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TANATOLOGIA

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APRENDENDO A VIVER ATRAVÉS DA MORTE
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SOBRE A MORTE
Morrem certas verdades
mas nascem outras dentro de mim.
Morrem certas capacidades 
mas nascem outras dentro de mim.
Morrem certas possibilidades
mas nascem outras dentro de mim.
Morrem certos desejos
mas nascem outras dentro de mim.
Morre meu corpo
mas deixo muitas coisas
que nasceram dentro de mim.
Autor desconhecido (Viva)
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MORTE
( CONCEITO)
"Morte. S.f.  1. Ato de morrer; o fim da vida animal ou vegetal. 2. Termo, fim. 3. Destruição, ruína. 4. Fig. Grande dor; pesar profundo. 5. Entidade imaginária da crendice popular, representada em geral por um esqueleto, armado de uma foice com que ceifa as vidas." 
(Dicionário Aurélio,2000)
(Fraquezas humanas)
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TANATOLOGIA - INTRODUÇÃO
Thánatos é a figura da mitologia grega que representa a morte. 
Thánatos teria o coração de ferro e as entranhas de bronze. 
Thánatos é o aspecto perecível e destruidor da vida e está presente 
em quase todos os ritos de passagem. (Morrer é preciso)
Toda iniciação passa por uma fase de morte, para se poder 
chegar a uma vida nova. Ele extirpa as forças negativas 
e liberta as energias espirituais.
Como sua mãe, Nix – a noite – e seu irmão Hipno – o sono – tem o poder de regenerar.  Ele não é o fim, em si, mas sim uma passagem. 
A morte é a porta da vida. (mors ianua vitae)
A mitologia grega é, sem dúvida, um importante contributo para um conhecimento mais profundo da tanatologia.
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TANATOLOGIA E MORTE
Kastenbaum e Aisenberg  a Tanatologia é a ciência que estuda os processos emocionais e psicológicos que envolvem as reações à perda, o luto e a morte. 
D' Assumpção  a Tanatologia é a ciência que estuda a vida através da ótica da morte. 
William Dilthey - precursor da fenomenologia  "a vida é um valor, e é a morte quem ratifica esse valor, se não fora a morte, como poderíamos valorar a vida ?"
Freud  “destituímos a morte do caráter de necessidade” e nos enganamos e vivemos como se não fossemos morrer, nem nós nem nossos entes queridos.
CONCEITOS
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BIOTANATOLOGIA E BIOÉTICA
A TANATOLOGIA foi se expandindo e hoje tem um alcance ainda maior, procurando dar pistas e caminhos para as pessoas aprender a viver melhor, a ter uma melhor qualidade de vida.  A MORTE ENSINANDO A VIVER.
BIOTANATOLOGIA a ciência da vida, vista através da ótica da morte. 
No Brasil  trabalho foi iniciado em 1978, em Belo Horizonte, e no Rio de Janeiro, iniciando-se em São Paulo no ano de 1981. 
De Belo Horizonte saiu o primeiro trabalho científico nessa área, 
e os primeiros livros nacionais de Tanatologia  dr. EVALDO D´ASSUMPÇÃO, cirurgião plástico e tanatologista, fundador e 
primeiro presidente da ABRATAN - Associação Brasileira de Tanatologia, dissolvendo-se em seguida, e da SOTAMIG – 
Sociedade de Tanatologia de MG, departamento científico de Tanatologia da Associação Médica de MG, que hoje é o principal representante desta atividade em Minas Gerais.
ASPECTOS HISTÓRICOS
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BIOTANATOLOGIA E BIOÉTICA
Ao contrário do pensamento clássico de muitos médicos, a adequada e franca relação entre médico, paciente e familiares do paciente, no caso de uma doença terminal, é extremamente benéfico para todos e até mesmo para a evolução da doença. 
Torna-se necessário profissionais qualificados para esse trabalho para efetivamente ajudar, sem atrapalhar  
A HUMANIZAÇÃO DOS CTIS E UTIS - hoje tão discutida e muitas vezes tão pouco compreendida.
TANATOLOGIA  procura-se mudar o paradigma médico: de “lutar contra a morte e prolongar a vida” para o seu verdadeiro sentido: “DAR QUALIDADE DE VIDA, INDEPENDENTEMENTE DO TEMPO 
DE VIDA QUE AINDA HOUVER - dar qualidade de vida para todas as pessoas e não somente para aquelas que estão enfermas ”. 
BIOÉTICA  É uma palavra que une “bios” = vida e ética  é a CIÊNCIA DA ÉTICA voltada especificamente para as questões ligadas à vida. Não somente a vida humana mas a todas as formas de vida. 
ASPECTOS HISTÓRICOS
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HISTÓRICO - Áries (1977)
 Na Vulgata, o livro da Sabedoria, após a morte, o justo irá para o
 Paraíso (“a frescura da sombra – para os orientais);
 - Os nórdicos rejeitam a idéia desse Paraíso porque não esperam 
 as mesmas delícias que os orientais, preferem “o calor do sol”. 
 - Como o ser humano deseja, ao menos após a morte, obter o
 conforto que não conseguiu em vida.
 O budismo, através da sua mitologia, busca afirmar a inevitabilidade da
 morte. A doutrina budista nos conta a “Parábola do Grão de Mostarda”:
 uma mulher com o filho morto nos braços, procura Buda e suplica que o
 faça reviver - a mulher compreendeu que teria que contar sempre com a
 morte.
Na mitologia hindu, a morte é encarada como uma válvula de escape para
 o controle demográfico. Quando a “Mãe-Terra”, torna-se sobrecarregada
 de pessoas vivas, ela apela ao deus Brahma que envia, então, a “mulher
 de vermelho” (que representa a morte na mitologia ocidental) para levar
 pessoas, aliviando assim, os recursos naturais e a sobrecarga
 populacional da “Mãe-Terra”. 
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HISTÓRICO - Mircea Elíade (1987) 
 Os fino-úgricos (povos da região da Península de Kola e da Sibéria
 Ocidental), têm sua religiosidade profundamente vinculada ao 
 xamanismo. 
 - Os mortos destes povos eram enterrados em covas familiares, onde
 os que morreram há mais tempo, recebiam os “recém mortos”. Assim,
 as famílias eram constituídas tanto pelos vivos quanto pelos mortos. 
 Havia uma certa tentativa de controle mágico sobre a morte, o que
 facilitava sua integração psicológica, não havendo portanto, uma cisão
 abrupta entre vida e morte. Isso sem dúvida aproximava o homem da
 morte com menos terror. 
 Na Idade Média, os cemitérios cristãos localizavam-se no interior e ao
 redor das igrejas e a palavra cemitério significava também “lugar
 onde se deixa de enterrar”. Daí, eram tão comuns as valas cheias de
 ossadas sobrepostas e expostas ao redor das igrejas. 
Os Antigos de Constantinopla mantinham apesar da familiaridade
 com a morte, os cemitérios afastados das cidades e das vilas. 
Os cultos e honrarias que prestavam aos mortos, tinham como
 objetivo mantê-los afastados, de modo que não “voltassem” para
 perturbar os vivos. 
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 HISTÓRICO - Kastenbaum e Aisenberg (1983)
A total falta de controle sobre os eventos sociais, teve seu reflexo também na morte, que não podia mais ser controlada magicamente como em tempos anteriores. Ao contrário, a morte passou a viver lado a lado com o homem como uma constante ameaça a perseguir e pegar a todos de surpresa. 
A morte se personifica como forma do homem tentar entender com quem está lidando, e uma série de imagens artísticas se consagram como verdadeiros símbolos da morte, atravessando o tempo até os dias de hoje. 
A Idade Média foi um momento de crise social intensa, que acabou por marcar uma mudança radical na maneira do homem lidar com a morte. 
A sociedade do século catorze foi assolada pela peste, pela fome, pelas cruzadas, pela inquisição; uma série de eventos provocadores da morte em massa. 
Esse descontrole, traz à consciência do homem desta época, o temor da morte. A partir daí, uma série de conteúdos negativos começam a ser associados à morte: conteúdos perversos, macabros, bem como torturas e flagelos passam a se relacionar com a morte, provocando um total estranhamento do homem diante deste evento tão perturbador. 
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ASPECTOS COMPORTAMENTAIS - Kübler-Ross (1997) 
Não é de se surpreender portanto que o homem, diante de tanto descontrole sobre a vida, tente se defender psiquicamente, de forma cada vez mais intensa contra a morte. 
São cada vez mais intensas e velozes as mudanças sociais, expressas pelos avanços tecnológicos. 
O homem tem se tornado cada vez mais individualista, preocupando-se menos com os problemas da comunidade. 
Essas mudanças
têm seu impacto na maneira com a qual o homem lida com a morte nos dias atuais. 
O homem da atualidade convive com a idéia de que uma bomba pode cair do céu a qualquer momento. 
"Diminuindo a cada dia sua capacidade de defesa física, atuam de várias maneiras suas defesas psicológicas“.
 A possibilidade de escolha deu lugar a uma crescente perda da dignidade ao morrer, "... já vão longe os dias em que era permitido a um homem morrer em paz e dignamente em seu próprio lar." 
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ASPECTOS COMPORTAMENTAIS - Mannoni, (1995)
 As atrocidades seriam verdadeiras pulsões de destruição; a dimensão visível da pulsão de morte. 
 “O médico não aceita que seu paciente morra e, se entrar no campo em que se confessa a impotência médica, a tentação de chamar a ambulância (para se livrar do “caso”) virá antes da idéia de acompanhar o paciente em sua casa, até o fim da vida.” 
 A morte natural deu lugar à morte monitorada e às tentativas de reanimação. Muitas vezes, o paciente nem é consultado quanto ao que deseja que se tente para aliviá-lo. 
 Nos dias atuais, 70% dos pacientes morrem nos hospitais, enquanto no século passado, 90% morriam em casa, perto de seus familiares. Isto ocorre porque, nas sociedades ocidentais o moribundo é, geralmente, afastado de seu círculo familiar. 
 A morte revelou sua correlação com a vida em diversos momentos históricos. As pessoas podiam escolher onde iriam morrer; longe ou perto de tais pessoas, em seu lugar de origem; deixando mensagens a seus descendentes.
 A medicalização da morte e os cuidados paliativos, não raro, servem apenas para prolongar o sofrimento do paciente e de sua família. É muito importante que as equipes médicas aprendam a distinguir cuidados paliativos e conforto ao paciente que está morrendo, de um simples prolongamento da vida.
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CONVIVENDO COM AS PERDAS - Ernest Becker (1973) 
Mostra o paradoxo que leva o homem a comportar-se de forma extrema e paradoxal.
 O terror da morte seria a mãe de todas as angústias e ao mesmo tempo a mola mestra da atividade humana, influenciando tanto seu comportamento quanto a sua subjetividade. 
 Os valores aos quais nos prendemos tornam-se inconsistentes quando pensamos na possibilidade da nossa impermanência. 
 Costumamos resignificar idéias, conceitos e atitudes passadas e presentes quando admitimos que em algum momento perderemos a oportunidade de estarmos no mundo com os outros e com nós mesmos. 
Queremos fazer tudo que todos fazem, viver todas as experiências possíveis vividas por todos pois sabemos que a qualquer momento essas possibilidades tornar-se-ão impossibilidades. 
A literatura sobre o terror que sentimos em relação a morte não aponta para uma única direção no que concerne a etiologia desse medo - defende o argumento que o medo da morte não é algo natural e que não nascemos com ele.
“Moloney”  Coloca o ônus da ansiedade na educação, o vê como algo criado pela sociedade, um “mecanismo da cultura”. 
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CONVIVENDO COM AS PERDAS - Ernest Becker (1973)
“Marcuse” 
Vê como uma ideologia, onde a sociedade utilizaria como um mecanismo de controle. 
A sociedade e em particular as religiões, no sentido das congregações, com suas próprias verdades impõem uma ideologia no intuito de subjugar e manipular. 
O argumento da “mente sadia” propõe que uma criança bem tratada pela mãe e com experiências positivas, que levam a um sentimento de segurança e proteção não estariam sujeitas a temores mórbidos.
Já os defensores do argumento da “mentalidade mórbida” colocam que o terror da morte é natural e está presente em todos nós. Ninguém estaria imune a ele e esse medo influenciaria todos os nossos outros temores. 
Por trás das fobias, depressões e pânicos estaria  escondido o terror da morte. Quando falamos que não temos medo da morte essa afirmação é puramente intelectual. 
Mesmo assim, sabemos que se esse medo permanecer obsessivamente em nosso pensamento não funcionaríamos psiquicamente.
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Morte e Desenvolvimento Humano
Durante a primeira infância, não se apreende o sentido da vida nem o sentido da morte. 
Na segunda infância, começa-se a personificar a morte como algo externo à pessoa e por volta dos 8 a 9 anos começa-se a compreender que não se é imortal e que a morte vem para todos e que esse fato é irreversível. 
 Na adolescência, apesar de se ter a compreensão intelectual do fato ainda não se tem maturidade emocional e as pessoas se comportam como “heróis” que sempre vencem, e nunca morrem. (Serenidade)
No começo da idade adulta, ainda as pessoas vislumbram a morte muito distante delas, da família e dos amigos mais próximos. Tem-se muito que se construir, não há espaço para interrupções dos planos. 
Já na meia-idade, começa-se a encará-la de frente, não dá mais para fugir. Já se admite tanto intelectual, como emocional e existencialmente essa possibilidade e então se depara com a própria finitude. 
Através das experiências de perdas vai-se entrando no mundo real que contempla tanto a vida quanto a morte. 
 Perde-se os avós, pais, amigos, familiares e não se pode negar a realidade que se impõe a vontade de permanecer. 
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MORTE E DESENVOLVIMENTO HUMANO
 Os velhos, em sua maioria e para a surpresa de muitos já não sentem o mesmo medo que se sente nas fases anteriores do desenvolvimento. 
 Apesar da finitude estar mais próxima e causar ansiedade, funciona também como uma preparação para o momento final. 
 Heiddeger (1927) - Ele (o velho) já se realizou consigo e com o mundo, já viveu as mais diversas experiências, fechou as Gestalten, completou a circularidade.
A maioria dos velhos vivem e sentem a proximidade da morte dessa maneira, mas existem aqueles que continuam com o mesmo temor das fases anteriores do desenvolvimento.
 Em pesquisa realizada com 100 velhos relativamente doentes (Weisman, 1996) e 100 velhos relativamente saudáveis (Kastenbaum, 1983) encontrou-se a mesma resposta: 
70% da população consultada não temia a morte como os indivíduos das fases anteriores. 
Isso nos remete ao sentido de “realização” para aqueles que conseguem se “livrar” dessa terrível angústia e viver a plenitude do ser.
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APEGO, PERDA E LUTO
 A experiência da perda é um dos eventos mais estressantes que se pode viver. 
Todos têm a tendência a estabelecer laços afetivos com outras pessoas. 
Bowlby (1984) - Inicialmente nos apegamos à nossa mãe e isso acontece devido a necessidade que temos de segurança e proteção. 
 Quando o objeto de apego está ausente ou há ameaça de perdê-lo, a pessoa sofre forte reação emocional e se sente perdida. 
Bowlby, em sua teoria do apego: quando somos ameaçados pela perda (separação)  desse objeto, reagimos de três maneiras. 
1- protestamos, não admitimos a ausência do objeto amado; 
2- o nosso comportamento é de desespero pois não temos mais acesso a ele e não sabemos  lidar com essa privação; 
3- nos defendemos e nos desapegamos, precisamos restabelecer a nossa homeostase e se não utilizarmos esse mecanismo de defesa, estaremos sujeitos a sucumbir emocionalmente. 
 Freud, 1917 - Toda perda significativa pressupõe o luto, um processo que visa retirar a energia fixada no objeto perdido e redirecionada para outro objeto.
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APEGO, PERDA E LUTO
Essa desvinculação do objeto perdido nos ajuda a vencer as etapas do luto, pois se nos fixarmos na perda e no objeto perdido, estaremos contribuindo para que o processo do luto se desenvolva de maneira patológica. 
Bowlby (1984) - O luto como processo pressupõe fases:
1- Logo após a perda, entramos em um estado de torpor, sentimos aflição e há momentos em que negamos a realidade da perda, isso pode durar horas ou dias. 
2- Logo a seguir, entramos na fase do “anseio e busca da figura perdida”. Sentimos a presença da pessoa que perdemos, temos a tendência em associar algum evento circunstancial à presença do morto como por exemplo ouvir a voz deste nos chamando.
 Sonha-se insistentemente com o morto, sente-se o seu cheiro interpreta-se qualquer sinal com a sua presença,
isso pode durar meses ou anos. Mas a realidade se impõe ao desejo e depois de diversas tentativas de recuperar a pessoa perdida em vão entra-se no desespero e se desorganiza. Nesse momento a raiva e a culpa se apresentam de forma mais intensa. Procura-se algo ou alguém para responsabilizar, se sente impotente e sabe-se que nada mais poderá ser feito para se recuperar aquele que se perde.
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APEGO, PERDA E LUTO
 Mas precisa-se sobreviver e a vida impulsiona a pessoa novamente para a homeostase, mas para que isso aconteça precisa se permitir viver a dor e a tristeza da perda. Cada um vai processar essa experiência à sua maneira, mas precisa-se dar vazão aos sentimentos que é sufocado. 
 Worden (1998) - O luto pressupõe tarefas a realizar, conforme nos aponta em seu livro Terapia do Luto.
1- é a aceitação da realidade da perda, sem isso não poderemos prosseguir no processo;
2- precisamos trabalhar a dor que emerge da perda e quanto mais significativa mais sentimos dor. 
3- se avançarmos na realização das tarefas do luto, temos que nos acostumar com a falta da pessoa perdida no ambiente em que vivíamos com ela. É difícil entrar no quarto do filho e ver que ele nunca mais vai estar ali.
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APEGO, PERDA E LUTO
 Mas a vida chama e a pessoa precisa se reposicionar em termos emocionais alguém que se perde. 
 É hora de destinar um lugar adequado para o ente querido que não está mais aqui mas que poderá permanecer para sempre nas lembranças. 
Com isso a pessoa se dá o direito de se abrir para novas experiências com outras pessoas. 
Mas há certos tipos de perdas que levam a um tipo especial de luto como por exemplo o suicídio. 
Nesse caso um alto grau de culpa e rejeição se estabelecerá. Pode vir o sentimento de que se poderia ter feito algo para evitar o fato. 
Também a pessoa pode sentir raiva do morto por tê-la colocado em uma situação onde além de perdê-la, se é estigmatizado pela sociedade como alguém que não foi capaz de impedir o acontecimento. 
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APEGO, PERDA E LUTO
 “O aborto” é outro tipo de perda que indica um tipo de luto especial: 
1- porque é uma perda carregada de autocensura mesmo que tenha sido espontâneo. 
2- se o aborto foi provocado, há muito mais dificuldade de ser elaborado pois está enquadrado entre as perdas socialmente negadas. 
 Fica difícil para uma adolescente procurar ajuda para esse conflito, principalmente nos países em que o aborto é crime.
 “A perda ambígua” é outro tipo de perda de difícil resolução. 
 Walsh, 1998 - a dificuldade em aceitar a realidade da perda e dar vazão ao processo do luto é a “ausência do corpo do morto”, nesse caso fica a sensação de que a qualquer momento a pessoa perdida poderá reaparecer: 
É muito difícil para uma mulher que foi à praia com o marido e esse desaparece repentinamente no mar, sem nunca mais retornar. 
O filho seqüestrado ou desaparecido, leva a mãe a não se desligar mais do evento da perda e a esperança de reencontro poderão durar indefinidamente.
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APEGO, PERDA E LUTO
“A perda por assassinato” é outro tipo que leva a um luto mais dificultoso. 
Sabe-se que se o assassino continua solto após cometer o crime dificilmente a família ou o ente querido mais atingido conseguirá entrar no processo do luto. 
As questões legais e a morosidade da justiça dificultam a entrada da pessoa no processo e o que se observa é um desejo de vingança ou justiça que embotam outros sentimentos em relação à perda.
É muito difícil para a sociedade ocidental  lidar com as perdas até porque ela se apega em demasia às coisas materiais e é insistentemente estimulada para o consumismo, deixando de lado valores outros que agregam bem-estar e satisfação.

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