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aspectos da agropecuária paraibana

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ASPECTOS DA AGROPECUÁRIA PARAIBANA 
( Texto em fase de elaboração) 
Ivan Targino
*
 
 Natália Maritan Ugulino de Araújo
**
 
Emilia Moreira
***
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Historicamente, a agricultura tem se constituído em atividade base da organização das 
diferentes sociedades humanas. Porém, com a revolução industrial e o desenvolvimento do 
comércio, a agricultura foi perdendo sua importância. Um dos indicadores das economias 
desenvolvidas, inclusive, é a baixa participação da produção agrícola na geração da riqueza 
nacional e o pequeno número de trabalhadores absorvidos por esse setor. 
No entanto, a agricultura desempenha papeis importantes no processo de 
desenvolvimento das economias atrasadas. Dentre esses papeis cabe destacar: a) provimento 
de alimentos para a população urbana em crescimento; b) abastecimento de matérias-primas 
para as indústrias nascentes; c) transferência de capital para o processo de industrialização; d) 
fornecimento de divisas, obtidas pela exportação de produtos primários, para financiar a 
importação dos bens de capital e de bens intermediários necessários ao processo produtivo 
industrial; e) suprimento de mão de obra para o mercado de trabalho urbano. 
No caso específico da Paraíba, a atividade agropecuária tem desempenhado um papel 
fundamental no processo de formação do espaço socioeconômico estadual. Com efeito, até a 
segunda metade do século XX, a economia paraibana era, fundamentalmente, uma economia 
primário-exportadora. Esse setor era responsável por 56,8% do valor adicionado estadual 
(veja Tabela 1), bem como absorvia a maior parte da força de trabalho do Estado. Essa 
importância econômica tinha o seu rebatimento no cenário político. A aristocracia rural 
detinha, efetivamente, o controle do poder político no Estado. Os principais grupos políticos 
tinham na terra a base do seu poder
1
. 
 Ao longo da segunda metade do século XX, a agricultura foi perdendo essa influência 
em consequência de uma série de fatores, podendo ser destacados: 
a) A criação da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), em 
1959, teve um impacto importante no processo de industrialização da Paraíba. O setor 
industrial teve a sua participação no PIB elevada de 9,0%, em 1960, para 26,5% em 
1980 (veja Tabela 1); 
b) O aumento da população urbana e a sua concentração nas maiores cidades têm 
propiciado o aumento do mercado e a criação de novas oportunidades para as 
atividades do setor terciário, de modo que houve um crescimento absoluto e 
percentual desse setor. Na Paraíba, a participação do setor terciário no PIB passou de 
34,3, em 1960, para 72,2%, em 2009 (veja Tabela 1); 
c) O processo de modernização da agropecuária tem reduzido a demanda por 
trabalhadores para a realização das atividades produtivas, contribuindo para o 
incremento do êxodo rural (MOREIRA e TARGINO, 1997). Para isso também 
 
*
 Professor do Departamento de Economia da UFPB. 
**
 Economista pela UFPB e ex-bolsista PIBIC/UFPB. 
***
 Professora do Departamento de Geociências da UFPB. 
1
 Ilustram essa afirmação o poder exercido pelas famílias: Ribeiro Coutinho (na Zona da Mata), Maia (em 
Catolé do Rocha), Gadelha e Mariz (em Souza), Carneiro (em Pombal), Cunha Lima (em Areia), Fernandes (em 
Mamanguape), Maroja (em Itabaiana), Braga (em Conceição), Targino e Maranhão (em Araruna), Pereira (em 
Princesa Izabel), Pessoa (em Umbuzeiro) etc. 
concorreu a extensão dos direitos trabalhistas aos trabalhadores através da 
promulgação do Estatuto do Trabalhador Rural (1963) e do Estatuto da Terra (1964). 
d) A ocorrência de secas periódicas que têm provocado uma redução na capacidade 
produtiva dos estabelecimentos rurais, particularmente no tocante à pecuária, pois a 
recuperação dos rebanhos após uma seca prolongada é bastante lenta. 
e) O declínio das lavouras do algodão e do sisal nas décadas de 1970 e 1980, em 
decorrência da substituição das fibras naturais pelas sintéticas, da queda do preço 
internacional desses produtos e da disseminação da praga do bicudo. 
 
Tabela 1 – Paraíba: Valor adicionado por setores produtivos 
(1960 / 2009) 
Anos 
Setor Agropecuário Setor Industrial Setor de Serviços Total 
Valor % Valor % Valor % Valor % 
1960 1.096.700,65 56,8 173.769,49 9,0 661.833,23 34,3 1.932.303,36 100 
1969 925.724,46 46,7 180.577,71 9,1 877.181,57 44,2 1.983.483,73 100 
1975 932.869,52 27,7 764.560,11 22,7 1.667.696,73 49,6 3.365.126,35 100 
1980 880.502,27 17,7 1.318.514,15 26,5 2.767.851,55 55,7 4.966.867,97 100 
1985 1.220.325,26 20,9 1.609.861,34 27,6 3.005.013,71 51,5 5.835.200,31 100 
1990 1.124.015,23 15,3 1.875.437,63 25,6 4.336.024,93 59,1 7.335.477,80 100 
1991 856.654,34 11,5 1.969.544,43 26,5 4.595.313,73 61,9 7.421.512,50 100 
1992 869.075,82 13,2 1.839.345,14 27,8 3.898.206,90 59,0 6.606.627,87 100 
1993 797.721,45 10,9 2.039.204,50 28,0 4.451.827,42 61,1 7.288.753,37 100 
1994 1.364.809,90 17,2 2.282.390,58 28,8 4.283.955,26 54,0 7.931.155,74 100 
1995 1.488.382,24 19,8 1.933.526,98 25,7 4.092.844,12 54,5 7.514.753,35 100 
1996 1.415.328,09 18,0 2.083.681,25 26,5 4.378.386,11 55,6 7.877.395,45 100 
1997 1.130.170,45 14,4 2.306.571,90 29,5 4.393.597,84 56,1 7.830.340,19 100 
1998 758.418,52 9,7 2.388.187,59 30,6 4.650.176,10 59,6 7.796.782,21 100 
1999 931.623,41 12,1 2.375.762,34 30,8 4.418.109,35 57,2 7.725.495,11 100 
2000 1.084.693,81 12,7 2.578.546,99 30,2 4.870.542,18 57,1 8.533.782,98 100 
2001 1.067.825,01 12,2 2.839.450,49 32,5 4.822.316,47 55,2 8.729.591,97 100 
2002 700.261,26 7,6 2.182.410,27 23,6 6.353.453,18 68,8 9.236.124,71 100 
2003 845.973,12 9,1 2.195.799,43 23,7 6.230.418,79 67,2 9.272.191,34 100 
2004 735.890,78 8,1 2.124.940,65 23,4 6.232.616,73 68,5 9.093.448,15 100 
2005 675.648,44 7,1 2.137.642,81 22,5 6.678.024,52 70,4 9.491.315,77 100 
2006 763.536,22 7,2 2.333.609,49 22,0 7.514.566,69 70,8 10.611.712,41 100 
2007 627.051,61 5,6 2.503.062,50 22,4 8.048.225,44 72,0 11.178.339,55 100 
2008 729.422,89 6,1 2.563.422,55 21,4 8.659.312,58 72,4 11.952.158,02 100 
2009 712.081,62 5,7 2.767.957,42 22,1 9.040.144,32 72,2 12.520.183,37 100 
Fonte: Ipeadata. 
Nota: Valores constantes; ano base 2000. 
 
 Observa-se que, apesar do setor agropecuário desempenhar um papel fundamental na 
economia paraibana desde o início de sua história, a dinâmica da sua evolução trouxe consigo 
aspectos bastante negativos como a forte concentração da propriedade fundiária e o alto nível 
de pobreza vigente no seio da população rural. Vale lembrar, portanto, que o desenvolvimento 
econômico engloba não só a modernização e o crescimento da produção, mas principalmente 
a forma como os frutos dessa modernização são distribuídos entre a população, gerando, entre 
outros fatores, uma redução da pobreza. Celso Furtado definiu o desenvolvimento econômico 
como: 
... um processo de mudança social pelo qual um número crescente de 
necessidades humanas – preexistentes ou criadas pela própria mudança – são 
satisfeitas através de uma diferenciação no sistema produtivo decorrente da 
introdução de inovações tecnológicas. (FURTADO, 1964). 
 
Diante do exposto, o presente trabalho buscará analisar o desempenho do setor 
agropecuário do Estado da Paraíba durante as últimas décadas, com ênfase nos seguintes 
objetivos específicos de estudo: a) a participação da agropecuária no PIB estadual; b) a 
estrutura fundiária; c) a base técnica da produção; d) a evolução das principais lavouras e 
rebanhos; e) a situação da mão de obra ocupada na agropecuária e; f) o comportamento das 
políticas públicas. 
Para atingir o objetivo proposto por este trabalho, foi necessário, além de uma 
pesquisa bibliográfica,um levantamento de dados estatísticos. As principais informações 
estatísticas foram coletadas: 
a) no IPEADATA (Base de Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada): dados 
acerca do Produto Interno Bruto estadual, regional e nacional, e da participação dos setores de 
atividade na geração do valor adicionado no contexto econômico estadual; 
b) no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): dados sobre a estrutura fundiária, 
a base técnica da produção e o uso de irrigação dos estabelecimentos agropecuários nos 
Censos Agropecuários da Paraíba de 1995/1996 e 2006; dados relativos às principais lavouras 
temporárias e permanentes e aos principais rebanhos nas pesquisas sobre produção agrícola 
municipal e pecuária municipal de 2000 a 2009; e dados acerca da mão de obra ocupada na 
agropecuária na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2009. 
c) na SEDAP (Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca): dados 
relativos à situação dos projetos de irrigação; 
d) no Banco Central do Brasil: dados sobre os financiamentos de custeio, investimento e 
comercialização concedidos a produtores e cooperativas do setor agrícola e pecuário nos 
Anuários Estatísticos do Crédito Rural de 2000 a 2009; 
e) no INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária): dados acerca dos 
projetos de assentamento criados durante a década de 2000. 
 
1. PARTICIPAÇÃO DA AGROPECUÁRIA NO PIB ESTADUAL 
Ao longo das duas últimas décadas (1990-2009), a participação da Paraíba no PIB 
regional e no PIB nacional alcançou em média 6,31% e 0,82%%, respectivamente, 
evidenciando a pequena dimensão da economia paraibana no contexto regional e nacional. 
Durante o período compreendido entre os anos 2000 e 2009, o produto interno bruto a preços 
constantes do Estado da Paraíba apresentou um crescimento de 44%, valor este levemente 
superior ao crescimento do PIB regional e do PIB nacional, que foi da ordem de 43%. Esse 
ritmo mais elevado de crescimento, embora pequeno, teve como efeito um pequeno aumento 
na participação do PIB estadual frente ao PIB regional e nacional, situando em 6,38% e 0,83%, 
respectivamente, conforme mostram os dados da Tabela 2. 
Esses dados mostram que o Estado da Paraíba integra a periferia do sistema 
econômico nacional, ocupando a 20ª posição quanto ao PIB, e a 24ª posição quanto ao PIB 
per capita. A ação das políticas de desenvolvimento implementadas seja pela União seja pelo 
governo estadual ainda não foi capaz de reverter esse quadro, e seu desenvolvimento 
encontra-se subordinado aos interesses do grande capital que se concentra, principalmente, no 
centro econômico do país. 
 
Tabela 2 – Brasil, Nordeste e Paraíba: Produto Interno Bruto a preços constantes* 
(2000 a 2009) 
 
Anos 
PIB a preços constantes 
Participação 
Relativa (%) 
Brasil Nordeste Paraíba PB/BR PB/NE 
1990 922.362.377,78 118.645.601,60 7.796.664,13 0,85 6,57 
1991 931.876.400,69 124.602.083,13 7.880.943,01 0,85 6,32 
1992 927.525.330,70 119.830.901,08 6.880.375,79 0,74 5,74 
1993 970.795.787,46 124.444.071,72 7.361.580,47 0,76 5,92 
1994 1022582094,71 131.624.054,98 8.304.193,67 0,81 6,31 
1995 977.790.284,00 124.968.946,83 8.056.376,35 0,82 6,45 
1996 1.006.603.239,40 132.592.395,67 8.463.870,40 0,84 6,38 
1997 1.045.399.951,55 136.796.625,51 8.391.220,78 0,80 6,13 
1998 1.052.953.980,32 137.430.888,59 8.364.116,42 0,79 6,09 
1999 1.034.003.018,57 135.559.336,42 8.426.921,63 0,81 6,22 
2000 1.101.254.907,19 144.134.602,57 9.237.736,76 0,84 6,41 
2001 1.100.080.008,81 144.355.984,13 9.426.548,50 0,86 6,53 
2002 1.226.733.235,14 159.039.332,01 10.321.326,50 0,84 6,49 
2003 1.240.799.172,19 158.416.555,75 10.333.864,41 0,83 6,52 
2004 1.311.677.726,68 166.902.103,73 10.149.143,77 0,77 6,08 
2005 1.353.122.396,19 176.790.634,43 10.630.083,28 0,79 6,01 
2006 1.406.665.463,08 184.689.751,75 11.844.279,54 0,84 6,41 
2007 1.492.351.812,70 195.027.565,87 12.449.655,33 0,83 6,38 
2008 1.569.530.186,09 205.753.993,68 13.301.103,93 0,85 6,46 
2009 1.564.354.789,73 211.381.150,54 13.868.624,08 0,89 6,56 
Fonte: IPEADATA – Contas Nacionais. 
Nota: * em R$1.000 de 2000. 
 
No tocante ao comportamento do setor agropecuário paraibano durante o período 
estudado, a situação é mais preocupante ainda. Verifica-se, de acordo com os dados expostos 
na Tabela 1, que o valor adicionado da agricultura apresentou uma queda de, 
aproximadamente, 37% em valores absolutos. Enquanto que sua participação no valor 
adicionada estadual, declina de 15,3%, em 1990, para 5,7%, em 2009 (veja Gráfico 1). 
Convém observar que essa tendência de redução da importância relativa do setor primário se 
deu, sobretudo, em razão do forte crescimento do setor terciário, que teve sua participação 
ampliada de 59,1%, em 1990, para 72,2%, em 2009. 
Na última década (2000 – 2009), verifica-se que esta tendência se consolidou, pois 
declinou R$1.084.693,81, em 2000, para R$712.081,62, em 2009, o equivalente a uma 
redução da ordem de 35%. Em termos de participação relativa na composição do valor 
adicionado estadual, em 2000, a participação relativa da agropecuária no valor adicionado 
paraibano era de 8,9%, crescendo e atingindo 9,1%, em 2003, e terminando a década com 
apenas 5,7%. O decréscimo da participação do setor primário na composição do valor 
adicionado estadual foi compensado pelo aumento da participação do setor industrial e do 
setor de serviços, como mostra o Gráfico 1. 
Gráfico 1 – Paraíba: composição do valor adicionado segundo os setores de atividade 
(1990-2009) 
 
 
Fonte: IBGE – Contas regionais. 
 
 Da observação do Gráfico 1, fica também evidenciado o impacto das secas periódicas sobre a 
atividade primária do Estado
2
. Com efeito, nos anos de 1993 e de 1997/98 o estado da Paraíba foi 
afetado por grave seca que provocou a redução tanto no valor adicionado da agropecuária (veja Tabela 
1), quanto na participação desse setor na economia estadual (veja Gráfico 1). 
 
2. ESTRUTURA FUNDIÁRIA 
 
A estrutura fundiária refere-se à forma como as terras de uma sociedade estão 
distribuídas entre os que detêm o seu controle, levando em consideração o número e o 
tamanho dos estabelecimentos. A organização da produção agropecuária é marcada, desde o 
período colonial quando vigorava o sistema de concessão de terras através de sesmarias, por 
uma forte concentração fundiária. 
A Tabela 3 mostra a distribuição do número e da área total dos estabelecimentos 
agropecuários segundo grupos de área, de acordo com os dados do censo agropecuário 
paraibano de 2006. 
 
Tabela 3 – Paraíba: Distribuição do número e da área dos estabelecimentos agropecuários, 
segundo grupos de área – 2006 
Grupos de Área Total (ha) 
Número de Estabelecimentos Área Total (ha) 
Fr. Absoluta Fr. Relativa Fr. Absoluta Fr. Relativa 
Até 10 118.168 70,6 317.045 8,4 
De 10 a menos de 20 19.329 11,6 255.966 6,8 
De 20 a menos de 50 16.037 9,6 480.498 12,7 
De 50 a menos de 100 6.506 3,9 438.274 11,6 
De 100 a menos de 500 6.180 3,7 1.228.954 32,5 
De 500 a menos de 1.000 723 0,4 471.533 12,5 
De 1.000 a menos de 2.500 286 0,2 399.175 10,6 
De 2.500 e mais 43 0,0 191.433 5,1 
Total 167.272 100,0 3.782.878 100,0 
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário da Paraíba 2006. 
Com base nesses dados, pode-se observar que os estabelecimentos com menos de 50 
hectares correspondiam a aproximadamente 91,8% do número total de estabelecimentos, 
abrangendo, no entanto, apenas 27,9% da área total. Enquanto isso, aqueles com mais de mil 
 
2
 Para uma visão mais completa das secas e seus impactos sobre a agricultura veja Targinoe Moreira (2006). 
15,3 
11,5 13,2 10,9 
17,2 19,8 18 
14,4 
9,7 12,1 
12,7 12,2 
7,6 9,1 8,1 7,1 7,2 5,6 6,1 5,7 
25,6 26,5 27,8 28 
28,8 
25,7 26,5 
29,5 30,6 30,8 30,2 
32,5 
23,6 23,7 23,4 22,5 22 22,4 21,4 22,1 
59,1 
61,9 
59 61,1 
54 54,5 55,6 56,1 
59,6 57,2 57,1 55,2 
68,8 67,2 68,5 
70,4 70,8 72 72,4 72,2 
0 
10 
20 
30 
40 
50 
60 
70 
80 
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 
Primário % Secundário % Terciário % 
hectares totalizavam 0,2% do número de estabelecimentos e detinham 15,7% da área total dos 
mesmos. 
Fazendo-se uma comparação com os dados do censo agropecuário de 1995/1996, 
verifica-se que cresceu o número dos estabelecimentos agropecuários com menos de 50 
hectares e sua participação na área total. Caso contrário ocorreu com aqueles com mais de mil 
hectares, conforme constatado pela citação a seguir: 
Segundo os dados do censo agropecuário de 1995/1996, dos 146,4 mil 
estabelecimentos recenseados naquele ano, 89,9% tinham menos de 50 hectares e se 
apropriavam de apenas 22,89% da área total dos estabelecimentos. No outro 
extremo da distribuição, tem-se que os estabelecimentos com mais de mil hectares 
somavam 420, representando menos de 0,3% do total, mas que, em contrapartida, 
detinham 18,5% da área total. (TARGINO e MOREIRA, 2006, p. 51) 
Estes fatos mostram que, durante os anos compreendidos entre os censos 
agropecuários de 1995/1996 e 2006, os pequenos estabelecimentos passaram a ter uma maior 
participação na área total, o que pode ser atribuído, em parte, à política agrária implementada 
no período. Essa melhora no padrão de distribuição da propriedade fundiária pode ser 
comprovada, também, pela queda no valor do índice de Gini, que passou de 0,834, em 
1995/1996, para 0,822, em 2006. 
Porém, convém lembrar que esses dados não evidenciam toda a dimensão da 
concentração fundiária no Estado: de um lado, tem-se que muitos proprietários possuem mais 
de um estabelecimento agropecuário; de outro lado, ainda é significativo o número de 
trabalhadores rurais sem qualquer tipo de propriedade. 
Vale lembrar também que, para evitar desapropriações, muitos proprietários dividiram 
as suas propriedades com os seus herdeiros, de modo a ficar no limite legal do tamanho de 
propriedade que não pode ser objeto de desapropriação e não poderem, assim, ser 
classificados como latifúndios por extensão, de acordo com o Estatuto da Terra. 
 
3. BASE TÉCNICA DA PRODUÇÃO 
Na segunda metade do século XX, ocorreram mudanças substanciais nas relações 
técnicas de produção na agricultura brasileira. Para tanto contribuíram uma série de fatores, 
tais como: a implantação e consolidação das indústrias automotiva e química, o 
desenvolvimento dos complexos agroindustriais, a constituição do Sistema Nacional de 
Crédito Rural, o aumento da população, particularmente da urbana, que passou a demandar 
uma quantidade maior de alimentos etc. As modificações na base técnica da produção 
seguiram três vetores principais: a mecanização, a quimificação e a biotecnologia. O padrão 
de difusão das novas tecnologias, no entanto, não se fez de modo homogêneo nem em relação 
aos diferentes espaços agrários nem em relação às culturas (KAGEYAMA & SILVA, 1983). 
No caso da Paraíba, as transformações mais marcantes só vieram a ocorrer na década 
de setenta sob os efeitos dos programas governamentais, tais como: POLONORDESTE, 
Projeto Sertanejo e, sobretudo, do PROALCOOL. Segundo o censo de 1970, havia na Paraíba 
822 tratores e 659 arados mecânicos. Esses valores saltaram para 3.190 e 2.275, 
respectivamente, em 1980. Tem-se, portanto, um forte incremento no processo de 
mecanização da agropecuária durante a década de setenta. Ocorreu igualmente o avanço da 
quimificação da agricultura durante o período em foco. O número de estabelecimentos que 
declararam fazer uso de adubos químicos saltou de 579, em 1970, para 6.000, em 1980. Essa 
melhoria da base técnica processou-se de modo bastante diferenciado no espaço agrário 
estadual. De acordo com Moreira e Targino, 
A melhoria do padrão técnico adotado pela agropecuária foi maior na área 
de tradição canavieira e nas de expansão recente da cana-de-açúcar situadas 
na Zona da Mata, isto é, nas áreas de maior atuação do PROALCOOL. Ela 
foi também importante em algumas microrregiões sertanejas, em particular, 
naquelas onde a expansão da atividade pecuária se deu de modo 
significativo. (MOREIRA e TARGINO, 1997, p.202) 
Ao se comparar os dados de 1980 com os dos dois últimos censos agropecuários 
(1995/96 e 2006), fica evidenciado um claro arrefecimento da tendência de crescimento da 
mecanização da agropecuária. Por ocasião dos dois últimos recenseamentos, havia na Paraíba 
3.225 e 2.2896 tratores, respectivamente. No último intervalo censitário, o número de tratores 
declinou, situando-se abaixo do número existente em 1980 (3.190 tratores). Tal 
comportamento pode ser atribuído, fundamentalmente, à retração das principais lavouras e à 
contração do crédito agrícola (particularmente forte durante a década de 1990). 
 
Tabela 4 - Paraíba: Valor* das despesas com investimento por tamanho de área, segundo tipo 
de despesa - 1995/96 
(Em R$1.000) 
Tipo de Investimento 
Tamanho dos estabelecimentos (ha) Total 
- de 10 10 a 100 
100 a 
1000 
1000 e + Fr. Abs. Fr. Rel. 
Terras adquiridas 746 2.112 2.215 155 5.228 15,6 
Bens imóveis 3.315 7.221 8.265 1532 20.333 60,6 
Novas culturas permanentes 1.132 731 .376 26 2.265 6,8 
Novas matas plantadas 1.132 731 .376 26 2.265 6,8 
Veículos (novos e usados) 9 60 81 64 214 0,6 
Máquinas e implementos 585 1.363 1.500 258 3.706 11,1 
Compra de animais 257 535 915 218 1.925 5,7 
Total do investimento 9.261 13.007 9.935 1.330 33.533 100,0 
Fonte: IBGE – Censos Agropecuários de 1995/96e de 2006 
Nota: Valores correntes 
 
No tocante à utilização de produtos químicos, o avanço foi mais significativo, mas 
mesmo assim ainda bastante limitado. Como dito anteriormente, em 1980, apenas 6.000 
estabelecimentos informaram o uso de adubos químicos. Já no censo de 1995/96, esse número 
elevou-se para 14.877, o que equivale a menos de 10,1% do total dos estabelecimentos. O 
número de informantes que declararam o uso de agrotóxicos era mais expressivo (69.013), 
mas que não alcançava a metade dos estabelecimentos (47,1%). De acordo com o censo de 
2006, esses números eram de 25.925 e 48.719, respectivamente. Observando-se, portanto, um 
aumento no número de estabelecimentos que utilizam adubos e retração no número que utiliza 
agrotóxicos. 
A prática de irrigação, como será visto com maiores detalhes na terceira seção deste 
trabalho, ainda é bastante restrita. Segundo o censo e 1995/96, apenas 9,2 mil 
estabelecimentos declararam fazer uso de algum tipo de irrigação o que equivalia a 6,2% do 
número total de estabelecimentos. Em 2006, esse número era de 11.419, representando 6,8% 
do total dos estabelecimentos. 
Esses dados permitem traçar um perfil bastante conservador da base técnica da 
produção agropecuária estadual e com uma nítida tendência de abrandamento de incorporação 
tecnológica durante os anos noventa, à exceção da difusão do uso de produtos químicos. 
Contudo, a expansão do uso desses produtos permite levantar uma preocupação quanto à 
correção na sua aplicação, tendo em vista a pequena cobertura da assistência técnica que 
atingia apenas 4,8% dos estabelecimentos rurais recenseados. 
Através de dados do censo agropecuário 2006, constata-se que essa tendência persistiu 
durante a década de 2000, como pode ser constatado pelo pequeno percentual dos 
estabelecimentos que declararamter realizado algum investimento: 31.130 estabelecimentos 
agropecuários, representando apenas 18,6% do total de estabelecimentos recenseados. Desse 
total, 15.709 (50,5%) correspondiam aos estabelecimentos com menos de 10 hectares, e 
somente 130 (0,42%) correspondiam àqueles com mais de 1.000 hectares. Fica assim 
evidenciada a pequena preocupação dos proprietários em ampliarem a capacidade produtiva 
de suas propriedades, sobretudo nas médias e grandes propriedades. Por outro lado, esse 
comportamento também é evidenciado quando se compara o valor das despesas com 
investimento em relação ao valor da produção dos estabelecimentos agropecuários. Em 2006, 
essa participação foi de apenas 7,6%. 
Em relação ao valor das despesas com investimentos para a melhoria da base técnica 
segundo os grupos de área, verifica-se, com base nos dados da Tabela 5, que os 
estabelecimentos com menos de 100 hectares foram responsáveis por mais de 70% do valor 
total dos investimentos, enquanto que as despesas com investimento dos estabelecimentos 
com mais de 1000 hectares representaram apenas 5,2% do total. 
 
Tabela 5 – Paraíba: Valor* das despesas com investimento por tamanho de área, segundo tipo 
de despesa – 2006 (Em R$1.000) 
Tipo de Investimento 
Tamanho dos estabelecimentos (ha) Total 
- de 10 10 a 100 
100 a 
1000 
1000 e + Fr. Abs. Fr. Rel. 
Terras adquiridas 2.788 5.728 3.517 227 12.260 10,5 
Bens imóveis 14.272 18.121 9323 2.766 44.482 38,0 
Novas culturas permanentes 1.011 1.072 1.272 91 3.446 2,9 
Novas matas plantadas 72 132 63 - 267 0,2 
Veículos (novos e usados) 5.777 6.427 3.135 1.049 16.388 14,0 
Máquinas e implementos 948 862 1.076 482 3.368 2,9 
Compra de animais para 
reprodução e/ou trabalho 
8.588 17.417 9.424 1.514 36.943 31,5 
Total do investimento 33.456 49.759 27.810 6.129 117.154 100,0 
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006. 
Nota: Valores correntes. 
 
A composição das despesas com investimento também levanta algumas preocupações 
sobre a ampliação da capacidade produtiva dos estabelecimentos rurais. As maiores despesas 
foram realizadas com aquisição de bens imóveis (38,0%), compra de animais (31,5%), com 
veículos (14,0%) e aquisição de terras (10,5%). Já as despesas com aquisição de máquinas e 
implementos (2,9%), com implantação de novas culturas permanentes (2,9%) que 
representariam um aumento efetivo da capacidade produtiva dos estabelecimentos tiveram 
uma pequena participação. Chama também atenção o pequeno volume de recursos destinados 
ao plantio de novas matas, vale dizer, com a preocupação em preservar e recuperar as áreas de 
cobertura vegetal. 
 
 
4. EVOLUÇÃO DAS PRINCIPAIS LAVOURAS E DOS REBANHOS 
 
A década de 90 foi marcada por fatores que afetaram negativamente a produção das 
lavouras e rebanhos, como a persistência da crise nas atividades canavieira, algodoeira
3
, 
sisaleira
4
 e pecuária. Porém, ocorreu também o surgimento de fatores positivos como: “a) o 
avanço da área cultivada com abacaxi; b) a ampliação da produção de produtos da policultura 
básica; c) a tentativa de resgate da cultura do algodão através do estímulo à produção do 
algodão herbáceo com ênfase para o “algodão colorido” e; d) o incentivo a expansão da 
caprinocultura”. (TARGINO e MOREIRA, 2006). Ao longo da década de 2000, observa-se 
que permanece a tendência de redução da maior parte das lavouras bem como dos rebanhos, 
como será visto a seguir. 
De acordo com os dados da Tabela 6, em 2006, a produção agropecuária paraibana era 
de R$ 1.516.754. Desse total, 68% correspondiam à produção vegetal
5
, 32% à produção 
animal. Comparativamente ao Brasil e ao Nordeste, constata-se a pequena participação do 
Estado no valor da produção agropecuária nacional e regional: 0,9% e 5,2%, respectivamente. 
 
Tabela 6 – Brasil, Nordeste e Paraíba: Valor da produção agropecuária (2006) 
 
Especificação Brasil Nordeste Paraíba PB/BR PB/NE 
Total 163.986.295 29.218.651 1.516.754 0,9 5,2 
Animal 48.216.490 6.851.122 476.611 1,0 7,0 
Vegetal 114.698.152 22.029.666 1.032.102 0,9 4,7 
Outros 107.653 337.863 8.041 7,5 2,4 
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário de 2006. 
Nota: (*) valores correntes. 
 
4.1 A produção de lavouras 
 
 A produção de lavouras é o segmento mais importante do setor agropecuário estadual. 
Com efeito, o valor da produção das lavouras (permanentes e temporárias), representava 61% 
do total do valor da produção agropecuária paraibana, em 2006. 
 Essa produção encontra-se desigualmente distribuída no território estadual (veja Mapa 
1), guardando uma estreita relação com as condições edafoclimáticas das diferentes regiões do 
Estado. Como se pode observar a maior densidade da produção de lavouras encontra-se em 
municípios da Mata Paraibana e do Agreste Paraibano (particularmente nas microrregiões do 
Brejo Paraibano, de Esperança e de Campina Grande) e em alguns municípios da 
microrregião da Serra de Teixeira e de Sousa. As mais baixas densidades de produção são 
encontradas na mesorregião da Borborema e na Mesorregião do Sertão Paraibano. 
 
 
 
3 Convém lembrar que a lavoura do algodão da Paraíba, sofreu um grande golpe com a disseminação da praga do 
bicudo na primeira metade da década de 1980. Em 1984, quando desencadeou a praga do bicudo, a Paraíba 
produziu 46,6 mil toneladas de algodão herbáceo e 109,1 mil toneladas de algodão arbóreo. Lembra-se também 
que a produção algodoeira já vinha sofrendo com a redução dos preços internacionais do produto, decorrente da 
competição com as fibras sintéticas. 
4 Também a lavoura do sisal que tinha se propagado, rapidamente, na Paraíba a partir da década de 1940 entra 
em declínio já no final da década de 1970. Em 1979, a produção paraibana de sisal foi da ordem de 102 mil 
toneladas da fibra. O produto que tinha encontrado condições naturais favoráveis ao seu desenvolvimento, 
sobretudo no Agreste e na Borborema, entra em rápido declínio em virtude da queda do preço internacional do 
produto, resultado tanto do advento das fibras sintéticas, quanto do aumento da produção em alguns países 
africanos. 
5
 A produção vegetal inclui as lavouras temporárias e permanentes, silvicultura, horticultura e floricultura. 
 
Mapa 1 – Distribuição do valor da produção total de lavouras segundo os municípios por 
faixas de valor da produção – 2009 
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal 
 
A seguir é feita uma rápida discussão a respeito da produção das lavouras temporárias 
e das permanentes. 
 
4.1.1 As lavouras temporárias 
 
Em 2006, o cultivo das lavouras temporárias apresentava uma ligeira vantagem em 
relação às temporárias. De conformidade com o Censo Agropecuário de 2006, as lavouras 
temporárias respondiam por um pouco mais da metade do valor da produção vegetal estadual 
(52%). 
Da observação do Anexo 1, podem ser destacados os seguintes aspectos: 
a) É pequeno o número de lavouras temporárias cultivadas na Paraíba. De acordo com o 
censo, apenas 19 culturas tiveram produção registrada por ocasião do recenseamento; 
b) Além do pequeno número recenseado de lavouras, há uma forte concentração em 
alguns poucos produtos, com destaque para: cana-de-açúcar, abacaxi, mandioca, feijão, milho, 
tomate; 
c) Durante as duas últimas décadas, constata-se um forte declínio da produção agrícola 
da quase totalidade dos produtos, quando se considera os dois anos extremos dá série. No 
entanto, para alguns produtos, como cana-de-açúcar e abacaxi, tem-se que na década de 2000, 
houve uma reversão dessa tendência. 
 
 
Gráfico 1- Produção da cana-de-açúcar (ton) 
Gráfico 2 - Produção de abacaxi (mil frutos) 
0 
1.000.000 
2.000.000 
3.000.0004.000.000 
5.000.000 
6.000.000 
7.000.000 
8.000.000 
9.000.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 0 
50.000 
100.000 
150.000 
200.000 
250.000 
300.000 
350.000 
400.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
 
Gráfico 3 – Produção de mandioca (ton) 
 
Gráfico 4 – Produção de feijão (ton) 
 
Gráfico 5 – Produção de milho (ton) 
 
Gráfico 6 – Produção de batata doce (ton) 
Fonte: IBGE – Produção agropecuária municipal 
 
d) No tocante à cana-de-açúcar, principal lavoura estadual tanto em termos de valor da 
produção quanto em quantidade produzida, após a forte crise registrada na década de 1990, a 
recuperação da lavoura na primeira década do século XXI resultou de uma conjunção de 
fatores, podendo ser ressaltados: aumento da demanda e do preço do produto no mercado 
internacional, resultado da abertura do mercado europeu para o açúcar procedente do Brasil, 
da redução da produção indiana, e da elevação do preço do petróleo (em novembro de 2001, 
o barril do petróleo custava US$ 19,15, tendo atingido US$ 132,55 em julho de 2008); 
e) Apesar da tendência declinante da maior parte dos produtos, deve ser lembrado que 
uma das características mais marcante da produção das lavouras temporárias é a forte 
oscilação da sua produção, particularmente por ocasião das secas periódicas, que afetaram a 
Paraíba em 1993 e 1998/99. 
Outro aspectos que deve ser destacado é a forte concentração espacial da produção de 
lavouras temporárias, como pode ser observado no Mapa 2. 
 
Mapa 2 – Distribuição do valor da produção de lavouras temporárias segundo os municípios 
por faixas de valor da produção – 2009 
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal 
0 
50.000 
100.000 
150.000 
200.000 
250.000 
300.000 
350.000 
400.000 
450.000 
500.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
0 
20.000 
40.000 
60.000 
80.000 
100.000 
120.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
0 
50.000 
100.000 
150.000 
200.000 
250.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
0 
10.000 
20.000 
30.000 
40.000 
50.000 
60.000 
70.000 
80.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
As manchas de maior densidade do valor da produção de lavouras temporárias 
encontram-se na mesorregião da Mata Paraibana (produção de cana e de abacaxi), no entorno 
de Campina Grande (produção de lavouras alimentares), na microrregião de Araruna (feijão), 
em municípios da Serra de Teixeira (produção de feijão), em Sousa (produção irrigada de 
feijão, milho e frutas), município de Boqueirão (tomate). 
 
4.1.2 Lavouras permanentes 
 
 No tocante às lavouras permanentes, de acordo com as informações contidas no Anexo 
2, tem-se que algumas culturas, em termos de quantidade produtiva, se destacam no contexto 
estadual, a saber: banana, coco da baía, mamão e manga. A maioria dos produtos sofreu uma 
redução na sua quantidade produzida. Os casos mais chamativos são: goiaba, laranja, limão, 
manga e sisal, como pode ser visualizados nos gráficos abaixo: 
 
 
Gráfico 7 – Paraíba: Produção de goiaba 
 
Gráfico 8 – Paraíba: Produção de laranja 
 
Gráfico 9 – Paraíba: Produção de mamão 
 
Gráfico 10 – Paraíba: Produção de manga 
 
Gráfico 11 – Paraíba: Produção de sisal 
 
Gráfico 12 – Paraíba: Produção de algodão arbóreo 
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. 
 
Pela importância que já tiveram na organização agrícola estadual, chama a atenção o 
caso das lavouras do algodão arbóreo e do sisal. Até a década de 1970, esses dois produtos, 
0 
20.000 
40.000 
60.000 
80.000 
100.000 
120.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
0 
20.000 
40.000 
60.000 
80.000 
100.000 
120.000 
140.000 
0 
2.000 
4.000 
6.000 
8.000 
10.000 
12.000 
14.000 
16.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
0 
20.000 
40.000 
60.000 
80.000 
100.000 
120.000 
140.000 
160.000 
180.000 
200.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
0 
10.000 
20.000 
30.000 
40.000 
50.000 
60.000 
70.000 
19
9
0 
19
9
1 
19
9
2 
19
9
3 
19
9
4 
19
9
5 
19
9
6 
19
9
7 
19
9
8 
19
9
9 
20
0
0 
20
0
1 
20
0
2 
20
0
3 
20
0
4 
20
0
5 
20
0
6 
20
0
7 
20
0
8 
20
0
9 
20
1
0 
20
1
1 
0 
1.000 
2.000 
3.000 
4.000 
5.000 
6.000 
7.000 
8.000 
9.000 
10.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
juntamente com a cana-de-açúcar comandavam a dinâmica do espaço agrário estadual
6
. Como 
pode ser visto nos Gráficos 11 e 12, atualmente, a produção dessas lavouras é inexpressiva. 
Ao contrário dessas lavouras, quatro lavouras permanentes têm uma evolução bastante 
positiva durante o período em foco, a saber: banana, coco, tangerina e maracujá, como pode 
ser visualizado nos gráficos 13, 14, 15 e 16. 
 
 
Gráfico 13 – Paraíba: Produção de banana 
 
Gráfico 14 – Paraíba: Produção de coco 
 
Gráfico 15 – Paraíba: Produção de tangerina 
 
Gráfico 16 – Paraíba: Produção de maracujá 
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. 
 
A produção de banana está concentrada nas microrregiões do Brejo Paraibano e de 
Sousa. A expansão recente no Brejo Paraibano deu-se como uma estratégia de substituição da 
lavoura canavieira que até a década de 1980 dominava aquele espaço agrário. No caso da 
microrregião de Sousa o crescimento se deu nas áreas irrigadas, particularmente no Perímetro 
Irrigado de São Gonçalo e no Projeto Várzeas de Sousa. No caso do coco da baía, 
tradicionalmente, essa lavoura se desenvolvia na região litorânea. Atualmente, essa cultura 
tem se expandido no Projeto Várzea de Sousa. Essa última área é a responsável pelo 
crescimento recente da cultura na Paraíba. 
Quanto à produção de tangerina e de maracujá, tem-se um crescimento expressivo na 
segunda metade da década de 1990, tendo experimentado uma queda expressiva na década de 
2000, mas apesar dessa queda, ainda encontra-se em um nível bem mais elevado do que 
aquele verificado em 1990. 
De modo geral, pode-se afirmar que a expansão da fruticultura é o fato mais marcante 
e significativo que ocorreu nas últimas décadas na produção agrícola do Estado. 
Em termos de valor da produção, em 2006, as lavouras permanentes mais importantes 
eram a banana, o coco da baía e o mamão. 
Também em relação às lavouras permanentes, verifica-se uma forte concentração 
espacial, conforme pode ser verificado no Mapa 3. Ao se comparar o Mapa 3 com o Mapa 2, 
 
6
 Em 1977, a Paraíba produziu 111,3 mil toneladas de algodão (77,2 mil toneladas de algodão arbóreo e 34,1 
mil toneladas de algodão herbáceo) e 103 mil toneladas de sisal. Em 1994, a produção desses dois produtos foi 
de 20 mil toneladas de algodão (1,6 mil tonelada de algodão arbóreo e 18,4 mil toneladas de algodão 
herbáceo) e 27 mil toneladas de sisal, de acordo com os dados da Produção Agrícola Municipal do IBGE. 
0 
50.000 
100.000 
150.000 
200.000 
250.000 
300.000 
350.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
0 
10.000 
20.000 
30.000 
40.000 
50.000 
60.000 
70.000 
80.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
0 
10.000 
20.000 
30.000 
40.000 
50.000 
60.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
010.000 
20.000 
30.000 
40.000 
50.000 
60.000 
70.000 
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 
podem ser ressaltados os seguintes aspectos: 
a) Concentração da produção na mesorregião da Mata Paraibana é menos acentuada do 
que a produção de lavouras temporárias; 
b) Há uma maior concentração nos municípios situados no entorno de Campina Grande, 
na microrregião do Brejo Paraibano, nos municípios de Araruna, Cuité e Natuba 
(Brejos Serranos do Agreste) e no município de Sousa em virtude do Projeto Várzeas 
de Sousa e do Perímetro Irrigado de São Gonçalo. 
 
Mapa 3 – Distribuição do valor da produção de lavouras permanentes segundo os municípios 
por faixas de valor da produção – 2009 
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal 
 
4.2 A produção pecuária 
 
 Como se sabe, a pecuária foi a atividade responsável pela ocupação do todo o espaço 
interiorano da Paraíba. Atualmente, o valor da produção animal corresponde a 32% do valor 
da produção do setor primário estadual. Além da produção de aves, os rebanhos mais 
importantes são o bovino, o caprino, o ovino e o suíno. A seguir comenta-se a evolução de 
cada um desses rebanhos nas duas últimas décadas. 
 
4.2.1 O rebanho bovino 
 
A Tabela 7 expõe os dados relativos à evolução do rebanho bovino estadual nas 
últimas décadas. Da análise desses dados podem ser ressaltados os seguintes pontos: 
 
a) Ao se considerar os anos extremos da série (1990 e 2011), tem-se que o rebanho 
bovino estadual permaneceu, praticamente, no mesmo nível (1,3 milhões de cabeças). Essa 
evolução contrasta bastante com a evolução do rebanho nacional, que nesse período passou de 
147 mil cabeças para 212 mil cabeças, uma variação de 47% no período; 
b) O tamanho do rebanho é fortemente afetado pelas secas periódicas, como ocorreu em 
1993 e em 1998/1999. Após uma seca, o rebanho leva algum tempo para ser recomposto. 
c) Em termos de tamanho do rebanho, as mesorregiões do Sertão Paraibano e do Agreste 
Paraibano congregam o maior número de animais. Porém, comparando-se o tamanho dos 
rebanhos com a área das mesorregiões (densidade do rebanho), observa-se que o Agreste 
Paraibano é a mesorregião que detém a mais elevada densidade do rebanho, 35 reses por Km
2
. 
Em último lugar fica a Borborema (14 reses por Km
2
). Chama-se a atenção para a 
concentração do rebanho em torno de Campina Grande, na porção central e setentrional do 
Agreste, no entorno de Sousa e Cajazeiras e de Conceição. 
 
Tabela 7 – Paraíba: Rebanho bovino segundo as mesorregiões 1990 – 2011 
Anos Sertão Borborema Agreste 
Mata 
Paraibana 
Total 
1990 449.490 211.093 569.801 114.977 1.345.361 
1991 422.841 215.592 568.432 108.279 1.315.144 
1992 395.704 218.725 593.184 112.069 1.319.682 
1993 220.170 129.140 399.542 110.001 858.853 
1994 286.191 123.483 446.735 118.261 974.670 
1995 335.508 146.823 452.072 119.334 1.053.737 
1996 523.250 233.248 464.436 83.796 1.304.730 
1997 503.700 243.738 469.366 86.206 1.303.010 
1998 353.331 133.619 357.366 84.192 928.508 
1999 373.242 123.335 307.097 82.675 886.349 
2000 396.989 132.291 337.519 85.980 952.779 
2001 365.764 137.839 333.021 81.638 918.262 
2002 392.584 143.919 332.165 83.030 951.698 
2003 366.525 158.936 339.142 86.262 950.865 
2004 391.290 168.599 346.395 93.915 1.000.199 
2005 410.204 173.062 379.701 89.646 1.052.613 
2006 439.425 174.230 383.493 95.644 1.092.792 
2007 467.820 178.365 397.630 95.507 1.139.322 
2008 505.247 184.272 416.017 96.827 1.202.363 
2009 525.823 191.392 421.551 97.510 1.236.276 
2010 523.736 195.408 428.097 95.338 1.242.579 
2011 582.956 216.435 455.537 99.340 1.354.268 
Fonte: IBGE – Produção Pecuária Municipal. 
 
 A distribuição espacial do rebanho bovino pode ser melhor visualizada no Mapa 4. 
 
 
Mapa 4 – Distribuição do efetivo do rebanho bovino segundo os municípios paraibanos 2009. 
Fonte: IBGE – Produção Pecuária Municipal, 2009. 
4.2.2 Os rebanhos caprino e ovino 
 
 Os rebanhos caprino e ovino são os rebanhos de porte médio mais importantes do 
Estado. No Gráfico 17, pode-se observar a evolução desses dois rebanhos desde 1974. 
 
Gráfico 17 – Paraíba: Evolução dos rebanhos caprino e ovino (1974 / 2011) 
 
Fonte: IBGE – Produção Pecuária Municipal 
 
Ao contrário do que ocorreu com o rebanho bovino, os rebanhos caprino e ovino 
experimentaram uma evolução bastante significativa, sobretudo a partir da segunda metade da 
década de 1990. Considerando a distribuição espacial desses dois rebanhos, ressalta-se a 
importância da mesorregião da Borborema (veja Mapas 5 e 6). 
 
 
 
Mapa 5 – Distribuição do rebanho caprino segundo os municípios paraibanos, 2009. 
Fonte: IBGE – Produção Pecuária Municipal, 2009. 
 
 
 
 
 
0 
100.000 
200.000 
300.000 
400.000 
500.000 
600.000 
700.000 
800.000 
Caprino 
Ovino 
 
 
Mapa 5 – Distribuição do rebanho ovino segundo os municípios paraibanos, 2009. 
Fonte: IBGE – Produção Pecuária Municipal, 2009. 
 
A tendência de crescimento recente é devida a dois aspectos principais: o primeiro foi 
a política adotada pelo governo estadual de fortalecimento desses rebanhos, ao disponibilizar 
recursos e assistência técnica, bem como a introdução de novas raças; em segundo lugar, a 
adoção do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) como estratégia de assegurar mercado 
e preço para os produtos derivados da pecuária (leite, queijo, etc.). 
 
5. MÃO-DE-OBRA OCUPADA NA AGROPECUÁRIA 
 
Ao longo da década de 2000, a agropecuária continuou a vivenciar um decréscimo em 
sua participação no PIB paraibano. Porém, esta atividade ainda continua sendo uma 
importante fonte de absorção de mão de obra no Estado. 
Em 2000, o número total de trabalhadores ocupados na agropecuária era 366.358, 
sendo 273.113 (74,5%) residentes na zona rural e 93.245 (25,5%) na zona urbana. Já em 
2009, a agropecuária passou a empregar 374.433 trabalhadores ocupados, sendo 229.879 
(61,4%) residentes na zona rural e 144.554 (38,6%) na zona urbana. Portanto, verifica-se que, 
ao longo da década, houve um crescimento no número de trabalhadores que residiam na zona 
urbana em detrimento dos que residiam na zona rural. 
Os dados expostos na Tab. 9 mostram que, em 2009, a participação relativa da 
agropecuária na absorção da mão de obra ocupada do Estado foi de 24,2%. Chama-se atenção 
para o fato da mão de obra ocupada na agropecuária estadual, tal como ocorre para o conjunto 
da realidade brasileira, não reside exclusivamente na área rural. Do total da população 
ocupada no setor primário paraibano, 62% residiam na zona rural, e 38% moravam na zona 
urbana. Isso é o resultado do processo de expulsão dos trabalhadores rurais do campo, de um 
lado, e da adoção de relações de trabalho temporárias na agricultura. 
Da observação da Tabela 8, também fica evidenciado o fato de que nem toda 
população rural está ocupada na agropecuária. Com efeito, apenas 62,5% dos trabalhadores 
residentes na zona rural estavam ocupados no setor agropecuário. As atividades da indústria 
de transformação, construção civil, serviços sócias e comercia absorviam um número 
importante da força de trabalho residente no campo (10,8%, 5,3%, 5,3% e 4,8%, 
respectivamente). 
 
 
 
 
Tabela 8 – Paraíba: Mão de obra ocupada, com 10 anos ou mais, segundo grupamentos de 
atividade, por situação domiciliar – 2009 
Grupamentos de Atividade 
Rural Urbana Total 
Fr. Abs. Fr. Rel. Fr. Abs. Fr. Rel. Fr. Abs. Fr. Rel. 
Agropecuária 229.879 62,5 144.554 12,3 374.433 24,2 
Outras atividades industriais 3.514 1,0 7.530 0,6 11.044 0,7 
Indústria de transformação 39.650 10,8 127.492 10,8 167.142 10,8 
Construção19.576 5,3 98.879 8,4 118.455 7,7 
Comércio e reparação 17.568 4,8 232.896 19,8 250.464 16,2 
Alojamento e alimentação 5.019 1,4 52.199 4,4 57.218 3,7 
Transp., armazenagem e 
comunicação 
3.010 0,8 49.190 4,2 52.200 3,4 
Administração pública 15.058 4,1 103.397 8,8 118.455 7,7 
Educação, saúde e serviços 
sociais 
19.571 5,3 136.022 11,5 155.593 10,1 
Serviços domésticos 11.044 3,0 115.443 9,8 126.487 8,2 
Outros serviços coletivos, 
sociais e pessoais 
2.007 0,5 50.695 4,3 52.702 3,4 
Outras atividades 1.506 0,4 58.225 4,9 59.731 3,9 
Atividades mal definidas 502 0,1 1.506 0,1 2.008 0,1 
Total 367.904 100 1.178.028 100 1.545.932 100 
Fonte: IBGE – PNAD 2009. 
 A partir dos dados da Tab. 9, verifica-se que em 2009, dos 374.433 trabalhadores 
ocupados na agropecuária, 28.611 (7,6%) possuíam carteira de trabalho assinada contra 
90.845 (24,3%) sem carteira de trabalho assinada, e que essa maior parcela dos trabalhadores 
que não possuía carteira de trabalho assinada estava distribuída tanto na zona rural quanto na 
zona urbana. Porém, ao se comparar esses dados com os de 2000, verifica-se que houve um 
decréscimo no número de trabalhadores sem carteira de trabalho assinada residentes na zona 
rural, enquanto que o número dos sem carteira assinada residentes na zona urbana aumentou. 
 Os trabalhadores por conta própria, os não remunerados e os que trabalham na 
produção para o próprio consumo totalizaram, respectivamente, 17,2%, 9,9% e 40,2%, 
correspondendo a 67,3% da mão de obra ocupada na agropecuária em 2009. Este valor 
mostra-se inferior ao observado em 2000, onde essas três categorias abrigavam 75,8% dessa 
mão de obra. 
Tabela 9 – Paraíba: Mão de obra ocupada na agropecuária, com 10 anos ou mais, segundo 
posição de ocupação, por situação domiciliar – 2009 
Posição de Ocupação 
Rural Urbana Total 
Fr. Abs. Fr. Rel. Fr. Abs. Fr. Rel. Fr. Abs. Fr. Rel. 
Empregado com 
carteira assinada 
19.074 8,3 9.537 6,6 28.611 7,6 
Empregado sem 
carteira assinada 
52.197 22,7 38.648 26,7 90.845 24,3 
Conta própria 33.630 14,6 30.620 21,2 64.250 17,2 
Empregador 1.506 0,7 1.505 1,0 3.011 0,8 
Trab. na produção para 
autoconsumo 
96.368 41,9 54.205 37,5 150.573 40,2 
Não remunerado 27.104 11,8 10.039 6,9 37.143 9,9 
Total 229.879 100 144.554 100 374.433 100 
Fonte: IBGE – PNAD 2009. 
 
 Em relação ao rendimento do pessoal ocupado, observa-se uma forte concentração de 
trabalhadores nos níveis mais baixos de remuneração: aproximadamente, 95% do pessoal 
ocupado no setor agropecuário paraibana percebiam até um salário mínimo por mês. Isso é 
verdade tanto para os trabalhadores que residem na zona rural quanto na zona urbana. A faixa 
correspondente a mais de ¼ até ½ do salário mínimo é a que compreende a maior parcela dos 
trabalhadores de ambos os sexos e em ambas as situações domiciliares. Nenhum trabalhador 
ocupado na agropecuária recebe mais 5 salários mínimos (ver Tab. 10). Esses dados mostram 
com muita força o nível de pobreza que prevalece entre os trabalhadores do setor primário do 
Estado. Essa situação se verifica em ambos os sexos. 
 
Tabela 10 – Paraíba: Mão de obra ocupada na agropecuária, com 10 anos ou mais, segundo 
faixas de renda expressa em salário mínimo (SM), por sexo e situação domiciliar – 2009 
Faixas de Renda 
Rural Urbana 
Total Homem Mulher Total Homem Mulher 
Sem rendimento 5.016 3.510 1.506 502 502 − 
Até ¼ SM 71.770 53.198 18.572 39.651 28.106 11.545 
Mais de ¼ até ½ SM 86.335 67.262 19.073 52.200 40.153 12.047 
Mais de ½ até 1 SM 55.211 44.168 11.043 42.161 32.625 9.536 
Mais de 1 até 2 SM 10.539 7.027 3.512 7.530 5.020 2.510 
Mais de 2 até 3 SM 1.004 1.004 − 1.004 1.004 − 
Mais de 3 até 5 SM − − − 502 502 − 
Mais de 5 SM − − − − − − 
Total 228.871 175.165 53.706 142.044 106.406 35.638 
Fonte: IBGE – PNAD 2009. 
 
Em relação à contribuição a algum instituto de previdência, a maior parte da mão de 
obra ocupada na agropecuária não era contribuinte. A parcela dos contribuintes compreendia 
apenas 23.090 trabalhadores (10%) da zona rural e 19.576 trabalhadores (13,5%) da zona 
urbana. 
No tocante a associação a algum sindicato, a maior parcela do pessoal ocupado na 
agropecuária não era associado a nenhum sindicato (53,6%), e dos 173.661 (46,4%) 
associados, 123.976 (53,9%) moravam na zona rural e 76.796 (53,1%) moravam na zona 
urbana. 
 
6. POLÍTICAS PÚBLICAS 
 
 A organização das atividades agropecuárias apresenta como características 
importantes a desigualdade na apropriação dos recursos (com destaque para a terra) e a 
instabilidade nas condições de produção. A estrutura fundiária apresenta uma forte 
concentração, necessitando, portanto, de uma atuação do governo para corrigir as distorções
7
. 
Além disso, o ambiente em que se desenvolve a produção agropecuária é caracterizado por 
uma forte instabilidade decorrente seja das oscilações de mercado (preço) seja das alterações 
nas condições climáticas, havendo necessidade de atuação do governo tendo em vista reduzir 
 
7
 Nesse caso, fala-se de uma política agrária, que pode ser definida como o conjunto de medidas adotadas pelo 
governo para corrigir as distorções existentes na estrutura fundiária. Trata-se da política de reforma agrária. 
as incertezas
8
. Nesse texto são discutidas as políticas de irrigação, agrária e creditícia, por 
serem as que têm uma maior representatividade na última década na realidade produtiva 
primária estadual. 
 
6.1. Política de Irrigação 
 
 A preocupação com a irrigação no Nordeste data da segunda metade do século XIX, 
quando se discutia a ação do poder central face ao problema da seca que afeta o Nordeste 
periodicamente. O problema do Nordeste era identificado com o problema hidráulico. Se o 
problema era a falta d’água, a solução era armazenar água, através da construção de açudes e 
barragens, da perfuração de poços etc. Nesse contexto, a política de irrigação era colocada 
como uma forma de utilização da água armazenada. Para implementar essa política, foi criada 
a Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS), em 1909
9
. A atuação desses órgãos na Paraíba 
resultou na construção de várias barragens e açudes, dentre eles podem ser citados: Coremas-
Mãe d’Água (em Coremas), Presidente Epitácio Pessoa (em Boqueirão), Engenheiro 
Arcoverde (em Condado), Engenheiro Ávidos (em Cajazeiras), São Gonçalo (em Sousa), 
Sumé (em Sumé) etc. Em três desses açudes foram implantados projetos de irrigação, a saber: 
Perímetro Irrigado de São Gonçalo, de Condado e de Sumé (veja Quadro 1). 
 
Quadro 1- Paraíba: Perímetros irrigados do DNOCS - 2003 
 
Discriminação Eng. Arcoverde São Gonçalo Sumé* 
Municípios Condado Sousa Sumé 
Superfície do projeto 642 ha 5.548 ha 831 ha 
Superfície em operação 586 ha 2.267 ha 595 ha 
N° de colonos 54 509 47 
Principais culturas milho, feijão, 
melancia e banana 
arroz, feijão, coco, 
banana, tomate e milho. 
milho e feijão 
FONTE: SILVA, 2000, p. 36. 
 
Como se pode observar, destaca-se o Perímetro de São Gonçalo, seja pelo número de 
famílias assentadas, seja pelo tamanho da área. Nesses perímetros, além das lavouras 
alimentares tradicionais (milho e feijão), há a produção de frutas (coco, banana, melancia, 
etc.). 
Quanto às iniciativas do governo estadual, elas só ocorreram a partir do Governo de 
Wilson Braga (1983-1986). Durante o seu governo, ele pôs em execução o Projeto Canaã, 
responsável pela construção de vários açudes e barragens, bem como por vários projetos de 
irrigação, destacando-se os Projetos Gravatá (nos municípios de Nova Olinda e Pedra 
Branca), o Projeto Lagoa de Arroz (nos municípios de Santa Helena, Cajazeirase São João do 
Rio do Peixe) e os Projetos Piancó I, II e III (nos municípios de Pombal, Coremas, 
Cajazeirinha, Boa Ventura, Diamante, Ibiara, Piancó e Itaporanga) (veja Anexo VII). 
Após o governo de Wilson Braga a iniciativa mais significativa foi a implantação do 
Projeto de Irrigação das Várzeas de Sousa (PIVAS), nos municípios de Sousa e Aparecida. A 
água para esse projeto é trazida da barragem de Coremas/Mão D’Água através do Canal da 
Redenção com 37 km de extensão. A área total do projeto é de 4,3 mil hectares, 
 
8
 Nesse caso, fala-se de política agrícola, entendida como o conjunto de medidas que procuram garantir um 
ambiente de estabilidade para as atividades produtivas nesse setor. Entre essas medidas, podem ser 
lembradas: política de preço mínimo, de armazenamento, de crédito, de assistência técnica, cambial, etc. 
9
 Em 1919, a IOCS foi transformada em Inspetoria Federal de Obras contra as Secas (IFOCS), em 1919, e em 
Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), em 1945. 
compreendendo lotes para pequenos irrigantes, para empresas, para pesquisa e para projeto de 
assentamento sob a responsabilidade do INCRA. As principais culturas exploradas são a 
banana, o coco da baía e o arroz. Os principais tipos de irrigação utilizados são o pivot 
central, a microaspersão e o gotejamento. 
Além dos projetos governamentais de irrigação, registra-se também a irrigação por 
parte da iniciativa privada e a estimulada por organizações não governamentais (ONGs). A 
irrigação privada está concentrada na mesorregião da Mata Paraibana, relacionada sobretudo à 
produção canavieira e à fruticultura (com destaque para o abacaxi). Dentre a iniciativa privada 
merece menção a Fazenda Tamanduá, situada no município de Santa Terezinha, com 
produção de frutas e de queijos orgânicos
10
. 
A atuação de várias instituições não governamentais tem sido importante para a 
disseminação de práticas de irrigação alternativas em toda a região semiárida. Dentre essas 
experiências podem ser lembradas: irrigação por gotejamento, barragens subterrâneas, 
mandala, canteiros econômicos, cisterna calçadão etc. (veja Anexo X). 
Segundo os dados do censo agropecuário de 2006, constata-se que dos 167.272 
estabelecimentos agropecuários da Paraíba apenas 6,8% (11.419 estabelecimentos) faziam uso 
da irrigação, abrangendo uma área que correspondia a apenas 1,6% (58.683 hectares) da área 
total dos estabelecimentos agropecuários. 
 Ao se comparar esses dados com os do censo agropecuário de 1995/1996, temos que, 
entre os dez anos compreendidos entre os dois censos, o número de estabelecimentos 
recenseados que utilizavam a irrigação cresceu 24,9% (de 9.145 estabelecimentos em 
1995/1995 para 11.419 estabelecimentos em 2006), enquanto que a área dos mesmos 
decresceu 7,7% (de 63.548 hectares em 1995/1996 para 58.683 hectares em 2006). Isso indica 
que os pequenos estabelecimentos aumentaram a sua participação no uso da irrigação frente 
aos grandes estabelecimentos. 
 No tocante ao uso da irrigação segundo os grupos de área, pode-se observar, através 
dos dados da Tab. 11, que os estabelecimentos agropecuários com menos de 10 hectares 
concentram 81,4% dos estabelecimentos que fazem uso da irrigação, enquanto que os com 
mais de 500 hectares compreendem apenas 0,2% desses estabelecimentos. Portanto, verifica-
se que a irrigação ainda é uma prática muito pouco utilizada no Estado, principalmente por 
parte dos grandes e médios estabelecimentos. 
Tabela 11 – Paraíba: Número e área dos estabelecimentos agropecuários com uso de 
irrigação, segundo grupos de área - 2006 
Grupos de Área (ha) 
Número de Estabelecimentos Área dos Estabelecimentos 
Fr. Absoluta Fr. Relativa Fr. Absoluta Fr. Relativa 
Sem declaração 570 5,0 1.926 3,3 
Menos de 10 9.300 81,4 16.921 28,8 
De 10 a menos de 50 1.253 11,0 9.087 15,5 
De 50 a menos de 100 129 1,1 2.322 4,0 
De 100 a menos de 500 133 1,2 7.750 13,2 
De 500 a mais 24 0,2 20.678 35,2 
Total 11.419 100,0 58.683 100,0 
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário da Paraíba 2006. 
 
Em relação aos projetos de irrigação, verificam-se doze perímetros irrigados no Estado 
da Paraíba, que correspondem a 12.516 hectares de área irrigável, 7.935 hectares de área 
implantada e 3.911 hectares de área cultivada, e que buscam beneficiar cerca de 2.000 
 
10
 Para uma descrição mais detalhada da Fazenda Tamanduá veja o sítio 
http://www.fazendatamandua.com.br/hist03.htm. 
famílias. Desses doze perímetros, três foram implantados pelo Governo Federal, através do 
DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), e os demais são de competência 
administrativa do Governo do Estado. (ver Anexo VII). 
 Entres os projetos de competência administrativa do Governo do Estado, destaca-se o 
perímetro Várzeas de Sousa, situado nos municípios de Sousa e Aparecida, sob a 
responsabilidade do SEDAP (Secretaria Estadual do Desenvolvimento da Agropecuária e 
Pesca). 
 
6.2. Política de Crédito 
 
 A política de crédito para o setor agropecuário não é nova no Brasil. Inicialmente ela 
esteve formatada no estabelecimento de créditos para as principais culturas de exportação, 
através da carteira de crédito agrícola do Banco do Brasil
11
. No entanto, ela só se consolidou 
com a criação em 1965 do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR)
12
. Essa iniciativa foi de 
fundamental importância para o processo de modernização da agricultura brasileira, pois 
disponibilizou os recursos necessários para a aquisição de equipamentos e de insumos 
químicos (adubos, inseticidas e herbicidas). Até a década de 1990, no entanto, essa política 
esteve voltada fundamentalmente para os grandes e médios estabelecimentos agropecuários 
(SAYAD, 1978). A primeira política de crédito específica para a pequena produção rural foi o 
PROCERA (Programa de crédito Especial para a Reforma Agrária), criado em 1986, para dar 
suporte à política agrária estabelecida pelo 1º Plano Nacional de Reforma Agrária. Esse 
Programa vigorou até 1996, quando foi incorporado ao Programa Nacional de Fortalecimento 
da Agricultura Familiar (PRONAF). Esse último programa criado em 1995 por pressão do 
movimento sindical e dos movimentos sociais rurais estendeu o crédito a todos os produtores 
familiares do Brasil. 
 A concessão de crédito à agropecuária paraibana tem sido um reflexo dessa lógica 
geral, com um agravante. Como no Estado só havia uma cultura beneficiada pela política de 
crédito até a criação do SNCR, a cana de açúcar, o crédito rural para o setor agropecuário 
paraibano teve uma posição marginal. Mesmo após a criação do SNCR, o crédito rural 
concedido aos produtores estaduais continuou restrito à cana de açúcar através do Proálcool e 
à pecuária. 
Nos anos recentes, a participação do setor primário paraibano no crédito rural 
(aproximadamente 0,49%) continua sendo inferior à participação do setor no total do valor 
agregado do setor primário brasileiro (aproximadamente 0,82% entre 1990 e 2009). Pode-se, 
portanto, afirmar que a política de crédito não tem contribuído para elevar a participação do 
setor agropecuário paraibano no contexto nacional. Na Tabela 12, estão apresentados os dados 
de crédito rural concedido no Brasil e na Paraíba, no período de 1999 a 2012. Da observação 
dos dados contidos na Tabela 12 podem ser destacados os seguintes aspectos: 
a) Apenas no ano de 2000 a participação da Paraíba no Crédito rural foi superior à 
participação do setor agropecuário paraibano no valor agregado do setor primário 
nacional; 
 
11
 A disponibilizaçãode crédito era feita através dos órgãos governamentais criados para dar sustentação às 
principais lavouras de exportação do Brasil, a exemplo do Departamento Nacional do Café (1946), substituído 
pelo Instituto Brasileiro do Café (IBC: 1952-1990), do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA: 1933-1990), da 
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC: 1957). 
12
 O SNCR articula os setores financeiros público e privado. O setor público estabelece os parâmetros gerais da 
política de crédito, bem como cria as fontes e faz a fiscalização do crédito, enquanto que os bancos oficiais e 
privados fazem se encarregam da contratação dos empréstimos. 
 
b) A taxa de crescimento do crédito rural concedido na Paraíba (40%) foi muito 
inferior à taxa verificado para o conjunto do país (226%); 
 
Tabela 12 – Brasil e Paraíba: Número e valor dos contratos de crédito rural (1999-2012) 
Anos 
Brasil Paraíba 
Valor dos 
contratos 
PB/BR 
N. de 
contratos 
Valor 
constante 
dos contratos * 
Valor 
médio 
do 
contrato 
N. de 
contratos 
Valor 
constante 
dos 
contratos* 
Valor 
médio 
do 
contrato 
1999 1.395.621 35.146.992.452 25.184 31.143 232.039.778 7.451 0,66 
2000 1.349.234 36.120.952.969 26.771 11.532 313.778.786 27.209 0,87 
2001 1.468.912 42.615.100.964 29.011 15.299 303.127.321 19.814 0,71 
2002 1.718.761 46.962.311.762 27.323 18.762 270.787.453 14.433 0,58 
2003 2.100.340 53.004.361.688 25.236 41.509 236.120.772 5.688 0,45 
2004 2.745.587 63.006.321.791 22.948 77.130 332.224.208 4.307 0,53 
2005 3.243.315 61.686.987.799 19.020 95.467 309.883.953 3.246 0,50 
2006 3.522.555 63.250.457.606 17.956 122.909 403.564.793 3.283 0,64 
2007 2.964.985 70.363.760.047 23.732 83.009 421.210.408 5.074 0,60 
2008 2.435.282 81.807.585.640 33.593 41.797 414.799.469 9.924 0,51 
2009 2.505.854 91.322.753.684 36.444 47.084 357.253.646 7.588 0,39 
2010 2.336.210 94.421.959.999 40.417 49.376 416.865.152 8.443 0,44 
2011 2.317.983 99.750.850.996 43.033 52.701 398.136.271 7.555 0,40 
2012 2.646.731 114.710.363.759 43.340 61.381 325.855.207 5.309 0,28 
Fonte: Banco Central do Brasil – anuário Estatístico do Crédito Rural. 
Nota: (*)IGP-DI - Índice médio anual. 
 
c) Para o Brasil, em apenas um ano (2005) ocorreu uma redução no montante do 
crédito em termos reais, enquanto que na Paraíba o período foi caracterizado por 
oscilações, às vezes expressiva, como pode ser melhor visualizado através da 
comparação dos 18 e 19. 
 
 
Brasil – Crédito rural concedido 1999-2012 
Fonte: Banco Central do Brasil 
 
Paraíba – Crédito Rural concedido 1999-2000 
Fonte: Banco Central do Brasil 
 
d) O valor médio dos contratos na Paraíba é muito inferior ao valor médio dos 
contratos no Brasil; na média do período em foco, o valor médio dos contratos na 
Paraíba representou apenas 21% do valor médio dos contratos no Brasil. Isso 
 - 
 20.000 
 40.000 
 60.000 
 80.000 
 100.000 
 120.000 
 140.000 
M
ilh
õ
e
s 
 - 
 50 
 100 
 150 
 200 
 250 
 300 
 350 
 400 
 450 
1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 
M
ilh
õ
e
s 
reflete, de um lado, o pequeno peso do agronegócio na agropecuária estadual e, de 
outro lado, o peso maior do crédito do Pronaf no total do credito concedido no 
Estado comparativamente ao Brasil ( % e %, respectivamente). 
 Quanto à finalidade do crédito concedido, observa-se que o crédito para 
comercialização após uma forte elevação no início do período, mostrou uma tendência 
declinante. O crédito com esta finalidade está fortemente concentrado em alguns municípios. 
Por exemplo, em 2010, apenas quatro municípios receberam esse tipo de crédito, mediante 76 
contratos. O crédito rural destinado ao custeio e ao investimento teve uma tendência 
crescente (ver Gráfico 20). 
 
Gráfico 20 – Paraíba: Participação do crédito rural por finalidade – 1999 a 2012 
 
 
 
 Fonte: Banco Central – Anuário Estatístico do Crédito Rural. 
 
Em relação à atividade a que se destinou o crédito, pode-se observar no Gráfico 21 
que, enquanto o crédito destinado à pecuária apresentou uma ascendente ao longo dos sete 
primeiros anos da década de 2000, aquele destinado à agricultura mostrou uma trajetória 
declinante. Porém, com exceção do ano de 2006, a participação da agricultura no crédito rural 
total foi superior à participação da pecuária, apesar desta apresentar um número superior de 
contratos. 
 
Gráfico 11 – Paraíba: Participação do crédito rural por tipo de atividade – 2000 a 2009 
 
 
 
 Fonte: Banco Central – Anuário Estatístico do Crédito Rural. 
 
A concessão do crédito rural mostra uma desigual distribuição espacial. De acordo 
com os dados apresentados na Tabela 12, a mesorregião da Mata Paraibana é a que recebeu o 
maior volume do crédito rural na Paraíba, embora tenha sido a que deteve o menor número de 
 - 
 50.000.000 
 100.000.000 
 150.000.000 
 200.000.000 
 250.000.000 
 300.000.000 
1
9
9
9
 
2
0
0
0
 
2
0
0
1
 
2
0
0
2
 
2
0
0
3
 
2
0
0
4
 
2
0
0
5
 
2
0
0
6
 
2
0
0
7
 
2
0
0
8
 
2
0
0
9
 
2
0
1
0
 
2
0
1
1
 
2
0
1
2
 
Custeio 
Investimento 
Comercialização 
 - 
 50.000.000 
 100.000.000 
 150.000.000 
 200.000.000 
 250.000.000 
 300.000.000 
 350.000.000 
1
9
9
9
 
2
0
0
0
 
2
0
0
1
 
2
0
0
2
 
2
0
0
3
 
2
0
0
4
 
2
0
0
5
 
2
0
0
6
 
2
0
0
7
 
2
0
0
8
 
2
0
0
9
 
2
0
1
0
 
2
0
1
1
 
2
0
1
2
 
Agrícola 
Pecuária 
contratos. Esse resultado foi influenciado pelo crédito para comercialização que beneficiou 
um pequeno número de contratantes e pelo crédito concedido às lavouras da cana de açúcar e 
de abacaxi, que beneficiou principalmente os grandes e médios proprietários. 
 
Tabela 12 – Paraíba: Distribuição percentual do número de contratos e do valor do 
crédito rural segundo as mesorregiões (2010) 
Mesorregiões Número de 
contratos 
Valor dos 
contratos 
Mata Paraibana 6,65 39,94 
Agreste Paraibano 31,53 41,37 
Borborema 22,05 6,92 
Sertão Paraibano 39,77 11,76 
Estado 100,00 100,00 
Fonte: Banco Central do Brasil 
 
No tocante ao crédito agrícola, as principais lavouras que receberam financiamento 
foram a cana de açúcar, abacaxi e inhame. 
 
6.3. Política Agrária 
 
 Como visto no item 2, a estrutura fundiária da Paraíba é muito concentrada, resultado 
tanto do processo histórico de ocupação do território através das sesmarias, quanto da 
tendência de concentração da riqueza, própria do sistema capitalista. Ao longo da história 
podem ser registrados diversos momentos de luta contra essa tendência secular, podendo ser 
lembradas: a) a resistências dos índios ao processo de ocupação de suas terras, tendo na 
Confederação dos Cariris a sua maior expressão; b) a luta dos negros contra a escravidão, 
resultando na formação de quilombos, a exemplo do quilombo da Serra do Talhado, no 
município de Santa Luzia, e o de Caiana dos Crioulos, no município de Alagoa Grande; c) um 
segmento da luta abolicionista, capitaneado por Joaquim Nabuco, que advogava anecessidade 
da abolição da escravatura ser acompanhada de uma distribuição de terras para os negros 
libertos, sob pena de continuar a exploração dos negros pelos senhores de terra; d) durante o 
século XX, o maior movimento pela reforma agrária foi a Liga Camponesa; na Paraíba, esse 
movimento iniciou-se em 1958 em Sapé sob a liderança de João Pedro Teixeira, do Nego 
Fuba, de Pedro Fazendeiro e de Elizabeth Teixeira; logo o movimento se espelha por outros 
municípios do Estado, a exemplo de Santa Rita, Mamanguape, Rio Tinto, Alhandra, Mari, 
Itabaiana, Guarabira, Mulungu e Areia; com o golpe militar de 1964, o movimento foi 
duramente reprimido com a morte e a prisão das suas lideranças
13
. 
Apesar da repressão aos movimentos sociais rurais desencadeada pelo governo militar, 
o Marechal Castelo Branco promulgou a Lei 4504, de 30 de novembro de 1964, o Estatuto da 
Terra, que foi a primeira lei brasileira que estabeleceu as normas para a realização da reforma 
agrária no país. No entanto, essa Lei foi muito pouco utilizada no sentido de efetivar a 
reforma agrária no Brasil. Na Paraíba, ela só foi utilizada em poucos casos, a saber: a) Projeto 
de Colonização de Rio Tinto (PIC Rio Tinto), que desapropriou 18,7 mil hectares da Fábrica 
de Tecidos de Rio Tinto; b) desapropriação das Fazenda Alagamar, Piacas e Maria de Melo 
nos municípios de Itabaiana e Salgado de Sao Felix; c) Fazenda Mucatu, no Conde, com 1,6 
mil hectares. Nos dois últimos casos, a desapropriação só ocorreu para resolver os conflitos 
que ganharam repercussão nacional. 
 
13
 Para uma descrição mais detalhada da luta pela reforma agrária na Paraíba veja Targino (2003) e Targino, 
Moreira e Menezes (2012). 
Só com a Nova República (1985) é que a reforma agrária é estabelecida como um 
política do governo federal através do Primeiro Plano de Reforma Agrária do Governo 
Sarney. Plano Regional de Reforma Agrária da Paraíba (PRRA-PB), previa o assentamento 
de 2.200 famílias durante o perído do Governo Sarney. A efetivação ficou bem aquém dessa 
meta: durante os anos de 1986-1999 só foram assentadas 847 famílias na Paraíba, ocupando 
uma área de 12.778 hecatares (veja Tabela 12). 
 
Tabela 11 – Paraíba: Area desapropriada, número de famílias assentadas e número de Projetos 
de Assentamento criados no período de 1986 a 2010 
Anos 
Área 
desapropriada 
(há) 
Famílias 
assentadas 
Projetos de 
Assentamento 
Sarney 12.778 847 13 
1986 1.190 85 4 
1987 5.794 381 4 
1988 528 99 1 
1989 5.266 282 4 
Collor 0 0 0 
1990 0 0 0 
1991 0 0 0 
Itamar 7.820 931 26 
1992 1.467 210 3 
1993 5.741 657 21 
1994 612 64 2 
1º FHC 84.602 6.546 102 
1995 12.359 1.612 21 
1996 22.529 2.222 29 
1997 21.920 1.099 22 
1998 27.794 1.613 30 
2º FHC 74.768 2.851 57 
1999 20.891 1.014 21 
2000 25.087 857 14 
2001 26.620 878 18 
2002 2.170 102 4 
1º Lula 47.837 1.809 45 
2003 14.442 387 8 
2004 12.743 419 10 
2005 12.086 742 19 
2006 8.566 261 8 
2º Lula 42.165 1.000 37 
2007 10.641 321 9 
2008 15.255 311 10 
2009 6.279 206 8 
2010 9.990 162 10 
Total 269.970 13.984 280 
Fonte: INCRA 
Esse resultado aquém da meta foi uma consequência da sistemática adotada para o 
processo de desapropriação: o projeto de desapropriação de uma propriedade tinha que ser 
aprovado pela Comissão Agrária estadual, onde o patronato tinha a maioria dos votos (o 
representante dos proprietários, o representante da UFPB), além do delegado do INCRA na 
Paraíba que era ele mesmo um grande proprietário rural. 
Durante os dois anos do governo Collor (1990-92) não foi efetivada qualquer 
desapropriação para fins de reforma agrária na Paraíba. Com o governo de Itamar Franco a 
política agrária foi retomada. Foram instaladas 26 Projetos de Assentamento numa área de 
7.820 hectares, beneficiando 931 famílias. 
Em 1995, a comoção nacional e internacional após a tragédia de Corumbiara (RO) e, 
em 1996, de Eldorado dos Carajás (PA)
14
, bem como a pressão dos movimentos sociais 
(particularmente do MST e da CPT) levaram o governo FHC a adotar ações agrárias mais 
agressivas. No caso da Paraíba foram desapropriados 159.370 hectares de terra, beneficiando 
9.397 famílias instaladas em 159 Projetos de Assentamento. Durante o primeiro mandato a 
maior parte dos Assentamentos foi instalada nas mesorregiões da Mata Paraibana e do 
Agreste Paraibano, pois nessas duas mesorregiões se concentravam a maior parte dos 
conflitos de terra. Esses conflitos originaram-se em decorrência da expansão canavieira 
promovida pelo Proálcool e da implantação de projetos pecuários financiados pela Sudene, 
que levaram à expulsão de trabalhadores rurais das propriedades onde residiam a mais de 40 
anos. Contra o processo de expulsão, os trabalhadores resistiram, originando os conflitos de 
terra. 
 
 
Fonte: Incra. 
 
No governo Lula, foram desapropriados 90.002 hectares, beneficiando 2.809 famílias 
em 82 projetos de assentamento. Apesar de ter havido uma desaceleração nas ações de 
assentamento de famílias, em relação ao governo de FHC, o Governo Lula deu maior atenção 
às condições de infraestrutura dos Projetos de Assentamento, bem como fortaleceu os 
programas de crédito, de assistência técnica e de melhoria dos serviços de educação e de 
saúde nos Projetos de Assentamento. 
 
14
 Em 1995, ocorreu a intervenção da polícia militar de Rondônia, resultando na morte de mais de cem 
trabalhadores da Fazenda Santa Elina, em Corumbiara. Em 1996, repete-se outra tragédia, desta vez no 
município de Eldorado dos Carajás, quando a polícia militar atira contra um grupo de 1.500 trabalhadores 
rurais que tinha fechado a estrada BR-155 em protesto contra a morosidade da política fundiária. A polícia do 
Pará, no governo de Almir Gabriel abre fogo contra os trabalhadores, matando 19 pessoas. 
A ação fundiária do governo federal apesar de ter atenuado um pouco o grau de 
concentração da propriedade fundiária no Estado (o índice de Gini declinou de 0,834 em 1995 
para 0,822), não foi capaz de reverter o quadro de concentração da propriedade fundiária. Na 
verdade, o total da área desapropriada entre 1986 e 1910, representou apenas 7,8% da área 
total dos estabelecimentos agropecuários do Estado. Portanto, a ação do Estado brasileiro no 
campo da reforma agrária está longe da reivindicação dos movimentos sociais no campo, que 
lutam por uma reforma agrária ampla e maciça. 
Apesar da ação fundiária apresentar esse caráter limitado, vários trabalhos realizados 
apontam para o impacto positivo que ela teve sobre as condições de vida dos trabalhadores 
por ela beneficiados: houve aumento da produção de alimentos e da renda das famílias 
assentadas; melhorou o padrão de moradia; elevou-se o padrão de escolaridade dos filhos dos 
assentados; ampliou o grau de organização dos trabalhadores e sua capacidade de 
reivindicação etc.
15
 
 
CONCLUSÃO 
 
O setor agropecuário foi responsável, desde o início da colonização portuguesa, pelo 
processo de ocupação e estruturação do espaço socioeconômico paraibano. Como resultado 
dessa dinâmica, o setor agropecuário contribuiu com a maior parcela para o PIB estadual até a 
década de 1960. Desde a década de 1970, o setor tem sofrido um declínio sistemático na sua 
participação no PIB estadual, sendo suplantado pelo setor de serviços e pelo setor industrial. 
Igualmente, o setor tem perdido força em termos de absorção de mão de obra, embora 
ainda contribua com cerca de um quarto do emprego estadual. A desproporção entre a 
contribuição da agropecuária paraibana em termos de geração

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