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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO – CDTec CURSO CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO CURSO DE ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO Sistemas Discretos I Prof. Aline Brum LoretoProf. Aline Brum LoretoProf. Aline Brum LoretoProf. Aline Brum Loreto **************************************************************************************** TÉCNICAS DE DEMONSTRAÇÃO Teorema Um teorema é uma afirmação declarativa sobre matemática, para a qual existe uma prova. Uma prova é uma dissertação que mostra, de maneira irrefutável, que uma afirmação é verdadeira. Obs.: - Afirmação declarativa: uma sentença que expressa uma idéia sobre como alguma coisa é, como: Vai chover amanhã, ou o Internacional ganhou do Corinthians ontem a tarde. Os matemáticos fazem afirmações, tais afirmações se enquadram em três categorias: 1) Afirmações que sabemos serem verdadeiras porque podemos prová-las – que chamamos de teoremas; 2) Afirmações cuja veracidade não podemos garantir – que chamamos conjeturas; 3) Afirmações falsas – que chamamos erros. Designações para um Teorema: A palavra teorema não deve ser confundida com teoria. � Um teorema é uma afirmação específica que pode ser provada. � Uma teoria é um conjunto mais amplo de idéias sobre um assunto em particular. Há designações alternativas que os matemáticos usam em lugar de teorema. A palavra teorema tem a conotação de importância e generalidade. Designações: � Resultado: uma expressão modesta, genérica para um teorema. � Fato: um teorema de importância bastante limitada. A afirmação “6 + 3 = 9” é um fato. � Proposição: um teorema de importância secundária. Uma proposição é mais importante ou mais geral do que um fato, mas não tem tanto prestígio quanto um teorema. � Lema: um teorema cujo objetivo principal é ajudar a provar outro teorema mais importante. Alguns teoremas exigem demonstrações complicadas. Frequentemente, podemos decompor em partes menores o trabalho de provar um teorema complicado. 2 Os lemas são as partes, ou instrumentos, usados para elaborar uma prova mais complicada. � Corolário: resultado com uma prova rápida, cujo passo principal é o uso de outro teorema provado anteriormente. � Alegação: análogo ao lema. Uma alegação é um teorema cuja afirmação em geral aparece dentro da prova de um teorema. O objetivo de uma alegação é ajudar a organizar os passos-chave de uma prova. Teorema e a Lógica Um teorema é uma proposição do tipo: p → q a qual prova-se ser verdadeira sempre (tautologia), ou seja, que: p ⇒ q As proposições p e q são denominadas hipótese e tese, respectivamente. Obs.: Teoremas são fundamentais em Computação e Informática e, em particular, no estudo da Matemática Discreta (ou Sistemas Discretos). Por exemplo: Um teorema permite verificar se uma determinada implementação é correta. Em outras palavras, um teorema pode ser visto como um algoritmo que, prova-se, sempre funciona. Em uma demonstração é fundamental identificar a hipótese e a tese, onde de fato p ⇒ q, a hipótese p é suposta verdadeira, consequentemente, a hipótese não deve ser demonstrada. Todas as teorias possuem um conjunto de premissas (hipóteses) que são supostas verdadeiras e sobre as quais todo o raciocínio é construído. É usual que um teorema seja apresentado na forma p ↔ q, entretanto sabe-se que p ↔ q ⇔ (p → q) ∧ (q → p). Dessa forma, uma técnica usual para demonstrar que p ↔ q é provar em separado a “ida” p → q e a “volta” q → p. Para um determinado teorema p → q, existem diversas técnicas para provar (demonstrar) que, de fato, p ⇒ q. Algumas Técnicas de demonstração: a) Prova Direta; b) Prova por Contraposição; c) Prova por Redução ao Absurdo ou simplesmente Prova por Absurdo; d) Prova por Indução. Obs.: A prova por indução é uma aplicação particular da Indução Matemática. 3 Para qualquer técnica de demonstração, deve-se ter atenção aos quantificadores. Por exemplo, para provar a proposição (∀x∈A)p(x) é necessário provar p(x) para todo x∈A. Logo, mostrar um determinado elemento a∈A não é uma prova, mas sim um exemplo, o que, neste caso, não constitui uma prova válida para todos os elementos de A. Entretanto, para o caso: (∃x∈A)p(x) basta provar que existe pelo menos um a∈A tal que p(a) é verdadeira, ou seja, um exemplo é uma prova. Uma prova é uma argumentação que mostra, de maneira indiscutível, que uma afirmação é verdadeira. a)Prova Direta Definição: Uma prova é dita Prova Direta ou Demonstração Direta quando pressupõe verdadeira a hipótese e, a partir desta, prova ser verdadeira a tese. Exemplo: Considere o teorema: a soma de dois números pares é um número par, ou seja, reescrevendo na forma de p →q: se n e m são dois números pares quaisquer, então n + m é um número par Inicialmente, sabe-se que qualquer número par n pode ser definido como n= 2r, para algum natural r. Suponha que n e m são dois números pares. Então existem r, s ∈ N tai que: n = 2r e m = 2s Então: n + m = 2r + 2s = 2(r+s) Como a soma de dois números naturais r +s é um número natural, vale n + m = 2(r+s). Logo, n + m é um número par. O que é uma Prova? Em ciência, a verdade surge da experimentação. Na lei, a verdade é avaliada por um julgamento e decidida por um juiz e/ou júri. No esporte, a verdade é a decisão dos juízes decorrente de sua capacidade. Em matemática temos a prova. 4 b)Prova por Contraposição A prova por contraposição baseia-se no seguinte resultado (denominado de contraposição): p → q ⇔ ¬q → ¬p. Definição: Uma prova é dita Prova por Contraposição ou Demonstração por Contraposição quando, para provar p → q, prova-se ¬q → ¬p, pois são formas equivalentes. Para provar ¬q → ¬p basta, a partir de ¬q, obter ¬p (prova direta). Exemplo: Para demonstrar o seguinte teorema: n! > (n+1) → n > 2 pode-se, equivalentemente, demonstrar por contraposição que: n ≤ 2 → n! ≤ n+1. Para provar que n ≤ 2 → n! ≤ n+1, basta testar a proposição para os casos n=0, n=1 e n=2. c) Prova por Redução ao Absurdo A prova por redução ao absurdo baseia-se no resultado (denominado de redução ao absurdo): p → q ⇔ (p ∧ ¬q) → F Definição: Uma prova é dita Prova (Demonstração) por Redução ao Absurdo ou simplesmente Prova (Demonstração) por Absurdo quando a prova de p → q consiste em supor a hipótese p, supor a negação da tese ¬q e concluir uma contradição (em geral, q ∧¬q). Obs.: A técnica de demonstração conhecida como prova por contra-exemplo, é uma demonstração por absurdo. Exemplo: Considere o seguinte teorema: 0 é o único elemento neutro da adição em N ou seja, reescrevendo na forma de p → q: se 0 é elemento neutro da adição em N. então 0 é o único elemento neutro da adição em N. Uma prova por redução ao absurdo é como segue: a)Suponha que (hipótese) 0 é elemento neutro da adição em N e que (negação da tese) 0 não é o único elemento neutro da adição em N. Seja e um elemento neutro da adição em N tal que e ≠ 0 (se 0 não é o único, então existe um outro, diferente de 0); 5 b) Então: - como 0 é elemento neutro, para qualquer n ∈ N, vale n = 0+ n = n + 0. Em particular, para n = e, vale e = 0 + e = e + 0 - como e é elemento neutro, para qualquer n ∈ N, vale n = n + e = e + n. Em particular, para n =0, vale 0 = 0 + e = e + 0 - portanto, como e = 0 + e = e + 0 e 0 = 0+ e = e + 0, pela transitividade da igualdade, vale e = 0, o que é uma contradição, pois foi suposto que e ≠ 0. Logo, é absurdo suporque o elemento neutro da adição em N não é único. Portanto, 0 é o único elemento neutro da adição em N. Lógica x Álgebra dos Conjuntos Existe uma relação direta entre álgebra de conjuntos e os conetivos lógicos: Conetivo Lógico Operação sobre Conjuntos Negação Complemento Disjunção União conjunção Intersecção As relações lógicas podem ser associadas com as relações sobre conjuntos: Relação Lógica Relação sobre Conjuntos implicação Continência equivalência Igualdade Para reforçar esse relacionamento entre lógica e teoria dos conjuntos, observe que a equivalência (respectivamente, igualdade de conjuntos) pode ser definida em termos de uma dupla implicação (respectivamente, dupla continência, ou seja, a “ida” e a “volta”). Da mesma forma, as propriedades sobre os conetivos lógicos na lógica são válidas na teoria dos conjuntos, substituindo cada conetivo pela correspondente operação sobre conjuntos, com destaque para as seguintes: Conetivo Lógico Operação sobre Conjuntos Idempotência: ∧ e ∨ Idempotência: intersecção e união Comutativa: ∧ e ∨ Comutativa: intersecção e união Associativa: ∧ e ∨ Associativa: intersecção e união Distributiva: ∧ sobre ∨ ∨ sobre ∧ Distributiva: intersecção sobre união União sobre intersecção Dupla negação DeMorgan Absorção Absorção Obs.: Propriedades: - Idempotência: em matemática, um objeto é idempotente quando ele é o resultado de sua composição consigo mesmo, no sentido que se torna mais preciso. - Dois conjuntos X e Y são iguais se X ⊆ Y e Y ⊆ X. Nas provas, observe a analogia que existe entre as relações lógicas e as relações sobre conjuntos, como na tabela abaixo. As relações sobre conjuntos são traduzidas como relações sobre lógica, quando são trabalhadas, usando resultados lógicos construídos e retraduzidas com relações sobre conjuntos. 6 Relação Lógica Teoria dos Conjuntos Implicação/continência p ⇒ q A ⊆ B Equivalência/igualdade p ⇔ q A = B Exemplo: Prove as seguintes propriedades da operação de união (suponha A e B conjuntos): Elemento Neutro. A ∪ ∅ = ∅ ∪ A = A Solução: Devemos provar essas duas igualdades. Pela transitividade da igualdade, os três termos serão iguais. Seja x ∈ A ∪ ∅. Então: x ∈ A ∪ ∅ ⇒ definição de união x ∈ A ∨ x ∈ ∅ ⇒ comutatividade da disjunção x ∈ ∅ ∨ x ∈ A ⇒ definição de união x ∈ ∅ ∪ A portanto, A ∪ ∅ ⊆ ∅ ∪ A (1) Seja x ∈ ∅ ∪ A. Então: x ∈ ∅ ∪ A ⇒ definição de união x ∈ ∅ ∨ x ∈ A ⇒ comutatividade da disjunção x ∈ A ∨ x ∈ ∅ ⇒ definição de união x ∈ A ∪ ∅ portanto, ∅ ∪ A ⊆ A ∪ ∅ (2) De (1) e (2), concluímos A ∪ ∅ = ∅ ∪ A. (3) Seja x ∈ A ∪ ∅. Então: x ∈ A ∪ ∅ ⇒ definição de união x ∈ A ∨ x ∈ ∅ ⇒ x ∈ ∅ é sempre F (F é elemento neutro da disjunção) x ∈ A portanto, A ∪ ∅ ⊆ A (4) Seja x ∈ A. Então: x ∈ A ⇒ adição: p ⇒ p ∨ q x ∈ A ∨ x ∈ ∅ ⇒ definição de união x ∈ A ∪ ∅ portanto, A ⊆ A ∪ ∅ (5) De (4) e (5), concluímos A ∪ ∅ (6) De (3), (6) e pela transitividade da igualdade, concluímos A ∪ ∅ = ∅ ∪ A = A.
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