Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOS SOLOS UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NORTE – RS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL DISCIPLINA DE SOLOS FLORESTAIS - EFL 2061 1° SEMESTRE DE 2014 1 2 Solos são corpos naturais, ocupando porções na superfície terrestre, suportando plantas e as edificações do homem. Apresentam propriedades resultantes da atuação integrada do clima e dos organismos, sobre o material de origem, condicionado pelo relevo, durante um período de tempo. 3 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO • Atuam em condições ambientais específicas, originando solos com características bem definidas. • São úteis para entender as feições do solo, identificá- los e classificá-los. • São processos que levam à constituição dos horizontes e/ou camadas particulares a cada situação ambiental. 4 5 Representação esquemática do solo como um sistema aberto 6 Perfil de solo • Para os trabalhos de campo, utiliza-se a observação de um corte vertical no solo, chamado PERFIL. • Ao se observar o perfil, nota-se que existem zonas de diferenciação mais ou menos paralelas à superfície; • Estas zonas são importantes por quê?: – indicam os processos que formaram o solo; – Indicam características que afetam o funcionamento e uso do solo. Estas zonas podem ser Camadas ou Horizontes do solo. 7 Principais horizontes Pedogenéticos e camadas do solo O – Essencialmente orgânico em diversos graus de decomposição. Ocorre sobre um horizonte mineral e em condições de boa drenagem. H - Ocorre sobre um horizonte mineral e em condições de má drenagem. A – Horizonte mineral superficial ou logo abaixo O ou H. E – Horizonte logo abaixo do horizonte A. Apresenta cores claras e textura mais arenosa. B – É um horizonte abaixo de um horizonte A ou E e que sofreu intensa transformação pedogenética. C – É um horizonte abaixo do horizonte B ou abaixo do A. Pouco influenciado pelos processos pedogenéticos. R – Camada corresponde ao substrato rochoso Horizontes de transição: AB ou A/B 8 Características especiais: Sufixos que identificam determinados processos. Ex.: c – concreções ou nódulos endurecidos (A, E, B e C) g – glei (A, E, B e C) i – desenvolvimento incipiente do Hz B (B) o – material orgânico não decomposto (O ou H) r – rocha branda ou saprólito (C) t – acumulação iluvial de argila (B) v – características vérticas (B e C) w – intenso intemperismo (B) 9 Solos sem horizonte B • Solos Litólicos (Neossolo Litólico) • Solos Aluviais (Neossolo Flúvico) • Solos Hidromórficos (Organossolo e Gleissolos) • Vertissolos (Vertissolo) • Solos Salinos (Gleissolo Sálico) • Regossolos (Neossolo Regoítico) • Areias Quartzosas (Neossolo Quartzarênico) 10 ............ 11 12 13 14 15 16 17 TRANSFORMAÇÃO Mudança de natureza química ou mineralógica A R A Bi C A Bw Minerais Primários Augita Feldspatos Minerais Secundários Montmorilonita Caulinita Óxidos 18 19 20 21 As argilas silicatadas do solo são compostas pelo empilhamento de lâminas de tetraedros com lâminas de octaedros 22 Ex.: ilita, esmectita, vermiculita 23 24 25 -O-Si-O-Si-O- -O-Si-O-Si-O- -O-Al-O-Al-O- -O-Si-O-Si-O- -O-Al-O-Al-O- -O-Al-O-Al-O- Silicatos Primários de Al Intensidade do intemperismo Esmectitas Óxidos Caulinita Esquema geral da formação dos argilominerais e óxidos Lixiviação de Bases e Si Profundidade do Solo, Porosidade Fixação de P Aumenta CTC, Fertilidade Teor de Silte Resistência a erosão Minerais primários Diminui Feldspatos, micas ... 26 27 28 29 30 t – acumulação iluvial de argila (B) 31 TRANSLOCAÇÃO Argila Matéria orgânica Compostos solúveis íons Argissolo A E Bt Argila 32 33 34 35 Ilustração do processo de translocação 36 37 PERDA ou REMOÇÃO Exportação Erosão Lixiviação Bases e Si A Bw Latossolo Lixiviação 38 39 40 Latossolo Vermelho com alto teor de ferro Santo Ângelo, RS (antigos Latossolos Roxos) 41 42 43 44 1- LATOLIZAÇÃO OU FERRALITIZAÇÃO Rocha A Bw 2- Processos Específicos Regiões Campos de Cima da Serra, Planalto e Missões do RS. Brasil Central, África Central, Austrália Solos resultantes: Latossolos e Nitossolos 45 Condições para a LATOLIZAÇÃO Clima quente e úmido (Fator Clima) Relevo suave ondulado a plano (Fator Relevo) Organismos aeróbicos (Fator Organismos) Longo tempo de intemperização (Fator Tempo) Intensa lixiviação de cátions e Si 46 47 Fonte: FAO- http://www.fao.org/landandwater/agll/wrb/wrbmaps/htm/domsoi.htm Ocorrência do processo de LATOLIZAÇÃO Correspondem a 5,93 % (Ferralsols) 48 49 50 51 Formação do B latossólico • Características: – Enriquecidos de óxidos de Fe, Al; – Empobrecimento em sílica; – Empobrecimento em bases; 52 Formação do B latossólico • Dificuldades de estudo: – Se originam das mais diferentes rochas; – Como são antigos, a morfologia atual pode não corresponder ao processo atual; – Como são antigos, podem ser poligenéticos; 53 54 55 56 2- PODZOLIZAÇÃO A E Bt Translocação de material do horizonte A e E para o B a) Translocação de argila no perfil Perda no A e E (Eluviação) Ganho no B (Iluviação) – B textural b) Translocação de MO e compostos de Fe e Al Perda no A e E Ganho no B – B Espódico (B podzol) Hz de perda material = Hz ELUVIAL (A ou E) cores claras e textura mais arenosa Hz de ganho material = Hz ILUVIAL (Bt) mais argilosos e menos permeável 57 Condições para a PODZOLIZAÇÃO a) Formação do B espódico De modo geral Regiões frias e vegetação de coníferas Decomposição material orgânico Acidez: solubilização do Al e Fe (deslocamento) No Brasil (regiões mais quentes) Litoral Pantanal (Leque do Taquari) Bacia do Rio Negro (AM e RR) Exemplos de Classes de Solos ESPODOSSOLOS CÁRBICOS e ESPODOSSOLOS FERROCÁRBICOS Correspondem a 1,58% do território brasileiro (GeoBrasil, 2002) 58 Condições para a PODZOLIZAÇÃO b) Formação do B textural De modo geral Médio a longo tempo de intemperização Clima quente e úmido Relevo suave a ondulado Presença de argila dispersa 59 60 61 62 Formação do B textural • Processo 1: – Translocação de argila do A e/ou E para o B • Dispersão • Transporte • Deposição • Indicadores: –Filmes de argila –Razão argila fina / argila total –Micromorfologia 63 Formação do B textural • Processo 2: – Formação de argila a partir de elementos (Al, Si, Fe, etc.) vindos do intemperismo do A e/ou E. • Argilas se formam in situ, não foram transportadas 64 Formação do B textural • Processo 3: – Mais argila se forma no horizonte B que nos outros Hz acima. • Não há contribuição de elementosvindos do A ou E; • Diferenças no material de origem ou na taxa de intemperismo. 65 Formação do B textural • Processo 4 – Deposição de material menos argiloso no topo, vindo a formar o A e/ou o E. • Processo 5 – Destruição de argila no A e E por ferrólise. 66 67 68 69 70 71 3-GLEIZAÇÃO Ambiente de redução (saturação por água) Desaparece o O2 Condições aeróbicas Decomposição microbiológica C-C-C-C-C CO2 O2 e- Fe3+ Mn4+ Condições anaeróbicas C-C-C-C-C Fe2+ Mn2+ e- Compostos carbonados mais simples Acumulação São solúveis: deslocados para fora do perfil A Cg Origina solos acinzentados, azulados e esverdeados 72 Exemplos de Classes de Solos no Br GLEISSOLOS: 3,66 % do território brasileiro (GeoBrasil, 2002) PLANOSSOLOS HIDROMÓRFICOS VERTISSOLOS HIDROMÓRFICOS 73 74 75 4-LATERIZAÇÃO Lembra Laterita =Tijolo Hidrólise e Liberação do Fe Transporte e acumulação Fe2++ O2 Fe 3+ Oxidação Mosqueados Plintita Petroplintita (laterita) Exemplos de Classe de Solos PLINTOSSOLOS LATOSSOLOS AMARELOS Coesos petroplinticos c Fe2+ Rocha rica em Fe 76 77 78 79 5-CALCIFICAÇÃO ou Carbonatação Lembra Carbonato de Cálcio (CaCO3) Deslocamento de CaCO3 no perfil e sua acumulação. Condições: Precipitação não suficiente para remover os carbonatos Acúmulo de matéria orgânica (pode formar A chenozênico) São solos com caráter carbonático (horizonte cálcico) Classes de Solos CHERNOSSOLO EBÂNICO Carbonático PLANOSSOLO NÁTRICO Carbonático 80 81 82 Stalactite formada pela precipitação de carbonato de cálcio 83 84 85 7- SODIFICAÇÃO Lembra Sódio (Na) Alta saturação da CTC por Na ( 15%) Causa dispersão dos argilominerais Deslocamento no perfil e acumulação Origina: Horizonte B textural impermeável denominado de horizonte plânico com caráter sódico (B nátrico) Ocorrem em regiões com excesso de Na Classe de solo ORGONOSSOLO MÉSICOS Hêmicos sódicos VERTISSOLO HIDROMÓRFICO Sódicos PLANOSSOLO NÁTRICO (caráter sódico) 86 87 Solo com alto nível de salinização no Colorado, Estados Unidos. 88 89 90 91 OUTROS PROCESSOS PEDOGENÉTICOS • Pedoturbação: processo biológico e físico de ciclagem do material do solo, homogeneizando o solo em graus variados • Cumulização: adições eólica e hidrológica de partículas minerais na superfície do solo • Humificação: transformação do material orgânico em húmus 92 93 NEOSSOLOS NO ESTADO RIO GRANDE DO SUL Pequena expressão dos processos pedogenéticos, os quais não conduziram a modificações expressivas do material de origem que permitam a ocorrência de horizonte B diagnóstico. A R 94 - Horizonte subsuperficial (Bi) que sofreu alteração física e química em grau não muito avançado, porém suficiente para o desenvolvimento de cor e/ou produção de argila e de estrutura, distinguindo-se dos horizontes A e C; Cambissolos São solos em processo de transformação Há formação de goethita em temperaturas mais baixas favorecendo um maior acúmulo de compostos orgânicos, que complexando o ferro libera estes íons mais lentamente o que leva a precipitação de goethita 95 Podem apresentar horizontes cálcicos e sódicos indicando a ocorrência dos processos de carbonatação e sodificação. Pode ocorrer o processo de podzolização e também de gleização, com cores acinzentadas e mosqueados nas regiões mais baixas e nas mais altas nódulos e concreções. Processos de Formação dos Cambissolos 96 Nestes solos pode ocorrer os processos de formação paludização e podzolização. Podem apresentar alto conteúdo de alumínio trocável e baixa saturação por bases, indicando que estes solos sofreram também lixiviação durante seu processo de formação. O Bi A C Processos de Formação dos Cambissolos 97 Acúmulo de M. O. no horizonte superficial Hz A Chernozêmico Melanização: Acúmulo de M. O. humificada na parte mineral superficial do perfil. Processos de Formação dos Chernossolos 98 Enriquecimento biológico de cátions básicos Acúmulo de cátions básicos nos horizonte superficial no horizonte superficial decorrente da grande ciclagem e manutenção proporcionada pela vegetação O acúmulo de cátions básicos pode ainda ser favorecido pelas baixas precipitações pluviométricas. Processos de Formação dos Chernossolos 99 Translocação e adição de bicarbonatos Adição de bicarbonato de cálcio ou magnésio no perfil. Calcificação Translocação e acumulação podem ocorrer devido ao movimento do lençol freático, que possui alta concentração de bicarbonato de cálcio ou magnésio Processos de Formação dos Chernossolos 100 Transferência de argilominerais pelo perfil Movimentação de argila pelo perfil e acumulo em um horizonte inferior, proporcionando a formação de um horizonte textural . Argiluviação Este processo é caracterizado nos chernossolos por apresentarem um horizonte Bt e cerosidade. Processos de Formação dos Chernossolos 101 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOS VERTISSOLOS VERTIZAÇÃO: Processo de Formação mais importante. Capacidade de expansão e contração de argilas 2:1 expansivas; Fricção dos agregados devido a expansividade das argilas úmidas = SLICKENSIDES; Rachaduras formadas pelo secamento do solo e seu respectivo fechamento quando reumedecidos; Vertissolos no RS = ao menos 60% de esmectita (montmorilonita); 102 SLICKENSIDES: PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOS VERTISSOLOS 103 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOS VERTISSOLOS (GILGAI) 104 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOS VERTISSOLOS SILICIFICAÇÃO: Reação de hidrólise dos materiais silicatados, ocorrendo assim à precipitação de silício; Típico de ambientes com drenagem lenta ou impedida e com argilominerais 2:1; 105 PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOS VERTISSOLOS OXIDAÇÃO E REDUÇÃO: A oxidação ocorre em condições de aeração do solo; Quando o mesmo não está saturado por água e na presença do oxigênio o Fe+2 passando a Fe+3; A reação de redução ocorre quando o material está saturado com água, o suprimento de O2 é baixo e a demanda biológica pelo mesmo é alta. O Fe+3 a Fe+2. 106 - O termo argissolo deriva da presença de um horizonte subsuperficial mais argiloso no perfil. - Caracterizado pela presença de um Horizonte B textural (Bt). - Acúmulo de argila de baixa atividade, ou seja, com baixa (CTC) (OLIVEIRA, 2004). PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOS ARGISSOLOS 107 Horizonte Bt - Localizado abaixo do Horizonte A ou E, ou exposto na superfície, devido à erosão. - A argila pode ser orientada ou não, e sua concentração pode ser decorrente de processos: A Bt PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOS ARGISSOLOS 108 Processos de formação dos Planossolos - As formas reduzidas de ferro presentes nas rochas e na matriz do solo de ambientes anóxicos podem sofrer oxidação em contato com oxigênio; - Ambientes mais oxidados estão associados principalmente à formação dos Planossolos Háplicos. - Manchas avermelhadas e/ ou amareladas (mosqueados)e uma cor de fundo cinzenta. Oxidação do ferro 109 - A Gleização é um processo típico de ambiente com condições de redução, o que ocorre quando há saturação por água a maior parte do tempo; - A redução do ferro oxidado confere mobilidade ao elemento, resultando na sua percolação e formação de um horizonte glei nos solos, caracterizado pela sua coloração acinzentada. Gleização e redução do ferro A presença desse horizonte é característica distintiva para Planossolos Hidromórficos. Processos de formação dos Planossolos 110 Cimentação de horizontes - Nos horizontes de menor permeabilidade, ocorre o acúmulo desses materiais, formando uma camada de cimentação denominada de duripã, a qual ocorre no horizonte B (Btm) ou C (Cm) Sodificação - O processo de sodificação consiste na saturação por cátions de sódio. Processos de formação dos Planossolos A Bt E 111 Latolização Processo especiais: REMOÇÃO ADIÇÃO TRANSLOCAÇÃO TRANSFORMAÇÃO sais solúveis de Ca, Mg, Na e K minerais silicatados óxidos de Fe e hidróxido Al matéria orgânica (pouca) Pouco importante (material de origem na última etapa de decomposição) Pouco importante (quelatos da M.O. já foram lixiviados) Processos de formação dos Latossolos 112 113 DISCIPLINA DE SOLOS FLORESTAIS - EFL 2061 1° SEMESTRE DE 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NORTE – RS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL 114
Compartilhar