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Caderno de Filosofia do Direito

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Filosofia do Direito – Profº José de Resende Junior
07.20.2017
Filosofia – Ela nasce +/- 2.500 anos atrás. E significa philos (atração) + sophia (sabedoria). Atribui-se à Pitágoras a criação dessa palavra, que foi o primeiro a juntar essa palavra e se dizer um filósofo.
Teoria – entender as coisas através da razão.
Texto para a próxima aula: Do mito à filosofia
09.02.2017
O surgimento da filosofia
-Passagem: 
 
Teoria
Mito
Logos
Filosofia
Teoria: Ver as coisas através da razão, nós percebemos o mundo ao nosso redor através dos sentidos (visão, audição, olfato) mas segundo os gregos, nós teríamos um outro canal que é a razão, que através dela teríamos uma percepção racional das coisas.
Logos: é a linguagem produto da teoria, é a linguagem que é produzida por essa nova forma de se colocar diante do mundo, e é isso que dá origem a filosofia
-Fatores geográficos entre o ocidente e o oriente, econômicos, políticos, sociais e religiosos procuram explicar o surgimento da filosofia no século VI a. C. na Grécia.
-Ocorrem disputas políticas entre os séc. VIII e V a. C.
aristocracia hereditária x comerciantes x pobres
Os reis que governavam as cidades e quando morriam eram seus filhos que assumiam, porém eram os comerciantes que produziam as riquezas e não a nobreza, então eles começaram a se incomodar e fizeram pressão para também participarem do poder e em algumas cidades os trabalhadores também. Essa disputa está intimamente ligada ao desenvolvimento da democracia e ela vai correr em paralelo com o desenvolvimento da filosofia.
-Desenvolvimento da democracia (séc. V a.C.)
Os pilares da democracia grega eram:
isonomia – nomia vem de nomus que é lei positiva e Iso é igual, então isonomia é a lei igual para todos, trata todo cidadão do mesmo modo. 
isegoria – goria tem a ver com voz, com palavra, então todo cidadão tem direito de manifestar suas vontades.
isocracia – cracia é governo. Todo cidadão tem direito de governar diretamente independente de representantes.
-Ágora (praça, sede da democracia) - acesso à palavra, regra do livre convencimento (não importa quem era a pessoa e sim a consistência dos argumentos)
sacerdotes (mitos - religião oral, produção de histórias) 
 x
trabalhadores (técnica - racionalização da religião) 
-Hesíodo – Era um fazendeiro que tinha conhecimentos práticos. Ele ainda não tinha teoria então cria o poema Teogonismo, também conhecido como "A origem dos Deuses" ele tentou organizar a religião grega
-Prometeu e o mito da criação do homem
 O roubo do fogo sagrado
 “Nomos” como instrumento de cultivo do fogo
Nomos - lei positiva que estrutura a organização da polis. Para os gregos sem lei não há ser humano, sem uma estrutura política organizada o ser humano não se desenvolve.
-Princípio da legalidade: governo da lei e não da vontade arbitrária dos deuses ou reis, inclusive aqueles que governavam deviam estar submetidos à lei.
A lei (nomos) passa a ser vista como forma de liberdade e não como instrumento de dominação, a lei é o que possibilita o homem de ser livre.
14.02.2017
A filosofia do direito pré-socrático
-dike (grego - justiça) x ius (romanos - tradução vinculado à visão de valor) x de recto (surge concomitantemente ao ius)
Cosmologia
Onto (ser) + logia (estudo)
Dikailogia - ciência que estuda a justiça
Jusnaturalismo Cosmológico - todo jusnaturalista acredita que há um padrão objetivo do que é justiça
A 1ª coisa que os gregos vão fazer com a teoria foi tentar explicar a natureza. Todas essas primeiras teorias pré-socráticas vão ter uma forma de cosmologias (cosmo=mundo; logia-logos; lógica do cosmo). Essas investigações vão se desenvolver prioritariamente na forma de ontologias (onto=ser; logia= estudo, ciência; estudo do ser), então eles tentaram descobrir qual a essência que explicaria todas as modificações, transformações do mundo.
Nesse desenvolvimento da cosmologia, vai se desenvolver também uma dikaiologia(dike=justiça)
Todos os pré-socráticos podem ser classificados como “jusnaturalistas” (essa palavra ainda não existia na época, surgiu em Roma). Todos eles acreditam que a noção de justiça, que dike é natural, ou seja, justiça não seria uma convenção, criação arbitrária do homem, mas sim que, o que é justo, é justo por natureza, e a função do homem seria apenas descobrir isso.
A 1ª forma de tratar teoricamente de direito na humanidade filosófica/ teórica é através de teorias jusnaturalistas (Nesse período direito e justiça são vistos como a mesma coisa)
As escolas pré-socráticas vão se desenvolver de modo +/- autônomo em lugares diferentes da Grécia, principalmente na Grécia Menor e na Magna Grécia.
Jônicos (Ásia menor) 
-Tales de Mileto – água: Foi o 1º filósofo, e tudo o que se sabe dele é que para ele, a essência de tudo seria a água, que seria o elemento primordial da natureza, do cosmo.
-Anaximandro - identifica a noção de dike com a dinâmica do cosmo.
“De onde as coisas têm seu nascimento, ali também devem ir ao fundo, segundo a necessidade; pois têm de pagar penitência e de ser julgadas por suas injustiças, conforme a ordem do tempo"
-Heráclito - o cosmo é um fluxo eterno de transformações.
Metáfora: fogo (combustão = transformação pura)
Princípio fundamental da natureza: contradição
A guerra é como o direito, e luta, discórdia e tudo acontece segundo a necessidade contraditória do logos.
Para Heráclito, o Direito é uma harmonia que se estabelece na tensão entre os opostos. A justiça só seria alcançada através dessa tensão.
Pitagóricos (Magna Grécia)
-Pitágoras - o número é a razão de tudo.
Concepção matemática da justiça: igualdade entre os opostos da relação jurídica.
Números justos: 4 e 9 (os dois primeiros números quadrados; quadrado = perfeição)
Definição de direito: é o igual múltiplo de si mesmo
Eleatas (desdobramento da escola pitagórica)
-Parmênides - o ser é uno, imóvel, imutável. Só é possível pensar e conhecer o que é idêntico a si mesmo.
Princípio: identidade
Definição de direito: o direito é o fator de imutabilidade do ser.
Atomismo (desdobramento da escola pitagórica)
-Empédocles - tudo é formado por água, terra, fogo e ar numa dinâmica justa (dike) de amor/atração e ódio/repulsão.
-Demócrito/Leucipo/Lucrécio - átomo (a = não; tomo = parte)
O universo é composto por partículas indivisíveis e eternas que sofrem atração e repulsão
Materialismo determinista
Liberdade x determinismo
16.02.2017
Os sofistas e a filosofia do direito
Sofistas sophia = sabedoria – aquele que detinha a sabedoria
Platão - odiava os sofistas, que mataram Sócrates.
Aristóteles - também não gostava dos sofistas pela sua falta de objetividade. Na obra "A retórica", reconhece a importância de suas técnicas de discurso, mas demonstra a diferença do discurso racional e do retórico. A retórica é necessária quando o público-alvo não tem conhecimento do assunto tratado.
Relativização das teorias pré-socráticas - os sofistas criticam os pré-socráticos. Crêem que se houvesse uma verdade única, não haveriam tantas teorias assim e também que se a dike (justiça) fosse única, não haveriam tantas maneiras de se organizar juridicamente diferentes.
Seu pensamento pode ser classificado como um pré-positivismo, já que ele tem a ideia da imposição das normas, sem regras fundamentais. Foram os sofistas que viram as diferenças entre o direito natural e o positivo, enquanto os pré-socráticos não acreditavam nessa diferença. 
Retórica - "vence a discussão quem tem razão (pré-socráticos) ou tem tem razão quem vence a discussão (sofistas)"
Trabalha no plano das emoções (pathos) para o convencimento do indivíduo. Convencimento por verossimilhança, dando a aparência de verdade. Aristóteles achava que os sofistas usavam a retórica para o mal. 
Divisão dos tipos de leis – Foi a grande contribuição dos sofistas, essa diferenciação entre leis da natureza e leis humanas
physis - natureza,leis naturais (direito natural)
nomos - convenção, leis humanas (direito positivo)
Principais nomes sofistas:
Arquelau - physis x nomos
Principal nome que diferencia physis (direito natural) da nomos (direito positivo), não deve misturar como os pré-socráticos faziam
Trasímaco - direito é força
Aparece em "A república" de Platão discutindo com Sócrates.
Para ele, o direito (dike) não é nada mais que a força, quem diz o que é justo é a classe dominante,e justo tem a ver com os valores dessa classe (positivismo, imposição)
Cálicles - a lei é uma perversão contra a desigualdade natural entre os homens
Tem uma visão pessimista da lei positiva (nomos), defendendo que a desigualdade é algo natural. Para ele a nomos é uma estratégia de sobrevivência dos mais fracos.
Aristipo - justo/injusto, belo/feio, verdadeiro/falso são meros predicados linguísticos
As noções de justo/injustos, etc não têm objetividade, sendo relativas.
Risco: chegar à conclusão de que não existe justiça, negando essa ideia e perdendo o critério de avaliação
Licofron - o Estado (polis) é uma convenção
Defende que as estruturas políticas são artificiais, constituídas por imposição, acordo, etc. antecipando as posições contratualistas
Hippias - crítica social. Questiona as desigualdades da época
Experiência da democracia
Os sofistas são importantes para a experiência da democracia ateniense, com suas técnicas de argumentação sendo fundamentais.
Essa experiência implica na relatividade da verdade, já que é um acordo entre a maioria, sendo uma manipulação das paixões.
Teoria pragmática das leis
Considera-se que os sofistas a esboçaram.
Essa teoria não pensa nas leis em sua essência (ex. natural ou positiva?) e sim em suas funções, o que elas fazem na prática, são vistas como regras de um jogo social.
21.02.2017
 
Sócrates (470-399 a.C.)
Sócrates era visto como um sofista, afinal, ele era muito requisitado e tido como um sábio. No entanto, ele não cobrava para ensinar -o que o difere do sofista. Também ele acreditava na verdade e não no relativismo, o que é outro argumento para dizer que ele não era sofista.
-Diálogos - textos trabalhados fora da academia, era a moda literária da época. Há três diálogos feitos na juventude de Platão:
Criton – diálogo de Sócrates com o discípulo Criton
Apologia de Sócrates
Fedon
-Método socrático - É um método dialético,para se chegar na verdade e é separado em duas partes: a ironia e a maiêutica.
Ironia - visa quebrar a doxa (opinião), que é aquilo que todas as pessoas têm sobre os mais diversos assuntos, mas não é conhecimento. Nessa parte do método, questiona-se as opiniões do interlocutor, até que ele caia em contradição.
Maiêutica - Significado: obstetrícia, a arte do parto, Sócrates dizia que fazia parto de ideias. Visa alcançar a episteme (conhecimento o contrário de episteme é doxa) que vem do eidos (ideia). E isso não é algo que outra pessoa possa fazer pelo indivíduo, a única pessoa que pode chegar ao conhecimento é o próprio indivíduo, portanto, para Sócrates, os professores não ensinam uma coisa, porque é impossível transmitir o conhecimento, ele apenas estimula para que se chegue nas ideias, isso é conhecimento e é muito raro de ser alcançado. É feita através de perguntas que estimulam o raciocínio.
-Justiça x Segurança jurídica
Esse é o tema do conflito tratado no texto de Críton. Nele, Sócrates reconhece a injustiça de sua sentença, porém afirma que não cumpri-la seria outra injustiça, só geraria mais injustiça. Ele defendia que era preciso cumprir a lei mesmo que ela seja injusta, você só tem que adotar uma posição crítica (obedecer não passivamente, mas ativamente) questionar a lei dentro dos limites por ela estabelecidos.
Para Sócrates, a lei positiva é o único instrumento que o homem tem para fazer justiça, porém, as vezes, é um instrumento falho, e não consegue produzir justiça e muitas vezes as leis são injustas, mas isso não é motivo para não obedecê-las. 
Pode-se tentar alterá-la nos moldes que a própria lei permite, mas, após tudo ter sido feito, só resta aceitar submeter-se a ela.
Para ele, deve-se manter a segurança/previsibilidade jurídica para conseguir alcançar a justiça.
23.02.2017
Platão (429-347 a.C)
Foi aluno de Sócrates e depois fundou uma escola chamada academia (porque foi construída num bosque, jardins de academus, que seria um antigo Herói grego)
-Reação contra o relativismo sofista - Sócrates e Platão creem no conhecimento objetivo.
Sócrates e Platão vão tentar dizer que é possível sim falar objetivamente sobre os fenômenos, sobre o mundo, a natureza, o homem, é possível sim também discutir objetivamente sobre justiça, não é tudo relativo, cada um com sua ideia.
Problematização do conhecimento - Platão acreditava que precisava-se estudar sobre a nossa capacidade de conhecimento antes de começar a criar teorias sobre o mundo, é necessário antes estudar como funciona o próprio processo cognitivo, o que é a própria teoria, o que é ver as coisas através da razão.
Tipos de conhecimento:
Conhecimento sensível – é aquele apreendido através dos sentidos, da experiência. É particular, individual, relativo e contingente.(corresponde a doxa) é produzido através da experiência empírica.
Para Platão, se tivéssemos só esse tipo de conhecimento seríamos incapazes de formar pensamentos mais organizados, não conseguindo agrupar objetos que nossos sentidos compreendem como distintos em grupos.
Ex. cadeiras (diversas formas e tamanhos)
Conhecimento inteligível - apreendido através do intelecto. Vem dos eidos (ideias) que são universais e necessários.(corresponde a episteme)
Com ele, chega-se no eidos, que é a essência, o arquétipo. A ideia não é formada, é descoberta. Não tem começo, nem fim.
Ex. cadeira - existem vários tipos, mas todas vêm da mesma ideia. Segundo Platão, quanto mais próximo o objeto da ideia, mais belo ele é.
-Mito da caverna (República, livro VII) - tenta explicar as formas de conhecimento. O conhecimento sensível é as sombras da caverna e o conhecimento inteligível é o homem que foi para fora da caverna. Metaforicamente, o que ele viu foi o eidos.
-A República
Principal obra de Platão este livro, basicamente, mostra um projeto/descrição de uma sociedade justa. O título original do livro pode ser traduzido para "Como organizar-se politicamente para alcançar a justiça" ou "Organização política para o alcance da justiça". 
Segundo ele, a sociedade deve dividir-se em classes segundo a aptidão de cada um e a aptidão de cada um tem a ver com a sua alma.
Filósofos – São a Razão e direção, a consciência desse povo político. Tomam as decisões políticas, devem criae leis, governar e dirigir esse corpo político. Eles e os guardiões não tem vida privada, não podem acumular riquezas nem ter uniões amorosas estáveis. (cabeça)
Guardiões – Representam a Força e a coragem; Cuidavam da ordem e da defesa, usavam da força para garantir a boa execução da lei. Também tinham função educacional. Eram a proteção militar também, formavam o exército. (peito)
Trabalhadores – Representam a sensibilidade a nutrição; Cuidavam da economia, da subsistência material. (são os que tem uma vida privada) (ventre)
A escolha de quem se encaixa em cada classe é baseada na arete (significa excelência em grego). Por isso a república de Platão é uma aristocracia. (governo da excelência). Para ele a melhor forma de se organizar uma sociedade é descobrir a excelência de cada um. E isso será feito através da educação. Para isso, todas as crianças devem ser criadas e educadas pelo Estado, sem a ideia de família, porque a família coloca os interesses privados, desvirtuam as crianças. A função da educação é o indivíduo descobrir a sua aptidão natural.
-Concepção orgânica da justiça - para ele, a justiça se estabelece no corpo social. Justiça para ele é quando tem cada indivíduo trabalhando segundo a sua aptidão natural em prol da harmonia do todo. A justiça, portanto, vem do equilíbrio,não nasce com o indivíduo, mas é um fenômeno politico e social. 
A justiça é a saúde do corpo social (quando cada um está empenhando a sua função corretamente)- Passagem do livro - nº 4 4 4 c
- Karl Popper: Em seu livro "Sociedade aberta e seus inimigos" defende que essa concepção de justiça é o arquétipo (modelo) das utopias totalitaristas , que veem o indivíduo como apenas uma engrenagem, um parafuso, no sistema, portanto, descartáveis.
02.03.2017
- Por que os filósofos devem governar?
Relacionado à teoria das ideias de Platão. Para ele, os filósofos são aqueles que tem a arete e são aqueles mais capazes de chegar nas ideias, sendo menos enganados pelo conhecimento sensível (que vem dos sentidos).
A maior ideia que existe para ele é o Bem, a principal essência de todas é a ideia do bem, então o filósofo seria quem consegue inteligir com mais clareza a ideia do bem e a partir dessa intelecção ele vai tomar as melhores condições possíveis.
Teoria da lei como mímesis – Segundo Platão criar uma lei é sempre uma tentativa de imitar a ideia do bem (agathon).
Mímesis = imitação
Segundo Platão, criar uma lei é sempre uma tentativa de chegar à ideia de Bem. Por isso, é necessário que os filósofos façam as leis.
Uma pessoa que que não tem aptidão para isso vai criar leis ruins ,muito distantes da ideia do bem.
- Estrutura da psique (alma) humana (Fedon, República)
Alma - diferente de espírito. Para os gregos, é a mente, a consciência. Segundo Platão, ela é dividida em três partes (é a mesma estrutura da República, tripartida):
Racional – conhecimento, pensamento. Virtude: sabedoria
Localização: cabeça. 
Irascível – paixões, amor, raiva, inveja. Virtude: coragem
Localização: peito 
Concupiscível - apetites (fome, sede, desejo sexual). Virtude: temperança
Localização: ventre
Uma pessoa com equilíbrio entre essas três partes, ou seja, com cada uma fazendo seu papel sem interferir na outra, é saudável. 
Metáfora – A alma humana é como uma carruagem, o cocheiro (racional) e dois cavalos (paixões e apetites). O que faz alguém iniciar algo é as paixões e os apetites. A parte racional simplesmente limita e controla-os.
Platão afirma que a justiça é a relação harmônica entre as três virtudes fundamentais. Quando um filósofo, por exemplo, está equilibrado, sua excelência se manifesta como sabedoria, a do guardião como coragem e a do trabalhador como temperança. 
A estrutura da psique é a mesma que a da República.
-Formas de governo (República, livro VIII)
Segundo Platão, qualquer forma de organização política pode se encaixar nessas cinco: 
Aristocracia
Timocracia
Oligarquia
Democracia
Tirania
Quanto mais para baixo, maior a degeneração
Aristocracia - para ele, é o governo da arete (excelência), da virtude. Cada pessoa está em determinada classe por conta de sua aptidão. E quanto mais distante disso, mais injusto vai ficando.
Timocracia - degeneração da aristocracia. Os melhores ainda estão no governo, mas são levados pelo seu lado irascível.
Ex. Esparta e sua busca pela glória, ofuscando a razão.
Oligarquia – (Oli= grupo; arquia=poder) è uma degeneração da timocracia. Não é mais o melhor governo, e sim o daqueles que tiveram a sorte de herdar o poder ou a astúcia de tomá-lo. O poder é voltado para o benefício desse próprio grupo, sendo o máximo da alienação política a existência de mendigos.
Democracia – É a degeneração da oligarquia. Ocorre pela revolta das pessoas alienadas contra o grupo dos oligarcas, com toda riqueza e todo poder sendo dividido entre a população.(aqui era uma democracia direta) Platão reconhece que essa é a forma de governo com maior liberdade, mas crê que ela pode facilmente tornar-se uma tirania, já que é uma forma de governo muito instável, sendo ambiente propício para a manipulação através da retórica. Essa instabilidade gera crises econômicas e sociais, que podem fazer com que discursos totalitários sejam validados pela população.
[Observações: Platão fala na democracia direta e já tem uma tendência a desgostar dessa forma de governo porque foi em um democracia que Sócrates foi assassinado. Além disso, ele provavelmente não classificaria nosso governo atual como uma democracia e sim uma oligarquia.]
Tirania - degeneração da democracia devido à instabilidade. Todos tornam-se escravos do tirano, vulneráveis à sua vontade. É a máxima degradação política. O Tirano persegue os bons cidadãos
[Observação: Essa ordem é só didática, não precisando ocorrer exatamente assim para chegar na aristocracia ou na tirania.]
-As leis
Aristocracia + Democracia
Princípio da legalidade
07.03.2017
Aristóteles (384-322 a.C.)
Aristóteles estuda durante 20 anos na academia de Platão. Torna-se professor de Alexandre, O Grande. Diz-se que, por influência de Aristóteles, ele tenta criar uma pólis universal. Enquanto Alexandre está em sua campanha, Aristóteles volta para a Grécia com riqueza e poder, criando sua escola, o liceu ou escola peripatética. 
O liceu valorizava muito mais a experiência (conhecimento sensível) que a academia de Platão, tentando equilibrar ela com o conhecimento inteligível.
A morte de Alexandre faz com que ele comece a ser perseguido politicamente (já que os gregos começam a se voltar contra a conquista macedônica) e foge. Acaba adoecendo e morrendo no mesmo ano.
-Traz as ideias platônicas para a imanência. Enquanto em Platão temos um dualismo - mundo das ideias e mundo físico - Aristóteles tem uma visão monista, não tem outro mundo, outro plano. Ele traz as ideias (eidos) para a imanência do mundo, ou seja, diz que elas estão nas próprias coisas. Para compreender isso, há três conceitos:
Hilemorfismo – (Hile matéria; Morfismo forma). Para Aristóteles, todas as coisas têm matéria e forma (o que é sensível, percebido pelos sentidos é a matéria – e a forma não é perceptível pelos sentidos, apenas inteligível). A eidos está nas coisas como forma, só que a forma não é sensível (percebida pelos sentidos). 
Teleologia - estudo teórico sobre os fins. Para ele, tudo tem uma finalidade que determina a articulação entre forma e matéria.
Relação entre Ato e potência - tudo também está em uma dinâmica de ato e potência, que explicam as mudanças no mundo. Tudo ou é ou está em potencial. (semente de árvore/árvore, mesa)
-A psique (alma) é a forma dos seres que se movem por si mesmos: A alma, para Aristóteles, é a forma dos seres que se movem por si mesmos.
-Alma vegetativa - tem o movimento básico. Crescer, reproduzir, se alimentar e respirar. É aquela dos vegetais.
-Alma sensível - a capacidade de sentir, perceber outros seres. Sentem dor, estímulos, etc. É aquela dos animais.
-Alma racional - função específica da psique, exclusiva do ser humano. É a capacidade de conhecer - fazer com que a forma de outras coisas seja considerada à parte de sua matéria.
-Ética a Nicômaco
 -O homem só existe na Pólis.
 -Tudo têm uma essência que é determinada por um fim.
 -A finalidade do homem é a felicidade.
 -A felicidade não é só um estado, mas a atividade através da qual o homem realiza as suas aptidões.
 -O meio para atingir a felicidade são as virtudes (arete).
 -Virtude é meio termo, moderação (sôphrosýnê).
Para Aristóteles, O homem só existe na Pólis, o homem é uma animal político (zoon politikon) e sua essência só se desenvolve na vida política (sociedade organizada por leis). A alma racional só se desenvolve a partir da estrutura política.
A finalidade do homem é a felicidade (eudaimonia), que não é um sentimento, é a prática das virtudes (arethe). A virtude para é o meio-termo, a moderação, o equilibrio. Para Aristóteles, o vício é tanto o excesso quanto a falta.
Divisão das virtudes:
Dianoéticas - são as virtudes teóricas, contemplativas, psicológicas.
- arte
- ciência
- sabedoria
- intelecto
- prudência (phronesis) - saber a hora certa de falar, agir, etc. É a virtude teórica, segundo ele, que nos faz reconhecer a necessidade da estrutura política para diminuiras injustiças e atingir a felicidade.
Éticas – vem de ethos = que é caráter (hábito). Para Aristóteles, o caráter se forma através da prática, tornando-se um hábito. Ele é moldado ao longo da vida. Virtudes éticas:
- temperança - capacidade de sentir as coisas com moderação, escolher a quantidade certa de algo. Abster-se de qualquer coisa também é um vício.
- coragem - equilíbrio entre o ser covarde e ser impetuoso. Os dois extremos são vícios.
- generosidade - equilíbrio entre ser pródigo e avarento ou entre ser egoísta e altruísta.
- justiça (dikaiosunê) - essa é a primeira análise de Aristóteles, sendo do ponto de vista do caráter, das pessoas, como elas se comportam. O justo é aquele que moderadamente toma o que é seu e entrega o que é do outro na justa medida. Todos merecem a parte que lhe couber.
O individuo ético age com temperança, coragem generosidade e justiça.
O caráter depende de três coisas: a educação recebida, a sociedade em que se insere e a vontade própria.
*Os extremos são vícios.
*Para Aristóteles, a felicidade plena, ou seja, o alcance de todas as potencialidades, não é para todas as pessoas por uma questão natural. O indivíduo precisa se dedicar 24 horas por dia para alcançar esse patamar, para isso, precisa de tempo livre, servos, ser homem, etc.
09.03.2017
Aristóteles - continuação 
-Justiça Política (Ética a Nicômaco, livro V)- Para ele, há dois tipos de justiça, analisados através da política:
- Natural (physikon dikaiou) - É a justiça da natureza. Regras, princípios que, inicialmente, independem da vontade dos homens e não se confundem com a natureza, é natural num outro sentido. A diferença entre o direito natural e as leis da natureza é que as leis da natureza são imutáveis, sem interferência da cultura e os valores de uma sociedade enquanto o direito natural é mais flexível. 
O direito natural é uma regra de tendência universal que pode sofrer alterações e sua existência não exclui a norma convencionada.(nomikon dikaion)
Ex. Direito à vida: todas as sociedades do mundo valorizam a vida, mas a vida de que forma? Qual a aplicação e o entendimento deste conceito?
- Convencional (nomikon dikaion) – Normas positivas que os homens cria para estruturar a vida em sociedade, e não são naturais, e sim artificiais, por exemplo: Regra de trânsito que diz que o homem deve andar pela direita
-Modos de realização da justiça - Neste caso, não se pensa na diferença entre o direito natural e o positivo e sim em como a justiça se aplica na prática. 
-Justiça distributiva: "a cada um segundo o mérito (axia)" – 
Para se alcançar essa justiça, deve-se dar a cada um segundo o mérito/valor/princípio (que varia de acordo com o tipo de governo). É uma noção muito próxima de direito público, em que há uma prevalência do Estado acima dos indivíduos. São regras distributivas, distribuídas do estado para os indivíduos
Para ter justiça distributiva tem que distribuir segundo o mérito, o problema é que o mérito varia; numa aristocracia é a excelência, arete, (justo quando distribui proporcionalmente conforme a excelência); numa oligarquia, o critério é a riqueza e o berço e numa democracia, é a liberdade. 
Em uma democracia o critério para a distribuição é a liberdade. Será justo quando divide os bens, as obrigações, as penas, proporcionalmente segundo a liberdade. Para entender isso, deve-se lembrar que na época dele, quem tinha liberdade era o cidadão, que era aquele com participação na vida política. Distribuir segundo a liberdade é dar às pessoas a capacidade de se autodeterminar, oferecer condições para as pessoas serem livres. Pensando nisso, poder-se-ia chegar à conclusão de que tudo deveria ser dividido igualmente, mas isso seria cometer uma injustiça, pois alguns são mais livres que os outros. Portanto, o Estado deveria dar mais recursos a essas pessoas, como por exemplo, um cadeirante ou uma pessoa que tenha condições econômicas baixas e more longe da escola: ambas merecem uma atenção especial, dedicada às suas particularidades.
É aqui que entra a frase "justiça é tratar desigualmente os desiguais e igualmente os iguais". 
*a noção de justiça comutativa em Aristóteles tem muito a ver com o Direito Público
-Justiça comutativa/corretiva/sinalagmática: "que cada um dê e receba o que a parte contrária deve dar e receber". Direito privado.
Ela é um complemento da justiça distributiva, e visa reparar os desequilíbrios naturais que são gerados pela vida em sociedade. Nela, não interessa o mérito e sim o equilíbrio das relações, o critério é que "cada um dê ou receba o que a parte contrária deve dar ou receber". (exemplo: bateu no carro da pessoa e tem que reparar para buscar o equilíbrio anterior) Ela é dividida em duas:
Voluntária - quando há vontade livre entre partes na relação, o equilíbrio é restabelecido voluntariamente pelas partes envolvidas. 
Involuntária - quando há um desequilíbrio que uma ou ambas as partes não querem resolver a relação. Nela, há a interferência dos órgãos públicos para mediar o conflito e reequilibrar a relação.
14.02.2017
Aristóteles - continuação
-Equidade (epieikeia) – Epieikeia significa bom senso. Equidade tem relação com a interpretação da lei, foi um mecanismo criado por Aristóteles para resolver um problema sério no direito que é a aplicação da lei no caso concreto. A lei era sempre geral e abstrata, e o caso concreto é único, irrepetível, e se aplicar a lei friamente pode estar fazendo uma injustiça. O legislador não consegue prever tudo, então uma forma de fazer justiça já que é impossível prever tudo é jogar a responsabilidade nas mãos do juiz (mas é perigoso dar um poder tão grande para uma pessoa) então Aristóteles criou este mecanismo de adaptar a lei ao caso concreto, isso é equidade. Para Aristóteles é um mecanismo interpretativo que vai orientar o juiz a aplicar a lei ao caso concreto. Fazendo isto, conseguir-se-á uma decisão mais justa.
Deve-se fazer o seguinte exercício para a decisão por equidade: pensar em como a lei existente seria se fosse criada por conta daquele caso concreto que está sendo analisado. -verificar)
-Dike (justiça) x Hÿbris (deformação, monstruosidade, desmedida) - Passagem de Aristóteles comentando um poema chamado O trabalho e os dias. Nele, Aristóteles afirma que a essência da pólis é a eterna luta da dike contra a hÿbris. 
A Atividade política para Aristóteles é uma eterna luta contra a desmedida, o desequilíbrio, a decisão justa é a que dá a cada um o que é seu, nem mais e nem menos.
-Análise objetiva e subjetiva da responsabilidade - um pensamento diferente do que se tem hoje. Cuidado!
Injusto x Injustiça
Para Aristóteles, é possível haver um injusto sem haver injustiça. Para configurar o injusto, basta provar o nexo causal.
Para configurar a injustiça, é necessário provar, além do nexo causal, que houve uma ação voluntária.
A ação voluntária é aquela executada de maneira intencional e sob o controle do agente, sem ignorar a pessoa afetada, o instrumento empregado e o resultado.
Tipos de erro (dentro do injusto):
A Conduta que causa o injusto, não extrapola a conduta razoável - a conduta razoável é aquela esperada pelas pessoas comuns. 
A ignorância que causa o injusto está fora do agente.
A Conduta que causa o injusto extrapola a conduta razoável - a ignorância que causa o injusto reside no próprio agente.(dirigir bêbado se enquadraria nisso)
Crimes passionais (produto das paixões, impulsos) – a conduta que causa o dano é consciente, mas não deliberada.(mulher traída) não configura ação voluntária
16.03.2017
Aristóteles - continuação
-Formas de governo (Política, livro III, capítulo VII) e suas degenerações:
Monarquia - Tirania
Aristocracia - Oligarquia
Constituição (politeia) - Democracia
Monarquia: é o governo de um só, e segundo Aristóteles pode ser uma boa forma de governo desde que o governante vise o interesse público (para ele o interesse público é o equilíbrio). Porém a monarquia pode se degenerare virar uma tirania que é o governo de um só, porem não visa o interesse público, pois o tirano visa os próprios interesses e age arbitrariamente conforme seus caprichos.
Aristocracia: é o governo de um grupo de pessoas que visam o bem comum. O problema é que pode se degenerar e virar uma oligarquia que é um grupo que governa visando interesses escusos, governam para si próprios.
Politeia (constituição) - É o governo de todos e todos governam diretamente sem intermediários, pode ser uma boa forma de governo desde que os cidadãos governem em função do interesse público. Porém pode se degenerar e virar uma democracia, onde todos governam mas não visam o interesse público, para ele não é porque todo mundo está concordando com algo que isso seja bom, pois as pessoas podem estar manipuladas por alguém que pode alienar as pessoas, instigar a raiva.
-Separação dos “poderes” (Política, livro VI, cap. II) - lembrar que poderes está entre aspas porque para ele é mais uma questão de gestão executiva.
Assembleia popular – os cidadãos na Ágora devem incumbir-se da criação das leis.
Magistratura executiva - grupo de indivíduos capazes de administrar e executar as leis e projetos. 
Magistratura jurídica - conselho de anciãos, que resolvam conflitos.
*Pode-se dizer que o primeiro a mencionar a separação de poderes foi Aristóteles, ele esboçou, mas quem foi o pai da separação de poderes foi Montesquieu.
Filosofia do direito medieval
-Panorama histórico: Com o surgimento da igreja, os padres começam a dar fundamentos racionais teóricos para a fé cristã e vão fazer isso pegando a filosofia da tradição filosófica greco-romana e tentar juntar com a tradição religiosa hebraico-cristã. 
-Logos x Verbum - os cristãos tentam aproximar as duas ideias: logos (ordem, lógica) e verbum (verbum é a voz, o verbo, a palavra). Eles falam que o verbum é o mesmo que o logos grego, porém, como os gregos eram pagãos, não compreendiam a ideia do princípio ser Deus e esse verbum criar tudo por sua vontade.
Ao contrário desta tentativa de aproximação, na verdade o logos grego era visto para eles como a lógica, a ordem que rege o mundo e que pode ser inteligível através da razão.
-Novo conceito de Justiça
A justiça não será mais definida a partir de elementos lógico formais (proporção, igualdade, meio termo, equidade), mas a partir de valores humanos ético-voluntários relacionados à vontade de Deus (amor, caridade, compaixão).
-Visão de mundo teocêntrica
Jusnaturalismo transcendente - Até agora tinha-se um jusnaturalismo cosmológico. Na Idade Média, desenvolve-se um jusnaturalismo transcendente (imanente ao mundo).
Para os gregos, essa ordem natural (traduzida no logos) pode ser compreendida através do intelecto e o conceito de justiça está dentro desta estruturação.
Para a visão hebraico-cristã, o princípio era Deus, com o homem anteriormente vivendo no paraíso (comungando do direito natural), mas, sendo expulso, afasta-se de Deus e da ordem natural. O parâmetro o objetivo de justiça está em Deus, mas para chegar nele, não utiliza-se da razão e sim da fé.
A liberdade passa a ter um peso maior, com o livre-arbítrio estando na ideia da maçã.
[Sartre (ateu) - diz que o homem está condenado a ser livre. Uma consequência à influência do pensamento cristão.]
21.03.2017
Santo Agostinho (354-430 d.C.)
-Neoplatonismo cristão
Converte as ideias platônicas na mente de Deus
Combate ao maniqueísmo
A injustiça e o mal não existem em si, mas são produto do erro e da ignorância.
Não é que exista o Bem e o Mal, só existe Deus e o outro lado é a ignorância.
lei eterna ("lex aeterna")
livre-arbítrio
leis humanas ("lex temporalem") 
Lei eterna - é o direito natural , que está em Deus. Não a alcançamos pelo pecado original e pelas nossas limitações como seres.
Livre-arbítrio - capacidade de escolher dada a Deus pela sua infinita compaixão e misericórdia. Através do livre-arbítrio, podemos criar as leis humanas.
Leis humanas - toda forma de organização, as normas criadas pelo homem. Essas leis só são justas quando orientadas pelos princípios das leis eternas (que podem ser alcançadas através da fé).
- Essa concepção de livre-arbítrio como manifestação interna da lei eterna em oposição às leis humanas é um esboço da distinção moderna entre moral (interna) e direito (externo), além disso, abre caminho para a colocação do livre-arbítrio como centro do direito subjetivo.
[Kant usa exatamente o mesmo esquema de Sto. Agostinho, porém não associa o livre-arbítrio com Deus.
Para Aristóteles, é impossível esse descompasso entre moral e direito positivo porque para ele, a ética tem a ver com o modo que você age por hábito, se é justo é porque é ético.]
Ex. adultério - as leis humanas proíbem o adultério para evitar confusão, mas as eternas não só proíbem o adultério, mas também cobiçar a mulher do próximo - ou seja, o próprio pensamento.
leis eternas - visam a paz eterna (Justiça absoluta, comunhão com Deus)
leis humanas - visam a paz social (Transitória, neste mundo, nestas circunstâncias)
-Justiça - “dar a cada um o que é seu”
Influência de Cícero (grego) nessa frase. Cada um deve receber segundo as suas ações, as suas escolhas, seu livre-arbítrio.
Escola clássica do direito natural
O direito natural passa a ser buscado na natureza humana, no homem, não mais no cosmo ou em Deus.
Crença em direitos naturais inatos.
Contratualismo
comunidade x sociedade
A partir da modernidade, prevalece um jusnaturalismo racionalista, antropocêntrico.
Natureza humana - para a escola clássica, é algo universal. O grande problema seria saber o que é aquilo que é universal entre os humanos.
Desse princípio, decorre-se que o direito natural é inato, tem-se antes de nascer e que está acima da cultura.
Contratualismo - modo de se legitimar o poder desde quando Hobbes cria o modelo de contrato na modernidade. Aliás, ainda hoje é o modo de legitimação do poder. 
Comunidade ≠ sociedade - a comunidade é uma associação de indivíduos baseada nos costumes, na tradição, na língua e na visão de mundo, enquanto a sociedade é fundada no contrato, na lei, é uma associação contratual dos indivíduos através de uma Constituição.
Uma sociedade pode ter diversas comunidades em si pela ligação contratual, a partir do momento que essa ligação não existe, há o estranhamento.
23.03.2017
Hugo de Grócio (1583-1645)
Obra: “Do direito da guerra e da paz” (texto disponível no livro verde de Clarence Morris)
-Afirmação da razão como fonte do direito
O fundamento do direito não está no cosmo, nem em Deus, mas no próprio homem, na razão. O argumento dele é matemático, por mais que existam, hipoteticamente, povos que não conheçam a matemática; se eles um dia começarem a raciocinar matematicamente eles chegariam as mesmas verdades. Usando simplesmente a lógica é possível chegar aos princípios fundamentais do Direito, não precisa nem ser humano para tal.
Frase polêmica de Grócio: nem Deus poderia fazer com que algo justo se torne injusto porque justiça tem a ver com lógica e se Deus criou o mundo desse jeito e se dispôs a raciocinar, ele é obrigado a seguir certos princípios.
Visão do mundo antropocêntrica. Consequência: jusnaturalismo antropocêntrico. Os homens, pelo fato de serem humanos, têm direitos inatos (o problema é definir o que é inato)/
-Dedução racional do direito
Grócio afirma que a razão é fonte do direito. O direito já está no homem pela razão e seus fundamentos são deduzíveis racionalmente (como uma fórmula matemática), por isso, eles são universais.
-Regras fundamentais do direito :
Abster-se dos bens alheios (influência de Cícero e do estoicismo)
Manter a palavra dada (contrato)
Reparar qualquer dano causado
Abster-se dos bens alheios - com isso, deduzimos que ele considera a propriedade como um princípio natural. O ser humano sempre vai reconhecer que algo é um bem de alguém pelas formas lógicas, pela organização do objeto. Não é necessáriaa existência de um Estado, de leis, para que se tenha a ideia de bens, ela é universal.
Manter a palavra dada - ideia de contrato. O contrato é um princípio natural que qualquer ser racional pode fazer, independentemente das circunstâncias. O Estado simplesmente existe para dar segurança/efetividade aos contratos, não para criá-los. Se a pessoa vai cumprir ou não, é outra história, mas a exigência moral de respeitar a palavra dada é algo natural e lógico.
Reparar qualquer dano causado - princípio da responsabilidade. Qualquer ser racional para Grócio sabe que, se causar um prejuízo, deve repará-lo. É uma obrigação moral que qualquer ser racional reconhece. Uma boa parte das normas jurídicas que acionam o Estado são para a reparação dos danos.
Lembrar que, para ele, esses princípios podem ser alcançados através da razão, da dedução racional.
-Direito internacional - Grócio é considerado o pai do direito internacional por falar em princípios que transcendem a soberania dos Estados. Por isso, o soberano não seria mais considerado irresponsável juridicamente. Essa forma de pensar influencia a Convenção de Genebra, que trata dos direitos e obrigações de combatentes e não-combatentes em tempos de guerra.
Guerra justa – ele defende a noção de guerra justa, que é uma guerra de defesa dos princípios do direito (Respeitar os bens alheios, manter a palavra dada e reparar o dano causado). A guerra não pode ser um vale-tudo amoral e afastado do direito.
-Procurava subordinar o exercício da soberania ao direito - anteriormente defendia-se o poder absoluto do soberano em suas terras, mas Grócio afirma que, mesmo assim, há limites. Os princípios independem da vontade das pessoas e dos soberanos, independem até de Deus.
30.03,2017
Thomas Hobbes (1588-1679)
Obra: Leviatã
- Não existem essências na natureza, mas apenas movimento e processo.
 Influência da mecânica dos corpos de Galileu
Galileu descreveu o movimento dos astros, dos corpos sem apelar para forças obscuras, ou essências, mas sim ele pensou a partir de processos e movimento, de certa forma é o que quer fazer Hobbes em relação ao homem, que não ficou discutindo se o homem é mau por natureza ou se é bom, ele vai descrever o homem simplesmente a partir dos movimentos e processos que nos constituem enquanto seres fenomênicos. (Ex. somos atraídos por várias coisas e isso gera um movimento)
- Liberdade natural: ausência de impedimentos externos, permitindo ao homem fazer tudo o que for necessário para preservar a vida.
- Direito natural: é a liberdade, a consciência, a faculdade que cada um tem de usar o próprio poder para preservar a sua natureza. Por conta dessa análise pode-se argumentar erroneamente que ele é um positivista, já que ele simplesmente reduz o direito natural ao instinto de sobrevivência.
- Estado de natureza
 Contrato: alienação da liberdade natural em troca da legalidade
 Estado civil
Como Hobbes pensa o homem? Ele pega a vida em sociedade e desmonta ate chegar nos menores elementos, que são os indivíduos, que são células, as menores partes indivisíveis do todo social. 
Estado de natureza: Para Hobbes é um mundo sem leis, não existem estruturas de controle, e todos são absolutamente livres. 
Se não houvesse leis, Estado, e fosse cada um por si, acabaria numa guerra de todos contra todos, porque todo ser vivo está numa luta pela sobrevivência, e os recursos são limitados então naturalmente há uma disputa entre todos os seres vivos, e o fato do homem ser racional vai tornar o homem imprevisível, e como não se pode prever o comportamento de outros homens, a reação imediata será o ataque, antes que o outro faça alguma coisa, isso leva a guerra de todos contra todos. (Hobbes nunca disse que o homem tem uma natureza má, ele só disse que a natureza humana impossibilita a convivência no estado de natureza)
Contrato: O homem ao perceber o perigo, nessa guerra de todos contra todos, faz um pacto de não agressão, por medo da morte violenta do estado de natureza. Este pacto é erga omnes como se cada indivíduo dissesse: "abro mão da minha liberdade natural, desde que todos os outros também façam isso, e todos dizem o mesmo em relação a mim" então é um pacto de alienação da liberdade natural, do poder que eles tem de fazer as próprias leis. E isso vai ser transferido para a mão de um 3º que não participou do pacto, que é o soberano, que agora vai fazer as leis, e quem vai exercer esse poder soberano, pode ser um individuo, ou várias pessoas (oligarcas, ou uma assembleia) Mas Hobbes prefere que seja apenas um. Com isso, constitui um monstro que se chama leviatã, que é o estado. Ele pensa o Estado como se fosse um ser gigante que não tem o corpo próprio, pois o corpo do estado é constituído pelos corpos dos indivíduos, os súditos, da estrutura política. Porém a vontade deste mostro não é a soma da vontade dos indivíduos, ele tem vontade própria, sendo o(s) detentor(es) do poder soberano quem a exerce.
Ele carrega uma espada que é o poder secular, monopólio da força (a primeira carac. Do Estado é monopolizar a força, só o Estado pode coagir) - e um báculo/cetro que é o símbolo da igreja católica, representa o poder espiritual, das ideias, poder teológico de legitimação do próprio Estado. Na idade média havia a prevalência do poder representado pelo cetro sobre o poder da espada. Na época de Hobbes, ocorre uma grande instabilidade política, uma ruptura com o teocentrismo, o poder da espada passa a prevalecer sobre o báculo.
- Não é possível denunciar (desfazer) o pacto
 -> exceção: disposição arbitrária da vida dos súditos
Os indivíduos não tem mecanismos, cláusulas, que os permitam desfazer o pacto, portanto pra Hobbes é impossível legalmente voltar para o estado de natureza, porque todos teriam que retomar a sua liberdade natural, que foi perdida pelo pacto e transferida ao soberano, que está fora do contrato, e só destruindo todas as instituições dele isto poderia acontecer.
Há uma exceção, criamos o Estado para nos proteger, mas se ele dispor arbitrariamente da vida das pessoas, acaba perdendo a sua razão de ser, como se ele estivesse rompendo com o contrato.
- Os atos do soberano são de responsabilidade dos súditos
Os atos do soberano são de responsabilidade dos súditos, porque o poder do soberano é feito da liberdade dos indivíduos, quando o soberano cria uma lei ou toma uma decisão ele está exercendo coletivamente a liberdade de todos, é como se fosse uma tomada de decisão unânime
- Natureza da justiça: manter a validade dos contratos.
O que é justiça para Hobbes? Ele vai dizer que justiça está associada com os contratos, justiça nada mais é do que manter a validade dos contratos. Justiça para ele, é aquele sentimento, aquela noção que nós temos quando se respeita as cláusulas contratuais. E injustiça é quando alguém descumpre algo que foi pactuado. 
- Divisão das leis:
 	Leis distributivas
 	Leis penais
Essas leis que vão estruturar o estado, o que poder soberano faz o tempo todo é criar leis distributivas e leis penais.
Leis distributivas: São aquelas que estabelecem os direitos, obrigações dos indivíduos, quais os tipos de contratos que eles poderão estabelecer entre si, elas também vão criar as instituições. Essas leis vão criar artificialmente um ambiente de previsibilidade da ação. O Estado torna o homem minimamente previsível. A economia depende delas, pois estas dão toda a estrutura jurídica.
Leis penais: São aquelas que servem para punir. As leis distributivas também têm penas e sanções, mas as leis penais visam causar sofrimento, devolver o mal causado, é a vingança institucionalizada.
- Propriedade
Para Hobbes não é um direito natural, e sim um contrato. No estado de natureza tudo é de todo mundo e nada é de ninguém, no máximo algo é meu quando estou segurando (posse empírica). A propriedade é um contrato que estabelece o Leviatã, então ele pode decidir se ela será particular ou coletiva. O contrato de propriedade regula o uso, o consumo e a disposição debens, espaços e seres vivos.
- Ética e religião
Valores éticos e religiosos, tudo o que tem a ver com a consciência e moral vai ser confinado no âmbito privado. O Estado não está preocupado com a crença das pessoas, e seus valores.
04.04,2017
John Locke (1632-1704)
Obra: “Segundo tratado sobre governo”
- O estado de natureza não é um estado de guerra, mas um estado de liberdade.
Locke vai retrabalhar o esquema de Hobbes, ele vai ter uma visão mais otimista da natureza humana, para ele se nós vivêssemos no estado de natureza não entraríamos numa guerra necessariamente, pelo contrário, num mundo sem leis, poder, instrumentos de controle, pelo fato do homem ser racional torna o homem capaz de resolver racionalmente todos os seus conflitos, o grande problema é que o homem não é puramente racional, mas se ele sempre agisse racionalmente ele conseguiria. Se o homem fosse sempre racional não seria necessário o Estado.
- Razão: razoabilidade, correção
Fonte do direito natural, já que o homem chega por ele através da razão.
- Direitos naturais inalienáveis
Vida
 	Liberdade
 	Propriedade
Esses direitos são descobertos pela razão, não são inventados, o fato do homem ser racional já o dá consciência desses direitos. O principal direito natural para Locke é o de propriedade.
Propriedade: É um direito mesmo no estado de natureza, independente de qualquer tipo de contrato e o fundamento é o trabalho, que é uma atividade racional de mobilização das forças do corpo em função de uma finalidade. Quando fazemos isso constituímos a propriedade. Não precisa de um Estado para legitimar a propriedade. Os animais não trabalham porque eles não têm a capacidade de fazer algo para alcançar o objetivo escolhido.
Vida: o trabalho se manifesta pela primeira vez no corpo vivo, portanto a primeira propriedade que temos é a vida.
Liberdade: está intimamente ligada ao trabalho, à possibilidade de poder trabalhar.
* Fundamento da propriedade: Trabalho.
- Principais fatores que levam às necessidades de constituição do Estado:
 Paixões
 Falta de um juiz imparcial
O principal fator que vai levar à necessidade de se fazer um contrato, criar um poder para organizar a vida dos indivíduos são as paixões.
Paixões: são impulsos irracionais que move o homem, há paixões boas e ruins (o amor, o ódio) e esses impulsos levam a comportamentos irracionais que podem ofender os direitos naturais, e torna inseguro o estado de natureza, e é por causa disso que precisa ser criado um contrato. (delegar a liberdade)
Falta de um juiz imparcial: no estado de natureza quando há uma ofensa a um direito natural, não se tem uma instância imparcial para solucionar esse conflito, só se faz justiça com as próprias mãos, que podem extrapolar e virar uma vingança, devido ao individuo ser passional. Então o estado deve criar uma instituição autônoma para solucionar conflitos, o que hoje se chama Judiciário.
06.04.2017
Continuação de John Locke
*Se perguntar na prova: Qual o fundamento do contrato para Hobbes e para Locke?
R: Para Hobbes é o medo da morte violenta do estado de natureza, e para Locke são as paixões, a insegurança gerada pelas paixões que eventualmente pode até levar a uma guerra, mas não necessariamente.
- Contrato: delegação da liberdade
O que leva o homem a fazer um contrato, o que leva a necessidade de criação do Estado é a insegurança gerada pelas paixões e por causa disso os indivíduos vão fazer um pacto onde vão DELEGAR a sua liberdade natural (diferentemente de Hobbes onde era uma alienação da liberdade). Para Locke, nós delegamos a liberdade quando escolhemos um representante no legislativo, e são eles (legisladores) que vão desenhar o estado. O que está delegando? O poder de fazer as leis no meu lugar, não está perdendo a liberdade natural, pode-se inclusive, cassar essa liberdade e passar para outro.
- Estado mínimo (funções): 
(O Estado pra Locke é mínimo, ele não cria direitos, e serve simplesmente para proteger, e dar segurança para os direitos naturais).
 
 Conservar e regular a propriedade: Não é função do estado criar o direito de propriedade (para Hobbes é), ele vai apenar criar mecanismos, regras para conservar e regular a propriedade dos indivíduos.
 Organizar uma força comum para garantir a boa execução das leis: Os indivíduos sozinhos não são capazes de organizar forças coletivas (poder de polícia, oficial de justiça) somente o Estado pode organizá-la e isso deve ser de modo que garanta a proteção dos indivíduos.(força interna)
 Defender o Estado contra inimigos externos: Tem a ver com a organização da força, só que aqui é uma força externa, para proteger de inimigos externos (exército)
 Garantir os bens públicos: nenhuma atividade produtiva é bem público para Locke. Esses bens públicos, são aqueles bens mínimos necessários para o desempenho das funções mínimas do Estado.
- Divisão dos poderes
Legislativo: é o poder máximo para Locke, porque é nele que estão centralizadas/acumuladas as liberdades individuais, e ele que desenha todo o Estado. O Legislativo é composto por cidadãos do povo eleitos por um mandato com uma função específica e de prazo determinado e depois voltam para a vida normal.
Executivo: É o que vai executar as leis que são votadas e elaboradas pelo legislativo, e quem vai exercer pode ser um presidente, um grupo de pessoas, um rei (sem poder absoluto). Uma de suas funções é de administrar a justiça
Federativo: Cuida das relações internacionais, relações entre os Estados, entre soberanias. Para Locke, o Executivo não poderia cuidar das relações internacionais, pois assim seria uma limitação ao poder Executivo (no caso da Inglaterra, os reis).
- Direito de revolta
Locke vai defender o direito dos cidadãos de se revoltarem e desfazerem o Estado, o pacto e voltarem ao estado de natureza, porque houve apenas uma delegação da liberdade e não uma alienação. E esse direito só vai funcionar se for exercido coletivamente, não é um direito individual.
- Direito de resistência (desobediência civil)
É um direito individual, e é quando há uma injustiça praticada pelo Estado contra o indivíduo, ou contra um grupo de pessoas, assim, essas pessoas tem o direito de resistir e praticar a desobediência civil, mas para ter esse direito tem que ter esgotado todos os outros recursos para sanar essa injustiça.
- Consentimento
O contrato de Locke se funda na ideia de consentimento. Nunca houve um momento na história em que as pessoas assinaram um contrato, mas para Locke é como se tivesse acontecido. O que legitima o contrato não é um momento histórico, mas sim a sua própria convivência com o Estado, que supõe sua assinatura nesse contrato, se a pessoa goza dos benefícios que o estado proporciona, é como se estivesse assinado o contrato.
11.04.2017
Jean Jacques Rousseau (1712-1778)
Obra: “contrato social’
 “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”
Rousseau foi uma influência muito grande para Kant, Kant só é Kant porque ele leu Rousseau.
- No estado de natureza as desigualdades são contingentes e estão limitadas às forças de cada um.
De certa forma, Rousseau vai equacionar as ideias de Hobbes e Locke e dá um passo a frente. Para Rousseau a liberdade é um direito natural do homem, mais do que isso, é aquilo que constitui a essência do homem.
A melhor forma de entender o estado de natureza para Rousseau é pensando nos animais, porque vivem numa certa harmonia apesar da existência de luta. 
As desigualdades entre os homens no estado de natureza são contingentes, só há desigualdades nos limites das forças de cada um. O estado de natureza seria para Rousseau “bom” porque as desigualdades são mínimas entre os indivíduos, isso é o que acontece com os animais também.
- Fim do estado de natureza:
 Isso é meu (propriedade) -> um dos principais fatores que vai tornar impossível a vida do homem no estado de natureza vai ser a invenção da propriedade, que vai gerar conflitos, a propriedade nasce da seguinteforma: um dia um indivíduo cerca um terreno e diz “isso é meu” e encontra pessoas suficientemente inocentes para acreditar nisso, quando essas pessoas acreditam elas estão legitimando aquela propriedade. Vale lembrar que a propriedade NÃO é um direito natural para Rousseau, porque ela nasce de um ato arbitrário.
 Constituição de um poder comum para proteger a propriedade ->Os “proprietários primitivos” vão constituir uma de poder primitivo, para proteger a propriedade de cada um deles, é daí que está nascendo o Estado para Rousseau. É a propriedade que vai gerar a necessidade de constituir o Estado, de criar um poder, de criar leis, porque ela gera conflitos.
 Aprofundamento das desigualdades -> [não falou sobre isso diretamente]
- Contrato social ideal: troca da liberdade natural pela liberdade civil.
Pelo fato da propriedade gerar conflitos, aqueles que são "donos" dela se unem para protegê-la. Então, os indivíduos fazem um pacto para que ocorra essa proteção e nesse pacto eles vão negociar a liberdade, eles vão abrir mão, vão alienar a liberdade natural em nome de ter uma ordem comum, de constituir um poder comum capaz de fazer leis e proteger a propriedade de cada um deles, então há uma espécie de degradação humana, a essência do homem é a liberdade e o homem abre mão disso.
Rousseau propõe que o contrato social ideal é a troca da liberdade natural pela liberdade civil. Ele defende que a essência do homem é a liberdade, que foi perdida (propriedade = pecado original) pela propriedade, só que não deve-se parar aqui. Ele acredita que não é possível voltar ao estado de natureza, então o homem deve encontrar outro caminho de ser livre: a liberdade civil, que é possível através de uma democracia direta, sendo os próprios indivíduos que farão as leis, reunindo-se numa assembleia, discutindo. 
- Democracia direta.
Só houve dois períodos em que isso ocorreu: Atenas, séc. V e em Genebra (Suíça), pós reforma protestante, porque essa participação coletiva é utópica e só pode ser aplicada totalmente em locais menores, com uma população menor.
- Crítica ao modelo de democracia representativa de Locke.
Ele vai criticar a ideia de Locke que somos livres por procuração (delegação da liberdade). Para Rousseau, a liberdade só é fazer as próprias leis, se autodeterminar e o único meio de se manter a liberdade é com cada indivíduo contribuindo para a criação das leis.
- Crítica ao direito de revolta
Rousseau diz que é impossível desmontar o estado e voltar ao estado de natureza, por causa da propriedade, porque o homem vai sempre preferir ter uma ordem para proteger as suas posses. Mesmo que todos queiram voltar ao estado de natureza, continua não sendo possível.
- Vontade geral
Deve assegurar a liberdade, a igualdade e a justiça dentro do estado mesmo contra a vontade da maioria.
Rousseau não define o que é ela exatamente. 1º decide-se o que ela não é: ela não é necessariamente a vontade da maioria,2º também não é a vontade unânime 3º também não é uma média geral da vontade dos indivíduos.
(Ideia do professor) Ela é a vontade soberana do Estado que visa realizar a liberdade civil.
É com essa ideia que pode-se diferenciar democracia (relacionada à vontade geral) com a ditadura da maioria.
- Rousseau funda os direitos naturais nos sentimentos
Ele destoa dos outros autores da escola clássica do direito natural quando não funda o direito natural na razão e sim no sentimento, a razão apenas traduz em conceitos esses sentimentos.
 Amor de si: amor, preocupação que temos em relação a nós mesmos, instinto de sobrevivência. É com base nesse sentimento que vamos tirar os direitos individuais.
 Compaixão (amor dos outros): é a capacidade de sofrer com os outros
13.04.2017
Kant (1724-1804)
Obra: metafísica dos costumes
- Liberdade: autonomia, agir de modo incondicionado, agir por dever.
Ele entende liberdade como autonomia (auto=si mesmo; nomia= lei), que é quando a pessoa se autodetermina, faz as suas próprias leis. Ser livre é quando você pode agir independentemente de qualquer condicionamento. 
Heterônomo = tem as normas impostas por outros.
Autônomo = impõe as próprias normas.
Ex. Se os sentimentos são o que determinam suas ações, você não está sendo livre já que eles não dependem de escolhas livres; escolher fazer Direito é uma escolha baseada em uma finalidade que só pode ser atingida porque a pessoa se insere em uma sociedade em que esse objetivo existe;
Para Kant, somos seres condicionados, mas podemos, porque somos seres racionais, nos autodeterminarmos, independente desses condicionamentos. Quando qualquer ser racional age de forma incondicionada, ele é livre. Segundo ele, quando se age de modo incondicionado se age por dever.
Quando você age por dever, ou seja, quando você consegue ser livre de verdade, é porque você está agindo por dever e ao mesmo tempo está agindo moralmente.
- Ser livre é ser moral.
Ao mesmo tempo que se age por dever, se age moralmente. Ser livre é ser moral, Kant está afirmando que se você consegue se autodeterminar, você necessariamente vai fazer o que é certo, o que é moralmente correto. 
Ele vai fundar a moralidade na liberdade (a essência da moral é a noção de certo\errado) alguém que é livre respeita o dever seja em si mesmo seja nos outros, respeita a autodeterminação de si e dos outros.
A capacidade de autodeterminação é possível para qualquer ser racional.
- 	Pessoa – dignidade – exige ser tratada como um “fim em si mesmo”
 	Coisa – preço – pode ser usada como “meio”
Segundo ele, em nossa experiência prática do mundo, tudo pode ser dividido nessas duas categorias:
pessoa: é qualquer ser que é capaz de autodeterminação, capaz de agir por dever, e não é só o ser humano, pode ser uma inteligência artificial. É essa capacidade que torna as pessoas seres com dignidade, é isso o que descreve as pessoas. Ter dignidade significa que as pessoas devem ser tratadas como um fim em si mesmas, respeitando sua liberdade/autonomia. Não posso tratar as pessoas como coisas.
coisa: Qualquer entidade, qualquer ser, objeto que não tem capacidade de autodeterminação, e que portanto, pode ser tomada como um meio de autodeterminação de pessoas. Por isso, podemos dizer que coisas têm preço e pessoas não.
- 	Agir conforme o dever – heteronomia
 	Agir por dever – autonomia
Agir conforme o dever – heteronomia: Quando está fazendo o que é certo mas não por dever, quando age conforme o dever não está sendo livre, você está agindo por causa de alguma coisa, mas sua conduta está de acordo com o que é certo. Para o Direito, basta agir conforme o dever.
Agir por dever – autonomia: é agir de modo incondicionado, é ser livre. Quando faço o certo simplesmente porque é o certo. É agir em respeito ao dever, em respeito à autodeterminação de cada pessoa. 
18.04.2017
Continuação de Kant
- Imperativo categórico: “faça somente o que a cada vez possa servir de lei universal”.
Imperativo categórico é uma tentativa do Kant de facilitar o que significa esse “agir por dever”, então ele transforma numa fórmula para você testar as suas ações, se você quer saber se sua ação é certa ou não. Basta universalizar, “o que aconteceria se todo mundo fizesse isso?” (ex. Do engarrafamento, se subir na calçada consigo sair, mas se todos fizerem isso o engarrafamento continuaria, mas agora em cima da calçada). 
Para ele, a mentira é sempre imoral, porque você está usando uma pessoa como um meio, e colocando no Imp. Cat., se todos começassem a mentir, a mentira se tornaria impossível.
- A liberdade em kant permanece a maior parte do tempo como mera possibilidade, mas é essa possibilidade que nos fornece o parâmetro absoluto das noções de certo/errado, justo/injusto.
A liberdade é mera possibilidade, você pode se autodeterminar, mas é impossível sempre ser livre (se alguém ameaçar a minha vida eu vou mentir, e isso não torna o ato moral), mas para Kant o que interessa é essa possibilidade de se autodeterminar, essa possibilidadeé que vai nos dar os parâmetros absolutos pra noção de certo e errado, justo e injusto. O certo é respeitar a autonomia das pessoas, mas isso não é sempre possível, e por isso precisamos do Direito, para lidar com os conflitos entre os indivíduos, por eles não conseguirem sempre se autodeterminarem..
- Como é impossível ser sempre livre, a implementação do direito positivo (organização coletiva do uso da força) se torna necessária.
	Se fosse possível ser sempre livre, não precisaríamos do direito, mas para que isso fosse possível não poderíamos nem ter um corpo, porque eles nos limita com as suas necessidades. Somente uma consciência pura flutuando no vácuo consegue ser completamente livre.
20.04.2017
Continuação de Kant
- Enquanto seres morais, estamos submetidos a duas ordens legais:
Imperatividade do dever – autonomia
Legalidade do direito - heteronomia
Imperatividade do dever – autonomia: qualquer pessoa têm essa lei, é a lei moral. A norma moral é uma exigência privada, da consciência, ela é interna. Não tem sanção.
Legalidade do direito – heteronomia: são as normas de direito. Elas têm sanção e é externa, regula comportamentos.
- A essência do direito é a coação.
 Problema: o direito restringe a liberdade?
A norma jurídica tem o poder de coação. Para ele o direito é caracterizado pela sanção, sanção é o uso organizado da força.
O direito NÃO restringe a liberdade, se ele está coagindo alguém é porque esta pessoa não está sendo livre, a sanção no direito serviria para proteger a liberdade, a autonomia dos indivíduos.
- Uma norma que obriga a comportamentos que vão contra o dever moral não merece ser chamada de direito. Trata-se de um uso arbitrário da força
	Ofender a autonomia das pessoas através da sanção é uma violência institucionalizada. O direito deve ser o uso legítimo da força, e é legítima quando serve para proteger a liberdade das pessoas.
- Conceito de direito: é o conjunto de condições sob as quais o arbítrio de cada um pode se conciliar com o arbítrio dos demais segundo uma lei universal da liberdade.
	conjunto de condições = normas positivas, criam condições para as relações humanas.
arbítrio = liberdade.
lei universal da liberdade = é o dever.
O direito não limita a liberdade, ele concilia os arbítrios.
- Estrutura da teoria do direito:
	Direito privado (natural) – sinônimo de direito natural
		Direito real – dir. das coisas
		Direito pessoal - contratos
		Direito pessoal do tipo real
	
Direito público (positivo) – serve para proteger os direitos naturais
		Direito do Estado
		 Direito penal
		Direito internacional – relação entre Estados
		 Direito das gentes
		 Direito cosmopolitano
	Para Kant, essa estrutura da teoria do direito pode ser alcançada por qualquer ser racional.
	- estado de natureza – direito natural (privado) – justiça comutativa
 
 	- Contrato – exigência da razão pura prática – “Deves, com todos os outros, sair do estado de natureza para entrar sob uma constituição civil.
 
	- Estado civil – direito positivo (público) – justiça distributiva
Estado de natureza - para Kant, nunca aconteceu e nunca poderia ter acontecido. Teoricamente é um lugar/momento em que o ser humano é livre, porém essa liberdade nunca ocorreu já que o próprio corpo humano a limita.
Justiça comutativa - horizontal, relação entre os indivíduos. Para que ela existisse os seres humanos teriam que se respeitar de modo absoluto.
Contrato - é uma exigência para lidar com os conflitos intrínsecos à condição humana. O ser humano precisa do ponto de vista racional e moral do direito.
Estado civil - fruto do contrato. Força organizada politicamente e instrumentalizada através do Direito, e é isso que vai produzir o que Kant chama de o que cria a justiça distributiva (única justiça que o homem é capaz de produzir).
25.04.2017
Continuação de Kant
Direitos naturais
Dir. natural (são retirados da razão, só quem destoa disso é Rousseau) para Kant é sinônimo de direito privado. Ele chama de privado porque ele é conhecido privadamente independente de qualquer organização política. Esses direitos naturais é o exercício da autonomia de pessoas.
- Direito real: é um direito natural que as pessoas tem sobre qualquer coisa.
 São adquiridos originalmente com base na posse inteligível -> disponibilidade para o uso: posse inteligível (é o fundamento do direito real) seria uma espécie de posse teórica que pode ser traduzida como a disponibilidade para o uso da coisa, mesmo que seu possuidor não tenha o contato físico. 
 Comunidade geral da terra: não falou sobre
 Posse de coisa externa: só pode ter direito real sobre coisas e não pessoas, uma pessoa não pode ter posse inteligível sobre uma outra pessoa.
 Propriedade: regulação e proteção positiva do direito real.: O Estado através de uma organização coletiva da força vai regular e proteger os direitos reais, garantindo uma exclusividade de gozo, precisa regular por causa dos conflitos inevitáveis entre os indivíduos. O uso é legítimo quando serve para sua autodeterminação.
 Limites do direito real.: proteção da autonomia das pessoas
- Direito pessoal: tem a ver com pessoas, são basicamente os contratos, posso obrigar uma pessoa a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, entregar um bem etc. 
Não tem constituição originária. Só pode ser adquirido por transmissão.: só posso ter o direito de obrigar a pessoa se ela espontaneamente transmitiu esse direito por meio de uma promessa. Além disso tem que ser pessoas capazes (loucos não podem)
 	Declaração simultânea de duas vontades: um dos lados transmite espontaneamente uma promessa e o outro lado espontaneamente aceita. (contrato básico)
 	Posse da promessa do outro: não é uma posse empírica, é uma posse inteligível, você passa a ter disposição dessa promessa, você pode obriga-lo a fazer o que prometeu.
- Direito pessoal de tipo real: é uma novidade que Kant acha que descobriu, é uma mistura de dir. real e dir. pessoal.
 Possibilidade de uma pessoa usar a outra como coisa 
 Posse do estado do outro em relação a mim: Tem a ver com o estado do outro em relação a mim, tem a ver com as contingências biológicas, econômicas e sociais.
	
Direito conjugal: o casamento não é pessoal por conta do gozo mútuo dos dotes sexuais, há um contrato de exclusividade.
	Direito dos pais: você traz uma pessoa ao mundo independente da vontade dela, isso gera nos genitores uma obrigação de alimentar, educar. 
	Direito do chefe de família: relação do chefe de família com os criados. trata da relação do chefe de família com os seus criados. Kant não vê essa como uma relação de igualdade, por isso não é direito pessoal. Ainda há a existência de um contrato, da vontade de ambas as partes. Ele é uma espécie de tutor que tem obrigação com seus servos (incapazes de se autodeterminar plenamente)
[Tudo já é de todos, o desafio do direito é organizar o uso que as pessoas fazem das coisas].
27.04.2017
Continuação de Kant
Direito positivo (público)
- Direito do Estado: É aquele que regula o comportamento humano a fim de proteger os direitos naturais e a liberdade (autonomia das pessoas). Ele dá efetividade/protege os contratos (promessas) feitos entre pessoas.
- Direito penal
Utilitarismo x retribuição
Kant defende uma concepção retributiva do direito penal.
 
	Preço – coisa – meio
	Dignidade – pessoa – fim em si mesmo 
Cálculo da pena: “jus talionis”.
O direito penal é uma parte do direito do estado, para ele, a pena no direito penal tem uma função retributiva, ou seja, ela deve ser aplicada em função da ofensa moral praticada pelo criminoso, independentemente das suas consequências sociais. Na época dele o direito penal era visto como um instrumento de vingança
 
Utilitaristas: criticam a ideia de vingança pelo Estado, pois para eles ela é irracional. O direito penal deve ser pensado de forma a beneficiar a sociedade.
Kant critica ferrenhamente a concepção utilitaristado direito penal, porque, quando você está aplicando uma pena pensando no benefício social, você trata do condenado como um meio (coisa). Segundo Kant, a dignidade, o respeito à pessoa como um fim em si mesmo é a regra principal, que não pode ser quebrada. Por isso não se pode pensar na pena em função da sua consequência social.
Da mesma forma que Kant vê como um absurdo a aplicação da pena de acordo com os benefícios à sociedade, ele também vê como um absurdo a diminuição da pena em troca de benefícios sociais (ex. delação premiada).
Segundo Kant, só há então um único mecanismo para se calcular a pena: o uso do ius talionis de maneira racional.
Deve-se analisar a qualidade e a quantidade da ofensa à autonomia praticada pelo ato criminoso e devolver na mesma moeda.
Qualidade = tipo de ofensa.
Quantidade = tamanho da ofensa.
 
- Direito internacional
 
- Direito das gentes 
 A busca da paz é um dever dos povos
 Federação de Estados livres
Direito das gentes seria o direito dos povos, dos estados, algo parecido com o que chamados hoje de Direito internacional público. Da mesma forma que os indivíduos são compelidos a se organizar coletivamente, os Estados também são, já que o mundo é finito e não tem como afastar-se dos inimigos. Então a busca da paz é um dever dos povos, dever é essa necessidade moral de equacionar os conflitos, paz é equacionar os conflitos com a lei. Segundo Kant, a finalidade dos Estados é a de criar uma Federação de Estados livres (tecnicamente, é uma confederação).
- Direito cosmopolitano: seria o direito das pessoas em relação a outros estados e pessoas de outro estados, algo parecido com o que chamamos hoje de direito internacional privado.
Direito à hospitalidade: segundo Kant, qualquer pessoa tem o direito de estar em qualquer lugar da terra, portanto é um direito seu visitar outros povos e ser reconhecido como pessoa. (posse inteligível)
02.05.2017
Escola histórica do Direito
Para a escola histórica a razão agora é vista pela história, ou seja, sua definição é o produto de cada momento histórico. O direito não é mais visto através da razão e sim da história. O positivismo está presente durante essa escola. Uma característica comum da escola histórica com o positivismo é a indução ou invés da dedução.
Indução - parte da experiência, da observação.
Dedução - chega a conclusões a partir de princípios lógicos.
Friedrich Carl von Savigny (1779-1861)
Obra: Vocação de nosso tempo para a legislação e a jurisprudência (1814)
Savigny é considerado o pai da escola histórica do Direito, 1º foi um racionalista, mas por influência do romantismo ele muda de pensamento.
- O direito não é um produto da criação arbitrária de um legislador, nem algo dedutível racionalmente, mas um produto histórico do espírito do povo (volksgeist)
	O direito não é dedutível como a matemática. Para ele o direito é o produto do espírito do povo, todo povo tem espírito, que é uma espécie de “consciência coletiva”, compõe esse espirito os costumes, a religião, a língua, a visão de mundo, esse espírito se desenvolve de maneira orgânica, ao longo das gerações, cada espírito de cada povo se desenvolve de maneira diferente, e esse desenvolvimento independe da vontade das pessoas.
* A principal fonte do Direito para Savigny são os costumes, os legisladores vão apenas sistematizar isso, mas a fonte primária é os costumes, e essa fonte é irracional	, e não é estática.
- Ao cientista do direito cabe descrever o sistema de direito de um povo, tal qual ao biólogo cabe a descrição do sistema orgânico de um ser vivo.
	Uma consequência desse pensamento é o conservadorismo, porque não se pode prever o futuro, só estudar o passado. Ou seja, só pelo estudo da história compreende-se o direito.
Cabe ao cientista do direito estudar o sistema do direito dentro do seu povo, assim como o biólogo(...). Só está dentro do poder dele descrever o espírito do povo e não antecipá-lo como houve na Revolução Francesa.
- Savigny compara:
	
Língua – direito
	Gramática – direito positivo
	Savigny diz que para entender o que é o Direito deve-se pensar na língua de um povo, que é produto de uma evolução histórica, e vai se transformando de modo imperceptível. Um dia aparece os teóricos da língua e vão estabelecer a gramática, que são produto de indução, as regras gramaticais são estabelecidas estudando a forma como as pessoa falam num determinado momento histórico, a gramática seria uma sistematização do modo como as pessoas falam. O problema é que a língua vai se modificando, então após um tempo haverá um descompasso entre a gramática e a língua, então acaba tendo que atualizar as regras gramaticais, a mesma coisa acontece com o Direito, que se transforma incessantemente.
- Crítica ao projeto de codificação positivista.
	A partir do século 19 virou moda fazer códigos. Savigny entra em uma polêmica nessa questão. O argumento básico para a existência de códigos é o da segurança jurídica, da racionalidade. Savigny foi contra a criação de códigos porque um código engessa o direito que, na verdade, é vivo. O direito se modifica incessantemente enquanto a lei posta demora muito para se atualizar, o que cria injustiças. Acaba havendo um descompasso entre o direito vivo e o direito que está escrito, as leis devem atualizadas de forma que correspondam aos costumes.
- Método: intuição jurídica dos institutos jurídicos
Para ele, a resposta para esse problema é a criação de um método. Se há um bom método, o jurista saberá qual lei aplicar e como fazê-la.
Método de interpretação histórico - esse método funciona pela intuição dos institutos jurídicos (costumes sedimentados que formam a base do direito de determinado povo). Esses institutos são descobertos através do estudo da história.
[Observação: o relativismo é um perigo que cerca as escolas históricas. Savigny crê que não há esse problema na teoria dele porque ele parte da opinião de que a história pode ser compreendida]
- Método de interpretação da lei: *(não falou sobre)
a) elemento gramatical
b) elemento lógico
c) elemento histórico
d) elemento sistemático
04.05.2017
Hegel (1770 – 1831)
Obra: Princípios da filosofia do Direito
Hegel também tem a história como parâmetro último de seu pensamento. É um autor fundamental para se compreender Marx. Para compreender seu pensamento, deve-se ter noção de seu sistema básico.
- O panteísmo hegeliano identifica deus com a história.
	Espinosa era um pensador moderno (judeu),e construiu um sistema panteísta (pan= universal, teísmo = Deus) ele defendeu que Deus não é um ser que criou tudo e está fora do mundo, Deus seria imanente a tudo que existe, Deus constitui tudo o que existe. Esse tese faz muito sucesso no período de Hegel e influencia-o. Hegel pega esse panteísmo de Espinosa e transformar na história, para Hegel a história é tudo o que existe, a hist. não é produto da atividade livre de homens, a história é um processo universal, e tem uma lógica de desenvolvimento
- Ser é devir
	Devir é movimento, aquilo que flui, e está se transformando incessantemente, então Ser (existência), é o devir puro, a pura transformação, tudo o que podemos dizer e pensar sobre as coisas são mediações históricas.
- Dialética: é a lógica desse processo histórico de transformações. É a própria lógica da história. Dialética é a relação entre tese, antítese e síntese. Tudo o que existe está numa relação dialética. Quando chegamos na síntese, ela passa a se colocar como tese e o ciclo continua. 
	
	Tese
	Antítese
	Síntese
- Contradição: combustível da história
- A liberdade se realiza como espírito
A história se realiza como espírito. Para ele, o espírito tem a ver com a liberdade, como ela se configura através da história. A história é um processo de realização da liberdade.
	
09.05.2017
Continuação de Hegel
Hegel afirma que temos uma noção limitada do tempo, já que só pensamos em termos lineares, mas essa é uma limitação da mente humana. Para ele, a história sempre se repete.

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