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INT. AO DIREITO 7ª AULA

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AULA 7
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
1. Direito e Estado.
Já vimos em aulas anteriores que o termo direito vem do vocábulo latino “directum” que significa o que é reto, sem desvio. O direito, por outro lado, é um produto da sociedade visando a coexistência pacífica das pessoas, com a finalidade de alcançar a segurança jurídica e a justiça. A sua fonte está no Estado, nos costumes e nas decisões judiciais.
De modo bem abrangente podemos afirmar que o termo direito pode aparecer com três sentidos: a) como regra de conduta obrigatória (chamado direito objetivo); b) como sistema de conhecimentos jurídicos (ciência do direito); e c) faculdade ou poderes que tem ou pode ter uma pessoa para exigir de outra uma determinada prestação (chamado de direito subjetivo).�
Neste momento, o que interessa ao nosso estudo é apenas o direito como regra de conduta (o direito objetivo), que surge da vontade política que comanda determinado Estado.
2. O Direito no Estado de polícia, no Estado legal e no Estado constitucional
O Estado cria as leis através do Poder Legislativo que utiliza a técnica jurídica da formulação legislativa. O legislativo é ocupado por políticos profissionais. Logo, podemos afirmar que o direito é um produto da política.�
O Estado, disse Thomas Hobbes, é uma manifestação de força bruta, um monstro, que cria as leis para ordenar e pacificar a sociedade, mas o próprio Estado não se submete a nenhuma norma e sempre que o quiser e lhe seja conveniente poderá reformar o direito em vigor.
 Essa visão do direito não se sustenta mais nos dias de hoje, pois o direito criado pelo Estado só serviria para proteger direitos particulares dos ataques de outras pessoas, mas nunca para proteger os direitos da pessoa contra o próprio poder do Estado.� Exemplos para as duas situações: a) se alguém invadir a minha casa o Estado nos socorre para impedir a agressão à minha propriedade; b) todavia, se o Estado resolver confiscar os bens de um opositor o direito não ofereceria qualquer proteção contra essa agressão.
Nos dias atuais o Estado além de criar a lei também lhe deve obediência. O significado dessa subordinação do Estado à lei significa que quem governa é a Lei e não os homens. Esse é o denominado Estado de Direito.�Se assim não for o que teremos é um Estado opressor, autoritário, arbitrário, denominado Estado de polícia, por não respeitar os direitos individuais. 
O Estado de direito, ensina Demoulis �, oferece uma importante garantia de segurança jurídica cuja característica principal é a previsibilidade das consequências jurídicas para qualquer conduta humana . A esta previsibilidade chamamos de certeza do direito, em outras palavras, o cidadão sabe o que pode fazer ou não e as consequências de eventual infração da lei, mas sabe também que o Estado nunca o surpreenderá.
Ora, essa situação de certeza do direito só existirá se os governantes também estiverem subordinados ao direito, pois só assim o Estado garantirá os direitos fundamentais, isto é, agirá como um Estado garantista.
Essa doutrina que subordina os agentes políticos à lei é denominada de princípio da legalidade (por ele as autoridades só podem agir dentro da lei e dentro dos limites por ela fixados). Quando assim acontece o Estado de Direito é caracterizado como Estado legal.
O princípio da legalidade, todavia, não é um freio para o legislador. De fato, não impede que este revogue leis em vigor, a qualquer momento, atendendo a interesses muitas vezes contrários ao bem comum, alterando dessa forma a situação vigente, fato que pode causar prejuízos aos direitos individuais se houver restrição ou abolição de direitos. Nesta parte o Estado legal não é muito diferente do Estado absoluto descrito por Hobbes, com evidente prejuízo para as garantias do cidadão.
Qual a solução para o grave problema? Simples. Submeter o legislador ao comando da Constituição. Surgiu dessa forma uma nova forma de Estado de direito que é o Estado constitucional regido pelo princípio da constitucionalidade que impede o legislador, por cláusulas pétreas p. ex, de mudar a Constituição e de fazer leis que a ofendam diretamente. Dessa forma, temos uma garantia de segurança jurídica mais forte.
Mesmo com toda essa garantia o legislador ainda pode praticar atos arbitrários. Se isso Ocorrer, caberá ao Poder Judiciário através do controle de constitucionalidade pôr as coisas no seu devido lugar, conforme a sua forma de decidir a questão fundamentadamente.
3. Requisitos do Estado de direito
Para determinada sociedade estar inserida num Estado de direito (Estado legal ou Estado constitucional), quais os requisitos deve preencher? Basta que os indivíduos se submetam ao comando da lei?
Imaginemos que a norma constitucional de determinado país permite à polícia prender, com base em simples “suspeita”, pessoas por um prazo de até 2 anos. Se a polícia nunca ultrapassar esse prazo previsto para as prisões, poderia dizer-se que respeitam o direito em vigor. Todavia, podemos também dizer que esse país é um Estado de Direito?
A resposta pode variar dependendo do conceito de Estado de direito que se utilizar na avaliação da situação. Para os partidários do conceito formal o país em questão é um Estado de direito. E assim é porque os partidários dessa visão doutrinária entendem que “o Estado de direito não é um “Estado de justiça”, mas simplesmente uma forma de organização política e social que garante a previsibilidade das decisões. Mesmo se a norma válida for claramente injusta, como no referido exemplo, não deixa de ser juridicamente válida e, se as autoridades a respeitarem, o Estado de direito estará preservado.”�
Os partidários do conceito material alinham em trincheira diversa. Para eles o conceito formal é inútil e vazio quando permite que qualquer governante denomine o seu Estado de Estado de direito, mesmo com leis injustas. O Estado de direito, argumentam os seguidores do conceito material, deve obedecer a certos requisitos para ser enquadrado como tal. Assim, a legislação tem de ter um caráter democrático; deve haver separação dos poderes do Estado, com independência do Poder Judiciário; deve ser possível o controle de constitucionalidade e haver previsão expressa de direitos fundamentais do cidadão, além de normas asseguradoras do bem estar da população, dentre outros. Para esta corrente doutrinária o Estado de direito seria um sinônimo de “Estado justo”.�
Demoulis prefere o conceito formal e aponta falhas no conceito material de Estado de direito, a saber: a) não haver acordo sobre o conteúdo do conceito material do Estado de direito; b) o risco de se ampliar em demasia o poder discricionário dos juízes, ao aceitar que possam invalidar as normas jurídicas que considerarem contrárias às exigências do Estado de direito material; c) por fim, a concepção material não preserva a segurança jurídica, pois o judiciário pode flexibilizar as normas feitas pelo legislador em nome de algum “valor”, anulando a limitação do Estado pelo direito.�
O conceito formal, para os seus seguidores, é preferível ao material pelo fato de possuir um critério para avaliar a atuação das atividades estatais, verificando se respeitam ou não os princípio da legalidade e da constitucionalidade.� Por exemplo, o art. 1º da C. Federal do Brasil, adota o Estado de direito no sentido formal .
4. Características e elementos do direito objetivo
O direito é produto político, proveniente do Estado. Já vimos que o Estado além de criar o direito também a ele está sujeito. Afinal o que deve governar um país é a lei e não os homens a seu prazer. 
Mas quais são as características e elementos do direito objetivo? Como pode ser ele definido? Será sempre uma norma de estrutura bilateral? Uma norma de organização social? Uma norma sancionada e aplicada pelo Estado? Uma norma que visa o sentido da justiça? É sobre isso que falaremos na próxima aula.
� GUSMÃO, op. cit. p. 49
� DIMOULIS, op. cit. p. 68
� DEMOULIS, op. cit. p. 86.
� DEMOULIS, op. cit. p. 86.� DEMOULIS, op. cit. P. 87
� DIMOULS, op. cit. p. 88-89.
� DIMOULIS, op. cit. p. 89
� DIMULIS, idem, ibidem.
� Idem, ibidem.

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