Buscar

dimensão investigativa -pesquisa em sso

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

SERVIÇO SOCIAL: 
DAS PRÁTICAS MERAMENTE INTERVENTIVAS 
À PESQUISA
Elisangela Moura Santos | Greice Rodrigues de Oliveira | Clarissa Augusto Barreto Monteiro
Serviço Social
ISSN 1980-1785
Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais | Aracaju | v. 13 | n.14 | p. 163-171 | jul./dez. 2011
RESUMO
O presente texto tem como objetivo precípuo discutir a relação existente entre Ser-
viço Social e Pesquisa como forma de demonstrar a evolução histórica dessa atividade 
na profi ssão, considerando as suas potencialidades e desafi os, tanto no processo de for-
mação quanto no exercício profi ssional cotidiano. A importância desse estudo está em 
possibilitar a desmistifi cação das ações do assistente social na realidade social, associada 
exclusivamente a ações de caráter meramente interventivo nas mais diversas expressões da 
questão social. Compreende-se que os últimos 20 anos foram decisivos para a vigência de 
uma nova ordem para o Serviço Social, que vem se consolidando no processo de produ-
ção do conhecimento no âmbito das Ciências Sociais; tal processo, pautado num projeto 
ético-político de caráter revolucionário, faz com que a profi ssão se expresse criticamente 
acerca dos fatos e da realidade empírica a partir de coerente e consistente fundamentação 
teórico-metodológica e da investigação. Ressalta-se que a pesquisa e a intervenção são 
consideradas hoje como unidades indissociáveis na prática do assistente social.
PALAVRAS-CHAVE
Serviço Social. Pesquisa. Produção do Conhecimento.
Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais | Aracaju | v. 13 | n.14 | p. 163-171 | jul./dez. 2011
164 | ABSTRACT
This paper has as main objective to discuss the relationship between the Social Work 
and Research in order to demonstrate the historical evolution of this activity in the profes-
sion, considering their potential and existing challenges, in both the training and profes-
sional practice in everyday life. The importance of this study isto enable the demystifi ca-
tion of the actions of social workers in social reality,exclusively associated with actions of 
a merely intervening in various expressions of the social question. We understand that the 
last twenty years were decisive for the eff ectiveness of a new order for social work which 
has been consolidating in the production of knowledge in the social sciences, based on 
ethical-political project of a revolutionary character that makes the profession to express 
and critically about thefacts of empirical reality from coherent and consistent theoretical-
methodological and research. We emphasize, therefore, that research and intervention are 
consideredtoday as inseparable units in the practice of social worker.
KEYWORDS
Social Work. Research. Knowledge Production.
1 INTRODUÇÃO
O Serviço Social é uma profi ssão de curso superior regulamentada no Brasil sob a 
Lei nº 8662/93 e atua historicamente nas mais diversas expressões da questão social. Esta 
se confi gura como o produto da contraditória relação entre capital e trabalho, aspecto 
que ocasiona tensões e confl itos no âmbito da sociedade capitalista, exigindo um pronto 
atendimento por parte do Estado. Esse atendimento se dá a partir das políticas públicas e 
o Serviço Social é partícipe ativo na busca pela consolidação e efetivação dos direitos de 
cidadania de seus usuários. 
Segundo Iamamoto (2001), o Serviço Social é um tipo de trabalho especializado, ex-
presso sob a forma de serviços, possui objeto, instrumentos e têm produtos. Logo, não 
pode ser associado a práticas pontuais, imediatistas, conservadoras e desvinculadas de uma 
refl exão crítica. Isto posto, como forma de efetivação de uma prática qualifi cada é exigida 
ao assistente social a realização de estudos e pesquisas com vistas na compreensão das 
causas constitutivas e determinantes dos fatos sociais nos quais atua, além da produção de 
conhecimento acerca dos mesmos.
Esse texto é fruto de uma pesquisa bibliográfi ca realizada em livros, revistas e perió-
dicos especializados como forma de apreender o estado da arte da temática nos mesmos 
e em tempo refl etir sobre a(s) forma(s) como vem sendo apreendida a pesquisa pela pro-
fi ssão. O interesse pelo tema surgiu a partir do debate proferido em sala de aula, através da 
disciplina Pesquisa em Serviço Social, que permitiu um “novo” olhar para a profi ssão, esta 
que se apresenta hoje com um caráter mais amplo.
Como forma de responder às nossas inquietações, esse artigo encontra-se dividido 
em subtópicos. O primeiro refl ete sobre o signifi cado histórico do Serviço Social; o segundo 
traz a discussão sobre pesquisa e a relação entre Pesquisa e Serviço Social.
A discussão apresentada nesse estudo possibilita o entendimento do Serviço Social 
e de sua relação com a Pesquisa, não só para estudantes e profi ssionais da área, mas para 
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais | Aracaju | v. 13 | n.14 | p. 163-171 | jul./dez. 2011
| 165outras áreas do conhecimento que tradicionalmente desconhecem as especifi cidades do 
Serviço Social ou pela possibilidade de aprofundamento das mesmas no tocante a nossa 
profi ssão.
2 O SIGNIFICADO SÓCIO-HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL
O Serviço Social surgiu no Brasil na década de 1930 como estratégia estatal de in-
tervenção na questão social que se avolumava dado o desenvolvimento urbano-industrial 
e com ele uma série de problemas sociais, econômicos, políticos e culturais advindos da 
nova forma de organização produtiva – o capitalismo industrial – caracterizada pela explo-
ração, dominação e opressão de uns sobre outros, assim como da burguesia, detentora dos 
meios de produção, sobre a classe trabalhadora, detentora tão somente da sua força de tra-
balho que era (e ainda é!) vendida em troca de um salário que garanta a sua sobrevivência.
Em defesa dos interesses da elite dominante e com o apoio da Igreja Católica, o Esta-
do requisita agentes institucionalizados capazes de dar respostas às demandas socialmente 
postas. Esse se apresenta como o início da formação profi ssional do assistente social sob 
a égide do desenvolvimento do capitalismo. É fato que até a década de 1930, a pobreza, a 
fome, a falta de moradia, ou mesmo as questões onde imperavam a “desadaptação” social, 
eram tratadas pela Igreja e o Estado apenas intervinha de maneira repressiva, quando inter-
pretava ações de mobilização, organização e reivindicação como atos subversivos, contrá-
rios à ordem instituída. Dessa forma, se observa que até a segunda metade da década de 
1930 não havia no Brasil o Serviço Social como profi ssão institucionalizada, mas sim ações 
pautadas em benemerência por parte de pessoas da sociedade.
Duas teses tratam acerca do surgimento do Serviço Social, refl etem Raposo e Tavares 
(2010) citando Montaño. A primeira, considerada dentro de uma perspectiva endogenista, fala 
que o surgimento do Serviço Social correspondeu à evolução das formas de ajuda e caridade, 
do altruísmo cristão, estabelecendo para os profi ssionais o caráter prático das suas ações. Já 
na segunda, compreendida numa perspectiva histórico-crítica, o Serviço Social teve as suas 
origens atreladas ao desenvolvimento do capitalismo, com suas tensões e confl itos. Essa 
última é uma perspectiva progressista, baseada na compreensão dialética da realidade e da 
profi ssão. É com base nesse último aspecto que fundamenta a análise deste artigo. 
Assim, diante do contexto apresentado, o Serviço Social surgiu atrelado aos interesses 
da elite dominante, pela via estatal, como forma de controle das massas trabalhadoras e 
essa realidade foi marcante até a década de 1970.
Considerando o processo de formação profi ssional desenvolvido ao longo da história, 
se faz necessário ressaltar que nas origens das primeiras escolas de Serviço Social no Brasil 
(em 1936, em São Paulo e em 1937, no Rio de Janeiro)predominava o pensamento euro-
peu, este de caráter humanista-cristão, baseado na fi losofi a de São Tomás de Aquino. Os 
rebatimentos na prática profi ssional revelavam o entendimento de que o indivíduo deveria 
ser adaptado ao status quo, tendo em vista que este era determinado divinamente. O assis-
tente social tinha como “missão”, portanto, proporcionar a adaptação dos seus “clientes” aos 
valores morais e cristãos. Para tal, utilizava-se da visita domiciliar, do contato direto com as 
comunidades, como principal técnica a serviço de suas ações profi ssionais.
O processo de formação profi ssional, no período compreendido de 1945 a 1960, pau-
tava-se no positivismo, logo havia o entendimento por parte dos assistentes sociais da 
Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais | Aracaju | v. 13 | n.14 | p. 163-171 | jul./dez. 2011
166 | sociedade como um todo perfeito e harmonioso, onde todos tinham igual possibilidade de 
se desenvolver, cabendo aos profi ssionais um trabalho de adequação dos indivíduos aos 
padrões socialmente determinados. O modelo americano adotado pela profi ssão utilizava 
os métodos de caso, grupo e comunidade no exercício profi ssional. Sendo assim, o indiví-
duo era o problema, devendo ser adaptado, porém com critérios técnico-científi cos bem 
defi nidos pela profi ssão. A prática profi ssional era autoritária e acrítica.
A hegemonia do pensamento positivista e americano justifi cava-se devido à presen-
ça dos Estados Unidos através de suas indústrias no país. Então, uma forma de manter-se 
legitimado e favorecendo o desenvolvimentismo pretendido pelo Brasil, era fazer com que 
a sociedade passasse a viver segundo a égide do pensamento americano, com sua cultura 
e valores.
De 1960 a 1965, mais uma vez, se observam mudanças do ponto de vista teórico e 
prático do Serviço Social acontecerem. A profi ssão passa a considerar a fenomenologia 
como pensamento importante para a formação e prática profi ssional. Se no pensamento 
europeu e americano o indivíduo era o problema, com o pensamento fenomenológico a 
situação vivenciada pelo sujeito é que deve ser considerada. Com isso, tem-se que o Servi-
ço Social, com uma base terapêutica, passa a refl etir sobre a realidade a partir da percepção, 
das ações e sentimentos dos sujeitos acerca dos fenômenos sociais. Note-se que, o Serviço 
Social deixa de priorizar o objeto, realçando a importância do sujeito, porém sem nenhu-
ma vinculação com o pensamento histórico. Aqui não se fala sobre desigualdades, classes 
sociais, ideologia, etc. A ação profi ssional se alicerça no pensar, agir, sentir, dos sujeitos de 
suas ações. 
Na segunda metade da década de 1960, há a introdução das leituras marxistas no 
Serviço Social e o início de um processo de reconceituação da profi ssão, onde o assistente 
social começa a refl etir sobre a sociedade e a sua atuação profi ssional, compreendendo o 
processo de exclusão e subalternidade vivenciado pela classe trabalhadora e a ideologia 
a que até então esteve vinculado. Nesse sentido, percebendo a sociedade como uma so-
ciedade de classes, desumana e desigual, o Serviço Social, através de amplos movimentos 
e mobilizações na categoria profi ssional, faz a opção pela classe trabalhadora e começa a 
formular um novo projeto profi ssional.
Segundo o CFESS (2009, s/p e s/d):
Alimentados por aquela conjuntura sócio-histórica, Assistentes 
Sociais começaram a tecer o entendimento do Serviço Social nos 
marcos da relação capital/trabalho e nas complexas relações entre 
Estado e Sociedade. A “virada” teve o sabor de descortinar novas 
possibilidades de análise da vida social, da profi ssão e dos indivíduos 
com os quais o Serviço Social trabalha. Dali em diante, a realidade 
em sua dinamicidade e dimensão contraditória torna-se o chão 
histórico prenhe de lições cotidianas por meio do protagonismo das 
lutas da classe trabalhadora e dos sujeitos profi ssionais que passaram 
a apreender as necessidades reais vivenciadas pela população como 
demandas postas ao Serviço Social.
O projeto ético-político do Serviço Social na contemporaneidade assumiu maturi-
dade a partir dos anos 90, tendo como referência teórica hegemônica o marxismo. Dessa 
forma, é um marco na intenção de ruptura com o conservadorismo reinante na profi ssão. 
Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais | Aracaju | v. 13 | n.14 | p. 163-171 | jul./dez. 2011
| 167Aponta Monteiro (2011) citando Guerra (2007) que, para tal, impõe-se a necessidade de um 
profi ssional crítico, que conhece suas competências, possui capacidade técnica e apresen-
ta vinculação intrínseca com a defesa intransigente e permanente dos direitos sociais e 
humanos. Sendo assim, é imprescindível que o Assistente Social se some à luta dos traba-
lhadores pela via dos movimentos sociais e entidades representativas de classe.
No tocante à pesquisa, até a década de 1970 o Serviço Social participava apenas de fa-
ses de pesquisas, normalmente associado a outras áreas do conhecimento, coletando infor-
mações dado o seu acesso aos sujeitos pesquisados. Verifi ca-se que não se atribuía relevân-
cia ao processo investigativo por parte da profi ssão. A partir desse período histórico, o Serviço 
Social começa a compreender a necessidade de investigar a realidade na qual atua, assim, 
passa a confrontar informações e a não aceitar passivamente o conhecimento instituído. 
De lá para cá, o Serviço Social evoluiu substancialmente, passando a lutar a favor da 
classe trabalhadora, contra toda forma de preconceito e de discriminação, por uma so-
ciedade mais justa e igualitária, pela democracia e pela efetivação de direitos. A atuação 
profi ssional visa à consolidação dos direitos sociais e o acesso a bens e serviços por parte 
do trabalhador. A pesquisa a partir desse momento passou a ser considerada com funda-
mental e fundante do exercício profi ssional do assistente social.
3 PESQUISA E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL: APONTAMENTOS PARA REFLEXÃO
A pesquisa é um instrumento utilizado como forma de coletar informações acerca de 
uma realidade, buscando compreendê-la de maneira sistematicamente organizada. Atra-
vés da pesquisa é possível conhecer coisas novas ou refutar conhecimentos já existentes, 
podendo confi rmá-los ou negá-los. Assim, o conhecimento científi co é sempre inacabado, 
não absoluto e aproximado da realidade. Dessa forma, a pesquisa se apresenta como o:
[...] modo científi co para obter conhecimento da realidade empírica 
(tudo que existe e pode ser conhecido pela experiência); é o processo 
formal e sistemático de desenvolvimento do método científi co. 
(FILHO & OLIVEIRA, 2009, p. 49)
É importante ressaltar que nem toda pesquisa é pesquisa científi ca. Assim, por exem-
plo, um exercício escolar feito através de um levantamento bibliográfi co, com um ou dois 
autores, não se confi gura como uma pesquisa científi ca. Também não o é uma enquete 
feita em época de eleição para saber as intenções de voto de uma população. Para ser 
científi ca é preciso: coletar informações e analisá-las com profundo rigor teórico, técnico, 
metodológico e ético, confrontando as informações obtidas. Também é indispensável a 
comunicação à comunidade científi ca por parte do pesquisador daquilo que se pretende 
investigar. Essa comunicação se faz através da elaboração do projeto de pesquisa encami-
nhado e autorizado pelos CEPs – Comitês de Ética em Pesquisa, quando envolver seres hu-
manos, ou a órgãos de fomento e fi nanciamento à pesquisa. A pesquisa científi ca também 
é caracterizada por proporcionar a produção de conhecimento universais. 
No âmbito das Ciências Humanas e Sociais, a pesquisa pode ter o caráter quantitativo, 
qualitativo ou quanti-qualitativo. A abordagem quantitativa ocorre quando o pesquisador 
busca descrever uma realidade, tal como ela se apresenta, sem intenção de entrar no mé-
rito do seu conteúdo. Por exemplo, mensurar uma realidadesem explicar as suas causas 
constitutivas e determinantes de maneira crítico-analítica. Assim, a pesquisa quantitativa:
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais | Aracaju | v. 13 | n.14 | p. 163-171 | jul./dez. 2011
168 | [...] considera que tudo pode ser quantifi cável, o que signifi ca traduzir 
em números opiniões e informações para classifi cá-los e analisá-los. 
Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, 
média, moda, mediana, desvio padrão, coefi ciente de correlação, 
análise de regressão, etc...). (FILHO & OLIVEIRA, 2009, p. 53)
A pesquisa qualitativa tem como objetivo precípuo analisar a realidade em sua totali-
dade, não se contentando com o imediatamente posto. Busca-se com ela a compreensão 
dos aspectos que constituem determinado fenômeno. Tanto o pesquisador quanto o pes-
quisado são participantes ativos do processo investigativo. Por fi m, a terceira abordagem 
refl ete a possibilidade do uso dos números presentes na realidade e da análise do tema 
abordado em suas múltiplas dimensões, como a social, econômica, política, cultural, reli-
giosa, ideológica, etc.
Diante do contexto apresentado, será discutida a pesquisa no Serviço Social, seu al-
cance e fragilidades observados historicamente. 
A pesquisa surge no Serviço Social a partir da década de 1970 num contexto histórico 
marcado pela eclosão dos movimentos sociais, pela introdução do pensamento marxista 
no processo de formação profi ssional e diante do processo de reconceituação da profi ssão, 
que segundo Silva (2007, p. 71) correspondeu a: 
Um notável movimento de renovação do Serviço Social [...] como 
manifestação de denúncia e contestação do “Serviço Social 
Tradicional”. Confi gura-se então o que se passa a denominar de 
Movimento de Reconceituação do Serviço Social, determinado por 
uma conjuntura de crise e dependência político-econômica em 
relação ao imperialismo norte-americano [...] Como explicita Faleiros, 
esse movimento refl ete as contradições e confrontos das lutas sociais 
onde embatem tendências de conciliação e de reforma com outras de 
transformação da ordem vigente no bojo do processo revolucionário 
e ainda com outras que visam apenas modernizar e minimizar a 
dominação.
A pesquisa, nesse momento histórico, insere-se no Serviço Social em nível de pós-
-graduação (em mestrados e doutorados), tornando-se obrigatória na formação profi ssio-
nal dos Assistentes Sociais somente em 1982, com a aprovação do currículo mínimo do 
curso de Serviço Social, o que garante sua inserção no âmbito da graduação, permitindo 
ampliar a produção do conhecimento. 
Segundo Kameyama (1998) citada por Monteiro (2011, p.115),
 
“há um forte interesse por parte dos pesquisadores em explorar temas 
relacionados aos direitos sociais e cidadania, resgatando os discursos 
presentes na mesma, além dos relacionados à prática e formação 
profi ssional”.
A pesquisa vai se inserindo no Serviço Social não apenas como uma matéria básica, 
mas como um princípio que deve está presente no exercício profi ssional nos mais diversos 
espaços sócio-ocupacionais. Com ela, entende-se a superação do pragmatismo por vezes 
recorrente na profi ssão, porém não sem desafi os.
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais | Aracaju | v. 13 | n.14 | p. 163-171 | jul./dez. 2011
| 169A atitude investigativa no Serviço Social possui desafi os e para superá-los implica em:
• romper com o entendimento da profi ssão como sendo esta de caráter meramente 
interventivo. Embora se saiba que fundamentalmente o assistente social atua nas 
mais diversas expressões da questão social, favorecendo o acesso dos usuários a 
bens e serviços, é mister compreender também para manter o status acadêmico 
a pesquisa deverá ser incorporada;
• tornar indissociável a relação teoria e prática;
• qualifi car o corpo docente e discente para a pesquisa;
• ter profundo conhecimento teórico-metodológico, sem as marcas do ecletismo 
e, portanto, com o estabelecimento da discussão plural;
• fazer a articulação investigação e intervenção, portanto atendendo as deman-
das institucionalmente postas nos campos da prática, não perdendo de vista a 
pesquisa da realidade concreta na qual está inserido o profi ssional. Dessa forma, 
acreditamos na coerência e na consistência da profi ssão conforme apregoada no 
Projeto Ético-Político Profi ssional, no Código de Ética do Assistente Social e na Lei 
de Regulamentação da Profi ssão e nas Diretrizes Curriculares do Serviço Social.
Assim, como refl ete Netto (2009, p. 693-694):
Está claro que a pesquisa é indispensável ao Serviço Social se a 
profi ssão quiser se manter com o estatuto efetivamente universitário. 
É impossível imaginar o desenvolvimento profi ssional sem que, na 
categoria profi ssional, exista um segmento dedicado expressamente 
à pesquisa – e tudo indica que tal segmento encontra seu espaço 
específi co na universidade. Com isto, queremos dizer claramente que 
nem todo/a assistente social tem que dedicar-se sistematicamente 
à pesquisa. A própria alocação socioprofi ssional dos assistentes 
sociais [...] impede o exercício sistemático da pesquisa por todos 
os profi ssionais. Mas é preciso dizer, também claramente, que 
todo/a assistente social, no seu campo de trabalho e intervenção, 
deve desenvolver uma atitude investigativa: o fato de não ser um/a 
pesquisador/a em tempo integral não o/a exime quer de acompanhar 
os avanços dos conhecimentos pertinentes ao seu campo de 
trabalho, quer de procurar conhecer concretamente a realidade da 
sua área particular de trabalho. Este é o principal modo de qualifi car 
o seu exercício profi ssional, qualifi cação que, como se sabe, é uma 
prescrição do nosso próprio Código de Ética.
A partir da incorporação da pesquisa no Serviço Social já é possível apreender o ama-
durecimento teórico-metodológico e ético político na profi ssão, a sua maior visibilidade no 
conjunto das Ciências Sociais, produção do conhecimento, não somente sobre a formação 
e prática profi ssional, mas também sobre temas com os quais nos deparamos no cotidiano 
de nossas ações. É importante ressaltar que através da pesquisa sólida e rigorosa, o assis-
tente social compreende o seu papel profi ssional no contexto das relações sociais, numa 
perspectiva de totalidade social.
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais | Aracaju | v. 13 | n.14 | p. 163-171 | jul./dez. 2011
170 | 4 CONCLUSÕES 
Concluímos que a pesquisa nem sempre foi relevante para o Serviço Social, assim 
como a participação dos assistentes sociais se dava apenas nas etapas de pesquisas desen-
volvidas por outras áreas do conhecimento e que é apenas a partir da década de 1970 que 
a mesma passa a se incorporada pela profi ssão. 
Essa preocupação com a pesquisa pelo Serviço Social se revela como uma análise 
da complexidade da profi ssão, inserida e construída dentro de um contexto histórico de 
desenvolvimento do capitalismo. Desse modo, busca-se ir para além da aparência dos fa-
tos, descobrindo caminhos que permitam apreender à essência da realidade justifi cando “a 
razão do existir da teoria e da ciência” (SETUBAL, 2007).
A partir da década de 1980 com base na instituição do currículo mínimo do Serviço 
Social a pesquisa passa a ser exigência para a profi ssão e a categoria profi ssional começa a 
concebê-la como indissociávelda prática profi ssional e que embora as demandas sociais 
e institucionais imponham a priorização das ações para resolução de problemas oriundos 
da questão social, cabe ao assistente social refl etir sobre a realidade na qual está inserido. 
Assim, quanto mais se conhece a realidade melhor é possível nela intervir.
Todavia, uma parcela dos profi ssionais alega que a falta de tempo impossibilita a reali-
zação da pesquisa devido à quantidade de demandas institucionais a serem atendidas. Esse 
aspecto revela duas hipóteses: a primeira refere-se a falta de organização durante o exercí-
cio profi ssional; e a segunda remete à prioridade dada pelos assistentes sociais à execução 
de suas ações. Tais posturas vão de encontro às exigências atuais do perfi l dos assistentes 
sociais em que “a complexidade da realidade exige profi ssionais que não apenas respon-
dam as suas demandas, mas que as compreendam nos seus signifi cados sociais e que pela 
sua intervenção lhes atribua novos e mais críticos signifi cados”. (GUERRA, 2005, p. 02)
Assim, conforme Fraga (2010) a atitude investigativa é o que favorece ao assistente 
social o rompimento com o pragmatismo, proporciona a inquietação e refl exão constantes, 
determinando assim uma prática profi ssional coerente e consistente, valendo-se o profi s-
sional da intencionalidade e do planejamento, provocando ações com alcance social.
SOBRE O TRABALHO
Esse artigo foi produzido a partir da disciplina Pesquisa em Serviço Social do período 
2010/1. Contato eletrônico dos autores do trabalho: elis_ms@hotmail.com, greicerodrigues28@
hotmail.com. Elisangela Moura Santos e Greice Rodrigues de Oliveira são graduadas em Serviço 
Social pela Universidade Tiradentes. Clarissa Augusto Barreto Monteiro é assistente social, gra-
duada e mestre em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba, professora do curso de 
Serviço Social da Universidade Tiradentes das disciplinas Introdução ao Serviço Social, Pesquisa 
em Serviço Social e Tópicos Especiais em Questão Social, além de orientadora de Iniciação 
Científi ca, vinculada ao PROVIC. Email: clarissaaugusto@yahoo.com.br
REFERÊNCIAS 
BOURGUINGNON, Jussara Ayres. A particularidade histórica da pesquisa no Serviço So-
cial. In: Revista Katálisis/Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis: Editora da 
UFSC, 2007.
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cliente
Highlight
Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais | Aracaju | v. 13 | n.14 | p. 163-171 | jul./dez. 2011
| 171CARDOSO, Franci Gomes. A pesquisa na formação profi ssional do assistente social: al-
gumas exigências e desafi os. In: Cadernos ABESS, n. 08. São Paulo, 1998.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Código de Ética Profi ssional do Assistente 
Social, 2010.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Projeto Ético-Político do Serviço Social: 30 
anos na luta em defesa da humanidade. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arqui-
vos/pdf> Acesso em: Agosto/2011.
FILHO, José Rômulo de Magalhães & OLIVEIRA, Nenrod Douglas de. Ofi cina de Pesquisa 
Científi ca: do projeto à monografi a sem estresse. Aracaju: Edição dos Autores, 2009.
FRAGA, Cristina Kologeski. A atitude investigativa no trabalho do assistente social. In: 
Revista Serviço Social e Sociedade, 101, 2010.
GUERRA, Yolanda. No que se sustenta a falácia de que “na prática a teoria é outra?” In: 2º 
Seminário Nacional Estado e Políticas Sociais no Brasil, 13 a 15 de outubro de 2005. UNIO-
ESTE – Campus de Cascavel. Disponível em: <http://cac-php.unioeste.br/projetos/gpps/mi-
dia/seminario2/trabalhos/servico_social/mss20.pdf> Acesso em: Outubro/2011.
____________. A dimensão investigativa no exercício profi ssional. In: SERVIÇO SOCIAL: 
direitos sociais e competências profi ssionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.
IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação 
profi ssional. 5. ed. São Paulo, Cortez, 2001. 
MONTEIRO, Clarissa Augusto Barreto Monteiro. Fundamentos Históricos, Teórico-Meto-
dológicos do Serviço Social. Aracaju: UNIT, 2011.
NETTO, José Paulo. Introdução ao método na teoria social. In: SERVIÇO SOCIAL: direitos 
sociais e competências profi ssionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.
PINTO, João Bosco. Buscando uma metodologia de pesquisa para o Serviço Social: re-
fl exões de um professor à margem dos paradigmas. In: Cadernos ABESS. São Paulo: Cor-
tez, n. 6, 1998.
RAPOSO, Clarissa Tenório Maranhão e TAVARES, Maria Augusta. Diálogos abertos sobre a 
“questão social”. Anais do XII Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social. Rio 
de Janeiro, 2010.
SETUBAL, Aglair Alencar. Desafi os à pesquisa no Serviço Social: da formação acadêmica à 
prática profi ssional. In: Revista Katálysis, Florianópolis, v. 10, n. esp. P. 64-72, 2007.
SILVA, Maria Ozanira Silva. O Serviço Social e o popular: resgate teórico-metodológico do 
projeto profi ssional de ruptura. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2007.

Outros materiais