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CONTEÚDO EXERCÍCIO - LÍNGUA PORTUGUESA 1

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Prévia do material em texto

Língua Portuguesa 
 
Língua Portuguesa 
Telma Ardoim 
2ª
 e
di
çã
o 
Língua Portuguesa 
 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Marcio Barros Dutra 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Diretora Claudia Antunes Ruas Guimarães 
Assessora Andrea Jardim 
 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: Telma Ardoim 
Revisão: Livia Antunes Faria Maria e Walter P. Valverde Júnior 
Projeto Gráfico e Editoração: Andreza Nacif, An tonia Machado, Edu ardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Janaina Gonçalves de Jesus 
Ilustração: Leonardo Siebra, Tatiana Galliac e Eduardo Bordoni 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃ O GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecária: An a Marta Toledo Piza Viana – CRB 7/2224 
 
© Departamento de Ensino a D istância - Universid ade Salgado de Oliveira 
Todos os d ireitos reservados. Nenhuma p arte desta publ icação pode ser reproduzi da, arqu ivada ou tran smitida de nenhuma forma 
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Sa lgado de O liveira de Educação e Cultura , mantenedora 
da Universidade Salga do de Ol iveira (UNIVERSO). 
 
A6771m Ardoim, Telma. 
Língua Portuguesa / Telma Ardoim. 2.ed – Niterói, RJ: 
 Universo. 2010. 
 149. p . 
 
1. Língua Portuguesa – Estudo ensino. 2. Lingüística. 
3. Linguagem e línguas. Comunicação não- verbal. 5. 
Semântica. I . – Título. 
 
 CDD 469 
marcos.silva
Stamp
Língua Portuguesa 
 
 
 
Informações sobre a disciplina 
 
 
Ementa 
 
A disciplina trata dos princípios básicos da língua escrita e falada e das 
estruturas das diversas modalidades textuais com a intenção de desenvolver a 
compreensão dos mecanismos da comunicação e de sua utilização como forma de 
expressão. 
Língua Portuguesa 
 
 
 
Palavra da Reit ora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO Virtual, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero 
bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio 
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se 
responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo 
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIV ERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
 
Seja bem-vindo à UNIVERSO Virtual! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Reitora
Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
1. Apresentação da disciplina................................ ................................ .......................... 06 
2. Plano da disciplina................................ ................................ ................................ ....... 08 
3. Unidade 1 – A linguagem verbal e a linguagem não verbal................................ ...... 11 
4 Unidade 2 – Os signos linguísticos ................................ ................................ ............. 21 
5. Unidade 3 – Os elementos da comunicação humana................................ ................ 29 
6. Unidade 4 – As funções da linguagem ................................ ................................ ....... 44 
7. Unidade 5 – As diversidades do uso da língua – Os níveis da linguagem................. 60 
8. Unidade 6 – Os mecanismos de combinação e seleção................................ ............. 80 
9. Unidade 7 – Elementos coesivos – O controle de “nós” linguísticos através 
 dos mecanismos coesivos ................................ ................................ ...... 98 
10. Unidade 8 – A semântica: o sentidos das palavras................................ ..................... 109 
11. Unidade 9 – A construção do texto – Os gêneros textuais - Reconhecimento......... 120 
9. Considerações finais ................................ ................................ ................................ .... 141 
10. Conhecendo o autor ................................ ................................ ................................ .... 142 
11. Referências ................................ ................................ ................................ ................... 143 
12. Anexos ................................ ................................ ................................ .......................... 144 
 
 
Língua Portuguesa 
 
 
Apr esentaçã o da Di sci plina 
 
 
Encontramos em Bechara (1991:15-6)1, a seguinte explicação: “Cada 
falante é um poliglota na sua própria língua, à medida que dispõe da sua modalidade 
linguística e está à altura de decodificar algumas outras modalidades linguísticas com 
as quais entra em contato (....)”. 
Em termos estruturais, uma língua pode ser concebida como um sistema 
que, associando os dois planos – falado e escrito – transforma o seu usuário em um 
falante / ouvinte e/ou um leitor / escritor, capaz de integrar-se no meio em que vive, 
como um cidadão que, além de ter o domínio de seu idioma, consegue interagir 
com a língua, cujo código linguístico se insere em algo muito maior – A 
LINGUAGEM – sistema de signos que permite a comunicação. 
Para melhor entendermos essa noção, citamos o linguista dinamarquês 
Louis Hjelmslev2 ( In. Terra, 2002:12 ) que reitera; 
A linguagem é inseparável do homem, 
segue-o em todos os seus atos. A 
linguagem é o instrumento graças ao 
qual o homem modela seu 
pensamento, seus sentimentos, suas 
emoções, seus esforços, sua vontade, 
seus atos, o instrumento graças ao qual 
ele influencia e é influenciado,a base 
mais profunda da sociedade humana. 
 
 Em função daquilo que foi dito acima, o nosso objetivo é levá-lo a 
compreender os mecanismos linguísticos que garantem a coesão e a coerência do 
texto oral e escrito, não nos desviando nunca de que o contato com a língua é um 
processo natural, isto é, deriva do que chamamos de processo internalizado, 
próprio da natureza humana. 
 
1 Gramática Escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001. 
2 Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1997. 
6 
Língua Portuguesa 
 
 
Ao optar por fazer a disciplina Língua Portuguesa no método de Ensino 
a Distância, você terá uma grande flexibilidade em efetuar o seu trabalho. O tempo, 
por exemplo, será definido por você. Prevemos um prazo para que você termine as 
atividades propostas, portanto, não deixe para o último momento a realização 
delas. Siga sempre as instruções de como proceder. 
 No mais... Bom trabalho. 
Esperamos que você tenha um ótimo desempenho e um excelente 
aproveitamento. 
 
 
7 
Língua Portuguesa 
 
 
Plan o Da Di sci plina 
 
 
 
Dividimos a disciplina em nove unidades, sendo que algumas se subdividem, 
por sua vez, em alguns tópicos para melhor compreensão. 
 Todas as unidades têm como base objetivos claros, baseados nas 
competências e habilidades necessárias para o seu enriquecimento enquanto 
usuário da língua materna. São eles: 
— Aplicar correta e fluentemente a língua, tanto escrita como falada, 
produzindo textos claros e coerentes; 
— Construir meios de expressão oral e escrita através das várias 
modalidades do uso da língua materna atendendo, sempre que necessário, à 
norma culta da língua; 
— Inferir as diversas representações das palavras e das imagens no discurso 
do cotidiano; 
— Aplicar a língua em sua relação com o contexto real da fala, propiciando a 
inter-relação idiomática da sociedade; 
— Consolidar uma reflexão analítica e crítica sobre a linguagem como 
fenômeno psicológico, social, educacional, histórico, cultural, político e ideológico. 
 Faremos, então, um pequeno resumo acerca de cada unidade para que 
você possa ter uma visão global daquilo que irá estudar. 
UNIDADE 1 – A LINGUAGEM VERBAL E A LINGUAGEM NÃO-VERBAL 
 Sendo a linguagem um sistema de signos utilizados para a sua produç ão, 
podemos fazer uso da palavra (escrita ou falada) ou de outras formas de 
comunicação (sons, gestos, desenhos, cores, etc.). Quando utilizamos a palavra, 
estamos diante da LINGUAGEM VERBAL. No outro caso, temos a LINGUAGEM NÃO-
VERBAL. 
 
 
8 
Língua Portuguesa 
 
 
UNIDADE 2 – OS SIGNOS LINGUÍSTICOS 
 A Linguística – ciência que estuda as mútuas relações e princípios da 
língua – nos apresenta o signo lingü ístico como o código verbal necessário para a 
comunicação. É a língua a mais concreta manifestação de identidade de um povo. 
UNIDADE 3 – OS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA 
 Para que, realmente, a comunicação aconteça se fazem necessários 
alguns elementos que estabeleçam vínculos fundamentais, visando o envio e a 
recepção da mensagem. 
UNIDADE 4 – AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
Sempre que nos comunicamos, temos uma razão para fazê-lo. Assim, para 
cada tipo de mensagem que enviamos (ou recebemos) há uma função específica 
que está intrinsecamente ligada aos elementos da comunicação (conteúdo da 
Unidade III). 
UNIDADE 5 - AS DIVERSIDADES DO USO DA LÍNGUA – OS NÍVEIS DA 
LINGUAGEM 
 Do mesmo modo que temos funções diferentes para cada de tipo de 
comunicação, também temos o uso diversificado da língua em diferentes 
situações, ambientes, faixa etária, culturas, etc. É sob esses aspectos que podemos 
caracterizar o dinamismo da língua. 
UNIDADE VI - OS MECANISMOS DE COMBINAÇÃO E SELEÇÂO: A COERÊNCIA – 
A ARTICULAÇÂO DE SENTIDOS 
 A Coerência – a articulação de sentido. Todo texto – independente do seu 
tamanho – necessita de uma estruturação lógica que faz com que palavr as e frases 
componham um todo significativo para seus interlocutores. Não só o texto em si 
deve ser coerente, mas também as idéias terão que estar articuladas entre si. 
UNIDADE VII – ELEMENTOS COESIVOS – O CONTROLE DO ‘NÓS’ LINGUÍSTICOS 
ATRAVÉS DOS MECANISMOS COESIVOS 
 Se em um texto deve haver coerência de idéias; há de haver também uma 
conexão gramatical capaz de fazer as articulações entre as palavras, orações, 
períodos e parágrafos. 
9 
Língua Portuguesa 
 
 
UNIDADE VIII – A SEMÂNTICA: O SENTIDO DAS PALAVRAS 
 Parte da gramática que se dedica ao estudo dos aspectos relacionados 
aos sentidos de palavras e enunciados. A Semântica se detém ao contexto em que 
essas palavras estão empregadas. 
UNIDADE IX – A CONSTRUÇÃ O DO TEXTO – OS GÊNEROS TEXTUAIS – 
RECONHE CIMENTO 
 Ao construirmos um texto, teremos que atentar para o tipo de texto que 
queremos redigir. Sendo assim, reconhecer os gêneros textuais e suas 
características específicas é fundamental para a sua elaboração. 
10 
Língua Portuguesa 
 
A linguagem verbal e a 
linguagem não verbal 
Linguagem e Sociedade. 
A Linguagem e o Processo de Comunicação. 
Conceitos de Linguagem, língua, Fala e Discurso. 
1 
Língua Portuguesa 
 
12 
 
O presente material faz parte da Unidade I do conteúdo da disciplina Língua 
Portuguesa I. 
É importante que você atente para o fato de que, como ser social que é, “usa e 
abusa” da linguagem para se comunicar. 
Imagine-se num mundo sem as diversas formas de comunicação encontradas. 
Seria possível algo assim? 
Já dizia o comunicador Chacrinh a que ‘quem não se comunica, se trumbica’. 
Portanto, vamos começar a nossa primeira comunicação, digo, a nossa 
primeira aula. 
 
TEXTO 1: 
 
Língua e Sociedade 
 
O caráter social de uma língua já parece ter sido fartamente demonstrado. 
Entendida como um sistema de signos convencionais que faculta aos membros de 
uma comunidade a possibilidade de comunicação, acredita-se, hoje, que seu papel 
seja cada vez mais importante nas relações humanas, razão pela qual seu estudo já 
envolve modernos processos científicos de pesquisa, interligados às mais novas 
ciências e técnicas, como, por exemplo, a própria Cibernética. 
Entre sociedade e língua, de fato, não há uma relação de mera casualidade. 
Desde que nascemos, um mundo de signos linguísticos nos cerca e suas inúmeras 
possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir do momento em 
que, pela imitação e associação , começamos a formular nossas mensagens. E toda 
Língua Portuguesa 
 
13 
 
a nossa vida em sociedade supõe um problema de intercâmbio e comunicação que 
se realiza fundamentalmente pela língua, o meio mais comum de que dispomos 
para tal. 
Sons, gestos, imagens, diversos e imprevistos, cercam a vida do homem 
moderno, compondo mensagens de toda ordem (Henri Lefèbvre diria 
poeticamente que “niágaras de mensagens caem sobre pessoas mais ou menos 
interessadas e contagiadas”), transmitidas pelos mais diferentes canais, como a 
televisão, o cinema, a imprensa, o rádio, o telefone, o telégrafo, os cartazes de 
propaganda, os desenhos, a música e tantos outros. Em todos, a língua 
desempenha um papel preponderante, seja em sua forma oral, seja através de seu 
código substitutivo escrito. E, através dela, o contato com um mundo que nos 
cerca é permanentemente atualizado. 
Nas grandes civilizações, a língua é o suporte de uma dinâmica social, que 
compromete não só as relações diárias entre os membros da comunidade, como 
também uma atividade intelectual, que vai desde o fluxo informativo dos meios de 
comunicação de massa até a vida cultural, científica ou literária. 
PRETI, Dino.Sociolingüística: os níveis da fala. São Paulo, Editora Nacional, 1974. 
P. 7 
ATIVIDADE 1 
 
PARA VOCÊ PENSAR 
 
Depois da leitura do texto que abre essa unidade, procure pensar nas 
seguintes questões: 
Como podemos definir Língua, baseado na leitura do 1º parágrafo do texto? 
Língua Portuguesa 
 
14 
 
O 2º parágrafo nos mostra que a relação entre sociedade e língua não é mera 
casualidade. Por quê? 
O que Henri Lefèbre quis dizer ao enunciar que “niágaras de mensagens caem 
sobre pessoas mais ou menos interessadas e contagiadas”, no 3º parágrafo? 
A língua, sendo “suporte de uma dinâmica social” (4º parágrafo) tem uma 
abrangência que vai além de nossas expectativas. Em que níveis isso acontece? 
 
A linguagem e o processo de comunicação: 
 
Muitas vezes não observamos algo que é tão normal para nós que não damos 
a devida atenção: a nossa volt a, a lingu agem está presente em todas as suas 
manifestações o tempo todo, fazendo parte do nosso cotidiano. 
Para isso, faz-se necessário conceituarmos o que é LINGUAGEM, LÍNGUA, FALA e 
DISCURSO – vocábulos que iremos usar com bastante constância em nossas aulas: 
LINGUAGEM: é a representação do pensamento humano através de sina is que 
garantem a comunicação e a interação entre as pessoas. 
LÍNGUA: é um código formado por palavras e combinações de leis por meio do 
qual as pessoas se comunicam entre si. 
FALA: é a ação ou a faculdade de utilização da língua. A opos ição língua X fala 
separa o social do indiv idual. 
DISCURSO: é a utilização individual da língua. Ass im sendo, como a cada um é 
dado um modo próprio de se expressar, essa marca própria, recebe o nome de 
estilo. 
 
Língua Portuguesa 
 
15 
 
Inúmeras linguagens aparecem nos atos de comunicação. Entre elas fazemos 
uso da linguagem verbal (que utiliza a língua oral ou escrita) e a linguagem não-
verbal (faz uso de qualquer código que não seja a palavr a – sinais, símbolos, cores, 
gestos, expressões fisionômicas, sons, etc.). 
Podemos citar como exemplo do uso da linguagem verbal uma carta, um out-
door anunciando grandes promoções de uma loja, um pedido de socorro, um 
grupo de alunos cantando o Hino Nacional. 
Já, o semáforo, o apito de um guarda, o som da sirena de uma ambulância 
pedindo passagem e um cartaz com a foto de uma mulher vestida de enfermeira 
pedindo silêncio apenas com gesto, ao colocar o dedo indicador sobre a boc a, são 
exemplos da linguagem não-verbal. 
Comece a perceber o ambiente que o cerca e a “ouvir” os múltiplos sons que 
existem a sua volta e você terá numerosos exemplos dessa fantástica “máquina” de 
sinais convencionais que se chama LINGUAGEM. 
Língua Portuguesa 
 
16 
 
EXERCÍCIOS – UNIDADE 1 
 
1- O conceito de língua pode ser apresentado como: 
a) um conjunto de signos convencionais que faculta aos membros de uma 
comunidade a possibilidade de uma comunicação; 
b) uma união de símbolos verbais ou não usados para a comunicação; 
c) signos unidos não-convencionais que facilitam a comunicação entre os 
membros de uma comunidade; 
d) um conjunto de significantes convencionais que faculta aos membros de 
uma comunidade a possibilidade de uma comunicação; 
e) uma união de signos convencionais ou não que possibilita a comunicação 
entre os membros de uma comunidade. 
 
2 - Pode-se definir a linguagem como: 
a) a utilização individual da l íngua; 
b) a ação ou a faculdade de utilização da l íngua; 
c) a marca própria, individu al, que recebe o nome de estilo; 
d) a representação do pensamento humano através de sinais que garantem 
a comunicação e a interação entre as pessoas; 
e) um código formado por palavras e combinações de leis por meio do qual 
as pessoas se comunicam entre si. 
 
Língua Portuguesa 
 
17 
3-A fala tem por definição: 
a) a comunicação coletiva por meio de palavras e combinações de leis; 
b) a ação ou a faculdade de utilização da l íngua; 
c) o estilo de cada um; 
d) é a representação do pensamento humano; 
e) um conjunto de sinais que permitem a comunicação. 
 
4 - É correto afirmar que discurso é: 
a) a combinação das palavras por meio de leis; 
b) a representação do pensamento humano através de sinais utilizados na 
comunicação; 
c) a utilização individual da l íngua; 
d) a ação ou a faculdade de utilização da l íngua; 
e) a utilização coletiva da língua. 
 
5-As palavras nunca estão sozinhas. E qualquer discussão sobre a linguagem, seu 
sentido e sua natureza deverá, obrigatoriamente, discutir também as condições 
reais em que ela existe. 
 (Faraco & Cristóvão Tezza) 
 
Baseado no trecho acima, podemos afirmar que: 
 
 
a) Os conceitos de erro e acerto não são relativos. 
b) A diversidade linguística da oralidade está inegavelmente associada à 
ignorância do falante. 
c) A linguagem é uma realidade exclusivamente escrita. 
Língua Portuguesa 
 
18 
d) Toda língua é um conjunto de variedades que devem ser consideradas. 
e) Não há diferença entre a língua falada e a língua escrita. 
 
6 -São exemplos de linguagem verbal: 
 
a) gestos e cores das bandeiras; 
b) discursos políticos; 
c) desenhos que distinguem os banheiros femininos dos masculinos; 
d) cartões apresentados pelo juiz durante uma partida de futebol a um 
jogador que tenha cometido uma infração; 
e) discursos políticos e cores das bandeiras. 
 
7 - São exemplos de linguagem não-verbal: 
 
a) sinais de trânsito e uma conversa informal entre alunos e professores; 
b) cores das bandeiras e sinais de trânsito; 
c) cantigas infantis; 
d) discursos políticos; 
e) apitos e discursos políticos. 
Língua Portuguesa 
 
19 
 
8 - Pode-se dizer que: 
 
a) há dicotomia entre língua e fala; 
b) não há dicotomia entre língua e fala; 
c) tanto a língua quanto a fala são bens públicos e individuais; 
d) todas as afirmativas anteriores são corretas; 
e) todas as afirmativas anteriores são incorretas. 
 
 
TEXTO PARA AS QUESTÕES 9 e 10: 
 
 Tanto que tenho falado, t anto que tenho escrito – como não imaginar 
que, sem querer, feri alguém? Às vezes sinto, numa pessoa que acabo de conhecer, 
uma hostilidade surda, ou uma reticência de mágoas. Imprudente ofício é este, de 
viver em voz alta. 
 Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que 
se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua 
vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa 
boa. 
 Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a alguém. 
Nunca saberei que palavra foi; deve ter sido alguma frase espontânea e distraída 
que eu disse com naturalidade porque senti no momento – e depois esqueci. 
 Alguma coisa que eu disse distraído – talvez palavras de algum poeta 
antigo – foi despertar melodias: esquecidas dentro da alma de alguém. Foi como se 
a gente soubesse que de repente, num reino muito distante, uma princesa muito 
Língua Portuguesa 
 
20 
triste tivesse sorrido. E isso fizesse bem ao coração do povo; iluminasse um pouco 
as suas pobres choupanas e as suas remotas esperanças. 
(Rubem Braga) 
9 - A linguagem possui um papel de grande importância como forma de 
“transmitir” informações do emissor ao receptor. O texto nos fala ainda de um 
outro “poder” que tem a palavra. Que “pode r” é esse? 
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________ 
 
10 - Na frase “deve ter sido alguma frase espontânea e distraída que eu dissecom 
naturalidade porque senti no momento”, que características da fala foram 
destacadas? Explique. 
 
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________ 
 
Língua Portuguesa 
 
21 
 
Os signos Linguísticos 
 2 
Conceito de signo. 
O significante e o significado – conceituação. 
A relação significante X significado. 
Língua Portuguesa 
 
22 
 
Como vimos na aula anterior, a comunicação se dá pela linguagem verbal e 
pela linguagem não-verbal. 
 Agora, vamos tratar da linguagem verbal e de todos os mecanismos 
que a envolvem. 
 Você terá contato com o s igno linguístico, isto é, com todo o 
processo que envolve a língua. 
 Vamos lá, então? 
 
 Ao introduzirmos essa aula com a definição de signo, queremos ressaltar 
que signo é, antes de mais nada, sinal, símbolo e, portanto, refere-se a alguma 
coisa. 
 Sempre que tentamos representar a realidade por meio da palavra, 
estamos falando de signo linguístico. 
 Conceituamos signo, linguisticamente falando, como a menor unidade 
dotada de sentido. Compõe-se de um elemento material, de caráter linear, 
denominado significante e do conceito, da idéia, a imagem psíquica que temos, - 
estamos falando do significado. 
 Veja o verbete tirado do dicionário Eletrônico Michaelis – UOL, 2002: 
signo 
s. m. 1. Astr. Cada uma das doze partes em que se divide o zodíaco e cada uma 
das constelações respectivas. 2. Linguíst. T udo aquilo que, sob ce rtos aspectos e 
em alguma medida, substitui alguma coisa, representando-a para alguém. — 
S. linguís tico: o que designa a combinação de conceito c om a imagem 
acústica, ou seja, a combinação de um significado com um signif icante. Em 
Língua Portuguesa 
 
23 
 
bola, por exemplo, a sequênc ia de sons b-o-l-a é o signif icante, e a idé ia do 
objeto é o signif icado. S.-de-salomão: emblema místico, símbolo da união do 
corpo e da alma, que consiste em dois triângulos entrelaçados formando uma 
estrela de seis pontas; signo salomão. Era usado, outrora, como amuleto contra a 
febre e outras doenças. S.-salomão: signo-de-salomão. 
 
A relação significante X significado é convencional, ou seja, há um acordo 
implícito e explícito entre os usuários da língua. Convencionou-se chamar de gato 
o animal mamífero, doméstico, da classe dos felídeos, por exemplo.. essa relação 
presente no signo linguístico é também arbitrária, visto que não h á qualquer 
propósito entre a representação gráfica “ g – a – t – o ” e a idéia que temos 
representada em nossas mentes desse animal. 
Também temos o significante “g – a – t – o” com outros significados, como: 
Ladrão, gatuno, larápio ou em expressões do tipo gato-pingado: cada um dos 
poucos assistentes de uma reunião ou espetáculo, ou de algum agrupamento e 
ainda gato e sapato: coisa desprezível. 
Sendo assim, signo é a associação de um significante (sons da fala, imagens 
gráficas, desenhos, etc.) e um significado (conceito, idéia ou imagem mental). 
O signo LIVRO se compõe, portanto de: 
 
 
 
 
 
Língua Portuguesa 
 
24 
 
Devemos ressaltar, ainda, que quando falamos em signo linguístico, referimo-
nos a uma representação da realidade através da palavra. Acentuamos que palavra 
é criação humana, usada para representar algo que temos em mente. A palavra 
maçã não é a maçã (você não come a palavra maçã); mas ao dizermos ou lermos 
essa palavra, é claro que nos vem à mente a idéia da maçã (fruto da macieira). 
Mesmo que o objeto mencionado não esteja na nossa frente, ao evocá-lo, usamos 
a palavr a que o nomeia, a sua imagem surge em nossa mente de maneira 
instantânea. 
Língua Portuguesa 
 
25 
 
 
EXERCÍCIOS – UNIDADE 2 
 
 
1 – Com relação ao conceito de signo linguístico, NÃO é correto afirmar que: 
a) É um conceito binário já que se compõe de dois elementos: o significante 
e o significado. 
b) A imagem acústica é o significado da palavr a. 
c) A imagem psíquica corresponde ao significado da palavra. 
d) /m/e/z/a/ corresponde ao significante fônico da palavra mesa. 
e) A palavra “mesa” corresponde ao significado da palavra. 
 
2 – Com relação ao conceito de signo linguístico, é correto afirmar que: 
a) A imagem acústica corresponde ao significado da palavra. 
b) A forma gráfica corresponde ao significado da palavra. 
c) O conceito de signo se constitui de uma relação arbitrária ou 
convencionalizada entre significante e significado. 
d) A imagem psíquica corresponde ao significante da palavra. 
e) O elemento material corresponde ao significado da palavra. 
 
3 – Escreva V (Verdadeiro) ou F (Falso) para as afirmativas abaixo. Depois, marque a 
alternativa correta: 
I – ( ) O significado é o conceito, a ideia, a imagem psíquica que temos dos 
elementos verbalizados. 
II – ( ) O signo linguístico é a fusão do elemento material e da imagem psíquica. 
III – ( ) O signo linguístico tem duas faces: o significante e o significado. 
 
a) F – V – F 
b) V – V – F 
Língua Portuguesa 
 
26 
 
c) F – F – V 
d) V – F – F 
e) V – V – V 
 
4 – O elemento composto pelos sons da fala e pelas representações gráficas desses 
sons é: 
 
a) o signo linguístico. 
b) o significado. 
c) a fala. 
d) o significante. 
e) a arbitrariedade. 
 
5 – Com relação ao conceito de signo linguístico, identifique a sequência correta: 
I – O signo linguístico corresponde a uma relação simbólica e arbitrária entre dois 
elementos: o significante e o significado. 
II – O significante corresponde à representação material da palavra, seja por 
recursos gráficos ou sonoros. 
III – O significante corresponde à representação conceitual da palavra. 
IV – O signo linguístico se constitui em uma relação binária entre elementos de 
natureza concreta e abstrata, respectivamente. 
 
a) V – V – F – F 
b) F – V – F – V 
c) V – F – V – F 
d) F – F – V – V 
e) V – V – F – V 
Língua Portuguesa 
 
27 
 
6 – Complete os espaços abaixo. 
Um _____________ compõe-se de um elemento material de caráter linear, 
denominado __________ e do conceito, da ideia, a imagem psíquica que temos, ou 
seja: ___________. 
A alternativa que preenche adequadamente o enunciado é: 
a) signo – significante – significado. 
b) signo – significado – significante. 
c) signo – significante – signo. 
d) significante – signo – significado. 
e) significado – significante – signo. 
 
7 – Um signo linguístico é a combinação de um elemento concreto com um 
elemento inteligível. Qual a denominação dada, respectivamente, a cada um 
desses elementos? 
a) Língua e Linguagem. 
b) Linguagem e Língua. 
c) Significante e Significado. 
d) Fala e Discurso. 
e) Língua e Fala. 
 
8 – Signo = representação material (Significante) + conceito mental (Significado). É 
claro que um mesmo significante pode nos remeter a vários significados. Esse fato 
linguístico chama-se: 
 
a) sinônimo. 
b) antônimo. 
c) semântica. 
d) denotação. 
e) polissemia. 
 
 
Língua Portuguesa 
 
28 
 
TEXTO PARA A QUESTÃO 9: 
 
 Marina, linda e loira, tinha quatro aninhos, as melenas já estavam nos 
ombros, quando a mãe resolveu dar um trato na cabeça da criança. Pegou uma 
tesoura grande e disse: 
 – Mamãe só vai cortar dois dedinhos. 
 Marina aos prantos, mostrando a mão para a mãezinha, pergunta: 
 – Qual deles, mamãe? 
(ILARI, Rodolfo. Introdução à Semântica – brincando com a gramática) 
 
9 - O humor desta piada surge da confusão entre os signos e significados de 
algumas palavras. Qual a palavr a que gera confusão no texto lido?Quais os 
significados que esta palavra pode ter? 
 
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________ 
 
 
10 – Observe o anúncio publicitário e explique as relações de significado 
exploradas pelo contexto no que diz respeito às palavras destacadas: 
 
 
SE SEU AMIGO USA DROGAS 
E VOCÊ NÃO FALA NADA, 
QUE DROGA DE AMIGO É VOCÊ? 
 
 
 
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________ 
 
 
 
Língua Portuguesa 
 
29 
 
Os elementos da 
comunicação humana 
 
3 
Esquematizando o Processo Comunicativo. 
Conceituando emissor, receptor, mensagem, canal, código e 
referente. 
O referente situacional e o referente textual. 
A comunicação unilateral e a comunicação bilateral. 
O ruído. 
A Intencionalidade Discursiva. 
Língua Portuguesa 
 
30 
 
Nessa aula, ainda falaremos dos processos da comunicação humana. Desta 
vez, vamos tratar dos componentes que formam todo esse processo. São, o que 
chamamos de ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO. 
 Falaremos, também, da intencionalidade discursiva, ou seja, dos 
mecanismos utilizados por quem fala/escreve 
 Mãos a obra! 
 
 Para Francis Vanoye
1
 “toda comunicação tem por objetivo a transmissão de 
uma mensagem”. 
 Assim para que a comunicaç ão aconteça temos que ter alguém 
construindo um texto (verbal ou não-verbal) e enviando-o a alguém. Esse material 
enviado se utilizará de um sistema de sinais e de um meio ou contato para fazer 
chegar àquilo que se pretenda comunicar. 
 O ato comunicativo, portanto, sendo um ato social, concretiza várias 
manifestações, tanto do ponto de vista cultural como no nosso cotidiano. Vale 
dizer: sempre estamos nos comunicando com alguém através de uma mensagem. 
 Assim, podemos esquematizar esse processo comunicativo do seguinte 
modo: 
 
1 Usos da Linguagem – problemas e técnicas na produção oral e escrita. 11 
ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 
 
Língua Portuguesa 
 
31 
 
 
O emissor – ou destinador ou ainda remetente – é o que emite (envia) a 
mensagem. Essa mensagem pode ser transmitida de forma individual ou em 
grupo. 
O receptor ou destinatário é o que recebe a mensagem. 
A mensagem é o que se denomina, ainda segundo Vanoye “objeto da 
comunicação”. Constitui-se no conteúdo daquilo que é transmitido. 
O canal comunicativo é definido como os meios utilizados pelo emissor a fim 
de enviar a mensagem ao receptor. 
Uma mensagem, por exemplo, que é transmitida por um órgão de controle de 
tráfego – uma placa do tipo “PERMITIDO ESTACIONAR” se dá através dos meios 
visuais de que o receptor é portador. 
 
Língua Portuguesa 
 
32 
 
O som do apito de um guarda, sinalizando algo, acontece através do meio 
sonoro (ondas sonoras, ouvido ...) 
É através do canal de comunicação que utilizamos é que podemos 
empreender a classificação das mensagens. Assim, teremos: 
As mensagens visuais, cuja base são as imagens (desenhos, fotos) e os 
símbolos (a escrita ortográfica). 
 
As mensagens tácteis – um aperto de mão, uma carícia.. 
 
As mensagens sonoras: os diversos sons significativos, as palavras faladas, as 
músicas, etc. 
 
As mensagens gustativas: uma comida, por exemplo, apimentada ou salgada 
demais. 
As mensagens olfativas: um perfume, um escapamento de gás de cozinha, etc. 
 
O código é um conjunto de signos combinados entre si, do qual o emissor se 
utiliza para elaborar a mensagem. Ao montá-la, o remetente estará operando a 
codificação; ao recebê-la, o destinatário – identificando o código utiliz ado – estará 
procedendo a decodificação. 
Os processos de codificação / decodificação se realizam de algumas maneiras, 
tais como: 
 
Língua Portuguesa 
 
33 
 
a) O emissor envia uma mensagem. O destinatário a recebe, mas não a 
compreende, porque não possuem signo em comum. 
 
 
Como exemplo 
poderíamos apontar 
uma tentativa de 
diálogo entre um 
brasileiro e um japonês. 
 
 
 
 
b) O emissor “tenta” manter um diálogo com um receptor que domina pouco 
o código utilizado. Neste caso, a comunicação é retrita, pois são poucos os signos 
em comum. 
 
Um americano recém-
chegado ao Brasil, tentado 
se comunicar com um 
estudante que está 
estudando inglês há apenas 
um ano. 
 
Língua Portuguesa 
 
34 
 
c) A comunicação é mais abrangente; embora ainda não total – quando, por 
exemplo, um professor explica um determinado conteúdo, mas alguns alunos não 
dominaram ainda o anterior, que, por sua vez, seria pré-requisito do atual. 
 
d) Finalmente, temos a comunicação total. Todos os signos emitidos pelo 
emissor são do conhecimento do receptor e a figura assim representará esse caso: 
Língua Portuguesa 
 
35 
 
 O referente é constituído pelo conteúdo ao qual a mensagem nos 
remete. Temos o referente situacional e o referente textual. O 1º diz respeito aos 
elementos da situação e das circunstâncias da transmissão da mensagem. Assim, 
quando uma professora pede aos alunos que abram o livro na página 80, supõe-se 
que ela esteja dentro de uma sala de aula e os alunos, além de possuírem o referido 
livro, saibam sobre o que ela está falando. 
 Já, o referente textual é constituído pelos elementos do contexto 
linguístico. Num conto ou em um romance, por exemplo, todos os referentes são 
textuais, ou seja, têm como base o texto. 
 Temos, ainda, dois tipos de comunicação: a comunicação unilateral e a 
comunicação bilateral. Quando se estabelece de um emissor para o receptor, sem 
qualquer reciprocidade, chama-se comunicação unilateral. Uma palestra, um 
anúncio em out-door ou uma placa de sinalização de trânsito transmitem 
mensagens sem precisar receber resposta, são bons exemplos. 
Língua Portuguesa 
 
36 
 Já, em uma conversa, em um debate em sala de aula temos a 
comunicação bilateral, pois o emissor e o receptor “trocam” de papéis. 
 Muitas vezes, a transmissão da mensagem é prejudicada por algo que 
denominamos ruído. Não podemos entendê-lo apenas como um problema de 
ordem sonora. Na verdade, para o processo de comunicação, ruído é tudo aquilo 
que pode atrapalh ar o receptor em receber a mensagem enviada pelo emissor. 
Podemos estabelecer, por exemplo, que ruído pode ser, entre outros: uma voz 
muito baixa, o barulho de uma britadeira funcionando perto de um “orelhão”, um 
defeito no sistema eletrônico de uma televisão; uma linha cruzada durante uma 
ligação telefônica, uma notícia cujo jornal apresenta uma das pontas rasgadas, não 
permitindo a leitura em seu todo; uma mancha borrada no papel de uma carta, etc. 
 Como vimos, a comunicação humana está muito além de um simples ato 
mecânico de estímulo e resposta. Não haverá comunicação de fato se não houver 
interação entre emissor e receptor; isto é, sempre estamos nos relacionando com o 
outro ou outros, através da linguagem (verbal ou não-verbal) num processo 
contínuo. 
 
A intencionalidade discursiva 
 
 A piadinha que se segue constitui uma situação comunicativa entre duas 
pessoas: 
Um amigo encontra o outro na rua: 
Onde você está morando, rapaz? 
Em Copacaban a. 
Em que altura ? 
No 7º andar. 
Língua Portuguesa 
 
37 
 
Nesse caso, a comunicação entre o emissor e o receptor não tem muito 
sucesso e é aí que o humor se faz presente; exatamente pelo fato de que os 
interlocutores não atenderema um princípio básico da comunicação: a 
intencionalidade discursiva – intenções (explícitas ou implícitas ) existentes na 
linguagem dos membros que participam de uma determinada situação 
comunicativa. 
Ao interagir com outra pessoa através da linguagem, temos a “intenção” de 
modificar o pensamento ou o comportamento de nosso(s) interlocutor(es). 
O sucesso da comunicação está, portanto, em saber lidar com a 
intencionalidade. É através dela que o emissor impressiona, persuade, informa, 
pede, solicita, etc. o receptor. 
Língua Portuguesa 
 
38 
 
 
EXERCÍCIOS – UNIDADE 3 
 
 
1) Para se obter uma comunicação efetiva, que elemento( s) da comunicação 
humana não pode(m) falhar: 
 
a) o código. 
b) o emissor e o receptor. 
c) o canal. 
d) o assunto. 
e) nenhum dos seis elementos. 
 
2) Na frase “(... ) se eu não compusesse este capítulo, padeceria o leitor um forte 
abalo, assaz danoso ao efeito do livro” de Machado de Assis, os elementos 
sublinhados denotam referência, respectivamente, ao: 
 
a) canal, emissor, receptor. 
b) emissor, contato, canal. 
c) código, receptor, mensagem. 
d) código, receptor, canal. 
e) emissor, receptor, mensagem. 
 
 
Língua Portuguesa 
 
39 
 
 
Estudo de Texto 
 
Nem a Rosa, Nem o Cravo 
 
 As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação 
costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das 
canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças são assassinadas 
friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos campos e das cidades, 
quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades? 
Já viste um loiro trigal balanç ando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, 
mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de 
fome. Como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do 
pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? 
Não posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os 
instantes. Porque elas estão perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a 
água, o céu, o mar e teu rosto. (...) Sobre toda a beleza paira a sombra da 
escravidão. É como uma nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como então 
encontrar palavras inocentes, 
doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, 
destas frases, elas me soam como uma traição neste momento. 
 
(...) 
 
 Mas eu sei todas as palavras de ódio e essas, sim, têm um significado 
neste momento. Houve um dia em que eu falei do amor e encontrei para ele os 
mais doces vocábulos, as frases mais trabalhadas. 
 Hoje só o ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. Só o 
ódio ao fascismo, mas um ódio mortal, um ódio sem perdão, um ódio que venha 
do coração e que nos tome todo, que se faça dono de todas as nossas palavras, 
que nos impeça de ver qualquer espetáculo – desde o crepúsculo aos olhos da 
amada – sem que junto a ele vejamos o perigo que os cerca. 
 Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de 
esperança. Sobre toda beleza do mundo, sobre a farinha e o pão, sobre a pura água 
da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o 
nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria 
nenhuma parcela de beleza, a mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras 
doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não 
encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrarás 
um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra 
Língua Portuguesa 
 
40 
 
aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos 
de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade! 
 AMADO, Jorge. Folha da Manh ã. 
22/04/1945) 
 
3) O uso das palavras rosa e cravo é recusado pelo enunciador do texto de Jorge 
Amado. Essa recusa ocorre, pois essas palavras assumem, no texto, o sentido de: 
 
a) ameaça. 
b) alienação. 
c) infelicidade. 
d) cumplicidade. 
e) medo. 
 
4) Para expressar um ponto de vista definido, o enunc iador de Nem a rosa, Nem o 
cravo emprega determinados recursos discurs ivos. 
Um desses recursos e a justificativa para seu uso estão presentes em: 
 
a) emprego da 1ª pessoa – discussão de um tema polêmico. 
b) resgate de práticas pessoais passadas – conservação de uma visão de 
mundo. 
c) interlocução direta com os possíveis leitores – fortalecimento de um 
pacto de omissão. 
d) presença de um interlocutor em 2ª pessoa - desenvolvimento de uma 
estratégia de confissão. 
e) presença de um narrador em 3ª pessoa – demonstração de pleno 
conhecimento dos fatos. 
 
5) O enunciador do texto Nem a Rosa, nem o Cravo defende como modo de reação 
às crueldades referidas, a utilização das mesmas armas dos agressores. O trecho em 
que essa ideia se apresenta mais claramente é: 
 
a) “Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão.” 
Língua Portuguesa 
 
41 
b) “Houve um dia em que eu falei do amor encontrei para ele os mais doces 
vocábulos.” 
c) “Hoje só o ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo.” 
d) “Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de 
esperança.” 
e) “Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mínima.” 
 
 
 
 Leia o texto. 
 
 “Meu coração estrala”... 
Que imagem sem verdade. 
Porém não tive ideia de mentir... 
Foram os nervos, a alma?... 
Que quer dizer estralo! 
Nem ao menos sou Padre Vieira... 
Oh dicionário pequitito!” 
(Mário de Andrade) 
 
6) Este poema salienta um problema relacionado ao emissor, pois fala: 
 
a) da incomunicabilidade entre as pessoas. 
b) da ineficácia das palavras em transmitir sensações e estados d’alma. 
c) da falta de conhecimento de vocabulário. 
d) da solidão. 
e) da ausência de equilíbrio interior. 
 
Leia o trecho com atenção. 
 
“Minhas mãos ainda estão molhadas 
do azul das ondas entreabertas 
e a cor que escorre dos meus dedos 
colore as areias desertas.” ( Cecília Meireles) 
 
 
 
Língua Portuguesa 
 
42 
 
 
7) A estrofe acima revela que o eu-poético ( a voz que fala no texto) desenvolve a 
percepção ................. do mundo. 
 
a) sentimental 
b) racional 
c) emotiva 
d) sensorial 
e) onírica 
 
Leia . 
 
 “ O matuto foi fazer uma consulta médica. 
 O médico pede: 
- Tire a calça. E começa em seguida a examiná-lo. 
- Mas o senhor está totalmente descalcificado! 
- Claro! Foi o senhor que mandou.” ( Ziraldo ) 
 
8) Segundo Saussure, “a língua não existe senão em virtude duma espécie de 
contrato estabe lecido entre os membros da comunidade.” No texto, o contexto 
contraria esse conceito porque houve: 
 
a) identificação da mensagem. 
b) decodificação da mensagem. 
c) diversificação no emprego do código. 
d) sistematização do emprego do código. 
e) identificação e decodificação entre emissor e receptor. 
 
 
 
 
Língua Portuguesa 
 
43 
 
Leia o texto abaixo e responda às questões 1 e 2. 
 
TRÊS APITOS 
 
“ Quando o apito 
Da fábrica de tecidos 
Vem ferir os meus ouvidos, 
 
Eu me lembro de você. 
Mas você anda, 
Sem dúvida bem zangada 
E está mesmo interessada 
Em fingir que não me vê. 
 
Você que atende ao apito 
De uma chaminé de barro 
Por que não atende ao grito, 
Tão aflito, 
Da buzina do meu carro? 
 
Você no inverno 
Sem meias vai para o trabalho, 
Não faz fé com agasalho, 
Nem no firo você crê. 
Mas você é mesmo 
Artigo que não se imita, 
Quando a fábrica apita 
Faz reclame de você. 
 
Nos meus olhos você lê 
Que eu sofro cruelmente 
Com ciúmes do gerente 
Impertinente 
Que dá ordens a você.Sou do sereno, 
Poeta muito soturno 
Vou virar guarda-noturno 
E você sabe por quê. 
Mas você não sabe 
Língua Portuguesa 
 
44 
 
Que, enquanto você faz pano, 
Faço junto do piano 
Estes versos pra você.” 
Noel Rosa. 
 
 
 
 
 
 
 
9) Em que pessoa está escrito o texto? Qual o elemento da comunicação em 
evidência? Justifique com palavras retiradas do próprio texto. 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
 
10) Caracterize a segunda pessoa do discurso. A que elemento da comunicação se 
refere? Podemos afirmar que o texto está centrado exclusivamente na segunda 
pessoa do discurso? 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
Língua Portuguesa 
 
45 
 
As funções da linguagem 
 4 
A função referencial. 
A função expressiva ou emotiva. 
A função conativa ou apelativa: a intenção do emissor e a organização da 
mensagem. 
A função poética. 
A função fática. 
A função metalingüística. 
Língua Portuguesa 
 
46 
 
 
Hoje estaremos falando de como toda mensagem tem uma finalidade 
predominante, quer seja transmitir uma informação, uma emoção, quer seja um 
pedido. 
Você perceberá, no decorrer da leitura, que nenhuma mensagem existe sem 
que haja uma intenção do emissor. 
A nossa, hoje, é lhe ensinar mais um conteúdo necessário para a sua formação 
acadêmica. Boa aula!!! 
 
 Quando realizamos um ato de comunicação verbal, procuramos 
selecionar as palavras e depois de organizá-las, combiná-las entre si, temos que 
adequá-las de acordo com a intenção, com o sentido que queremos dar à 
mensagem que enviaremos ao receptor. 
 Por ser o ato de falar algo bastante automático, raramente percebemos 
que essa organização e adequação das palavr as usadas estão ligadas a uma ou 
mais funções. Sendo assim, ao darmos ênfase a um dos elementos de 
comunicação, já estudados na aula anterior, estaremos priorizando uma das seis 
funções que a linguagem possui. 
 Foi o linguista russo Roman Jakobson quem elaborou, em 1969, estudos 
acerca das funç ões das linguagem. Para cada um dos elementos da comunicação 
humana existe uma função estritamente ligada a c ada elemento, como veremos a 
seguir: 
 
Língua Portuguesa 
 
47 
 
 
Estudaremos uma a uma dessas funções: 
 
1. Função referencial: 
 
Também chamada de função informativa é centrada no referente, isto é, 
naquilo que se fala. Cabe ao emissor a intenção de transmitir ao seu interlocutor, 
de modo direto e objetivo, dados estruturados, geralmente, na ordem direta. Essa 
função está presente em grande parte dos textos dissertativos, técnicos, 
jornalísticos, em receitas médicas, bulas de remédio, manuais de instrução, avisos 
institucionais, mapas, gráficos, etc. 
A função referencial é tratada por alguns autores como função denotativa, visto 
que no texto não há ambigüidades ou duplo sentido. 
 
Língua Portuguesa 
 
48 
 
 
2. Função expressiva ou emotiva: 
 
Centrada no emissor da mensagem, exprime a sua atitude em relação ao 
conteúdo da mensagem e da situação. Nesse caso, o emissor expressa seus 
sentimentos e emoções, resultando num texto subjetivo (diferente da objetividade 
da função referencial). 
A mensagem é estruturada com algumas marcas gramaticais que merecem 
registro: verbos e pronomes em 1ª pessoa, interjeições, adjetivos de valores, sinais 
de pontuação como as reticências, ponto de exclamação. 
 O exemplo que lhe daremos é o famoso Soneto da Fidelidade, escrito por 
Vinícius de Moraes. Repare como o uso da 1ª pessoa é uma marca significativa para 
acentuar a subjetividade do eu-poético. 
 
SONETO DA FIDELIDADE 
 
De tudo ao meu amor serei atento 
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto 
Que mesmo em face do maior encanto 
Dele se encante mais meu pensamento. 
 
Quero vivê-lo em cada vão momento 
E em seu louvor hei de espalhar meu canto 
E rir meu riso e derramar meu pranto 
Ao seu pesar ou seu contentamento. 
 
Língua Portuguesa 
 
49 
 
E assim, quando mais tarde me procure 
Quem sabe a morte, angústia de que vive 
Quem sabe a solidão, fim de quem ama 
 
Eu possa me dizer do amor ( que tive ): 
Que não seja imortal, posto que é chama 
Mas que seja infinito enquanto dure. 
MORAES, Vinicius de. Obra Completa e prosa. 
 Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1998. 
 
 
3. Função conativa ou apelativa: 
 
 
O destaque está no receptor que, por sua vez, é estimulado pela mensagem. 
 Os textos em que essa função predomina são marcados por verbos no 
imperativo, por vocativos, por pronomes de tratamento. Outro recurso utilizado 
pela imprensa para prender o receptor e que caracteriza muito bem a função 
CONATIVA é a argumentação, em que o emissor procura a adesão do receptor ao 
seu ponto de vista. 
 Podemos traçar um paralelo entre a intenção do emissor da mensagem e 
a organização da mesma na função conativa. Perceba: 
 
Língua Portuguesa 
 
50 
 
 
INTENÇÃO DO EMISSOR influenciar, envolver, persuadir 
ORGANIZAÇÃO DA MENSAGEM apelo, súplica, ordem, chamamento, 
argumento. 
 
 Numa mensagem publicitária, por exemplo, de um produto para limpeza, 
o texto parece falar com a mulher – dona-de-casa – a quem interessa vender o 
produto. 
 Já, quando o objetivo é influenciar um jovem a comprar uma mochila, por 
exemplo, a intenção discursiva é outra e, consequentemente, o texto vai privilegiar 
palavr as do universo dos adolescentes, usando gírias do momento, termos 
centrados em seu linguajar. 
 Assim, a função conativa ou apelativa da linguagem é 
predominantemente encontrada nos anúncios publicitários, nos discursos 
políticos, nos horóscopos, nos livros de auto-ajuda, nas preces religiosas, etc. 
 
 
4. Função poética 
 
Acontece quando a comunicação dá ênfase à própria mensagem. 
Uma das características dessa função é o uso de recursos literários na 
construção da linguagem. Ao selecionar as palavras para compor um texto, o poeta 
escolhe as que realçam o sentido que ele quer dar ao seu texto e também a sua 
sonoridade e o ritmo; privilegiar as figuras de linguagem, os recursos fonológicos, a 
falta ou o excesso de sinais de pontuação. 
Língua Portuguesa 
 
51 
 
Nos textos em que predomina a função poética da linguagem, podemos 
encontrar, com muita frequência, o sentido conotativo das palavras. 
 
Tem tudo a ver 
 
A poesia 
tem tudo a ver 
com o sorriso da criança, 
o diálogo dos namorados, 
as lágrimas diante da morte, 
os olhos pedindo pão. 
 
A poesia 
– é só abrir os olhos e ver – 
tem tudo a ver 
com tudo. 
Elias José. Segredinhos de amor. 
São Paulo, Moderna, 1991 
 
 
5. função fática 
 
Esta função se manifesta quando se percebe a preocupação do emissor em 
manter contato com o receptor, sem deixar com que a comunicação se perca. 
Centrada no can al, ou c ontato como alguns autores preferem, a função fática 
acontece tanto na comunicação oral, através de sons do tipo “Hum ... hum ...”,“Hein? ...”, “Tá... tá ...”, “Sim ... sei ...”; de frases como “Está me ouvindo?”, “Estão me 
entendendo?” e de marcas sonoras como o famoso “plim ! plim!” da Rede Globo que 
chama o telespectador “distraído” para a retomada de comunicação. 
 
Língua Portuguesa 
 
52 
 
Como na comunicação escrita, encontramos a função fática da linguagem ao 
empregarmos marcadores linguísticos que se repetem, como os balões que você 
vê e lê no início e no fim de cada aula desse curso. 
 
 
 
 
6. função metalinguística 
 
 
Acontece quando a ênfase está no código, isto é, quando o código é o tema da 
mensagem ou é usado para explicar o próprio código. 
 Sabemos que, na linguagem verbal, o código é a língua; portanto, 
quando utilizamos a língua para explicar a própria l íngua, temos a metalinguagem 
ou seja, a função metalinguística. 
Língua Portuguesa 
 
53 
 
Um exemplo bem claro são os dicion ários e as gramátic as, pois utilizam 
palavr as para explicar as próprias palavras. 
 
 fren.te 
s. f. 1. Parte superior do ros to, desde 
os cabelos até as sobrancelhas. 
2. Parte anterior de qua lquer coisa. 
3. Fachada de edifício. 4. Mil. Vanguarda. 
5. Meteor. Superf ície que marca o contato 
de duas massas de ar convergentes 
e de temperaturas diferentes. 
 
Língua Portuguesa 
 
54 
 
EXERCÍCIOS – UNIDADE 4 
 
 
TEXTO PARA AS QUESTÕES 1 e 2: 
 
O último poema 
 
Assim eu quereria o meu último poema 
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais 
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas 
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume 
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos 
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação." 
(Manuel Bandeira, Libertinagens) 
 
1. Qual a função predominante nessa poesia? 
 
a) função referencial ou informativa. 
b) função poética. 
c) função emotiva ou expressiva. 
d) função metalinguística. 
e) função conativa ou apelativa. 
Língua Portuguesa 
 
55 
 
 
2. Podemos detectar outra função, não predominante, mas presente ainda no 
poema. Marque o item em que ele se encontra. 
 
a) função referencial ou informativa. 
b) função poética. 
c) função emotiva ou expressiva. 
d) função metalinguística. 
e) função conativa ou apelativa. 
 
3. Veja o texto abaixo – adaptado de um anúncio publicitário – e escolha o item 
correto quanto à função predominante: 
 
 
“CETIVA: Vitamina C sem cama. Adquira o hábito de tomar CETIVA 
regularmente e você terá mais saúde, dinamismo e resistência às infecções. 
Tome CETIVA todos os dias e vá para a cama só quando você bem 
entender.” 
 
 
a) função referencial ou informativa. 
b) função poética. 
c) função emotiva ou expressiva. 
d) função metalinguística. 
e) função conativa ou apelativa. 
 
Língua Portuguesa 
 
56 
 
 
 
4. Diga qual a função da lingu agem predominante em: 
 
 
Promover a recuperação de trabalhadores acidentados ou incapacitados 
física ou mentalmente para o trabalho, a nobre tarefa que o SESI realiza 
através da Subdivisão de Reabilitação. 
 
 
a) função referencial ou informativa. 
b) função poética. 
c) função emotiva ou expressiva. 
d) função metalinguística. 
e) função conativa ou apelativa. 
 
5. A partir do texto abaixo, marque o item correto em relação à função 
predominante: 
 
 
Língua Portuguesa 
 
57 
a) função referencial ou informativa. 
b) função poética. 
c) função emotiva ou expressiva. 
d) função fática. 
e) função conativa ou apelativa. 
 
6. Leia o texto abaixo e marque a função da linguagem que nele predomina: 
 
 
“CNBB aceita explicações de Arcoverde depois de um telefonema do Ministro 
Waldir Arcoverde que, segundo o secretário-geral da CNBB, D. Luciano 
Mendes, fez reparos ao Programa de Planejamento familiar, a Conferência 
Nacional dos Bispos do Brasil divulgou nota atribuindo a um ‘equívoco da 
imprensa’ a notícia de que o Governo está disposto a adotar a esterilização 
como método anticoncepcional.” (JB, 30/12/80) 
 
 
a) função referencial ou informativa. 
b) função poética. 
c) função emotiva ou expressiva. 
d) função metalinguística. 
e) função conativa ou apelativa. 
Língua Portuguesa 
 
58 
 
7. Numere os parênteses de acordo com a coluna da esquerda e depois escolha o 
item correto: 
 
1. função conativa. 
2. função fática. 
3. função poética. 
4. função emotiva. 
5. função referencial. 
6. função metalinguística. 
 
 
 
( ) centrada no emissor. 
( ) centrada no receptor. 
( ) centrada no canal. 
( ) centrada no referente. 
( ) centrada no código. 
( ) centrada na mensagem
a) 2 – 5 – 6 – 4 – 1 – 3 
b) 4 – 2 – 3 – 5 – 3 – 6 
c) 6 – 2 – 4 – 1 – 2 – 5 
d) 4 – 1 – 2 – 5 – 6 – 3 
e) 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 
 
8. Leia o texto de Millôr Fernandes e marque a alternativa que contém a função da 
linguagem predominante: 
 
 
 “A ‘boite’ é um local em que o excesso de escuridão faz com 
que cada um dance com a mulher do outro. Desse engano constante 
nasce o infinito número de maridos enganados. É tão escura a ‘boite’ que 
nunca se sabe o que a orquestra está tocando. Nem o que se está 
comendo. Nem o que se está pagando. A ‘boite’ é o louvor da incógnita.” 
 
 
a) função referencial ou informativa. 
b) função poética. 
c) função emotiva ou expressiva. 
d) função metalinguística. 
e) função conativa ou apelativa. 
 
Língua Portuguesa 
 
59 
 
9. Dê a função da linguagem do seguinte anúncio vinculado nas tevês, revistas e 
jornais e depois, justificando a sua resposta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
10. Leia a poesia que se segue e diga quais as du as funções da linguagem que 
podem caracterizar o texto. Qual das duas é a predominante? Por quê? 
 
 
 “Que é Poesia? 
 uma ilha 
 cercada 
 de palavras 
por todos 
os lados.” (Cassiano Ricardo) 
 
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________ 
Língua Portuguesa 
 
60 
 
5 As diversidades do uso da língua – os níveis da 
linguagem 
A modalidade escrita e falada. 
As variantes socioculturais – a norma culta e a norma coloquial; a gíria; a 
linguagem da Internet. 
As variantes regionais. 
As variantes de época. 
·As variantes de estilo. 
Língua Portuguesa 
 
61 
 
Hoje, trataremos dos níveis da linguagem, ou seja, da diversidade lingüística, 
fato que ocorre, muitas vezes com bastante evidência; em outras, de forma pouco 
perceptível. Mas, de qualquer maneira, o estudo dessas variedades de uma língua 
implica em fatores de vital importância para o bom uso dela. 
 Boa aula!!! 
 
TEXTO 1: 
 
“Uma das características mais evidentes das línguas é sua variedade. Entende-se 
por isso, fundamentalmente, que as línguas apresentam formas variáveis em 
determinada época, o que significa que não são faladas uniformemente por todos os 
falantes de uma sociedade. (....) Esta característica não é exclusiva das língua 
modernas. O latim e o grego antigo também tinham formas variáveis. O português, 
por exemplo, descende do chamado latim vulgar (popular), diferente em vários 
aspectos do latim dos escritores que chegou até nós.(...). 
Uma outracaracterística das línguas é que as diferenças que apresentam 
decorrem do fato de que os falantes de uma comunidade linguística não são 
considerados iguais pela própria sociedade. As diferenças de linguagem são uma 
espécie de distintivo ou emblema dos grupos, e, nesse sentido, colaboram para 
construir sua identidade. (...) As variedades (ou os dialetos) correspondem em grande 
parte a grupos sociais relativamente definidos: os que residem numa região ou em 
outra; os que pertencem a uma classe social ou a outra; os que são mais jovens ou mais 
velhos; os que são homens ou são mulheres; os que têm uma profissão ou outra etc.“ 
M.B.M. Abaurre e S. Possenti. Vestibular Unicamp: Língua Portuguesa. 
 
Língua Portuguesa 
 
62 
 Apenas prestando atenção, percebemos intuitivamente que uma língua 
não é falada do mesmo modo por todos os seus falantes. Em particular, veremos o 
caso da Língua Portuguesa, falada em Portugal, no Brasil, em Angola, Moçambique, 
Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe; em regiões asiáticas como Macau, 
Goa, Damão e Dio e em Timor Leste, na Oceania. 
 Além do fator geográfico, temos também a variação de ordem social do 
falante, a situação em que ele deve falar ou escrever, etc. 
 Sendo assim, podemos dizer que uma língua sofre variações de acordo 
com cinco eixos, criados pelo linguista romeno Eugenio Coseriu, que são: 
 
1º EIXO: a modalidade escrita e falada. 
2º EIXO: as variantes socioculturais – a norma culta e a norma coloquial. 
3º EIXO: as variantes regionais. 
4º EIXO: as variantes de época. 
5º EIXO: as variantes de estilo. 
 
 Não podemos esquecer de que, enquanto a linguagem em si mesma é 
um fenômeno universalmente igual para todos, a língua se manifesta de maneira 
diferente entre os falantes de uma mesma comunidade linguística, quer por fatores 
de ordem interna como externa. 
 As línguas, portanto, manifestam a mesma capacidade humana de 
expressão, mas há, por exemplo, maneiras típicas de falar relacionadas às regiões 
de um país – principalmente o nosso, com essa dimensão continental, às faixas 
etárias, aos grupos e classes sociais, às situações em que nos encontramos, ao estilo 
Língua Portuguesa 
 
63 
individual e até mesmo ao sexo, visto que, em algumas situações, há palavras que 
contemplam mais o sexo masculino que o feminino. 
 Para tanto, existem as normas linguísticas. Algumas são mais livres e 
espontâneas; outras mais rígidas, com “sansões” formais àqueles que infringem a 
norma culta ou formal. 
 O gramático Adriano da Gama Kury (In. Novas lições de análise sintática. 2 
ed. São Paulo: Ática, 1985.) tem uma frase que sintetiza todas essas variações de 
uma língua dinâmica e potencialmente rica: “O bom falante é um poliglota em sua 
própria língua.” 
 Vamos, então, analisar um a um os cinco eixos dessas variantes 
linguísticas: 
 
1º eixo: a modalidade escrita e falada: 
 
 As diferenças entre o código escrito e o falado não podem ser ignoradas, 
visto que, ao contrário da modalidade escrita, a falada tem uma característica 
marcante que se fundamenta na profunda vinculação às situações em que é usada. 
Normalmente, o contato entre os interlocutores é direto e, ao conversarem sobre 
um determinado assunto, esses interlocutores elaboram mensagens marcadas por 
fatos da língua falada. O vocabulário utilizado é fortemente alusivo, pois usamos 
pronomes como eu, você, isso e advérbios como aqui, agora, cá, lá, etc. 
 O código oral também conta com elementos expressivos que o código 
escrito não contempla. Nesse caso, aparece a entonação, capaz de modificar 
totalmente o significado de certas frases. 
 Sabemos que nem todas as sociedades do mundo tem domínio sobre a 
modalidade escrita, mas todas as sociedades humanas fazem uso da modalidade
Língua Portuguesa 
 
64 
 oral. A essas sociedades – como muitas das comunidades indígenas do Brasil – 
damos o nome de sociedades ágrafas. 
 Já, nas sociedades ditas letradas podemos classificar a linguagem em 
três categorias, que veremos mais adiante: temos a linguagem coloquial, a norma 
culta ou padrão e a linguagem literária. 
 Mas, antes da classificação cit ada, vamos analisar, no quadro que se 
segue – tirado de MESQUITA, Melo Roberto. Gramática da Língua Portuguesa. 8 ed. 
ref. atual. São Paulo: Editor a Sar aiva, 1999 – as diferenças entre a língua falada e a 
língua escrita: 
 
LINGUA FALADA 
 
LÍNGUA ESCRITA 
 
Numa situação de comunicação, 
a mensagem é transmitida de forma 
imediata. 
Numa situação de comunicação, a 
mensagem é transmitida de forma 
imediata. 
Em geral, o emissor e o receptor 
devem conhecer bem a situação e as 
circunstâncias que os rodeiam. Se, 
por qualquer motivo, isso não 
acontecer, pode haver problemas de 
comunicação ou, simplesmente, não 
haver mensagem. 
O receptor não precisa conhecer de 
forma direta e situação do emissor nem o 
contexto da mensagem. 
Língua Portuguesa 
 
65 
 
A mensagem costuma ser 
transmitida de forma mais breve, 
notando-se nítida tentativa de 
economizar palavras. 
Com a presença de um 
interlocutor, que pode, a qualquer 
momento, interromper a conversa, é 
comum o emprego de construções 
mais simples, frases incompletas, 
com ênfase nas orações 
coordenadas, “mais espontâneas e 
mais livres, menos reflexivas”2 
São empregadas construções mais 
complexas, mais planejadas, pois 
subtende-se que o emissor teve mais 
tempo para elaborar a mensagem, 
repensando-a, modificando-a. É, por 
isso, mais comum o uso de orações mais 
complexas, subordinadas, que exigem 
mais esforço de memória ou de 
raciocínio. 
Há elementos prosódicos, como 
entonação, pausa, ritmo e gestos, 
que enfatizam o significado dos 
vocábulos e das frases. 
Como não é possível, na língua 
escrita, a utilização dos elementos 
prosódicos da língua falada, o emprego 
dos sinais de pontuação tenta reconstruir 
alguns desses elementos. 
 
2º eixo: as variantes socioculturais – a norma 
culta e a norma coloquial. 
 
 Quanto à variaç ão da linguagem (quer falada, quer escrita), deparamo-
nos com alguns registros que merecem a nossa atenção: 
 
2 BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos estudos linguísticos. São 
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1975. p. 262. 
Língua Portuguesa 
 
66 
LINGUAGEM COLOQUIAL ou norma popular: é a linguagem que empregamos 
em nosso cotidiano, em determinadas situações que não exigem formalidade, com 
interlocutores que consideramos “iguais” a nós no que diz respeito ao domínio da 
língua. 
 
Nesse tipo de linguagem, não temos preocupação em falar “certo” ou “errado”, 
já que não somos obrigados a usar regras e o nosso objetivo é a transmissão da 
informação, dando prioridade à expressividade. 
 
1. Norma culta ou norma padrão: 
 
Leia o que nos fala Magda Soares, em Linguagem e escola: uma perspectiva 
social. 3 ed. São Paulo: Ática, 1986. 
“Dialeto padrão: também chamado norma padrão culta, ou simplesmente norma 
culta, é o dialeto a que se atribui, em determinado contexto social, maior prestígio; é 
considerado o modelo – daí a designação de padrão, de norma – segundo o qual se 
avaliam os demais dialetos. É o dialeto falado pelas classes sociais privilegiadas, 
particularmente em situações de maior formalidade, usado nos meios de comunicação 
de massa (jornais, revistas, noticiários de televisão etc.), ensinado na escola, e 
codificado nas gramáticas escolares (por isso, é corrente a falsa idéia de que só o 
dialeto padrão pode ter uma gramática, quando qualquer variedade linguística pode 
ter a sua). É ainda, fundamentalmente,o dialeto usado quando se escreve (há, 
naturalmente, diferenças formais,. Que decorrem das condições específicas de 
produção da língua escrita, por exemplo, de sua descontextualização). Efetuadas 
Língua Portuguesa 
 
67 
diferenças de pronúncia e pequenas diferenças de vocabulário, o dialeto padrão 
sobrepõe-se aos dialetos regionais, e é o mesmo, em toda a extensão do país.” 
 
A) A gíria: Segundo William Cereja (In. Gramática Reflexiva: texto, semântica e 
interação. São Paulo: Editor a Atual, 1999. p. 11) “a gíria é um dos dialetos de uma 
língua. Quase sempre criada por um grupo social, como o dos fãs de ‘rap’, de ‘heavy 
metal’, o dos que praticam certas lutas, como capoeira, jiu-jítsu, etc. quando ligada a 
profissões, a gíria é chamada de jargão. É o caso do jargão dos jornalistas, dos 
médicos, dos dentistas e de outras profissões.” 
Temos a gíria como uma contribuição da definição da identidade de um grupo 
que a utiliza, às vezes de caráter contestador, como a dos jovens de uma 
determinada geração, funcionando como uma espécie de meio de exclusão dos 
indivíduos externos ao grupo. Algumas,funcionam como transgressoras dos 
padrões sociais vigentes e, por conseqüência da própria língua. 
Para ilustrar, leia o texto que se segue: 
 
TRUS MOSTRAM VITALIDADE DA GÍRIA EM SP 
 
Termo derivado de truta (amigo, companheiro), é usual nas rodinhas de 
estudantes. 
 
Ficar na port a de uma escola paulistana na hora da saída de aula pode ser uma 
experiência única. Para quem não faz parte da turma, compreender o que se diz é 
tarefa pra lá de difícil. Meninos e meninas, com idade entre 13 e 17 anos, não 
economizam em gírias das mais variadas e engraçadas, num código indecifrável: 
Língua Portuguesa 
 
68 
E aí, tru?! Belê? 
Sussu 
Vô na minha goma. Ta na fita? 
Se pá eu vou lá. 
Cola lá. Falou? 
Trata-se do diálogo entre amigos. Um convida o outro para ir à sua casa. O que 
foi convidado diz que talvez vá, mas não tem certeza. O outro reafirma o convite e 
despede-se. 
As gírias paulistanas, que nem sempre pegam ou viram mania nacion al como 
as do Rio, onde recentemente nasceram sangue bom, sarado e o ah1 Eu tô maluco!, 
originam-se, segundo os jovens da capital, nos bailes funk e escolas e entre 
praticantes de skate e de surfe. 
Depois de criadas, elas podem ser ouvidas nas conversas de jovens de todas as 
regiões da cidade. Além das já imortalizadas mina e ô, meu, são incontáveis as 
expressões inventadas pela moçada. “Não sei explicar, mas minha goma é o 
mesmo que minha casa”, diz Jonas Spindell, de 16 anos, estudante do Colégio 
Equipe, em Pinheiros, zona oeste. 
Só para falar – Escrever o que se diz é uma dificuldade. “Acho que sussu se 
escreve assim, com dois esses”, arrisca Pedro Fiorino Barros, de 15 anos. “A gíria é 
para ser dita e não escrita”, define Spindell. 
Muitas vezes, elas têm dois ou mais significados ou são criadas a partir de 
outras. Tru, por exemplo, vem de truta, que significa companheiro, amigo. Nos 
últimos meses, os garotos têm pontuado suas frases com o tá ligado?. Usam a 
expressão no fim das frases para reafirmar uma idéia. “Tipo assim é outra coisa que 
a gente fala muito”, diz Gabriela Gehrke, de 15 anos. 
Língua Portuguesa 
 
69 
Colega de classe de Gabriela, Soraia Barbosa Cardoso, de 15 anos, é nova na 
escola, mas já ganhou um novo repertório de palavras. “No outro colégio não se 
falava tant a gíria”, diz. “É uma coisa que, quando a gente vê, já está falando.” 
Há divergências na hor a de empregar as palavras. Os meninos não saem mais 
para azarar, mas para c atar umas minas. 
“Acho muito feio dizer isso”, diz Luísa Werneck, de 17 anos, Sua colega Renata 
Lins Alves, de 15 anos, não se intimida em adaptar a expressão: “As meninas 
podem dizer que vão catar uns manos.” 
“Procedê” – Na escola Estadual Padre Manuel da Nóbrega, na Casa Verde, zona 
norte, são as meninas que mais usam termos esquisitos, “Quando um cara está 
interessado, mas não quero nada, digo: Ih! Parei com as drogas”, diz Gabriela 
Novaes do Amaral, de 15 anos. 
“Surfar é o mesmo que transar, trocar um procedê é quando o cara quer ficar 
com uma menina”, ensina Jaqueline de Oliveira Santos, de 14 anos. “Pá e tal, 
derrepentemente também serve para dizer que a pessoa está a fim de ficar”, 
completa Diana Chaves da Silva de 15. 
( Cláudia Fontoura. O Estado de S. Paulo, 5 out. 1997.) 
 
 Lendo e respondendo sobre o texto 
 
1) O uso de gíria por parte dos jovens estudantes tem algum propósito 
definido? Comente. 
2) Qual a função do itálico no texto? Há coerência no seu emprego? 
3) Explique por que é difícil escrever os termos de gírias. 
Língua Portuguesa 
 
70 
4) O texto está dividido em três partes. Essa divisão corresponde ao 
esquema de idéias adotado pelo redator para desenvolver seu texto? 
Explique. 
5) Você usa gíria? Os textos que lê ou escreve apresentam termos de 
gíria?Comente. 
 
B) A linguagem da Internet: a natureza interativa da Internet, ao contrário 
da televisão, tenta estimular o intercâmbio entre as pessoas, como interlocutores 
das famosas “ salas de bate-papos”. É bom ressaltar, entretanto, que a língua escrita, 
na rede, assume uma forma peculiar, em que foi criado um código misto, que faz 
uso de sinais capazes de expressão alegria, tristeza, choro, dúvida, decepção, etc. 
Também lançam mão de abreviaturas, de início de palavras, de apenas uma 
letra para significar muitas palavras e até frases. É bom lembrar, porém, que essa 
linguagem serve apenas para incrementar a agilidade da conversação, mas nunca 
para responder a questionário, enviar curriculum, mandar mensagens de caráter 
formal, etc. 
 
 
 
3º Eixo: variantes regionais 
 
 Também chamadas de variação geográfica ou dialetos, esse tipo de 
variante, no Brasil, é bastante grande e facilmente notada. Caracteriza-se pela 
diferenciação do acento linguístico – conjunto das qualidades fisiológicas do som 
no que tange à altura, ao timbre, à intensidade – e por isso é um tipo de variante 
cujas marcas se notam basicamente na pronúncia. 
Língua Portuguesa 
 
71 
 Também percebemos essa variaç ão geográfica no vocabulár io, em certas 
frases estruturadas de modo diferente e no sentido que algumas palavras 
assumem em diversas regiões do país. Também chamadas de dialetos, essas 
variantes regionais podem ser bem distintas, quer no falar nordestino, pela 
abertura das vogais pré-tônicas; quer na pronúncia dos gaúchos, que se caracteriza 
por uma entonação particular; quer na maneira peculiar de se pronunciar o fonema 
“s” final das palavras (normalmente, de modo chiado). 
 Ainda, chamamos atenção para as variações geográficas encontradas no 
vocabulário. Basta percebermos o uso de expressões encontradas nas diferentes 
regiões geográficas brasileiras, com toda a sua peculariedade e distinção. 
 Da mesma maneira, as regiões urbanas e rurais possuem vocabulário e 
pronúncias diferentes, além das expressões típicas que encontramos em cada uma 
dessas localidades. 
 
 
4º eixo: as variantes de época: 
 
Sabemos que as línguas não são fixas, estáticas. Esse caráter dinâmico, 
mutável é que nos apresenta palavras cujo uso está defasado, perderam o seu 
sentido original, deram lugar a outras palavras; enfim, houve uma mudança 
significativa que é registrada pelos livros escritos no início do século XVIII, em 
contrapartida com os de hoje, por exemplo. 
 Para ilustrar esse tipo de variante, leia os trechos de dois textos de Carlos 
Drummond de Andrade, que mostram como a língua vai mudando com o tempo: 
 
 
Língua Portuguesa 
 
72 
 
TEXTO 1:

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