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Resumão de Direitos Humanos

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AV1 DE DIREITOS HUMANOS
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A ORDEM JURÍDICA (AULA 1)
Conceito: É o conjunto de direitos e princípios que permitem ao ser humano se reconhecer como um ser humano. A dignidade da pessoa humana tem sido considerada por muitas áreas do saber humano, tais como a Filosofia, a Ética, a Política e o Direito, como o ponto central de construção de todo o ordenamento jurídico e do próprio Estado. Ela é vista até mesmo com um valor supra jurídico, isto é, para além do direito e da Constituição, já que seria a dignidade um valor ínsito do ser humano.
Construção Histórica: A ideia de dignidade humana não é uma invenção do século XX. 
Iluminismo: no Ocidente, a dignidade da pessoa humana passa a derivar da razão, daí decorrendo a criação de vários documentos emblemáticos para o marco do respeito à dignidade humana (DDHC 1789 – Revolução Francesa).
A compreensão da dignidade que hoje temos não equivale ao que se pensava em épocas passadas já que os contextos históricos e culturais são distintos.
Embora a dignidade decorra da existência da própria pessoa, ela hoje está associada à ideia de condição humana que se desenha pela e na História, afastando de certa forma sua derivação do Direito Natural.
A problemática conceitual e sua relação com os DH: A dignidade humana é uma daquelas expressões chamadas de polissêmicas (possuem muitos significados). Para nosso curso, vamos adotar o conceito dado por Ingo Wolfgang Sarlet: “[...] temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos." (SARLET, 2010:62).
Aspectos jurídico e constitucional: No caso do Brasil, em especial, a dignidade da pessoa humana é uma norma jurídico-positiva de status constitucional e, como tal, dotada de eficácia, sendo então capaz de garantir os direitos fundamentais do cidadão. No art. 1º. Inciso III da Constituição, o princípio da dignidade humana é declarado com o um fundamento da República e do Estado Democrático de Direito do Brasil.
A proteção da dignidade da pessoa humana como vetor para uma interpretação adequada:
Dimensão Principiológica: Sendo considerado como um princípio fundamental, a dignidade se coloca como elemento de justificação da própria existência do Estado, que tem na realização da dignidade humana sua razão de ser. Todo esforço interpretativo deve ser no sentido de dar maior eficácia à dignidade da pessoa humana. Portanto, estamos falando em assegurar seu real cumprimento, mediante a concretização das regras e princípios constitucionais que a eles se vinculam.
Limites ou Restrições: O problema dos limites ou restrições à dignidade humana diz respeito a admitirmos ou não que ela poderá ser objeto de restrição. Numa dimensão objetiva, a dignidade da pessoa humana deve ser considerada como absoluta e desta forma irrenunciável, inalienável e intangível. Numa dimensão subjetiva, hoje a posição da melhor doutrina é no sentido de que não há como se sustentar essa impossibilidade de limitação, num cenário de pluralidades de pessoas de igual dignidade. Com efeito, estamos aqui tratando de um contexto que considera estarem as pessoas sempre se relacionando entre si, daí, surge a possibilidade de relativização da dignidade diante do caso concreto a ser examinado. Exemplo: O caso do arremesso de anão.
OS DIREITOS HUMANOS – QUESTÕES GERAIS (AULA 2)
A dificuldade terminológica e as diferenças entre Direitos Humanos x Direitos Humanitários x Direitos Fundamentais x Garantias.
Conceito de Direitos Humanos: Confira o que Vicente Barreto diz a respeito: “O emprego da expressão ‘Direitos Humanos’ reflete essa abrangência e a consequente imprecisão conceitual com que tem sido utilizada. A expressão pode referir-se a situações sociais, políticas e culturais que se diferenciam entre si, significando muitas vezes manifestações emotivas em face da violência e da injustiça; na verdade, a multiplicidade dos usos da expressão demonstra, antes de tudo, a falta de fundamentos comuns que possam contribuir para universalizar o seu significado e, em consequência, a sua prática”. (BARRETO, 2002:500). É a expressão que tem uso predominante na ordem jurídica internacional, especialmente nos tratados internacionais.
A ONU define os direitos humanos como “garantias jurídicas universais que protegem indivíduos e grupos contra ações ou omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana”.
Conceito de Direitos Humanitários: Dizem respeito aos direitos humanos considerados em contextos de guerra. Fazem parte do chamado Direito Internacional Humanitário.
Conceito de Direitos Fundamentais: Quando os direitos humanos se encontram inseridos na ordem jurídica interna são chamados de direitos fundamentais. No Brasil, se encontram previstos no texto da Constituição Federal, especialmente no art. 5º/CF.
Garantias: A ideia de garantia remete a noção de instrumentos, de proteção. Por exemplo, em nossa Constituição de 1988, no art 5º. VI, temos: “VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. “Ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos” é o DIREITO; “garantindo-se na forma da lei a proteção aos locais de culto e suas garantias” é a GARANTIA.
Construção Histórica: (as gerações ou dimensões dos DH). Os direitos humanos como hoje são compreendidos são resultado de um processo histórico que ao longo do tempo vai se sedimentando em avanços e retrocessos nesse tema. Os direitos humanos (ou fundamentais) são organizados a partir de gerações. Esses direitos são associados ao um núcleo de valores comuns, em geral referenciados ao lema da Revolução Francesa: LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE (solidariedade). 
Gerações de Direitos: 
1ª Geração – direitos individuais (liberdades públicas) e direitos políticos; (ligado à liberdade; propõe um dever de não fazer ao leviatã/Estado; os titulares são os indivíduos)
2ª geração – direitos sociais, econômicos e culturais; (Igualdade; os titulares são grupos de pessoas)
3ª geração – direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos; (não há como indicar o seu titular como nas outras duas, é uma grande coletividade onde não há como definir com clareza todos seus indivíduos)
4ª Geração – Alguns autores, capitaneados por Paulo Bonavides (1998), sustentam já termos também os direitos da 4ª geração que seriam, por exemplo, direito à informação, à democracia, ao pluralismo. 
Dimensões de Direitos: (noção de camadas – “cebolas”) Apesar de seu valor pedagógico, a teoria da geração tem sido criticada vez que implica uma sucessão no tempo, como um movimento evolutivo, que não tem comprovação histórica, além de sugerir que uma geração possa vir a substituir outra – o que igualmente não é verdade. Assim, ao invés de gerações, tem sido proposta a sistematização pela noção de dimensões. As dimensões de direitos permitem uma compreensão de interdependência estrutural dos direitos humanos, implicando numa teia de relações e complementariedade. “O ideal é considerar que todos os direitos fundamentais podem ser analisados e compreendidos em múltiplas dimensões, ou seja, na dimensão individual-liberal (primeira dimensão), na dimensão social (segunda dimensão), na dimensão de solidariedade (terceira dimensão) e na dimensão democrática (quarta dimensão) ”.
Características dos DH:
Imprescritibilidade: o decurso do tempo ou a inércia do seu titular não levam a perda
do direito em si.
Inalienabilidade: não se pode alienar a condição humana, logo os direitos que dela decorrem também não o podem.
Irrenunciabilidade: são irrenunciáveis pois não se pode abrir mão de sua própria natureza;
Inviolabilidade: não podem ser violados pela ordem jurídica, especialmente no plano interno, por leis infraconstitucionais, nem por atos administrativos de agente do Poder Público, sob pena de responsabilidade civil, penal e administrativa;
Universalidade: alcançam a todos os seres humanos sem distinções;
Interdependência: um direito depende de outro para sua realização, logo estão inter-relacionados, interligados;
Complementaridade: devem ser observados não isoladamente, mas de forma conjunta e interativa com os demais direitos e o próprio ordenamento jurídico;
Historicidade: são construções históricas
Essencialidade: os direitos humanos são inerentes ao ser humano, tendo por base sua dignidade (aspecto material), assumindo posição normativa de destaque (aspecto formal)
Limitações e Colisões de DH: As limitações e colisões dos direitos humanos tem por pressuposto o fato dos direitos não serem absolutos, o que já verifica pela existência de um em número de seus titulares. É possível que o exercício de um direito possa gerar algum ônus para o direito de outro. Essas limitações podem ser impostas pela própria ordem normativa, sendo aí importante levar em conta o princípio da proporcionalidade como parâmetro para avaliar se a restrição é justificável. Por outro lado, há limitações que são impostas pelas a existência de outros direitos – que aqui chamaremos de conflito ou colisão de direitos. Por exemplo, o direito de acesso à informação em oposição à privacidade ou intimidade. Na colisão de direitos, há que se levar em conta a questão da ponderação de valores no sentido de determinar no caso em concreto qual será o direito que deverá prevalecer em detrimento do outro. Não é possível que o direito que cede seja esvaziado totalmente de modo que dele reste um simulacro (a doutrina aqui fala em respeito ao núcleo essencial do direito), já que os direitos humanos não guardam hierarquia entre si e todos eles operam em uma lógica de concorrência, isto é, aplicam-se concomitantemente no caso em concreto, podendo ser exercidos de forma cumulada.
A PROTEÇÃOO DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL (AULA 3)
O Sistema Brasileiro de Direitos Humanos/Fundamentais: O estudo do sistema brasileiro de direitos humanos fundamentais nos remete ao plano da Constituição Federal de 1988.
Constituição de 1988: A Constituição de 1988 representa a visão de mundo que adotamos como rota e destino para o nosso país e povo. Como diz o preâmbulo da Constituição: “somos um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias”. As ações do Estado brasileiro, quer no plano administrativo, legislativo ou jurisdicional, devem ser direcionados para: a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; a garantia do desenvolvimento nacional; a erradicação da pobreza e da marginalização e redução das desigualdades sociais e regionais; a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (são os objetivos fundamentais determinados na Constituição, em seu art. 3º). 
A Ideia de Sistema Jurídico: Toda interpretação da CF deve ser feita de forma parecida e em conformidade com que ela presa. A Constituição também é um sistema jurídico e como tal dotada de organicidade e coerência. Sendo um sistema, há um desdobramento imediato no plano da interpretação constitucional, que deverá assumir como referencial obrigatório, para a compreensão da norma, toda a dimensão dos princípios da Constituição que apontam para a maior realização possível da dignidade humana traduzidas nos direitos fundamentais.
A Concepção de Direitos Humanos Abrigados pela Constituição: Está assentada no valor da dignidade humana. Há uma valorização dos direitos e garantias fundamentais que funcionam como o eixo axiológico (isto é valorativo) de todo o sistema jurídico brasileiro, que deve, por sua vez, incorporar as exigências de justiça e de valores éticos. Adota-se também a aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais = efetividade dos direitos fundamentais (aptidão de produzir efeitos, mudando a realidade fática). 
O Rol de Direitos Fundamentais Constitucionalmente Consagrados:
Direitos Individuais: também conhecidos como liberdades públicas, direitos negativos, liberais ou de 1a geração (art. 5o/CF) - são direitos que apresentam como principais características terem os indivíduos como titulares e controlar os abusos de poder estatais;
Direitos Sociais: são direitos sociais ou de 2a geração, se caracterizam por terem como titulares grupos específicos de pessoas, como por exemplo: crianças, mulheres, trabalhadores etc. Pretendem amenizar as desigualdades sociais. (art. 6º/CF)
Direitos Coletivos e Difusos: (ou de 3a geração) Os primeiros caracterizam-se por serem direitos de um grupamento humano com interesses homogêneos, por exemplo o pleito dos sindicatos. Já os difusos são direitos que pertencem a todos, ou seja, não somos capazes de identificar quem são os seus titulares, como por exemplo o meio ambiente;
Direitos da Nacionalidade: a nacionalidade caracteriza-se como vínculo jurídico-político de uma pessoa com o Estado que nos permite dizer que esta pessoa faz parte do povo deste Estado. Ela pode ser de dois tipos: originária ou derivada;
Direitos Políticos: são basicamente exercidos pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto. O sufrágio determina o direito de eleger (capacidade eleitoral ativa) e ser eleito (capacidade eleitoral passiva). O voto é um direito público subjetivo que tem como características ser personalíssimo, sigiloso, obrigatório, livre, periódico e igual. (Art. 14 ao 17/CF)
A Cláusula de Abertura dos Direitos Fundamentais: Para além do princípio da aplicabilidade imediata, a Constituição adotou uma clausula de abertura no que toca ao reconhecimento dos direitos fundamentais. Está prevista no art. 5º, §2º/CF estabelecendo que os direitos e garantias expressos na CF não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados ou dos tratados internacionais em que o Brasil seja parte.
A Hierarquia dos Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos no Ordenamento Jurídico Brasileiro: Hoje temos o reconhecimento máximo, sob o plano normativo-formal, da prevalência dos DH como fonte de referência para o Direito brasileiro, bem como, para os Poderes do Estado e de seus agentes e para toda a sociedade civil. (Tema de outra aula).
O Sistema de Garantias Constitucionais dos Direitos Fundamentais: A CF/88 prestigia uma estrutura protetiva, ao menos no plano normativo (já que nem sempre a previsão em texto de lei corresponde a uma real e efetiva proteção) bastante extensiva. Ela contempla um sistema de proteção que leva em conta: o tipo de violação perpetrada contra o direito fundamental; a estrutura procedimental oferecida; a quem compete acionar esse sistema de proteção.
O Poder Judiciário é que tem a missão primordial (ultimo interprete da CF) de zelar pela cidadania, em situações de conflito entre as pessoas, com a entrega da prestação jurisdicional, assegurando que os direitos fundamentais sejam respeitados. Esse sistema pode ser genérico ou específico, com os chamados remédios constitucionais. 
Sistema Genérico: o modelo de controle de constitucionalidade e o acesso à Justiça.
Sistema Específico: São os remédios constitucionais (item 8).
Figuras Jurídicas Constitucionais Garantidoras dos Direitos Fundamentais: Os remédios são instrumentos processuais que visam assegurar o exercício dos direitos fundamentais quando
violados. São eles: 
Habeas Corpus: É uma ação gratuita que visa proteger a liberdade de locomoção, e dispensa a necessidade de advogado. Ela pode ser proposta a seu favor ou de terceiros, preventiva (quando se há ameaça à liberdade) ou repressivamente – art. 5o, inciso LXVIII da CF;
Mandado de Segurança: ação que pode ser individual ou coletiva que visa proteger direito líquido e certo (aquele que pode ser provado de plano), só pode ser provado por provas documentais irrefutáveis e apto a ser exercido no momento da impetração, que não seja protegido por habeas corpus ou habeas data quando se sofre uma ilegalidade de poder por uma autoridade pública. (Art. 5o, LXIX e LXX da CF e Lei 12.016/09);
Habeas Data: Segundo José Afonso da Silva “tem por objeto proteger a esfera intima dos indivíduos contra: a) usos abusivos de registro de dados pessoais coletados por meios fraudulentos, desleais ou ilícitos; b) introdução nesse registro de dados sensíveis; c) conservação de dados falsos ou com fins diversos autorizados em lei”. É uma ação gratuita. (Art. 5o, LXXII da CF, Lei 9507/97 e súmula 2 do STJ);
Mandado de Injunção: objetiva garantir a toda pessoa a eficácia plena de direitos fundamentais assegurados pela CF de forma que busque obrigar o Poder Público a estabelecer norma regulamentadora – art. 5o, inciso LXXI da CF e Lei n. 13.300/16;
Ação Popular: ação gratuita própria de cidadão em sentido estrito que visa proteger atos lesivos ao patrimônio público ou de entidades que o Estado participe, a moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico – art. 5o, LXXIII da CF e lei 4717/65 e súmula 35 do STF;
Ação Civil Pública: remédio cabível para defesa do patrimônio público e social (meio ambiente e patrimônio histórico), do meio ambiente e de interesses difusos e coletivos e tem a sua única previsão constitucional no art. 129, inciso III. (Lei 7347/85).
Incidente de Deslocamento de Competência: Desde a sua origem, em 2004, o incidente não tem sido muito frequente o que nos leva a indagar o por que seu baixo grau de adesão, já que as violações aos DH infelizmente na atualidade não são raras. 
"Art. 109, § 5º, CF - Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal."
A COMUNIDADE INTERNACIONAL E OS DH (AULA 4)
Direito Internacional Público: A proteção de DH tem contornos distintos e se traduz em redes de política externa e compromissos jurídico-políticos assumidos frente a comunidade internacional e seus organismos. Sobre a internacionalização dos direitos humanos, segundo Jorge Miranda, em oito momentos distintos temos consequências e tendências:
Universalização: o direito internacional é um Direito universal e não é mais um Direito euro-americano a partir desintegração dos impérios marítimos europeus e do império continental soviético; 
Regionalização: solidariedade e cooperação entre Estados dentro de determinado espaço regional. Como exemplo cita-se a criação da União Europeia;
Institucionalização: o Direito Internacional deixa de ser um direito das relações entre Estados para se tornar mais presente nos organismos internacionais, como a ONU;
Funcionalização: o Direito Internacional extravasa a esfera das relações externas e penetra nas matérias pertencentes tanto ao direito interno como ao próprio contexto das relações internacionais;
Humanização: aspecto humanizador do Direito Internacional que se apresenta com o surgimento do Direito Internacional dos Direitos Humanos, desde a Carta das Nações Unidas em 1945, o desenvolvimento da Declaração Universal dos Direitos do Homem em 1948 e os vários tratados internacionais surgidos depois do pós-guerra que se voltaram para a proteção dos direitos humanos;
Objetivação: criação de regras e normas internacionais, presentes no moderno Direito Internacional, que são independentes e livres da vontade dos Estados
Codificação: a Carta das Nações Unidas prescreveu em seu art. 13 o incentivo ao desenvolvimento do Direito Internacional e sua codificação o que é realizado pelas comissões de Direito Internacional e de Direitos Humanos da própria ONU;
Jurisdicionalização: com o desenvolvimento das regras de proteção internacional dos direitos humanos aumenta-se a necessidade de criação de tribunais internacionais (Tribunal Penal Internacional).
Organização das Nações Unidas (ONU): Hoje a grande rede de proteção de DH e que é um valor simbólico no cenário internacional é a ONU. (O tratado é hard law, uma lei dura, tem força de lei em sentido estrito)
Características: é uma instituição supranacional (acima dos Estados), que tem por objetivo principal garantir a paz no mundo através, mediante o relacionamento amistoso entre os países. O horror causado pelas duas grandes guerras foi o principal motivo da fundação da ONU em 24 de outubro de 1945, com assinatura da Carta das Nações Unidas. A ONU não dispõe de poder de coerção (salvo para os casos relacionados às ameaças contra a paz e à segurança internacionais e que estão previstos no capítulo VII da Carta). Suas decisões têm importância pelo significado ético-humanitário.
Objetivos da ONU: salvar as gerações futuras do flagelo da guerra; reafirmar a fé nos direitos humanos fundamentais; criar as condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações emanadas de tratados e o estabelecer, como uma de suas prioridades, a criação de um sistema internacional que protegesse os Direitos Humanos de forma ampla. 
Carta das Nações Unidas: de 1948, também chamada de Carta de São Francisco, é o documento que criou a ONU e procurou estabelecer, como uma de suas prioridades, a criação de um sistema internacional que protegesse os Direitos Humanos de forma ampla. Estimula os direitos às liberdades fundamentais sem distinção por motivos de sexo, raça, religião ou idioma. No entanto tal propósito se tornou, e ainda se torna, dificultoso pela necessidade de não ingerência dessas determinações dentro dos assuntos internos dos Estados signatários da Carta. Os Art. 51 da Carta falam sobre os momentos em que a ONU entende a guerra como inevitável e até necessárias (guerra justa).
Tribunal Penal Internacional – TPI: Também conhecido como Corte de Haia, é uma organização independente, não pertencendo a ONU e que foi criada pelo Estatuto de Roma em 1998. E tem por finalidade processar e julgar, subsidiariamente ao Poder Judicial dos Estados (isto é, se não houver julgamento interno pelo Estado) acusados de crimes de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crimes de agressão. 
Considerações: 
Com sede na Haia (Países Baixos), o TPI iniciou suas atividades em julho de 2002.
O TPI julga apenas indivíduos – diferentemente da Corte Internacional de Justiça, que examina litígios entre Estados.
A existência do Tribunal contribui para prevenir a ocorrência de violações dos direitos humanos, do direito internacional humanitário e de ameaças contra a paz e a segurança internacionais.
Para alguns autores o TPI marca uma nova era na História do Direito internacional e das Relações Internacionais.
Crimes:
Genocídio: Nos termos do art. 6º do Estatuto de Roma, entende-se por "genocídio", qualquer um dos atos que é praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso
Crimes Contra a Humanidade: Estão previstos no art. 7º. E são entendidos quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque. 
Crimes De Guerra: São definidos pelo Estatuto tendo como base as violações graves do direito internacional humanitário contidas principalmente nas Convenções de Genebra e seus Protocolos adicionais de 1977. Pressupõe-se que sejam
cometidos dentro de um contexto de guerra e que o crime tenha relação com esta. 
O que diferencia os crimes de guerra dos crimes contra a humanidade é a necessidade de existência de um conflito, tenha ele caráter internacional ou não.
Crimes de Agressão: tendo em vista a controvérsia que existe a seu respeito, o Estatuto de Roma deixou a questão por ainda ser definida. Ainda não estão regulamentados.
No Brasil: “O Brasil apoiou a criação do TPI, por entender que uma corte penal eficiente, imparcial e independente representaria um grande avanço na luta contra a impunidade pelos mais graves crimes internacionais. O Governo brasileiro participou ativamente dos trabalhos preparatórios e da Conferência de Roma de 1998, na qual foi adotado o Estatuto do TPI” (Itamaraty).
O Brasil depositou seu instrumento de ratificação ao Estatuto de Roma em 20 de julho de 2002, sendo incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro por meio do Decreto nº 4.377, de 25 de setembro de 2002.
Intervenções Humanitárias: Há uma responsabilidade de proteger que autorizaria as intervenções em nome dos direitos humanos? A Carta da ONU estabelece o princípio da não-intervenção como norteador da conduta dos Estados no âmbito internacional. A Carta em seu artigo 42 do capítulo VII preconiza o uso da força (aérea, naval ou terrestre) para manter ou reestabelecer a paz e a segurança. Assim as intervenções humanitárias seriam possíveis em casos de legítima defesa individual ou coletiva; quando o Conselho de Segurança da ONU (CS) determinar que uma situação constitui uma ameaça à paz ou segurança internacional. Quando há o intuito protetivo e ações respaldadas no discurso da necessidade de defesa de DH, sustenta-se que mais importante do que a soberania de um estado que agride seus próprios habitantes é a proteção aos direitos. Há nessas ações a responsabilidade de proteger, baseado nos DH, que impõe uma obrigação de agir em prol dessa proteção.
A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DE DH: O SISTEMA GLOBAL E OS SISTEMAS REGIONAIS DE DH (AULA 5)
A proteção internacional dos direitos humanos se organiza em dois níveis que funcionam de forma complementar. Assim, falamos em um sistema global e em sistemas regionais.
Sistema Global de Direitos Humanos: O sistema global se organiza a partir da ONU e é também conhecido como sistema universal e tem sido fonte de inspiração dos demais níveis de proteção dos direitos humanos. Tem uma vocação universalista já que se destina a todas as pessoas em todos os lugares. É um ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, se esforcem: pelo ensino e pela educação; por desenvolver o respeito dos direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.
Documentos Internacionais de Defesa de DH: O Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos tem como principal fonte normativa a chamada Carta Internacional de DH que é o conjunto de vários documentos voltados para a promoção e proteção dos DH. 
Declaração Universal de Direitos Humanos: assinada em Paris, na França, no dia dez de dezembro de 1948. Ela é considerada o marco inicial do Direito Internacional dos Direitos Humanos, e consequentemente, da tutela universal dos direitos humanos, que visa a proteção de todos os seres humanos, independente de quaisquer condições. Não é um tratado, mas se trata de uma resolução da Assembleia Geral da ONU, sem força de lei, no sentido estrito da palavra. Ela estabelece que os Estados-partes devem promover a proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. Ela impõe a necessidade de efetivação desses direitos – o que se opera mediante a ideia de vigilância, com a adoção de um sistema de monitoramento, supervisão e controle.
Instrumentos Normativos Gerais: O Sistema da ONU é integrado por instrumentos normativos gerais e especiais e por organismos e mecanismos de vigilância, supervisão, monitoramento e fiscalização dos direitos humanos. São principalmente aqueles que integram a chamada Carta Internacional de Direitos Humanos, que é composta por três documentos: (Eles são chamados de gerais porque se dirigem a toda e qualquer pessoa humana, sem qualquer tipo de distinção).
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 (DUDH): Já visto.
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos de 1966 (PIDCP): O Congresso Brasileiro aprovou-o através do Decreto-Legislativo n. 226, de 12 de dezembro de 1991, depositando a Carta de Adesão na Secretaria Geral da Organização das Nações Unidas em 24 de janeiro de 1992, entrando em vigor em 24 de abril do mesmo ano. Temos a seguinte sistematização normativa no PIDCP:
Primeira parte - refere-se ao Direito à Autodeterminação (um único artigo igualmente reproduzido no Pacto Internacional de Direitos Econômicos Sociais e Culturais). Como será conduzida a vida.
Segunda parte - trata da forma de aplicação do Pacto pelos Estados.
Terceira parte - rol dos direitos (são protegidos basicamente os direitos de primeira geração, isto é, as liberdades individuais e garantias procedimentais de acesso à justiça e participação política).
Quarta parte - instituição do Comitê dos Direitos do Homem da ONU que faz uma avaliação periódica da aplicação do PIDCP por todos os estados membros do mesmo. 
Quinta parte - regras de interpretação do PIDCP. São normas explicativas, sempre prol dos direitos humanos.
Sexta parte - regras sobre a entrada em vigor e vinculação dos Estados ao PIDCP.
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 (PIDESC): é um tratado multilateral adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 16/12/1966 e está em vigor desde 03/01/1976. O tratado agrega os diretos de segunda dimensão, estabelecendo que seus membros devem atuar com o intuito de conceder direitos econômicos, sociais e culturais para as pessoas físicas, incluindo aí os direitos trabalhistas, o direito à saúde, além do direito à educação e a um padrão de vida decente, isto é adequado. Característica: Implementação progressiva dos direitos condizente com os recursos que o Estado dispõe. O Pacto traz ainda algumas orientações interpretativas que também explicitam a ideia do princípio da vedação do retrocesso social (aquilo que for ganho social o Estado não pode ter conduta para retroceder/retirar):
1ª orientação: não é admitida interpretação capaz de abolir ou restringir direito assegurado.
2ª orientação: vedação de aplicação da legislação interna do país se esta estipular regras menos favoráveis que as constantes do Pacto. 
Instrumentos Normativos Especiais: os instrumentos normativos especiais são voltados, fundamentalmente, à prevenção da discriminação ou à proteção de pessoas ou grupos de pessoas particularmente vulneráveis, que merecem tutela especial. Entre outros, podemos citar:
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes de 10.12.1984 - ratificada pelo Brasil em 28.09.1989 (Protocolo Facultativo à Convenção da ONU Contra Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos Ou Degradantes, ratificado pelo Brasil em 2007).
Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial de 21.12.1965 - ratificada pelo Brasil em 27.03.1968.
Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher de 18.12.1979 - ratificada pelo Brasil em 01.02.1984; Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher de 15.10.1999, ratificada pelo Brasil em 28.06.2002.
Convenção sobre os Direitos da Criança de 20.11.1989 - ratificada pelo Brasil em 24.09.1990 e Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança Referente à Venda de Criança, à Prostituição Infantil e à Pornografia Infantil de 25.05.2000 (o Protocolo Facultativo à Convenção
sobre os Direitos da Criança Relativo ao envolvimento de Crianças em Conflitos Armados de 25.05.2000, ratificado pelo Brasil em 27.01.2004).
Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio de 09.12.1948 - ratificada pelo Brasil em 04.09.1951 (Recorde-se que esta Convenção já pedia a criação de um Tribunal Penal Internacional – o que se dá com o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional de 17.07.1998, ratificado pelo Brasil em 20.06.2002, como já vimos em aula anterior).
Mecanismos de Efetivação dos Tratados de DH: Buscando a vigilância, supervisão, monitoramento e fiscalização do cumprimento dos instrumentos normativos gerais e especiais de proteção aos DH foram criados organismos e mecanismos extra convencionais e convencionais.
Convencionais: são aqueles pactuados pelos Estados que participam dos tratados de DH e, portanto, já previstos no documento protetivo.
Extra Convencionais: por sua vez não estão baseados em acordos específicos, e são extraídos de uma interpretação alargada dos objetivos da ONU de proteção dos DH e do dever de cooperação dos Estados em perseguir esses objetivos.
Esses mecanismos também podem operar por:
Sistema de Petições: provocados pelo interessado, sendo reclamações individuais ou de Estados, cujas condições de admissibilidade estão consignadas nos respectivos instrumentos de direitos humanos que as preveem.
Sistema de Relatórios: método de controle dos direitos humanos exercido ex officio pelos órgãos de supervisão internacional instituídos nos tratados, ou pelos Estados-partes.
Procedimentos de Investigação: provocados por ex officio, que são visitas in loco (no local), contratação de profissionais peritos em determinadas matérias para avaliarem as queixas, oitiva de testemunhas e produção de provas em geral.
Órgãos do Sistema Global de DH: 
Conselho de Direitos Humanos da ONU: Criado pela Assembleia Geral em 2006 (pela resolução 60/251), sendo considerado o herdeiro da extinta Comissão de Direitos Humanos (1946-2006). Ele é um órgão intergovernamental, composto por 47 Estados eleitos pela Assembleia Geral, com competência específica na área dos direitos humanos. Ele realiza debates e adopta resoluções e decisões sobre questões e situações de direitos humanos e é por sua iniciativa que, em geral, são elaborados novos instrumentos internacionais nesta área.
Comitês de Direitos Humanos da ONU: são considerados mecanismos convencionais de proteção dos direitos humanos, isto porque são geralmente criados por meio de convenções internacionais. São compostos por especialistas em matéria de direitos humanos, independentes e autônomos, à disposição do Comitê. Suas principais funções e atribuições são:
Examinar relatórios dos governos e da sociedade civil, na perspectiva do monitoramento da implementação dos tratados de direitos humanos nos Estados-partes, bem como receber e considerar as comunicações interestatais e as petições individuais; 
Auxiliar os Estados a melhorar a implementação dos tratados de direitos humanos, no âmbito interno;
Elaborar observações gerais sobre os direitos e as disposições contidas nos tratados, com vistas a assistir os Estados-partes no cumprimento de suas obrigações concernentes à apresentação de informes;
Contribuir para esclarecer sobre a interpretação do significado e do conteúdo dos tratados de direitos humanos.
Relatores Especiais e os Grupos de Trabalho:
Relatores Especiais: São experts independentes que dispõem de poderes de investigar situações de direitos humanos, através de visitas in loco (no local), receber denúncias ou comunicações, e oferecer recomendações de como solucioná-las.
Grupos de Trabalho: São constituídos com o objetivo de receber denúncias e elaborar propostas relacionadas a situações de direitos humanos, inclusive novos instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos.
Sistemas Regionais de Direitos Humanos: Hoje temos três grandes Sistemas Regionais: O Sistema Europeu de DH; O Sistema Interamericano de DH; O Sistema Africano de DH. O procedimento é comum nos três sistemas: uma vez que uma determinada pessoa tenha percorrido todos os caminhos disponibilizados internamente por sua ordem jurídica, para ter seus direitos protegidos e houve recusa de proteção pela jurisdição de seu Estado, ela pode se dirigir a comissão de direitos humanos criada pelo sistema regional. Em comparação com o sistema global, nos sistemas regionais, temos a possibilidade de definir os direitos humanos a partir de uma perspectiva regional e adotar mecanismos de cumprimento que se adequem melhor à realidade local.
O SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO DE DH (AULA 6)
Criação: Sistema Europeu de proteção de Direitos Humanos foi criado com a Convenção Europeia de Direitos Humanos em 1950. É o mais antigo e consolidado modelo no âmbito regional e se tornou o padrão clássico de proteção. Seu sistema de monitoramento de DH tem sido considerado o mais avançado do mundo.
Convenção Europeia de DH e seus protocolos adicionais: foi elaborada no seio do Conselho da Europa assinada em Roma em 1950 e entrou em vigor em setembro de 1953. Tratava-se, na intenção dos seus autores originais, de tomar as medidas a assegurar a garantia de alguns dos direitos previstos na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948. Desde então tem sido atualizada e modificada por protocolos adicionais.
Partes: A Convenção Europeia é composta de três partes:
Na primeira (Título I, art. 2º a 18) são elencados os direitos e liberdades fundamentais, essencialmente civis e políticos, como o direito à vida, à proibição da tortura, à liberdade, à segurança, a um processo equitativo, à vida privada e familiar, à liberdade de pensamento, de consciência e de religião, à liberdade de expressão, de reunião e de associação, ao casamento, a um recurso efetivo, à proibição de discriminação etc.
Na segunda parte (Título II, art. 19 a 51) a Convenção regulamenta a estrutura e funcionamento da Corte Europeia de Direitos Humanos (v.g., o número de juízes, eleição dos mesmos, duração do mandato, questões sobre admissibilidade e arquivamento de petições, sobre intervenção de terceiros, sobre as sentenças da Corte, sua fundamentação e força vinculante, competência consultiva da Corte, privilégios e imunidades dos juízes etc.
Na terceira parte (Título III, art. 52 a 59) a Convenção estabelece algumas disposições diversas, como as requisições do Secretário-Geral do Conselho de Europa, poderes do Comitê de Ministros, reservas à Convenção, sua denúncia etc.
Principais protocolos: da convenção que asseguram direitos são:
Protocolo n.º 1: Artigo 1º: Proteção da propriedade; Artigo 2º: Direito à instrução; Artigo 3º: Direito a eleições livres.
Protocolo n.º 4: Artigo 1º: Proibição da prisão por dívidas; Artigo 2º: Liberdade de circulação; Artigo 3º: Proibição da expulsão de nacionais; Artigo 4º: Proibição de expulsão coletiva de estrangeiros.
Protocolo n.º 6: Artigo 1º: Abolição da pena de morte. 
Protocolo n.º 7: Artigo 1º: Garantias processuais no caso de expulsão de estrangeiros; Artigo 2º: Direito a um duplo grau de jurisdição em matéria penal; Artigo 3º: Direito a indemnização em caso de erro judiciário; Artigo 4º: Direito a não ser julgado ou punido mais de uma vez; Artigo 5º: Igualdade entre os cônjuges
Tribunal Europeu de Direitos Humanos ou Direitos dos Homens: O TEDH é também chamado de Corte Europeia de DH (CEDH). Foi criado em 1959. Porém em 1998, com o Protocolo no. 11, foi reorganizado se tornando um órgão permanente do Conselho da Europa. Em 31 de Outubro de 1998, o antigo Tribunal cessou sua existência, passando a funcionar a partir de então o novo Tribunal, como hoje o conhecemos. Sua função primordial é basicamente assegurar a aplicação da Convenção Europeia de Direitos Humanos, assinada inicialmente em 1950. Tem jurisdição sobre 47 países que se sujeitam à proteção do sistema regional europeu.
Competência: A Corte tem competência para:
Interpretar a Convenção Europeia de Direitos Humanos e seus documentos adicionais.
Julgar
e condenar os Estados (a ela vinculados) que violem os direitos humanos previstos na Convenção.
Organização Do Tribunal: é composto por um número de juízes igual ao de Estados contratantes (atualmente quarenta e sete); não há representação paritária; os juízes não podem exercer uma atividade incompatível com os seus deveres de independência e imparcialidade ou com a disponibilidade exigida pelo desempenho de funções a tempo inteiro. Os juízes são eleitos por um mandato de nove anos não renovável, pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, não sendo admitidos juízes com mais de 70 anos de idade. Os cumprimentos das decisões do Tribunal estão sob a responsabilidade do Conselho da Europa.
Acesso ao Tribunal: O acesso à Corte se dá de forma direta, pois a Corte recebe petições diretamente dos indivíduos, mediante adoção de um formulário para peticionar (chamado de queixa). 
É necessário que aquele que apresente a queixa seja, ele próprio, vítima direta da violação estatal. Podem queixar-se ao Tribunal todas as pessoas dependentes da jurisdição deste: pessoas singulares ou coletivas (sociedades, associações), nacionais, estrangeiras e mesmo apátridas. 
É necessário que o titular do direito violado ou ameaçado não tenha obtido das autoridades do Estado reparação considerada suficiente. Um Estado também pode oferecer queixa contra um outro Estado contratante da Convenção por violação da própria convenção. 
Embora aconselhável, não há obrigatoriedade de que a parte seja representada por advogado ao formular a queixa. O advogado passa a ser obrigatório se houver audiência e se a queixa for admitida. O Conselho da Europa criou um sistema de assistência judiciária para os necessitados.
Obs.: Lembre-se que a Corte/Tribunal Europeu de Direitos Humanos não é a mesma coisa que a Corte de Justiça da União Europeia e nem a mesma coisa da Corte Internacional de Justiça.
Recorde-se ainda que a Comissão Europeia dos Direitos Humanos não está mais funcionando (assim atenção às leituras de textos pouco atualizados!). Sob o aspecto jurisdicional, o sistema europeu funciona apenas com o Tribunal Europeu de DH, restando superado aquele modelo originariamente tradicional de uma comissão e uma corte (como é o caso do sistema interamericano que será visto nas aulas 08 e 09) dos sistemas internacionais) que foi o modelo inaugural adotado pelo Conselho da Europa em 1950.
O SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO DOS DH (AULA 7)
Criação: O sistema regional africano de proteção dos direitos humanos começou por se desenvolver no seio da Organização de Unidade Africana (OUA), hoje União Africana - criada em 2002 - em substituição a OUA e formada por 54 Estados-membros.
Metas:
Obter uma maior unidade e solidariedade entre os países e os povos da África
Respeitar a soberania, a integridade territorial e a independência dos seus Estados Membros
Acelerar a integração política e socioeconômica da África
Promover a paz, a segurança e a estabilidade da África
Promover os princípios e as instituições democráticas
Promover e proteger os direitos do homem
Criar as condições que permitam a África desempenhar o papel que lhe compete na economia mundial
Promover o desenvolvimento sustentável e a integração das economias africanas
Coordenar e harmonizar as políticas entre as Comunidades Econômicas Regionais existentes e futuras, para a gradual realização dos objetivos da União
Tratados: 
Tratado Geral – A Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos (CADHP): É principal instrumento de direitos humanos do sistema africano. Adotada em janeiro de 1981. Na Carta temos direitos individuais (como os chamados direitos civis e políticos); direitos dos povos; econômicos; sociais e culturais; e deveres individuais.
Direitos Individuais: destacam-se os seguintes: Proibição de qualquer discriminação no gozo dos direitos e liberdades garantidos pela Carta (artigo 2.º); Direito à igualdade perante a lei e à igual proteção da lei (artigo 3.º); Direito ao respeito da vida e da integridade pessoal do ser humano (artigo 4.º); Direito ao respeito da dignidade inerente à pessoa humana, incluindo a proibição da escravatura, do tráfico de escravos, da tortura e das penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes (artigo 5.º); Liberdade de consciência, direito de professar e praticar livremente a sua religião (artigo 8.º); Liberdade de consciência, direito de professar e praticar livremente a sua religião (artigo 8.º); Direito à propriedade (artigo 14.º);
Direitos dos Povos: destacam-se, entre outros, os seguintes: Direito dos povos à igualdade (artigo 19.º); Direito de todos os povos a dispor livremente das suas riquezas e recursos naturais (artigo 21.º); Direito de todos os povos ao desenvolvimento económico, social e cultural (artigo 22.º); Direito de todos os povos à paz e segurança a nível nacional e internacional (artigo 23.º); Direito de todos os povos “a um meio ambiente satisfatório e global, propício ao seu desenvolvimento” (artigo 24.º).
Protocolo à Carta Africana sobre os Direitos das Mulheres em África: de 2003 até novembro de 2010, 28 Estados eram partes.
Carta Africana dos Direitos e do Bem-Estar das Crianças: de 1990 com 45 Estados Partes até novembro de 2010. 
Mecanismos de controle da aplicação da CADHP: Os principais órgãos de controle do sistema africano de direitos humanos são:
Comissão Africana dos Direitos do Homem e dos Povos: Foi criada pelo artigo 30.º da Carta Africana. Este órgão, composto por 11 peritos independentes com assento a título pessoal, é um organismo para-judicial, cujas decisões não são vinculantes, encarregado de fazer o acompanhamento da implementação da Carta, através da promoção dos direitos do Homem e dos Povos e garantia de sua proteção na África.
Tribunal Africano dos Direitos do Homem e dos Povos: Este Tribunal foi criado pelo Protocolo à CADHP sobre o Estabelecimento de um Tribunal Africano dos Direitos do Homem e dos Povos, adotado em 1998 e entrando em vigor a 25 de Janeiro de 2004. Com sede em Arusha, na Tanzânia, tem competência consultiva e contenciosa, complementando a dimensão de proteção do mandato da Comissão Africana. O Tribunal Africano dos Direitos do Homem e dos Povos proferiu a sua primeira decisão a 15 de Dezembro de 2009, no caso Michelot Yogogombaye c. Senegal – que se considerou incompetente para julgar. Até 29 de janeiro de 2016, a Corte havia recebido 74 casos, dos quais 25 já foram finalizados. Quatro reclamações foram transferidas para a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos. As línguas oficiais do Tribunal são as mesmas que as da União Africana, conforme estipuladas no Ato Constitutivo da União Africana como sendo o árabe, o inglês, o francês e o português.
Competência do Tribunal:
Competência Consultiva: Tribunal pode, a pedido de um Estado Membro da União Africana, de qualquer um dos órgãos da União Africana ou de qualquer organização africana reconhecida pela União Africana, emitir um parecer sobre quaisquer questões de natureza jurídica relacionadas com a Carta ou com quaisquer outros instrumentos de direitos humanos pertinentes, desde que o objeto do parecer não esteja relacionado com uma questão que está a ser examinada pela Comissão.
Competência em Matéria Contenciosa: O Tribunal tem competência sobre todos os casos e litígios a si submetidos relacionados com a interpretação e a aplicação da Carta, do Protocolo e de quaisquer outros instrumentos de direitos humanos pertinentes ratificados pelos Estados em causa.
Solução Consensual: O Tribunal também tem competência para promover a solução consensual nos processos pendentes perante si, de acordo com as disposições da Carta.
Quem pode apresentar uma Petição ao Tribunal? A Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos; Um Estado Parte no Protocolo do Tribunal contra o qual tenha sido apresentada denúncia junto da Comissão; Um Estado Parte no Protocolo do Tribunal cujo cidadão seja vítima de violação de direitos humanos; Uma Organização Intergovernamental Africana; Estados Partes
no Protocolo do Tribunal com interesse em um caso podem ser autorizados pelo Tribunal a tomar parte no processo; Organizações não-governamentais (ONGs) pertinentes com Estatuto de Observador perante a Comissão e indivíduos particulares podem instaurar processos diretamente ao Tribunal, se o Estado Parte da sua origem tiver feito uma declaração para tanto.
O que deve conter a Petição? 1.Um resumo dos factos do caso e dos elementos de prova que irão ser apresentados; 2.Dados claros do requerente e da parte ou partes contra as quais a ação é intentada; 3.Especificação da alegada violação; 4.Prova de que foram esgotados todos os recursos do Direito Interno ou de que há um retardamento excessivo em tais vias de recurso internas; 5.A decisão judicial ou ação inibitória pretendida; 6.Nos casos em que um requerente, em seu próprio nome ou em nome da vítima, pretenda ser concedido reparação, o requerimento deve incluir o pedido de reparação”.
Qual é o Direito aplicável para o Tribunal? O Tribunal aplicará as disposições da Carta e de quaisquer outros instrumentos de direitos humanos pertinentes ratificados pelos Estados em causa.
Qual é a natureza das conclusões do Tribunal? Quando o Tribunal conclui que houve uma violação dos direitos humanos e dos povos, irá emitir uma decisão judicial apropriada para corrigir a violação, incluindo o pagamento de justa indemnização ou reparação. Em caso de extrema gravidade e urgência e quando necessário para evitar danos irreparáveis às pessoas, o Tribunal pode aprovar medidas provisórias conforme necessário.
Trata o Tribunal de Matéria Penal? O Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos não tem competência para lidar com matéria penal como genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra, entre outros.
O SISTEMA INTERAMERICANO DE DH (AULA 8)
O SISTEMA INTERAMERICANO DE DH E SUA PROTEÇÃO (AULA 9)
O BRASIL E O CONTEXTO DE PROTEÇÃO DE DH (AULA 10)

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