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Panorama da Maricultura Profa. Ianna Wivianne Fernandes de Araújo Universidade Federal do Ceará Departamento de Engenharia de Pesca 1 Panorama da Maricultura Maricultura - é o cultivo de organismos marinhos em seus habitats naturais, geralmente com objetivos comerciais. Atividade que cresce a uma taxa aproximada de 5 a 7% anualmente em todo o mundo. Diversas espécies marinhas de peixes, algas e invertebrados têm sido cultivadas para o comércio de aquários e outros mercados. Contudo, a grande maioria das operações envolvendo maricultura estão focadas para a criação de espécies marinhas visando o consumo humano, como camarões, ostras e mariscos. 2 A história da aquicultura e maricultura no Brasil, como na maior parte dos países, referem-se, diretamente, ao declínio da produção pesqueira extrativa. Se mantida a tendência da demanda por pescado, a aquicultura poderá dobrar a oferta no país nos próximos dez anos Panorama da Maricultura X 3 A aquicultura continental tem apresentando índices maiores que a maricultura. Tal fato pode ser explicado pelos seguintes fatores: Panorama da Maricultura 1. Os modelos baseados na propriedade privada são mais ágeis, em responder às demandas, do que aqueles que dependem de áreas de concessão e estão sob um maior controle governamental; 2. A água doce apresenta tecnologia e sistema de cultivos de peixes que não existem em água marinhas; 3. Por outro lado, o desenvolvimento da maricultura no Brasil tem-se mostrado mais acelerado que a aquicultura continental. Ex: carcinicultura marinha 4 Panorama da Maricultura Fonte: FAO, 2010 5 Fonte: FAO, 2010 6 Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura, 2010 7 Panorama da Maricultura O litoral de Santa Catarina é ocupado por empreendimentos de aquicultura desde 1988, quando houve a implantação dos primeiros cultivos de moluscos marinhos no Estado; Santa Catarina foi o primeiro estado a pôr em prática políticas públicas e dar início ao processo de legalização de áreas marinhas para a finalidade da maricultura; A maricultura é predominante nas regiões sul e sudeste (do Espírito Santo a Santa Catarina). 8 O desenvolvimento dessa atividade deve ser planejado em consonância com os princípios de gestão integrada dos ambientes costeiros e marinhos, de forma a evitar os conflitos de uso entre as atividades que competem pela ocupação dos espaços e utilização dos recursos naturais costeiros e marinhos, tais como: extrativismo, pesca, turismo, tráfego aquaviário. Panorama da Maricultura Por que é necessário a autorização de uso de áreas em águas da União? 9 Panorama da Maricultura Os Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura (PLDM’s) são uma iniciativa na busca de um aprimoramento no gerenciamento da maricultura ; Iniciativa do Ministério da Pesca e Aquicultura e têm por objetivo promover o zoneamento das áreas propícias para desenvolvimento de empreendimentos de maricultura em espaços físicos da União. 10 A utilização de águas da União para o desenvolvimento da maricultura pode contribuir decisivamente para a evolução sócio-econômica nacional. O Brasil possui 8.500 km de linha costeira, podendo abrigar os mais diversos projetos de cultivo, beneficiando empreendimentos de todos os portes e, de forma especial, os maricultores, seus legítimos usuários. Panorama da Maricultura 11 Opções da Maricultura Piscicultura Marinha; Carcinicultura marinha; Ostreicultura Mitilicultura Cultivo de Polvo Pectinocultura Cultivo de algas (algocultura ou algicultura) Malacocultura 12 Piscicultura Marinha Segundo a FAO, dentre os segmentos da aquicultura, a piscicultura marinha é um das atividades que tem apresentado maior crescimento , com taxas anuais de 12,5%; No Brasil, a piscicultura marinha ainda não tem participado na produção de pescado; Fatores que levam o Brasil ter condições de desenvolver a piscicultura marinha: 1. Excelentes condições ambientais; 2. Abundância de recursos hídricos; 3. Presença de espécies de peixes com potencial para a aquicultura. 13 Piscicultura Marinha O Cultivo de peixes marinhos no Brasil provavelmente começou no século XVII, durante o período colonial em Pernambuco; Naquela época espécies de peixes (robalo, tainhas) eram cultivados extensivamente em viveiros de maré (gamboas); 14 Piscicultura Marinha Atualmente, o cultivo de peixes marinhos tem se limitado quase que exclusivamente às Instituições de Pesquisa ; Algumas espécies vem merecendo destaque em pesquisa no setor da aquicultura; Os programa de pesquisa mais sólidos estão voltados para o desenvolvimento do cultivo das espécies: 1. Robalo e linguado (Região Sul) 2. Espécies estudas com menor intensidade – as tainhas, os lutjanídeos e a garoupa verdadeira; 3. O destaque do momento na piscicultura – bijupirá ou beijupirá 15 Piscicultura Marinha A escolha da espécie a ser cultivada deve levar em consideração uma série de características biológicas e zootécnicas: 1. Potencialidade do cultivo – ganho de peso, adaptação a alimentação artificial; 2. Resistência a doenças; 3. Facilidade e disponibilidade de tecnologia de produção de larvas e alevinos; 4. Informações mercadológicas e econômicas – avaliar a rentabilidade. 16 Piscicultura Marinha As espécies de peixes marinhos com maior potencial para o cultivo: Rachycentron canadum Centropomus undecimalis Lutjanus analis Ephinephelus marginatus 17 Paralichthys orbignyanus Pagrus pagrus Piscicultura Marinha 18 Carcinicultura marinha Litopenaeus vannamei Esta atividade vem se expandindo no Brasil desde a década de 1970; Devido a incentivos governamentais e políticas econômicas, buscando atender a demanda mundial por este produto, considerado uma commodity; Visa principalmente o mercado internacional. 19 Ostreicultura O cultivo de ostras ocorre em grande escala no estado de Santa Catarina; É determinado pela variação de temperatura; No período das águas frias o crescimento é bem acentuado; Os períodos de água quente (janeiro a março) quando a temperatura fica ao redor de 27 oC a 30 oC ocorre uma parada no crescimento; Problemas com incrustações no período do verão; 1. Crassostrea gigas 2. Crassostrea rhisophorae 3. Crassostrea brasiliana 20 Ostreicultura Os produtores adquirem as sementes diretamente de um laboratório especializado na reprodução da ostras (UFSC); As sementes podem medir em torno de 1 a 1,5 mm; Colocadas em caixas flutuantes (estruturas flutuantes); Após 15 dias estas sementes são peneiradas (4 a 6 mm); Transferidas para lanternas berçários (20 dias); O cultivo seleciona indivíduos com o mesmo tamanho. 21 Ostreicultura Nas lanternas intermediárias são introduzidas ostras com 4 cm (4 semanas); Crescimento não é homogêneo, precisa de peneiragens; As ostras são transferidas para as lanternas definitivas com 6 cm; As lanternas definitivas têm 6 andares e 45 cm de diâmetro. 22 Ostreicultura No final da produção as ostras atingem 7,5 a 8,5 cm; Na lanterna fica alojado 35 ostras no final do cultivo; No cultivo podem atingir até 12 cm ficando alojado na lanterna até 20 ostras 23 Sistema varal Ostreicultura Sistemaespinheis ou long line Sistema balsa Sementes de ostras 24 Mitilicultura O maior cultivo de mexilhões está localizado em Santa Catarina (produtor nacional); Quantidade de sementes para tornar viável a produção (300 milhões); Na mitilicultura mundial o suprimento de sementes é feito por: 1. Coleta no estoque natural; 2. Captação natural através de coletores artificiais; 3. Aquisição a partir de laboratórios de produção comercial; 4. Aquisição a partir de assentamento remoto (hatcheries); O assentamento teve início nos EUA; Uma hatchery produz bilhões de larvas. 25 Mitilicultura O assentamento remoto consiste na transferência de larvas olhadas (larvas prontas para se transformarem em sementes) para estruturas mantidas no mar; As larvas olhadas utilizadas para o assentamento remoto são provenientes de larviculturas; São entregues aos produtores em quantidades pré-determinadas por peso, embaladas em telas de nylon e mantidas úmidas dentro de caixas de isopor, sem estarem mergulhadas na água. Larvas de mexilhão 26 Mitilicultura As estruturas utilizadas são, em geral, caixas flutuantes de madeira de 1m x 1m divididas em repartições de 50 x 50 cm; As faces da caixa são feitas de telas de nylon, permitindo a entrada da água do mar; No interior destas caixas são colocados coletores (podem ser cabos desfiados, coletor árvore de natal, rede trançada ou até mesmo não se utilizar nada), que servirão de substrato para a fixação das larvas. Caixas com estruturas (coletores) para as larvas se fixarem. 27 Mitilicultura Processo de assentamento das larvas de mexilhão 28 Mitilicultura Sementes de mexilhão (Perna perna) Sementes com 135 dias (2 a 3 cm) As pencas de sementes devem receber uma proteção externa de rede plástica. A engorda ocorre com 7 meses. 29 Cultivo do polvo Cultivo experimental do Octopus vulgaris – espécie nativa da costa brasileira como espanhola; O cultivo está localizado no município de Bombinhas – SC; Instituto Oceanográfico de Vigo permitiu a instalação do sistema de cultivo – transferindo a tecnologia desenvolvida; O cultivo se baseia na engorda de juvenis (300 a 500 g); 30 Cultivo do polvo Os juvenis são capturados do meio ambiente; Para capturá-los são utilizados potes de PVC; No cultivo os animais são transferidos para uma jaula (plataforma flutuante) em aço inoxidável. 31 Cultivo do polvo Nas jaulas existem estruturas em forma de T que tem a função de abrigo; A alimentação é fornecida diariamente (peixes, siris, crustáceos, mexilhões); O polvo comum é capaz de ganhar 500 a 1000 g por mês; Despesca com tamanho de 2,5 a 3 kg. 32 Pectinocultura As vieiras ou “scallops” como são conhecidas na língua inglesa, apesar de serem pouco conhecidas no Brasil, estão entre os 10 produtos aquícolas mais cultivados no mundo; A China é responsável por 78% da produção mundial de vieiras; No Brasil a produção ainda é muito pequena, proveniente de pequenos produtores espalhados pelo litoral do Espírito Santo até Santa Catarina. 33 Pectinocultura 34 Pectinocultura O cultivo é realizado com auxílio de espinhéis de até 80 m de comprimento em Angra dos Reis -RJ; Cada espinhel agrupado com lanternas penduradas (10 pisos; 50 cm de diâmetro) a cada metro; Poitas mantêm o cabo principal fixo no local, suspenso com ajuda de bóias e equilibrados com contra-peso. 35 Pectinocultura As sementes são produzidas em laboratório que produz comercialmente as vieiras (Angra dos Reis – RJ); Para dar início a engorda são utilizadas sementes de 8 a 10 mm; São necessários manejos periódicos durante o cultivo para o “desdobre” e a retirada de predadores; O desdobre é feito a cada 40 dias durante os primeiros meses; Após todos os desdobres a densidade final de vieiras por lanterna é de 15 a 18 animais (8 cm de diâmetro); Parte comestível da vieira é o músculo adutor; Os europeus apreciam o músculo com as gônadas. 36 Pectinocultura Predador natural Retirada dos parasitas e predadores Devolução para as estruturas de espinhéis 37 Rhodophyta Phaeophyta Clorophyta (PERCIVAL E MCDOWELL, 1967; VAN DEN HOECK; MANN; JAHNS, 1999; VIDOTTI; ROLLEMBERG, 2004) As algas marinhas organismos fotossintetizantes; Podem ser encontradas em ambientes aquáticos e terrestres úmidos; Do ponto de vista botânico, as algas macroscópicas são classificadas de acordo com a estrutura física, função e ciclo reprodutivo, como: Algas Marinhas 38 Muitas espécies de algas marinhas vêm sendo utilizadas há milênios pelos povos orientais como parte importante de sua dieta alimentar. Além disso, também são úteis na medicina tradicional devido aos seus benefícios à saúde (LEVRING et al., 1969; JIAO et al., 2011). Mais recentemente, as algas têm sido utilizadas como: 1. Complemento de rações para animais e fertilizantes; 2. Medicina e farmacologia (moléculas com potencial farmacológico); 3. Tratamento de água (retirando metais pesados e matéria orgânica) Algas Marinhas 39 Algas marinhas A utilização das algas marinhas iniciou-se a partir de coletas realizadas em bancos naturais para utilização na alimentação e extração de ficocolóides (carragenanas, agaranas e alginatos); As algas favorecem a obtenção de novos biopolímeros pelo homem para as mais diversificadas aplicações na Biotecnologia: Aditivos (espessantes e geleificantes) para alimentos (MELO et al., 2002; MACIEL et al., 2008); Na bioprospecção de compostos com atividades antivirais (TALARICO et al., 2005), pró-inflamatórias (ASSREUY et al., 2008), anti-inflamatórias (MEDEIROS et al., 2008; VANDERLEI et al., 2010), anticoagulantes (SILVA et al., 2010); antitumorais (LINS et al., 2009), entre outras. (OLIVEIRA; ALVEAL; ANDERSON, 2000) 40 COMPONENTES ESTRUTURAIS DE ALGAS MARINHAS Polissacarídeos Proteínas Componentes de baixo peso molecular (Nelson & Cox, 2006) Algas marinhas 41 Cultivo de algas 42 Cultivo de algas Longline 43 Cultivo de algas 44 Eucheuma Kappaphycus Gracilaria Cultivo de algas Algas vermelhas Produtoras de carragenanas e agaranas Utilizadas pelas indústrias farmacêutica e alimentícia 45 46
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