Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bacharelado em Ciências Contábeis 1 GUIA DE ESTUDOS CONTABILIDADE PARA ENTIDADES DE INTERESSE SOCIAL PROF. ME. VIVIANE DA COSTA FREITAG Bacharelado em Ciências Contábeis 2 Sumário Introdução .......................................................................................................... 4 AULA 1 ............................................................................................................... 5 1 Entidades do Terceiro Setor ............................................................................ 5 1.1 Contextualização histórica ............................................................................ 6 1.2 Objetivos, Características e Classificações .................................................. 7 1.3 Filosofia e Missão ....................................................................................... 11 1.4 Constituição e Funcionamento das Entidades do Terceiro Setor ............... 12 1.5 Legislação Aplicada ao Terceiro Setor ....................................................... 13 1.5.1 Legislação que Rege as Associações .................................... 13 1.5.2 Legislação que Rege as Fundações ....................................... 14 1.6 Tributação do Terceiro Setor ...................................................................... 15 1.6.1 Isenção ................................................................................... 15 1.6.2 Imunidade ................................................................................................ 16 1.6.3 Tributos Aplicados ao Terceiro Setor ...................................... 17 1.6.4 Obrigações Acessórias ........................................................... 18 SÍNTESE .......................................................................................................... 19 Exercícios resolvidos ........................................................................................ 20 Questões de Revisão ....................................................................................... 21 AULA 2 E 3 CONTABILIZAÇÕES .................................................................... 27 2. Gestão Contábil Aplicada ao Terceiro Setor ................................................ 27 2.1 Princípios de Contabilidade ........................................................................ 28 2.2 Plano de Contas ......................................................................................... 29 2.3 Contas Específicas do Terceiro Setor – Ativo ............................................ 35 2.3 Contas Específicas do Terceiro Setor – Passivo ........................................ 40 2.4 Contas Específicas do Terceiro Setor – Patrimônio Líquido Social ............ 43 2.5 Contas Específicas do Terceiro Setor – Fontes de Recursos .................... 45 2.5.1 Doações .................................................................................. 45 2.5.2 Contribuições .......................................................................... 45 2.5.3 Subvenções ............................................................................ 46 2.5.4 Outras Fontes de Recursos .................................................... 47 2.5.5 Resultados com Gratuidade e Trabalho Voluntário ................ 48 Bacharelado em Ciências Contábeis 3 SÍNTESE .......................................................................................................... 49 Exercícios resolvidos ........................................................................................ 49 Questões para Revisão .................................................................................... 50 AULA 4 EVIDENCIAÇÕES............................................................................... 52 3.1 Usuários das Demonstrações Contábeis no Terceiro Setor ....................... 52 3.2 Balanço Patrimonial ................................................................................... 53 3.3 Demonstração do Déficit ou Superávit do Exercício .................................. 56 4. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Social (DMPLS) ......... 58 5. Demonstração do Fluxo de Caixa ................................................................ 60 SÍNTESE .......................................................................................................... 66 Exercícios resolvidos ........................................................................................ 66 Questões para Revisão .................................................................................... 70 AULA 5 – NOTAS EXPLICATIVAS, RELATÓRIO DE ATIVIDADES E CUSTOS76 6. Notas Explicativas ........................................................................................ 76 7. Relatório de Atividades................................................................................. 83 Modelo de Relatório de Atividades ................................................................... 84 8. Custos no Terceiro Setor.............................................................................. 86 8.1 Métodos de Acumulação de Custos ........................................................... 87 SÍNTESE .......................................................................................................... 88 Exercícios resolvidos ........................................................................................ 88 Questões para revisão ..................................................................................... 91 AULA 6 CONTROLES NO TERCEIRO SETOR E PRESTAÇÃO DE CONTAS97 9. Controle ........................................................................................................ 97 9.1 Controle Interno .......................................................................................... 97 9.2 Controle Externo ........................................................................................ 99 10.1 Elementos que compõe a Prestação de Contas .................................... 100 10.2 A quem devo Prestar de Contas? .......................................................... 103 SÍNTESE ........................................................................................................ 104 Exercícios resolvidos ...................................................................................... 105 Questões para revisão ................................................................................... 106 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 110 Bacharelado em Ciências Contábeis 4 Introdução Esse guia de estudos foi dividido conforme as aulas ministradas, assim você poderá acompanhar o conteúdo conforme for evoluindo nos seus estudos. Esse guia contempla a Resolução CFC 1409/2012, que converge às práticas contábeis para essas instituições às normas internacionais, essa resolução é a mais atual em termos de Terceiro Setor, mas é importante frisar a necessidade de consultarmos periodicamente a legislação, uma vez que nossa profissão está sujeita às modificações. A aula 1 contextualiza as entidades do Terceiro Setor e apresenta o marco legal, sob o enfoque tributário dessas organizações. As aulas 2 e 3 apresentam a contabilização com enfoque nas peculiaridades inerentes ao setor. A aula 4 trabalha com as principais demonstrações contábeis, Balanço Patrimonial, Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquidoe apresenta a Demonstração do Fluxo de Caixa. A aula 5 contempla as notas explicativas, o relatório de atividades e faz menção ao aspecto gerencial da contabilidade trabalhando custos nessa realidade. E por fim na aula 6 tratamos do controle interno e prestação de contas. Bacharelado em Ciências Contábeis 5 AULA 1 1 Entidades do Terceiro Setor Diante da ineficiência estatal para tratar de todos os problemas, provenientes de causas econômicas ou sociais, desponta uma terceira via, para suprir o espaço deixado pelo estado. A caracterização deste setor pode ser entendida partindo-se do seu conceito, que, conforme Falconer (1997, p. 25) pode ser definido como: aquelas em que seus benefícios financeiros não podem ser distribuídos entre gestores e associados tem natureza voluntária, o termo original na língua inglesa remete à caridade, à memória religiosa medieval, e enfatiza o aspecto de doação, de si para os outros. As entidades que compõe o Terceiro Setor são aquelas que atuam de forma voluntária, junto à sociedade civil com objetivos diversos, mas em torno de um ideal maior que é o bem estar social, desenvolvem suas atividades geralmente onde o Estado não consegue atuar de maneira efetiva, e para tanto consomem recursos na execução desses serviços. Hudson, (1999, p. 2) afirma que o terceiro setor consiste em organizações cujos objetivos principais são sociais, em vez de econômicos’. A essência desse setor engloba instituições de caridade, organizações religiosas, fundações, entidades voltadas para as artes, organizações comunitárias, sindicatos, associações profissionais e outras organizações voluntárias. Todas essas organizações possuem como característica comum o fato de serem orientadas por valores [...] mantidas por pessoas que não só acreditam que mudanças são necessárias, mas que se empenham em fazer estas mudanças. Freeman e Shoulders (1993, p. 8 apud OLAK e NASCIMENTO 2006, p. 3) apresentam as peculiaridades inerentes às entidades sem fins lucrativos, a saber: a)Quanto ao lucro (profit): o lucro não é a razão de ser dessas entidades; b) Quanto a propriedade (ownership): pertencem a comunidade. Não são normalmente caracterizadas pela divisibilidade do capital em partes proporcionais, que podem ser vendidas ou permutadas; c) Quanto às fontes de recursos (resources): as contribuições com recursos financeiros não dão direito ao doador de participação proporcional nos bens ou serviços da organização; d) Quanto as principais decisões políticas e operacionais (policy&operatingdecisions): as maiores decisões políticas e algumas decisões operacionais são tomadas por consenso de voto, via assembléia geral, por membros de diversos segmentos da sociedade direta ou indiretamente eleitos. Bacharelado em Ciências Contábeis 6 O termo terceiro setor é utilizado para denominar as organizações sem fins lucrativos, de participação voluntária em que o excedente é reinvestido na própria organização, compreendida pelo sistema econômico capitalista, que adapta-se a novas alternativas de planejamento, desenvolvimento democrático e social. (ARAÚJO, 2006). Em geral, este setor é conceituado como organizações da sociedade civil, que objetivam a prestação de serviços ao público em diversas áreas onde, o governo não atua de forma eficiente. Dependem de doações de pessoas, empresas ou de ajuda do governo para poder existir. Geralmente trabalham com recursos escassos e não regulares, portanto necessitam de controles e uma contabilidade que reflita sua realidade para tomada de decisão. Essas entidades surgem dentro de um contexto de responsabilidade social Conceito esse que se destacou no Brasil da década de 1960, após a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), que reconheceu a função social da empresa. (TOLDO, 2002 p. 77). A noção da responsabilidade social nas organizações estabelece o comprometimento das empresas em relação às exigências da sociedade, em consequência de suas atividades. (TINOCO, 2001, p.25). Para Melo Neto e Froes (1999, p. 83), a Responsabilidade Social Empresarial transcende a mera Ação Social ou assistencialismo, que internamente são definidos como: “Projetos comunitários pontuais, geralmente de caráter filantrópico, destinados a mitigar mazelas sociais.” 1.1 Contextualização histórica Landim (1993, p. 12 apud CARNEIRO et. al. (2006, p. 5) descreve que no inicio da década de 90, já existia no Brasil uma série de organizações que não poderiam ser classificadas como pertencentes ao Estado nem ao Mercado. Levando-se em conta este fato, nota-se que, 'para além do Estado e do Mercado' existem novas realidades que estavam surgindo para preencher a carência do Estado em proporcionar a população um mínimo de bem estar social. Quando falamos de entidades sem fins lucrativos uma das primeiras relações que pensamos é o termo ONG (Organizações não Governamentais), devido a participação de muitas entidades na ECO-92 (fórum internacional para discussão do meio ambiente, ocorrido no Rio de Janeiro em 1992). Com o fortalecimento das entidades sem fins lucrativos o Estado ganha um Bacharelado em Ciências Contábeis 7 aliado para atender o bem estar social, o Mercado torna-se um parceiro que contribui para a continuidade destas entidades por meio de doações. A Constituição Federal do Brasil em seu Art. 3º descreve como objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – Garantir o desenvolvimento nacional; III - Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – Promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Com isso podemos inferir que pela natureza diversa das atividades que desempenham as entidades do Terceiro setor, que essas contribuem para a consecução dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, e para isso ela depende da ajuda do Estado e do Mercado. 1.2 Objetivos, Características e Classificações O terceiro setor abrange Entidades Sem Fins Lucrativos que envolvem ações sociais. Suas principais características são a natureza específica de suas ações, de caráter filantrópico e de investimentos em programas e projetos sociais, e o alto grau de diversidade das entidades que deles fazem parte. (MELO NETO e FROES, 2005). Olak e Nascimento (2010, p. 6), caracterizam as organizações do terceiro setor como: instituições privadas com propósitos específicos de provocar mudanças sociais e cujo patrimônio é construído e mantido e ampliado a partir de contribuições, doações e subvenções e que, de modo algum, se reverte para os seus membros ou mantenedores. Fernandes, (1997 p.32) classifica o terceiro setor de acordo com quatro pressupostos, de acordo com as características de suas ações. O primeiro é que ele faz um contraponto às ações do governo, ou seja, os bens e os serviços prestados à população não são exclusividade do governo, mas, seguramente, possuem larga atuação das iniciativas particulares. Inclusive em conjunturas neoliberais, a tendência é cada vez mais enfatizar a atuação do Terceiro Setor em detrimento a um Estado cada vez mais minimizado. O Segundo pressuposto é que o Terceiro Setor faz um contraponto às ações do mercado. A própria presença do Terceiro Setor já evidencia que o mercado não dá conta das demandas e interesses sociais. Cabe, portanto ao Estado e ao Terceiro Setor o cumprimento e satisfação dessas necessidades. O terceiro pressupostosalienta e reforça o segundo pois modifica a oposição central entre Estado e Mercado, realçando o valor tanto político quanto econômico das ações voluntárias, sem fins lucrativos, Bacharelado em Ciências Contábeis 8 resgatando o pensamento doutrinário (Estado, Mercado e Terceiro Setor). E finalmente, o quarto pressuposto é que o Terceiro Setor faz a complementação entre as ações públicas e privadas. Sem o Estado (Primeiro Setor) e sem o Mercado (Segundo Setor), o Terceiro Setor não poderia existir, pois ambos dão clareza e justificam as ações empreendidas. A classificação das entidades sem fins lucrativos, sugerida por Hudson (1999), pode ser visualizada por meio do quadro 1. Quadro 1: Classificação das Entidades Sem Fins Lucrativos Grupo 1 – Cultura e Recreação Esportes, arte, museus, zoológicos, recreação, clubes sociais Grupo 2 – Educação e Pesquisa Escolas e educação superior, treinamento vocacional Pesquisa médica, ciência e tecnologia, estudos de política empresarial Grupo 3 – Saúde Hospitais, reabilitação, asilos, saúde mental Saúde pública, educação sanitária Grupo 4 – Serviços Sociais Bem-estar da criança, serviços para jovens, famílias, idosos e deficientes Ajuda de emergência, complementação de rendimentos, assistência material Grupo 5 – Meio Ambiente Conservação de recursos naturais, controle da poluição Proteção e bem-estar dos animais, vida selvagem e preservação de ambientes rurais Grupo 6 – Desenvolvimento e Habitação Desenvolvimento econômico, social e comunitário Habitação Emprego e treinamento Grupo 7 – Lei, Direito e Política Organizações de direito, minorias étnicas, associações civis Serviços legais, prevenção do crime, reabilitação de delinqüentes, apoio às vítimas Partidos políticos Grupo 8 – Intermediários Filantrópicos e Promoção do Voluntariado Grupos econômicos de concessão de recursos, organizações de captação de recursos Organizações de intermediários Grupo 9 – Atividades Internacionais Programas de intercâmbio, assistência de desenvolvimento, amparo em desastres Direitos humanos e organizações pacifistas Grupo 10 – Religião Organizações religiosas Grupo 11 – Associações Profissionais e Sindicatos Organizações de empregados, sindicatos, associações profissionais Grupo 12 – Não Classificados em Outros Grupos Não classificados em outros grupos Fonte: HUDSON (1999. p. 237). Hudson (1999) se propõe a classificar as instituições por categorias de serviços, ou seja, são agrupadas por semelhanças entre seus objetivos. Bacharelado em Ciências Contábeis 9 A International Classification of Non profit Organizations – ICNPO, (Classificação Internacional de Organizações Sem Fins Lucrativos), segundo Silva (2010, p.12), “se constitui como um desdobramento da definição estrutura/operacional. A ICNPO organiza a diversidade das organizações em grupos e subgrupos, conforme áreas de atuação e atividades desenvolvidas”. Quadro 2: Classificação das Entidades pela área de atuação Grupo 1: CULTURA E RECREAÇÃO Grupo 6: DESENVOLVIMENTO E HABILITAÇÃO SG 1 100 Cultura e Desenvolvimento das Artes SG 6 100 Desenvolvimento Econômico, Social e Comunitário SG 1 200 Esportes SG 6 200 Moradia SG 1 300 Outras Recreações SG 6 300 Emprego e Treinamento Pessoal Grupo 2: EDUCAÇÃO E PESQUISA Grupo 7: LEI, DIREITO E POLÍTICA SG 2 100 Educação Primária e Secundária SG 7 100 Civismo e Direito SG 2 200 Educação Superior SG 7 200 Leis e Serviços Legais SG 2 300 Outros Tipos de Educação SG 7 300 Política Organizacional SG 2 400 Pesquisa Grupo 8: INTERMEDIÁRIOS PARA FILANTROPIA E PROMOÇÃO DE VOLUNTÁRIOS Grupo 3: SAÚDE SG 3 100 Hospitais de Reabilitação Grupo 9: ASSUNTOS INTERNACIONAIS SG 3 200 Asilos para Idosos SG 3 300 Saúde Mental Grupo 10: RELIGIÃO SG 3 400 Outros Serviços de Saúde Grupo 11: NEGÓCIOS, ASSOCIAÇÕES PROFISSIONAIS E SINDICATOS. Grupo 4: SERVIÇOS SOCIAIS SG 4 100 Serviços Sociais Grupo 12: ATIVIDADES NÃO CLASSIFICADAS SG 4 200 Assistência Emergencial SG 4 300 Apoio à Manutenção Grupo 5: MEIO AMBIENTE Meio Ambiente Proteção Animal Fonte: Landin e Beres (1999). Adaptado por Cabral 2009 A Classificação utilizada pelo ICNPO também agrupa as organizações por suas funções. Quanto ao marco regulatório, as Entidades sem Fins Lucrativos, são regidas pela Lei 10.406/02 do Código Civil, constituída sob o aspecto legal como Associações e Fundações. Bacharelado em Ciências Contábeis 10 Ilustração 1: Divisão das Pessoas Jurídicas Fonte: Olak e Nascimento (2010, p. 14) A Lei 10.406/02 apresenta as características, finalidades, forma obtenção dos recursos e estabelecimento do patrimônio, critérios para alteração dos estatutos, para dissolução, e destinação do patrimônio remanescente, enfim, essa Lei representa o amparo legal no qual são instituídas as associações e fundações. Dentro do conceito de Associações, a Lei 9637/1998 criou as Organizações Sociais (OS), que são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde. Essa Lei em seu Art. 11 declara as OS como entidades de interesse social e utilidade pública. E o Art. 12 estabelece que poderão ser destinados recursos orçamentários e bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão. Verificamos que essas entidades trabalham com recursos públicos e estão sujeitas ao contrato de gestão, que de acordo com o Art. 5 da Lei 9637/1998 é um instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas relacionadas A Lei 9790/1999 criou a figura das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Qualificam-se como Organizações da Sociedade Civil de Bacharelado em Ciências Contábeis 11 Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias se destinem à: promoção da assistência social; promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; promoção gratuita da educação; promoção gratuita da saúde; promoção da segurança alimentar e nutricional; defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; promoção do voluntariado; promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais; estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas anteriormente. Além da criação dessa modalidade de sociedade, a Lei 9790/1999 em seus Arts. 9 e 10 instituem o Termo de Parceria, que é um instrumento firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas OSCIPs destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público acima elencadas. Ou seja, essa Lei estabeleceu alguns critérios para enquadramento da sociedadecomo OSCIP e instituiu uma fonte de recurso que é o termo de parceria. 1.3 Filosofia e Missão Quando falamos de entidades sem a finalidade de lucro nos deparamos com uma controvérsia no sentido empresarial, na grande maioria das atividades econômicas, seja pela venda de produtos, mercadorias e serviços o intuito é obter lucro, do qual possibilita a extensão da vida econômica e financeira das empresas. As entidades sem finalidade de lucro, como o próprio termo nos remete “sem finalidade de lucro” não tem como objetivo principal terem uma remuneração sobre as vendas ou serviços prestados, sendo o bem estar social o seu principal objetivo. Por outro lado, sabemos que obter resultados positivos é fundamental para qualquer empresa, neste sentido as entidades sem fins lucrativos acabam buscando superávits em seus resultados. Comparadas com as empresas com finalidades lucrativas, a diferença na obtenção do superávit é que esse é incorporado ao patrimônio social e nas demais empresas o lucro pode ser distribuído entre os acionistas. Bacharelado em Ciências Contábeis 12 Olak e Nascimento (2010) afirmam que as entidade sem fins lucrativos existem para provocar mudanças na sociedade a sua filosofia é a definição do por que e para que a entidade existe. Quando analisamos o por que e para que da existência das entidades sem fins lucrativos nos deparamos com o objeto social, neste caso a existência está ligado ao suprimento das necessidades da sociedade não supridas pelo Estado. Quadro 3: Diferenças entre objetivos das Entidades Sem Fins Lucrativos e das Entidades com Fins Lucrativos Entidades Objetivos-Meio Objetivos-Fim Com fins lucrativos Satisfação das necessidades dos consumidores Lucro Sem fins lucrativos Provocar mudanças sociais Indivíduos transformados Fonte: Olak e Nascimento (2010, p. 8) Podemos verificar que a missão das empresas é diretamente ligada ao seu objetivo, a missão das entidades sem fins lucrativos, conforme Olak e Nascimento (2010) é transformar a sociedade por meio dos indivíduos. 1.4 Constituição e Funcionamento das Entidades do Terceiro Setor As fundações são entes jurídicos que têm por característica o patrimônio. Este deverá ser administrado de modo a atingir o cumprimento das finalidades estipuladas pelo seu instituidor. a partir da vigência do Código Civil Lei 10406/2002, Art. 62 § único, somente podem ser constituídas fundações para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. Na fase de constituição o patrimônio deve ser formado por bens livres, ou seja, legalmente disponíveis ou desonerados. Deverá ser suficiente para a manutenção da entidade e desenvolvimento de suas finalidades estatutárias. Quando patrimônio for insuficiente para a constituição da fundação, este será incorporado a outra fundação com finalidades estatutárias iguais ou semelhantes, a não ser que o instituidor tenha disposto de outra forma no ato de instituição (escritura pública ou testamento). Szazi (2000) afirma que a manifestação de vontade do instituidor deve conter de maneira clara e especifica os fins para os quais a fundação se destina e sua declaração de vontade. Caso uma instituição tenha sido criada em vida, o esboço do estatuto e a indicação dos nomes dos primeiros dirigentes devem ser apresentados ao Ministério Público, que irá avaliar dentro de 15 dias, Porém, caso a instituição tenha sido criada sob testamento, será autorizada a lavratura da escritura definitiva de Bacharelado em Ciências Contábeis 13 instituição da fundação em cartório de notas de livre escolha do instituidor. As associações são regidas por um estatuto que deverá, necessariamente, definir a composição e o funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos. O órgão de deliberação máxima é a Assembleia Geral. Esta possui as seguintes competências privativas:a) eleger os administradores;b) destituir os administradores;c) aprovar as contas;d) aprovar e alterar o estatuto. Já o estatuto da Fundação, disporá sobre a administração, especificando que órgãos farão parte da fundação, as suas competências e como se comporão. É faculdade do instituidor declarar, no ato da instituição, seja por escritura pública, seja por testamento, como se fará a administração. (BRASIL, 2002) 1.5 Legislação Aplicada ao Terceiro Setor As associações e Fundações são regidas pela Lei 10406 de 10 de janeiro de 2002, conhecida como Novo Código Civil. Por meio dessa lei, no Art. 44, consta que são pessoas jurídicas de direito privado, as associações, as sociedades e fundações, mais tarde foram incluídas pela Lei 10825 de 22 de dezembro de 2003, as organizações religiosas e os partidos políticos. 1.5.1 Legislação que Rege as Associações O Art. 53 da Lei 10406/2002 rege a constituição das associações, criada pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos, não havendo entre associados, direitos e obrigações. Sobre os estatutos, no Art. 54 da referida lei consta que esse deverá conter: denominação, os fins, e a sede, explicitar os requisitos para admissão, demissão e exclusão dos associados; direitos e deveres, fontes de recursos para sua manutenção, as condições para alterações estatutárias e para a dissolução. Ao que concerne aos órgãos deliberativos, seu modo de constituição e funcionamento, forma de gestão e de aprovação das contas, foram alteradas posteriormente pela Lei 11127/2005. Os Art. 55 a 58 da Lei 10406/2002 tratam dos associados, estes devem ter iguais direitos, porém o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. Se a associação trabalhar com quota ou fração do patrimônio, a transferência dessa quota não atribui qualidade de associado, sendo essa intransmissível, e que o associado não poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no Bacharelado em Ciências Contábeis 14 estatuto. Por meio da Lei 11127/2005 foram inclusos os critérios de exclusão do associado, em que são admissíveis, mediante justa causa desde que seja assegurado direito de defesa e de recursos previstos em estatuto. A Lei 11127/2005 por meio do Art. 59 estabeleceu as competências exclusivas da Assembleia Geral, que possibilita excluir os administradores e alterar estatutos, desde que seja convocada para tal fim e que tenha quórum mínimo e critérios para eleição dos administradores estabelecidos pelo estatuto vigente. A mesma lei trata da convocação dos órgãos deliberativos que garantem o mínimo de um quinto dos associados com direitos, para tal situação. Quanto à dissolução da associação, a Lei 10406/2002 em seu Art. 60 a 61, rege que o remanescente do seu patrimônio Líquido, após deduzidas as quotas deverá ser destinada à Entidade Sem Fins Econômicos estabelecida por seu estatuto, ou em caso de omissão dessa informação, por deliberação dos associados, para instituição em qualquer esfera do governo, com finalidades no mínimo semelhantes. Também há possibilidade de ressarcimento de contribuições que os associados tiverem realizado para o patrimônio da entidade. Não havendo associação que atendam as condições de semelhança, o patrimônio remanescente deverá ser entregue à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. 1.5.2 Legislação que Rege as Fundações Ao que diz respeito à criação das fundações, a Lei 10406/2002, por meio do Art. 62 a 65 infere que o instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina,e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la, quando esses recursos forem insuficientes para constituir a fundação, os bens a essa destinada serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. Uma vez instituída a fundação ainda em vida, o instituidor fica obrigado a transferir propriedade ou direitos sobre os bens, caso contrário esses serão registrador por conta de um mandado judicial. A constituição de fundações somente poderá possuir fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. Cabe ao instituidor designar a aplicação do patrimônio, e de acordo com sua base, criar estatuto, submetendo à aprovação da autoridade competente com recurso ao Juiz, se a elaboração do estatuto não for realizada no prazo estipulado pelo Bacharelado em Ciências Contábeis 15 instituidor, em cento e oitenta dias essa tarefa ficará à encargo do Ministério Público. De acordo com Lei 10406/2002, por meio do Art. 66 compete ao Ministério Público estadual velar pelas fundações, no caso das atividades da fundação se estenderem por meia de um estado, estarão sujeitas às fiscalizações dos Ministérios Públicos dos estados abrangidos. No que concerne à alterações de estatuto nas fundações, a Lei 10406/2002, por meio do Art. 67 regulamenta as alterações de estatuto, sendo necessária deliberação de dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação, desde que não sejam contrariadas ou desvirtuadas suas finalidades. E que essas sejam aprovadas pelo órgão do Ministério Público. O Art 68 estabelece que quando essa alteração não for aprovada por unanimidade, os administradores da fundação, devem submeter o estatuto ao órgão público, requerendo que se dê ciência à minoria vencida com direito à impugná-la se achar necessário em dez dias. O Art. 69 estabelece que se a alteração for ilícita, impossível ou inútil à finalidade da fundação, o órgão do Ministério Público ou qualquer interessado poderá promover sua extinção 1.6 Tributação do Terceiro Setor Ao tratarmos de tributação ao Terceiro Setor, verificamos que o regulamento do imposto de renda, trata dessas entidades sob o enfoque da imunidade e isenção. De acordo com Higuchiet al.; (2008, p. 447): “a diferença é que imunidade está prevista na Constituição Federal enquanto a isenção é concedida por lei”. O Art. 150 da Constituição Federal estabelece como limitação ao poder de tributar aos: templos de qualquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, e das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos. A imunidade impede a incidência de tributação, sobre determinado fato, categoria, ou pessoa, e está prevista na Constituição Federal, já a isenção acontece quando uma Lei exclui a incidência de tributos em situações específicas, desde que atendidos determinados requisitos.Á suspensão á imunidade e á isenção estão previstas pelo Art. 14 da Lei 9532/97, remete ao Art. 32 da Lei 9430/1996. 1.6.1 Isenção São consideradas isentas de acordo com Art. 15 da Lei 9532/97 as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que Bacharelado em Ciências Contábeis 16 prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas, sem fins lucrativos. Essa isenção é aplicada exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, não estão abrangendo os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. Olak e Nascimento (2010) complementam afirmando que as entidades sem fins lucrativos também são imunes à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (CONFINS). Os requisitos necessários para enquadramento da instituição como imune, compreende a não remuneração dos seus dirigentes e a apresentação anual da Declaração de Rendimentos, em conformidade com a Secretaria da Receita Federal; Fabretti (2011) afirma que a isenção é um favor fiscal temporário, que exclui o pagamento do tributo, incorre sobre determinado período, e não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias. A suspensão para a isenção, bem como para a imunidade das instituições sem fins lucrativos podem ser suspensas pela Secretaria da Receita Federal caso essas não atendam as condições fixadas em lei para o gozo da isenção e imunidade. (HIGUCHI et al. 2008) 1.6.2 Imunidade O Art. 12 da Lei 9532/97 considera imune a instituição de educação ou de assistência social, que preste os serviços para os quais foram constituídas, os coloque à disposição da população em geral de forma complementar ao estado e que não tenham fins lucrativos. Além disso, para se enquadrar como imune a lei propõe requisitos: seus dirigentes não podem ser remunerados, deverá aplicar integralmente seus recursos na manutenção de seus objetivos sociais, manter escrituração formal, conservar por cinco anos, documentos que comprovem suas origens de receitas e efetivação das despesas,ou qualquer documento que justifique a modificação de situação patrimonial, apresentar anualmente a Declaração de Rendimentos à Secretaria da Receita Federal, recolher os tributos retidos sobre rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, cumprir com as obrigações acessórias decorrentes da seguridade social, assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade em caso de fusão, cisão ou encerramento em última instância à órgão público. Bacharelado em Ciências Contábeis 17 A imunidade será suspensa no ano calendário em que a instituição tiver praticado ato que constitua infração à dispositivo da legislação tributária, ou declarar falsamente, omitir, ou simular recebimento de doações em bens ou em direito, ou cooperar para que terceiro sonegue tributos ou pratique atos ilícitos de ordem fiscal. Incluem-se nas infrações o pagamento em favor de associados, acionistas ou dirigentes, despesas indedutíveis na determinação da base de cálculo do Imposto de Renda ou da Contribuição Social sobre o Lucro. De acordo com Szazi (2000), não basta que o estatuto da entidade preveja a condição de entidade [sem fins lucrativos], é preciso demonstração desde sua criação, por meio de seus objetivos que se destina a realizar atividades de caráter altruístico, voltadas ao interesse coletivo e bem-estar da comunidade onde atua. O autor complementa que essa é a condição que o estado utiliza para garantir que os recursos, não arrecadados por conta da imunidade, sejam destinados ao desenvolvimento, e assistência à população. Amorim (2011) ressalta que a imunidade tributária de ser reconhecida administrativamente mediante a comprovação das condições legais previstas no art. 14 do Código Tributário Nacional (CTN), e requerida junto ao ente administrativo tributário, que tem a competência para concessão da mesma. 1.6.3 Tributos Aplicados ao Terceiro Setor No entanto Szazi (2000) ressalta que apesar de algumas entidades estarem imunes ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), e Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL) continuam obrigadas a cumprir outros encargos, relacionados à tributos também previstos pelo Regulamento do Imposto de Renda. Um importante detalhe dessa isenção é o reflexo dessa sob as aplicações financeiras dessas organizações também ficarão dispensados da retenção do Impostode Renda, com exceção dos rendimentos e ganhos de capital obtidos por meio de aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável As entidades que fazem parte do Terceiro Setor, desde que devidamente enquadradas como imunes não realizam recolhimento de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Serviços (ISS), Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS). Ao que se refere às Contribuições Sociais, sobre a folha de pagamento e demais rendimentos de trabalho, às entidades beneficentes de assistência social, que tem como finalidade prestar serviços nas áreas de assistência social, saúde ou Bacharelado em Ciências Contábeis 18 educação, tem isenção à essas desde que se enquadrem nos requisitos estabelecidos pela Lei 12101/2009. 1.6.4 Obrigações Acessórias Independentes de sua forma jurídica, as organizações do Terceiro Setor terão informações de diversas naturezas que precisam ser prestadas aos órgãos públicos, conforme pode ser visualizadas no quadro a seguir. Quadro 4: Síntese das Obrigações Gerais Obrigações Gerais Entidades que estão sujeitas Periodicidade Secretaria da Receita Federal do Brasil DIPJ Todas as entidades imunes ou isentas. Anual DIRF Entidades imunes ou isentas que tenham pago ou creditado rendimentos que sofreram retenção de impostos de renda na fonte (IRRF) ou que tenham efetuado retenção da CSLL, da Cofins e da contribuição do PIS/Pasep sobre pagamentos efetuados a outras pessoas jurídicas. Anual DCTF Entidades imunes ou isentas cujo valor mensal de impostos e contribuições a declarar na DCTF seja superior a R$10.000,00. Mensal ou Semestral DACON Entidades imunes ou isentas cujo valor mensal das contribuições a serem informadas no Dacon seja superior a R$10.000,00. Mensal ou Semestral Ministério do Trabalho e Emprego RAIS Todas as ESFL, com ou sem empregados. Anual GFIP ESFL sujeitas ao recolhimento do FGTS ou às contribuições e/ou informações à Previdência Social. Mensal CAGED ESFL que tenham admitido, desligado ou transferido empregado com contrato de trabalho regido pela CLT. Mensal Ministério Público Exame dos atos constitutivos Fundações. Na constituição Prestação de contas Fundações. Anual Fonte: adaptado de OLAK; NASCIMENTO (2010, p. 199) A Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) apresenta uma declaração de rendimentos da entidade. Se a organização tiver pago valores à titulo de salários, que tiveram retenção de valores de Imposto de Renda, deverão apresentar essa movimentação na Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), a organização deverá informar por meio da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) se Bacharelado em Ciências Contábeis 19 tiver valores de impostos e contribuições federais (débitos) e respectivos (créditos) de pagamentos, compensação, parcelamento) referentes a: Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Imposto de Renda Retido a Fonte (IRRF), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativo a Títulos de Valores Mobiliários (IOF), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o PIS/PASEP, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE). Mesmo que a instituição não tenha valores a registrados dessa natureza precisa entregar essa declaração. O Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON) é apresentado para a Receita Federal, quando apura contribuição com base na folha de pagamento da instituição para o PIS/PASEP, e da COFINS, estão dispensadas da entrega, as entidades com valores mensais inferiores a R$ 10.000,00. Por meio da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) as entidades informam dados sobre suas atividades trabalhistas, mesmo que não hajam trabalho remunerado nas organizações. A Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social (GFIP) fornece ao governo informações sobre os empregados, suas remunerações, fatos geradores de contribuição previdenciária. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), informa o fluxo de movimentação de seus empregados, demitidos, contratados e transferidos. Às Fundações tem seu ato constitutivo analisado pelo Ministério Público e precisam prestar contas anualmente à esse órgão. SÍNTESE As entidades que compõe o Terceiro Setor atuam de forma voluntária, junto à sociedade civil com objetivos diversos, mas em torno de um ideal maior que é o bem estar social, desenvolvem suas atividades geralmente onde o Estado não consegue atuar de maneira efetiva, e para tanto consomem recursos na execução desses serviços. A Lei 10.406/02 apresenta as características, finalidades, forma obtenção dos recursos e estabelecimento do patrimônio, das organizações do Terceiro Setor, critérios para alteração dos estatutos, para dissolução, e destinação do patrimônio remanescente, enfim, essa Lei representa o amparo legal no qual são instituídas as associações e fundações. Bacharelado em Ciências Contábeis 20 As fundações são entes jurídicos que têm por característica o patrimônio. As associações são organizações de pessoas em torno de um objetivo comum, com fins não econômicos. A tributação nas entidades do Terceiro Setor possuem peculiaridades, algumas podem se enquadrar como isentas, outras como imunes. A imunidade impede a incidência de tributação, sobre determinado fato, categoria, ou pessoa, e está prevista na Constituição Federal, já a isenção acontece quando uma Lei exclui a incidência de tributos em situações específicas, desde que atendidos determinados requisitos. Á suspensão á imunidade e á isenção estão previstas pelo Art. 14 da Lei 9532/97, remete ao Art. 32 da Lei 9430/1996. Mesmo a entidade se enquadrando nos requisitos de imune ou isenta, ainda está sujeita à entrega das obrigações acessórias. Exercícios resolvidos Exercício Resolvido 1 O órgão de deliberação máxima é a Assembleia Geral para as Associações. Esta possui as seguintes competências privativas A) Eleger os administradores, destituir os administradores, aprovar as contas, aprovar e alterar o estatuto. B) Eleger os administradores do Conselho Curador, destituir o Conselho Fiscal, aprovar as contas, aprovar e alterar o parecer do Conselho Curador. C) Eleger os funcionários, aprovar as contas, aprovar as doações que a entidade perceberá ao longo do exercício social. D) Elaborar parecer sobre as questões financeiras, bem como apresentar estratégia de alavancagem das receitas para o cumprimento das finalidades estatutárias. Alternativa correta a) Exercício Resolvido 2 A atuação do Terceiro Setor no atendimento às grandes demandas sociais: I – Tem possibilitado o crescimento econômico e o desenvolvimento social de comunidades e povos do mundo inteiro. II – Utiliza-se de uma verdadeira rede de cooperação mútua entre Estado, Mercado e Sociedade Civil. Bacharelado em Ciências Contábeis 21 III – Tem possibilitado uma cooperação entre as três esferas do poder; União, Estados e Distrito Federal. IV – É essencial e emergente a sua atuação, pois sua ampliação está cada vez maior de iniciativas privadas com sentido público. V – É composto por uma parceria indiscutível entre o Terceiro Setor da economia e do Estado, estes dois setores se complementam formando uma bi-setorial. A) Alternativas I e III e V estão corretas B)Alternativas II, IV e V estão corretas C) Alternativas I, II e IV estão corretas D) Todas as alternativas estão corretas Alternativa correta c) Exercício 3 Estão esclusas da isenção das entidades consideradas imunes, explique? As entidades que possuem o beneficio da imunidade, devido estarem contempladas pela Constituição Federal do Brasil ficam excluídas do direito de isenção, pois os benefícios da isenção foram atingidas pela imunidade. Exercício 4 Com base na Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, em seu artigo 15º as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos são consideradas: A) Imunes. B) Suspensas dos tributos, devido a regime especial. C) Isentas. D) Inconstitucional ao Tributo Alternativa correta c) Questões de Revisão 1) Qual é Objetivo do acréscimo do termo "SOCIAL” na conta do Patrimônio Líquido? Resposta: O termo “SOCIAL” tem por objetivo caracteriza a quem realmente pertence Bacharelado em Ciências Contábeis 22 a entidade sem fins lucrativos, ou seja, pertence a sociedade. 2) FCC - 2008 - TRT - 18ª Região (GO). Terceiro Setor é um movimento associativo, em escala planetária, que abarca um conjunto heterogêneo de entidades sociais, organizações empresariais e organizações não-governamentais dos mais variados tipos. Tal movimento relaciona-se com a: a) expressão do ideário doutrinário, inspirado na solidariedade, mas que ultrapassa o senso comum de ajuda aos pobres. b) nova consciência de cidadania e a nova cultura de direitos sociais. c) necessidade da parceria entre o Estado e a sociedade para o enfrentamento da organização popular. d) desregulamentação do papel do Estado na economia e na sociedade, transferindo parcelas de responsabilidades para a sociedade civil organizada. e) filantropia, a benemerência, a solidariedade e a dignidade humana. Alternativa correta d) 3) FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ). O chamado Terceiro Setor só pode ser compreendido dentro de uma conjuntura social, econômica e política que determinam o seu significado e a sua dimensão. Nesse sentido, considere: I. O Terceiro Setor ocupou e ocupa o papel que é do Estado na formulação e execução das políticas sociais. II. Não se pode negar a importância das ações desenvolvidas pelas organizações do Terceiro Setor no enfrentamento das diferentes manifestações da questão social. III. O Terceiro Setor se configurou nos últimos 20 anos dentro de um contexto de avanço do projeto neoliberal caracterizado pela implementação de políticas sociais focalizadas e seletivas. Está correto o que se afirma em: a) I e III, apenas. b) II e III, apenas. c) III, apenas. d) I e II, apenas. e) I, II e III. Alternativa correta b) Bacharelado em Ciências Contábeis 23 4) FCC - 2009 - TRT - 3ª Região (MG). O terceiro setor distingue-se do primeiro, que é o setor público, e do segundo, representado pelas atividades lucrativas. O terceiro setor é um campo marcado por uma diversidade de atores e formas de organização. Neste sentido, podemos afirmar que a) é uma esfera pública não-estatal sem a iniciativa privada. b) tem o mérito de romper a dicotomia entre público e privado. c) é uma esfera pública estatal e de iniciativas privadas. d) é um espaço de participação e experimentação de um pensar e agir sobre a realidade social. e) tem caráter autônomo, e não se submete à lógica do mercado e à governamental. Alternativa correta d) 5) Explique porque o patrimônio quando for insuficiente para a constituição da fundação, este será incorporado a outra fundação com finalidades estatutárias iguais ou semelhantes. Resposta: O patrimônio quando de sua dotação inicial se transforma em doação por parte do seus fundadores, neste caso os fundadores possuem como objetivo a prestação de serviço para atender a sociedade através de atividades sociais, caso o patrimônio seja insuficiente para que cumpra com o objetivo inicial este deve ser destinado para outra entidade que possua finalidades iguais ou semelhantes, neste caso o patrimônio doado estará cumprindo com o seu papel. 6) Apresente 7 obrigações acessórias que as entidades de Interesse Social estão obrigadas a informar aos órgãos do governo: R: DIPJ, DIRF, Dacon, DCTF, Rais, Caged e GFIP 7) Qual a diferença entre imunidade de isenção do tributo? R: Imunidade é uma limitação criada por uma norma constitucional ao poder de tributar, enquanto que a isenção é a parcela que a lei exclui da hipótese de tributação. 8) CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem Unificado. A Igreja Céu Azul, que goza de imunidade quanto ao pagamento de certos tributos, é proprietária de vários imóveis, um deles alugado a terceiro, e outro, onde são celebrados os cultos, que possui uma casa pastoral, um cemitério e um amplo estacionamento. Considerando a Bacharelado em Ciências Contábeis 24 situação hipotética apresentada e as normas atinentes à imunidade tributária, assinale a opção correta. a) O imóvel alugado a terceiros goza de imunidade quanto ao pagamento do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais da Igreja Céu Azul. b) A imunidade tributária conferida à referida igreja dispensa-a do recolhimento de impostos, taxas, contribuições de melhoria, bem como do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. c) Apenas a União está autorizada a instituir impostos sobre o patrimônio, renda e serviços da Igreja Céu Azul. d) A imunidade não abrange a casa pastoral, o cemitério e o estacionamento da Igreja Céu Azul, pois a norma constitucional se refere apenas aos templos de cultos religiosos. Alternativa a) 9) CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem Unificado. Entidade beneficente de assistência social sem fins lucrativos pode gozar, desde que atenda aos requisitos legais, de imunidade de: a) contribuições para a seguridade social, a despeito de ter de pagar impostos sobre patrimônio, renda e serviços. b) impostos sobre o patrimônio, renda e serviços, mas não de contribuições para a seguridade social. c) impostos sobre o patrimônio, renda e serviços e de contribuições para a seguridade social. d) quaisquer impostos, mas não de contribuições para a seguridade social. Alternativa c) 10) FMP-RS - 2011 - TCE-RS. Examine as proposições abaixo e escolha a alternativa correta. I. As imunidades são verdadeiras limitações constitucionais ao poder de tributar que nem sempre são autoaplicáveis. II. Segundo o entendimento sufragado pelo Supremo Tribunal Federal, é irrelevante à aplicação da imunidade dos livros, jornais e periódicos, o conteúdo da publicação. III. A imunidade recíproca impede a instituição de impostos e taxas sobre a Bacharelado em Ciências Contábeis 25 renda, o patrimônio e os serviços de um Ente Político por outro, sendo extensiva às autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. a) Somente a afirmativa I está correta. b) Somente a afirmativa II está correta. c) Somente as afirmativas I e II estão corretas. d) Somente as afirmativas I e III estão corretas. e) Todas as alternativas estão corretas. Alternativa c) Bibliografia Comentada A respeito das diversas definições que envolvem as entidadesque compõe o Terceiro Setor, acesse: <http://www.filantropia.org/OqueeTerceiroSetor.htm> Leia o artigo Missão e Valores na estruturação de relacionamentos de parceria, ajudará a entender a importância dessas definições para o planejamento estratégico das organizações do Terceiro Setor. <http://www.responsabilidadesocial.com/article/article_print.php?id=492> Consultando a Legislação BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> .Acesso em 01 Set. 2012. BRASIL, Lei 10406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm> .Acesso em 01 Set. 2012. BRASIL, Lei 111127 de 28 de junho de 2005. Lei que Altera o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 2006/2005/Lei/L11127.htm#art2. .Acesso em 01 Set. 2012. BRASIL, Lei 9637 de 15 de maio de 1998. Dispõe sobre a qualificação das entidades como Organizações Sociais. Disponível em: Bacharelado em Ciências Contábeis 26 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9637.htm> .Acesso em 01 Set. 2012. BRASIL, Lei 9790 de 23 de março de 1999. Dispõe sobre a qualificação das pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Privado. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9790.htm> .Acesso em 01 Set. 2012. Bacharelado em Ciências Contábeis 27 AULA 2 E 3 CONTABILIZAÇÕES 2. Gestão Contábil Aplicada ao Terceiro Setor A contabilidade é a ciência que estuda a evolução do patrimônio das entidades. Tem como objetivo fornecer informações de natureza econômico – social – financeira das entidades, para seus usuários. Para Iudicibus, (2004, p 21) o objetivo da Contabilidade é fornecer aos usuários, independentemente de sua natureza, um conjunto básico de informações que, presumidamente, deveria atender igualmente bem a todos os tipos usuários, ou a Contabilidade deveria ser capaz e responsável pela apresentação de cadastros de informações totalmente diferenciadas, para cada tipo de usuário. Nas entidades de Terceiro Setor, a contabilidade, controla e gerencia os recursos escassos, e ainda funciona como instrumento de prestação de contas à sociedade. Olak e Nascimento (2010) afirmam que, no Brasil, são embrionárias, ainda, as normas e práticas contábeis que contemplam particularmente as entidades do Terceiro Setor. Além disso, as pesquisas e publicações sobre o tema são raras e apenas recentemente o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) pronunciou-se sobre o assunto, editando normas técnicas aplicáveis às organizações sem fins lucrativos. As normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas (NBC T) emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade específico para o Terceiro Setor, NBCT 10.4, NBCT 10.18 e NBCT 10.19 foram revogadas em 2012 por meio da Resolução 1409/2012 de 27 de setembro de 2012 que deve ser aplicada às Entidades Sem Fins Lucrativos para o exercício de 01 de janeiro de 2012. A Resolução 1409/2012, aprova a Interpretação Técnica ITG 2002 Entidades Sem Fins Lucrativos, é destinada à entidades constituídas sob a natureza jurídica de fundação de direito privado, associação, organização social, organização religiosa, partido político e entidade sindical. Essa resolução obriga as Entidades do Terceiro Setor utilizar os Princípios de Contabilidade e a Interpretação ITG 2002, a NBC TG 1000 – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas ou as normas completas [IFRS completas] naqueles aspectos não abordados por esta Interpretação. Alterando significativamente os itens Bacharelado em Ciências Contábeis 28 de reconhecimento, demonstrações contábeis obrigatórias e métodos de avaliação de ativos e passivos, convergindo às práticas contábeis aplicadas às Entidades do Terceiro Setor, às normas internacionais de contabilidade. 2.1 Princípios de Contabilidade Para a contabilidade atingir seu objetivo, faz uso de procedimentos padronizados, desde a inserção dos dados contábeis em um sistema de informação, até a elaboração dos demonstrativos contábeis, nesse processo, os princípios se apresentam como direcionadores de toda prática contábil. A adoção dos princípios contábeis, além de respeitarem as normas brasileiras de contabilidade, representa a essência das doutrinas e teorias em contabilidade. E são igualmente aplicáveis nas instituições que compõe o Terceiro Setor. Os princípios contábeis editados pelo Conselho Federal de Contabilidade, por meio da Resolução CFC 1282/2010 são: entidade; continuidade; oportunidade; registro pelo valor original; competência e prudência. O princípio da entidade, reconhece a autonomia patrimonial, em linhas gerais, o patrimônio das entidades não deve se confundir como o patrimônio de seus sócios. Na realidade das entidades que compõe o Terceiro Setor, se aplica com a condição que o patrimônio da entidade, não deve se confundir com o patrimônio de seus associados, membros, diretores. A continuidade reza que enquanto não houver situações econômicas ou jurídicas em contrário, a entidade irá operar por tempo indeterminado. O princípio do registro pelo valor original prevê que os ativos e passivos devem ser registrados a valores de entrada, ao custo de aquisição em moeda corrente do país, no entanto uma vez incorporados ao patrimônio, esses elementos podem ser corrigidos, pelos métodos de custo corrente, valor realizável, valor presente, valor justo e pela atualização monetária. A competência define o momento de reconhecimento das receitas, que tem como fato gerador, a transferência do produto ou serviço ao cliente, às despesas tem seu fato gerador no momento do consumo, gerando confrontação com as receitas. Nas entidades do Terceiro Setor, muitas instituições prestam serviços à comunidade ou comercializam produtos, como fonte de recursos para subsidiar suas operações, também incorrem em consumo de materiais para atingirem seus objetivos, que podem ser classificados como custos ou despesas, é momento do reconhecimento das contas Bacharelado em Ciências Contábeis 29 de resultado que o princípio da competência é mais exigido. A prudência trabalha com as condições de não antecipação de cenários positivos que poderá não se concretizar, e sempre que possível evidencia perdas eminentes. A Oportunidade trata da tempestividade e integridade dos registros a fim de gerar informação relevante e válida a seus usuários. Considere que a informação tem prazo de validade para ser relevante, principalmente no processo de tomada de decisão. 2.2 Plano de Contas As contas contábeis que compõem o conjunto de bens, direitos e obrigações são organizadas por grau de liquidez, no ativo, e grau de exigibilidade no passivo. As contas que formam o resultado das entidades, são dispostas pelas origens, receitas, deduzidos em ordem vertical, seus custos e despesas até se chegar ao resultado. Nas entidades sem fins lucrativos, o resultado é tratado com déficit ou superávit. Para melhor definir a ordem de apresentação das contas contábeis, o plano de contas é um instrumento que favorece a padronização das contas, serve como um guia. Na sequência veremos um quadro, que elenca as principais contas contábeis passíveis de utilização no Balanço Patrimonial. Chamamos a atenção que mesmo objetivando a padronização das contas, os planos, não são instrumentos imutáveis,e sua utilização permite a customização a fim de atender necessidades por informações específicas. Quadro 5: Plano de Contas Patrimoniais - Ativo e Passivo ATIVO Reúne as aplicações de recursos em bens e direitos da organização. Ativo Circulante Bens e direitos conversíveis no curso do exercício social subsequente à data do balanço patrimonial. Disponibilidades Recursos financeiros que se encontram à disposição imediata da organização. Recursos vinculados. Nesse caso, devem ser contabilizados em contas separadas. Valores a Receber São créditos junto a terceiros, oriundos de negócios realizados com organização, valores mobiliários e outros direitos como aluguéis a receber, dividendos a receber, entre outros. È prudente provisionar expectativas de não recebimentos. Nesse caso, a provisão (conta redutora) levaria a um valor líquido provável de realização. Adiantamentos Adiantamentos aos funcionários (salários, férias, 13.º salário) adiantamentos de viagens, a fornecedores e outros. Nesse grupo estariam reunidos os valores a receber e/ou descontar de pagamentos futuros. Bacharelado em Ciências Contábeis 30 Estoques Nesse grupo são registrados os recursos relativos aos bens adquiridos ou produzidos, com objetivo de vendas ou consumo interno, embora as ESFL também possam produzir e comercializar, nessas entidades é mais comum registros de bens utilizados no consumo interno (almoxarifado), bens recebidos em forma de doações para futura distribuição, mercadorias e produtos em consignação. Impostos e Contribuições a Recuperar Havendo comercialização de produtos, por exemplo, a “regras” para as ESFL são as mesmas válidas para as empresas. Nesse caso, devem ser registrados nesse grupo os valores pagos no ato da compra (ou retidos em função de outros pagamentos) e que poderão ser compensados em algum momento, no futuro. Despesas a Apropriar Registra-se nesse grupo o valor contratado e, mensalmente, contabiliza- se nas contas de resultado (despesas) a fração correspondente. Ativo Não Circulante São bens e direitos que servem para: produzir renda para a organização (investimentos); ser utilizados nas atividades operacionais normais da entidade (imobilizado) ou valores intangíveis como a marca. Ativo Realizável a Longo Prazo Registra-se os valores relativos aos itens incluídos no circulante, cujos prazos esperados de realização situem-se após o término do exercício social subsequente à data do balanço patrimonial. Investimentos Bens e direitos utilizados na consecução das atividades-fim da organização. Nas ESFL os casos mais comuns são os imóveis alugados (para renda) e as aplicações (ações ou quotas) em empresas, cuja finalidade é gerar renda para a entidade. Imobilizado Bens e direitos utilizados na consecução das atividades-fins da organização, como, por exemplo, os imóveis, veículos, móveis e utensílios, equipamentos etc. Intangível Registra-se os valores em direitos imateriais da entidade, comomarcas, direitos autorais, patentes, entre outros. PASSIVO O passivo representa, em linhas gerais, as obrigações para com terceiros. São as dívidas da organização tanto de curto como de longo prazo. Circulante São registrados os valores devidos a terceiros que vencem a curto prazo. O passivo circulante tem equivalência como ativo circulante em termos de classificação, ou seja, aqui classificam-se as obrigações e os encargos estimados, cujos prazos estabelecidos ou esperados situem-se no curso do exercício social subseqüente à data do balanço patrimonial. Obrigações com Instituições Financeiras e de Créditos As ESFL, assim como as empresas, também podem contrair dívidas no mercado financeiro, como empréstimos e financiamentos. Assim, neste grupo são registradas essas dívidas, desde que vencíveis no curso do exercício seguinte. Fornecedores São registradas aqui as compras a prazo vinculadas ao fornecimento de bens e serviços para a entidade. Obrigações Empregatícias São compromissos com empregados (funcionários) da entidade, previstos na legislação trabalhista e em acordos coletivos como, por exemplo, salários, adicional por tempo de serviço, horas extras, adicional de insalubridade, repouso semanal remunerado, férias, 13.º salário etc. Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Tributárias São registradas nesse grupo as obrigações para o Estado. Em função da existência de trabalho remunerado, comercialização de mercadorias e produtos, prestação de serviços remunerados entre outros. Neste grupo podem ser contabilizados também os valores retidos (em folha de pagamento, de clientes, fornecedores) por exigência legal, cabendo à organização a responsabilidade pelos respectivos recolhimentos. Provisões Pelo Principio Contábil de Competência, a entidade deve provisionar pagamentos futuros, em função de despesas já incorridas, mesmo que Bacharelado em Ciências Contábeis 31 não tenham data fixa de pagamentos ou mesmo que seus valores não sejam exatamente conhecidos. São normalmente encargos e riscos, conhecidos e calculáveis, mesmo que por estimativa. São exemplos típicos nas ESFL: provisões para férias, 13.º salário, encargos sociais sobre provisões etc. Contratos, Convênios e Termos de Parcerias É comum e pertinente às ESFL a celebração de convênios, contratos ou termos de parceria para consecução de projetos específicos, vinculados às atividades da entidade. Nesses casos, os recursos recebidos (vinculados ao projeto) constituem-se verdadeiras “dívidas”, enquanto os projetos não forem executados. Assim, neste grupo, registra-se a “dívida” pelo valor recebido e, à medida que os recursos tiverem sido consumidos, “baixa-se” o valor da dívida (contabilmente, uma conta devedora denominada de “recursos aplicados no projeto”). Antecipações de Receita Eventualmente, a entidade pode receber receitas que seriam devidas, pelo regime de competência, a exercícios futuros. Nesse caso, a contabilização mais adequada é nesse grupo. Outras contas a Pagar Não é recomendável a utilização de grupos e/ou contas genéricas (“contas diversas”, “outros valores”) com montantes significativos, o que dificultaria a análise de composição das dívidas por parte de usuários externos, principalmente. Assim, neste grupo, são contabilizadas as dívidas, normalmente de menor relevância, não enquadradas nos grupos anteriores como, por exemplo, contas de água, luz, telefone, aluguel. Exigível a Longo Prazo São dividas conhecidas e os encargos estimados, cujos prazos contratados ou esperados situe-se após o término do exercício social subsequente à data do balanço patrimonial. Receitas Diferidas Essa conta será utilizada para as contrapartidas de recebimento de subvenções governamentais Fonte: Adaptado de Olak e Nascimento p(2010, p. 87-89) Incluindo as Modificações exigidas pela Resolução do CFC 1409/2012. Entre as contas que compõe o passivo destaca-se a criação da conta Receitas Diferidas no Passivo, essa surge para atender a Resolução 1409/2012, na situação em que: Enquanto não atendidos os requisitos para reconhecimento no resultado, a contrapartida da subvenção, de contribuição para custeio e investimento, bem como de isenção e incentivo fiscal registrados no ativo, deve ser em conta específica do passivo. É preciso destacar as contas do Patrimônio Social, dadas especificidades que compreendem esse grupo de contas. Quadro 6: Plano de Contas Patrimoniais - Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido Por patrimônio liquido entende-se a diferença entre os valores ativos (bens e direitos) e passivos (obrigações). Essa equação, aliás, é comum tanto para as entidades com fins lucrativos (empresas)ou sem fins lucrativos. A expressão “social” melhor designa a quem realmente “pertence” o patrimônio, ou seja, à sociedade (sentido lato). Patrimônio Social Este grupo representa, em linhas gerais e de forma simplificada, o Bacharelado em Ciências Contábeis 32 “investimento” inicial dos associados fundadores (fundo quota-parte ou equivalente), mais os resultados líquidos (superávits e déficits) a esse incorporado ao longo dos anos. Outras Reservas A entidade pode, por deliberação social e prevista em orçamento, designar parte dos superávits não vinculados, para a formação de fundos específicos, para atender a necessidades pontuais futuras. Por exemplo, designar certo percentual do superávit de cada exercício para constituição de um fundo para modernização dos equipamentos. Nas empresas, é comum a constituição de reservas de lucros (legais, estatutárias, para contingências, para expansão etc.), formadas a partir do lucro liquido do exercício. Ajustes de avaliação patrimonial Registram-se, nesse grupo, as contrapartidas dos ajustes decorrentes de avaliações patrimoniais feitas em ativos da organização. Opcionalmente, os acréscimos contabilizados no ativo em função de novas avaliações. O registro segregado é importante para fins de controle e transparência das informações, sabendo, também, que isso é evidenciado na Demonstração das Mutações do Patrimônio Liquido Social, no ano em que ocorreram as atualizações. Superávits e Déficits Acumulados Os superávits e déficits acumulados em exercícios anteriores são acumulados neste grupo, enquanto não transferidos para o grupo “ Fundo Patrimonial”. Fonte: Adaptado de Olak e Nascimento p (2010, p. 87 - 89) Incluindo as Modificações exigidas pela Resolução do CFC 1409/2012. O Patrimônio Líquido nas entidades com fins lucrativos é a parcela líquida da empresa que pertence aos acionistas, como vimos é a diferença entre as contas do Ativo e das contas do Passivo. Caso a empresa encerre suas atividades o saldos do grupo do Patrimônio Líquido serão destinados aos seus acionistas. Nas entidades sem fins lucrativos o objetivo dessas é atender a sociedade, cumprindo um papel importante na área social, por este fato para haver uma diferenciação entre entidades com fins lucrativos e as e as entidades sem fins lucrativo foi incluído o termo “social” na nomenclatura do Patrimônio Líquido, a nova nomenclatura será Patrimônio Líquido Social, pois o resultado patrimonial da entidade não pertence aos seus associados fundadores, mas sim à sociedade. Este termo tem como finalidade apresentar a quem é destinado à entidade, ou seja, a sociedade. Isso fica evidente quando ocorre o encerramento das atividades das entidades sem fins lucrativos, e que o patrimônio é revertido para os associados fundadores, já o resultado das entidades sem fins lucrativos, são destinados a entidades sem fins lucrativos que possuem objeto social semelhante. As contas patrimoniais que sofreram maiores alterações por conta da Resolução do CFC 1409/2012, encontram-se no Patrimônio Social, anteriormente, as doações e subvenções patrimoniais, como exemplo: o recebimento de uma instalação Bacharelado em Ciências Contábeis 33 ou terreno, era contabilizado no ativo e sua contrapartida encontrava-se no Patrimônio Social, em virtude da convergência às normas internacionais, essa não permite o reconhecimento das subvenções diretamente ao Patrimônio Social. Ao se tratar do Plano de contas aplicado ao resultado das entidades do Terceiro Setor, primeiramente vamos resgatar alguns conceitos. Consideramos contas de resultado, as receitas, custos e despesas da entidade. Todas essas são resultantes da execução das atividades operacionais da empresa, esse conceito também se aplica às Entidades do Terceiro Setor e devem ser reconhecidos à luz do princípio da competência. As receitas, se originam se originam das atividades de venda de produtos ou serviços, geralmente tem natureza operacional, os custos compreendem todos os gastos que envolvem a produção desses produtos ou serviços, de forma direta ou indireta, e as despesas são os gastos ligados ao processo de obtenção das receitas, mas que não tem ligação com a produção e sim com a comercialização, e funcionamento da empresa. Do confronto entre receitas, custos e despesas, o resultado poderá ser superávit ou déficit. Assim, como no Balanço Patrimonial, as contas que elencam a Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício, também obedecem a uma ordem, são dispostas verticalmente de forma dedutiva, ou seja, a partir das receitas, subtraem-se os custos e despesas até a obtenção do resultado final. No quadro a seguir podemos visualizar como ficam essas contas. Quadro 6: Plano de Contas de Resultado RECEITAS Constituem-se receitas nas ESFL subvenções, doações, contribuições, vendas de bens e serviços, financeiras, patrimoniais, investimentos, de capital, dentre outras, necessárias para a manutenção e crescimento das atividades da organização. Subvenções, Doações e Contribuições São, normalmente, as principais fontes de recursos, sem as quais essas entidades dificilmente teriam condições de sobrevivência. Subvenções Compreendem as transferências (ou promessas de transferências) de recursos, derivadas da lei orçamentária e concedidas por órgãos do setor público, ou mesmo por outras organizações privadas, com o objetivo de cobrir despesas com a manutenção e o custeio destas, caracterizadas ou não pela contraprestação de bens e serviços da beneficiária dos recursos. Doações Doações são transferências (ou promessas de transferências) gratuitas, em caráter definitivo, de recursos financeiros ou do direito de propriedade de bens móveis e imóveis, com as finalidades de custeio, sem contrapartida do beneficiário dos recursos. Bacharelado em Ciências Contábeis 34 Contribuições Compreendem as transferências derivadas da lei orçamentária e concedidas por entes governamentais, destinadas à aplicação em custeio e manutenção destes. Vendas de Bens e Serviços Nada impede que as ESFL também promovam a venda de bens (mercadorias e produtos) e serviços. Nesse caso, “equiparam-se” às empresas, no que diz respeito ao trato contábil (fluxos de registro). Despesas Tributárias das Vendas Havendo vendas de bens e serviços, essas entidades estão sujeitas ao pagamento de tributos como se empresas fossem. Assim, são registrados neste grupo os impostos devidos, conforme legislação. Custo das Vendas De Bens e Serviços Custo relacionados com as unidades (produtos, mercadorias e serviços) vendidas no período, observando o Principio Contábil da Competência. Receitas Financeiras São registradas neste grupo as receitas oriundas de aplicações financeiras em função de excedente de caixa, bem como outras receitas dessa natureza, relacionadas, por exemplo, com recebimento em atraso (multas e juros). Receitas Patrimoniais e de Investimentos Receitas oriundas de investimentos em títulos e valores mobiliários, aluguéis e arrendamentos etc. Receitas de Capital Neste grupo são registradas as receitas das vendas de bens patrimoniais e os respectivos custos correspondentes, evidenciando os ganhos (ou perdas) nessas operações. Receitas de Projetos e Eventos É muito comum nessas organizações a realização de projetos e eventos, normalmente por um período determinado. Nesse caso, primando pela transparência na divulgação das informações geradas pela contabilidade, é prudente e recomendável que se contabilizem as receitas (evento por evento, projeto por projeto) em contas especificas e, por dedução
Compartilhar