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ENTIDADE DE UTILIDADE PÚBLICA LEI Nº 13.483, DE 25 DE JUNHO DE 2008 D.O. 26 DE JUNHO DE 2008 Rua Benigno Cordeiro Galvão, 900 – Jaguaribe – Ilha de Itamaracá – PE CNPJ: 01.888.264/0001-96 Fone/Fax: (81) 3266.4414 Rua Dom Manoel de Medeiros, s/nº - Dois Irmãos – Recife – PE CEP: 52171-900 – Pró-Reitoria de Extensão - UFRPE E-mail: oceanario@oceanario.org.br www.oceanario.org.br Prezado(a) Senhor(a), Estamos disponibilizando o Diagnóstico Socioeconômico da Pesca Artesanal do Litoral de Pernambuco em formato digital. O diagnóstico é um retrato da Pesca Artesanal do litoral pernambucano. Seu objetivo é registrar o perfil socioeconômico e socioambiental dos pescadores que trabalham nas indústrias naturais de alimentos, que são considerados os rios, estuários, manguezais, lagoas e a plataforma continental de Pernambuco. Foram visitadas 71 comunidades e entrevistados 5.077 pescadores (homens 3.365 e 1.712 mulheres). Esta pesquisa foi elaborada pelo Instituto Oceanário de Pernambuco e o Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco, com financiamento do Governo do Estado através da Secretaria Especial de Juventude e Emprego. Tivemos a colaboração do Ministério da Pesca e Aquicultura em Pernambuco, Fundação Joaquim Nabuco, Pastoral dos Pescadores, Movimento dos Pescadores de Pernambuco (MOPEPE) além de Colônias e Associações de Pescadores. O presente diagnóstico está apresentado em quatro arquivos, cada um representando um volume, devido à complexidade de informações. O volume I ou inicial, aborda de uma forma generalizada, os elementos dos municípios e das comunidades que encontram-se detalhados nos volumes restantes. Consta neste volume: a introdução, a metodologia, os resultados estatísticos das áreas litorâneas estudadas, incluindo a Ilha de Fernando de Noronha. A divisão em quatro áreas foi embasada nas condições geológicas e geomorfológicas, ecossistemas aquáticos, ocupação demográfica e atividades pesqueiras. Os volumes seguintes, II, III e IV, correspondem às áreas Norte, Metropolitana e Sul, respectivamente. O interesse é que este trabalho sirva como base de análise para diversos públicos, como: governo federal, estadual e municipal, organizações não governamentais, os movimentos sociais dos pescadores, pesquisadores, estudantes, e os próprios atores do processo: os pescadores (as) artesanais e seus familiares. Luiz Lira Coordenador da Pesquisa Diagnóstico Diretor Científico do Instituto Oceanário DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO DA PESCA ARTESANAL DO LITORAL DE PERNAMBUCO VOLUME - II LITORAL NORTE 2010 Ficha catalográfica Pernambuco / coordenador geral Luiz Lira; comissão de redação Luiz Lira, Beatriz Mesquita, Mônica Maria Cavalcanti Souza, Cezar Augusto Leite, Ana Paula de Almeida Leite, Amanda Machado Farias, Carolina Galvão. 4 v. : il. ; 30 cm Conteúdo: v. 1. Síntese do litoral pernambucano, incluso Fernando de Noronha – v. 2. Área Norte – v. 3. Área Metropolitana – v. 4. Área Sul. Inclui referências e anexos. CDD 639.098134 1. Pesca artesanal – Pernambuco 2. Análise socioeconômica 3. Análise socioambiental 4. Educação ambiental I. Lira, Luiz, coord. II. Mesquita, Beatriz III. Souza, Mônica Maria Cavalcanti IV. Leite, Cezar Augusto V. Leite, Ana Paula de Almeida VI. Farias, Amanda Machado VII. Galvão, Carolina VIII. Instituto Oceanário de Pernambuco IX. UFRPE. Departamento de Pesca e Aquicultura Instituto Oceanário de Pernambuco Rua Benigno Cordeiro Galvão, 900 – Jaguaribe – Ilha de Itamaracá – PE CNPJ: 01.888.264/0001-96 Fone/Fax: (81) 3266.4414 Rua Dom Manoel de Medeiros, s/nº - Dois Irmãos – Recife – PE CEP: 52171-900 – Pró-Reitoria de Extensão - UFRPE E-mail: oceanario@oceanario.org.br Site: www.oceanario.org.br D536 Diagnóstico socioeconômico da pesca artesanal do litoral de -- 1. reimpr. -- Recife : Instituto Oceanário de Pernambuco : Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE, 2010. Governo do Estado de Pernambuco Eduardo Henrique Accioly Campos Governador Secretaria Especial de Juventude e Emprego - SEJE Pedro José Mendes Filhos Secretário Estadual de Juventude e Emprego Ins! tuto Oceanário de Pernambuco Presidente Alexandre Carvalho Diretor Cien" fi co Luiz Lira Diretora de Projetos Ana Paula de Almeida Leite Pesquisadores Cezar Augusto de Almeida Leite Mônica Mª Cavalcan! de Azevedo Souza Hermon Augusto da Costa Braga Junior Coordenador Geral Luiz Lira Coordenador Administra! vo Alexandre Carvalho Coordenadores de Área Silvanda Galvão de Arruda Vanildo Souza de Oliveira Litoral Sul Consultores do Diagnós! co Ricardo Gama Soares André Luis San! ago Maia Gecynalda Soares da Silva Gomes Jasiael Felipe da Costa Ana Paula de Almeida Leite Equipe Técnica Equipe do Diagnóstico ^ocioeconƀŵico da Pesca Artesanal no litoral de Pernambuco Cezar Augusto de Almeida Leite Litoral Metropolitano Litoral Norte José Carlos Pacheco dos Santos Beatriz Mesquita Jardim Pedrosa Ana Paula Gonçalves da Silva Amanda Machado de Moura Farias Bernardo Ramos de Barros Dias Carolina da Cunha Galvão Cardoso Darlany Benedita Cabral Sá da Rocha Felipe César Barros da Silva Hermon Augusto da Costa Braga Junior Isabela Maria da Silva Araújo Mirela Assunção Simões Mônica Mª Cavalcan! de Azevedo Souza Sandra Regina da Silva Galvão Wellane Cassett Araújo Guedes Daniel Locatelli Santos O Instituto Oceanário e o Departamento de Pesca e Aquicultura da UFRPE, dedicam o Diagnóstico da Pesca Artesanal ao Prof. Hamilton Cavalcanti Costa (in memorian), pelos serviços prestados aos pescadores e pescadoras do litoral pernambucano. “Di! cil não é a compreensão, é querer compreender” Mestre Gabriel Agradecimentos O Instituto Oceanário de Pernambuco (IOPE) vem expressar, através do seu Presidente Alexandre Carvalho e do Coordenador Geral do Diagnóstico Socioeconômico da Pesca Artesanal do Litoral de Pernambuco, Luiz Lira, o reconhecimento e apoio de todas as instituições e pessoas que contribuíram para o presente trabalho. Agradecemos: Ao Governo do Estado de Pernambuco através do Dr. Pedro Mendes, Secretário Especial de Juventude e Emprego (SEJE), pelo apoio fi nanceiro e pela credibilidade depositada. Aos técnicos da SEJE: Pedro Mello, Zafi ra Peixoto, Maria Ribeiro e Marta Loreto. Ao Ministério da Pesca e Aqüicultura na pessoa do superintendente em Pernambuco, Dr. Sérgio Mattos, que facilitou as entrevistas junto aos pescadores registrados naquela instituição. À Universidade Federal Rural de Pernambuco, por meio da Pró-Reitoria de Extensão, pelo acolhimento em seu espaço físico, e do Departamento de Pesca e Aqüicultura, porliberar os pesquisadores Vanildo Souza de Oliveira e José Carlos Pacheco, bem como, à Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento Educacional pela gerência fi nanceira dos recursos do Projeto Diagnóstico. Ao Movimento de Pescadores de Pernambuco (MOPEPE), que iniciou a ação e mobilizou os pescadores, líderes e comunitários contra a poluição dos rios que cortam a cidade do Recife, e que com postura equilibrada e ética, juntou-se a nós no acompanhamento do trabalho de campo. À Pastoral dos Pescadores (CPP), pelas críticas e auxílio no processo de discussão. Às Colônias de Pescadores e Associações de Pescadores, pelo acolhimento e informações concedidas ao longo da nossa caminhada por todo o litoral de Pernambuco, muitas vezes nos concedendo seu espaço físico e agendando reuniões. No sentido de homenagear e agradecer a todos os pescadores, pescadoras e cidadãos que militam em prol da causa da Pesca Artesanal, listamos os seguintes representantes: Jasilma Amorim Muller (Cabo - MOPEPE), Terezinha Filha (Ilha de Deus - MOPEPE), Edson da Cruz Correia (Fly- Ilha de Deus - MOPEPE), Manoel Vicente Rodrigues Filho (Dega – Jatobá - MOPEPE), Valdir de Souza Gonzales (Ponte de Limoeiro - MOPEPE), Bartolomeu José Souza (Ilha do Maruim - MOPEPE), Luciane Santos do Nascimento (Morena - MOPEPE), Renata Manzi de Souza (CPP), José Jonas Pereira Silva (Comunidade do Bode), Edileuza Silva do Nascimento (Dª Leu - Brasília Teimosa), Josias Clementino (Jorge da Praia- MONAPE), Cícero Santino de Oliveira (Itapissuma), Manoel Messias (Sirinhaém). À Fundação Joaquim Nabuco, pela colaboração dos pesquisadores Tarcísio Quinamo, Beatriz Mesquita e Cristiano Ramalho e a Fundação de Amparo à Pesquisa de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva (FUNDAÇÃO PROZEE), na pessoa do presidente Natalino Matsui. À equipe do projeto: os coordenadores Silvanda Galvão, Vanildo Oliveira e José Carlos Pacheco; os consultores, pela assessoria e disponibilidade, Beatriz Mesquita, Ricardo Gama, André Luis Maia e Gecynalda Gomes; aos educadores/ entrevistadores de campo, que acreditaram no sucesso desse trabalho, Amanda Farias, Ana Paula Silva, Bernardo Dias, Carolina Cardozo, Cezar Leite, Darlany Rocha, Felipe Silva, Isabela Araújo, Jasiael Costa, Mirela Simões, Sandra Galvão e Wellane Guedes; as pessoas que reuniram e formataram todo esse material: Mônica Souza, Cezar Leite, Beatriz Mesquita, Ana Paula Leite, Amanda Farias e Carolina Galvão. À Hermon Augusto Braga Júnior, que estava sempre na retaguarda, para facilitar o trabalho de campo e de laboratório com dedicação e profi ssionalismo. Agradecemos também, aos pesquisadores, técnicos e representantes de classe que nos concederam as entrevistas: Sérgio Mattos (MPA) Fernando Acioli (APA Costa dos Corais), Cláudio Rabelo (FAEPE), Assis Lacerda (CPRH), Laurineide Santana e Bill Santos (CPP), Magnus Machado (Centro de Mamíferos Aquáticos) e João Carlos Borges (Projeto Peixe Boi). À Administração da Ilha de Fernando de Noronha na pessoa de Marieta Borges Lins e Silva, ao Museu do Tubarão através de Leonardo Veras, a José Martins, do Projeto Golfi nho Rotador, pelo acolhimento e disponibilidade. Apresentação Este volume, assim como os antecedentes, foi escrito numa linguagem simples com intuito de facilitar seu entendimento a qualquer cidadão, especialmente aos pescadores. Ao mesmo tempo, pretende fazê-los sentir como parte responsável dos ecossistemas aquáticos que empregam milhares de pessoas. O Volume II completa a pesquisa do Diagnóstico Socioeconômico da Pesca Artesanal, retratando os municípios do Litoral Norte: Goiana, Itapissuma, Igarassu, Abreu e Lima, Itamaracá e suas respectivas comunidades pesqueiras, que trabalham nos rios, estuários, manguezais e ambiente marinho. Este livro reúne: os resultados estatísticos, as condições socioambientais e o perfi l socioeconômico de cada uma das 32 comunidades presentes neste litoral, indicações sobre as necessidades de cada aglomerado pesqueiro, além das entrevistas com pessoas envolvidas com a causa dos pescadores. É importante ressaltar que as informações gerais do Litoral de Pernambuco, encontram- se contextualizadas no Volume I, por isso fi ca sugerida sua consulta, para uma melhor compreensão dos leitores sobre a pesquisa. Luiz Lira Coordenador da Pesquisa Diagnós" co 2 Lista de Figuras Figura 1. Comunidades Pesquisadas: Litoral Norte. ..............................................................................16 Figura 2. Comunidades presentes no Município de Goiana. ..................................................................22 Figura 3. Produção pesqueira do Município de Goiana. ........................................................................23 Figura 4. Localização de Atapuz. Os rios, estuários e manguezais garantem o trabalho dos pescadores. ................................................................................................................................................................24 Figura 5. Tipos de habitações: alvenaria, madeira e taipa. .....................................................................26 Figura 6. Nível de escolaridade dos pescadores. ....................................................................................26 Figura 7. Meios flutuantes onde se destaca o mangotão como arte de pesca. ........................................28 Figura 8. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. .....................................................30 Figura 9. Pescadores à oferta de capacitação. ........................................................................................30 Figura 10. Renda familiar total por mês. ................................................................................................31 Figura 11. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais. ....................................................31 Figura 12. Percentual de pescadores filiados à Associação/ Colônia. ....................................................32 Figura 13. Ecossistema onde a comunidade desenvolve sua atividade econômica................................33 Figura 14. Exploração de areia e construção de viveiros de camarão. ...................................................34 Figura 15. Colônia Z-15, hoje utilizada basicamente para reuniões. .....................................................35 Figura 16. Girau, processo artesanal de secagem do pescado. ...............................................................36 Figura 17. Localização de Tejucupapo. Os rios, estuários e manguezais são fontes de alimentos. .......38 Figura 18. Residências em taipa, principal tipo de habitação dos pescadores. ......................................41 Figura 19. Nível de escolaridade dos pescadores. ..................................................................................42 Figura 20. Pescadores (as) retornando da pesca no estuário. .................................................................43 Figura 21. Embarcação e Arte de Pesca. Pescadores iniciando a jornada da pesca (a) e confeccionando a rede de pesca (b). .................................................................................................................................43 Figura 22. Beneficiamento artesanal de peixe (a) e de siri (b). ..............................................................44 Figura 23. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...................................................46 Figura 24. Pescadores à oferta de capacitação. ......................................................................................46Figura 25. Renda familiar total por mês. ................................................................................................47 Figura 26. Pescadores/família contemplados por benefícios sociais......................................................47 Figura 27. Pescadores filiados à Associação/ Colônia. ..........................................................................48 Figura 28. Embarcações no Porto Ferreiro. Observe o branqueamento do mangue. .............................49 Figura 29. Pescadora exibindo seu pescado obtido pela coleta manual. ................................................50 Figura 30. Trabalho familiar no beneficiamento de siri. ........................................................................51 3 Figura 31. Fogão artesanal alimentado por lenha...................................................................................52 Figura 32. Fogão Ecológico consome menos lenha. ..............................................................................52 Figura 33. Comunidades de Pontas de Pedra e Malvinas. Os estuários fertilizam ou poluem o mar. Saneamento básico é fundamental. ........................................................................................................55 Figura 34. Nível de escolaridade dos pescadores. ..................................................................................57 Figura 35. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...................................................60 Figura 36. Pescadores à oferta de capacitação. ......................................................................................60 Figura 37. Renda familiar total por mês. ................................................................................................61 Figura 38. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais. ....................................................61 Figura 39. Pescadores filiados à Associação/Colônia. ...........................................................................62 Figura 40. Lixo descartado pela comunidade em curso d'água – Malvinas ...........................................63 Figura 41. Comunidades de Carne de Vaca, Povoação de São Lourenço, Cana Brava. ........................66 Figura 42. Nível de escolaridade dos pescadores. ..................................................................................68 Figura 43. Percentual de pescadores que participaram de cursos de capacitação. .................................71 Figura 44. Percentual de pescadores à oferta de capacitação. ................................................................71 Figura 45. Renda familiar total por mês. ................................................................................................72 Figura 46. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais. ....................................................72 Figura 47. Pescadores filiados à Associação/Colônia. ...........................................................................73 Figura 48. Utilização da Lavanderia Comunitária para diversos fins. ...................................................74 Figura 49. Trabalho em família no beneficiamento de siri. Povoação de São Lourenço. ......................75 Figura 50. Entrevista com pescador/ agricultor em Sítio Cana Brava. ..................................................75 Figura 51. Rio Goiana e afluentes. Observe parte da Reserva Extrativista Acaú-Goiana. ....................76 Figura 52. Casa revestida com conchas de marisco. ..............................................................................76 Figura 53. Comunidade de Barra de Catuama. Atividade pesqueira no mar de dentro e estuários dos rios Carrapicho e Catuama. ....................................................................................................................79 Figura 54. Percentual do nível de escolaridade dos pescadores. ............................................................81 Figura 55. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...................................................84 Figura 56. Pescadores à oferta de capacitação. ......................................................................................84 Figura 57. Renda familiar total por mês. ................................................................................................85 Figura 58. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais. ....................................................85 Figura 59. Pescadores filiados à Associação /Colônia. ..........................................................................86 Figura 60. Ecossistema preservado funciona como indústria natural de alimentos. ..............................87 Figura 61. Delito ambiental relacionado a pobreza. Lenha do mangue. ................................................88 Figura 62. Erosão marinha provocando destruição de estruturas construídas. .......................................88 4 Figura 63. Localização da comunidade de Baldo do Rio. ......................................................................91 Figura 64. Nível de escolaridade dos pescadores. ..................................................................................93 Figura 65. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...................................................95 Figura 66. Pescadores à oferta de capacitação .......................................................................................96 Figura 67. Renda familiar total por mês. ................................................................................................96 Figura 68. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais. ....................................................97 Figura 69. Pescadores filiados à Associação/Colônia. ...........................................................................97 Figura 70. Lixo acumulado nas proximidades do rio. ............................................................................98 Figura 71. Canoas que são utilizadas fundamentalmente em água doce. ...............................................99 Figura 72. Liderança da colônia Z-14 mobiliza a comunidade do Baldo do Rio. ..................................99 Figura 73. Comunidades do Município de Itapissuma. ........................................................................104 Figura 74. Produção pesqueira do Município de Itapissuma. ..............................................................105 Figura 75. Localização das comunidades de Espinheiro e Veloz. .......................................................106 Figura 76. Nível de escolaridade dos pescadores. ................................................................................109 Figura 77. Canoas da comunidade Veloz e ao fundo a ponte que liga Itapissuma a Itamaracá. ..........110 Figura 78. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. .................................................112 Figura 79. Pescadores à oferta de capacitação. ....................................................................................112 Figura 80. Renda familiar total por mês. ..............................................................................................113 Figura 81. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais. ..................................................113 Figura 82. Pescadores filiados à Associação/Colônia. .........................................................................114 Figura 83. Colônia de Pescadores Z-10. Espinheiro, Itapissuma. ........................................................114 Figura 84. Encontro de pescadores na “Praça da Mentira” (a). Aspecto da praça onde se vê apetrechode pesca e um ângulo do Canal de Santa Cruz e embarcações atracadas (b). ......................................115 Figura 85. Atracagem desordenada das embarcações, materiais de pesca em locais impróprios no trecho do Canal de Santa Cruz. Espinheiro. Itapissuma. ......................................................................116 Figura 86. Processamento do pescado desde sua captura até comercialização. Espinheiro. ................117 Figura 87. Uma mostra de esgoto lançado diretamente no Canal de Santa Cruz. ................................117 Figura 88. Construção e conserto de baiteras em pequena oficina “estaleiro”.....................................118 Figura 89. Comunidades localizadas no centro do município de Itapissuma-PE .................................120 Figura 90. Nível de escolaridade dos pescadores. ................................................................................122 Figura 91. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. .................................................125 Figura 92. Pescadores à oferta de capacitação. ....................................................................................125 Figura 93. Renda familiar total por mês. ..............................................................................................126 Figura 94. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais. ..................................................127 5 Figura 95. Pescadores filiados à Associação/Colônia. .........................................................................127 Figura 96. Siris capturados no tamanho contrário a legislação. ...........................................................129 Figura 97. Dos 101 pescadores, apenas três têm registro de pesca. .....................................................130 Figura 98. Entrevistadores do IOPE ao encontro de pescadores. .........................................................133 Figura 99. Localização da Comunidade de Botafogo. Os rios, estuários e manguezais que garantem o trabalho dos pescadores. .......................................................................................................................136 Figura 100. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................138 Figura 101. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...............................................141 Figura 102. Pescadores à oferta de capacitação. ..................................................................................141 Figura 103. Renda familiar total por mês. ............................................................................................142 Figura 104. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais.................................................142 Figura 105. Pescadores filiados à Associação/Colônia. .......................................................................143 Figura 106. Vista da comunidade de Botafogo nas margens da BR 101 Sul e detalhe da rua S. .........144 Figura 107. Localização da Comunidade de Mangabeira. ...................................................................147 Figura 108. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................149 Figura 109. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...............................................152 Figura 110. Pescadores à oferta de capacitação. ..................................................................................152 Figura 111. Percentual da renda familiar total por mês. ......................................................................153 Figura 112. Percentual de pescadores/família contemplados por benefícios sociais. ..........................153 Figura 113. Percentual de pescadores filiados à Associação/ Colônia. ................................................154 Figura 114. A reflexão do papel laminado reflete os raios solares. .....................................................155 Figura 115. Pescadores expressando questões de ordem ambiental.....................................................156 Figura 116. Produção pesqueira do Município de Igarassu. ................................................................161 Figura 117. Produção pesqueira do Município de Abreu e Lima.........................................................163 Figura 118. Comunidades dos Municípios de Igarassu e Abreu e Lima. .............................................164 Figura 119. Localização da comunidade de Mangue Seco. .................................................................165 Figura 120. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................167 Figura 121. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...............................................170 Figura 122. Pescadores à oferta de capacitação. ..................................................................................170 Figura 123. Renda familiar total por mês. ............................................................................................171 Figura 124. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais.................................................171 Figura 125. Pescadores filiados à Associação/ Colônia. ......................................................................172 Figura 126. Banco areno-lamoso de onde os pescadores/marisqueiras retiram seu sustento. ..............173 Figura 127. Entrevistas, no momento de coleta (a) e no aguardo do transporte (b). ............................173 6 Figura 128. Passivo ambiental de marisco. Praia de Mangue Seco. ....................................................174 Figura 129. Localização das comunidades de Nova Cruz I e Nova Cruz II. .......................................177 Figura 130. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................178 Figura 131. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...............................................181 Figura 132. Pescadores à oferta de capacitação. ..................................................................................181 Figura 133. Renda familiar total por mês. ............................................................................................182 Figura 134. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais.................................................182 Figura 135. Pescadores filiados à Associação/ Colônia. ......................................................................183 Figura 136. Família sem registro civil, o que impede receber os benefícios sociais............................184 Figura 137. Residência em risco de desabamento. ...............................................................................184 Figura 138. Terreno baldio com lixo nas proximidades das residências. .............................................185 Figura 139. Localização das comunidades Beira Mar no complexo hídrico salgado. .........................189 Figura 140. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................191 Figura 141. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...............................................193 Figura 142. Pescadores à oferta de capacitação. ..................................................................................194 Figura 143. Renda familiar total por mês. ............................................................................................194 Figura 144. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais.................................................195Figura 145. Pescadores filiados à Associação/ Colônia. ......................................................................195 Figura 146. Conchas de marisco cobrindo o mangue. .........................................................................197 Figura 147. Afluente do rio Igarassu poluído, observe desmatamento do mangue..............................198 Figura 148. Dona Maria do Peixe sendo entrevistada. .........................................................................199 Figura 149. Acúmulo de conchas de mariscos assoreando o rio São Domingos. ................................199 Figura 150. Local de beneficiamento do marisco. ...............................................................................200 Figura 151. Localização das comunidades de Cuieiras, Sítio Inhamã e Porto de Jatobá. ....................204 Figura 152. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................206 Figura 153. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...............................................209 Figura 154. Pescadores à oferta de capacitação. ..................................................................................209 Figura 155. Renda familiar total por mês. ............................................................................................210 Figura 156. Pescadores /família contemplados por benefícios sociais.................................................210 Figura 157. Pescadores filiados à Associação/ Colônia. ......................................................................211 Figura 158. Entrevistas sendo realizadas no Porto Jatobá, no local de descarga do pescado. .............212 Figura 159. Marisqueira sendo entrevistada em plena atividade. ........................................................213 Figura 160. Armazenamento do pescado com ausência de gelo e condicionamento precário. ............213 7 Figura 161. Diversidade de cultura agrícola. Destacando-se o cocho para ruminantes na última foto. ..............................................................................................................................................................214 Figura 162. Ubiratã, ex- pescador de Cuieiras. ....................................................................................216 Figura 163. Produção pesqueira do Município de Itamaracá. ..............................................................222 Figura 164. Comunidades presentes no Município de Itamaracá.........................................................223 Figura 165. Localização da Comunidade do Pilar. Pesca de mar de dentro e de fora..........................223 Figura 166. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................225 Figura 167. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...............................................228 Figura 168. Pescadores à oferta de capacitação. ..................................................................................228 Figura 169. Renda familiar total por mês. ............................................................................................229 Figura 170. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais.................................................230 Figura 171. Pescadores filiados à Associação/ Colônia. ......................................................................230 Figura 172. Assembléia da Colônia de Pescadores Z-11. ....................................................................231 Figura 173. Ato religioso - Buscada de Nossa Senhora do Pilar - participação de turistas. ................232 Figura 174. Pescadores aguardam início de reunião, onde o Projeto Diagnóstico fez contato com a Colônia Z-11, levando questões socioeconômicas e ambientais. .........................................................232 Figura 175. Saneamento básico e Educação Ambiental possibilitam turismo saudável. .....................233 Figura 176. Comunidade de Vila Velha. ..............................................................................................236 Figura 177. Vista panorâmica do alto de Vila Velha. ..........................................................................236 Figura 178. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................238 Figura 179. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...............................................240 Figura 180. Pescadores à oferta de capacitação. ..................................................................................241 Figura 181. Renda familiar total por mês. ............................................................................................241 Figura 182. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais.................................................242 Figura 183. Pescadores filiados à Associação /Colônia. ......................................................................242 Figura 184. Diversificação de artesanato em Vila Velha. ....................................................................244 Figura 185. Entrevistadora analisa o lixo acumulado no mangue. .......................................................244 Figura 186. Os ecossistemas aquáticos e a cobertura vegetal favorecem a pesca e o turismo comunitário. .........................................................................................................................................247 Figura 187. Localização da Comunidade de Chié. ...............................................................................248 Figura 188. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................250 Figura 189. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...............................................253 Figura 190. Pescadores à oferta de capacitação. ..................................................................................253 Figura 191. Renda familiar total por mês. ............................................................................................254 8 Figura 192. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais.................................................254 Figura 193. Pescadores filiados à Associação/ Colônia. ......................................................................255 Figura 194. Dona Maria Rosa, representante feminina de atividade pesqueira da comunidade de Chié, onde administra uma carcinicultura de pequeno porte. ........................................................................256 Figura 195. Localização da comunidade de Jaguaribe. Pesca no mar de dentro e mar de fora............259 Figura 196. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................260 Figura 197. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...............................................263 Figura 198. Pescadores à oferta de capacitação. ..................................................................................263 Figura 199. Renda familiar total por mês. ............................................................................................264 Figura 200. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais.................................................264 Figura 201. Pescadores filiados à Associação/Colônia. .......................................................................265 Figura 202. Educadores/entrevistadores ainda em período de pré-teste na comunidade de Jaguaribe (a). Caiçaras onde residem os pescadores e trabalham no conserto dos apetrechosde pesca (b). ..............267 9 Lista de Tabelas Tabela 1. Georeferência das comunidades do Município de Goiana. ....................................................22 Tabela 2. Georeferência das comunidades do Município de Itapissuma. ............................................105 Tabela 3. Georeferência das comunidades dos Municípios de Igarassu e Abreu e Lima. ...................164 Tabela 4. Georeferência das comunidades do Município de Itamaracá. ..............................................222 10 Sumário Apresentação Lista de Figuras Lista de Tabelas Lista de Figuras Lista de Tabelas Introdução ........................................................................................................................... 15 Metodologia ........................................................................................................................ 16 Caracterização dos Municípios....................................................................................... 18 1 – Município de Goiana................................................................................................... 19 1.1- Comunidade de Atapuz............................................................................................. 24 1.1.1– Análise Estatística........................................................................................... 25 1.1.1.1 - Perfil Socioeconômico............................................................................ 25 1.1.1.2 – Atividade Econômica............................................................................. 27 1.1.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 33 1.1.3 – Considerações Finais...................................................................................... 36 1.2- Comunidade de Tejucupapo.................................................................................... 38 1.2.1 – Análise Estatística.......................................................................................... 40 1.2.1.1 - Perfil Socioeconômico............................................................................ 40 1.2.1.2 - Atividade Econômica.............................................................................. 42 1.2.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 49 1.2.3 - Considerações Finais...................................................................................... 52 1.3- Comunidade de Pontas de Pedra e Malvinas........................................................... 54 1.3.1 – Análise estatística........................................................................................... 55 1.3.1.1 - Perfil Socioeconômico............................................................................. 55 1.3.1.2 - Atividade Econômica............................................................................... 57 1.3.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 63 1.3.3 – Considerações Finais...................................................................................... 64 11 1.4 - Comunidades de Carne de Vaca, Povoação de São Lourenço e Cana Brava......... 66 1.4.1 – Análise Estatística.......................................................................................... 66 1.4.1.1 - Perfil Socioeconômico............................................................................ 67 1.4.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 2.1.2 – Análise Socioambiental................................................................................. 2.1.3 – Considerações Finais..................................................................................... 2.2 – Comunidade do Açude de Apipucos.................................................................... 2.2.1– Análise Estatística 2.2.1.1- Perfil Socioeconômico 2.2.1.2- Atividade Econômica 2.2.2 – Análise Socioambiental 2.2.3 – Considerações Finais 68 1.4.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 74 1.4.3 – Considerações Finais...................................................................................... 77 1.5 – Comunidade Barra de Catuama............................................................................. 79 1.5.1– Análise Estatística........................................................................................... 79 1.5.1.1- Perfil Socioeconômico............................................................................. 80 1.5.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 82 1.5.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 87 1.5.3 – Considerações Finais...................................................................................... 89 1.6 – Comunidade de Baldo do Rio................................................................................ 91 1.6.1– Análise Estatística........................................................................................... 91 1.6.1.1- Perfil Socioeconômico............................................................................. 91 1.6.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 93 1.6.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 98 1.6.3 – Considerações Finais...................................................................................... 100 2 – Município de Itapissuma............................................................................................ 102 2.1 Comunidade de Espinheiro e Veloz......................................................................... 106 2.1.1– Análise Estatística........................................................................................... 107 2.1.1.1- Perfil Socioeconômico............................................................................. 107 2.1.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 109 2.1.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 115 2.1.3 – Considerações Finais...................................................................................... 118 2.2 – Comunidades do Centro de Itapissuma: Nossa Senhora da Conceição, Grêmio, Cajueiro, Beira Mangue e Várzea................................................................................... 120 12 2.2.1– Análise Estatística........................................................................................... 121 2.2.1.1- Perfil Socioeconômico.............................................................................121 2.2.1.2 -Atividade Econômica............................................................................... 123 2.2.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 128 2.2.3- Considerações Finais....................................................................................... 133 2.3 – Comunidade de Botafogo...................................................................................... 136 2.3.1– Análise Estatística........................................................................................... 137 2.3.1.1- Perfil Socioeconômico............................................................................. 137 2.3.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 139 2.3.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 143 2.3.3 – Considerações Finais...................................................................................... 144 2.4 - Comunidade de Mangabeira................................................................................... 147 2.4.1– Análise Estatística........................................................................................... 148 2.4.1.1 - Perfil Socioeconômico............................................................................ 148 2.4.1.2 - Atividade Econômica.............................................................................. 150 2.4.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 155 2.4.3 – Considerações Finais...................................................................................... 156 3 - Municípios de Igarassu e Abreu e Lima...................................................................... 159 3.1 – Comunidade de Mangue Seco............................................................................... 165 3.1.1 – Análise Estatística.......................................................................................... 165 3.1.1.1 - Perfil Socioeconômico............................................................................ 166 3.1.1.2 - Atividade Econômica.............................................................................. 168 3.1.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 173 3.1.3 – Considerações Finais...................................................................................... 174 3.2- Comunidades de Nova Cruz I e II........................................................................... 176 3.2.1– Análise Estatística........................................................................................... 177 3.2.1.1- Perfil Socioeconômico............................................................................. 177 3.2.1.2 - Atividade Econômica.............................................................................. 179 13 3.2.2 - Análise Socioambiental.................................................................................. 184 3.2.3 – Considerações Finais...................................................................................... 186 3.3- Comunidades de Beira Mar, Beira Mar I, Beira Mar II e Escorregou ta Dentro.... 188 3.3.1– Análise Estatística........................................................................................... 189 3.3.1.1- Perfil Socioeconômico............................................................................. 189 3.3.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 191 3.3.2 - Análise Socioambiental.................................................................................. 196 3.3.3– Considerações Finais....................................................................................... 201 3.4- Comunidades de Porto jatobá, Cuieiras e Sítio Inhamã.......................................... 203 3.4.1– Análise Estatística........................................................................................... 204 3.4.1.1– Perfil Socioeconômico............................................................................ 204 3.4.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 206 3.4.2 - Análise Socioambiental.................................................................................. 212 3.4.3 – Considerações Finais...................................................................................... 216 4 – Município de Itamaracá.............................................................................................. 221 4.1 - Comunidade de Pilar.............................................................................................. 223 4.1.1– Análise Estatística........................................................................................... 224 4.1.1.1- Perfil Socioeconômico............................................................................. 224 4.1.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 226 4.1.2 - Análise Socioambiental.................................................................................. .. 231 4.1.3 – Considerações Finais...................................................................................... 233 4.2 – Comunidade de Vila Velha.................................................................................... 235 4.2.1 – Análise Estatística.......................................................................................... 236 4.2.1.1 – Perfil Socioeconômico........................................................................... 237 4.2.1.2 – Atividade Econômica............................................................................. 238 4.2.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 243 4.2.3 – Considerações Finais...................................................................................... 245 4.3 – Comunidade do Chié.............................................................................................. 248 14 4.3.1 – Análise Estatística.......................................................................................... 249 4.3.1.1 – Perfil Socioeconômico........................................................................... 249 4.3.1.2 – Atividade Econômica............................................................................. 251 4.3.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 256 4.3.3 – Considerações Finais...................................................................................... 256 4.4 – Comunidade de Jaguaribe......................................................................................258 4.4.1 – Análise Estatística.......................................................................................... 259 4.4.1.1 – Perfil Socioeconômico........................................................................... 259 4.4.1.2 – Atividade Econômica............................................................................. 261 4.4.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 266 4.4.3 – Considerações Finais...................................................................................... 267 Conclusões......................................................................................................... ................ 270 Intervenções Necessárias............................................................................................ 271 Anexos................................................................................................................................. . 273 15 Introdução O litoral de Pernambuco possui 187 km de extensão e ocupa 2,3% de todo o litoral brasileiro. Abriga em suas 14 zonas estuarinas um ecossistema produtivo aos quais estão associadas inúmeras espécies de peixes, crustáceos e moluscos. Essas fábricas naturais de alimentos são responsáveis por mais de 60% do pescado estadual e se destacam por gerar alternativa de renda para milhares de pessoas, que encontram no manguezal e na plataforma continental fontes importantes de alimento. A Pesca Artesanal representa a maior parcela da produção pesqueira do Estado, caracterizada pelo trabalho familiar e comunitário, utilizando técnicas e tecnologias tradicionais, quer a pé ou com uso de embarcações, como: jangadas, canoas, baiteras e barcos motorizados de pequeno porte. As artes de pesca empregadas nesta modalidade para captura do pescado incluem: coleta manual, vara de pesca, linha e anzol, tarrafa, redes de cerco, de emalhe, de arrasto e armadilhas, com fins comerciais e/ou de subsistência. O presente volume retrata a Pesca Artesanal no Litoral Norte e objetiva conhecer o perfil socioeconômico dos pescadores e pescadoras que utilizam os ecossistemas fluvial, estuarino e marítimo como recurso alimentar e financeiro. 16 Metodologia Para que o atual estudo abrangesse todo litoral pernambucano foi preciso dividi-lo em: Ilha de Fernando de Noronha, Litoral Norte, Litoral Metropolitano e Litoral Sul, que encontram-se distribuídos nos volumes I, II, III e IV, respectivamente. A estratégia do trabalho de campo utilizou o procedimento da pesquisa fenomenológica, onde a maioria das 71 comunidades estudadas foram sugeridas pelos próprios pescadores. No Litoral Norte foi possível identificar nos municípios de Goiana, Itapissuma, Igarassu, Abreu e Lima, e Itamaracá um total de 32 comunidades, disponibilizadas na figura 1. O trabalho realizado em campo baseou-se na Pesquisa-Ação, a qual o entrevistador procurava adentrar o mundo dos entrevistados na busca de uma relação de troca. No processo da escuta e no estabelecimento de uma relação de respeito e confiança surgiram informações da realidade do pescador e da sua comunidade. As respostas das 52 perguntas constantes no questionário eram respondidas com interesse e conhecimentos empíricos, que afloravam enriquecendo a troca entre o profissional do Instituto Oceanário e o „trabalhador aquático‟. Figura 1. Comunidades Pesquisadas: Litoral Norte. 17 Os questionários, assim como as observações do contexto ambiental, foram aplicados de janeiro de 2008 a fevereiro de 2009. Procurou-se enfocar o perfil socioeconômico do entrevistado, a sua atividade econômica, a participação em organizações representativas, o envolvimento no campo do meio ambiente, entre outros. Todos os dados foram tratados por um programa estatístico e, posteriormente analisados por consultores complementando as conclusões e sugestões explicitadas neste Diagnóstico. Os dados de produção pesqueira e principais espécies capturadas por municípios são oriundos do ESTATPESCA (2006). As informações socioeconômicas sobre os municípios foram transcritas do Serviço Geológico do Brasil/CPRN (2005) além do site do IBGE. A localização das comunidades entrevistadas foram plotadas nas imagens de satélite do Programa Google Earth, assim como os registros dos municípios do litoral pernambucano. A quantidade e complexidade dos dados trabalhados possibilitarão, ainda, vários trabalhos científicos que juntamente com artigos publicados, contribuirão para a verticalização do conhecimento da Pesca Artesanal no litoral pernambucano. As informações geradas foram discutidas em seminários internos e os resultados apresentados através do evento “Oficina Técnica Diagnóstica”, realizado na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), para pescadores e pescadoras, diretores de Colônias e Associações, pesquisadores da UFRPE, pesquisadores da Fundaj, técnicos da Agência Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH), representantes da Comissão da Pastoral de Pescadores de Pernambuco (CPP) e da ONG Caranguejo-Uçá. Neste encontro foram discutidas propostas de intervenções necessárias nas comunidades estudadas. Ficou evidenciado tanto no evento quanto na pesquisa, que o maior inimigo da Pesca Artesanal, e conseqüentemente do pescador é a poluição dos rios, estuários e manguezais associados. CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO LITORAL NORTE Município: Goiana 20 1-Município de Goiana O município de Goiana possui limites ao norte com o estado da Paraíba, ao sul com Itaquitinga, Igarassu, Itapissuma e Itamaracá, ao leste com o Oceano Atlântico e ao oeste com Condado e Itambé. A área que Goiana ocupa equivale a 492,1 km 2 e representa 0,50 % do Estado de Pernambuco. A sede do município tem uma altitude aproximada de 13,0 m e coordenadas geográficas de 7º33”38‟ de latitude sul e 35º00”09‟ de longitude oeste, distando 65,7 km da capital, cujo acesso é feito pela rodovia pavimentada BR101. Goiana é formada pelo Distrito Sede, Tejucupapo e Ponta de Pedras. De acordo com o censo 2000 do IBGE a população residente total foi de 71.177 habitantes, sendo 43.531 (61,2 %) na zona urbana e 27.646 (38,8 %) na zona rural. Os habitantes do sexo masculino totalizaram 35.056 (49,3 %), enquanto que os do feminino totalizaram 36.121(50,7 %), resultando numa densidade demográfica de 144,6 hab/km 2 . A contagem da população do IBGE resultou num crescimento inexpressivo de 71.796 habitantes para o ano de 2007. O Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 446.043.000,00 e o PIB per capita de R$ 5.840,00, levam o município ao nono lugar entre as cidades costeiras, ficando atrás apenas dos municípios industrializados com predominância da atividade agrícola na formação do seu PIB. Goiana é o terceiro município com menor incidência de pobres no litoral (46,48 %), perdendo apenas para os municípios de Recife e Sirinhaém, porém, possui a sexta maior diferença de classes medida pelo índice de Gini (0,41) 1 . O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 0,69 situa o município em 24 o no ranking estadual e em 3129 o no nacional. O Índice de Exclusão Social, que é construído por 07 (sete) indicadores (pobreza, emprego formal, desigualdade, alfabetização, anos de estudo, concentração de jovens e violência) é de 0,429 ocupando a 12 a colocação no ranking estadual e a 2847 a no nacional.Os aspectos fisiográficos ressaltam que o município de Goiana está inserido na Mata Norte do estado de Pernambuco. O relevo faz parte predominantemente da unidade dos Tabuleiros 1 Índice de Gini é o coeficiente expresso em pontos percentuais utilizado para calcular a desigualdade de distribuição de renda. 21 Costeiros que acompanha o litoral de todo o nordeste, apresentando altitude média entre 50 e 100 m. Compreende platôs de origem sedimentar, que apresentam grau de entalhamento variável, ora, com vales estreitos e encostas abruptas, ora, abertos com encostas suaves e fundos com amplas várzeas. O clima é do tipo tropical chuvoso com verão seco e a precipitação média de 1.634.2 mm ao ano. Do ponto de vista geológico, Goiana encontra-se na Província Borborema, sendo constituído por rochas sedimentares pertencentes à Formação Beberibe, do Grupo Barreiras e dos Depósitos Flúvio-marinhos, Flúvio-lagunares e Aluvionares. As águas superficiais que circulam no município de Goiana encontram-se nos domínios da Bacia Hidrográfica do Rio Goiana. Seus principais tributários são os rios Goiana, Capibaribe- Mirim, Tracunhaém, Megaó, Barra do Goiana, da Guabiraba, Itapessoca, Itapirema, Corope e Arataca e os riachos: Cupissura, Milagre, da Pitanga, Farias, João marinho, Água do Bicho, da Ponta Branca, Ibeapecu e do Boi. Os principais corpos de acumulação são os açudes: Jacaré, Zombeiro, da Mata, Santa Tereza, da Prata e a Lagoa de Catuama. Todos os cursos d‟ água têm regime de escoamento perene e o padrão de drenagem é o dendrítico. Em relação a sua atividade pesqueira, encontra-se como o segundo maior produtor de pescado do Estado. Nele estão localizadas 4 Colônias de pescadores: Pontas de Pedra (Z-3), Atapuz (Z-15), Tejucupapo (Z-17) e Baldo do Rio (Z-14), além de uma Associação em Barra de Catuama. A pesquisa visualizou nove comunidades, que se autodenominam comunidades de pescadores: Baldo do Rio, Atapuz, Tejucupapo, Ponta de Pedras, Malvinas, Carne de Vaca, Povoação de São Lourenço, Cana Brava e Barra de Catuama (Figura 2). Para fins estatísticos estas comunidades foram agrupadas em seis. Essas comunidades com suas respectivas localizações geográficas encontram-se citadas na tabela 1. 22 Figura 2. Comunidades presentes no Município de Goiana. Tabela 1. Georeferência das comunidades do Município de Goiana. Comunidades Latitude Longitude Atapuz 7°40'48.72"S 34°51'39.96"O Tejucupapo 7°36'11.61"S 34°53'38.39"O Pontas de Pedra 7°37'53.44"S 34°49'4.02"O Carne de Vaca 7°34'60.00"S 34°50'0.00"O Povoação de São Lourenço 7°35'8.13"S 34°50'53.92"O Barra de Catuama 7°40'31.27"S 34°49'48.64"O Malvinas 7°38'20.51"S 34°49'15.47"O Baldo do Rio 7°33'26.87"S 34°59'35.81"O Cana Brava 7°35'50.02"S 34°50'53.18"O Segundo os dados do ESTATPESCA 2 o município produziu, em 2006, 2.864,7t de pescado, sendo quase 50% deste total é composto por mariscos (1.010,1t), seguidos de ostras (197,2t), 2 Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira no Litoral Nordestino, desenvolvido pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva (Fundação PROZEE), pela Secretaria Especial de Pesca e Aquicultura da Presidência da República (SEAP/PR) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). 23 Sururu (169,1t) e do peixe Saramunete (168,0t) (Figura 3). Como artes de pesca são utilizadas a coleta manual (marisco, sururu e ostra), o covo para peixe, a rede de espera e o mangote. Figura 3. Produção pesqueira do Município de Goiana. Por ser uma região onde a pesca tem uma alta expressividade e serve como fonte de renda para uma grande parcela da população, foi criada em outubro de 2007, a primeira Reserva Extrativista Marinha Interestadual do Brasil, a RESEX 3 Acaú-Goiana. Ela foi estabelecida através do pleito dos pescadores da Paraíba (Acaú) e de Pernambuco (Goiana) e o apoio de diversas instituições (CPP, IBAMA, ONGs e Fundaj). Após um período de incertezas sobre o órgão gestor (criação do ICMBio) a criação da RESEX voltou a ter movimentação, em maio de 2009, com a nomeação da responsável institucional pelo processo de elaboração do Plano de Manejo e, conseqüente, composição do grupo de coordenação do processo e planejamento prévio das atividades para elaboração do plano. Paralelamente a criação da RESEX, existe uma demanda para a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) 4 no Canal de Santa Cruz, complementando a área da RESEX. Esta demanda, existente há mais de 10 anos, está com processo paralisado no órgão responsável. 3 Reserva Extrativista são espaços territoriais destinados à exploração auto-sustentável e conservação dos recursos naturais renováveis, por populações tradicionais. Exige, na sua implementação, a desapropriação de áreas particulares. Existem duas modalidades de Reservas Extrativistas: da Amazônia e Marinhas. 4 Se assemelha a RESEX , no entanto, as áreas particulares incluídas em seus limites não necessitam ser desapropriadas, só quando necessário, de acordo com o que dispõe a lei”. A RDS é mais recomendada quando existe área urbana dentro dos limites desejados para a Unidade de Conservação. Produção pesqueira anual do Município de Goiana-PE 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Pro duç ão (t) Fonte: ESTATPESCA 2006 24 Mais recentemente (2008) o Governo do Estado criou a APA 5 de Santa Cruz (Decreto nº 32.488, de 17 de outubro de 2008), compreendendo os Municípios de Itamaracá e Itapissuma e parte do Município de Goiana, com o objetivo de proteger o complexo estuarino do Canal de Santa Cruz e dos rios Itapessoca e Jaguaribe, entre outros. 1.1 – Comunidade de Atapuz Atapuz é uma pequena ilha que se situa nas proximidades da Barra de Catuama no extremo norte do Canal de Santa Cruz e por trás da Ilha de Itamaracá (Figura 4). O acesso é feito pela PE-49 (estrada de Pontas de Pedra), precisando ainda, entrar na estrada de Atapuz e trafegar por 7 km de estrada de barro para chegar à comunidade. Figura 4. Localização de Atapuz. Os rios, estuários e manguezais garantem o trabalho dos pescadores. 5 Área de Proteção Ambiental. É uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem- estar das populações humanas, e tem com objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. 25 1.1.1 – Análise Estatística A estatística foi calculada com o número total de 88 pescadores (as) correspondendo ao percentual de 100%. Em algumas questões presentes no questionário do Anexo I, o entrevistado poderia marcar várias opções, o cálculo do percentual, neste caso, precisou ser realizado em cima dos 100% (88) para cada múltipla escolha, assim não excedendo o número total de questionários aplicados. 1.1.1.1 - Perfil Socioeconômico Em Atapuz as 88 entrevistas realizadas contemplaram 71 homens e 17 mulheres. Desses entrevistados, 52 (59,1%), representados por 45 homens e 7 mulheres, são chefes de família. Quanto ao estado civil, 22,7% são casados, 35,2% moram juntos, 35,2% estão solteiros, 4,5%são separados/divorciados e 2,3% são viúvos. Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se que, o número médio de moradores nas residências é de 4,12 e de famílias por residências é 1,07. As pessoas possuem em média 2,01 filhos, sendo 1,17 a média dos filhos que dependem financeiramente do entrevistado. Os resultados, referentes à questão sobre remuneração, mostram que 73,9% dos entrevistados tem, em sua residência, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma remunerada. Desses, 59,1% trabalham de forma remunerada na pesca. a) Habitação: condições físicas e sanitárias Observa-se entre os pescadores que 75 (85,2%) possuem casa própria e 13 (14,8%) casa alugada, cedida ou emprestada. Os materiais predominantes (Figura 5) utilizados na construção dessas residências foram alvenaria 82 (93,2%), madeira 1 (1,1%), taipa 4 (4,5%) e caiçara 1(1,1%). Ainda nos domicílios, de acordo com as questões sanitárias, 71 (80,7%) dos entrevistados possuem água encanada, já 63 (71,6 %) fossa, 79 (89,8%) tem banheiro, 9 (10,2%) rede de esgoto e 93,2% coleta de lixo. Os que possuem energia elétrica totalizam 93%. 26 Escolaridade 9,1% 1,1% 8,0% 30,7% 25,0% 10,2% 12,5% 1,1% Escreve o nome Fundamental I incompleto Fundamental I completo Fundamental II incompleto Fundamental II completo Médio incompleto Médio completo Outros Figura 5. Tipos de habitações: alvenaria, madeira e taipa. b) Bens materiais: transporte, utensílios domésticos e telefonia Dos bens materiais relacionados ao transporte, o mais utilizado é a bicicleta com 33%, seguida pelo carro (1,1%). Com relação aos eletrodomésticos, destacam-se: o fogão (88,6%), microondas (1,1%), a geladeira (68,2%), freezer (18,2%), a TV (80,7%), o liquidificador (65,9%), o aparelho de som (59,1%), máquina de lavar roupas (1,1%), ventilador (27,3%) e o vídeo/DVD (46,6%). Na telefonia, os aparelhos móveis (celulares) representaram 46,6% das respostas, enquanto que o telefone fixo não é utilizado nas residências nesta comunidade. c) Escolaridade Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (30,7%), bem como os chefes de família (22,7%), representa o Ensino Fundamental II incompleto. O total correspondente para os que escrevem o nome é de 12,5% para os pescadores (Figura 6). Figura 6. Nível de escolaridade dos pescadores. 27 d) Saúde O histórico de doenças mostra que, 51,1% do total de pessoas entrevistadas declararam ter algum tipo de doença. Dentre os problemas de saúde de interesse deste estudo, os mais representativos são: problemas de coluna (15,9%), catarata (3,4%), outras doenças nos olhos (12,5%), hipertensão (10,2%), artrose (6,8%), diabetes (2,3%), doenças de pele (5,7%), doenças nos rins (1,1%), reumatismo (4,5%) e apresentam outras doenças que não foram citadas acima (14,8%). Segundo os pescadores, 98,9% costumam utilizar serviços de posto de saúde ou hospital. Considerando esta afirmação, observa-se que, 31,8% utilizam os serviços médico-hospitalares encontrados na vizinhança, 67% no próprio município e 1,1% nas capitais. 1.1.1.2- Atividade Econômica Das 88 entrevistas realizadas em Atapuz, 68 homens (82,9%) e 14 mulheres (17,1%), são pescadores (as) e apenas 4 entrevistados não se identificam como, mas fazem parte da cadeia produtiva da pesca. A principal atividade exercida por eles é a pesca estuarina (55,7%), seguida da pesca de mar de dentro (31,8%). A relação trabalhista dos (as) pescadores (as) mostra que 51,1% são autônomos, 29,5% são empregados/parceiros e 11,4% são donos de barcos. a) Jornada de Trabalho na Pesca O tempo médio que trabalham na atividade pesqueira é de 22,67 anos, a média de dias trabalhados por semana é de 4,73. Os maiores índices encontrados para a média de horas trabalhadas por dia estiveram entre 4 e 8 horas ou mais de 8 horas, correspondendo a 86,4% e 9,1%, respectivamente. Apesar de existir um mito sobre o pescador como um profissional que trabalha “pouco”, constata-se aqui que tanto o período de trabalho diário e semanal se assemelha as outras profissões, desmitificando então a idéia de pescador como “preguiçoso”. 28 b) Embarcações e Aparelhos de Pesca O tipo de embarcação mais presente é a baitera (79,5%), seguida 1,1% o bote motorizado, 2,3% a canoa e 1,1% outro tipo de embarcação (Figura 7), utilizados por 84% das pessoas com atividades gerais relacionadas diretamente à pesca. Na questão referente aos aparelhos utilizados para tal atividade, representando 34,1% do total, o mangote encontra-se entre as mais citadas, acompanhadas das redes (emalhar/espera/ caçoeira/malhadeira) com 29,5%, o mangotão com 20,5% e 13,6% realizam coleta manual. Figura 7. Meios flutuantes onde se destaca o mangotão como arte de pesca. Uma vez sabendo quais as embarcações e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relação que possuíam. Verificou-se que os 70 (79,5%) pescadores que utilizam baitera, 24 (34,3%) tem a pesca com mangote como principal técnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com as redes de emalhar/espera/caçoeira/malhadeira 25 (35,7%), 18 (25,7%) com mangotão, 6 (8,6%) linha de mão, 5 (7,1%) linha/vara de pescar siri, 11 (15,7%) coleta manual, 2 (2,9%) de mergulho, 1 (1,4%) o curral e 1 (1,4%) utiliza outro tipo de apetrecho . Já os 2 (2,3%) pescadores que usam canoa, 1 (50%) utiliza o mangote e 1 (50%) a linha de mão. O único bote motorizado (1,1%) utiliza redes de emalhar/espera/caçoeira/malhadeira. c) Comercialização do Pescado Segundo os (as) pescadores (as), 13,6% da produção do pescado é para consumo para consumo próprio, o restante é vendido diretamente, para: o consumidor (21,6%), o peixeiro/atravessador (62,5%). É importante notar que o mesmo entrevistado pode comercializar parte de sua produção e consumir outro percentual, mas a venda para os atravessadores é responsável por mais de 60% de todas as respostas dos entrevistados. 29 d) Impactos na Atividade Pesqueira Para os pescadores, vários fatores tem prejudicado a atividade pesqueira. Entre eles, os que mais merecem destaque são: a aqüicultura (26,1%), a pesca predatória (17%), a poluição da água (14,8%), a diminuição dos recursos naturais (4,5%) e a pesca excessiva (3,4%). e) Alternativas de Fontes de Renda Verificando a estatística voltada para esta questão, é possível perceber que alguns pescadores, no intuito de aumentar sua renda, acabam desenvolvendo atividades extras não relacionadas à pesca. Ainda no questionário, existem os que almejam outra fonte de renda e os que já experienciaram outros trabalhos. Para os que disseram possuir rendas extras, as mais citadas foram: serviços gerais (6,8%), construção civil (5,7%), comércio (2,3%) e como caseiros/serviço doméstico (2,3%). Constatou-se que a atividade secundária é realizada por menos de 15% dos entrevistados, configurando a pesca como atividade muito importante em Atapuz. Por outro lado, dos que gostariam de ter um rendimento alternativo, os mais almejados são: serviços gerais (11,4%), comércio (9,1%), construção civil (6,8%), aposentadoria/benefício (5,7%), caseiro/serviço doméstico (3,4%), indústria (2,3%), funcionário público (2%), pesca do mar de fora (1,1%), aqüicultura (1,1%) e em outra atividade (33%). Para os pescadores que já tiveram outras
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