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Itaúna/Mg 2017 UNIVERSIDADE DE ITAÚNA CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO Ana Paula Macedo de Souza André Luiz de Oliveira Emiliane Danielle Prado Felipe Faria Campelo Izabella Silva Sousa Jaqueline Duarte Gaia Lara Diana Reis Oliveira Marcelo Ribeiro Silva Mauro Lúcio Ribeiro de Carvalho Filho Orly Valentim Júnior Paloma Fernanda de Oliveira Patrícia Nogueira Rafaella Santos da Silva TUTELA CAUTELAR Itaúna/Mg 2017 Ana Paula Macedo de Souza André Luiz de Oliveira Emiliane Danielle Prado Felipe Faria Campelo Izabella Silva Sousa Jaqueline Duarte Gaia Lara Diana Reis Oliveira Marcelo Ribeiro Silva Mauro Lúcio Ribeiro de Carvalho Filho Orly Valentim Júnior Paloma Fernanda de Oliveira Patrícia Nogueira Rafaella Santos da Silva TUTELA CAUTELAR Relatório técnico apresentado como avaliação referente à primeira prova da disciplina de Processo Civil IV do Curso de Graduação em Direito, pela Universidade de Itaúna/MG. Professor: Márcia Pereira Costa Itaúna/Mg 2017 Sumário 1. Introdução 2. Análise doutrinária 2.1. Sob o prisma do processualista Elpídio Donizete 2.2. Sob a ótica dos processualistas Fredie Didier Júnior, Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de Oliveira 3. O aditamento da causa de pedir 4. Da fungibilidade da tutela provisória 5. Da audiência de conciliação 6. Da possível reparação do dano no julgamento de mérito improcedente 7. Da responsabilidade 8. Referências Bibliográficas Itaúna/Mg 2017 2. ANÁLISE DOUTRINÁRIA 2.1. Sob o prisma do processualista Elpídio Donizete Tutelas jurisdicionais são idôneas e visam assegurar o direito. O processo cautelar, como instituto autônomo, não consta do novo CPC, o fato de ter suprimido a autonomia em nada interfere na tutela cautelar todas são concedidas com base no poder geral de cautela. A existência da tutela de urgência de natureza cautelar se justifica pela natural demora na atuação e satisfação do direito por meio do processo de conhecimento, surgindo então às medidas cautelares como forma de garantir a efetividade da tutela pleiteada, a tutela cautelar poderá ser concedida em caráter incidental ou antecedente utilizando da forma instrumental, porquanto objetiva assegurar a utilidade do processo em qualquer de suas fases, afastando, assim, o risco de inocuidade da prestação jurisdicional. Em caráter exemplificativo, o art. 301 do novo Código elenca o arresto, o sequestro, o arrolamento de bens, o registro de protesto contra alienação para assegurar o direito afirmado no processo, mas qualquer outra medida útil a tal finalidade pode ser concedida. Os requisitos da petição inicial da tutela cautelar antecedente A petição que veicula o pedido de tutela cautelar em caráter antecedente seja mais simplificada. Embora não conste do art. 305, a petição inicial deve conter os requisitos do art. 319, uma vez que será essa petição que instaurará a relação processual. Quando da formulação do pedido principal no aditamento ou complementação – há que se complementar os requisitos faltantes, conforme art. 308, § 2º. Juízo competente - Deve indicar o juízo ao qual é dirigida. Lembrando que o pedido de tutela cautelar pode ser formulado perante juízo monocrático de primeiro grau ou em tribunal, nos casos de competência originária. Itaúna/Mg 2017 Identificação das partes - Deve-se constar da petição inaugural – é essa petição veiculadora do pedido de tutela cautelar antecedente que vai inaugurar ou instaurar a jurisdição o nome e qualificação das partes, isto é, de quem pede e contra quem é pedida a tutela cautelar e, de futuro, será requerida a tutela principal. Os legitimados (requerente, requerido e eventualmente um terceiro interveniente) serão aqueles que têm pertinência subjetiva com o direito substancial objeto da asseguração e que será acertado ou realizado. Consoante disposto no art. 319, II, a petição inicial indicará: “os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu”. A lide e seu fundamento - Para possibilitar a aferição da probabilidade do direito substancial (fumus boni iuris), além de outros requisitos que autorizam a apreciação do mérito (legitimidade e interesse, por exemplo), exige-se a indicação da lide principal (pretensão resistida), bem como os fundamentos do pedido, a exposição sumária do direito (substancial) que se objetiva garantir, além da demonstração do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo (art. 305). A exposição sumária do direito ameaçado e o perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo - Correspondem ao fumus boni iuris e ao periculum in mora. O primeiro relacionasse com a probabilidade da existência do direito afirmado pelo requerente da medida. O segundo tem relação com o perigo de dano ao direito (objeto do pedido principal) caso a prestação jurisdicional venha a ser concedida apenas ao final da demanda. Trata-se de requisitos da ação cautelar; dos elementos que devem ser comprovados para se obter a concessão da tutela cautelar. O pedido de tutela cautelar - formulado nessa fase, deve decorrer logicamente do direito ameaçado e do perigo da demora na prestação jurisdicional. A providência deve ser adequada para acautelar o direito substancial que será postulado no pedido principal. Valor da causa - as custas serão pagas quando do ajuizamento da ação, isto é, do protocolo da petição contendo o pedido de cautelar antecedente, assim, indispensável é o valor da causa, que servirá de base de cálculo para o pagamento do tribuno (taxa judiciária e outras despesas iniciais). Itaúna/Mg 2017 Provas - Havendo provas do fumus boni iuris e do periculum in mora, deve o autor com elas instruir a petição inicial. Tais elementos são relevantes para se aquilatar, de plano, os requisitos para deferimento liminar da tutela cautelar. A inexistência de provas documentais não inviabiliza o pedido de tutela cautelar antecedente, mas pode ensejar a necessidade de justificação prévia. Por ocasião do aditamento o autor poderá o juntar outros documentos pertinentes ao pedido principal. 2.2. Sob a ótica dos processualistas Fredie Didier Júnior, Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de Oliveira É importante pontuar aqui, que na forma do artigo 294, CPC, a tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. As tutelas provisórias de urgência (satisfativa ou cautelar) pressupõem a demonstração de “probabilidade do direito” e do “perigo da demora” (artigo 300 CPC). Ressalte-se que a tutela provisória de urgência pode ser requerida em caráter antecedente ou em caráter incidente (artigo 294, p. único, CPC), tema este de nosso estudo (grifo nosso). A tutela provisória antecedente é aquela que inicia o processo em que se pretende, no futuro, pedir a tutela definitiva. Em tese, é requerimento anterior à formulação do pedido de tutela definitiva e tem por objetivo adiantar seus efeitos (satisfação ou acautelamento). Primeiramente pede-se a tutela provisória; só depois, pode-se a tutela definitiva. No que pese a temática de nosso estudo, tutela provisória cautelar antecedente é requerida dentro do mesmo processo em que se pretende, posteriormente, formular o pedido de tutela definitiva, cautelar e satisfativa. Seus objetivos são a) adiantarprovisoriamente a eficácia da tutela definitiva cautelar e; b) assegurar a futura eficácia da tutela definitiva satisfativa. Não obstante, a tutela provisória é amplamente cabível no procedimento comum do CPC (artigo 318 CPC) e também no procedimento das leis dos Juizados Especiais Cíveis. Segundo Athos Gusmão Carneiro, a antecipação da tutela provisória), a princípio não teria cabimento no procedimento Itaúna/Mg 2017 dos Juizados Especiais (Estaduais e Federais), tendo em vista a principiologia que informa este procedimento. Mas, na prática forense, não é isso que se tem observado. Os juízes têm lançado mão do instituto, para conceder tutela de urgência pelo fato de que, rapidamente, os juizados ficaram congestionados e seu procedimento tornou-se mais lento do que o esperado. Conforme pontuado anteriormente, a tutela provisória antecedente só pode ser requerida in limine litis, na petição inicial do processo em que se pretende formular, no futuro, o pedido de tutela definitiva, ainda que sua concessão se dê mediante justificação prévia ou oitiva da outra parte (artigo 303, § 6.º, CPC). Isso, porém, não quer dizer que será decidida liminarmente, isto é, antes da citação e oitiva do requerido – é possível, por exemplo, a designação de justificação prévia (artigo 300, § 2.º, CPC). É plausível enfatizar que assim, a tutela provisória de urgência antecedente é requerida liminarmente, mas não necessariamente será decidida liminarmente, assim sendo, poderá ser concedida liminarmente quando o perigo da demora estiver configurado antes ou durante o ajuizamento da demanda. No que concerne a concessão da cautelar ou satisfativa (antecipada) pressupõe, genericamente, a demonstração da probabilidade do direito (tradicionalmente conhecida como “fumus boni iuris”) e, junto a isso, a demonstração do perigo de dano ou de ilícito, ou ainda do comprometimento da utilidade do resultado final que a demora do processo representa (tradicionalmente conhecido como “periculum in mora”) artigo 300, CPC. No tocante a limitação do autor ante a situação de urgência, já existente no momento da propositura da ação, justifica-se na peça exordial os seguintes apontamentos: a) requerer a tutela antecipada; b) indicar o pedido de tutela definitiva – que será formulado no prazo previsto em lei para o aditamento; c) expor a lide, o direito que se busca realizar (e sua probabilidade), e o perigo da demora (artigo 303, caput, CPC); d) indicar o valor da causa considerando o pedido de tutela definitiva que pretende formular (artigo 303, § 4.º, CPC) e, enfim, f) explicitar que pretende valer-se do benefício da formulação do requerimento de tutela antecipada em caráter antecedente, nos moldes do caput 303, CPC (artigo 303, § 5.º, CPC). Itaúna/Mg 2017 Continuando com os ensinamentos dos processualistas supramencionados, entendemos que para a concessão, há um procedimento próprio tipificado nos artigos 305 e seguintes do CPC. No que toca a exordial, além de ser escrita deve preencher os requisitos do artigo 319, I, II, V e VI do referido codex, deve conter: a) requerimento de concessão de tutela provisória cautelar , em caráter antecedente – a ser confirmada em caráter definitivo -, se for o caso, liminarmente ou mediante justificação prévia (artigo 300, § 2.º, CPC); b) indicação da lide, seu fundamento e exposição sumária da probabilidade do direito que se busca acautelar; e c) demonstração do perigo da demora (artigo 305 e seguintes, CPC). Ao fazer o juízo de admissibilidade inicial, o juiz poderá determinar a emenda da inicial, na forma do artigo 321, CPC, indeferi-la, nos casos do artigo 330, CPC, ou simplesmente deferi-la se estiver totalmente regular e em termos. Deferida a petição inicial, o juiz deverá: a) julgar o requerimento liminar de tutela cautelar, se assim formulado, ou mediante justificação prévia, se necessária; b) ordenar o cumprimento da medida (se deferida); bem como c) determinada a citação do réu para, no prazo de cinco dias, caso queira, contestar o pedido e especificar provas que pretende produzir (artigo 306, CPC). Não contestado o pedido de tutela cautelar antecedente, fica configurado a revelia, e os fatos alegados até então pelo autor serão tomados como ocorridos, de forma que o juiz proferirá decisão definitiva sobre o pedido cautelar no prazo de cinco dias (artigo 307 CPC). A presunção de veracidade desta revelia segue o regime jurídico geral, tipificado no rol taxativo do artigo 344 CPC. Promovida efetivação, com emprego de qualquer medida adequada para tanto (ex.: arresto, sequestro, arrolamento de bens e registro de protesto contra alienação de bens), começará a correr prazo de trinta dias para que o autor formule o pedido de tutela definitiva satisfativa (denominado “Pedido principal”) e adite a causa d pedir correlata, sob pena de cessação da eficácia da medida cautelar (artigo 308, caput e § 2.º, 309, I, CPC). O prazo será contado da data em que foi praticado o primeiro ato de efetivação da medida. Não se exige o adiantamento de novas custas processuais (artigo 308, caput, CPC). A tutela cautelar é autônoma em relação a tutela satisfativa, contendo mérito próprio (pedido e causa de pedir). Essa autonomia também se destaca quando se Itaúna/Mg 2017 percebe que o resultado do julgamento da demanda cautelar não influência o resultado do julgamento da demanda satisfativa. Àquele que venceu a cautelar pode sair vencido no pedido principal e vice-versa. A cautelar é procedente ou improcedente pelos próprios fundamentos e não em função do mérito da demanda principal e satisfativa. (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo Cautelar, 22 ed., cit., p. 56 e 59). 3. O ADITAMENTO DA CAUSA DE PEDIR Assegurado a existência do fumus boni juris e do periculum in mora na petição inicial, com base, art. 305/ CPC, concedida em a tutela em caráter antecedente, terá o prazo de 30 dias, sob pena de cessa-lo (art. 309, inc. II). Decorrido tal prazo, com sua efetivação, o autor formulará o pedido de tutela definitiva satisfativa “pedido principal” e aditará a causa de pedir correlata (art. 308 inc. II). Não obstante, a não concretização da efetivação da medida, será imputável ao requerente e presumir-se-á que cessou o risco. Recebido o pedido de tutela definitiva satisfativa, o juiz intimará as partes para comparecer à audiência de conciliação ou de mediação (art. 334) 4. DA FUNGIBILIDADE DA TUTELA PROVISÓRIA O Código de Processo Civil, unificou os pressupostos para a concessão das tutelas de urgência prevendo regime comum em caráter incidental. Destaca-se, que a fungibilidade da tutela pode ser vista sob dois aspectos: entre as tutelas cautelares e antecipadas, bem como as tutelas cautelares entre si. Todavia, sobre o aspecto, de fungibilidade entre as tutelas cautelares e as tutelas antecipadas, ambas, o “fumus” consiste na probabilidade do direto da parte. Entretanto, institui regimes diferenciados. Isto é, em se tratando de tutela de urgência antecipada (satisfativa), preceitua-se o artigo 303 e seguintes do CPC. Já no caso de tutela de urgência cautelar, aplica-se a disposto do artigo 305 e seguintes CPC. Itaúna/Mg 2017 Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303. Assim, uma vez requerida a tutela cautelar em caráterantecedente, caso o juiz entenda que sua natureza é satisfativa (antecipatória), poderá assim recebê-la, desde que seguindo o rito correspondente. Para Daniel Amorim, entende que o princípio da fungibilidade deve ser aplicado à luz do princípio da adstrição do juiz ao pedido da parte, visto que ele não reconhece o artigo 305, como dispositivo que legitime o juiz conceder tutela diversa daquela que foi pedida, servindo assim como permissivo ao juiz para adequar o pedido de urgência formulado a tutela indicada. Ao admitir o legislador essa fungibilidade progressiva (da cautelar para a satisfativa), deve-se admitir, por analogia, a fungibilidade regressiva (da satisfativa para a cautelar), visto que o CPC é omisso. Por conseguinte, se aceita, uma fungibilidade de mão dupla, exigindo-se que venha acompanhada da conversão do procedimento inadequado para o adequado, conforme discorre Fredie Didier. Todavia, para Alexandre Câmara, não trata de fungibilidade, usando a expressão “convertibilidade”, pois não é o simples aproveitamento de uma em outra, mas sim a conversão de uma em outra. Já sob o aspecto de fungibilidade entre as tutelas cautelares entre si, o juiz poderá conceder outras medidas, capazes de conservar o direito da parte (artigo 301 CPC – Rol meramente exemplificativo). Surgindo assim, o poder geral de cautela, uma vez que não há processo cautelar autônomo nem procedimentos específicos conforme disponha o CPC/73. 5. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO Itaúna/Mg 2017 Como exposto no artigo 308 em seu parágrafo 3º do CPP, cabe audiência de conciliação ou mediação após a efetivação da tutela cautelar, serão obrigatoriamente intimadas as partes na pessoa de seus advogados para a audiência , que seguirá o rito do artigo 334 CPP , não havendo necessidade de nova citação do réu. Para maior compreensão, vejamos o que Fredie Didier Junior, Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de Oliveira escreveram a respeito do assunto aqui comentado: “Depois de formulado e recebido o pedido de tutela definitiva satisfativa (“pedido principal”), o juiz deverá determinar a intimação das partes, na pessoa de seu advogado (ou sociedade de advogados) ou pessoalmente, para comparecer a audiência de conciliação ou mediação na forma no art. 334, CPC. Não será necessária nova intimação do réu (art.308, § 3º, CPC). Bibliografia: Didier Jr., Fredier, Curso de direito processual civil, 12ª ed., v2, Editora Jus Podivm. Tendo em vista o artigo 334 do CPP, só não haverá audiência de conciliação se ambas as partes expressamente assim desejarem, ou seja, manifestarem desinteresse em conciliar e ainda não haverá audiência de conciliação se não for admitida a auto composição. Vale destacar que não havendo a auto composição o réu terá o prazo de quinze dias para apresentar contestação, contado na forma do artigo 335. Imperioso ressaltar que, após a efetivação da tutela cautelar o autor terá que no prazo de trinta dias para apresentar o pedido principal, sendo facultado a ele formular o pedido principal em conjunto ou não com o pedido de tutela cautelar. E dentro da formulação de tal pedido a causa de pedir poderá ser prorrogada. O prazo para contestação ao pedido principal começa a fluir da realização da audiência de conciliação ou mediação. Na prática, se já tivesse deferido em tutela e a parte já tiver cumprido a obrigação precisa de audiência de conciliação? E se o direito discutido for um direito indisponível e a parte não quiser conciliar/transigir, como é que funciona. A tutela de urgência demanda a ocorrência de providências concretas sendo importante que o deferimento da medida redunde na expedição de uma ordem judicial que possibilite o cumprimento da decisão (como por exemplo, um oficio ao Cartório de Protesto). O parágrafo único do art. 9º excepciona a regra do contraditório para as tutelas provisórias fundadas na urgência e na evidência. Assim, quanto às tutelas provisórias, em qualquer uma de suas modalidades, a regra é que pode ser Itaúna/Mg 2017 concedida antes mesmo de ouvir o demandado. Das decisões (interlocutórias) que concedem tutela provisória (cautelar ou satisfativa, antecipada ou da evidência) cabe agravo de instrumento. As hipóteses de cabimento de agravo de instrumento encontram-se previstas, em numerus clausus, no art. 1.015. Logo no inc. I figura a decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória. O agravo de instrumento não tem efeito suspensivo automático, mas o relator pode concedê-lo (art.1.019, I). O § 3º do art. 300 veda a concessão da tutela de urgência de natureza antecipada quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Embora a urgência sirva para qualificar essa modalidade de tutela, o legislador supervaloriza a probabilidade. Porque na tutela de urgência, a probabilidade é menos acentuada – vez que os requisitos referentes ao fumus boni iuris e ao periculum in mora se somam – do que na tutela da evidência, exige-se que os efeitos sejam reversíveis. Na ponderação, o provável e urgente vale menos que o irreversível. Essa exigência é justificada pela nossa cultura jurídica, que ao longo do tempo sedimentou-se no sentido de pressupor que a realização de um direito exige tutela definitiva. Exemplo: o autor, em juízo de delibação (provisório), demonstra que o réu é culpado pelo acidente automobilístico que o deixou tetraplégico e que tem extrema urgência de tratamento de saúde e alimentos. Mesmo assim, seguindo a literalidade da lei, não poderia o réu ser compelido a prestar alimentos, já que, em razão da situação de carência do autor, uma vez consumidos os alimentos, este não teria condições de restituí-los. Há situações em que, não obstante a irreversibilidade do provimento a ser concedida a urgência é tão premente que a espera pela cognição exauriente é capaz de inviabilizar a própria utilidade da medida. É um caso de potencial irreversibilidade para ambas as partes, diante da qual se permite ao julgador proceder a um juízo de ponderação e assim propender à proteção daquele que, não possuindo o bem da vida naquele momento, sofrerá maior impacto. Exemplo: consumidor que precisa fazer uma cirurgia de emergência, mas o fornecedor (plano de saúde) alega não haver previsão de cobertura. Nesses casos, a jurisprudência entende plausível a mitigação deste requisito negativo, sob a égide do princípio da proporcionalidade. A fim de garantir a restituição das partes ao estado anterior, o beneficiário da tutela de urgência se obriga a indenizar a parte adversa pelos danos experimentados nas seguintes hipóteses, previstas nos incisos do art. 302. Itaúna/Mg 2017 O patrimônio do beneficiário da medida responde pelos prejuízos que a efetivação da tutela acarretar, sendo estes liquidados nos mesmos autos e executados de acordo com as normas estabelecidas para as execuções por quantia certa. A responsabilidade será subjetiva ou objetiva, dependendo da hipótese. Nas hipóteses dos incs. I e IV a responsabilidade será subjetiva, isto é, o ressarcimento do prejuízo dependerá da prova de que o beneficiário da medida agiu com dolo ou culpa ao exercer o direito afirmado. Em decorrência dos atributos do direito fundamental de ação não se pode cogitar de responsabilidade objetiva pelo simples fato de ter movimentado a máquina judiciária com vistas à certificação, com consequente antecipação ou acautelamento, de direito controvertido. Nas demais hipóteses (incs. II e III), a culpa já está inserida na descrição normativa. Cabe ressalvar que alguns doutrinadores admitem a responsabilidade objetiva em qualquer hipótese. Também há precedentes no STJ no sentidode possibilitar a responsabilização objetiva pelo simples fato de a antecipação da tutela não ser confirmada na sentença. 6. DA POSSÍVEL REPARAÇÃO DO DANO NO JULGAMENTO DE MÉRITO IMPROCEDENTE A obrigação de indenizar o dano causado pela execução de tutela antecipada posteriormente revogada é consequência natural da improcedência do pedido. De acordo com o código processo civil em seu artigo 302 inciso I, o autor responde pelos prejuízos causados ao réu devido à efetivação da tutela de urgência. “Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se: I - a sentença lhe for desfavorável; ” Trata-se de Responsabilidade Objetiva, vez que a conduta do autor não depende de comprovação de dolo ou culpa, mas do nexo de causalidade entre sua conduta e o dano causado ao réu. Desta forma mesmo o requerente não tendo agido com dolo, ele deverá indenizar a requerido. Galeno Lacerda fala a respeito da responsabilidade objetiva nas hipóteses do artigo 302 do CPC, quando expõe: “Quem tem interesse, para sua conveniência (cômodo), em Itaúna/Mg 2017 executar a cautelar ou a sentença provisória, suporta a inconveniência (incômodo) de indenizar o prejuízo causado, se decair da medida ou for vencido na ação. Nada mais certo e justo. Tudo não passa de responsabilidade objetiva, decorrente de livre avaliação de risco. (...) como consequência lógica dessa responsabilidade. Ao réu, sem culpa, é que seria sumamente injusto arcar com o dano causado pelo autor.” Independe de pronunciamento judicial, dispensando também, por lógica, pedido da parte interessada. Com mais razão, essa obrigação também independe de pedido reconvencional ou de ação própria para o acertamento da responsabilidade da parte acerca do dano causado pela execução da medida.A sentença de improcedência, quando revoga tutela antecipadamente concedida, constitui, como efeito secundário, título de certeza da obrigação de o autor indenizar o réu pelos danos eventualmente experimentados, cujo valor exato será posteriormente apurado em liquidação nos próprios autos. A tutela de urgência é deferida por conta e risco do requerente, essa responsabilização objetiva tem o objetivo de desmotivar a prática de atos que possam causar danos à parte contrária, inspira-se, conforme entendimento doutrinário, em princípios diversos daqueles que norteiam as demais disposições processuais, as quais buscam reprimir as condutas maliciosas e temerárias das partes no trato com o processo, o chamado improbus litigator. Com o objetivo de desmotivar a prática de atos que possam causar danos à parte contrária. 8. DA RESPONSABILIDADE Conforme observamos no questionamento feito através do referido trabalho, notamos que bens públicos são impenhoráveis, ou seja, não pode haver bloqueio de valores de entes públicos, mesmo que seja para tratamentos oncológicos. O art. 100 da CF deixa nítido que decisões judiciais referentes a pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, deverão ser efetuadas através de emissão de carta precatória. (Grifo nosso). Art. 100. “Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de Itaúna/Mg 2017 pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou seja, portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório.” Nesse caso, é de todo oportuno trazer à baila o entendimento da jurisprudência que obtempera: TRF-4 - Agravo Legal em Agravo de Instrumento AI 50226788120144040000 5022678-81.2014.404.0000 (TRF-4) Data de publicação: 09/10/2014 Ementa: AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO PEDIDO DE TRATAMENTO DE SAÚDE. PEDIDO DE BLOQUEIO DE VALORES. 1. No que concerne às disposições de bloqueio de valores, verifica--se tratar de medida frontalmente contrária ao art. 100, § 2º , da CF de 1988, bem como o art. 730 do CPC . A respeito, importa ter presente que os bens públicos são impenhoráveis e, consequentemente, insuscetíveis de apreensão, neles incluídos os bens das autarquias (in RT 568/107). Nesse sentido, deliberou o Pretório Excelso que os bens do então INPS, hoje INSS, são impenhoráveis (RE nº 69.010-PE, rel. Min. Cunha Peixoto, in RTJ 87/866). Ademais, pacificou-se a jurisprudência no sentido de que, inclusive, os créditos alimentícios estão sujeitos ao precatório, em razão do disposto no art. 100 da C. F. (in Revista Forense, 311/122; 314/94). 2. Mantida a decisão agravada. Encontrado em: Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 3a. Turma. Itaúna/Mg 2017 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DONIZETE, Elpídio. Curso de direito processual civil. Última edição – São Paulo: Atlas, 2016. DIDIER Jr. Fredie, BRAGA, Paula Sarno e OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela – 12. ed. – Salvador: Jus Podivm, 2016. DIDIER, Fredie Jr. Curso didático de direito processual civil – Teoria da prova, direito probatório, decisão, precedente, coisa julgada e tutela provisória. 12. ed. Salvador: JusPodivm. 2017 MONTENEGRO Filho, Misael. Curso didático de direito processual civil. 12. ed. reform. e atual. – São Paulo: Atlas, 2016. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 9. ed. Salvador: Juspodivm. 2017 ORTEGA, Flávia Teixeira. Artigo 515 comentado. Disponível em:> https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/artigos/317933437/tutela-provisoria-e-o-novo- cpc-mudancas-significativas> Acesso em: 19 de agosto de 2017. DONIZETTI, Elpídio. – Curso didático de direito processual civil 19. ed. São Paulo: Atlas, 2016. TARTUCE, Fernanda, DELLORE, Luiz. Manual de prática civil .12. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.
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