Buscar

ANTÍGONA_Sófocles_TFD

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL 
FACULDADE DE DIREITO 
CAMPUS CANOAS – TURMA 3M 0698 
 
 
Moisés Soares Alves 
 
 
ANTÍGONA DE SÓFOCLES 
A JUSTIÇA DA LEI E PARA ALÉM DA LEI EM ANTÍGONA 
 
 
Um breve estudo com tema: a justiça 
da lei e para além da lei em 
Antígona 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Leandro Mota Cordioli 
Canoas 
2014 
 
 
A JUSTIÇA DA LEI E PARA ALÉM DA LEI EM ANTÍGONA 
 
Uma saga grega de uma antiga cidade chamada Tebas, expõe situações 
conflitantes no que diz respeito à lei e à justiça. Uma lei nem sempre é justa e 
nem tudo que se parece justo é recebido como lei. 
Após a morte de Édipo, rei de Tebas, seus dois filhos disputam o trono 
em uma batalha resultando em uma comoriência não restando filho homem 
que ocupasse o trono. Creonte, tio de ambos os falecidos, assume o trono 
dignificando um e vituperando outro. Este decide pelo sepultamento com 
honrarias a Etéocles, e, por meio de um decreto, interdiz a qualquer cidadão de 
Tebas sepultar ou chorar pelo corpo de Polinices, sob pena de morte a quem 
descumprisse tal decreto. 
Restaram da família duas irmãs, Ismene e Antígona. A primeira 
condescende-se com o edito do rei, não obstante, Antígona, sentindo-se 
alanceada pela privação de seu direito de promover um sepultamento digno ao 
seu estimado irmão, insurgir-se contra Creonte realizando o ato condenatório. 
Sendo apanhada em flagrante e levada perante o rei, Antígona declara 
nulidade no decreto do rei, visto que, no seu entendimento, os decretos do rei 
não são provenientes da doutrina de Zeus, alegando que “a Lei do Reino dos 
Mortos é igual para todos”. Entrementes, Creonte, irredutível ante as 
argumentações da insurreta (estando presente na audiência, sua irmã Ismene) 
ordena o encarceramento das duas irmãs, aspirando em palavras neste ato, 
contra a vida de Antígona. 
Quanto à pena imposta por Creonte, observa-se certa incongruência na 
obra literária em apreço, pois Antígona descrevendo-a diz: “O assunto lhe é tão 
sério que, se alguém transgredir o decreto, receberá sentença de 
apedrejamento dentro da cidade”. Enquanto que o próprio Creonte sentencia 
Antígona desta forma: “vou prendê-la viva numa prisão lavrada em rocha. De 
alimento só terá o necessário...” Mais adiante acrescenta dizendo “Deixa-a só. 
Morrer ou continuar viva naquela morada, fica a seu critério...”. Antígona é 
encarcerada numa prisão lavrada em rocha. 
Creonte representa aqui a autoridade paterna em relação à família e o 
sistema legal do Estado em relação à cidade de Tebas. Entretanto, sua forma 
de se fazer viger a lei entra em conflito com um costume enraizado na cultura 
de sua própria cidade! Creonte não soube fundamentar seu decreto de forma 
homogênea em relação aos costumes epocais. Essa falta de sabedoria trouxe 
instabilidade ao seu reino, arruinando-se com sucessivas tragédias após a 
rebelião e suicídio de Antígona. 
Quem tem legitimidade e autoridade para revogar uma lei? Quem a criou 
e a instituiu. Creonte, diante das circunstâncias, teve oportunidade de revogar 
seu decreto, por ser ele mesmo o legislador. Mas o que lhe preocupava era o 
desiquilíbrio social que, a seu ver, traria para seu governo instabilidade 
enfraquecendo-o diante dos inimigos. Tanto o argumento de seu filho, Hemon 
(em defesa de sua noiva, Antígona) quanto o de Creonte eram fundamentáveis 
para a situação. O primeiro visava o equilíbrio e o bom senso alvitrando a 
revogação da pena. O segundo visava a estabilidade do seu governo em 
relação à lei e à ordem segundo os parâmetros sociais da época, onde o 
homem tinha supremacia em relação à mulher. 
Um grande erro cometeu Creonte criando e aplicando uma lei que feria 
um princípio religioso no tocante ao sepultamento dos mortos, no entanto, o 
próprio ato de não se permitir um enterro digno a uma pessoa indigna seria 
comum ou apropriado na época, segundo a razão de Creonte. Apresenta-se 
aqui uma queda-de-braço entre uma lei monárquica e uma lei teocrática 
inserida na consciência do povo de Tebas. Um antagonismo do Estado com a 
Religião apresentado pelos personagens e atiçado por emoções frenéticas: 
Uma lei estabelecida em desacordo com a cultura e com os costumes de um 
povo, ao ser instituída, pode gerar consequências drásticas, não atendendo 
assim a um objetivo profícuo como normalmente é proposição original da 
mesma. Esta discrepância provocada pela falta de bom senso de Creonte 
trouxe ruina ao seu reino. 
Observa-se- nas consequências de uma lei mal legislada, a desarmonia 
entre o direito natural, intrínseco na cultura religiosa e um tipo de direito 
positivo instituído pela lei estatal, mais especificamente pelo rei de Tebas. 
 A justiça da lei neste evento foi quimérica, pois não atendeu os anseios 
de uma sociedade no seu direito no que tange à liberdade cultura religiosa, 
predominante e reciprocamente aceita pelos seus membros. O direito a uma 
morte digna (segundo os tebanos) foi surrupiado pelo desarmônico edito do rei 
que feriu o direito individual de Antígona em poder sepultar seu irmão 
piedosamente. 
A flexibilidade jurídica neste caso resultaria em uma decisão 
congruente e profícua no que tange à paz social dos cidadãos tebanos e à 
estabilidade do reinado de Creonte, bem como à subsistência de sua 
família. 
 
Referência Bibliográfica: 
SÓFOCLES; 496 a.C. – 406 a.C. Antígona / Sófocles; tradução de Donaldo 
Schüller. – Porto Alegre: L&PM. 2006.

Outros materiais