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6 DIREITO TRIBUTARIO 6

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PROCESSO TRIBUTÁRIO (VI) 
VIGÊNCIA, APLICAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DALEGISLAÇÃO
VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO -Vigência no tempo e no espaço refere-se ao período e ao território em relação aos quais a norma incidirá.
PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE -As normas tributárias se aplicam, em regra, aos eventos ocorridos no território do respectivo ente político tributante.
Legislação federal quanto ao IR -É comum que a legislação federal, em especial quanto ao IR, pretenda atingir fatos e pessoas localizadas no exterior, o que somente será possível se houver algum elemento de conexão com o país (domicílio do sujeito passivo, localização dos bens produtores da renda etc). São comuns os tratados internacionais. Admitindo-se a compensação dos valores de imposto pagos em um país com aqueles devidos em outro. 
No âmbito dos Estados, DF e Municípios -É possível que as respectivas normas tributárias vigorem fora de seus territórios, nos termos dos convênios firmados entre os entes políticos ou das normas gerais expedidas pela União (art. 102 do CTN).
QUANTO A VIGÊNCIA NO TEMPO -Seguem, em princípio, as regras aplicáveis às normas jurídicas em geral (LICC, vacatio legis, 45 dias da publicação, salvo disposição em contrário).
Tratado internacional -Entra em vigor, no âmbito interno, com a vigência do decreto presidencial que o promulga e, no âmbito externo, conforme acordado ou a partir da manifestação de consentimento dos Estados.
“ CTN - Art. 100.São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;
IV - osconvênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário dabase de cálculo do tributo. “
Quanto as normas complementares -O art. 103 do CTN traz as regras específicas relativas à sua vigência:
CTN - Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor:
I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do art. 100, na data da sua publicação;
II - as decisões a que se refere o inciso II do art. 100 quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação;
III - os convênios a que se refere o inciso IV do art. 100 na data neles prevista.
Princípio da anterioridade - O art. 104 do CTN reflete o princípio da anterioridade, previsto no art. 150, III, “b”, da CF:
CTN - art. 104.Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a imposto sobre o patrimônio ou a renda:
I - que instituam ou majorem tais impostos;
II - que definem novas hipóteses de incidência;
III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no art. 178.
Obs.: o art. 104, III, do CTN prevê a anterioridade especificamente para as revogações ou reduções de isenções relativas a imposto sobre o patrimônio (como o IPVA, IPTU. ITR) e sobre a renda (IR).
Caso do ICMS -não abarcado pelo art. 104 do CTN (não é imposto sobre o patrimônio nem sobre a renda), havendo Súmula do STF (615), que afasta a anterioridade no caso de revogação de isenção.
Subordinação à anterioridade nonagesimal -a eficácia da instituição ou do aumento do trib uto subordina-se também à anterioridade nonagesimal, ou seja, somente pode ser exigido passados 90 dias da data da sua publicação da lei que o instituiu ou aumentou.
APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO -Como princípiogeral do direito, as normas aplicam-se apenas aos fatos futuros, não atingindo as situações pretéritas. 
Princípio da irretroatividade -Este princípio é reforçado no âmbito tributário por disposição constitucional própria (CF, art. 150, III,a), que veda a aplicação de normas que instituem ou majorem tributos a situações passadas.
Nesse mesmo sentido, o art. 105 do CTN:
CTN - Art. 105. A legislação tributáriaaplica-seimediatamente aosfator geradores futurose aospendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja completa nos termos do art. 116.
Explicação -Se uma lei estadual aumenta a alíquota do ICMS, este aumento somente atinge os fatos geradores posteriores (futuras circulações de mercadorias), não cabendo exigir o tributo majorado com relação a uma venda ocorrida no mês anterior, por exemplo.
Fato gerador pendente citado no art. 105 -Faz referência ao IR, que se inicia no dia 1º da janeiro e se completa no último dia do mesmo ano-base. Se há um aumento de alíquota neste período (antes de 31 de janeiro) ele se aplica ao fato gerador ainda pendente. Significa que se o governo federal aumentar a alíquota do IR no dia 30 de dezembro deste ano, a nova imposição se aplica as renda e proventos deste mesmoano-base, visto que o fato gerador ainda não se concluiu (o que ocorrerá apenas no último instante do dia 31 de dezembro).
Situações excepcionais em que a norma é aplicada a casos passados - O art. 106 do CTN traz situações excepcionais: 
CTN - Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Norma expressamente interpretativa -É aquela produzida pelo legislativo para fazer a chamada interpretação autêntica, ou seja, para explicar o sentido e alcance de outra norma. Nesse caso, ela aplica-se a fatos anteriores.
Quando a lei busca modificar a anterior - O Judiciário tem afastado essa regra quando a lei, a título de interpretar outra, busca, na verdade, modificá-la, hipótese, em que não haverá efeitos retroativos.
Lex mitior- As alíneas do inciso II do art. 106 tratam da chamada lex mitior. A norma que define ilícitos e impõe infrações retroage para beneficiar o infrator. Assim se uma multa tributária é reduzida, aquele que não a pagou será beneficiado pela redução. Ressaltando que a regra da lex mitiorsomente se aplica a sanções, e nunca para o tributo, que é regido sempre pela lei vigente à época do fato geador.
Exemplificando: No momento do fato gerador, a alíquota aplicável de um imposto é de 10% e a multa pelo atraso no pagamento é de 15% do valor do tributo.
a) Posteriormente, a lei é alterada, reduzindo a alíquota do imposto para 5% e a multa para 10% do valor do tributo.
b) Aquele contribuinte que não recolheu o tributo à época correta poderá ser autuado para pagar o imposto pela alíquota de 10% (vale sempre a vigente no momento do fato gerador), mas acrescida de multa de apenas 10% do valor do tributo (vale a norma posterior mais benéfica quanto à sanção).
Fato julgado e extinção (pagamento, compensação, transação etc) -Não há falar em retroatividade da norma. Assim, o contribuinte que recolheu a multa não pode pretender beneficiar-se de anistia posterior. 
Lei que rege o lançamento tributário -O lançamento tributário rege-se pelalei vigente ao tempodo fato gerador,exceto no caso de a norma posterior instituir novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliar os poderes de investigação das autoridades administrativas ou outorgar ao crédito maiores garantias ou privilégios (exceto, nesse último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros),conforme o art. 144 do CTN:
CTN - Art. 144.O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
Parágrafo 1ºAplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado ospoderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios,exceto,neste último caso, para efeito deatribuir responsabilidade tributária a terceiro.
Parágrafo 2ºO disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido.
Remissão e anistia - As normas de remissão (perdão do crédito) e anistia (perdão de penalidades), aplicam-se a fatos passados.
Casos em que a norma tributária se refere a fatos passados:
I - lei expressamente interpretativa (art. 106, I, do CTN).
II - norma sancionadora mais benéfica ao contribuinte – lex mitior (art. 106, II, do CTN).
III - novas regras para a fiscalização ou aumento de garantias e privilégios do crédito tributário (exceto responsabilidade – art. 144, p/ 1º, do CTN).
IV - lei de remissão e lie de anistia.
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO
Interpretação - “ Art. 107.A legislaçãotributária será interpretada conforme o disposto neste Capítulo“
O art. 107 do CTNdispõe, singelamente, que a interpretação haverá de observar as normas do CTN. Entretanto, há que observar os princípios da tributação, estudados no capítulo próprio.
Lacuna -Quando o intérprete não encontra uma norma especificamente aplicável ao caso concreto, pode estar diante da denominada lacuna. Parapreencher essa lacunae aplicar o direito, dever valer-se daintegração.
Integração - Dispõe o art. 108 do CTN:.
CTN – Art. 108.Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:
I - a analogia;
II - os princípios gerais de direito tributário;
III - os princípios de direito público;
IV - a equidade.
Parágrafo 1ºO emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.
Parágrafo 2ºO emprego da equidade não poderá resultar da dispensa do pagamento de tributo devido.
A ordem indicada no art. 108 - O aplicador da lei deve, em tese, utilizar a analogia em primeiro lugar e, caso não resolva a lacuna, passar para os princípios de direito tributário e assim por diante.
1º - analogia (não pode implicar exigência de tributo ao arrepio da lei)
2º - princípios gerais de direito tributário
3º - princípios gerais de direito público
4º - equidade (não pode implicar dispensa de pagamento do tributo devido)
As competência fixada pela CF são inalteráveis -Os entes tributantes não podem,por simples leis tributárias, ampliar ou modificar essa competência.
CTN - Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela CF, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou do Municípios, para definir ou limitar competência tributárias.
Interpretação literal - É claro que não é possível interpretar qualquer norma apenas literalmente. Toda interpretação deve considerar o sistema em que a norma se insere (interpretação sistemática), sua finalidade (interpretação teleológica) etc.
Normas que tratam das situações excepcionais - No entanto, o CTN deixa claro que as normas que tratam dassituações excepcionais listadas nos incisos do art. 111 devem ser interpretadas estritamente, ou seja, o intérprete não pode aplicar tais normas a situações outras que não as estritamente prevista por elas.
Isso porquea tributação é a regra,e as exceções (isenções, anistias, benefícios diversos etc) devem ser interpretadas estritamente.
CTN - Art. 111.Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;
II - outorga de isenção;
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.
Interpretação mais favorável ao acusado - a norma do art. 112 do CTN, semelhante aoin dubio pro reodo direito penal, decorre do princípio da legalidade e da tipicidade. Havendo dubiedade, o contribuinte não pode ser prejudicado, no caso das infrações. 
“ CTN - Art. 112.A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:
I - à capitulação legal do fato;
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seu efeitos;
III - à autoriza, imputabilw3idade, ou punibilidade;
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.”

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