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MATEMATICA APLICADA A NEGO´CIOS 4, 1–?? (2010) Ca´lculo Ca´lculo Diferencial e Integral I LIMITES FUNDAMENTAL Jair Silve´rio dos Santos* TEOREMA DO SANDUICHE Teorema 0.1. Dadas f, g, h : A ⊂ R→ func¸o˜es e x0 ponto de acumulac¸a˜o de A. (i) Suponha existe � > 0 tal que para cada x ∈ (x0 − �;x0 + �) tem-se f(x) ≤ h(x) ≤ g(x). (ii) Suponha que lim x→x0 f(x) = L e lim x→x0 g(x) = L, onde L e´ um nu´mero real. Enta˜o lim x→x0 h(x) = L. Exemplo 0.1. Seja h : A ⊂ R→ R func¸a˜o dada por h(x) = x sen ( 1 x ), e x0 = 0. Calcule lim x→0 h(x). Note que, −x ≤ x sen ( 1 x ) ≤ x, enta˜ tome f(x) = −x e g(x) = x e teremos f(x) ≤ h(x) ≤ g(x) para todo x ∈ R. Como limx→0−x = 0 = limx→0 x, o Teorema 0.1 nos garante que limx→0 sen ( 1 x ) = 0. Primeiro Limite Fundamental Provemos que lim x→0 senx x = 1. Consideremos o arco de circunfereˆncia de raio um AOC na Figura abaixo. Considere tambe´m o setor circular AOC e os triaˆngulos BOC e AOG cujas as a´reas sa˜o representasdas por ∇s, ∇B e ∇G respectiva- mente. O A G C B 6 - E´ fa´cil ver que ∇B ≤ ∇s ≤ ∇G. Vamos denotar a medida do arco AC por x, e observar que a medida dos segmentos de reta OA, OB, BC, e AG sa˜o um, cosx, senx e senx cosx respectivamente. Com estes valores em mentevemos que estas a´reas satisfazem 1 MATEMA´TICA & NEGO´CIOS DFM-FFCLRP-USP. 2 SANTOS, J. S. 1 2 (sen x cosx) ≤ x 2 ≤ 1 2 senx cosx ou seja senx cosx ≤ x ≤ senx cosx . Invertendo todas as frac¸o˜es teremos 1 senx cosx ≥ 1 x ≥ cosx senx . Multiplicando todos os membros das inequac¸o˜es acima por senx (veja que senx > 0) teremos 1 cosx ≥ senx x ≥ cosx. Agora estamos em condic¸o˜es de nos valer do Teorema 0.1 com as func¸o˜es f(x) = 1 cosx , g(x) = cosx e h(x) = senx x . Como lim x→0+ f(x) = lim x→0+ 1 cosx = 1 e lim x→0+ g(x) = lim x→0+ cosx = 1, o Teorema 0.1 nos asegura que lim x→0+ h(x) = lim x→0+ senx x = 1. Note que todos os ca´lculos acima podem ser desenvolvidos para x pro´ximo de zero, mas pela esquerda de zero, o que nos faz ver que lim x→0− h(x) = lim x→0− senx x = 1. Como os limites pela esquerda e pela direita de zero existem e sa˜o iguais, teremos lim x→0 senx x = 1. Exemplo 0.2. Vamos calcular lim x→0 1− cos x . Veja que a frac¸a˜o dentro do limite pode ser escrita como 1− cos x = 1− cos x · 1 + cosx 1 + cosx = 1− cos2 x x[1 + cosx] = senx x · senx · 1 [1 + cosx] . Veja que lim x→0 senx x = 1 (limite fundamental), lim x→0 senx = 0 e lim x→0 1 1 + cosx = 1. Enta˜o temos lim x→0 1− cos x = lim x→0 senx x · senx · 1 [1 + cosx] = 1 · 0 · 1 = 0. (i) Calcule (i) lim x→0 sen 3x x ; (ii) lim x→0 senx pix ; (iii) lim x→0 sen 3x sen 5x ; (iv) lim x→0 sen 211x 5x . (ii) Tome f(x) = cosx e calcule lim h→0 f(a+ h)− f(a) h (iii) (i) Calcule lim x→1 senpix x− 1 . (ii) limx→0 sen 17x senpix ; OUTROS EXERCI´ CIOS MATEMA´TICA & NEGOCIOS DFM-FFCLRP-USP. PRIMEIRO LIMITE FUNDAMENTAL 3 (iv) a - Calcule lim x→−∞ 2x2 − x− 3 x3 − 2x2 − x+ 2. b - Seja f : R → R dada por f(x) = x 15 . Se a for um nu´mero real fixo na˜o nulo, calcule f(x)− f(a) x− a . Em seguida calcule lim x→a(ax) − 15 f(x)− f(a) x− a . (v) Calcule os limites abaixo : (i) lim x→0 5 √ 3 + x2 x3 ; (ii) lim x→−1 2x2 − x− 3 x3 − 2x2 − x+ 2; (use o item (i) exerc´ıcio 3). (vi) Encontre em R o conjunto soluc¸a˜o para as inequac¸o˜es abaixo : (a) 2x2 − x− 3 x3 − 2x2 − x+ 2 ≥ 0; (b) 3 9− x ≤ 2 x+ 2 ; (c) Seja f : A ⊂ R→ R dada por f(x) = √|2x− 1| − |x+ 1|. Descreva o conjunto A. (vii) a Calcule as ass´ıntotas horizontais e verticais de f(x) = x2 − 4 x3 + 8 , b Como sabemos da definic¸a˜o de limite que lim x→2 x2 + 2x − 1 = 7 se dado � > 0 existir δ > 0 tal que, se dist(x; 2) < δ, enta˜o dist(f(x), 7) < �. Dado � = 10−4, encontre algum δ > 0 adequado que satisfac¸a a definic¸a˜o de limite. Segundo Limite Fundamental • Primeiramente vamos mostrar que se n for um nu´mero natural maior que dois enta˜o [ 1 + 1 n ]n ≥ 2 se n ≥ 2. Usando o binoˆmio de Newton, vemos facilmente que[ 1 + 1 n ]n = n∑ i=0 ( n i ) 1n−i ( 1 n )i = ( n 0 ) 1n−0 ( 1 n )0 + ( n 1 ) 1n−1 ( 1 n )1 + n∑ i=2 ( n i ) 1n−i ( 1 n )i , mas veja que 1n−0 ( 1 n )0 = 1 = ( n 1 ) 1n−1 ( 1 n )1 . Enta˜o 1n−0 ( 1 n )0 + ( n 1 ) 1n−1 ( 1 n )1 = 1 + 1 = 2, ainda note que n∑ i=2 ( n i ) 1n−i ( 1 n )i > 0, pois todas as suas parcelas sa˜o positivas. Portanto, se n ≥ 2 teremos [ 1 + 1 n ]n ≥ 2. Proposic¸a˜o 0.1. Se e for o nu´mero irracional neperiano cujo valor aproximado e´ 2, 718281828459..., enta˜o lim t→+∞ [ 1 + 1 t ]t = e = lim t→−∞ [ 1 + 1 t ]t . MATEMA´TICA & NEGO´CIOS DFM-FFCLRP-USP. 4 SANTOS, J. S. A prova da Proposic¸a˜o 0.1 envolve o conceito de Se´ries de nume´ricas e sera´ omitida, mas faremos alumas observac¸o˜es sobre este assunto. Fac¸a t ∈ N, (t assumir apenas nu´meros Naturais). Neste caso e´ fa´cil ver que Vamos provar que lim s→0 [ 1 + s ]1 s = e. (0.1) Fazendo t = 1 s , teremos que s→ +∞ se t→ 0+, enta˜o lim s→0+ [ 1 + s ]1 s = lim t→∞ [ 1 + 1 t ]t Prop 1 = e. Ainda teremos que s→ −∞ se t→ 0−, enta˜o lim s→0− [ 1 + s ]1 s = lim t→−∞ [ 1 + 1 t ]t Prop = e. Como os limites laterais sa˜o iguais, teremos lim s→0 [ 1 + s ]1 s = e. PROBLEMA DE JURO SIMPLES Suponha que voce investiu um quantidade P0 de capital a uma taxa de juros de 6% ao ano. Enta˜o uma conta simples mostra que ao final do primeiro per´ıodo, o Principal P (valor atualizado), sera´ dado por: P = P0(1 + 0.06) se o juro for composto anualmente ao capital inicial P0. P = P0 ( 1 + 0.06 2 )2 se o juro for composto semestralmente ao capital inicial P0. P = P0 ( 1 + 0.06 3 )3 se o juro for composto quadrimestralmente ao capital inicial P0. P = P0 ( 1 + 0.06 4 )4 se o juro for composto trimestralmente ao capital inicial P0. ... ... ... ... ... ... P = P0 ( 1 + 0.06 12 )12 se o juro for composto mensalmente ao capital inicial P0. (0.2) Pode-se ver facilmente que se a taxa anual de juros for um nu´mero real r, 0 < r < 1, e o Principal for composto m vezes ao ano (m ∈ N), ao final de n anos (n ∈ N) sera´ dado por: Pn(m) = P0 [( 1 + r m )m]n (0.3) Enta˜o, Principal e´ uma func¸a˜o que relaciona o conjunto dos nu´meros naturais com o conjunto do nu´meros reais sob a luz da igualdade (0.3). Observe que no sentido acima a acumulac¸a˜o de capital, em verdade, e´ uma maneira de dois conjuntos N e R trocarem informac¸o˜es de acordo com a expressa˜o (0.3). Podemos ver facilmente que [( 1 + r m )m]n = [( 1 + r m )rmr ]n = ( 1 + r m )m r ]nr (0.4) MATEMA´TICA & NEGOCIOS DFM-FFCLRP-USP. PRIMEIRO LIMITE FUNDAMENTAL 5 Enta˜o, lim m→∞Pn(m) = P0 limm→∞ [( 1 + r m )m]n = P0 lim m→∞ [( 1 + r m )rmr ]n = P0 lim m→∞ [( 1 + r m )m r ]nr = P0 [ lim m→∞ ( 1 + r m )m r ]nr = P0ern (0.5) Apo´s n anos se o Principal for corrigido infinitas vezes a cada ano, teremos P (n) = P0ern. Substituindo n por t teremos P (t) = P0ert. (0.6) Portanto, ao findar um per´ıodo de tempo t a quantidade de capital P0, quando composta instantaneamente ou continuamente a uma taxa de juros r por cento ao ano, sera´ dada por P (t) = P0ert. (0.7) Exemplo 0.3. Quanto tempo sera´ necessa´rio para queQ0 = 1, 00 unidades de moeda dobre o valor nominal quando aplicado em uma carteira a` taxa de juros 4% ao nao? Resoluc¸a˜o Segue de (0.7) que P (t) = P0e0,04t ou seja queremos saber para qual valor t0 teremos P (t0) = 2P0. Isto e´ P0e0,04t0 = 2P0. O valor de t0 deve satisfazer e0,04t0 = 2. Calculando o logar´ıtmo m neperiano em amos os membros teremos. 0, 04t0 = ln 2. Um ca´lculo relativamente simples nos mostra que t0 = 17 anos e quatro meses, aproximadamente. Sabemos da teoria de limite que dadas f, g : [a, b]→ R tais que f e´ uma func¸a˜o cont´ınua em g(x0) ∈ [a, b] e existe lim x→x0 g(x) = L ∈ R, ena˜o lim x→x0 f(g(x)) = f ( lim x→x0 g(x) ) = f(L). Note que este resultado e´ u´til para se calcular o limite abaixo: lim x→0 ln [ 1 + x ] 1 x = ln [ lim x→0 ( 1 + x ) 1 x ] = ln e = 1. (0.8) Proposic¸a˜o 0.2. Seja a ∈ R tal que 0 < a 6= 1, enta˜o lim x→0 ax − 1 x = ln a. Prova : Fazendo t = ax − 1, teremos ax = t+ 1. Calculando Logaritmo Nepariano em ambos os membros teremos ln ax = ln(t+ 1), enta˜o x ln a = ln(t+ 1), portanto x = ln(t+ 1) ln a . E´ fa´cil ver que se x→ 0 (x 6= 0) enta˜o t→ 0 (t 6= 0), Assim teremos lim x→0 ax − 1 x = lim x→0 t ln(t+ 1) ln a = ln a lim x→0 1 ln(t+ 1) t = ln a. lim x→0 1 lim x→0 ln(t+ 1) t ver(0.8) = ln a Exerc´ıcios Use a teoria acima e calcule os limites abaixo: MATEMA´TICA & NEGO´CIOS DFM-FFCLRP-USP. 6 SANTOS, J. S. (a) lim x→0 ax − bx x a, b ∈ R tal que 0 < a, b 6= 1, (b) lim n→∞ ( 1 + 1 n )n+5 . (c) lim x→∞ ( 1 + 2 x )x , ( d) lim x→∞ ( x x+ 1 )x , (5) lim n→∞ (2n+ 3 2n+ 1 )n . ? Outros Exerc´ıcios. Calcule (a) lim x→0 sin(9x) x , (b) lim x→0 sin(10x) sin(9x) , (c) lim x→0 1− cosx x2 , (d) (1) lim x→0 sin3 x2 x3 . EXERCI´CIOS (i) Quanto tempo sera´ necessa´rio ara que Q0 = 1, 00 unidades de moeda dobre o valor nominal quando aplicada em uma carteira a uma taxa de juros 5% ao nao? Rep. 13, 86 anos. (ii) Quanto tempo sera´ necessa´rio ara que Q0 unidades de moeda dobre o valor nominal quando aplicada em uma carteira a` taxa de juros 3% ao nao? (iii) Quanto tempo sera´ necessa´rio ara que Q0 unidades de moeda dobre o valor nominal quando aplicada em uma carteira a` taxa de juros 7% ao nao? (iv) Qual sera´ a taxa r de juros ao ano, para que Q0 unidades de moeda aplicada em uma carteira dobre o seu valor nominal em 12 meses? Rep. r = 5.78%. DERIVADA FUNC¸A˜O EXPONENCIAL E LOGARI´TMICA Agora, se a ∈ R, a > 0 e a 6= 1, podemos calcular facilmente a derivada das func¸o˜es que f(x) = ax para todo x ∈ R e g(x) = log a x para todo x > 0 . Denomine f ′(x) o seguinte Limite: f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x) h = lim h→0 a(x+h) − ax h = lim h→0 ax [ah − 1 h ] = ax lim h→0 [ah − 1 h ] Veja que a Proposic¸a˜o 0.2 nos diz que lim h→0 [ah − 1 h ] = lna. Portanto, f ′(x) = ax.lna. Denomine g′(x) o seguinte Limite: g′(x) = lim h→0 g(x+ h)− g(x) h = lim h→0 1 h [ log a (x+ h)− log a x ] = lim h→0 1 h [ log a (x+ h) x ] = lim h→0 log a [ 1 + h x ] 1 h = lim h→0 log a [ 1 + h x ] x h · 1x = 1 x · lim h→0 log a [ 1 + h x ] x h (fac¸a s=hx )= 1 x · lim s→0 log a [ 1 + s ] 1 s (ver (0.1)) = 1 x log a e Portanto g′(x) = 1 x · lna . MATEMA´TICA & NEGOCIOS DFM-FFCLRP-USP.
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