou coletivo: são aqueles que alcançam um número indeterminado de pessoas, como no caso da explosão criminosa. Estão previsto nos arts. 250 a 259 do CP.
+ crimes de perigo atual: são aqueles em que o perigo está ocorrendo, como no abandono de incapaz (art. 133 do CP).
+ crimes de perigo iminente: são aqueles em que o perigo está para acontecer.+ crimes de futuro ou mediato: são aqueles em que a situação de perigo decorrente da conduta se projeta para o futuro, como no porte ilegal de arma de fogo permitido ( art. 14 da Lei nº 10.826/2003).
As infrações descritas nos arts. 130 a 137 do CP, de regra são subsidiárias em relação a outros delitos. Ou seja, se a intenção do agente era praticar um crime mais grave, (ex. homicídio) responderá por este.
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO (Art. 130 do CP).
Expor significa colocar em perigo ou deixar a descoberto. O objeto da conduta é o contágio de moléstia venérea (núcleo do tipo).Ex: sífilis; gonorréia; cancro mole; linfogranulomatose inguinal.
O art. 130 do CP prevê duas figuras de crime de perigo de contágio venéreo, diferenciadas pelo elemento subjetivo: no caput encontra-se a modalidade fundamental ou crime simples. No parágrafo 1º encontra-se a figura derivada ou crime qualificado. 
Objeto jurídico = é a incolumidade física da pessoa em sentido amplo, compreendendo sua vida e sua saúde.
Objeto material = é a pessoa que pratica relação sexual ou qualquer ato libidinoso com o sujeito contaminado pela doença venérea.
Sujeitos do Crime = o sujeito ativo tem que estar infectado pela moléstia venérea, pouco importando seu sexo e seu estado civil. É um crime próprio por isso não admite a co autoria, apenas a participação. O sujeito passivo é qualquer pessoa, inclusive prostitutas e garotos de programa. 
Elemento subjetivo = dolo de perigo: 
quando for na modalidade simples (caput), ou seja, à vontade de praticar relação sexual ou qualquer ato libidinoso capaz de transmitir a doença venérea. Esse dolo de perigo pode ser direto (sabe que está doente) ou eventual (deve saber que está doente). O crime é de perigo porque é dispensável a transmissão da doença e é formal porque o agente queria contaminar a vítima, mas o delito se consuma com a simples prática da relação sexual ou do ato libidinoso. 
 = dolo de dano: existente na qualificadora do parágrafo 1º. 
 5) Consumação e tentativa = o crime se consuma com a prática da relação sexual ou do ato libidinoso, independentemente da contaminação da vítima. Se houver a contaminação haverá o exaurimento do crime. A tentativa é admitida em todas as modalidades.
 Na figura definida pelo parágrafo 1º, o crime também se consuma com a prática da relação sexual ou do ato libidinoso. Entretanto se a vítima for contaminada, poderão ocorrer quatro situações distintas: a) lesão leve = responde apenas pelo crime de perigo
 b) lesão grave ou gravíssima = respondera pelas lesões correspondentes, sendo absorvido o crime de perigo
 c) lesão corporal seguida de morte = responderá pelo art 129, parágrafo 3º do CP que absorve o crime de perigo.
 d) morte da vítima = homicídio doloso simples ou 
Observações: + o que acontece se a vítima for contaminada? O crime é impossível por falta de objeto. A não ser que a contaminação seja de um outro - se a lesão corporal for leve = crime de perigo (sua pena é maior do que a de lesões do art. 129 do CP);
 - se a lesão corporal for grave ou gravíssima = art. 129, parágrafo 1º ou 2º do CP (dependendo do caso), porque absorve o crime de perigo;
 - lesão corporal seguida de morte = art. 129, parágrafo 3º do CP;
 - morte da vítima (dolo direto ou eventual) = art. 121, parágrafo 2º, incisos I a V, do CP.
 + a Aids é moléstia venérea? = não, uma vez que ela pode ser transmitida por formas diversas da relação sexual e dos atos libidinosos. Acontece que se o agente pratica o ato sexual e transmite a doença responderá por homicídio consumado ou tentativa de homicídio. (Cleber Masson). Para o STF, contudo, o agente não comete o crime de homicídio consumado ou tentado. A Corte afastou o crime doloso porém não ainda não concluiu sobre atipicidade a ser adotada. (perigo de contágio venéreo ou lesão corporal gravíssima em razão da enfermidade incurável). Filio-me ao posicionamento do STF. 
d) Ação Penal = é pública condicionada à representação nas duas figuras, simples ou qualificada.
OBSERVAÇÃO = Em se tratando de vítima menor de 14 anos de idade, doente ou deficiente mental com falta de discernimento sexual, ou que não tem condições (por qualquer motivo) se oferecer resistência, a prática sexual com ela (estando o agente contaminado com alguma doença), caracterizará crime de estupro de vulnerável (CP art. 217ª em concurso formal com o art. 130 do CP). Se a doença for transmitida, responde o agente pelo delito contra a dignidade sexual, com a pena aumentada nos termos do art. 234-A, inc. IV do CP.
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE (art. 131 do CP)
É um crime formal e de dano. O agente pratica ato capaz de produzir o contágio de moléstia grave da qual é portador com o claro objetivo de transmitir o mal a outrem, portando, causando-lhe dano à saúde – o que é lesão corporal. Há o dolo de dano.
Objeto jurídico = vida e saúde do ser humano
Objeto material = é a pessoa submetida à conduta.
Núcleo do tipo = praticar. É um crime de forma livre, porque admite qualquer meio de execução: + direto = contato físico.
 + indireto = uso de objetos em geral (ex: copo, xícara de café, etc).
Sujeitos ativo e passivo = por ser crime próprio o sujeito ativo é aquela pessoa contaminada pela moléstia grave. O sujeito passivo é qualquer pessoa, inclusive aquela portadora de moléstia grave, pois pode haver a transmissão de uma outra moléstia grave que a torne mais debilitada.
Elemento subjetivo = dolo direto. É necessário que o agente pratique o ato capaz de produzir o contágio e com esse propósito. Não se admite a figura culposa. Quando a moléstia grave é transmitida podem ocorrer quatro situações: a) lesão leve (é absorvido)
Consumação e Tentativa = o crime é formal daí porque se consuma no momento da prática do ato capaz de produzir o contágio, independentemente da efetiva transmissão. A tentativa é possível apenas quando plurissubsistente (conduta realizada por vários atos), pois aí é possível a divisão do iter criminis. Incabível a conatus quando a conduta for praticada por um único ato (crime unisubsistente = conduta realizada por um ato apenas).
Ação Penal = pública incondicionada. (falar da suspensão condicional do processo e transação penal = delito de menor potencial ofensivo
 O que é moléstia grave? R = é uma doença séria, que inspira cuidados especiais, sob pena de causar seqüelas ponderáveis ou até mesmo a morte do portador. Ex: hepatite, tuberculose, varíola, etc. Se a moléstia for de natureza letal, não havendo perspectiva de cura por parte da medicina, há de se reconhecer crime de homicídio, tentado ou consumado.
Observação: se no momento da consumação houver: a) lesão leve (é absorvida)
 b) lesão corporal grave ou gravíssima (não absorve)
 c) se resultar culposamente a morte da vítima = lesão corporal seguida de morte
 d) se resultar dolosamente a morte da vítima = homicídio culposo e neste caso caberá a tentativa.
 
PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM (art. 132 do CP).
Trata-se de um tipo genérico de perigo, válido para todas as formas de exposição da vida ou da saúde de terceiros a risco de dano, necessitando de prova da existência do perigo para configurar-se. Ex: dar tiros em lugar habitado é o fato; provar queesses tiros quase atingiram uma pessoa é o perigo concreto.
Objeto jurídico = a vida e a saúde
Objeto material: é a pessoa que tem sua vida ou sua saúde exposta a perigo direto e iminente.
Núcleo do tipo = expor = submeter uma pessoa à situação em que um dano à saúde é de provável ocorrência. O delito é de ação livre, pois admite qualquer meio de execução. Ex: lançar uma pedra pesada na direção da vítima, abalroar seu automóvel, etc. Normalmente é cometido por uma ação, mas também é admissível a omissão. Ex: empresário que não fornece aos empregados materiais de segurança para o trabalho. É um crime de perigo concreto = é necessário ficar provado o risco da lesão ou dano. O perigo tem que ser direto (o que alcança pessoas ou pessoas certas e determinadas) e iminente (capaz de danificar imediatamente a vida ou saúde do ofendido).
Sujeito Ativo = qualquer pessoa.
5) Sujeito Passivo = qualquer pessoa desde certa e determinada.
6) Elemento Subjetivo = dolo de perigo direto ou eventual. Não se admite a modalidade culposa. Não se admite o concurso formal de crime em virtude do caráter subsidiário do crime.
7) Consumação = dá-se no instante em que ocorre a produção do perigo concreto para a vítima. 
8) Tentativa: é possível somente na modalidade comissiva
 Curiosidades:
	a) se a vítima morre, qual é o crime? 
 b) se o agente expuser mais de uma pessoa a risco, ainda é crime único? 
 c) e o disparo de arma de fogo em lugar público? (Lei n. 10.826/03).
 d) Lei n. 10.741/03 (Estatuto do Idoso) = art. 99. Resolve-se o conflito com o princípio da especialidade. (observar as qualificadoras de lesão grave ou morte).
 e) Em relação aos crimes de trânsito (Lei n. 9.503/97) = art. 306 (embriaguez ao volante); art. 308 (corrida não autorizada); art. 309 (direção sem habilitação); art. 311 (alta velocidade). 
 
Ação Penal = pública incondicionada.
ABANDONO DE INCAPAZ (art. 133 do CP). 
O caput define a modalidade simples do abandono e os parágrafos seguintes, elencam as qualificadoras.
O consentimento do ofendido é irrelevante ( bem jurídico indisponível e consentimento inválido do incapaz).
1) Objeto jurídico = a vida, a saúde e a segurança da pessoa humana.
2) Objeto material = é a pessoa incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono.
3) Núcleo do tipo = abandonar = descuidar. É um crime de forma livre. Pode ser por ação ou omissão. O abandono é físico, no sentido de deixar o incapaz sozinho, sem a devida assistência. O abandono deve ser real (depende da separação física, distanciamento entre o responsável e o incapaz). Em qualquer caso há de ser provado o perigo efetivo para a vítima. É crime de perigo concreto. Inexiste crime quando o incapaz é quem abandona seu protetor.
4) Sujeito Ativo = é somente a pessoa que tem o dever de zelar pela vida, saúde ou pela segurança da vítima. É um crime próprio. Cuidado é a assistência eventual. Guarda é a assistência duradoura. Vigilância é a assistência acauteladora, pois envolve pessoas normalmente capazes, mas que não podem se defender em razão de situações excepcionais. Autoridade é a relação de superioridade, de direito publico ou de direito privado, para emitir ordens em face de outra pessoa.
5) Sujeito Passivo = é o incapaz.
6) Elemento subjetivo = é o dolo de perigo, direto ou eventual. Não se admite a modalidade culposa.
7) Consumação = no momento do abandono, desde que resulte perigo concreto. O crime é instantâneo de efeitos permanentes, pois se consuma em um momento determinado, mas seus efeitos se arrastam no tempo, persistindo enquanto o incapaz não for assistido.
8) Tentativa = é admissível somente na modalidade comissiva.
9) Ação penal = é pública incondicionada.
10) Qualificadoras e causas de aumento de pena = analisar os parágra
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO (art. 134 do CP).
 
	 Esse delito representa, em verdade, uma figura privilegiada do abandono de incapaz (art. 133) cometido por motivo de honra.
Objeto jurídico = a vida e a saúde da pessoa humana.]
Objeto material = recém-nascido atingido pela conduta.
Núcleos do tipo = expor (transferir a vítima para lugar diverso daquele em que lhe é prestada a assistência. Ex: remover o recém-nascido da maternidade para uma mata) e abandonar (desamparara a vítima no tocante as cuidados necessários. Ex: mudar de casa e lá deixar o recém-nascido). O crime é de forma livre e reclama uma situação de perigo concreto.
Elemento normativo = a honra aqui tratada é de natureza sexual, a boa fama e a reputação que desfruta o autor ou a autora pelo seu comportamento decente e pelos bons costumes.
Sujeito ativo = somente pode ser cometido pela mãe que concebeu o filho de forma irregular e ainda pelo pai adulterino. Compatível com o concurso de pessoas.
Sujeito passivo = é o recém-nascido
Elemento subjetivo = dolo direto
Consumação = dá-se no momento em que a vítima é submetida ao perigo concreto. È crime instantâneo e de efeitos permanentes.
Tentativa + possível somente quando comissiva a conduta.
 Ação Penal = pública incondicionada.
 Qualificadoras = verificar parágrafos do artigo.
OMISSÃO DE SOCORRO (art. 135 do CP)
1) Objeto jurídico = a vida e a saúde da pessoa humana.
2) Objeto material = é a pessoa a quem o agente deixa de prestar socorro.
3) Núcleos do tipo = A. deixar de prestar assistência = não socorrer quem se encontra em perigo. B. não pedir = deixar de solicitar auxílio da autoridade pública para socorrer quem está em perigo. São momentos distintos. É um crime omissivo próprio. Quando presente o risco pessoal, o agente deve pedir socorro à autoridade pública e esse pedido tem que ser imediato. Se não o fizer cometerá o crime em apreço, não por deixar de pedir socorro, mas sim em razão de não pedir o socorro à autoridade pública.
Assim, o crime de omissão de socorro pode ser cometido de duas maneiras: 
1ª) falta de assistência imediata = o agente pode prestar socorro sem risco pessoal;
 2ª) falta de assistência mediata = o agente não pode prestar pessoalmente o socorro, mas também não solicita ajuda a autoridade pública.
4) Sujeito ativo = qualquer pessoa (crime comum)
5) Sujeito passivo = somente as pessoas taxativamente indicadas no art. 135. No Estatuto do Idoso o crime está tipificado no art. 97 da Lei n. 10.741/03. No Código de Transito a omissão de socorro está tipificada no art. 304 da Lei n. 9.503/97.
6) Elemento subjetivo = dolo de perigo, direto ou eventual.
7) Consumação = ocorre no momento da omissão, daí advindo o perigo concreto ou abstrato. Não cabe a tentativa porque o crime é omissivo próprio ou puro.
Alguns Conceitos: a) criança extraviada = é a pessoa de idade inferior a 12 anos que está perdida, isto é, não sabe retornar por conta própria ao local em que reside ou possa encontrar resguardo e proteção.
 b) criança abandonada = é a pessoa menor de 12 anos que foi intencionalmente deixada em algum lugar por quem devia exercer sua vigilância.
 c) pessoa inválida ou ao desamparo = invalidez é a característica inerente à pessoa que não pode, por conta própria, praticar os atos cotidianos de um ser humano. Pode ser proveniente de um problema físico ou mental.
 d) pessoa ferida e ao desamparo = é aquela que sofreu lesão corporal, não necessariamente grave, acidentalmente ou provocada por terceira pessoa, porém é necessário que a pessoa esteja ao desamparo, ou seja, impossibilitada de afastar o perigo por suas próprias forças.
 e) pessoa em grave e iminente perigo: o perigo deve ser sério e fundado, apto a causar um mal relevante em curto espaço de tempo. Não há necessidade da vítima estar inválida e tampouco ferida.
CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR ( art. 135-Ado CP)
Este crime foi criado pela Lei nº 12.653/2012. Conforme entendimento do doutrinador Cleber Masson, sua criação é questionável, pois já existiam regras jurídicas sobre o assunto: a) no plano administrativo = Resolução Normativa ANS 44/2003, art. 1º. b) no âmbito civil = art. 171, II do CC e c) na esfera penal = as situações descritas no art. 135-A do CP, sempre caracterizaram o crime de omissão de socorro (art. 135 do CP).
1) Objeto jurídico: são a vida e a saúde da pessoa humana.
2) Objeto material: é o cheque-caução, a nota promissória, qualquer outra garantia ou formulários administrativos.
O cheque-caução e a nota promissória são títulos de crédito. Qualquer garantia pode ser simbolizada por instrumentos particulares de confissão de dívida, depósito em conta bancária, entrega de bens como jóias e relógios, do endosso de outros títulos de crédito, etc.
3) Núcleo do tipo: exigir
4) Sujeito ativo: pode ser qualquer funcionário ou administrador do estabelecimento de saúde que realize atendimento médico-hospitalar emergencial, e também o médico que se recusa a atender um paciente sem o fornecimento de garantia ou preenchimento prévio de formulário administrativo. É cabível o concurso de pessoas . Somente pode ser cometido no âmbito de hospitais particulares. Não pode ser cometido por pessoa jurídica.
O dever de agir para evitar o resultado: se o sujeito possuir o dever de agir para evitar o resultado, e omitir-se em decorrência do não recebimento de garantia ou do não preenchimento de formulário administrativo, daí resultando lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, ou até mesmo a morte da vítima, a ele será imputado o crime derivado de sua inércia.
5) Sujeito passivo: é a pessoa doente e que por isso necessita atendimento médico.
6) Elemento subjetivo: dolo, direto ou eventual. Não se admite a modalidade culposa.
7) Consumação: consuma-se com a exigência do cheque-caução, a nota promissória ou qualquer outra garantia, e ainda com o preenchimento prévio de formulários administrativos, independentemente do resultado. É um crime de perigo concreto.
8) Tentativa: é possível.
9) Causa de aumento de pena: parágrafo único.
MAUS TRATOS (art. 136 do CP).
Objeto jurídico = a vida e a saúde da pessoa humana.
Objeto material = é a pessoa que se encontra em algumas das situações descritas pelo art. 136 do CP e sofre maus tratos.
Núcleo do tipo = expor (colocar alguém em perigo)
Sujeito ativo = é necessário que o ofendido esteja sob a autoridade, guarda ou vigilância do agente. É um crime próprio. Tem que haver hierarquia entre os sujeitos.
Sujeito passivo = a vítima deve ser pessoa subordinada ao responsável pela conduta criminosa.
Maus Tratos com idoso = art. 99 do Estatuto do Idoso. O conflito de normas é solucionado pelo princípio da especialidade. A conduta é mais abrangente porque também se considera maus tratos a exposição a perigo da saúde psíquica do idoso.
Consumação = consuma-se o delito com a exposição da vítima ao perigo. Não se reclama o dano efetivo.
Tentativa = á admitida apenas nas modalidades comissivas.
 Figuras qualificadas = são estritamente preterdolosas.
 Ação penal = pública incondicionada.
 Tortura e Maus tratos = ressaltar art. 44 da Lei n. 9.455/97.
 Alguns conceitos: a) educação = processo de desenvolvimento intelectual, moral e físico do ser humano, permitindo-lhe melhor integração social e aperfeiçoamento individual.
 b) ensino = é transmissão dos conhecimentos indispensáveis ao processo educacional tal como a relação estabelecida ente aluno e professor.
 c) tratamento = processo de cura de enfermidade.
 d) custódia = significa dar proteção a algo ou alguém. Segundo Nelson Hungria "a detenção de uma pessoa para fim autorizado em Lei."
13) Elemento Subjetivo: dolo direto ou eventual. Ressalta-se que em relação as figuras preterdolosas, tendo em vista que a conduta inicial - maus tratos ´é constituída pelo dolo de perigo, não se concebe, por absoluta incompatibilidade lógica, que no resultado qualificador (lesão grave ou morte) haja dolo de dano. Assimpara compor a figuras dos parágrafos 1º e 2º demanda-se a existencia unicamente de culpa.
Capítulo IV
 DA RIXA (art. 137 do CP)
1) Conceito = é uma luta tumultuosa e confusa que travam entre si três ou mais pessoas, acompanhada de vias de fato ou violências recíprocas.
2) Objeto jurídico = a vida e a saúde das pessoas envolvidas na rixa.
3) Objeto material = é o participante da rixa.
4) Núcleo do tipo = participar (tomar parte nas agressões)
5) Sujeito ativo e passivo = cada participante é ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo da rixa. Basta um imputável, pouco importando se os demais são inimputáveis.
6) Elemento subjetivo = dolo de perigo. Não cabe a forma culposa.
7) Consumação = ocorre com a prática de vias de fato ou violência recíproca. 
8) Tentativa = não cabe
Rixa qualificada = é também chamada de rixa complexa. Todos os rixosos, pelo fato da participação da rixa, suportarão a qualificadora quando ocorrer lesão corporal de natureza grave ou morte, pouco importando qual deles foi o responsável pela produção do resultado agravador.
Identificado o autor da morte ele responderá por homicídio mais rixa qualificada. Outros autores defendem a tese de que esse indivíduo responderá por homicídio mais rixa simples. Todavia todos concordam que os demais elementos responderão por rixa qualificada tendo o autor da morte sido identificado ou não.
Ação penal = pública incondicionada.
 
Capítulo V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Conceito de Honra: é o conjunto de qualidades físicas, morais e intelectuais de um ser humano, que o fazem merecedor de respeito no meio social e promovem sua autoestima. É um sentimento natural, inerente a todo homem e cuja ofensa produz uma dor psíquica, um abalo moral, acompanhados de atos de repulsão ao ofensor.
CALÚNIA (art. 138 do CP)
Dentre os três crimes contra a honra, o Código Penal considerou a calúnia como o mais grave de todos, porque se atribui, falsamente, a vítima, a prática de um crime.
Três requisitos, por conseguinte, são imprescindíveis à sua configuração:
Imputação de um fato + QUALIFICADO COMO CRIME + falsidade da imputação. 
E se o fato for verdadeiro? R = não haverá o delito. Poderá haver a difamação.
Outra característica é que o fato imputado precisa ser determinado. É necessário particularizar as circunstâncias sem que se exija a menção de todos os seus pormenores. Ex: a subtração do relógio de Gustavo, em certo lugar, sem que se exija mencionar a marca do objeto, hora e dia do fato, valor exato etc.
+ O crime de calúnia ocorre mesmo se ninguém tiver acreditado no caluniador? R = não, pois o delito não é de perigo e sim de dano; não havendo possibilidade de lesão efetiva da honra alheia, também não há que se falar na ocorrência da infração.
1. Sujeito ativo = qualquer pessoa
2. Sujeito passivo = qualquer pessoa, inclusive os de má fama e os inimputáveis (loucos ou menores). Os mortos poderão ser caluniados (art. 138, parágrafo 2º) e seus parentes serão sujeitos passivos. Quanto à pessoa jurídica há grande controvérsia na doutrina. Na verdade não se pode negar que a pessoa jurídica possua honra objetiva, sendo esta, até mesmo, a razão de seu sucesso perante a população em geral. Com o surgimento da Lei n. 9.605/98 (Meio Ambiente) ficou definido que a pessoa jurídica pode figurar como sujeito passivo do crime de calúnia desde que o crime a ela atribuído falsamente, seja tipificado na lei ambiental (art. 54). Nas demais hipóteses, ou seja, fora da lei ambiental, o fato poderá ser considerado crime de difamação, em face da impossibilidade das demais infrações penais serem praticadas pelas pessoas morais. 
3. Tipo objetivo= c.1 imputar falsamente = atribuir. c.2. propalar ou divulgar, sabendo falsa (parágrafo 1º) = é tornar público, bastando para tanto que se dê conhecimento a uma outra pessoa, pois não se pode confundir o ato (divulgar) com seu resultado (divulgação).
4. Objeto jurídico = a honra objetiva (reputação, conceito em que cada pessoa é tida).
5. Tentativa = depende do meio utilizado
6. Consumação = no momento em que chega ao conhecimento de terceira pessoa (não basta o próprio ofendido).
7. Ação penal = art. 145 do CP
8. Retratação = art. 143 do CP (pedido de desculpas)
+ O que é exceção da verdade? R = o agente terá que provar a veracidade do fato que imputou. Ela se processa na forma do art. 523 do CPP (art. 138, parágrafo 3º). Na calúnia ela é permitida, salvo nas hipóteses expressas, em que é vedada (parágrafo 3º e seus incisos). Qual a conseqüência para o agente, provando a verdade? R= a inexistência do crime.
Deve ser feita por exceção própria e no curso da ação, assegurado o contraditório. A exceção da verdade não pode impedir o recebimento da denúncia ou queixa, devendo ser apreciada na instrução. O julgamento da exceção da verdade deve ser feito simultaneamente com o julgamento do mérito da causa. O ônus da prova cabe ao próprio excipiente; se ele não conseguir demonstrar a veracidade das alegações, impõe-se a rejeição da exceção, prevalecendo à presunção júris tantum da falsidade inerente à calúnia.
O momento oportuno para se propor a exceptio veritatis é o da resposta do réu, que poderá ser o previsto no art. 396 do CPP, com a nova redação que lhe foi dada pela Lei n. 11.719/08, ou o constante do art. 81 da Lei n. 9.099/95.
 + Quais os meios de execução nos crimes contra a honra? R = linguagem falada (emitida diretamente ou reproduzida por meio mecânico); escrita (manuscrito, datilografado ou impresso) ou mímica, ou por meio simbólico ou figurativo.
+ CURIOSIDADES
- art. 26 da Lei de Segurança Nacional (Lei n. 7.170/83) = presidente da república; presidente do senado federal; presidente da câmara dos deputados e presidente do STF. Para que o fato seja definido como crime contra a Segurança Nacional é preciso que a calúnia tenha conotação política. Do contrário, se não tiver natureza política, mas, sim, pessoal, pelo fato de a vítima ocupar, por exemplo, o cargo de Presidente da República, o delito será aquele previsto no art. 138 do CP, devendo sua pena ser aumentada em um terço, conforme determinado no art. 141 do referido diploma legal.
- A calúnia proferida no calor da discussão, embora haja discussão a respeito, creio ser tida como crime. O que importa, de acordo com a exigência típica, é que o agente tenha atuado com o elemento subjetivo exigido pelo delito de calúnia, ou seja, agiu com o fim de macular a honra da vítima, imputando-lhe falsamente um fato definido como crime.
- Exige-se a presença do ofendido para fins de configuração do delito de calúnia? R = não, porque a calúnia atinge a chamada honra objetiva da vítima, isto é, o conceito que ela goza junto ao seu meio social.
- Vereadores = art. 29, inc. VIII da CF.
- Parlamentares Federais e Estaduais = continuam invioláveis pelas suas opiniões, palavras e votos. Art. 53, parágrafo 1º da CF que foi alterado pela Emenda Constitucional n. 35/01 + art. 100 do CP + art. 53, parágrafo 3º da CF + art. 27, parágrafo 1º da CF.
- Nos crimes contra a honra é obrigatória a realização da audiência de conciliação.
- Somente a pessoa humana pode ser sujeito passivo desse crime? R = há doutrina e jurisprudência sustentando que somente a pessoa humana pode ser sujeito passivo dos crimes contra a honra. O argumento principal consiste no fato de que esses delitos estão inseridos no contexto dos crimes contra a pessoa (alguém). 
DIFAMAÇÃO (art. 139 do CP)
1. Conceito = o agente imputa fatos a vitima que sejam ofensivos à sua reputação. Esses fatos não podem ser definidos como crime e não se discute se tal fato é verdadeiro ou não. Na realidade, com a difamação pune-se, tão somente, aquilo que popularmente é chamado de “fofoca”. É, outrossim, o crime daquele que, sendo falso ou verdadeiro o fato, o imputa a alguém com o fim de denegrir sua reputação. Portanto, para que se configure a difamação, deve existir uma imputação de fatos determinados, sejam eles falsos ou verdadeiros, a pessoa determinada ou mesmo a pessoas também determinadas, que tenha(m) por finalidade macular a sua reputação, vale dizer, a sua honra objetiva.
2. Sujeito ativo = qualquer pessoa
3. Sujeito passivo = qualquer pessoa, inclusive os inimputáveis, pois gozam de certa reputação. A pessoa morta não pode ser difamada nem há delito quanto se lhe atribui fato ofensivo a sua reputação. A punição se dará apenas quando houver calúnia. A pessoa jurídica pode ser passível de crime de difamação, fazendo, inclusive, com que, em virtude disso, sofra prejuízos materiais. 
4. Tipo subjetivo = dolo de dano (direto ou eventual)
5. Consumação = quando a difamação chega ao conhecimento de outrem que não a vítima
6. Tentativa = é possível
7. Exceção da verdade = não é admitida, salvo se o ofendido é funcionário público e a ofensa for relativa ao exercício de suas funções.
8. Retratação = art. 143 do CP
9. Ação penal = art. 145 do CP
10. Objeto jurídico = a honra objetiva
INJÚRIA (art. 140 do CP)
1. Conceito = a injúria é considerada o menos grave dos crimes contra a honra. Entretanto, por mais paradoxal que seja, a injúria se transforma na mais grave infração contra a honra quando consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, sendo denominada aqui de injúria preconceituosa, cuja pena a ela cominada se compara aquela prevista pêra o delito de homicídio culposo (um a três anos e multa). Numa posição intermediária, situa-se a injúria real (parágrafo 2º do art. 140), cuja pena se compara à do delito de difamação. Não há injúria contra os mortos. Na injúria há palavras vagas e imprecisas, enquanto na difamação e calúnia há afirmativa de fato determinado. 
Resumindo, o Código Penal tem três tipos de injúria:
simples = art. 140, caput;
real = parágrafo 2º do art. 140 (qualificada) = a violência ou as vias de fato são utilizadas não com a finalidade de ofender a integridade corporal ou a saúde outrem, mas sim no sentido de humilhar, desprezar, ridicularizar a vítima, atingindo-a em sua honra objetiva. Ex: tapa no rosto, puxão de orelha, fazer uma pessoa sair de um lugar levando chutes nas nádegas, cortar a barba ou o cabelo, etc. IMPORTANTE absorve as vias de fato, mas haverá concurso material em relação às lesões leves, graves ou gravíssimas.
Preconceituosa = parágrafo 3º do art. 140 (qualificada). O agente emprega elementos preconceituosos ou descrimina tórios relativos à raça, cor, etnia, religião, origem, condição de idoso ou deficiente. 
+ Ao contrário da calúnia e da difamação, com a tipificação do delito de injúria busca-se proteger a chamada honra subjetiva, ou seja, o conceito, em sentido amplo, que o agente tem de si mesmo.
Como regra, na injúria não existe imputação de fatos, mas sim de atributos pejorativos à pessoa do agente. Ex: dizer que José é bicheiro configura injúria; dizer a terceira pessoa que a vítima está “bancando o jogo do bicho” caracteriza a difamação.
A injúria segundo Aníbal Bruno é a palavra ou gesto ultrajante com que o agente ofende o sentimento de dignidade da vítima (sentimento que o indivíduo tem do seu próprio valor social e moral). 
2. Objeto jurídico = a honra subjetiva (autoestima)
3. Sujeito ativo = qualquer pessoa
4. Sujeito passivo = somente pessoa física, inclusive os inimputáveis, porém no caso desses últimos é preciso se trabalhar com o critério da razoabilidade, para que as interpretações não caiam no ridículo. Ex: agente que chama uma criança de apenas um ano de idade de corrupta. Para Magalhães Noronha, a injúria é ofensa a honra subjetiva,

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