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Bioquímica da Superfície do Dente - Película Adquirida e Placa Dental Compreender a composição química, processo de formação e funcionalidade das estruturas presentes na superfície do dente. A superfície do dente não está em contato direto com a saliva, há sempre uma cobertura que pode ser de desenvolvimento, quando o dente está em erupção, ou adquirida, formada após a erupção. Abordaremos agora sobre essas coberturas adquiridas: Película Adquirida Após a erupção do dente há formação de uma película que recobre toda a superfície dentária. Essa película que aparece assim que o dente é exposto ao meio bucal, é uma camada membranosa amorfa, acelular, homogênea, lisa e transparente. Apresenta cerca de 1 a 3µm de espessura em média, podendo chegar a 10µm, e se constitui de três estruturas distintas:Componente subsuperficial localiza-se abaixo do esmalte, infiltra em poros e áreas desmineralizadas.l Componente superficial – está associada diretamente ao esmalte.l Componente supra-superficial – localiza-se em áreas de difícil limpeza.l A película adquirida também é adsorvida firmemente em amálgama, ouro, porcelana e outras superfícies sólidas presentes na boca. As escovações diárias não removem a película, só pode ser removida pela profilaxia dental com o uso de abrasivos. Nesta situação, a película adquirida novamente se forma em poucos minutos de contato com o dente com a saliva, se restabelecendo totalmente em cerca de 90 minutos. Composição Química A composição química da película adquirida demonstra a presença de vários aminoácidos, o caracteriza uma composição proteica, além de carboidratos e uma pequena parcela de lipídeos.Uma análise mais detalhada aponta altas concentrações de aminoácidos ácidos com tendência a adsorver a hidroxiapatita, baixas concentrações de aminoácido contendo enxofre, carboidratos como a glicose, frutose, manose, galactose, glicosamina, galactosamina e também lipídeos como ácidos graxos livres, colesterol e triglicérides. Mecanismo de Formação Muitas proteínas, incluindo aquelas da saliva, são prontamente adsorvidas à hidroxiapatita, acreditamos que a interação eletrostática seja um dos mecanismos para a sua formação. A hidroxiapatita é anfótero, ou seja, apresenta característica ácida e básica, devido a isso proteínas ácidas do meio interagem com a hidroxiapatita do esmalte pela porção básica e proteínas básicas com a porção ácida da hidroxiapatita. Função da Película Adquirida Acreditamos que os depósitos de proteína no esmalte exerçam efeito protetor e lubrificante. O efeito protetor tem sido atribuído a dois mecanismos possíveis: 1º A película pode atuar como uma barreira na difusão de ácidos a partir da placa para a superfície do esmalte; um fenômeno que tenderia a retardar a desmineralização do esmalte pela diminuição da concentração do agente desmineralizante. 2º Há um aumento do processo de remineralização, a película retardaria a difusão dos íons cálcio e fosfato da área de desmineralização e a retenção dos minerais no local onde aumentaria a eficiência do processo de remineralização. A dissolução do esmalte não é inibida mas o processo de reparo é aumentado pelos elevados níveis dos minerais necessários. Como lubrificante, devido a glicoproteínas aderidas a película adquirida, há maior facilidade na mastigação e na fala. Há uma possibilidade de a película adquirida também agir como regulador de crescimento da estrutura do dente. A película adquirida contêm proteínas como esterina e cistatina que estabilizam os íons de cálcio e fosfato quando supersaturados, essa dosagem exagerada aumentaria a estrutura dentária. PLACA DENTAL Placa dental, placa bacteriana ou biofilme oral de superfícies duras é o acúmulo de bactérias da microbiota oral sobre a superfície dos dentes, sobre a película adquirida. É uma camada gelatinosa, pegajosa e incolor fortemente aderida a superfície dental. A placa dental se acumula de forma diferente entre os indivíduos e de maneira irregular em um mesmo indivíduo, devido as superfícies anatômicas diferenciadas e sempre se intensificando nos locais onde a higiene bucal não está sendo realizada de maneira adequada. Composição Química Na composição da placa dental há uma porção acelular e uma porção celular.A porção acelular da placa é basicamente a mesma da película adquirida, constituída de água, proteínas, peptídeos, aminoácidos, açúcares simples como glicose e frutose, polissacarídeos e uma porcentagem pequena de minerais como cálcio, magnésio, fosfato, sódio, potássio e outros.Na porção celular há células epiteliais, leucócitos e principalmente bactérias de várias espécies.As bactérias, sempre presentes na boca, aproveitam os nutrientes contidos nos alimentos ingeridos e os componentes da saliva para se desenvolver. A idade, a saliva, o sistema imunológico, medicamentos, estado dentário, dieta e hábitos de higiene interferem diretamente nesta microbiota. Na placa as bactérias podem se apresentar livres na saliva da cavidade oral, migrando na cavidade toda, ou se fixarem de forma permanente. Entre as bactérias comumente encontradas estão as Streptococcus mutans que são capazes de resistir a um ambiente ácido, comum na boca de quem consome açúcar com muita freqüência. Mecanismo de Formação A adesão das primeiras bactérias na placa ocorrem por forças de interação físico-químicas como força de Van der Walls, pontes de hidrogênio, ligações eletrostáticas, etc. As adesões subsequentes ocorrem por mecanismos diferentes, como por exemplo, ligação interespécie, liberação de agentes tensoativos e demanda de nutrientes. Metabolismo da Placa Dental A placa dental apresenta uma intensa atividade metabólica devido as bactérias presentes. Na necessidade de produzir ATP (adenosina trifosfato), molécula energética necessária as atividades funcionais, as bactéria utilizam açúcares em processos metabólicos. Os açúcares mais utilizados são glicose, frutose e sacarose que são transportados até o interior celular onde começam as reações químicas. O tipo de processo metabólico utilizado pela bactéria depende de suas características fisiológicas, o mais comum é a glicólise anaeróbica que acabam por gerar ácidos, determinantes para a desmineralização do esmalte e consequentemente para a cárie e a doença periodontal. Considerações finais A placa bacteriana é uma camada ainda não mineralizado, mas com o decorrer do tempo, do metabolismo microbiano e alguns fatores ligados a gás carbônico, a mineralização ocorre dando origem ao tártaro. A placa dental é de fácil remoção com uma técnica de escovação adequada e frequente. Quando mineralizada somente dentistas com instrumentos adequados removem pela técnica da tartarectomia, popularmente chamada de raspagem. Podemos evitar a placa dental e suas consequências com simples atos. Devemos: Escovar bem, no mínimo três vezes ao dia, para remover a placa bacteriana de todas as superfíciesl dos seus dentes. Usar fio dental diariamente para remover a placa bacteriana que se instala entre seus dentes e sobl a gengiva, onde a escova não pode alcançar. Diminuir a ingestão de alimentos açucarados, principalmente que fixam nos dentes.l Visitar o dentista regularmente.l Imagem do aspecto morfológico da placa dental. Objetivo: Mostrar o desenvolvimento da placa dental pela superfície. Quiz 1 Sobre película adquirida encontre a alternativa correta: Apresenta na composição proteínas, aminoácidos, lipídeos, glicoproteínas e muitos minerais. Formada após a erupção do dente, forma uma barreira que diminui a difusão de ácidos, protege e repara o esmalte. Extremamente resistente, não pode ser removida da superfície dentária. Apresenta microorganismos que facilitam a fixação no esmalte. Quiz 1 Analise todas as afirmações abaixo sobre placa dental e encontre a correta: Apresenta uma atividade metabólica intensa capaz de gerarácidos que são indispensáveis para a preservação do esmalte. Camada gelatinosa, pegajosa e incolor fortemente aderida a superfície dental formada por bactérias associados a película adquirida. É formada por uma alta concentração de minerais por isso é de difícil remoção. Apenas uma espécie de bactéria pode se fixar na película adquirida para formar a placa dental. Referências ARANHA, F. L. Bioquímica odontológica. 2ª. ed. São Paulo: Sarvier, 2002. NICOLAU, J. Fundamentos de bioquímica oral. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. MENAKER, L. Cáries dentárias – Bases biológicas. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1984. FERREIRA, C. P. Bioquímica para cirurgiões-dentistas. 1ª ed. São Paulo: Editora Apoio Ltda., 1989. MARZZOCO, A.; TORRES, B.B. Bioquímica básica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. CAMPBELL, M.K. Bioquímica 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. CHAMPE, P.C.; HARVEY, R.A. Bioquímica ilustrada. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. LEHNINGER, A.L.; NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios de Bioquímica. 2ª ed. 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