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DELINEAMENTOS DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS • DESCRITIVOS: descreve casos (frequencias) numa população. A descrição é centrada em 3 elementos: PESSOA, TEMPO E ESPAÇO. • ANALÍTICOS: ESTUDOS DE COORTE COORTE •Do latim, cohors •Batalhão de 300-600 soldados romanos, • todos de um determinado tipo, por exemplo da cavalaria •10 coortes formavam uma legião “ U m g r u p o d e i n d i v í d u o s c o m u m a c a r a c t e r í s t i c a e m c o m u m q u e a v a n ç a m e m c o n j u n t o . ” “Um grupo de indivíduos com uma característica em comum que avançam em conjunto.” Estudos de coorte/de seguimento (follow-up) / longitudinais • Estudos capazes de testar hipóteses etiológicas • Parte-se de um grupo de indivíduos que possuem características comuns - Local de residência - Estudo de Framingham/MA – 1948 (DOENÇAS CARDIOVASCULARES) - Ocupação- estudo de médicos britânicos – Doll e Hill – (CA PULMÃO) •O termo “coorte" foi introduzido na epidemiologia em 1935 (incidência de tuberculose) •Os estudos de coorte foram fundamentais para o estudo das doenças crônicas Mortalidade Idade-Específica para Tuberculose em Homens de Massachusetts, de acordo com o ano de nascimento Característica comum dos indivíduos – ano de nascimento • Seleciona-se um determinado fator de risco/característica => exposição de interesse (fumo, consumo de álcool) que se supõe estar presente na rede causal de determinada doença/óbito => desfecho • Comparação da incidência da doença nos grupos exposto e não expostos • Os estudos de coorte permitem estabelecer medidas de incidência e fornecem medida do risco da exposição para a doença em estudo. • Podem ser PROSPECTIVOS OU RETROSPECTIVOS Expostos ( coorte/amostra) Doentes expostos Doentes não expostos Não doentes não expostos população Não expostos (coorte/amostra) ESTUDO DE COORTE Não Doentes expostos Seguimento Coorte Coorte Expostos Coorte de Não Exposto Seleção Classificação Seguimento Exposição Desfecho Total Doentes Não doentes Expostos a b a+b Não expostos c d c+d Total a+c b+d a+b+c+d Doentes e expostos = a Doentes não expostos = c Não doentes expostos = b Não doentes e não expostos = d Total de expostos = a+b Total de não expostos = c+d Total de doentes = a+c Total de não doentes =b+d Risco de doença nos expostos = a/a+b Risco de doença nos não expostos = c/c+d Razão de Riscos ou Risco Relativo = risco de doença nos expostos/risco de doença não expostos Completado período de seguimento/tempo de observação: •Ensaios clínicos •Ensaios comunitários Objetivo: avaliar intervenção de saúde - tratamento ou programa de saúde ESTUDOS DE INTERVENÇÃO Características dos estudos de intervenção: 1- são estudos experimentais. 2- são prospectivos (seguimento) - são semelhantes aos estudos de coorte. 3- É possível obter medidas de risco ou proteção da intervenção. Ensaios clínicos: estudo experimental O primeiro relato deste estudo tipo –Lind, 1747 - Tratamento de escorbuto Pressupõe a comparação de dois grupos: Grupo1 – experimental - indivíduos com o novo tratamento ou droga Grupo2 – controle ou testemunha - indivíduos sem tratamento novo ou com tratamento antigo ou droga já conhecida Ensaios Clínicos unidade de análise - indivíduos Objetivo: avaliar novos tipos de tratamento, novas drogas Ex.: zivudina para tratamento de HIV Comparação de grupo de indivíduos tratados com coquetel tradicional e coquetel com a inclusão de zivudina. Ensaios Comunitários unidade de análise – grupos Objetivo: Avaliação de programas de saúde Ex. Programa de incentivo ao aleitamento materno Comparação de clientela de unidades de saúde onde foi implantado o programa e clientela de unidades de saúde onde não havia sido implantado o programa. Novo Tratamento Melhorou Melhorou Não Melhorou População de referência Não Tratamento ou tratamento já Existente ENSAIO CLINICO Não Melhorou Seleção de grupos randomização amostra Expostos intervenção Tratamento novo- grupo experimental Não expostos intervenção Tratamento antigo Grupo controle Efeito ausente (b) população Formação dos grupos randomização e aplicação dos tratamentos Efeito presente (a) Efeito presente (c) Efeito ausente (d) Seguimento Exposição Desfecho Total Doentes Não doentes Com tratamento (Expostos) a b a+b Sem tratamento (Não expostos) c d c+d Total a+c b+d a+b+c+d Com tratamento doentes = a Com tratamento não doentes =b Sem tratamento doentes = c Sem tratamento não doentes expostos = d Total com tratamento = a+b Total sem tratamento = c+d Total de doentes = a+c Total de não doentes =b+d Risco de doença nos tratado = a/a+b Risco de doença nos não tratados = c/c+d Razão de riscos ou Risco Relativo = risco de doença tratados/risco de doença não tratados Completado período de seguimento/tempo de observação Tratamento Desfecho Total Morte Sobrevivente Com tratamento (Expostos) 1352 (a) 13086 (b) 14438 (a+b) Sem tratamento (Não expostos) 1773 (c) 12613 (d) 14386 (c+d) Total 3125 25699 28824 Com tratamento mortos = 1352 Com tratamento sobreviventes =13086 Sem tratamento mortos = 1773 Sem tratamento sobreviventes =12613 Total com tratamento =14438 Total sem tratamento = 14386 Risco de morte nos tratados = a/a+b = 1352/14438=0,94 Risco de morte nos não tratados = c/c+d = 0,123 Razão de riscos ou Risco Relativo = 0,94/0,123= 0,76=>proteção 1-RR=1,00 - 0,76=0,24 ou 24% a mais de chance de sobreviver Tratamento infarto do miocárdio- tratamento trombólise ESTUDOS DE CASO- CONTROLE Doente Não Doente Caso Controle Casos = apresentam o desfecho de interesse doença/óbito Controles = amostra de não doentes/sobreviventes ESTUDO DE CASO CONTROLE População População de referência Casos Controles Casos (doentes) Expostos Expostos Não expostos Controles (não doentes) ESTUDO DE CASO CONTROLE Não expostos Comparação da exposição existente nos casos e nos controles Objetivo: verificar se há associação entre a exposição e desfecho Medida de associação : odds ratio Exposição Caso Controle Total Exposto a b a+b Não exposto c d c+d Total a+c b+d a+b+c+d Casos expostos = a Casos não expostos = c Controles expostos = b Controles não expostos =d Total de casos= a+c Total controles= b+d Total de expostos = a+b Total de não expostos c+d Razão de odds = OR = a.d b.c Razão de Odds casos/controles = a c b d = a.d b.c Razão de produtos cruzados OR ( Odds ratio) = a.d b.c = Quando o eventoé raro pode-se utilizar a odds ratio como uma estimativa de risco relativo OR=1 não há associação entre exposição(fator de risco) e desfecho (doença) OR>1 indica risco, ou seja a presença da exposição contribui para a ocorrência da doença OR<1 indica proteção, ou seja a presença da exposição protege é um fator protetor para a ocorrência da doença Exemplo: Em determinada comunidade suspeita-se que a elevada prevalência de deficiência mental possa estar associada a infecção por Toxoplasma gondii. Nesta comunidade as gestantes foram atendidas em um serviço de pré-natal e realizaram exames de sangue para identificar a possivel presença do agente. Foram estudadas 300 crianças com deficiência mental e 300 crianças sem deficiência mental. Foram recuperados os exames de sangue para detecção de T. gondii. das mães destas crianças realizados no pré-natal. Esses resultados encontram- se na tabela 1. Casos = crianças com deficiência mental Controles = crianças sem deficiência mental Exposição de interesse – sorologia positiva T. gondii. Exposição Sorologia T. gondii Caso Deficiência mental Controle Não deficiência mental Total Exposto (sorologia positiva) 45 (a) 15 (b) 60 (a+b) Não exposto (sorologia negativa) 255 (c) 285 (d) 540 (c+d) Total 300 (a+c) 300 (b+d) 600 (a+b+c+d) Casos expostos = a = 45 Casos não expostos = c = 255 Controles expostos = b = 15 Controles não expostos = d = 285 Casos = a+c = 300 Controles = b+d = 300 Razão de odds = OR = a x d b x c = 45 x 285 15 x 255 = 12.825 3.825 3,35 = Fontes de obtenção de dados para estudos de caso-controle: 1- dados secundários: prontuários médicos, Declaração de Óbito, Nascido vivo, fichas de investigação- SINAN, sorotecas, etc 2- dados primários – entrevistas – questionários, obtenção de material biológico Os estudos analíticos trabalham com diversas variáveis das diferentes dimensões da doença. Variável de confusão - está associada à exposição e ao desfecho exposição desfecho variável confusão Exemplo: Variável de confusão- está associada à exposição e ao desfecho Ganho de peso Doença coronária idade Para identificar a variável de confusão é necessário ter uma hipótese sobre o caminho causal da doença. Peso ao nascer Óbito neonatal Tipo de parto Exemplo: Estudo sobre fatores de risco mortalidade neonatal Desfecho = óbitos neonatais Casos = óbitos neonatais Controles = amostra sobreviventes da mesma população dos casos. Exposição de interesse – presença de anomalia congênita Variáveis caso controle ORb p CI 95% Sangramento Não 142 307 1.0 Sim 22 6 7.9 <0.01 3.1-20.5 Hipertensão durante gestação Não 110 291 1.0 Sim 54 22 6.5 <0.01 3.7-11.6 Adequação Pré-natal Adequado 57 208 1.0 Não adequado 98 101 3.5 <0.01 2.3-5.4 Não fez 9 4 8.2 <0.01 2.4-28.7 Diabetes Não 152 309 1.0 Sim 7 1 14.2 0.01 1.7-119.8 ignorado 5 3 3.4 0.08 0.8-22.3 Tabela 3 - Casos (óbitos fetais) e controles: odds ratio Bloco 3. Condições da mãe durante gravidez Estudo Seccional, Transversal ou Prevalência É aquele que mede do suposto determinante e o respectivo efeito, num dado momento, sem levar em conta os acontecimentos, do passado. ÁREA A (fator Y) ÁREA B DOENÇA Z PA= Prevalência em A PB= Prevalência em B RP= Razão de Prevalência DP= Diferença de Prevalência Associação do fator Y e a doença Z RP= PA/PB Prevalência motivada exclusivamente pelo fator suspeito DP= PA – PB Fator e Efeito são observados num mesmo momento histórico. Portanto podemos dizer simplesmente a existência ou não de ASSOCIAÇÂO e não causalidade. Vantagens: -Baixo Custos; -Boa memória do entrevistado; -Rapidez na obtenção dos resultados; -Adequado para descrever situação de saúde; -Não há seguimento. Desvantagens: -Causa e efeito no mesmo tempo; -Não se conhece o passado da atuação do fator; -Pode indicar a existência ou não de associação e não de causalidade; -Doente com evolução rápida. Estudo Ecológico -Unidade de informação é o grupo -Interação entre fator e doença em unidades ambientais (municípios, bairro, vila) -Testar hipótese sobre fatores ambientais FALÁCIA ECOLÓGICA – Aceitar como verdadeira a inferência para o nível individual de algum fenômeno tido como válido para os grupos em estudo (Morgenstern, 1982). Exemplo: Proporção de fumantes X Câncer de esôfago Religião X Suicídio Fator Doente Não Doente Total Exposto a(?) b(?) a+b Não Exposto c(?) d(?) c+d Total a+c b+d Vantagem: - Baixo Custo; - Rápida Execução; - Medir a exposição para grande número de indivíduos; - Mensurar um efeito ecológico (implantação de um novo programa de saúde – melhoria das condições de saúde) EXERCÍCIOS Epidemia de Dengue em São José do Rio Preto, Estado de São Paulo Exercício preparado com base em dados reais e publicados: Paulo da Costa, A. I & Natal, D. Rev. Saúde Pública, 32(3), 1998 Uma epidemia de dengue pelo sorotipo I ocorreu em São José do Rio Preto durante o primeiro semestre de 1995. Para o cálculo do Coeficiente de Incidência (CI) foram considerados os casos de dengue confirmados e notificados no referido período. A estimativa do CI geral para a cidade, no período de estudo foi de 40,42 casos / 10.000 hab. Admitindo-se que a doença não atingia de forma homogênea toda a cidade, devido a existência de diferenças internas quanto à incidência, os pesquisadores, com base em informações disponíveis no IBGE, dividiram a cidade em unidades ambientais, levando-se em consideração variáveis socioeconômicas (distribuição de renda e nível educacional) e aspectos da paisagem. Como resultado, a cidade passou a ser focalizada segundo as três unidades dispostas as seguir: Unidade 1. Compõe-se de setores cujos moradores possuem renda mais elevada e maior nível de escolaridade e habitações de alto padrão, localizadas em quadras grandes, pouco adensadas. Os setores pertencentes a essa unidade agrupam-se todos ao longo de uma faixa que se estende do centro em direção ao sudoeste. Unidade 2. É classificada entre as outras duas onde há predominância de renda intermediária e nível médio de escolaridade. Os setores pertencentes a essa unidade são ocupados por residências cujo padrão de construção vai desde casas simples, mas relativamente bem acabadas até aquelas maiores e mais sofisticadas, mas sem o grau de sofisticação encontrado nas residências da Unidade 1. Unidade 3. É composta por setores ocupados por moradores de baixa renda e baixo nível de escolaridade. As habitações localizadas nesses setores obedecem a um padrão de construção de acabamento bem simples, sendo em geral compostas por poucos cômodos e situam-se em quadras pequenas bastante adensadas. As incidências da doença distribuídas segundo as diferentes unidades ambientais estão mostradas na Tabela 1: Tabela 1. Coeficientes de Incidência de dengue, segundo unidades ambientais, em São José do Rio Preto, no primeiro semestre de 1995. (*) Casos confirmados de dengue (**) Estimativa populacional para 1994, segundo SEADE Unidades Casos de dengue (*) População total(**) Coef. Inc. p/ 10 000 hab. 1 38 28200 13,48 2 220 103595 21,24 3 948 166571 56,91 Total 1206 298366 40.42 •Pereira MG - Epidemiologia – teoria e prática. Guanabara/Koogan. Rio de Janeiro.1999 •Fletcher RH e cols- Epidemiologia Clinica. Artes Médicas.Porto Alegre.1989 •Medronho R e cols-Epidemiologia. Atheneu.Rio de Janeiro. 2002 •Gordis L- Epidemiologia 2ºed Revinter, Rio de Janeiro.2004
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