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Introdução ao Direito Administrativo

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Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
1.1. Estado e Administração Pública 
 
O Estado pode ser definido como a organização político-jurídica capaz de impor sua vontade 
a todos os que se situam dentro de um determinado território. 
 
E o que seria a Administração Pública? A Administração é uma das facetas da atuação do 
Estado, que se revela na vida cotidiana daqueles que estão submetidos ao poder estatal. Para 
entender melhor, vamos analisar as funções do Estado 
 
1.2. Funções estatais 
 
As funções estatais podem ser divididas em 
 
a) Função legislativa – é a atividade de criação das normas gerais e abstratas a serem seguidas 
por todos; é desempenhada de forma principal pelo Poder Legislativo. 
 
b) Função jurisdicional – é a atividade pela qual se decidem de forma definitiva os litígios 
referentes à interpretação e aplicação das normas acima mencionadas; é desempenhada de 
forma principal pelo Poder Judiciário. 
 
c) Função administrativa – é a função que nos interessa e que abrange todas as demais 
atividades desempenhadas pelo Estado; é exercida de forma preponderante pelo Poder 
Executivo. 
 
A função administrativa compreende, portanto, uma variedade enorme de atividades, tais 
como: tributação, fiscalização e manutenção da ordem pública, prestação de serviços à 
coletividade, incentivos às atividades consideradas de interesse público, etc. 
 
Além disso, também fazem parte dessa função todas as atividades destinadas à manutenção 
da estrutura estatal, como os cuidados com o patrimônio dos entes públicos, o recrutamento 
e a disciplina dos agentes estatais, a realização de aquisições e demais contratações que sejam 
necessárias ao funcionamento da máquina administrativa etc. 
 
Acho que já entendemos o que é a função administrativa. Porém, conceituá-la é tarefa 
dificílima, havendo autores que preferem dizer: é tudo aquilo que não é função legislativa, 
nem função jurisdicional. 
 
Vamos fornecer apenas como suporte para avançarmos em nosso conhecimento, a seguinte 
definição: 
 
Definição: A função administrativa consiste no exercício de poderes, pelo Estado e seus 
agentes, com a finalidade de: a) satisfazer concretamente os interesses essenciais da 
coletividade; e b) promover a organização e funcionamento dos órgãos estatais, de molde a 
possibilitar o exercício de suas atividades. 
 
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 Atenção! Uma informação importante é que, embora a Constituição faça a separação 
entre três classes de órgãos, denominados “Poderes” – o Poder Legislativo, o Poder 
Executivo e o Poder Judiciário – essa divisão não coincide de forma absoluta com a divisão 
de funções já mencionada. 
 
Cada “Poder” exerce de forma principal ou típica a função associada a seu nome; porém, pode 
praticar atos relacionadas a outra função, de forma secundária ou atípica. O Poder Executivo 
e o Poder Judiciário participam da função legislativa, por exemplo, por meio da iniciativa de 
leis, conforme previsto na CF. O Poder Legislativo também exerce funções jurisdicionais, ao 
julgar os crimes de responsabilidade. (CF, art. 52, I e II). 
 
Todos os Poderes exercem a função administrativa, na medida em que necessitam se 
estruturar para desempenhar suas atividades. O Congresso Nacional quando realiza um 
concurso para servidores; o Tribunal de Justiça quando realiza uma licitação para compra de 
computadores; o juiz, quando baixa uma norma para disciplinar o horário dos servidores do 
cartório – todos são exemplos de exercício de função administrativa por autoridades 
legislativas e judiciárias. 
 
 
1.3. Definição de Administração Pública 
 
Podemos, portanto definir Administração Pública como o exercício, por agentes estatais, das 
atividades e tarefas relacionadas à função administrativa (sentido objetivo ou funcional de 
Administração Pública) 
 
Sob um outro ângulo, Administração Pública também significa o conjunto de pessoas 
jurídicas, órgãos e agentes incumbidos do desempenho da função administrativa (sentido 
subjetivo ou orgânico de Administração Pública). 
 
 
1.4. Usos da palavra Administração 
 
O vocábulo Administração pode ser usado de forma mais específica, para distinguir diversas 
situações no âmbito da atuação administrativa. Assim, na linguagem do Direito 
Administrativo, temos as seguintes expressões: 
 
Quanto à esfera governamental: 
 
 Administração Federal – se refere à atuação ou às pessoas, órgãos e agentes da 
União 
 Administração Estadual - se refere à atuação ou às pessoas, órgãos e agentes dos 
Estados-membros 
 Administração Distrital - se refere à atuação ou às pessoas, órgãos e agentes do 
Distrito Federal 
 Administração Municipal - se refere à atuação ou às pessoas, órgãos e agentes dos 
Municípios 
 
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Quanto à forma como é exercida a função administrativa: 
 
 Administração centralizada: quando a função administrativa é exercida diretamente 
pelos entes políticos (ou seja, pela União, Estados, Distrito Federal ou Municípios) 
 Administração descentralizada: quando a função administrativa é exercida por meio 
da outorga ou delegação de poderes – pode se tratar de uma entidade criada pelo 
próprio ente político (uma autarquia, por exemplo) ou por um particular 
(concessionário de serviços públicos, por exemplo). 
 
Quanto à forma de organização administrativa: 
 
 Administração Direta: expressão consagrada na Constituição, para se referir às 
estruturas administrativas internas dos entes políticos. 
 Administração Indireta: expressão que abrange as pessoas jurídicas criadas pelos 
entes políticos (autarquias, empresas públicas, etc.) Podemos também tornar mais 
específica a expressão, ao nos referirmos a uma esfera governamental determinada. 
Por exemplo, ao nos referirmos à Administração Indireta Federal, estamos querendo 
alcançar apenas as pessoas jurídicas criadas pela União. 
 Administração autárquica: se refere apenas às entidades referidas como autarquias – 
que explicaremos mais adiante. 
 Administração fundacional: se refere apenas às entidades referidas como fundações 
governamentais – que explicaremos mais adiante. 
 
 
 
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2. O REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO E OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
2.1. O regime jurídico-administrativo. 
 
Em sua concepção contemporânea, a Administração não é um fim em si mesma. Ela é um 
meio de realizar as necessidades da coletividade. Assim, o poder de que ela dispõe somente 
pode ser exercido para satisfazer o interesse público. 
 
Os poderes ou competências da Administração são, portanto poderes-deveres. Ou seja, são 
sempre associados ao dever de realizar os interesses maiores da coletividade. 
 
Em razão dessa missão da Administração Pública, ela possui um conjunto de princípios e 
regras destinado a garantir que ela alcançará seus objetivos: é o regime jurídico-
administrativo. 
 
O regime jurídico-administrativo é um regime diferenciado, feito sob medida para a 
Administração Pública. Nele, institutos conhecidos no direito comum – isto é, no direito que 
se aplica a todos os indivíduos – ganham uma nova roupagem. 
 
Para entendermos o regime jurídico-administrativo, temos de conhecer dois princípios básicos 
da atividade administrativa, relacionados à idéia de interesse público: 
 
 Princípio da indisponibilidade do interesse público, também referido com princípio 
da finalidade: tal princípio nos diz que o agente público deve sempre cuidar da 
realização do interesse público, não se desviando desse caminho. Viola esse princípio, 
por exemplo, o agente público que usa a viatura oficial para viagem de lazer; ou ainda, 
o agente que desperdiça recursos
públicos com gastos desnecessários e imotivados. 
 
 Princípio da supremacia do interesse público: serve para justificar a existência de 
prerrogativas e privilégios da Administração em relação ao particular. Tendo em vista 
que o interesse da coletividade é mais importante que o interesse dos indivíduos, 
costuma-se dizer que, quando presente o interesse público, a Administração se coloca 
numa posição de superioridade em relação ao particular. 
 
Esses princípios estão na raiz de uma série de princípios e regras especiais, aplicáveis à 
Administração, dando ao regime jurídico-administrativo uma feição muito fácil de reconhecer. 
Esses princípios e regras se caracterizam de duas formas: 
 
 Restrições – princípios e regras restritivos impedem ou dificultam o agente público de 
atuar com desatenção ao interesse público. Por exemplo: a necessidade de 
procedimento licitatório para realizar contratações; a necessidade de autorização da 
lei orçamentária para realizar despesas. 
 
 Prerrogativas e privilégios – princípios e regras que dão à Administração um 
tratamento especial, diferenciado e superior em relação ao particular. Por exemplo: a 
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possibilidade de desapropriar um bem de um particular; o poder de aplicar sanções 
àqueles que violam as regras de convivência coletiva. 
 
Um esquema pode nos auxiliar a memorizar essas informações: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Concluindo: 
 
Definição: o regime jurídico-administrativo é o conjunto de princípios e regras que, em 
razão da supremacia e da indisponibilidade do interesse público almejado pela 
Administração, confere a ela prerrogativas e privilégios e estabelece restrições 
especiais, diferenciando-a dos demais sujeitos de direito 
 
 Atenção! A idéia do regime jurídico-administrativo é a chave de ouro de nossa 
disciplina, pois por meio dessa idéia podemos compreender a razão de ser de vários 
institutos do Direito Administrativo. 
 
 
 
2.2. Os princípios do Direito Administrativo 
 
É inegável a importância do estudo e da compreensão dos princípios em toda e qualquer área 
do Direito. Isso porque o Direito não se resume às regras, ou seja, aquela espécie de norma 
jurídica pela qual se pode deduzir de maneira relativamente segura, a prescrição de um 
comportamento. 
 
 Atenção! Os princípios também têm força normativa. Embora tenham um maior grau de 
abstração do que as regras, eles são mais permanentes que elas e dão consistência e 
harmonia ao sistema jurídico. 
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Do ponto de vista prático, os princípios nos dão pistas, indícios, sobre o conteúdo provável 
das normas e nos ajudam também a interpretá-las, de maneira que elas sejam coerentes 
entre si. 
 
No Direito Administrativo, isso é ainda mais importante, pois não há uma codificação de 
normas administrativas. As normas do Direito Administrativo estão na própria Constituição, 
em leis nacionais e também em leis de cada um dos entes da Federação – União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios – pois todos têm competência para legislar sobre suas 
atividades administrativas. Além disso, existem também as normas infralegais: as resoluções, 
regulamentos, portarias, produzidas por cada uma dessas Administrações. 
 
A harmonização na interpretação e aplicação dessas centenas de normas se faz por meio do 
estudo e da compreensão dos princípios. 
 
Alguns dos princípios que estudaremos são explicitamente mencionados na Constituição 
Federal, especialmente em seu art. 37. Outros foram positivados em leis infraconstitucionais. 
E há também aqueles que, embora não constem explicitamente de algum texto normativo, 
são estudados e utilizados na doutrina e na jurisprudência administrativista. 
 
Os princípios mais importantes são os que constam do caput do art. 37 da CF. Eles formam 
um anagrama que permite nossa melhor fixação: 
 
L egalidade 
I mpessoalidade 
M oralidade 
P ublicidade 
E iciência 
 
 
 
2.2.1. Princípio da legalidade 
 
O princípio da legalidade é um princípio geral que se aplica a todos os ramos do Direito, mas 
que tem um tratamento especial no Direito Administrativo. Ele está consagrado, de modo 
genérico, no art. 5º da CF/88, aquele que relaciona os Direitos Fundamentais Individuais e 
Coletivos: 
 
“Art. 5º... II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei”. 
 
Ele estabelece, portanto, uma limitação para qualquer ação que vise restringir a liberdade dos 
cidadãos, mesmo que tal ação seja realizada pelo próprio Estado. O princípio da legalidade é 
a coluna fundamental do chamado Estado de Direito, ou seja, a idéia de que o poder só atua 
legitimamente quanto autorizado pela norma jurídica produzida pelo órgão legislativo 
competente. 
 
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Para a Administração, ele está previsto no art. 37, caput da CF, que também faz referência a 
outros princípios. 
 
Para o cidadão, a legalidade representa uma garantia de sua liberdade. No Direito 
Administrativo, ao contrário, ganha uma feição de limitação para a Administração – motivo 
pelo qual acaba ganhando um apelido: legalidade estrita. 
 
Nesta linha, costuma-se dizer que a Administração não apenas deve evitar agir “contra legem” 
(contrariamente à lei), “ultra legem” (além do que a lei estabelece), mas somente pode agir 
“secundum legem”, isto é, segundo a lei. A Administração somente pode desenvolver a 
atividade que a lei lhe autorizar, especialmente quando essa atividade interferir na esfera de 
liberdade e nos direitos dos indivíduos. 
 
Saliente-se que, nesse contexto, estamos sempre nos referindo à lei em sentido formal, ou 
seja, aquela que é produzida por meio do processo legislativo, disciplinado pela Constituição. 
O conceito de lei em sentido formal não abrange normas produzidas por órgãos 
administrativos, no exercício do chamado poder normativo – que será explicado no capítulo 
seguinte. 
 
 
2.2.2. Princípio da Impessoalidade 
 
O princípio da impessoalidade afirma que a coisa pública – a chamada “res publica” – não deve 
ser apropriada ou confundida com os interesses dos agentes que transitoriamente exercem 
função pública. 
 
Há dois significados diferentes para esse princípio, sendo que ambos são válidos e se 
completam: 
 
 A impossibilidade de confundir a pessoa jurídica estatal e a pessoa do administrador, 
promovendo o chamado “culto à pessoa” ou “personalismo” na Administração. Nesse 
sentido, a CF/88 tem norma expressa, condenando a promoção pessoal das 
autoridades e servidores públicos (art. 37, § 1º). 
 
 O dever de atuação imparcial do administrador público, que não pode estabelecer 
diferenças injustificáveis entre os cidadãos, seja para favorecer, seja para prejudicar. 
Trata-se, por tanto, de uma decorrência de um princípio mais amplo, o princípio da 
isonomia, consagrado no art. 5º, caput e inciso I da CF/88. 
 
 
 
 
 
 
2.2.3. Princípio da moralidade administrativa 
 
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Toda atuação administrativa, além de ser legal, deve ser moral. Essa afirmação é necessária 
porque, muitas vezes, em um ato sob a aparência de legalidade, se esconde uma intenção que 
nada tem a ver com a realização do interesse público. 
 
Por essa razão a doutrina e a jurisprudência administrativista acabaram por consagrar a idéia 
de moralidade administrativa como um algo a mais que complementa o princípio da 
legalidade, de maneira a garantir que a atuação da Administração não se desvie de seu 
objetivo maior: a satisfação do interesse público. A moralidade
administrativa está 
relacionada aos conceitos de atuação ética, honestidade, boa-fé, lealdade e probidade no 
trato da coisa pública. 
 
Tal princípio tem sido muito importante para o controle dos atos da Administração pelo Poder 
Judiciário, especialmente aqueles que são dotados de discricionariedade – cujo conceito 
abordaremos no capítulo seguinte. 
 
A Constituição também determina a punição dos agentes públicos pelos atos de improbidade 
administrativa, expressão que geralmente é associada à idéia de mau uso dos recursos 
públicos (vide art. 37, § 4º da CF e Lei nº 8.429/92). 
 
O princípio da moralidade – bem como o correlato princípio da impessoalidade – foram os 
fundamentos utilizados pelo Supremo Tribunal Federal para a edição da Súmula Vinculante 
nº 13, que proibiu a prática do “nepotismo” na Administração Pública, assim redigida: 
 
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por 
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da 
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o 
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na 
administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações 
recíprocas, viola a Constituição Federal. 
 
 
2.2.4. Princípio da publicidade 
 
Por cuidar dos interesses da coletividade, o administrador público deve atuar com 
transparência. Essa é a expressão que melhor traduz o que é o princípio da publicidade. 
 
Na Administração Pública, a publicidade é a regra. Somente pode haver atos e atividades 
secretas em situações previstas na própria Constituição, como o resguardo da privacidade do 
cidadão (art. 5º, X) – por exemplo, no sigilo das informações fornecidas ao Fisco – e em 
questões relacionadas à segurança da sociedade e do Estado (art. 5º, XXXIII). 
 
Por essa razão, todo cidadão têm o direito de conhecer as informações que a Administração 
possua a seu respeito, bem como aquelas referentes ao bem-estar da coletividade (art. 5º 
XXXIII e XXXIV). A recusa em prestar essas informações pode ser objeto de uma ação judicial 
específica – o habeas data, também previsto no art. 5º, em seu inciso LXII. 
 
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Recentemente, tivemos a promulgação de uma lei que busca dar maior efetividade a essa 
ideia de transparência – trata-se da Lei nº 12.527/2011, conhecida como Lei de Acesso às 
Informações Públicas. 
 
2.2.5. Princípio da eficiência 
 
Esse princípio foi inserido no texto constitucional pela EC 19/98 (conhecida como Emenda da 
Reforma Administrativa). Ele determina que a Administração atue de maneira adequada, com 
economia de meios e com a agilidade necessária, de modo a atender de forma efetiva os 
interesses da coletividade. A lentidão, a omissão, o desperdício de recursos públicos, a falta 
de planejamento, são atitudes que ofendem a esse princípio. 
 
No plano mais prático, esse princípio está relacionado a outras mudanças introduzidas na 
CF/88 pela Reforma Administrativa. São elas: 
 
 a criação do contrato de gestão e das Agências estatais (CF, art. 37, § 8º) 
 a perda de estabilidade pelo mau desempenho do agente público (CF, art. 41, § 1º, III) 
 o controle social da Administração Pública (art. 37, § 3º) 
 a criação de escolas de formação e aperfeiçoamento de agentes públicos (art. 39, § 
2º). 
 a aplicação de recursos em programas de produtividade e qualidade no serviço 
público (art. 39, § 7) 
 o limite de gastos com pessoal, como forma de atuação fiscal responsável (art. 169). 
 
Ele também tem sido invocado para justificar a criação de novas figuras jurídicas, que buscam 
dar mais agilidade e economia à Administração. Duas figuras relativamente recentes 
exemplificam essa tendência: a licitação por pregão e as parcerias-público-privadas (PPPs). 
 
 
2.2.6. Princípio da autotutela 
 
Por esse princípio, a Administração pode corrigir e rever os seus próprios atos, para adequá-
los à legalidade ou para que eles melhor atendam ao interesse público. 
 
Assim, a anulação ou revogação de um ato da Administração não depende de uma decisão 
judicial. Está entre os poderes da Administração, o poder de zelar pela regularidade jurídica e 
pela adequação de seus atos ao interesse da coletividade. Nesse sentido, é muito citada a 
Súmula nº 473 do Supremo Tribunal Federal: 
 
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam 
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência 
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a 
apreciação judicial. 
 
 
 
 
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2.2.7. Princípio da presunção de legalidade e veracidade dos atos administrativos 
 
Os atos praticados pela Administração têm “fé pública”, ou seja, há uma presunção de que a 
atuação administrativa é sempre legal e sempre condizente com a verdade dos fatos. 
 
Trata-se de uma presunção relativa (presunção juris tantum). Ou seja, o cidadão pode 
desfazer o ato ilegal ou corrigir uma afirmação falsa realizada pela Administração. Porém, cabe 
a ele o ônus de provar que a Administração se equivocou ou produziu ato desconforme à lei. 
 
 
2.2.8. Princípios da razoabilidade e proporcionalidade 
 
O princípio da razoabilidade nos diz que a atuação administrativa deve estar baseada no bom-
senso, na prudência, na coerência ao espírito e à finalidade da lei. 
 
Semelhante à razoabilidade, o princípio da proporcionalidade se refere à adequação entre 
meios e fins na atividade administrativa. Alguns exemplos de ofensa a esse princípio: a 
realização de obra dispendiosa, desproporcional ao benefício que trará à comunidade; ou a 
aplicação de pena de demissão de um servidor por uma falta corriqueira, que poderia ser 
apenada apenas com uma advertência. 
 
Esses princípios serão especialmente importantes na condução do processo administrativo, 
sendo que a Lei 9.784/99 (Lei Federal de Processos Administrativos) reconheceu 
expressamente a existência desses princípios, em seu art. 2º. 
 
 
2.2.9. Princípio da motivação 
 
Esse princípio complementa o princípio da publicidade, na medida em que exige que o agente 
público, ao praticar o ato, exteriorize os motivos de sua decisão. A motivação do ato permite 
seu melhor controle, evitando que se pratiquem atos por motivos ilegais ou imorais. 
 
Por essa razão a Lei 9.784/99 (Lei Federal de Procedimentos Administrativos), em seu art. 50, 
relacionou uma série de atos administrativos, cuja motivação é obrigatória. Nesses casos, a 
falta da motivação levará à nulidade do ato. 
 
 
2.2.10. Princípio da continuidade 
 
O princípio da continuidade nos diz que as atividades da administração não podem ser 
interrompidas, devendo atender as necessidades da coletividade, enquanto essas existirem e 
com a urgência que a situação requeira. 
 
Esse princípio está na base de algumas regras importantes do Direito Administrativo, como: 
 
 a maior limitação do direito de greve dos servidores públicos (art. 37, VII da CF); 
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 as restrições à paralisação da execução de contratos firmados com a Administração e 
o dever de tolerar, durante certo tempo, a inadimplência do ente administrativo (Lei 
8.666/93 – Lei de Licitações, art. 78, incisos V, XIV e XV); 
 o poder que a Administração tem de intervir nos seus contratados para garantir a 
continuidade das atividades e serviços públicos (Lei 8.666/93 – Lei de Licitações, art. 
58, V; Lei 8.987/95 – Lei de Serviços Públicos, art. 32); 
 a impossibilidade de penhora ou qualquer outra constrição
dos bens que estejam 
sendo utilizados na prestação dos serviços públicos. 
 
 
 
QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES DA OAB: 
 
1. Assinale a opção correta com relação aos princípios que regem a administração pública: 
a) Não ofende o princípio da moralidade administrativa a nomeação de servidora pública 
do Poder Executivo para cargo em comissão em tribunal de justiça no qual o vice-presidente 
seja parente da nomeada. 
b) A administração pública pode, sob a invocação do princípio da isonomia, estender 
benefício ilegalmente concedido a um grupo de servidores a outro grupo que esteja em 
situação idêntica. 
c) Ato administrativo não pode restringir, em razão da idade do candidato, inscrição em 
concurso para cargo público. 
d) O Poder Judiciário pode dispensar a realização de exame psicotécnico em concurso 
para investidura em cargo público, por ofensa ao princípio da razoabilidade 
 
(OAB/SP – Exame 136) 
 
 
 
2. Acerca dos princípios de direito administrativo, assinale a opção incorreta. 
a) Tanto a administração direta quanto a indireta se submetem aos princípios 
constitucionais da administração pública. 
b) O rol dos princípios administrativos, estabelecido originariamente na CF, foi ampliado 
para contemplar a inserção do princípio da eficiência. 
c) O princípio da legalidade, por seu conteúdo generalizante, atinge, da mesma forma e 
na mesma extensão, os particulares e a administração pública. 
d) Embora vigente o princípio da publicidade para os atos administrativos, o sigilo é 
aplicável em casos em que este seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 
 
(OAB/SP – Exame 137) 
 
 
 
3. De acordo com o Art. 2º, inciso XIII, da Lei n. 9.784/98, a Administração deve buscar a 
interpretação da norma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, 
vedada a aplicação retroativa da nova interpretação. Assinale a alternativa que indica o 
princípio consagrado por esse dispositivo, em sua parte final. 
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a) Legalidade. 
b) Eficiência. 
c) Moralidade. 
d) Segurança das relações jurídicas. 
 (OAB 2012/3) 
 
 
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3. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
É comum que na linguagem jurídica haja referência aos “poderes da Administração Pública”. 
Na verdade, o poder do Estado é uno e baseado na Constituição. Porém, há diversas 
manifestações do poder estatal e, quando ocorrem no exercício da atividade administrativa, 
acabam ganhando o nome de “poderes da Administração”. Vejamos algumas dessas 
manifestações: 
 
 
3.1. Poder normativo 
 
É o poder conferido a autoridades administrativas de editar normas de caráter derivado, que 
complementem ou explicitem os comandos da lei em sentido formal. Essa atribuição é feita 
pela Constituição ou pela própria lei, tendo em vista a impossibilidade de que as normas 
editadas pelo Poder Legislativo sejam capazes de prever e disciplinar todas as situações que 
necessitem de algum regramento pelo Poder Público. 
 
Uma forma especial de poder normativo é o poder regulamentar que a Constituição Federal 
atribui ao Chefe do Poder Executivo (art. 84, IV), para que ele edite regulamentos para a “fiel 
execução” das leis. Esses regulamentos são editados na forma de Decretos e geralmente a 
própria lei estabelece a necessidade de sua regulamentação pelo Executivo, visto que nem 
toda a lei depende de regulamentação para produzir efeitos. 
 
Tanto os regulamentos editados pelo Executivo como as demais normas – resoluções, 
portarias, deliberações – produzidas por outras autoridades administrativas estão sujeitas a 
determinados requisitos de produção: 
 
 necessidade de competência legal do emissor da norma 
 validade condicionada às normas que lhe são superiores (análise de validade que deve 
ser feito inclusive perante a lei em sentido formal e perante a própria Constituição) 
 possibilidade de controle pelo Poder Judiciário 
 respeito aos princípios da moralidade, proporcionalidade e razoabilidade no exercício 
da atividade normativa 
 
 Atenção! Um aspecto controverso do tema é a existência de regulamentos 
autônomos no nosso ordenamento. Esse tipo de regulamento dispensa a existência 
prévia de lei para atuação normativa do Chefe do Executivo e existe é figura comum 
em alguns ordenamentos jurídicos, em que o princípio da legalidade estrita não é 
interpretado da mesma forma que no Direito Brasileiro. Nossa Constituição prevê a 
possibilidade de disciplina de matéria diretamente por decreto apenas nas hipóteses 
contidas no art. 84, IV, alíneas a e b, introduzidos pela EC 32/2001: 
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar 
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. 
 
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3.2. Poder discricionário 
 
A chamada discricionariedade não é propriamente um poder. Trata-se de uma característica 
presente em determinados atos, cuja produção pressupõe certa liberdade do agente público, 
na escolha de meios de praticá-lo, de maneira a atingir de forma mais adequada e eficiente 
o interesse público. 
 
Em razão dessa característica, consagrou-se a classificação que distingue os atos 
administrativos em dois tipos: os atos vinculados e os atos discricionários. 
 
Há vinculação quando a lei já define antecipadamente a decisão a ser tomada no caso 
concreto, sendo que o agente administrativo apenas aplica a norma, numa atividade 
meramente mecânica. Um exemplo de ato vinculado é aplicação de uma multa de trânsito, 
pois todos os elementos necessários para a realização do ato sancionatório já estão previstos 
no Código Brasileiro de Trânsito – a conduta infracional, o valor da multa, o procedimento 
para aplicá-la, etc. Observe que nesses casos se os agentes deixarem de cumprir exatamente 
aquilo que a lei determina, o ato será inválido. 
 
Quando há discricionariedade, ao contrário, a lei deixa ao agente uma margem de escolha, 
para que ele adote a solução mais adequada ao interesse público. Essa margem de escolha 
costuma ser denominada de mérito do ato, e que compreende as razões de conveniência e 
oportunidade que justificam a decisão adotada. 
 
Um exemplo bem claro de discricionariedade é a escolha de uma pessoa para assumir um 
cargo de confiança – Ministro de Estado, por exemplo. Somente o Presidente da República é 
que pode avaliar quem é a pessoa mais indicada para assumir tal cargo. 
 
Falaremos um pouco mais do assunto, quando estudarmos o controle dos atos administrativos 
pelo Poder Judiciário. 
 
 
3.3. Poder hierárquico 
 
A hierarquia é uma exigência prática para o funcionamento de qualquer estrutura 
administrativa. Implica na existência de vários níveis de órgãos: órgãos de comando, de 
assessoramento, de execução, todos devendo trabalhar de forma coordenada, sendo que uns 
são subalternos a outros. 
 
Assim, o superior exerce o poder hierárquico sobre seu subordinado, que por sua vez tem o 
dever de obediência a seu superior. Cabe ressaltar que esse dever não é superior à idéia de 
legalidade, não sendo o subordinado obrigado a obedecer a ordens manifestamente ilegais 
de seus superiores. 
 
Além de comandar, fiscalizar e corrigir os atos do subordinado, o poder hierárquico também 
pressupõe o poder de delegar e avocar atribuições. Sobre o assunto, sugerimos a leitura da 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
Lei Federal de Procedimentos Administrativos – Lei 9.784/99, em seus artigos 11 a 15, que 
tratam desses institutos de forma bastante clara. 
 
A insubordinação de um agente público ao seu superior é falta disciplinar que, dependendo 
da gravidade, pode levar à demissão do
servidor – vide, nesse sentido, o art. 132 da Lei nº 
8.112/90 (Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União). 
 
 
3.4. Poder disciplinar 
 
É o poder de apurar faltas e impor sanções àquelas pessoas que possuem um vínculo especial 
com a Administração, em razão da atividade administrativa: servidores públicos, contratados, 
concessionários, alunos de escolas públicas, crianças e adolescentes sob tutela estatal, etc. 
 
Como qualquer atividade sancionatória, o poder disciplinar está sujeito a regras de exercício 
e especialmente, à observância dos princípios da ampla defesa e do contraditório, garantias 
constitucionais do acusado (art. 5º, LV da CF) 
 
Em razão disso, não existe mais a possibilidade de aplicação imediata de sanções, conforme 
se praticou antes da CF/88, na chamada prática processual da “verdade sabida” (ou seja, 
constatada diretamente pelo aplicador da sanção e sem oportunidade de defesa ou 
contraprova pelo acusado). A atuação disciplinar também está sujeita aos princípios da 
razoabilidade e da proporcionalidade, já mencionados. 
 
 
3.5. Poder de polícia administrativa 
 
É o nome dado à atuação das autoridades administrativas no sentido de limitar a atividade 
dos particulares, visando à manutenção da ordem pública e o bem estar coletivo. 
 
Devemos distinguir a polícia administrativa, que incide sobre bens, direitos e atividades, da 
atividade de polícia judiciária, que é empregada para a persecução dos ilícitos criminais e 
incide sobre as pessoas. 
 
A finalidade da polícia administrativa é evitar os danos decorrentes do exercício abusivo dos 
direitos pelos particulares, visto que os direitos e faculdades estabelecidos de forma abstrata 
no ordenamento devem ser harmonizados em sua fruição concreta pelos indivíduos. Assim, 
temos direito de escutar música em nosso carro; porém foge do razoável que ouçamos música 
em altíssimo volume, com todas as portas do veículo abertas, obrigando toda a vizinhança a 
permanecer acordada. 
 
 
3.5.1. Obrigações decorrentes da polícia administrativa 
 
Por meio da polícia administrativa, a Administração Pública impõe diversos tipos de obrigação: 
 
 obrigação de não-fazer – p. ex. a proibição de fumar em determinados ambientes. 
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 obrigação de fazer – p. ex. a obrigatoriedade da instalação de equipamentos de 
segurança nas edificações. 
 obrigação de deixar-fazer (ou suportar), também denominadas sujeições – p. ex. o 
dever de permitir o abate de animais contaminados por uma epidemia. 
 
Convém reiterar que a atuação da autoridade administrativa não tem o condão de criar 
concretamente, para o particular, obrigações que não estejam abstratamente previstas em 
lei, sob pena de ofender o princípio da legalidade, já referido. 
 
 
3.5.2. Medidas de polícia administrativa 
 
Uma vez que os particulares descumpram as ordens emanadas pela Administração Pública, 
surgem medidas destinadas a reparar a ordem jurídica lesada. São elas: 
 
 Medidas coativas ou cautelares: são providências imediatas adotadas pela autoridade 
pública, usando de força, se necessário, para fazer cessar a conduta irregular. P. ex. a 
apreensão de equipamentos destinados à caça ou à pesca ilegal; o embargo de uma 
obra irregular, etc. 
 
 Sanções: são penalidades aplicadas ao infrator, de maneira a desestimular condutas 
danosas à coletividade. P. ex.: multa dos infratores de trânsito; cassação da licença 
para praticar determinada atividade; perda de bens utilizados para práticas ilegais, 
etc. 
 
Para que sejam impostas, as sanções devem estar expressamente previstas em lei, que deve 
conter em linhas gerais os critérios e o procedimento da punição. Imprescindível que antes da 
aplicação da sanção seja dado ao acusado o direito de ampla defesa e que o procedimento 
sancionatório respeite o princípio do contraditório. 
 
 
3.5.3. Atributos da polícia administrativa 
 
São citados como atributos da polícia administrativa: 
 
 Discricionariedade: é comum, que ao disciplinar o exercício das atividades de polícia 
administrativa, a lei conceda ao agente público certa margem de escolha para que ele, 
avaliando a situação concreta, adote a providência mais adequada –por exemplo, 
confiando ao agente a gradação da multa a ser aplicada, em vista da gravidade da 
infração. Ressalte-se que a discricionariedade não é a regra absoluta, pois a lei também 
pode definir a conduta que espera do agente público, sem dar margem a escolhas por 
parte deste. 
 
 Coercibilidade: o particular é obrigado a obedecer aos comandos dados pela 
Administração no exercício da polícia administrativa, sob pena de sofrer 
responsabilização penal pela resistência ao exercício dessa autoridade. 
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 Auto-executoriedade: é a possibilidade que a Administração tem de realizar 
concretamente sua vontade, mesmo com a oposição do particular e sem a necessidade 
de intervenção da autoridade judicial. Exemplo: a apreensão de alimentos impróprios 
para consumo; a interdição de estabelecimentos destinados a práticas ilícitas, etc. 
 
 
3.5.4. Princípios condutores da atividade de polícia administrativa 
 
Ao exercer o poder de polícia, a Administração deve observar: 
 
 tipicidade: embora haja autores que afirmem não existir tipicidade na atividade 
sancionatória administrativa – de maneira a diferenciá-la das sanções do Direito Penal 
– não há dúvida de que a lei deve prever, de maneira minimamente previsível, qual a 
conduta que pode ser considerada como infração e quais as medidas coativas e 
sanções aplicáveis no exercício do poder de polícia. Isso é decorrência do princípio da 
legalidade estrita. 
 necessidade e eficácia: a adoção de uma medida de polícia administrativa deve ser 
justificada pela necessidade de se evitar um dano real à coletividade e devem ser 
empregados os meios mais eficazes e que menor sacrifício causem aos indivíduos. 
 proporcionalidade e razoabilidade: a Administração deve se pautar pelo bom senso e 
pela moderação ao restringir a liberdade de atuação dos particulares. O uso 
desproporcional das medidas de polícia pode configurar o chamado abuso de poder 
por parte da autoridade pública. 
 
 
3.5.5. Licença e autorização de atividade 
 
Dentre as práticas mais comuns da polícia administrativa está a emissão de atos 
destinados a regular de maneira prévia o exercício de atividades pelos particulares. São 
eles: 
 
 Autorização de atividade: é o ato unilateral, discricionário e precário por meio do 
qual a Administração concede ao particular a possibilidade de exercer determinada 
atividade. Geralmente a atividade em questão pode resultar em algum incômodo 
ou perigo para a coletividade e, por essa razão, a lei atribui à autoridade pública a 
avaliação das circunstâncias, decidindo sobre a conveniência e oportunidade para 
deferir o seu exercício. O ato é precário – isto é, pode a qualquer tempo ser 
revogado – pelas mesmas razões. Por exemplo: a autorização para porte de 
armamento. 
 
 Licença: é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta àquele que 
preencha os requisitos legais o exercício de uma atividade. Aqui, o ato é vinculado, 
ou seja, todo aquele que preencher os requisitos da lei tem o direito a emissão da 
licença pela Administração, que não poderá recusá-la. Por exemplo: a licença para 
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conduzir veículo, uma vez que o particular tenha cumprido os requisitos, passando 
pelos exames previstos em lei. 
 
 
 
 
QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES DA OAB: 
 
 
1. No que se refere aos poderes dos administradores públicos, 
assinale a opção correta. 
 
a) O poder de polícia somente pode ser exercido de maneira discricionária. 
b) O poder
disciplinar caracteriza-se pela discricionariedade, podendo a administração 
escolher entre punir e não punir a falta praticada pelo servidor. 
c) Uma autarquia ou uma empresa pública estadual está ligada a um estado-membro por 
uma relação de subordinação decorrente da hierarquia. 
d) No exercício do poder regulamentar, a administração não pode criar direitos, 
obrigações, proibições, medidas punitivas, devendo limitar-se a estabelecer normas 
sobre a forma como a lei vai ser cumprida. 
 
(OAB – Nacional – Prova 2008/2) 
 
 
2. Assinale a opção correta quanto aos poderes e deveres dos administradores públicos. 
 
a) O poder regulamentar é exercido apenas por meio de decreto. 
b) O poder de delegação e o de avocação decorre do poder hierárquico. 
c) A possibilidade de o chefe do Poder Executivo emitir decretos regulamentares com 
vistas a regular uma lei penal deriva do poder de polícia. 
d) O poder discricionário não comporta nenhuma possibilidade de controle por parte do 
Poder Judiciário. 
 
(OAB - Nacional – Prova 2006/3) 
 
 
3. A doutrina costuma afirmar que certas prerrogativas postas à Administração encerram 
verdadeiros poderes, que são irrenunciáveis e devem ser exercidos sempre que o interesse 
público clamar. Por tal razão são chamados poder-dever. 
A esse respeito é correto afirmar que: 
a) o poder regulamentar é amplo, e permite, sem controvérsias, a edição de 
regulamentos autônomos e executórios. 
b) o poder hierárquico é inerente à ideia de verticalização administrativa, e revela as 
possibilidades de controlar atividades, delegar competência, avocar competências 
delegáveis e invalidar atos, dentre outros. 
c) o poder disciplinar importa à administração o dever de apurar infrações e aplicar 
penalidades, mesmo não havendo legislação prévia. 
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d) o poder de polícia se coloca discricionário, conferindo ao administrador ilimitada 
margem de opções quanto à sanção a ser, eventualmente, aplicada. 
 
(OAB – Nacional – Prova 2010/2) 
 
 
 
4. O poder de polícia, conferindo a possibilidade de o Estado limitar o exercício da liberdade 
ou das faculdades de proprietário, em prol do interesse público 
a) gera a possibilidade de cobrança, como contrapartida, de preço público. 
b) se instrumentaliza sempre por meio de alvará de autorização. 
c) afasta a razoabilidade, para atingir os seus objetivos maiores, em prol da 
predominância do interesse público. 
d) deve ser exercido nos limites da lei, gerando a possibilidade de cobrança de taxa. 
 
(OAB – Nacional – Prova 2010/2) 
 
 
5. José da Silva é o chefe do Departamento de Pessoal de uma Secretaria de Estado. 
Recentemente, José da Silva avocou a análise de determinada matéria, constante de 
processo administrativo inicialmente distribuído a João de Souza, seu subordinado, ao 
perceber que a questão era por demais complexa e não vinha sendo tratada com prioridade 
por aquele servidor. 
Ao assim agir, José da Silva fez uso 
a) do poder hierárquico. 
b) do poder disciplinar. 
c) do poder discricionário. 
d) da teoria dos motivos determinantes. 
(OAB – Nacional - Prova 2014/1) 
 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
 
4. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Conforme já mencionamos no Capítulo 1, temos uma definição de Administração Pública em 
sentido subjetivo, qual seja, o conjunto de pessoas jurídicas, órgãos e agentes incumbidos do 
desempenho da função administrativa. 
 
Neste capítulo, vamos estudar um pouco mais quem é o “sujeito” Administração Pública. 
 
 
4.1. Pessoas políticas e pessoas administrativas. 
 
Embora o poder estatal seja uno, conforme já dissemos, a evolução do Estado moderno 
propiciou a divisão vertical e horizontal da estrutura estatal em diversas entidades. 
 
Assim, nós temos as pessoas políticas, também conhecidas como entes políticos ou entidades 
políticas. A própria Constituição Federal é quem reconhece a existência dessas pessoas 
jurídicas e atribui a elas competências legislativas e administrativas, caracterizando assim a 
sua autonomia política, no espírito do chamado sistema federativo. 
 
Também há uma divisão horizontal da atividade estatal, por meio da criação das pessoas, 
entes ou entidades administrativas, ou seja, pessoas jurídicas cuja criação é decorrência de 
lei editada pelo ente político respectivo, para desempenhar alguma atividade que seja de 
competência deste. Vamos falar um pouco mais delas a seguir, ao tratar da chamada 
Administração Indireta. 
 
 
4.2. Personalidade jurídica das entidades da Administração 
 
Toda a entidade acima mencionada tem personalidade jurídica, isto é, o ordenamento 
jurídico reconhece a elas a capacidade de serem sujeitos de direitos e obrigações. 
 
Nosso sistema jurídico diferencia as pessoas jurídicas em dois grupos, conforme o regime 
jurídico a elas aplicável: pessoas jurídicas de direito privado e pessoas jurídicas de direito 
público (art. 40 do Código Civil). Estas últimas, por sua vez, são diferenciadas entre pessoas 
jurídicas de direito público interno (União, Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, 
autarquias e entidades criadas por lei com essa natureza) e pessoas jurídicas de direito público 
externo (os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito 
internacional público). 
 
As pessoas jurídicas de direito público são aquelas que têm feição tipicamente estatal. No 
caso daquelas mencionadas como pessoas jurídicas de direito público interno, elas são regidas 
de forma integral pelo chamado regime jurídico-administrativo, já mencionado 
anteriormente. 
 
Embora possa parecer estranho, o Poder Público pode criar pessoas jurídicas de direito 
privado. É que por vezes é conveniente ou até mesmo obrigatório que pessoas administrativas 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
sejam criadas com regime jurídico semelhante ao aplicável aos particulares. A nossa 
Constituição Federal, por exemplo, ao tratar do desempenho de atividade econômica pelo 
Estado, obriga que seja feito por meio de pessoas sujeitas “ao regime jurídico próprio das 
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e 
tributários” (art. 173, § 1º, II). Por essa razão, entidades como a Caixa Econômica Federal e a 
Petrobrás, embora sejam estatais são pessoas jurídicas de direito privado. 
 
Para as entidades estatais com personalidade de direito privado não se aplicam todas as 
regras do regime jurídico-administrativo, justamente por terem um regime equiparado ao 
dos particulares. Em geral, permanecem para elas apenas algumas das restrições – como a 
necessidade de realizar concurso público, a fiscalização do uso dos recursos, a necessidade de 
licitar. 
 
4.3. Desconcentração e descentralização 
 
Para realizar suas tarefas, a Administração Pública adota técnicas de atribuição de 
competência denominadas como desconcentração e descentralização: 
 
 Desconcentração: atribuição de competência a órgãos internos da entidade. 
 
 Descentralização: atribuição de competência a outras pessoas, distintas do ente político. 
Pode ser a atribuição a uma pessoa administrativa ou a um particular que atua em 
colaboração com a Administração. 
 
 
4.4. Desconcentração - os órgãos públicos 
 
Chamamos de órgão a unidade de atuação integrante de determinada entidade. Ou seja, ele 
é uma estrutura interna¸ que reúne atribuições e agentes públicos responsáveis por 
desempenhá-las. 
 
Através de seus órgãos, a pessoa jurídica administrativa expressa sua vontade, no que a 
doutrina cunhou de relação de imputação. Ou seja, os agentes públicos que atuam no órgão 
manifestam a vontade deste, que é considerada a vontade do próprio Estado. 
 
É importante lembrar que
os órgãos não têm personalidade jurídica própria, pois são apenas 
uma parcela da pessoa jurídica a qual pertencem. Assim, os atos praticados pelo agente de 
determinado órgão geram direitos e obrigações para a própria entidade a qual o órgão 
pertença, sendo que, como regra geral, esta é que será legitimada para estar em juízo em 
eventual controvérsia que envolva tal relação jurídica. 
 
São órgãos públicos, por exemplo, os Ministérios no âmbito do Executivo Federal e as 
Secretarias no âmbito do Executivo Estadual e Municipal, bem como suas divisões internas 
(departamentos, diretorias, etc.). O Poder Legislativo e o Poder Judiciário também são órgãos, 
com status e garantias especiais atribuídas pela Constituição, para preservação de sua 
independência em relação ao Executivo. Internamente também são divididos em órgãos 
(comissões, câmaras, juizados, etc.). 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
 
 
4.5. Descentralização 
 
A descentralização, ou seja, a atribuição de competência a outras pessoas, distintas da pessoa 
política que detém originariamente a competência, pode se dar pelas seguintes formas: 
 
 Descentralização territorial: atribuição de competência genérica a uma pessoa jurídica 
de direito público (autarquia territorial) – em nosso país não temos atualmente 
exemplos concretos desse tipo de descentralização. 
 
 Descentralização por serviços: atribuição de competência especializada, por lei, a uma 
pessoa administrativa (isto é, criada pela própria Administração). Fala-se aqui em 
outorga da atividade, para diferenciá-la da delegação, mencionada abaixo. Por 
exemplo, a Empresa de Correios e Telégrafos é uma empresa pública criada pela União 
para, sob regime descentralizado, desempenhar o serviço postal. 
 
 Descentralização por colaboração: atribuição de uma competência especializada a um 
particular, que atua sob supervisão da Administração. Essa delegação da atividade 
pode se dar por lei, por meio de um ato ou de um contrato administrativo. Por 
exemplo, as empresas telefônicas que hoje operam em nosso país são pessoas 
jurídicas constituídas por particulares e que, sob a fiscalização da Anatel, prestam o 
serviço público de telecomunicação. 
 
 
 
 
QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES DA OAB 
 
 
1. (...) compartimento na estrutura estatal a que são cometidas funções determinadas, sendo 
integrado por agentes que, quando as executam, manifestam a própria vontade do Estado. 
(José dos Santos Carvalho Filho. Manual de direito administrativo. 19.ª ed. Rio de Janeiro: 
Lumen Juris, 2008, p. 13). 
O trecho acima se refere ao conceito de 
a) agente público. 
b) função pública. 
c) órgão público. 
d) pessoa de direito público. 
 
(OAB – Nacional – Prova 2008/2) 
 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
 
 
2. A estruturação da Administração traz a presença, necessária, de centros de competências 
denominados Órgãos Públicos ou, simplesmente, Órgãos. Quanto a estes, é correto afirmar 
que 
 a) possuem personalidade jurídica própria, respondendo diretamente por seus atos. 
 b) suas atuações são imputadas às pessoas jurídicas a que pertencem. 
 c) não possuem cargos, apenas funções, e estas são criadas por atos normativos do 
ocupante do respectivo órgão. 
 d) não possuem cargos nem funções. 
 
(OAB – Nacional – Prova 2011/2) 
 
 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
 
5. ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
5.1. Definição de ato administrativo 
 
Os atos administrativos são um dos principais temas da disciplina. Para entendê-los, vamos 
trabalhar com a seguinte definição: 
 
Definição: O ato administrativo é um ato jurídico produzido com poderes estatais, no exercício 
da função administrativa, sob regime jurídico-administrativo. 
 
Logo, por essa definição não são atos administrativos: 
 
 atividades materiais, que não são atos jurídicos, ou seja, não buscam produzir uma 
declaração com efeitos jurídicos: ex.: a varrição de uma rua, o atendimento médico em 
um hospital público, etc. 
 
 atividades não produzidas com poderes estatais: somente os agentes públicos e os 
particulares que atuem sob delegação estatal praticam atos administrativos. 
 
 atividades não exercidas sob a função administrativa: atos produzidos no exercício de 
outras funções não são atos administrativos. Por exemplo, os atos jurisdicionais 
(sentenças, acórdãos, despachos) e os atos legislativos (votações, moções, leis). 
 
 atividades que não são produzidas sob regime de direito administrativo: atos 
produzidos sob as regras do direito privado não são atos administrativos. P. ex.: a 
abertura de conta em um banco, ainda que seja estatal. 
 
 
5.2. Perfeição, validade e eficácia do ato administrativo 
 
São qualidades do ato jurídico – e também do ato administrativo – que devem ser analisadas 
pelo profissional do Direito para compreensão da situação jurídica existente. 
 
 Perfeição: ao contrário do significado comum, não significa ausência de defeitos. 
Perfeição na linguagem jurídica tem um sentido de algo que está completo. Ato 
perfeito é o que já completou todas as fases de sua produção. Essa qualidade também 
é mencionada como existência do ato. Ato imperfeito e ato inexistente são sinônimos. 
 
 Validade: é a produção do ato sem a ocorrência de vícios. Ato válido é o ato cujo 
conteúdo e procedimento de formação estão conformes ao ordenamento jurídico. O 
exame da validade se faz através da análise dos elementos do ato – vide abaixo. 
 
 Eficácia: é a aptidão para produzir os efeitos que se esperam dele. Isso não tem a ver 
com a validade do ato, mas sim com a existência de determinados fatos ou atos 
capazes de impedir ou de propiciar a produção desses efeitos. A eficácia se verifica 
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sempre no tempo: um ato pode ser eficaz agora e perder sua eficácia num momento 
posterior em razão do advento de um termo (evento futuro e certo) ou de uma 
condição (evento futuro e incerto). E vice-versa. 
 
Consequências dessas qualidades: 
 
 O ato imperfeito é inexistente. Portanto, ele não pode ser analisado quanto à sua 
validade e não produz efeitos jurídicos. 
 
 O ato perfeito pode ser válido ou inválido. O ato pode ser válido e não produzir efeitos, 
em razão da existência de um termo ou condição que impeçam a produção desses 
efeitos. 
 
 Um ato inválido, por sua vez, não deveria ser capaz de produzir efeitos jurídicos. 
Porém, em nome do princípio da boa-fé ou da confiança e do princípio da segurança 
jurídica, às vezes são mantidos os efeitos de um ato administrativo, ainda que viciado. 
Estudaremos isso adiante. 
 
 
5.3. Elementos ou requisitos de validade do ato administrativo. 
 
A análise jurídica do ato jurídico implica na separação dele em elementos logicamente 
distintos – alguns autores preferem se referir a eles como “requisitos de validade”. 
Utilizaremos a divisão mais conhecida, em cinco elementos, quais sejam: 
 
1. Sujeito 
2. Objeto 
3. Forma 
4. Motivo 
5. Finalidade 
 
 
 Sujeito ou agente: é a pessoa investida dos poderes legais para a prática do ato 
administrativo. Se ele não tiver a competência – ou seja, a atribuição por lei, ato ou contrato 
– o ato por ele praticado não é válido. 
 
Para a verificação dos poderes atribuídos ao agente, devem ser analisados os seguintes 
aspectos: 
 
 aspecto material: o ato só pode ser praticado se estiver no rol de matérias atribuídos 
àquele agente. 
 aspecto territorial: deve o agente praticar atos dentro do âmbito espacial definido na 
lei ou ato de atribuição de poderes. 
 aspecto temporal: o ato deve ter sido produzido durante o tempo em que vigorava a 
competência do agente. 
Direito Administrativo – Prof.
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Os possíveis vícios relacionados ao elemento sujeito são os seguintes: 
 
A) Incapacidade: o Código Civil regula a capacidade dos sujeitos para a prática dos atos 
jurídicos. Porém a incapacidade civil nem sempre viciará o ato administrativo. Haverá 
vício apenas quando para a prática de tal ato for imprescindível o usa da capacidade 
volitiva pelo agente. 
 
Também pode ocorrer a incapacidade do agente para a prática de determinados atos, 
em razão de sua suspeição ou impedimento – vide a propósito: artigos 18 a 20 da Lei 
9.784/99 (Lei Federal de Procedimentos Administrativos). 
 
 
B) Incompetência: situações em que faltam os poderes para a prática do ato. São 
referidas pela doutrina como: 
 
 Usurpação de poder: é a situação do agente sem titulação legal, isto é, que 
não se encontra investido em funções públicas e que pratica o ato como se 
tivesse tal investidura. Trata-se de conduta criminalmente tipificada. 
 
 Funcionário de fato: situação em que há uma irregularidade na investidura do 
agente, mas este exerce as atribuições com aparente legalidade. 
 
 Excesso de poder: situação em que o agente, embora tenha a titulação legal 
para a prática de atos administrativos, extrapola os poderes que a lei lhe 
confere, invadindo a competência de outra autoridade ou praticando atos não 
previstos na lei. Pode configurar conduta criminalmente tipificada como crime 
de abuso de autoridade (Lei nº 4.898/65). 
 
 
 Objeto ou conteúdo: é aquilo que o ato declara ou prescreve, aquilo que nos permite 
reconhecê-lo como um ato típico. Assim, o objeto de um ato de demissão do servidor é o 
rompimento do vínculo de trabalho que o unia à Administração. O objeto da desapropriação 
é a transferência forçada da propriedade para o ente expropriante. 
 
Tal como no Direito Privado, o objeto do ato administrativo deve ser lícito, certo, moral e 
possível. Vamos entender: 
 
 Licitude: para o Direito Administrativo só são lícitos os objetos que sejam 
juridicamente autorizados (legalidade estrita). Um objeto ilícito, por exemplo, seria a 
aplicação da pena de confisco pelo não pagamento de um tributo. 
 
 Certeza: está relacionada com o princípio da segurança jurídica que nos diz que não 
deve pairar dúvida sobre o sentido das prescrições contidas no ato administrativo. Um 
exemplo verídico e espantoso: publicação de um ato autorizando uma licença a um 
servidor cujo nome a autoridade desconhecia, pois estava ilegível. 
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 Moralidade: vide o que já dissemos, ao tratar dos princípios da Administração Pública. 
Exemplo verídico sobre a imoralidade de um objeto: candidato a prefeito, que celebrou 
negócio registrado em cartório com o presidente da Câmara Municipal, visando à 
nomeação de apadrinhados em troca do apoio eleitoral. 
 
 Possibilidade: é pressuposto lógico para a existência do ato. Ela abrange a 
possibilidade material e a possibilidade jurídica. Possibilidade material significa 
possibilidade de esse objeto ser realizável de fato. A possibilidade jurídica significa que 
este objeto pode ser realizado, do ponto de vista da lógica que existe nas relações 
jurídicas. Um impossível material: a revogação, por decreto, da lei da gravidade. Um 
impossível jurídico: apreender uma pessoa, com base no poder de polícia. 
 
 
 Forma: esse elemento abrange: 
 
 a exteriorização do ato administrativo. 
 
 as formalidades e também o procedimento a ser seguido na produção desse ato. 
 
A forma mais comum de exteriorizar os atos administrativos é a forma escrita, pela segurança 
e publicidade que confere aos atos. Mas também são praticados atos por outras formas, como 
a gestual (sinais do guarda de trânsito), visuais (sinais de trânsito), eletrônica, etc. 
 
A não observância da forma prescrita pode levar à anulação do ato por vício formal. Porém, 
é importante observar que a forma é instrumental, ou seja, ela é um meio para que o ato seja 
conhecido pelos seus destinatários e atinja suas finalidades. Por essa razão, embora o vício 
formal possa levar à nulidade do ato, muitas vezes será possível a correção desse vício e a 
consequente manutenção dos efeitos do ato (convalidação). Diz-se, por isso, que a 
Administração deve atuar, na maior parte das vezes, com formalismo moderado. 
 
 
 Motivo: esse elemento tem dois aspectos: 
 
 motivo de fato - é o acontecimento que desencadeia a ação administrativa 
 motivo de direito – é o comando normativo previsto para a edição daquele ato. 
A ocorrência de um motivo falso ou equivocado pode levar à nulidade do ato. 
 
Não confundir o motivo com a motivação, que é a explicação dos motivos do ato. A falta de 
motivação pode ser um vício formal que leva à nulidade do ato, quando a lei a exige – vide 
art. 50 da Lei 9.784/99 (Lei Federal de Procedimentos Administrativos). 
 
A importância da motivação se revela também pela adoção unânime pela doutrina e pela 
jurisprudência da denominada teoria dos motivos determinantes, pela qual o agente público, 
ao expor os motivos adotados para a prática do ato, vincula o ato àqueles motivos. Se esses 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
se revelarem falsos ou equivocados, será possível a anulação do ato, mesmo se a lei não exigia 
a motivação como requisito formal desse ato. 
 
 
 Finalidade 
 
É o resultado desejado com a prática do ato, necessariamente voltado à realização de um 
interesse público consagrado no ordenamento 
 
O não atendimento a esse requisito gera o vício conhecido como desvio de finalidade ou 
desvio de poder, que se caracterizam quando o agente busca um fim que colide com o 
interesse público ou que não é próprio daquele ato. 
 
Portanto, são praticados com desvio de finalidades atos que buscam atender a outros 
interesses que não os da coletividade – por exemplo, a punição de um servidor público por 
motivo de inimizade do superior – ou praticados fora dos objetivos almejados pela lei para 
aquele ato – por exemplo, a aplicação de sanções de trânsito com finalidade arrecadatória. 
 
 
5.4. Atributos dos atos administrativos 
 
Os atributos ou qualidades que a doutrina costuma atribuir aos atos administrativos são: 
 
 Presunção de legitimidade – já tivemos oportunidade de mencionar, como um 
princípio da Administração Pública (cap. 2) 
 
 Imperatividade: é uma característica dos atos em que a Administração exerce suas 
prerrogativas, impondo obrigações unilateralmente aos administrados, criando 
situações jurídicas independentemente da vontade destes. É o que a doutrina chama 
de “poder extroverso” da Administração. É importante observar que nem todos os 
atos administrativos possuem essa característica. 
 
 Auto-executoriedade: é o poder de constranger diretamente o particular ao 
cumprimento de uma obrigação ou executá-la diretamente, de maneira forçada, sem 
a intervenção do Poder Judiciário. É um atributo excepcional, admitido somente nas 
situações em que o interesse público não pode ficar à espera da propositura e 
apreciação de uma demanda judicial e depende de autorização implícita ou explícita 
da lei. Além disso, a auto-executoriedade deve ser sempre aplicada na medida certa 
para evitar aquele perigo ou aquela lesão ao interesse público, respeitando-se o 
princípio da proporcionalidade. 
 
Exemplos de uso permitido da auto-executoriedade comuns no nosso direito positivo: 
 suspensão de atividade ou interdição de estabelecimento empresarial que 
atua de forma irregular; 
 remoção ou destruição de coisas em situação irregular, ou que estejam 
oferecendo risco à segurança das pessoas; 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
 apreensão de bens e equipamentos utilizados em infração às normas 
administrativas
de segurança e salubridade; 
 arrombamento de residência, para prestar socorro, entre outras medidas de 
caráter urgente e impositivo. 
 
 
5.5. Classificação dos atos administrativos 
 
Vejamos agora algumas classificações utilizadas no Direito Administrativo: 
 
 Atos gerais e atos individuais 
 
Essa distinção se baseia na distinção entre destinatários determinados ou indeterminados do 
ato administrativo. Atos gerais são aqueles que não têm um destinatário certo: destinam-se 
a todos os que se enquadram na situação nele definida. Ex.: edital de concurso. Atos 
individuais são aqueles que têm destinatário certo, definido. Ex. a nomeação de um agente 
público. 
 
 Atos internos e atos externos 
 
Essa classificação tem por critério a repercussão dos atos. Ato interno é aquele que somente 
produz efeitos no âmbito interno da Administração. Por exemplo, circulares e portarias 
internas, ordens de serviços, relações de remessa, etc. Ato externo é aquele que produz 
efeitos em relação a terceiros. Por essa razão, se costuma dizer que ele deve ser 
obrigatoriamente publicado, visto que os interessados têm direito a conhecer o conteúdo de 
um ato da Administração que vá atingir seus interesses. 
 
 
 Atos simples e atos complexos 
 
Essa classificação é baseada no critério do número de vontades que participam para edição 
de um ato administrativo. Ato simples é aquele que depende apenas da vontade de um órgão 
para produzir seus efeitos. Ex.: a nomeação de um Ministro pelo Presidente da República. 
Dentro dos atos simples, há autores fazem a distinção entre: a) atos singulares: aqueles que 
são produzidos por um só agente; b) atos colegiais: aqueles que são produzidos por vários 
agentes reunidos em um colegiado. 
 
Ato complexo é aquele que depende da vontade de mais de um órgão, ente ou Poder. Ex.: a 
nomeação dos Ministros do Supremo Tribunal, pois depende da vontade de dois Poderes: o 
Presidente da República escolhe, mas o Legislativo, no caso, o Senado, deve aprovar essa 
escolha. 
 
 
 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
 Atos vinculados e atos discricionários 
 
Essa é a classificação que distingue os atos administrativos conforme a liberdade, a margem 
de escolha do agente ao praticá-los. Por esse critério, há dois tipos: os atos vinculados e os 
atos discricionários. Já tratamos dessa distinção no cap. 3, item 3.2. 
 
 
5.6. Extinção do ato administrativo. 
 
Com a extinção, cessam os efeitos do ato administrativo e ele deixa de existir no mundo 
jurídico. Essa extinção pode se dar pela ocorrência de fatos jurídicos, como o implemento de 
condição resolutiva ou de termo final, ou pelo desaparecimento do objeto da relação jurídica. 
 
Mais interessantes são os casos em que a extinção é realizada por um ato de desfazimento 
da própria Administração, retirando-o do mundo jurídico. Esses atos de desfazimento são 
exercidos com base no poder de autotutela da Administração e são os seguintes: 
 
 anulação ou invalidação: é o desfazimento do ato, motivado pela constatação de que ele 
foi produzido em desconformidade com a ordem jurídica (ou seja, contém um vício em um de 
seus elementos). Geralmente, a anulação do ato é feita de forma retroativa (ex tunc), 
desfazendo também todos os seus efeitos, ressalvadas situações já consumadas e irreversíveis 
ou que a lei proteja, em homenagem ao princípio da segurança jurídica (por exemplo, a 
impossibilidade de repetição de verbas de natureza alimentar, recebidas de boa-fé). 
 
A anulação pode ser realizada de ofício pela Administração, visto que decorre do dever de 
zelar pela legalidade. Todavia, quando a anulação afetar direitos de terceiro, é necessário que 
este seja ouvido, em observância das garantias constitucionais do devido processo legal, da 
ampla defesa e do contraditório – vide art. 5º, incisos LIV e LV da CF/88. 
 
Porém, nem todo vício do ato administrativo leva à anulação, pois pode haver a possibilidade 
de convalidação do ato, que adiante estudaremos. 
 
 
 Revogação: é o desfazimento do ato administrativo, com a finalidade de realizar uma nova 
escolha, mais adequada ao interesse público, substituindo o ato por outro mais apropriado 
ou simplesmente fazendo cessar os seus efeitos em definitivo. 
 
Portanto, o ato de revogação é um ato discricionário. Justamente por isso apenas a 
autoridade administrativa competente pode revogar, não sendo permitido ao Poder 
Judiciário promover esse desfazimento. Ao Poder Judiciário cabe, quando provocado, 
invalidar o ato que apresente vício, não podendo, no exercício de função jurisdicional, revogar 
atos de competência da autoridade administrativa. 
 
A revogação produz efeitos não retroativos (ex nunc), pois não há justificativa para desfazer 
efeitos válidos já produzidos pelo ato a ser revogado. Se o ato que se deseja desfazer possui 
algum vício, a Administração não pode revogá-lo: deverá, sim, anulá-lo. 
 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
Vamos agora observar o seguinte esquema, que compara anulação e revogação, de maneira 
a gravarmos bem suas diferenças: 
 
 
ANULAÇÃO REVOGAÇÃO 
Causa: vício do ato Causa: realização de nova escolha, mais 
adequada ao interesse público 
É ato vinculado: há dever de invalidar É ato discricionário: há escolha em revogar 
É possível a invalidação judicial É impossível a revogação judicial 
Opera efeitos retroativos (ex tunc) Opera efeitos não retroativos (ex nunc) 
 
 
 Cassação: difere tanto da invalidação quanto da revogação, pois ela é causada por uma 
atitude do próprio administrado. É uma sanção aplicada ao administrado, beneficiado por um 
ato administrativo, em razão do descumprimento de deveres jurídicos a ele impostos como 
condição para o gozo desses benefícios. Ex.: a cassação da habilitação para dirigir, em razão 
do excesso de infrações cometidas pelo condutor. 
 
A liberdade em praticar o ato de cassação (se ele é vinculado ou discricionário) e seus efeitos 
(retroativos ou não) depende do que dispuser a lei que o regula. 
 
 Caducidade: A caducidade configura modalidade de extinção em que ocorre a retirada 
do ato por ter sobrevindo norma jurídica que tornou inadmissível situação antes permitida 
pelo direito e outorgada pelo ato precedente. Por exemplo, ocorre a caducidade de termo de 
permissão para realizar comércio ambulante em dado logradouro, quando sobrevém 
legislação que torna essa atividade proibida naquele local. 
 
Atenção, pois conforme o conceito, a palavra caducidade tem outros e diferentes 
significados. Pode ser sinônimo de a) decadência, quando tratamos da perda do direito, pelo 
seu não exercício durante certo tempo; ou b) retomada do serviço concedido, em razão de 
inadimplemento do concessionário, na concessão de serviço público – vide cap. 
11. 
 
5.7. Convalidação do ato administrativo 
 
A convalidação é o ato que, corrigindo os vícios de ato anterior, permite a sua manutenção 
na ordem jurídica. Tal como a anulação, a convalidação também é uma manifestação do poder 
de autotutela da Administração e também atua com efeitos retroativos. 
 
Para que possa ocorrer a convalidação, é necessário que o vício do ato a ser convalidado seja 
sanável. Consideram-se sanáveis, em tese, os vícios relativos aos elementos sujeito 
(competência) e forma. Porém somente a análise do caso concreto é que permitirá verificar 
se o vício em questão é sujeito à correção. 
 
No que tange aos defeitos relativos à competência do sujeito, eles podem ser sanados, desde 
que o ato possa ser ratificado, isto é, confirmado pelo órgão competente para a produção do 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
ato. O exemplo mais conhecido é o da prática de atos por funcionário de fato, que desde que 
não haja outros vícios, podem ser ratificados pela autoridade
competente. Também podem 
ser ratificados os atos praticados indevidamente pelo subordinado, mas que possam ser 
confirmados pelo superior hierárquico, a quem caberia praticá-lo. 
 
Quanto à forma, se o vício formal não afetar a própria existência do ato e tampouco interferir 
na certeza e na segurança jurídica em relação ao seu conteúdo ou nas garantias dos 
administrados, não há vantagem em promover a invalidação desse ato. 
 
Por último, é importante notar que a Lei nº 9.784/99 (Lei Federal de Procedimentos 
Administrativos – art. 55) estabelece como condição da convalidação a inexistência de lesão 
ao interesse público e a não ocorrência de prejuízos a terceiros. Portanto, se ocorrerem tais 
circunstâncias, a Administração estará impedida de convalidar o ato, devendo, portanto, 
anulá-lo. 
 
 
5.8. Controle jurisdicional do ato administrativo 
 
Em nosso sistema constitucional, vigora o princípio da inafastabilidade do controle 
jurisdicional, pelo qual toda lesão ou ameaça a direito está sujeita a controle pelo Judiciário – 
art. 5º, inciso XXXV da CF/88. 
 
Com relação aos atos vinculados, isto é, aqueles produzidos como mera aplicação de um 
comando legal, esse controle é pleno, ilimitado. 
 
Já com relação ao ato em que haja um aspecto discricionário, onde a lei permitiu ao agente 
público realizar uma escolha, se costuma dizer que a decisão judicial não poderá questionar 
o mérito do ato. Ou seja, a autoridade jurisdicional não poderá analisar a conveniência e/ou 
oportunidade da prática do ato, visto que essa competência pertence à autoridade 
administrativa. 
 
Isso não quer dizer que o uso da discricionariedade estará fora de controle. Caberá ao Poder 
Judiciário verificar se o agente público respeitou os limites impostos pela lei, aplicando-a 
corretamente em vista a situação concreta. Para isso, o ato será analisado sob a luz dos 
princípios da moralidade, da razoabilidade e da proporcionalidade, dentre outros já 
explicados no capítulo 2. 
 
Além disso, o julgador poderá constatar o desvio de finalidade, apurando se o agente buscou 
alcançar outros interesses que não ou interesse público. Poderá ainda se utilizar da teoria dos 
motivos determinantes, já explicada. 
 
 
 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES DA OAB 
 
 
1. Com relação aos diversos aspectos que regem os atos administrativos, assinale a opção 
correta. 
a) Segundo a teoria dos motivos determinantes do ato administrativo, o motivo do ato 
deve sempre guardar compatibilidade com a situação de fato que gerou a 
manifestação de vontade, pois, se o interessado comprovar que inexiste a realidade 
fática mencionada no ato como determinante da vontade, estará ele 
irremediavelmente inquinado de vício de legalidade. 
b) Motivo e motivação do ato administrativo são conceitos equivalentes no direito 
administrativo. 
c) Nos atos administrativos discricionários, todos os requisitos são vinculados. 
d) A presunção de legitimidade dos atos administrativos é uma presunção jure et de jure, 
ou seja, uma presunção absoluta. 
 
(OAB – São Paulo – Prova 135) 
 
 
2. Acerca da competência revogatória da administração pública, assinale a opção correta. 
a) Ao Poder Judiciário não se reconhece competência para revogar atos administrativos. 
b) O exercício da competência revogatória é decorrência do princípio da publicidade dos 
atos administrativos. 
c) Na ausência de dispositivo legal que regule a matéria, no exercício das funções 
administrativas, a competência para revogar um ato administrativo é sempre da 
autoridade que o tenha praticado. 
d) A competência revogatória pode ser exercida mesmo após a consumação e o 
exaurimento dos efeitos do ato administrativo praticado. 
 
(OAB – São Paulo – Prova 136) 
 
 
 
3. Não configura, segundo a doutrina dominante, elemento ou requisito do ato administrativo: 
a) a forma. 
b) o objeto. 
c) a finalidade. 
d) a discricionariedade. 
 
(OAB – São Paulo – Prova 136) 
 
 
4. Maria, servidora pública aposentada há 15 anos, teve suspenso o pagamento de seus 
proventos por decisão da administração pública, que não a notificou previamente para se 
defender. A servidora, por meio de seu advogado, requereu, administrativamente, o 
pagamento de seus proventos, tendo em vista a ilegalidade da suspensão, ante a evidente 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
ausência de contraditório e ampla defesa. A administração pública negou o pedido e manteve 
a suspensão do pagamento da aposentadoria de Maria, que, então, ajuizou uma ação com 
pedido liminar perante o Poder Judiciário, pleiteando a anulação do ato administrativo e o 
restabelecimento do seu direito. No Poder Judiciário, a liminar requerida pela servidora foi 
negada, e o processo judicial teve seguimento normal. Antes que o processo judicial chegasse 
a seu término, e antes mesmo de proferida a sentença final, a administração anulou o ato 
administrativo que suspendera o pagamento dos proventos a Maria, restabelecendo-o. 
Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta. 
a) O ato de anulação praticado pela administração pública foi inadequado, pois cabível 
seria a revogação do ato de suspensão dos proventos de Maria. 
b) A possibilidade de apreciação judicial do ato denota a perda do poder de autotutela 
da administração pública. 
c) A conduta da administração pública não afronta o princípio da separação dos poderes, 
pois, mesmo diante da não-concessão da liminar — o que trazia à administração 
pública uma situação processual favorável —, é possível a ela rever seus próprios atos 
quando eivados de vícios, ainda que estejam sendo discutidos judicialmente. 
d) Ainda que houvesse decisão, transitada em julgado, declarando a legalidade do ato de 
suspensão do pagamento dos proventos de Maria, poderia a administração pública, 
de acordo com o princípio da independência das instâncias, anular ou revogar o ato 
administrativo que 
 
(OAB – São Paulo – Prova 137) 
 
 
5. Assinale a opção incorreta no que se refere à revogação de atos administrativos. 
a) Os atos que geram direitos adquiridos não podem ser revogados. 
b) Os atos discricionários são, via de regra, suscetíveis de revogação. 
c) Os atos que exauriram seus efeitos podem ser revogados, desde que motivadamente. 
d) Ao Poder Judiciário é vedado revogar atos administrativos emanados do Poder 
Executivo. 
 
(OAB – Nacional – Prova 2008/2) 
 
 
6. Acerca das modalidades de extinção dos atos administrativos, assinale a alternativa 
correta. 
a) A renúncia configura modalidade de extinção por meio da qual são extintos os 
efeitos do ato por motivo de interesse público. 
b) A cassação configura modalidade de extinção em que a retirada do ato decorre de 
razões de oportunidade e conveniência. 
c) A revogação configura modalidade de extinção que ocorre quando a retirada do 
ato se dá por ter sido praticado em contrariedade com a lei. 
d) A caducidade configura modalidade de extinção em que ocorre a retirada do ato 
por ter sobrevindo norma jurídica que tornou inadmissível situação antes permitida pelo 
direito e outorgada pelo ato precedente. 
 
(Prova OAB Nacional – 2012) 
Direito Administrativo – Prof. Carlos José Teixeira de Toledo 
 
 
7. Atendendo a uma série de denúncias feitas por particulares, a Delegacia de Defesa do 
Consumidor (DECON) deflagra uma operação, visando a apurar as condições dos alimentos 
fornecidos em restaurantes da região central da capital. Logo na primeira inspeção, os fiscais 
constataram que o estoque de um restaurante tinha produtos com a validade vencida. Na 
inspeção das instalações da cozinha, apuraram que o espaço não tinha condições sanitárias 
mínimas para o manejo de alimentos

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