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1 DESEMPENHO RECENTE DO SETOR EXTERNO PARAIBANO Pedro Adelino Ivan Targino 1 INTRODUÇÃO A década de 1990 e a de 2000 marcam momentos distintos pelos quais passou a economia brasileira. Na verdade, esse período compõe dois extremos no que se refere ao desempenho do comércio exterior no país. Essas diferenças nos resultados apresentados pela economia são um reflexo das mudanças ocorridas na conjuntura internacional, e que em muito influenciaram as políticas econômicas adotadas durante esse período. Tem-se que a década de 1990 constituiu um período caracterizado pela fragilização das economias, sendo freqüente a ocorrência de fortes crises financeiras ao redor do mundo, inclusive na America Latina. Tratou-se, também, de um período marcado pela acelerada abertura econômica dos países inseridos no processo da globalização. No contexto interno, em relação ao comércio exterior, tem-se que foi um período marcado pela deterioração da balança comercial e do saldo de transações correntes, assim como pela perda de competitividade dos produtos brasileiros em relação aos produtos internacionais. No caso do Brasil, chegado ao fim da década de 1990, este apresentou o pior resultado da história do seu balanço de pagamentos, um déficit de US$ 7,97 bilhões (em 1998) e um déficit acumulado na ordem de US$ 23,7 bilhões (1997-1999). Observou-se também a presença de uma taxa de crescimento medíocre no setor industrial, refletindo as reversões cíclicas da política monetária, caracterizando a atividade econômica desse período como do tipo stop and go. Por sua vez, na década de 2000, tem-se que a conjuntura internacional tornou-se muito mais favorável do que na anterior, a começar pelo forte crescimento da economia mundial nesse período, marcado pela elevação da renda mundial, da taxa de investimento, aumento do volume do comércio mundial e dos preços internacionais. Em relação ao comércio exterior, no período, constatou-se uma forte elevação das exportações do país, sobretudo, commodities, em virtude do aquecimento geral do comércio mundial, o que veio a contribuir para o bom desempenho das contas externas brasileiras. Quanto à indústria o que se observou foi a perda de dinamismo desta relacionada à sua incapacidade de concorrer com a produção manufatureira importada e em virtude da apreciação da moeda nacional por efeito da valorização das commodities no mercado internacional. Segundo Bresser-Pereira (2010) e Oreiro e Feijó (2010), isto estaria induzindo um processo de desindustrialização, evidenciado com a redução dos bens manufaturadas na pauta de exportação. O enfraquecimento do setor industrial observado em ambas as décadas pode ser explicado pela ausência de uma política de desenvolvimento industrial, por parte do Estado, durante quase todo o período analisado (1990-2008) – sendo essa uma conseqüência do modelo econômico neoliberal, ainda vigente, do qual uma das principais diretrizes constitui na forte redução do Estado na economia. Para o estado a Paraíba, assim como para os demais estados da região Nordeste, essa relativa redução do Estado, na figura de planejador central, no que diz respeito à elaboração de estratégias de desenvolvimento regional, agravou ainda mais a situação de fragilidade de sua estrutura produtiva, sobrando então para aos governos estaduais a tarefa de criar 2 instrumentos voltados à captação e alocação de recursos produtivos para seus territórios, no intuito de desenvolver a sua indústria. 1.1. Justificativa A partir da década de 1990, com a intensificação do fenômeno da globalização, pôde- se observar uma movimentação no que diz respeito à realocação e reestruturação do sistema produtivo brasileiro. Diante da maior abertura comercial, e com ela a forte concorrência internacional, as empresas brasileiras tiveram que rever seus paradigmas, de modo a manterem-se competitivas. Como conseqüência verificou-se um processo de migração de indústrias em busca de áreas geográficas que oferecesse maiores vantagens comparativas. No entanto, o que tem se observado é que essas vantagens comparativas são insuficientes para atrair e manter certas indústrias em regiões mais atrasadas como o Nordeste, sendo necessária a intervenção estatal na coordenação de políticas de incentivo à industria. O principal instrumento de atração utilizado pelos estados são os incentivos fiscais, contudo seu uso tem levado ao fenômeno conhecido como Guerra Fiscal, que por sua vez acarreta um elevado custo de renuncia fiscal. Foi através dessas políticas de incentivos que a Paraíba conseguiu nos últimos anos melhorar seu parque industrial, algo percebido a partir do crescimento das importações de máquinas e equipamentos e de outros insumos-produtivos, destinados principalmente à indústria têxtil e de calçados que se estabeleceram no estado. Outro fato importante a considerar é o sensível crescimento das exportações paraibanas e a ainda mais sensível diversificação da sua pauta de exportações, estando por trás desses resultados o crescimento por parte dos setores incentivados pela política governamental. Porém, existe um questionamento quanto à sustentabilidade dessa política de atração de indústrias via concessão de expressivos subsídios fiscais, uma vez que oferece riscos quando da ameaça destes cessarem, podendo provocar um processo de emigração dos capitais privados para outros estados. Outra questão levantada, e que constitui a problemática deste trabalho, é quanto a eficácia dessa política de incentivos fiscais como forma de atrair indústrias para a Paraíba e de que forma estas mudanças na estrutura produtiva tem a repercutido nos resultados do comércio exterior do estado. Para responder ao problema da pesquisa este estudo apresenta os seguintes objetivos: 1.2. Objetivo Geral O presente trabalho tem como objetivo geral estudar as vantagens comparativas do setor exportador paraibano, diante das mudanças estruturais ocorridas ao longo do período de 1990 a 2010. 1.2.1. Objetivos Específicos Além desse objetivo geral, são objetivos específicos da pesquisa: 1. Estudar o desempenho das exportações paraibanas no período de 1990 a 2010; 2. Identificar os setores produtivos de destaque no comércio exterior do estado; 3. Calcular o índice de Vantagem Comparativa Revelada das exportações Paraibanas; 4. Analisar as transformações ocorridas na pauta de exportação e importação do Estado ao longo do período estudado (1990-2010). Este trabalho encontra-se estruturado em sete seções, além dessa introdução. A segunda seção apresenta informações sobre as políticas econômicas no período de 1990 a 2000 e seus impactos sobre a indústria e o comércio exterior. Na terceira apresenta-se o 3 referencial teórico do trabalho. Na quarta seção, estão expostos os procedimentos metodológicos. Na quinta, tem-se os resultados da pesquisa. Os dois últimos são dedicados à conclusão e ao referencial bibliográfico. 2 POLÍTICA ECONÔMICA E SEUS IMPACTOS SOBRE A INDÚSTRIA E O COMÉRCIO EXTERIOR NAS DÉCADAS DE 1990 E 2000 Esta parte do trabalho busca analisar o rumo da política econômica nacional ao longo dos últimos vinte anos, dentro de um contexto de mudanças da conjuntura econômica nacional e internacional, assim como dos próprios fundamentos econômicos, ressaltando seus efeitos sobre o desenvolvimento da indústria e do comércio exterior no país. 2.1. Política econômica na década de 1990 Durante a década de 1980 tem-se que o mundo passou por grandes mudanças nos fundamentos que guiam a política econômica dos países, trata-se do ressurgimento das idéias liberais, então preconizadaspelo chamado Consenso de Washington. O Consenso de Washington constituiu o conjunto de diretrizes apontadas aos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento no sentido de promover um ajustamento macroeconômico de suas economias, e que permitiria a esses alcançar um nível mais elevado de desenvolvimento econômico autossustentado. Em linhas gerais, ele defendia a disciplina fiscal, ampla liberalização comercial e financeira, além de forte redução do Estado na economia. Segundo seus idealizadores, a abertura comercial e financeira possibilitaria uma maior integração entre os países, onde todos obteriam ganhos através da expansão dos mercados com o fim das barreiras comerciais geradas pelo intervencionismo e protecionismo do Estado, e com o livre fluxo de capitais, o que representaria mais poupança externa para financiar os investimentos necessários ao desenvolvimento das nações subdesenvolvidas e em desenvolvimento. Como consequência tem-se que até o final da década 1980 e início da década de 1990, a maioria dos países em desenvolvimento acabou adotando políticas de cunho neoliberal. O Brasil teve sua abertura econômica iniciada na década de 1990, mais precisamente no governo do ex-presidente Fernando Collor de Melo, com a redução das barreiras alfandegárias e com a introdução do Plano Nacional de Desestatização (PND), pelo qual se pretendia reduzir a dívida pública com os recursos da privatização. Contudo, essa abertura econômica se consolidou mesmo durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, quando então foram implementadas as demais reformas de cunho fiscal, monetária e cambial. Esse novo modelo econômico neoliberal surgiu de forma a contrapor-se ao modelo adotado anteriormente, caracterizado pela forte proteção à indústria nascente, principalmente no que se refere à proteção da indústria perante as importações, à concessão de potentes incentivos fiscais e financeiros aos investimentos e à atuação do Estado como órgão regulador da política industrial no país. Segundo esse novo modelo, somente o mercado livre e o livre comércio constituiriam as bases para um virtuoso crescimento entre as nações, de modo que para isso acontecesse, dentre outras coisas, seria necessário um processo de liberalização das importações e um processo de desestatização. Dessa forma, observou-se no país a quebra das barreiras ao comércio, sejam elas tarifárias ou não tarifárias, assim como se percebeu a desestatização de empresas, sobretudo em setores chaves da economia, tais como de aço, petroquímica e fertilizantes, energética, telecomunicações, etc. 4 Como consequência desse modelo na economia brasileira, observou-se a deterioração da balança comercial e do saldo de transações correntes, a perda de competitividade dos produtos brasileiros em relação aos produtos internacionais, e a presença de uma taxa de crescimento medíocre no setor industrial, caracterizando a atividade econômica desse período como do tipo stop and go. Outra consequência foi o fechamento de muitas empresas que, diante do acelerado processo de abertura comercial, não conseguiram realizar os ajustes necessários em sua estrutura produtiva, implicando na elevação da taxa de desemprego aberto, que passou de 5,4%, em 1994, para 8,3%, em 1998. 2.2. Política econômica na década de 2000 Na década de 2000, percebe-se uma favorável conjuntura internacional evidenciada pelo forte crescimento da economia mundial, e caracterizada pela elevação da renda mundial, da taxa de investimento, pelo aumento do volume do comércio mundial e dos preços internacionais. Durante esse período, o Brasil apresentou uma forte elevação das exportações, sobretudo de commodities. Constatou-se também um elevado nível de reservas cambiais, nunca antes visto. Porém, os resultados positivos apresentados, nesse período, pela economia brasileira, sobretudo no que se refere a suas contas externas, se deve mais a uma repercussão do crescimento do resto do mundo do que mesmo a mudanças nos fundamentos de sua política econômica. Segundo Filgueiras e Gonçalves (2007), a política econômica adotada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nada mais era do que uma continuidade do “modelo liberal periférico”, uma vez que este manteve o padrão de ajuste fiscal permanente, metas de inflação e câmbio flutuante. No que se refere à política industrial, o que se percebe é a ausência do Estado durante quase toda a década (2000-2008), podendo ser observado apenas um conjunto de medidas em 2007, mas nada que se possa considerar como política industrial. Esse conjunto de medidas, que o governo chamou de Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), refletiu, na verdade, as dificuldades do governo federal em estruturar um planejamento econômico, logo após duas décadas sem qualquer tentativa de se fazer política industrial no Brasil. Apenas em maio de 2008, seria anunciada a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), esta sim podendo ser considerada como política industrial, uma vez que nela se faziam presentes objetivos, metas, formas de implementação, instrumentos a serem utilizados, fontes de recursos, responsáveis e instituições participantes. Diante disso, ao longo desses anos pode-se notar, o enfraquecimento do setor industrial do país, sobretudo no que se refere a sua cada vez menor participação dentro do comércio exterior. Segundo dados do IEDI (2011), a balança comercial da indústria de transformação saiu de uma condição de superávit médio de mais de US$ 30 bilhões, no biênio 2005-2006, para uma de déficits crescentes, tendo atingido um déficit de US$ 8,5 bilhões em 2009, e outro de US$ 34,8 bilhões em 2010, a despeito da expansão das exportações. Alguns estudiosos, tais como Bresser-Pereira (2010) e Oreiro e Feijó (2010), atentam para um possível processo de desindustrialização da economia brasileira, em virtude da sua incapacidade de concorrer com a produção manufatureira importada, assim como em razão da apreciação da moeda nacional por efeito da valorização das commodities no mercado internacional. 5 Segundo Morais e Lima Junior (2010), o que se percebe é a falta de uma estratégia nacional, no sentido de favorecer e alicerçar a ação dos estados em direção a um projeto de desenvolvimento da indústria nacional, dando condições a esses para que possam estabelecer políticas mais eficientes, de forma a mudar essa preocupante realidade. 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: POLÍTICA INDUSTRIAL E TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS 3.1 Globalização e Políticas de Incentivos Fiscais na Paraíba No final da década de 1990, com a incidência das fortes e recorrentes crises na América Latina, dava-se para perceber que não seria cumprida a promessa da globalização de que a rápida abertura econômica levaria ao crescimento econômico autossustentado das nações subdesenvolvidas e em desenvolvimento. Observou-se também que a ideia de que o livre mercado promoveria a realocação eficiente das forças produtivas do país, não se realizou bem como se previa. As vantagens comparativas, tão defendidas pelos clássicos e neoclássicos, no sentido de que seriam vantagens “naturais” dos mercados, como posição geográfica, mão de obra disponível e de baixo custo, disponibilidade de matéria-prima e infraestrutura, se mostraram insuficientes como fator de atração e manutenção de empresas nos estados, sobretudo os do Nordeste. Outra promessa foi quanto aos benefícios da abertura comercial, onde todos competiriam de forma igual, expandindo assim os mercados e possibilitando aos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento uma fatia maior do comércio internacional, de forma a adquirirrecursos para se desenvolverem. No entanto, o que se percebe é que isso também não se cumpriu como pregado (STIGLITZ, 2010). A acelerada abertura comercial pegou as indústrias nacionais desprevenidas tendo que rapidamente fazer ajustes em sua estrutura produtiva, sendo que muitas delas não tinham como competir com os padrões tecnológicos nem muito menos tinham condições para adquiri-los à velocidade de como tudo estava acontecendo. Como consequência, temos o fechamento de muitas empresas e o aumento do desemprego em determinados setores. Outro fato a considerar é que atualmente no comércio exterior também se faz presente a figura das vantagens competitivas, ao invés de somente as vantagens comparativas, de forma a lidar com a forte concorrência internacional. Essas vantagens competitivas têm a ver com a capacidade das empresas em criar ou mesmo acompanhar os padrões tecnológicos, de forma a obter uma vantagem ou simplesmente competirem em pé de igualdade dentro do comércio exterior. Elas também estão ligadas: à capacidade dos governos em buscarem novos padrões tecnológicos por meio de incentivos à P&D (Pesquisa e Desenvolvimento); à capacidade de conceder expressivos subsídios a determinados setores produtivos, que naturalmente não conseguiriam concorrer no comércio internacional; à capacidade de oferecer incentivos fiscais, por meio da redução ou mesmo isenção de impostos, como forma de atrair e manter novas indústrias. Tem-se, então, que os incentivos fiscais compõem apenas uma estratégia, em meio a tantas outras, complementar às vantagens comparativas, que podem ser utilizadas na política de atração de indústrias para os estados. A relativa redução do Estado como planejador central, após a abertura econômica, fez com que muitos governos estaduais vissem na concessão de incentivos fiscais a saída para seus problemas. 6 No caso da Paraíba, assim como em outros estados da região Nordeste, tem-se que esta se valeu em demasia da política de incentivos fiscais como mecanismo de atração e manutenção de indústrias, tendo em vista não possuir vantagens comparativas suficientes para fazê-lo. A questão que se levanta é quanto à sustentabilidade de tal política de incentivos, uma vez que a mesma oferece riscos quando os incentivos cessarem, podendo provocar um processo de emigração dos capitais privados para outros estados. Outro fato a ser considerado é o elevado custo da renuncia fiscal envolvido no uso dessa estratégia. Daí a importância dos governos estaduais em realizar um planejamento consistente a fim de reduzir a dependência da política de incentivos fiscais, estabelecendo estratégias mais sustentáveis de atração da indústria como o desenvolvimento da infraestrutura, capacitação de mão de obra, etc. Na da década de 1990, com a aplicação das ideias neoliberais no Brasil, e com a consequente redução do Estado, enquanto governo central, na economia, tem-se que a política industrial no Nordeste passou a depender quase que exclusivamente dos incentivos oferecidos em nível estadual, sobretudo os de natureza fiscal. Na tentativa de atrair indústrias para os seus territórios, os Estados competiam entre si ofertando vantagens que, na prática, representava redução de custos às empresas, de forma a estas manterem-se competitivas diante da forte concorrência internacional. Como as vantagens “naturais” eram insuficientes, estes estados então tiveram que se utilizar de incentivos fiscais nessa competição, ocorrendo assim uma verdadeira guerra fiscal. Dentre os principais fatores explicativos para o forte crescimento da indústria nordestina, aí incluída a paraibana, durante a década de 1990, estão: a) a oferta de incentivos fiscais por parte dos governos estaduais; e b) mão de obra disponível e de baixo custos disponibilidades de matéria-prima. (ALBUQUERQUE, 1998). Segundo Maia: As empresas movimentaram-se, a partir de um processo global, em busca de área geográfica que oferecesse maiores vantagens comparativas. A novidade [e que por falta de um programa de desenvolvimento a nível federal, iniciou- se uma ‘guerra fiscal’. As políticas passaram a ser federativas e individualizadas. (MAIA, 2006, p.2) A atual política industrial da Paraíba se baseia, principalmente, na concessão de incentivos de natureza fiscal-financeira, como forma de atrair unidades industriais de outros estados, e assim estimular o desenvolvimento local via elevação do investimento privado. Tais incentivos fiscais e financeiros são executados pelo FAIN, e se dão na forma de empréstimos de um determinado percentual do ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) a recolher com encargos subsidiados. Além dessas, percebem-se também ações complementares, por meio do FUNDESP, ligadas ao fornecimento de infraestrutura básica, construção de galpões industriais a preços subsidiados, financiamento de capital de giro às pequenas e médias empresas, qualificação da mão de obra, entre outros (MAIA, 2006; SILVA NETO, TARGINO e BRASIL, 2006). Dentre os projetos financiados são priorizados os investimentos que geram níveis de emprego e renda elevados; cuja produção atenda à demanda do mercado local, reduzindo a necessidade de importação de outras regiões do país ou do interior; e que promovam o crescimento de outros empreendimentos, por meio do aproveitamento de matérias primas e insumos locais, tornando assim, o processo de desenvolvimento autossustentável (TARGINO, 2011; SILVA NETO, TARGINO e BRASIL, 2006). Essas políticas têm como objetivo promover o desenvolvimento da estrutura produtiva local através do aumento do estoque de capital e por meio da criação de novas unidades produtivas e/ou a ampliação das unidades existente. 7 Entre os setores de atividade industrial mais atraídos e que concentram maior percentual de empresas incentivadas pelo Estado, temos: as atividades têxteis, confecções, couro, calçados e também a produção de cimento como importante participação na economia paraibana (SILVA NETO, TARGINO e BRASIL, 2006). 3.2 Teoria das Vantagens Comparativas Esta sessão tratará da abordagem teórica relativa ao comércio internacional, trazendo as contribuições de alguns autores no que se refere ao entendimento do processo de vantagem comparativa. 3.2.1 Vantagens Comparativas na Visão Ricardiana A primeira teoria que buscou explicar as interações comerciais entre os países foi a teoria da vantagem absoluta de Adam Smith (1776). Segundo essa teoria, o comércio entre duas nações é baseado em suas vantagens absolutas, ou seja, baseia-se na diferença de custos que uma nação incorre para produção de um determinado bem em relação aos custos apresentados por outra nação para produção do mesmo bem, ressaltando que esses custos são dados na forma de horas de trabalho. De forma que se torna mais benéfico para ambas as nações, em termos de ganho de comércio, a especialização da produção no bem de sua vantagem absoluta para posterior troca do excedente com outra nação por bens que para si compõem uma desvantagem absoluta. Assim, cada nação torna-se mais eficiente quanto à utilização de seus recursos, ao mesmo tempo em que apresentam forte crescimento da produção em virtude da maior especialização. No entanto, em 1817, é introduzida na teoria de comércio exterior a teoria desenvolvida por David Ricardo, conhecida como lei das vantagens comparativas e que visava demonstrar a possibilidade de haver comércio internacional mesmo entre um país que não produzisse seus bens a custos menores que outros, contrapondo-se à teoria de Smith. Ricardo parte da ideia da existência de custos relativos e não custos absolutos como propostopor Smith, de modo que possuía vantagem comparativa o país em que menor fosse a relação de custos de produção de determinados bens em comparação aos custos apresentados para a produção dos mesmos bens por outro dado país. Essa teoria defende a especialização das nações na produção de bens em que detém vantagens específicas. Da mesma forma que Smith, ele considera os preços como dados pela quantidade de horas trabalhadas, desconsiderando outros fatores tais como custos de transporte. Harbeler, em 1936, acrescentou a idéia de custo de oportunidade à teoria das vantagens comparativas. Esse custo de oportunidade é entendido como o custo que um país incorre por deixar de se produzir um dado bem x para produzir uma unidade adicional de outro bem y. De modo que o país que apresenta um custo de oportunidade inferior na produção do bem x possui vantagem comparativa na produção desse bem x e uma desvantagem na produção do bem y. 3.2.2 Vantagem Comparativa na Visão Neoclássica Eli Hecksher e Bertil Ohlin deram um novo enfoque à teoria das vantagens comparativas, considerando a percepção neoclássica da existência de três fatores de produção (terra, trabalho e capital) e incorporando a ideia de custos comparativos de Harbeler. 8 De acordo com Hecksher-Ohlin, a diferença na distribuição dos fatores produtivos, ou seja, a diferença na distribuição das matérias entre os países, na composição e baixa mobilidade dos fatores de produção, sobretudo do trabalho, entre os países constitui a razão da existência de diferencial do custo comparativo entre eles. Portando, segundo essa teoria, um país deve se especializar na produção de mercadorias intensivas em seu fator de produção abundante, exportando-o, enquanto que deve importar mercadorias intensivas em fatores de produção que são escassos nesse mesmo país. 3.2.3 Vantagem Comparativa Revelada As primeiras noções de Vantagem Comparativa Revelada (VCR) foram apresentadas por Bela Balassa (1965 e 1977). Segundo Maia (2006, p. 366), “o desempenho relativo das exportações de um país, em uma categoria de produtos individuais, reflete suas vantagens comparativas especificamente naquele setor analisado.” O índice de VCR, portanto, retrata as vantagens, que uma determinada área apresenta em determinados produtos, de acordo com os dados observados no comércio. Segundo Fonseca (2006), o grau de competitividade de um país em um produto pode ser estimado em informações ex-ante e ex-post, sendo que os indicadores ex-post são os mais utilizados. Dentre estes, destaca o indicador de vantagem comparativa desenvolvido por Balassa que busca mensurar os produtos em que o país apresenta vantagem comparativa com base no fluxo de comércio passado. Para Maia (2002), trata-se de um dos métodos mais utilizados para se mensurar a vantagem comparativa, pois permite descrever os padrões de comércio de uma economia, porém não permite identificar se estes padrões são ótimos ou não. Segundo Hidalgo (2000), a versão mais atualizada do índice de VCR (Balassa, 1979) representa um indicador de cálculo desenvolvido com base no conceito de Market Share, onde este reflete a estrutura relativa das exportações de uma região ou país. 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para a elaboração deste trabalho foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: a) Levantamento bibliográfico: Foi realizada uma revisão da literária pertinente às vantagens comparativas de produtos, bem como a busca de informações sobre o tema através de artigos publicados em sites, livros e jornais entre outras publicações. Os textos de Maia (2002, 2006), Silva Neto, Targino e Brasil (2006), Moutinho (2003), Targino (2011) deram suporte ao entendimento da política fiscal adotada na Paraíba a partir da década de 1990 e suas impactos no setor industrial do Estado. Para elaborar a fundamentação teórica foram consultados os seguintes autores: Smith, Ricardo,Lafay, Hekscher-Orhlin, no que se refere ao entendimento sobre ganhos de comércio. b) Pesquisa em base de dados primários: Foi realizado um levantamento de dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio (SECEX/MICT) apresentados em forma de Anuários de Comércio Exterior e no site do AliceWeb do MDIC. Esses dados permitiram estudar a evolução das exportações e das importações paraibanas no período de 1990-2010, bem como proceder à identificação dos principais setores exportadores do Estado da Paraíba e discutir as mudanças na pauta de exportação e de importação entre os anos de 1990 e 2010. c) O cálculo do índice de vantagem comparativa revelada IVCR foi feito com base na seguinte fórmula: 9 Na versão mais atualizada tem-se que o indicador de vantagem comparativa revelada para uma região ou país (j) em um grupo de indústria (i) pode ser definido em relação à exportação global (z), da seguinte forma: z j iz ij ij X X X X VCR (1) Onde: Xij é o valor das exportações do produto i pelo país j; Xiz é o valor das exportações mundiais do produto i; Xj é o valor das exportações do país j; Xz é o valor das exportações mundiais. VCRij > 1 O produto (i) tem vantagem comparativa revelada; VCRij < 1 O produto (i) tem desvantagem comparativa revelada. 5 DESEMPENHO DO SETOR EXTERNO PARAIBANO Historicamente, a Paraíba exportava produtos primários ou semielaborados, tais como açúcar, algodão e sisal. Desse modo, a economia paraibana podia ser considerada como uma economia primário-exportadora. Só a partir da década de 70 é que esse quadro começa a se alterar, com o crescimento dos setores industrial e de serviços. Na década de 1990, o setor industrial da Paraíba passou por uma reestruturação, quando foram ampliadas as indústrias já existentes e implantadas novas unidades industriais, algumas delas de grande porte, a exemplo da Coteminas, em Campina Grande. Essas empresas foram atraídas por fatores locacionais (mão de obra abundante e barata, disponibilidade de infraestrutura, etc.), assim como pelos incentivos fiscais oferecidos pelo governo estadual, como já abordado anteriormente. Essa mudança vai ter um impacto significativo no comércio exterior paraibano. Esta seção está dividida em duas partes. A primeira descreve a evolução das exportações e importações estaduais durante o período em estudo. A segunda discute os resultados do IVCR, tendo em vista a identificação dos setores produtivos que apresentam vantagens comparativas nas relações comerciais com o resto do mundo. 5.2 Evolução do comércio externo paraibano no período de 1990 a 2010 5.2.1 Evolução das Exportações Paraibanas no Período de 1990-2010 Considerando-se o período em análise, como um todo, pode-se afirmar que as exportações paraibanas apresentaram uma tendência nitidamente ascendente: passando de 52,5 milhões de dólares, em 1990, para 217,8 milhões de dólares, em 2010 (veja Gráfico 1). Não obstante essa tendência de crescimento, podem ser identificados quatro períodos bem distintos: a) o primeiro (1990-1996) registra uma tendência de crescimento moderado, correspondendo à fase inicial de implantação/ampliação das unidades industriais incentivadas; b) o segundo período (1996-1998) apresenta um tendência de redução refletindo a valorização cambial experimentada no período; c) o terceiro período (1999-2007) caracterizou-se por um forte crescimento das exportações; para tanto concorreram tanto elementos do cenário 10 macroeconômico (desvalorização cambial, política de crescimento, cenário externo favorável) quanto elementos docenário estadual, particularmente, o crescimento da indústria, sobretudo no setor têxtil e calçados, que cada vez mais destinam seus produtos para o mercado externo, aumentado assim a sua participação na pauta de exportações; e d) o quarto período (2008- 2010) de redução e retomada das exportações repercutindo os efeitos da crise econômica internacional, com efeito, no período de 2008 e 2009, percebe-se uma acentuada queda nas exportações em virtude dos efeitos da crise financeira internacional nos EUA, principal destino das exportações do Estado. Contudo, já em 2010, observa-se a rápida recuperação do setor exportador. Gráfico 1 – Paraíba: Evolução das exportações (1990-2010) Fonte: MDIC – AliceWeb. Este forte crescimento das exportações foi comandado basicamente por três setores: setor têxtil, setor de calçados e o setor de alimentos, bebidas e fumos (veja tabela 1). Deve-se destacar que os produtos agrícolas que, tradicionalmente, comandavam a pauta de exportações paraibanas estão, praticamente, ausentes. Observa-se que à exceção do ano de 2010, o setor têxtil vem mantendo a liderança quanto à participação nas exportações da Paraíba, com uma participação média de 51%, durante o período em foco. Por sua vez, nota-se que o setor de calçados tem experimentado um forte crescimento a partir do final da década de 1990, representando 39% da pauta de exportações, em 2009, e 37%, em 2010, quando assumiu a liderança das exportações. 52.550 56.074 59.084 69.971 83.646 86.065 103.394 86.917 54.084 62.691 77.614 105.412 117.818 168.652 214.280 228.437 209.391 236.143 227.708 158.201 217.833 0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 1 9 9 0 1 9 9 1 1 9 9 2 1 9 9 3 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 Em m il U S$ 11 Tabela 1 – Paraíba: Exportações paraibanas por principais setores (1990-2010) Fonte: MDIC – AliceWeb O setor de alimentos apresentou seu ápice em 2006, quando correspondeu a 53% do saldo das exportações, contudo observa-se a redução de sua representatividade ao longo da década de 2000. Pela Tabela 2, pode-se observar mais detalhadamente a evolução do setor exportador do Estado. Esses dados permitem traçar o retrato das mudanças ocorridas no setor exportador paraibano, entre os anos de 1990 e 2010. Inicialmente, pode-se observar uma elevação do número de setores que integram a pauta de exportações paraibanas, saindo de 27, em 1990, para 50, em 2010. Vale destacar a presença de setores produtores de bens de maior valor agregado a exemplo do setor de reatores nucleares, caldeiras, etc., e do setor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos. Embora estes apresentem baixa participação na pauta das exportações, eles têm uma significância importante a mostrar um processo de evolução da indústria paraibana. Pode-se constatar também que 06 setores da atividade econômica em 1990 e 03 em 2006, respondiam por mais de 80% das exportações da Paraíba, o que nos revela ainda o alto grau de concentração das exportações. Deve-se observar mais atentamente que o setor de calçados é o que, no período, se destaca na pauta de exportação do Estado. Ao longo do período, tem-se que o setor têxtil perde posição na pauta de exportação. Nota-se também a perda de competitividade nos setores de bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres e no de algodão, onde estes ocupavam o segundo e o quatro lugar no ranking das exportações, em 1990, respectivamente, passando a responder, em 2010, pelo quinto e décimo segundo lugares, respectivamente. Por outro lado, o setor de açúcares e produtos de confeitaria, aparece como um dos principais setores em 2010. Isso retrata a vantagem comparativa que o Estado possui nesse setor, provocada pela elevação do preço desse produto no mercado internacional, estimulando o crescimento da agroindústria sucroalcooleira estadual, durante a década de 2000. US$ % US$ % US$ % US$ % 1990 38.048.508 72% 2.085.070 4% 7.335.656 14% 47.469.234 90% 1991 43.247.403 77% 3.259.331 6% 5.274.390 9% 8.533.722 92% 1992 36.342.765 62% 2.639.527 4% 15.302.173 26% 17.941.701 92% 1993 34.514.253 49% 4.544.573 6% 22.502.321 32% 27.046.895 88% 1994 47.412.415 57% 3.389.005 4% 21.685.950 26% 25.074.956 87% 1995 49.154.141 57% 3.274.315 4% 25.235.446 29% 28.509.762 90% 1996 34.731.601 34% 3.693.030 4% 54.676.096 53% 58.369.127 90% 1997 49.477.975 57% 3.944.066 5% 24.545.928 28% 28.489.995 90% 1998 28.708.622 53% 9.805.949 18% 8.689.210 16% 18.495.160 87% 1999 24.033.955 38% 16.351.645 26% 14.441.509 23% 30.793.155 87% 2000 31.212.047 40% 17.029.126 22% 11.691.326 15% 28.720.453 77% 2001 43.390.057 41% 26.658.667 25% 12.900.976 12% 39.559.644 79% 2002 58.906.744 50% 23.675.072 20% 13.614.230 12% 37.289.303 82% 2003 86.678.650 51% 32.519.320 19% 22.683.252 13% 55.202.573 84% 2004 109.028.559 51% 38.728.058 18% 32.761.194 15% 71.489.253 84% 2005 126.579.608 55% 35.966.049 16% 34.927.514 15% 70.893.564 86% 2006 109.217.741 52% 41.950.979 20% 26.863.118 13% 68.814.098 85% 2007 125.775.137 53% 52.884.663 22% 28.320.524 12% 81.205.188 88% 2008 112.940.764 50% 78.035.901 34% 17.709.159 8% 95.745.061 92% 2009 67.750.672 43% 61.082.695 39% 16.918.505 11% 78.001.201 92% 2010 72.162.324 33% 79.952.508 37% 49.548.482 23% 129.500.991 93% Têxtil Calçados Alimentos, bebidas e fumos Total Ano 12 Tabela 2 – Paraíba: Participação setorial na pauta de exportação (1990-2010) Fonte: MDIC – AliceWeb Nota: As células preenchidas com “-” correspondem aos casos em que o setor não fazia parte desse grupo. Percebe-se que o setor de minérios e escorias, como sendo um dos setores que ganhou competitividade devido aos incentivos estatais, embora com participação menor no total das Particip. Pos. Particip. Pos. Açúcares e produtos de confeitaria 0,00% 25 19,77% 3 Algodão 4,73% 4 0,56% 12 Aparelhos de relojoaria e suas partes - - 0,00% 47 Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres 11,84% 2 1,92% 5 Borracha e suas obras 0,01% 24 0,06% 21 Brinquedos, jogos, artigos para divertimento ou para esporte, etc. - - 0,00% 38 Calçados, polainas e artefatos semelhantes, e suas partes 3,97% 6 36,70% 1 Cobre e suas obras - - 0,00% 43 Embarcações e estruturas flutuantes - - 0,04% 22 Extratos tanantes e tintoriais; taninos e seus derivados; pigmentos, etc. - - 0,00% 35 Ferramentas, artefatos de cutelaria e talheres, e suas partes. - - 0,00% 44 Filamentos sintéticos ou artificiais - - 0,10% 15 Frutas; cascas de cítricos e de melões 0,48% 15 1,56% 8 Gomas, resinas e outros sucos e extratos vegetais 0,08% 20 0,08% 19 Gorduras, óleos e ceras animais ou vegetais, etc. 0,05% 21 - - Instrumentos e aparelhos de óptica, fotografia ou cinematografia, etc instrumentos e aparelhos médico-cirúrgicos - - 0,00% 37 Instrumentos musicais, suas partes e acessórios - - 0,01% 31 Livros, jornais, gravuras e outros produtos das indústrias gráficas; etc. - - 0,00% 33 Máquinas,aparelhos e materiais elétricos, e suas partes, etc. - - 0,02% 26 Matérias albuminóides; produtos à base de amidos ou de féculas modificados; etc. - - 0,00% 45 Minérios, escórias e cinzas 2,47% 9 1,68% 6 Móveis, mobiliário médico-cirúrgico; etc.,; aparelhos de iluminação, ou tabuletas e placas indicadoras luminosos, e artigos semelhantes; construções pré-fabricadas - - 0,03% 24 Obras de couro; artigos de correeiro ou de seleiro; artigos de viagem, etc. 0,00% 26 0,00% 39 Obras de ferro fundido, ferro ou aço - - 0,00% 42 Obras de pedra, gesso, cimento, amianto, mica ou de matérias semelhantes - - 1,36% 10 Obras diversas - - 0,01% 29 Obras diversas de metais comuns - - 0,20% 14 Outras fibras têxteis vegetais; fios de papel e tecido de fios de papel 4,44% 5 - - Outros artefatos têxteis confeccionados; sortidos; artefatos de matérias têxteis, etc. 9,49% 3 28,79% 2 Papel e cartão; obras de pasta de celulose, de papel, etc. 0,26% 17 0,00% 40 Pastas ("ouates"), feltros e falsos tecidos; fios especiais; cordéis, cordas e cabos. 46,58% 1 1,45% 9 Pastas de madeira ou matérias fibrosas celulósicas,etc. 0,57% 14 - - Peixes e crustáceos, moluscos e outs.investebr.aquaticos 0,01% 22 - - Peles, exceto a peleteria (peles com pêlo), e couros 3,87% 7 - - Plantas vivas e produtos de floricultura 0,00% 27 - - Plásticos e suas obras - - 0,32% 13 Preparações à base de cereais, farinhas, amidos, féculas ou de leite; etc. - - 0,00% 32 Preparações de produtos hortícolas, de frutas, etc. 2,12% 11 1,06% 11 Produtos cerâmicos 0,01% 23 0,03% 23 Produtos diversos das indústrias químicas 0,11% 18 0,07% 20 Produtos hortícolas, plantas, raízes e tubérculos, comestíveis 0,28% 16 0,10% 16 Produtos para fotografia e cinematografia - - 0,00% 34 Produtos químicos inorgânicos, etc. - - 0,00% 36 Reatores nucleares, caldeiras, máquinas, etc., mecânicos - - 0,08% 18 Sabões, agentes orgânicos de superfície, etc. - - 0,00% 46 Sal; enxofre; terras e pedras; gesso, cal e cimento 1,38% 13 1,65% 7 Sementes e frutos oleaginosos; grãos, sementes,etc. - - 0,10% 17 Tapetes e outros revestimentos para pavimentos, de matérias têxteis 1,78% 12 0,00% 41 Tecidos de malha - - 0,00% 49 Tecidos especiais; tecidos tufados; rendas; tapeçarias; passamanarias; bordados 3,23% 8 0,00% 48 Tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados; etc. - - 2,20% 4 Transações especiais 0,08% 19 0,01% 27 Veículos automóveis, tratores, etc., suas partes e acessórios - - 0,01% 28 Vestuário e seus acessórios, de malha - - 0,02% 25 Vestuário e seus acessórios, exceto de malha 2,16% 10 0,01% 30 Vidro e suas obras - - 0,00% 50 Setor 1990 2010 13 exportações em 2010, mesmo assim melhorou sua posição no ranking ocupando o sexto lugar. Outros casos a se analisar são as exportações do setor de calçados e o de tecidos. A maior participação desses setores na pauta de exportação da Paraíba se deu em razão da política de incentivos fiscais adotada pelo governo estadual. Essa política veio complementar as vantagens comparativas do Estado, no que se refere ao excedente de mão de obra barata e à localização estratégica próxima ao seu principal consumidor, os Estados Unidos, resultando assim na atração dessas indústrias para a Paraíba. Observa-se que o setor produtor de pastas ("ouates"), falsos tecidos, cordéis, cordas, etc., que caracteriza a indústria cordoaria, ocupava o primeiro lugar no ranking da pauta de exportações paraibanas em 1990, contribuindo com 46,58%, algo de certa forma esperado tendo em vista a Paraíba ter sido um dos maiores produtores da matéria-prima utilizada por Merece destaque também o setor de peles, exceto a peleteria (peles com pêlo) que se fazia presente na pauta de exportações no ano de 1990, mas que em 2010 saiu da composição dessa pauta, sendo isso um possível resultado da ausência de vantagens comparativas e competitivas nesse setor. 5.1.2 Evolução das Importações Paraibanas no Período de 1990-2010 Ao analisar a evolução das importações ao longo dessas últimas duas décadas percebe- se que, tomando os pontos extremos da série, ela apresenta uma tendência de crescimento. As importações elevaram-se US$ 34 milhões, em 1990, para US$ 685 milhões, em 2010, revelando a grande inserção do Estado no comércio internacional, como pode ser visto no gráfico 2. Gráfico 2 – Paraíba: Evolução das importações (1990-2010) Fonte: MDIC – Aliceweb No entanto, tomando-se períodos menores de observação, podem ser identificados três subperíodos bem distintos: a) período de 1990-1995, quando houve uma tendência de crescimento, tendo as importações crescido cerca de seis vezes; b) período de 1995-2003, caracterizado por uma retração de 238%; e c) novo período de forte crescimento, com as importações aumentando em 11,2 vezes. 34.070 54.640 62.174 101.208 124.879 215.294 184.918 214.745 154.232 128.342 150.248 89.821 79.057 60.707 98.056 94.298 169.465 305.430 396.373 433.710 685.204 0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000 M il U S$ 14 Esta última fase de crescimento está relacionada com o bom desempenho da economia paraibana, particularmente do seu setor industrial. Com efeito, percebe-se é essas importações foram estimuladas pelo investimento produtivo do Estado, pois são principalmente de bens de capital e de bens intermediários destinados às indústrias. Segundo dados do MDIC (1999-2008), a pauta de importações paraibanas é constituída principalmente por bens intermediários com uma representação de 61,54%, sendo 54,31% destes formados por insumos industriais. Logo em seguida temos os bens de capital com uma média de participação de 29,19%, dos quais 28,9% são constituídos de exclusivamente por equipamentos para transporte de uso industrial; também temos os bens de consumo com 7,57%, sendo 7,25% destes formados por bens de consumo não duráveis; e por último temos os Combustíveis e Lubrificantes com 1,7% (veja tabela 3). Tabela 3 – Paraíba: Importações paraibanas por principais setores (1990-2010) Fonte: MDIC – AliceWeb No caso da pauta de importações, como pode ser visto na Tabela 4, houve um forte aumento no número de setores integrantes da pauta, passando de 39 setores, em 1990, para 72 setores, em 2010. Nota-se também que, em 1990, 4 setores produtivos respondiam por mais de 80% das importações da Paraíba. Por sua vez, em 2010, tem-se que para se atingir o mesmo percentual foram necessários 13 setores, o que mostra a desconcentração das importações ao longo desses anos. Ao longo desses anos pode-se destacar a ascensão de alguns setores em termos de representatividade dentro da pauta de importações da Paraíba, a exemplo do setor de calçados, que em 2010 passou a ocupar no ranking a terceira posição; o setor de ferro fundido, que por sua vez não estava presente em 1990, mas que em 2010 passou a ocupar o quinto lugar; assim como o setor de veículos automóveis, que com uma participação de 5,71%, conquistou a sexta colocação. US$ % US$ % US$ % US$ % 1990 9.948.737 29% 250.424 1% 13.121.035 39% 23.320.196 68% 1991 6.880.206 13% 1.731.615 3% 22.983.745 42% 24.715.361 58% 1992 5.691.160 9% 617.632 1% 31.597.153 51% 32.214.786 61% 1993 12.961.069 13% 8.264.845 8% 38.026.827 38% 46.291.673 59% 1994 13.083.748 10% 13.129.145 11% 48.346.516 39% 61.475.662 60% 1995 30.247.875 14% 40.209.832 19% 93.826.247 44% 134.036.080 76% 1996 39.250.592 21% 42.845.23323% 63.139.294 34% 105.984.528 79% 1997 53.286.044 25% 50.175.650 23% 39.119.533 18% 89.295.184 66% 1998 40.266.233 26% 58.812.428 38% 4.694.957 3% 63.507.386 67% 1999 46.018.037 36% 40.313.963 31% 2.303.545 2% 42.617.509 69% 2000 37.381.131 25% 56.071.579 37% 6.434.751 4% 62.506.331 66% 2001 35.334.766 39% 13.426.682 15% 3.981.059 4% 17.407.742 59% 2002 34.989.739 44% 7.013.029 9% 1.864.295 2% 8.877.325 55% 2003 19.537.575 32% 11.116.930 18% 1.466.321 2% 12.583.252 53% 2004 23.802.021 24% 36.957.584 38% 2.591.439 3% 39.549.024 65% 2005 14.459.116 15% 26.194.889 28% 2.658.752 3% 28.853.641 46% 2006 25.610.164 15% 58.486.202 35% 3.261.453 2% 61.747.656 52% 2007 49.565.114 16% 108.967.456 36% 2.000.161 1% 110.967.618 53% 2008 68.928.516 17% 92.364.175 23% 2.033.323 1% 94.397.498 41% 2009 144.954.428 33% 78.661.277 18% 1.828.831 0% 80.490.109 52% 2010 170.662.800 25% 133.840.355 20% 2.268.823 0% 136.109.178 45% Ano Máquinas e equipamentos elétricos Têxtil Alimentos, bebidas e fumos Total 15 Tabela 4 – Paraíba: Participação setorial na pauta de importação (1990-2010) Fonte: MDIC – AliceWeb Nota: As células preenchidas com “-” correspondem aos casos em que o setor não fazia parte desse grupo. Particip. Pos. Particip. Pos. Adubos ou fertilizantes - - 0,01% 62 Aeronaves e aparelhos espaciais, e suas partes - - 0,06% 48 Algodão 0,17% 15 3,78% 12 Alumínio e suas obras - - 0,11% 40 Aparelhos de relojoaria e suas partes - - 0,00% 63 Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres 38,51% 1 0,25% 33 Borracha e suas obras 0,02% 29 6,41% 4 Brinquedos, jogos, artigos para divertimento ou para esporte; etc. 0,00% 37 0,60% 26 Café, chá, mate e especiarias 0,03% 25 0,02% 55 Calçados, polainas e artefatos semelhantes, e suas partes - - 7,68% 3 Cereais 7,10% 4 4,44% 11 Chapéus e artefatos de uso semelhante, e suas partes - - 0,04% 52 Cobre e suas obras 0,07% 21 0,06% 47 Combustíveis minerais, óleos minerais,etc. ceras minerais - - 5,21% 8 Embarcações e estruturas flutuantes - - 0,62% 24 Extratos tanantes e tintoriais; taninos e seus derivados; pigmentos, etc. 0,33% 12 0,81% 22 Ferramentas, artefatos de cutelaria e talheres, e suas partes 0,06% 23 0,07% 46 Ferro fundido, ferro e aço - - 5,73% 5 Fibras sintéticas ou artificiais, descontínuas - - 1,37% 16 Filamentos sintéticos ou artificiais 0,34% 11 4,71% 9 Frutas; cascas de cítricos e de melões - - 0,09% 43 Gomas, resinas e outros sucos e extratos vegetais 0,20% 14 - - Gorduras, óleos e ceras animais ou vegetais, etc. 0,01% 32 0,03% 54 Guarda-chuvas, sombrinhas, guarda-sóis, bengalas-assentos, chicotes, e suas partes - - 0,01% 58 Instrumentos e aparelhos de óptica, fotografia ou cinematografia, etc. instrumentos e aparelhos médico-cirúrgicos; suas partes e acessórios 6,88% 5 4,47% 10 Instrumentos musicais, suas partes e acessórios - - 0,01% 59 Lã e pêlos finos ou grosseiros; fios e tecidos de crina 0,11% 17 - - Leite e laticínios, ovos de aves, mel natural, etc. 0,10% 18 0,03% 53 Livros, jornais, gravuras e outros produtos das indústrias gráficas; etc. 0,07% 20 0,00% 64 Madeira, carvão vegetal e obras de madeira - - 0,02% 56 Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes, etc. 0,63% 10 12,08% 2 Matérias albuminóides; produtos à base de amidos ou de féculas modificados; etc. 0,00% 38 0,06% 50 Móveis, mobiliário médico-cirúrgico; etc.,; aparelhos de iluminação, ou tabuletas e placas indicadoras luminosos, e artigos semelhantes; construções pré-fabricadas - - 2,13% 14 Objetos de arte, de coleção e antigüidades - - 0,00% 68 Obras de couro; artigos de correeiro ou de seleiro; artigos de viagem, etc. - - 0,16% 36 Obras de ferro fundido, ferro ou aço 0,02% 26 0,99% 20 Obras de pedra, gesso, cimento, amianto, mica ou de matérias semelhantes 0,00% 35 0,26% 31 Obras diversas 0,01% 31 0,09% 44 Obras diversas de metais comuns 0,00% 33 0,16% 35 Óleos essenciais e resinóides; produtos de perfumaria ou de toucador. - - 0,01% 61 Outras fibras têxteis vegetais; fios de papel e tecido de fios de papel 0,06% 22 0,00% 72 Outros artefatos têxteis confeccionados; sortidos; artefatos de matérias têxteis, etc. 0,02% 28 0,83% 21 Outros produtos de origem animal 0,00% 34 0,05% 51 Papel e cartão; obras de pasta de celulose, de papel, etc. 0,02% 27 1,14% 18 Pastas ("ouates"), feltros e falsos tecidos; fios especiais; cordéis, cordas e cabos. - - 0,17% 34 Pastas de madeira ou de outras matérias fibrosas celulósicas; de papel,etc. 1,86% 6 0,00% 66 Peixes e crustáceos, moluscos e outs.investebr.aquaticos - - 0,10% 42 Peles, exceto a peleteria (peles com pêlo), e couros - - 0,00% 70 Penas e penugem preparadas, e suas obras; flores arttificiais; obras de cabelo - - 0,02% 57 Pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas, etc. - - 0,00% 67 Plásticos e suas obras 0,69% 9 2,79% 13 Preparações alimentícias diversas - - 0,08% 45 Preparações de produtos hortícolas, de frutas, etc. - - 0,00% 65 Produtos cerâmicos 0,00% 39 0,15% 37 Produtos da indústria de moagem; malte; amidos e féculas; inulina; glúten de trigo . 11,42% 3 0,13% 38 Produtos diversos das indústrias químicas 1,08% 8 0,25% 32 Produtos farmacêuticos - - 0,11% 41 Produtos hortícolas, plantas, raízes e tubérculos, comestíveis - - 1,11% 19 Produtos para fotografia e cinematografia - - 0,00% 69 Produtos químicos inorgânicos, etc. 0,09% 19 0,49% 28 Produtos químicos orgânicos 0,13% 16 1,37% 17 Reatores nucleares, caldeiras, máquinas, etc., mecânicos 28,57% 2 12,83% 1 Sabões, agentes orgânicos de superfície, etc. - - 0,01% 60 Sal; enxofre; terras e pedras; gesso, cal e cimento 0,25% 13 0,73% 23 Seda 0,00% 36 - - Sementes e frutos oleaginosos; grãos, sementes,etc. 1,09% 7 0,06% 49 Tapetes e outros revestimentos para pavimentos, de matérias têxteis - - 0,13% 39 Tecidos de malha - - 5,26% 7 Tecidos especiais; tecidos tufados; rendas; tapeçarias; passamanarias; bordados - - 1,97% 15 Tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados; etc. 0,03% 24 0,41% 29 Veículos automóveis, tratores, etc., suas partes e acessórios - - 5,71% 6 Vestuário e seus acessórios, de malha - - 0,33% 30 Vestuário e seus acessórios, exceto de malha - - 0,59% 27 Vidro e suas obras 0,01% 30 0,61% 25 Zinco e suas obras - - 0,00% 71 Setor 1990 2010 16 Por sua vez, perderam representatividade os produtos do setor de bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres, que em 1990 ocupava a primeira posição do ranking da pauta de importações, com uma participação de 38,51%, passando a figurar na trigésima terceira colocação, com uma participação de 0,25%, em 2010; também entra nesta lista, entre outros, os produtos da indústria de moagem, que em 1990 ocupava a terceira colocação, com participação de 11,42%, passando em 2010 a ocupar a trigésima oitava, com uma participação de 0,13%. Outra coisa a destacar é que em 2010 tem-se que o setor que liderava o ranking das importações era o setor de reatores (12,83%) seguido pelo de maquinas (12,08%) o que mostra que os bens de capital têm ganhado espaço ao longo desses anos. Isso tem a ver com o processo de modernização da indústria, de forma a manter-se competitiva diante da concorrência internacional. Observou-se a saída de três setores da pauta de importação, durante esse período, são eles: o setor de gomas, resinas e outros sucos, e os setores de lã e seda. 5.3 Resultado do Cálculo dos Índices de Vantagem Comparativa A discussão a respeito da inserção internacional dosdiversos setores da economia paraibana está baseada no cálculo dos índices expostos na metodologia desta monografia. Em primeiro lugar discutem-se os setores que apresentam vantagens comparativas a partir do Índice de Vantagem Comparativa Revelada (IVCR) de Balassa, conforme dados expostos na tabela A1 do anexo. Nesta tabela estão expostos os valores obtidos para o indicador durante o período de 1990 a 2000. Os resultados obtidos permitem fazer as seguintes constatações: a) indicam uma vantagem comparativa revelada para todo o período analisado dos seguintes grupos de produtos: matérias têxteis e suas obras e calçados; b) a Paraíba apresentava vantagem comparativa no setor de animais vivos entre 1995 a 2003; c) o setor de produtos peles, couros, peleteria e suas obras teve vantagens comparativas reveladas entre 1990 e 1998, contudo observa-se que após esse período esse setor deixa de apresentar vantagem comparativa o que reflete numa mudança da pauta de exportação. d) o setor de produtos alimentícios, bebidas e fumos que a partir de 1992 apresentou vantagem comparativa para quase todos os anos pesquisados, à exceção dos períodos de 2000-2001 e 2008-2009, que constituem períodos de instabilidade interna e externa na economia e que repercutiram em demasia no comércio exterior o Estado. 6 CONCLUSÃO Diante dos fatos expostos pode-se verificar que nas últimas duas décadas o Estado vem passando por importantes transformações em sua estrutura produtiva, com a implantação e ampliação de novas indústrias, em sua maioria voltada para o comércio exterior. Essas transformações tem sido fruto de uma política bem sucedida de incentivos fiscais elaborada pelo estado, de forma a proteger sua indústria ‘nascente’ e garantir a competitividade necessária para enfrentarem o comércio internacional. Percebe-se que foi graças a essa política de incentivos que indústrias, sobretudo as do setor têxtil e calçados, vêm se consolidando como grandes setores exportadores do Estado, fato esse comprovado pelos índices de vantagem comparativa apresentados, que se mantiveram em níveis elevados durante todo o período analisado. 17 A repercussão dessas mudanças na estrutura produtiva sobre o setor exportador paraibano, torna-se evidente, uma vez que hoje é possível verificar no Estado uma pauta de exportações mais diversificada, sendo composta em sua maioria por bens manufaturados que possui maior valor agregado. Conclui-se, portanto que o uso de incentivos fiscais foi importante como estratégia complementar de atração de indústrias e como forma de obter ganhos de comércio, porém não substitui o estabelecimento de uma política integrada a uma estratégia nacional de desenvolvimento da infraestrutura e de capacitação de mão de obra. Além dessas medidas ainda se faz necessário: 1) prover uma política comercial agressiva no intuito de elevar o volume de exportações do Estado; 2) aumentar o acesso de micro e pequenas empresas ao comércio exterior; 3) redefinir o relacionamento entre as empresas e o governo, de forma a repartir as responsabilidades que cabem a cada um na gestão das estratégias para o ganho da competitividade; e 4) elaborar uma estratégia de exportação que defina de forma clara as prioridades e problemas de sua base de exportação, para assim coordenar às ações do setor público e privado na busca pelo crescimento econômico, redução da pobreza, e a geração de emprego e renda. 7 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Arleíse Nunes G, de. Nova dinâmica industrial da Paraíba e seus impactos na organização do trabalho. João Pessoa, CME/UFPB, dez. 1998. ALICE WEB, Estatísticas do Comércio Exterior. Disponível em: <http:www.aliceweb.desenvolvimento.gov.br. Dados Estatístico do Comércio Exterior.Vários Acessos. 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Disponível em:<http://www.embrapa.br/publicacoes/Técnico.Acesso em nov. 2009.20 ANEXOS Tabela A1 – Paraíba: Índice de Vantagem Comparativa Revelada Abordagem Market Share (1990-2010) Fonte: Elaboração do autor com base em dados do AliceWeb. 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 1 Animais vivos e produtos do reino animal 0,0069 0,0000 0,0004 0,0604 0,6667 1,5544 1,2642 1,4286 1,4784 1,6397 5,3003 3,3410 1,7850 1,7022 0,8923 0,5198 0,3127 0,1325 0,0452 0,0176 0,0000 2 Produtos do reino vegetal 0,1134 0,2849 0,4705 1,3348 0,9629 0,2356 0,1130 0,0780 0,0946 0,1065 0,0995 0,1013 0,0763 0,0822 0,0930 0,1198 0,0887 0,1006 0,1963 0,2020 0,1831 3 Gorduras óleos e ceras animais e vegetais 0,0287 0,0000 0,1099 0,0683 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 4 Produtos alimentícios, bebidas e fumos 0,8293 0,6484 1,6673 2,1324 1,7051 1,7405 2,8514 1,7423 1,0477 1,5719 1,3362 0,9326 0,8895 1,1126 1,3503 1,4003 1,0783 1,0872 0,7081 0,7159 1,6974 5 Produtos minerais 0,3469 0,2309 0,1137 0,1033 0,0903 0,0219 0,0197 0,0901 0,0767 0,2052 0,1585 0,1289 0,4193 0,2912 0,5508 0,4806 0,5773 0,4376 0,1823 0,1458 0,1305 6 Produtos da indústria quimica e conexas 0,0219 0,0001 0,0000 0,0045 0,0028 0,0032 0,0105 0,0069 0,0116 0,0133 0,0000 0,0004 0,0020 0,0633 0,0330 0,0019 0,0014 0,0061 0,0275 0,0412 0,0155 7 Plásticos, borracha e suas obras 0,0035 0,0049 0,0001 0,2012 0,0281 0,0852 0,0347 0,0283 0,0439 0,0124 0,1970 0,1914 0,0121 0,0637 0,1057 0,0509 0,0847 0,1295 0,2269 0,1101 0,1432 8 Peles, couros peleirae obras 3,7484 2,3997 2,8917 1,0772 1,3128 2,6376 3,1487 2,7550 3,5562 0,9378 0,0000 0,0033 0,0014 0,0080 0,0150 0,0121 0,0041 0,0003 0,0108 0,0142 0,0018 9 Madeira, cortiça e suas obras 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0003 0,0000 0,0008 0,0077 0,0116 0,0007 0,0000 0,0001 0,0011 0,0139 0,0009 0,0003 0,0019 0,0056 0,0000 0,0000 10 Pasta de madeira, papel e suas obras 0,2122 0,0608 0,0112 0,0278 0,0000 0,0016 0,0006 0,0000 0,0097 0,0028 0,0014 0,0063 0,0003 0,0132 0,1431 0,0016 0,0172 0,0831 0,0331 0,0180 0,0015 11 Matérias têxteis e suas obras 18,2240 17,9454 15,0465 13,7552 17,5860 18,4261 12,4178 23,8099 24,3930 18,2266 18,1126 18,3211 25,3792 22,5700 23,4653 29,5651 34,0875 36,1920 40,4855 34,5580 29,5253 12 Calçados, chapéus, etc. 1,0489 1,4725 1,0807 1,2909 1,0810 1,1764 1,0308 1,5047 6,6704 9,3122 7,4631 8,7279 7,9791 8,6587 9,1531 9,3810 14,0034 17,5846 33,3779 39,8911 44,8331 13 Obras de pedra, cerâmica, vidros, etc. 0,0157 0,1093 0,2767 0,0003 0,0171 0,0004 0,0042 0,0207 0,2258 0,6328 0,3674 1,0482 1,0638 0,8495 1,4541 1,6438 2,0892 2,0011 1,7012 1,7194 1,6660 14 Pérolas naturais, pedras preciosas, etc. 0,0000 0,0000 0,0000 0,0085 0,0001 0,0012 0,0086 0,0658 0,3375 0,5753 0,4252 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,1302 0,0043 0,0157 0,0004 0,0000 0,0000 15 Metais comuns e suas obras 0,0000 0,0034 0,0047 0,0000 0,0043 0,0001 0,0027 0,0018 0,0003 0,0012 0,0001 0,0000 0,0000 0,0001 0,0003 0,0004 0,0005 0,0005 0,0013 0,0196 0,0287 16 Máquinas e aparelhos, material elétrico 0,0000 0,0047 0,0094 0,0101 0,0068 0,0015 0,0001 0,0000 0,0083 0,0019 0,0071 0,0071 0,1515 0,0111 0,0071 0,0088 0,0221 0,0162 0,0142 0,0260 0,0125 17 Material de transporte 0,0000 0,0000 0,0002 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0059 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0025 0,0008 0,0000 0,0000 0,0055 18 Instrumentos e aparelhos científicos 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0344 0,0000 0,0653 0,5221 1,0740 0,9192 0,3772 0,1502 0,1709 0,0658 0,1960 0,0161 0,0201 0,0199 0,0410 0,0160 0,0183 19 Armas e munições; suas partes e acessórios 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 20 Mercadorias e produtos diversos 0,0000 0,0719 0,0002 0,0000 0,0000 0,0231 0,0019 0,0036 0,0012 0,0322 0,0014 0,0024 0,0052 0,0017 0,0533 0,0023 0,0118 0,0053 0,0274 0,0194 0,0680 21 Objetos de arte, de coleção e antiguidades 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,2623 0,0000 0,0000 0,0173 0,0000 0,0000 22 Transações especiais 0,0695 0,0358 0,0110 0,4412 0,0993 0,0446 0,0138 0,0393 0,0605 0,0179 0,0224 0,0680 0,0163 0,0000 0,0015 0,0480 0,0045 0,0018 0,0166 0,0047 0,0069 SEÇÕES DA NBM/NCM
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