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DIREITO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB 2ª FASE 
 
DIREITO PENAL 
 
PROF. NIDAL AHMAD 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
2 
 
 ÍNDICE 
 
NOTA INTRODUTÓRIA ..................................................................................................................... 4 
 
CAPÍTULO I - CAUSAS EXCLUDENTES DA TIPICIDADE ......................................................... 9 
01 DO FATO TÍPICO E CONDUTA...................................................................................................... 9 
02 DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ................................................................................................. 19 
03 DO CRIME DOLOSO E CULPOSO ................................................................................................ 26 
04 DA CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ................................................................................................ 29 
05 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ........................................................... 33 
06 ARREPENDIMENTO POSTERIOR ................................................................................................. 36 
07 CRIME IMPOSSÍVEL ................................................................................................................... 38 
08 ERRO DE TIPO .......................................................................................................................... 40 
09 DESCRIMINANTES PUTATIVAS ................................................................................................... 44 
10 ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO E ERRO DE TIPO ACIDENTAL ............................................... 47 
11 ERRO NA EXECUÇÃO (aberractio ictus) E RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (aberratio 
criminis) ........................................................................................................................................ 50 
12 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (CRIME BAGATELA) E SÚMULA VINCULANTE Nº 24 STF ............ 53 
 
 
CAPÍTULO II - CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE ......................................................... 56 
01 ESTADO DE NECESSIDADE ........................................................................................................ 57 
02 LEGÍTIMA DEFESA .................................................................................................................... 61 
03 ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO ........................ 67 
 
CAPÍTULO III - CAUSAS EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE .............................................. 69 
01 INIMPUTABILIDADE .................................................................................................................. 70 
02 FALTA DE POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE ................................................................... 72 
03 INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA .................................................................................. 76 
 
CAPÍTULO IV - EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ..................................................................... 78 
01 DA DECADÊNCIA E PEREMPÇÃO ................................................................................................ 79 
02 DA RENÚNCIA E DO PERDÃO ..................................................................................................... 81 
03 DA PRESCRIÇÃO ...................................................................................................................... 84 
3.1 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA .................................................................................. 85 
3.1.1 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA EM ABSTRATO .......................................................... 85 
3.1.2 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RETROATIVA ............................................................ 88 
3.1.3 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA INTERCORRENTE OU SUPERVENIENTE À SENTENÇA 
CONDENATÓRIA ............................................................................................................................ 90 
3.2 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA ............................................................................... 92 
3.3 CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO ................................................................................ 95 
 
CAPÍTULO V - TEORIA DA PENA ......................................................................................... 100 
01 DA FIXAÇÃO DA PENA .............................................................................................................. 101 
02 REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA ........................................................................... 108 
03 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ........................................................................................... 111 
04 DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA (SURSIS) ............................................. 115 
 
CAPÍTULO VI - ALGUNS CRIMES EM ESPÉCIE ................................................................... 118 
01 HOMICÍDIO ............................................................................................................................. 118 
02 INDUZIMENTO AO SUICÍDIO .................................................................................................... 121 
03 INFANTICÍDIO ......................................................................................................................... 123 
04 ABORTO .................................................................................................................................. 125 
05 LESÃO CORPORAL .................................................................................................................... 127 
06 CALÚNIA.................................................................................................................................. 130 
07 DIFAMAÇÃO ............................................................................................................................. 130 
08 INJÚRIA .................................................................................................................................. 131 
 
 
 
DIREITO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
3 
 
09 ASPECTOS PONTUAIS DOS CRIMES CONTRA A HONRA ............................................................. 132 
10 FURTO ..................................................................................................................................... 134 
11 ROUBO .................................................................................................................................... 139 
12 EXTORSÃO .............................................................................................................................. 144 
13 EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO .......................................................................................... 146 
14 DANO ...................................................................................................................................... 149 
15 APROPRIAÇÃO INDÉBITA ......................................................................................................... 151 
16 ESTELIONATO.......................................................................................................................... 153 
17 RECEPTAÇÃO ........................................................................................................................... 156 
18 ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS ......................................................................................................... 157 
19 ESTUPRO................................................................................................................................. 160 
20 ESTUPRO DE VULNERÁVEL ....................................................................................................... 162 
21 AÇÃO PENAL ............................................................................................................................ 164 
22 PECULATO ............................................................................................................................... 165 
23 CONCUSSÃO ............................................................................................................................ 168 
24 EXCESSO DE EXAÇÃO ............................................................................................................... 169 
25 CORRUPÇÃO PASSIVA .............................................................................................................. 170 
26 PREVARICAÇÃO ....................................................................................................................... 172 
27 CORRUPÇÃO ATIVA .................................................................................................................. 173 
28 DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA ...................................................................................................... 175 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
Prof. Nidal Ahmad 
OAB 
2ª Fase 
 
4 
 
 
 
 NOTA INTRODUTÓRIA 
 
TEORIA DO CRIME 
 
De acordo com o seu conceito analítico, o crime constitui um fato típico, antijurídico 
(ilícito) e culpável. 
 
 
 
 
 
 
Nesse sentido, para fins de 2ª fase da OAB, focaremos o estudo nas causas 
excludentes da tipicidade, ilicitude e culpabilidade, destacando, ainda, causas de extinção da punibilidade. 
Todavia, antes de adentrar no estudo específico de cada excludente, convém uma 
visão geral acerca dos temas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01
13
FATO 
TÍPICO
ILÍCITO CULPÁVEL CRIME
 
 
 
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OAB 
2ª Fase 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALGUMAS CAUSAS 
EXCLUDENTES 
DE TIPICIDADE
QUANTO À 
CONDUTA
AUSÊNCIA DE DOLO E 
CULPA
COAÇÃO FÍSICA 
IRRESISTÍVEL
MOVIMENTOS 
REFLEXOS
ESTADO DE 
INCONSCIÊNCIA
CRIME IMPOSSÍVEL
ERRO DE TIPO 
ESSENCIAL
PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA
SÚMULA VINCULANTE 
24
 
 
 
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2ª Fase 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALGUMAS CAUSAS 
EXCLUDENTES DE 
ILICITUDE
ESTADO DE 
NECESSIDADE
LEGÍTIMA DEFESA
ESTRITO 
CUMPRIMENTO DO 
DEVER LEGAL
EXERCÍCIO 
REGULAR DO 
DIREITO
 
 
 
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2ª Fase 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALGUMAS CAUSAS 
EXCLUDENTES DE 
CULPABILIDADE
INIMPUTABILIDADE
Doença mental ou 
desenvolvimento mental 
completo ou retardado 
(art. 26 CP)
Embriaguez completa e 
acidental decorrente de 
caso fortuito ou força 
maior (art. 28, § 1º CP)
Dependência ou 
intoxicação involuntária 
decorrente de uso de 
drogas (art. 45 Lei 
11343/2006)
Menoridade (art. 27 CP e 
228 CF/88)
FALTA DE 
POTENCIAL 
CONSCIÊNCIA DA 
ILICITUDE
Erro de Proibição (art. 
21 CP)
INEXIGIBILIDADE 
DE CONDUTA 
DIVERSA
Coação Moral 
Irresistível (art. 22 
CP)
Obediência 
Hierárquica (art. 22 
CP)
 
 
 
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2ª Fase 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALGUMAS CAUSAS DE EXTINÇÃO 
DA PUNIBILIDADE
Art. 107 CP
Prescrição (Arts. 109 a 117 CP)
Ressarcimento do dano no peculato 
culposo (art. 312, § 3º CP)
Pagamento do tributo ou contribuição 
social, inclusive acessórios
Retratação antes da sentença no crime 
de falso testemuho (art. 342, § 2º, CP)
 
 
 
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OAB 
2ª Fase 
 
9 
 
CAPÍTULO I - CAUSAS EXCLUDENTES DA TIPICIDADE 
 
 
 DO FATO TÍPICO E CONDUTA 
 
Fato típico é o que se amolda ao modelo legal da conduta proibida. É o fato que se 
enquadra no conjunto de elementos descritivos do delito contidos na lei penal. 
 
Ausente um dos elementos do fato típico a conduta passa a constituir um indiferente 
penal. É um fato atípico. 
1.1) CONDUTA 
A) CONCEITO 
CONDUTA é a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada 
finalidade. 
B) AUSÊNCIA DE CONDUTA 
Para a caracterização da conduta, sob qualquer aspecto, é indispensável a existência 
do binômio vontade e consciência. 
VONTADE é o querer ativo, apto a levar o ser humano a praticar um ato livremente. 
O ato voluntário deve ser espontâneo, isto é, mediante um proceder por vontade própria; caso contrário, será 
ato coagido e forçado, levando à exclusão do crime. 
01
13
ELEMENTOS 
DO FATO 
TÍPICO
CONDUTA
RESULTADO
NEXO DE 
CAUSALIDADE
TIPICIDADE
 
 
 
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2ª Fase 
 
10 
 
CONSCIÊNCIA é a possibilidade de o ser humano ter noção clara da diferença 
existente entre realidade e ficção. 
Pode-se dizer que há ausência de conduta nos seguintes casos, por exemplo: 
 
a) Coação física irresistível (“vis absoluta”) 
Ocorre quando o sujeito pratica o movimento em consequência de força corporal 
exercida sobre ele. Quem atua obrigado por uma força irresistível não age voluntariamente. Neste caso, o 
agente é mero instrumento realizador da vontade do coator. 
Assim, não havendo vontade, não há conduta. Não havendo conduta, não há fato 
típico. Não havendo fato típico, não há crime. Logo, o fato praticado pelo fisicamente coagido é atípico. Não 
responde por nenhum crime. 
Diversa é a situação, contudo, quando se tratar de coação moral. 
Na coação moral, não há aplicação da força física, mas de ameaça ou intimidação, 
feita através da promessa de um mal, para que se determine o coato à realização do fato criminoso. O coagido 
poderá optar. 
No caso da coação moral, o fato é revestido de tipicidade, mas não é culpável, em 
face da inexigibilidade de conduta diversa. 
Portanto, existe o fato típico, pois a ação é juridicamente relevante, mas não há falar 
em culpabilidade, aplicando-se a regra do art. 22, 1ª parte, do Código Penal (causa de exclusão da 
culpabilidade). 
Em síntese: 
Coação física irresistível: causa de exclusão da tipicidade 
Coação moral irresistível: causa de exclusão da culpabilidade 
Coação moral resistível: atenuante (art. 65, III, “c”, CP) 
 
 
 
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11 
 
 
 
b) Movimentos reflexos 
Os atos reflexos não dependem da vontade, uma vez que são reações motoras, 
secretórias ou fisiológicas, produzidas pela excitação de órgãos do corpo humano. 
 
Ex. tosse, espirro, etc. 
 
c) Estados de inconsciência 
Consciência “é o resultado da atividade das funções mentais. Não se trata de uma 
faculdade do psiquismo humano, mas do resultado do funcionamento de todas elas”. 
Quando essas funções mentais não funcionam adequadamente se diz que há estado 
de inconsciência, que é incompatível com a vontade, e sem vontade não há ação. 
A doutrina tem catalogado como exemplos de estados de inconsciência a hipnose, o 
sonambulismo a narcolepsia. 
 
 
 
 
 
 
 
COAÇÃO FÍSICA 
IRRESISTÍVEL
Sujeito é forçado 
fisicamente a 
praticar o fato típico
CAUSA DE 
EXCLUSÃO DATIPICIDADE
COAÇÃO MORAL 
IRRESISTÍVEL
Sujeito é ameaçado 
ou intimidado a 
praticar o fato típico
CAUSA DE 
EXCLUSÃO DA 
CULPABILIDADE
COAÇÃO MORAL 
RESISTÍVEL
Sujeito é ameaçado 
ou intimidado a 
praticar o fato típico, 
mas poderia resistir
ATENUANTE (ART. 
65, III, "C", CP)
 
 
 
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OAB 
2ª Fase 
 
12 
 
1.2) DOS CRIMES OMISSIVOS 
A conduta delitiva não se limita a uma atividade positiva, ou seja, a uma ação, 
podendo, ainda, o agente praticar delito por meio de uma conduta omissiva, por um não fazer, por uma 
abstenção de um movimento corpóreo. 
Os crimes omissivos podem ser próprios ou impróprios (ou comissivos por omissão). 
I) CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS 
São os que se perfazem com a simples conduta negativa do sujeito, 
independentemente da produção de qualquer consequência posterior. 
Há um tipo penal específico descrevendo a conduta omissiva. O verbo nuclear do 
tipo descreve uma conduta omissiva. Nesse caso, o crime consiste em o sujeito amoldar a sua conduta ao tipo 
legal que descreve uma conduta omissiva. Em síntese, o agente será responsabilizado por não cumprir 
o dever de agir contido implicitamente na norma incriminadora. 
Nos crimes omissivos próprios basta a abstenção, é suficiente a desobediência ao 
dever de agir para que o delito se consume. A OBRIGAÇÃO DO AGENTE É DE AGIR E NÃO DE EVITAR O 
RESULTADO. O resultado que eventualmente surgir dessa omissão será irrelevante para a consumação do 
crime, podendo apenas configurar uma majorante ou uma qualificadora. 
Ex: Omissão de socorro 
 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, 
à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão 
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
Ex: Abandono material 
 
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho 
menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) 
anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia 
judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, 
gravemente enfermo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior 
salário mínimo vigente no País. 
 
 
 
 
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13 
 
 
 
 
II) CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU COMISSIVOS POR OMISSÃO – Art. 13, § 2º 
 
Nos crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão são aqueles em que o 
tipo penal descreve uma conduta ativa, ou seja, o verbo nuclear do tipo descreve uma ação. Nesse caso, o 
agente será responsabilizado por ter deixado de agir quando estava juridicamente obrigado a desenvolver 
uma conduta para evitar o resultado. 
Nos crimes omissivos impróprios, o agente não tem simplesmente a obrigação de 
agir, mas a OBRIGAÇÃO DE AGIR PARA EVITAR UM RESULTADO, isto é, deve agir com a finalidade de impedir 
a ocorrência de determinado evento. Nos crimes comissivos por omissão há, na verdade, um crime material, 
isto é, um crime de resultado. 
Ou seja, se o agente que tinha o dever de agir para evitar o resultado mantém-se 
inerte, omisso, responderá pelo resultado gerado. 
Ressalta-se, no entanto, que somente será atribuído ao agente a responsabilidade 
por sua conduta omissiva se, nas circunstâncias, era possível agir para evitar o resultado. Ex: se um médico 
plantonista deixa de atender um paciente que falece, porque estava atendendo a outro enfermo em situação 
de emergência, à evidência, não poderá ser responsabilizado pela morte do paciente que aguardava 
atendimento. 
C
R
IM
E
S
 O
M
IS
S
IV
O
S
 
P
R
Ó
P
R
IO
S
DEVER DE AGIR
NÃO TEM O DEVER DE 
IMPEDIR O RESULTADO
NÃO RESPONDE PELO 
RESULTADO
PODE CONFIGURAR 
MAJORANTE ou
QUALIFICADORA
EX: ART. 135, 
PARÁGRAFO ÚNICO, CP
NORMA PENAL 
ESPECÍFICA
DESCREVE CONDUTA 
OMISSIVA
EX: ART. 135 CP 
ART. 244 CP
MANDAMENTAL
CRIME DE MERA 
CONDUTA
NÃO ADMITE 
TENTATIVA
CONDUTA 
OMISSIVA
ART. 13, §2º CP RESULTADO
 
 
 
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14 
 
O Código Penal regulou expressamente as hipóteses em que o agente assume a 
condição de garantidor. 
De fato, para que alguém responda por crime comissivo por omissão é 
preciso que tenha o dever jurídico de impedir o resultado, previsto no artigo 13, § 2º: 
 
a) Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância 
Nesse caso, por expressa imposição da lei, o agente estará obrigado a agir para 
evitar o resultado. Assim, se o agente se omitir, ou seja, deixar de agir, quando lhe era possível, responderá 
pelo resultado gerado. 
Isso porque, se o sujeito, em virtude de sua abstenção, descumprindo o dever de 
agir, não busca evitar o resultado é considerado, pelo Direito Penal, como se o tivesse causado. 
É o caso, por exemplo, dos pais em relação aos filhos (art. 1634 e 1566, IV, ambos 
do Código Civil), ao dever de mútuo assistência entre os cônjuges (art. 1566 do Código Civil). 
Ex: Mãe que deixa de alimentar o filho, que, por conta da sua negligência, acaba 
morrendo por inanição. Essa mãe deverá responder pelo resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, 
de outro lado, a mãe desejou a morte do filho ou assumiu o risco de produzi-la, responderá por homicídio 
doloso. 
 
b) De outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado 
 
A doutrina não fala mais em dever contratual, uma vez que a posição de garantidor 
pode advir de situações em que não existe relação jurídica entre as partes. O importante é que o sujeito 
se coloque em posição de garante no sentido de que o resultado não ocorrerá. 
Aqui a obrigação de agir para evitar o resultado não decorre de lei, mas do fato de 
o agente ter assumido a responsabilidade de impedi-lo. 
Ex: babá que, por negligência, deixa de cumprir corretamente sua obrigação de 
cuidar da criança, que acaba caindo na piscina e, por isso, morre afogada. Nesse caso, responderá pelo 
resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, de outro lado, desejou a morte da criança ou assumiu o 
risco de produzi-la, responderá por homicídio doloso. 
 
Inserem-se também nesse contexto, por exemplo, o médico plantonista, o guia de 
alpinistas, o cuidador de idosos. 
 
 
 
 
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15 
 
 
c) Com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado 
 
Nesta hipótese, o sujeito, com o comportamento anterior, cria situação de perigo 
para bens jurídicos alheios penalmente tutelados, de sorte que, tendo criado o risco, fica obrigado a 
evitar que ele se degenere ou desenvolva para o dano ou lesão. 
Não importa que o tenha feito voluntariamente ou involuntariamente, dolosa ou 
culposamente; importa é que com sua ação ou omissão originou uma situação de risco ou agravou uma 
situação já existente. 
Aluno veterano, por ocasião de um trote acadêmico, sabendo que a vítima não sabe 
nadar, joga o incauto calouro na piscina. Nesse caso, contrai o dever jurídico de agir para evitar o resultado, 
sob pena de responder por homicídio. 
 
 
 
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16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRIMES 
OMISSIVOSIMPRÓPRIOS
(Art. 13, §2º, CP)
NÃO HÁ NORMA 
ESPECÍFICA 
DESCREVENDO A 
OMISSÃO
DEVER DE AGIR 
+ 
IMPEDIR O 
RESULTADO
O DEVER DE AGIR 
INCUMBE A QUEM
(Art. 13, §2º CP)
a) tenha por lei 
obrigação de 
cuidado, proteção 
ou vigilância
Ex: pais perante 
os filhos (art. 
1.634 CC);
mútua assistência 
entre os cônjuges 
(art. 1.566 CC)
b) de outra forma, 
assumiu a 
responsabilidade 
de impedir o 
resultado
Ex: médico 
plantonista; 
babá; 
diretora de escola 
c) com seu 
comportamento 
anterior, criou o 
risco da 
ocorrência do 
resultado.
Ex: trote 
acadêmico
RESPONDE PELO 
RESULTADO 
GERADO
 
 
 
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17 
 
 
 
 
 
 
 
CONDUTA
AÇÃO
OMISSÃO
CRIME 
OMISSIVO 
PRÓPRIO
Dever de 
agir
Norma penal 
específica
Descreve 
conduta 
omissiva
Mandamental
Crime de 
mera 
conduta
Não admite 
tentativa
Não responde 
pelo resultado
Qualificadora
Majorante
CRIME 
OMISSIVO 
IMPRÓPRIO
Não há norma 
específica 
descrevendo a 
omissão
Dever de agir 
+ 
impedir o 
resultado
Art. 13, 
§2º CP
a) Lei
b) 
Garantidor
c) Criação 
do Risco
Responde pelo 
resultado
 
 
 
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QUESTÃO 2 - V EXAME OAB 
Joaquina, ao chegar à casa de sua filha, Esmeralda, deparou-se com seu genro, Adaílton, mantendo relações 
sexuais com sua neta, a menor F.M., de 12 anos de idade, fato ocorrido no dia 2 de janeiro de 2011. 
Transtornada com a situação, Joaquina foi à delegacia de polícia, onde registrou ocorrência do fato criminoso. 
Ao término do Inquérito Policial instaurado para apurar os fatos narrados, descobriu-se que Adaílton vinha 
mantendo relações sexuais com a referida menor desde novembro de 2010. Apurou-se, ainda, que Esmeralda, 
mãe de F.M., sabia de toda a situação e, apesar de ficar enojada, não comunicava o fato à polícia com receio 
de perder o marido que muito amava. 
Na condição de advogado(a) consultado(a) por Joaquina, avó da menor, responda aos itens a seguir, 
empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Adaílton praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,3) 
b) Esmeralda praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,5) 
c) Considerando que o Inquérito Policial já foi finalizado, deve a avó da menor oferecer queixa-crime? (Valor: 
0,45) 
 
QUESTÃO 04 – X EXAME OAB 
Erika e Ana Paula, jovens universitárias, resolvem passar o dia em uma praia paradisíaca e, de difícil acesso 
(feito através de uma trilha), bastante deserta e isolada, tão isolada que não há qualquer estabelecimento 
comercial no local e nem mesmo sinal de telefonia celular. As jovens chegam bastante cedo e, ao chegarem, 
percebem que além delas há somente um salva-vidas na praia. Ana Paula decide dar um mergulho no mar, 
que estava bastante calmo naquele dia. Erika, por sua vez, sem saber nadar, decide puxar assunto com o 
salva-vidas, Wilson, pois o achou muito bonito. Durante a conversa, Erika e Wilson percebem que têm vários 
interesses em comum e ficam encantados um pelo outro. Ocorre que, nesse intervalo de tempo, Wilson 
percebe que Ana Paula está se afogando. Instigado por Erika, Wilson decide não efetuar o salvamento, que 
era perfeitamente possível. Ana Paula, então, acaba morrendo afogada. 
Nesse sentido, atento(a) apenas ao caso narrado, indique a responsabilidade jurídico-penal de Erika e Wilson. 
(Valor: 1,25) 
O examinando deve fundamentar corretamente sua resposta. A simples menção ou transcrição do dispositivo 
legal não pontua. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE – Art. 13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
02
13
CONDUTA RESULTADO 
CONCAUSA INDEPENDENTE 
ABSOLUTAMENTE 
DEPENDENTE 
Por si só 
produziu o 
resultado 
Teve origem 
na conduta 
ABSOLUTAMENTE 
INDEPENDENTE 
Não teve 
origem na 
conduta 
PREEXISTENTE 
CONCOMITANTE 
SUPERVENIENTE 
RELATIVAMENTE 
INDEPENDENTE 
Teve origem 
na conduta 
PREEXISTENTE 
CONCOMITANTE 
SUPERVENIENTE 
RELATIVAMENTE 
Não teve 
origem na 
conduta 
 
 
 
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Pela própria denominação (nexo causal) é possível perceber que consiste no vínculo 
ou liame de causa e efeito entre a ação e o resultado do crime. 
Via de regra, a conduta do agente produz o resultado criminoso de forma direta. 
Trata-se de relação de causa (conduta) e efeito (resultado): Nexo de causalidade. 
Todavia, pode ocorrer que, aliada à conduta do agente, outra causa contribua para 
o resultado. É a chamada concausa. 
Esta “concausa” pode ser absolutamente independente ou relativamente 
independente, dependendo se teve ou não origem na conduta do agente. 
2.1) CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
I) CONCEITO 
São aquelas que não tem origem na conduta do agente. A expressão 
“absolutamente” serve para designar que a outra causa independente por si só produziu o resultado. São 
causas que não se inserem na linha do desdobramento natural da conduta do agente, ou seja, causas 
inusitadas, desvinculadas da ação do agente, surgindo de fonte distinta. 
Em síntese, por serem independentes, tais causas atuam como se tivessem por si 
sós produzido o resultado, situando-se fora da linha de desdobramento causal da conduta. 
Há, na verdade, uma quebra do nexo causal. 
II) ESPÉCIES DE CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
a) Preexistentes 
Trata-se de causa que existia antes da conduta do agente e produzem o resultado 
independentemente da sua atuação. Ou seja, com ou sem a ação do agente o resultado ocorreria do mesmo 
modo. 
 
Ex: O agente desfere um disparo de arma de fogo contra a vítima, que, no entanto, 
vem a falecer pouco depois, não em consequência dos ferimentos recebidos, mas porque antes ingerira veneno 
com a intenção de suicidar. 
 
Nesse caso, há a conduta do agente (efetuar o disparo), mas o que gerou o resultado 
morte foi outra causa (o veneno). Essa outra causa é independente da conduta do agente (porque por si só 
produziu o resultado). É absolutamente independente (porque não teve origem na conduta do agente, pois 
tendo ou não efetuado o disparo o resultado ainda assim se produziria). É preexistente porque essa outra 
causa (veneno) já existia antes da ação do agente. 
 
 
 
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b) Concomitantes 
São as causas que não têm nenhuma relação com a conduta e produzem o resultado 
independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no instante em que a ação é 
realizada. 
Ex: “A” desfere golpe de faca contra “B” no exato momento em que este vem a 
falecer exclusivamente por força de um ataque cardíaco. 
 
Nesse caso, há a conduta do agente (desferir o golpe de faca), mas o que gerou o 
resultado morte foi outra causa (o ataque cardíaco). O ataque cardíaco se trata de causa independente da 
conduta do agente (porque por si só produziu o resultado). É absolutamente independente (porque não 
teve origem na conduta do agente, pois tendo ou não efetuado desferido o golpe o resultado ainda assim se 
produziria). É concomitante porque essa outra causa (ataque cardíaco) ocorreu exatamente no momento 
da ação do agente. 
c) Supervenientes 
São causas que atuam após a conduta. Ou seja, que surgem depois da condutadesenvolvida pelo agente. 
Ex: “A” ministra veneno na alimentação de “B”. Antes do veneno produzir efeitos, 
há um desabamento ou incêndio na casa da vítima, que morre exclusivamente por conta dos escombros que 
caíram sobre sua cabeça ou queimada pelo fogo. 
 
Nesse caso, há a conduta do agente (ministrar veneno), mas o que gerou o resultado 
morte foi outra causa (desabamento ou incêndio). O desabamento ou incêndio tratam-se de causas 
independente da conduta do agente (porque por si só produziram o resultado). É absolutamente 
independente (porque não teve origem na conduta do agente, pois tendo ou não ministrado o veneno o 
resultado ainda assim se produziria). É superveniente porque essa outra causa (desabamento ou incêndio) 
ocorreu depois da conduta do agente. 
III) CONSEQUÊNCIAS DAS CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
Quando a causa é absolutamente independente da conduta do sujeito, o problema 
é resolvido pelo caput do art. 13: Há exclusão da causalidade decorrente da conduta. Ou seja, o agente 
responde somente por aquilo que deu causa. 
Nos exemplos, a causa da morte não tem ligação alguma com o comportamento do 
agente. Em face disso, ele não responde pelo resultado morte, mas sim pelos atos praticados antes de sua 
 
 
 
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produção. Isso porque ocorreu quebra do nexo causal. Assim, se o dolo era de matar, o agente responderia 
por tentativa de homicídio. 
CUIDADO: Se o enunciado apontar dolo de lesão corporal, por exemplo, o agente 
responderá por aquilo que deu causa: lesão corporal (leve, grave ou gravíssima). 
 
QUESTÃO 03 – OAB – 2010-02 
Pedro, almejando a morte de José, contra ele efetua disparo de arma de fogo, acertando-o na região toráxica. 
José vem a falecer, entretanto, não em razão do disparo recebido, mas porque, com intenção suicida, havia 
ingerido dose letal de veneno momentos antes de sofrer a agressão, o que foi comprovado durante instrução 
processual. Ainda assim, Pedro foi pronunciado nos termos do previsto no artigo 121, “caput”, do Código 
Penal. 
Na condição de Advogado de Pedro: 
I. Indique o recurso cabível; 
II. O prazo de interposição; 
III. A argumentação visando à melhoria da situação jurídica do defendido. 
Indique, ainda, para todas as respostas, os respectivos dispositivos legais. 
 
2.2) CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES 
I) CONCEITO 
Causas relativamente independentes são aquelas que tiveram origem na conduta do 
agente. Ou seja, essas causas somente surgiram porque o agente desenvolveu uma conduta. 
Como são causas independentes, produzem por si sós o resultado, não se situando 
dentro da linha de desdobramento causal da conduta. Por serem, no entanto, apenas relativamente 
independentes, encontram sua origem na própria conduta praticada pelo agente. 
Aqui não há, de regra, uma quebra do nexo causal, mas uma soma entre as causas, 
que, ao final, conduzem ao resultado lesivo. 
II) ESPÉCIES DE CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES 
a) Preexistentes 
A causa que efetivamente gerou o resultado já existia ao tempo da conduta do 
agente, que concorreu para a sua produção. 
Ex: “A”, com a intenção de matar, desfere um golpe de faca na vítima, que é 
hemofílica e vem a morrer em face da conduta, somada à contribuição de seu peculiar estado fisiológico. No 
caso, o golpe isoladamente seria insuficiente para produzir o resultado fatal, de modo que a hemofilia atuou 
de forma independente, produzindo por si só o resultado. 
 
 
 
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Nesse caso, há a conduta do agente (golpe de faca), mas o que desencadeou 
efetivamente o resultado morte foi outra causa (hemofilia). Essa outra causa é independente da conduta do 
agente (porque por si só produziu o resultado). É relativamente independente (porque teve origem na 
conduta do agente, pois, se não tivesse desferido a facada, essa outra causa não seria desencadeada e o 
resultado não ocorreria). É preexistente porque essa outra causa (hemofilia) já existia ao tempo da ação do 
agente. 
Nesse caso, como há uma soma de causas e não quebra do nexo causal, o agente 
responde pelo resultado pretendido. No caso, homicídio consumado, a menos que não tenha concorrido para 
ele com dolo ou culpa. 
Isso, porque, segundo doutrina majoritária, a imputação do resultado ao agente 
exige que ele tenha conhecimento do estado de saúde do agente (que denota dolo) ou que, pelo menos, que 
lhe fosse previsível (indicativo de culpa). 
Assim, se, por exemplo, o agente não sabia do estado de saúde da vítima ou não 
lhe era previsível, não poderia lhe ser atribuído o resultado morte, responderia, pois, pelo delito de tentativa 
de homicídio (se agiu com a intenção de matar). 
b) Concomitantes 
A causa que efetivamente produziu o resultado surge no exato momento da conduta 
do agente. 
Ex: considera-se o ataque à vítima, por meio de faca, que, no exato momento da 
agressão, sofre ataque cardíaco, vindo a falecer, apurando-se que a soma desses fatores (causas) produziu a 
morte, já que a agressão e o ataque cardíaco, considerados isoladamente, não teriam o condão do produzir o 
resultado morte. 
 
Nesse caso, há a conduta do agente (golpe de faca), mas o que desencadeou 
efetivamente o resultado morte foi outra causa (ataque cardíaco). Essa outra causa é independente da 
conduta do agente (porque por si só produziu o resultado). É relativamente independente (porque teve 
origem na conduta do agente, pois, se não tivesse desferido a facada, essa outra causa não seria 
desencadeada e o resultado não ocorreria). É concomitante porque essa outra causa (ataque cardíaco) já 
existia ao tempo da ação do agente. 
Nesse caso, como há uma soma de causas e não quebra do nexo causal, o agente 
responde pelo resultado pretendido. No caso, homicídio consumado, a menos que não tenha concorrido para 
ele com dolo ou culpa. 
 
 
 
 
 
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c) Supervenientes 
A causa que efetivamente produziu o resultado ocorre depois da conduta praticada 
pelo agente. 
 
Ex. O agente desfere um golpe de faca contra a vítima, com a intenção de matá-la. 
Ferida, a vítima é levada ao hospital e sofre acidente no trajeto, vindo, por esse motivo, a falecer. A causa é 
independente, porque a morte foi provocada pelo acidente e não pela facada, mas essa independência é 
relativa, já que, se não fosse o ataque, a vítima não estaria na ambulância acidentada e não morreria. Tendo 
atuado posteriormente à conduta, denomina-se causa superveniente. 
 
Nesse caso, há a conduta do agente (golpe de faca), mas o que desencadeou 
efetivamente o resultado morte foi outra causa (traumatismo decorrente do acidente). Essa outra causa é 
independente da conduta do agente (porque por si só produziu o resultado). É relativamente independente 
(porque teve origem na conduta do agente, pois, se não tivesse desferido a facada, a vítima não estaria na 
ambulância e, portanto, não teria falecido por conta do acidente). É superveniente porque essa outra causa 
(traumatismo pelo acidente) surgiu depois da conduta do agente. 
Na hipótese das causas supervenientes, embora exista nexo físico-naturalístico, 
a lei, por expressa disposição do art. 13, § 1º, CP, que excepcionou a regra geral, exclui a imputação do 
resultado ao agente, devendo, no entanto, responder pelo atos anteriormente efetivamente praticados. 
Assim, o agente não responde pelo resultado ocorrido, mas somente pelos atos 
anteriores, que, no caso, foi tentativa de homicídio. 
CUIDADO: Se o enunciado apontar dolo de lesão corporal, por exemplo, o agente 
responderá pelos atos anteriorespraticados, no caso, lesão corporal (leve, grave ou gravíssima). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO 1 – XXI EXAME 
Paulo e Júlio, colegas de faculdade, comemoravam juntos, na cidade de São Gonçalo, o título obtido pelo 
clube de futebol para o qual o primeiro torce. Não obstante o clima de confraternização, em determinado 
momento, surgiu um entrevero entre eles, tendo Júlio desferido um tapa no rosto de Paulo. Apesar da pouca 
intensidade do golpe, Paulo vem a falecer no hospital da cidade, tendo a perícia constatado que a morte 
decorreu de uma fatalidade, porquanto, sem que fosse do conhecimento de qualquer pessoa, Paulo tinha uma 
lesão pretérita em uma artéria, que foi violada com aquele tapa desferido por Júlio e causou sua morte. O 
órgão do Ministério Público, em atuação exclusivamente perante o Tribunal do Júri da Comarca de São 
Gonçalo, denunciou Júlio pelo crime de lesão corporal seguida de morte (Art. 129, § 3º, do CP). Considerando 
a situação narrada e não havendo dúvidas em relação à questão fática, responda, na condição de advogado(a) 
de Júlio: 
A) É competente o juízo perante o qual Júlio foi denunciado? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Qual tese de direito material poderia ser alegada em favor de Júlio? Justifique. (Valor: 0.60) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
Durante uma grave discussão, ocorrida no serviço, Licurgo Moicano agrediu Coitinho Lelo com uma paulada 
na cabeça, com a intenção de matá-lo. Atendido com rapidez, Coitinho Lelo foi colocado dentro de uma 
ambulância que rumou para o Pronto Socorro Municipal. No trajeto, a ambulância capotou, vindo Coitinho Lelo 
a falecer em razão do acidente. Diante do fato e à luz do ordenamento jurídico penal, responda se Licurgo 
Moicano deve ser responsabilizado penalmente? Em caso afirmativo, indique qual o crime, empregando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
 
 
 
 
 
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 DO CRIME DOLOSO E CULPOSO 
 
 
3.1) DO CRIME DOLOSO – Art. 18, I, CP 
I) DOLO DIRETO 
No dolo direto o agente quer o resultado e desenvolve uma conduta voltada a 
produção desse resultado. Aplica-se aqui a teoria da vontade. 
Ex: o agente desfere golpes de faca na vítima com intenção de matá-la. O dolo se 
projeta de forma direta no resultado morte. 
 
II) DOLO EVENTUAL 
Ocorre o dolo eventual quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado, isto 
é, admite e aceita o risco de produzi-lo. 
Há a previsão do resultado, mas, ao invés de não seguir adiante no seu intento, o 
agente desenvolve uma conduta assumindo o risco de produzi-lo. Percebe que é possível causar o resultado 
e, não obstante, realiza o comportamento. Entre desistir da conduta e causar o resultado, prefere que este se 
produza. 
Sobre o dolo eventual, o Código Penal adota a teoria positiva do consentimento, 
segundo a qual o sujeito não leva em conta em conta a possibilidade do evento previsto, agindo e assumindo 
o risco de sua produção. 
3.2) DO CRIME CULPOSO – Art. 18, II, CP 
I) CONCEITO 
Extrai-se do artigo 18, inciso II, do Código Penal, que, no crime culposo, o agente 
desenvolve uma conduta voluntária, produzindo, no entanto, um resultado involuntário (não querido ou aceito 
pelo agente), mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou excepcionalmente previsto (culpa consciente) 
e poderia ser evitado se empregasse a cautela necessária. 
Via de regra, os tipos penais culposos não descrevem a conduta, limitando-se a 
apontar que determinado delito é culposo. Trata-se de um tipo penal aberto, sendo, por isso, necessário 
empregar um juízo de valor acerca da conduta do agente. Ex: homicídio culposo, previsto no artigo 121, § 3º, 
CP. 
Nesse sentido, se determinado delito não prevê a modalidade culposa, o fato 
praticado será atípico. Ex: O crime de dano (art. 163 do Código Penal) não prevê a modalidade culposa. Logo, 
causar, por negligência ou imprudência, dano a patrimônio alheio constitui fato atípico. 
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Nos crimes culposos incide a denominada previsibilidade objetiva, ou seja, a 
possibilidade de uma pessoa dotada de prudência e cautela exigida a todos prever que poderá gerar um 
resultado. Em outras palavras, exige-se a diligência necessária objetiva quando o resultado produzido era 
previsível para um homem comum, nas circunstâncias em que o sujeito realizou a conduta. O 
cuidado necessário deve ser objetivamente previsível. É típica a conduta que deixou de observar 
o cuidado necessário objetivamente previsível. 
De outro lado, se o resultado não era previsível sob a ótica de uma pessoa com 
discernimento, que não teria condições de antever que da sua conduta poderia resultar um delito, o fato será 
atípico. 
QUESTÃO 1 – XIX EXAME 
João estava dirigindo seu automóvel a uma velocidade de 100 km/h em uma rodovia em que o limite máximo 
de velocidade é de 80 km/h. Nesse momento, foi surpreendido por uma bicicleta que atravessou a rodovia de 
maneira inesperada, vindo a atropelar Juan, condutor dessa bicicleta, que faleceu no local em virtude do 
acidente. Diante disso, João foi denunciado pela prática do crime previsto no Art. 302 da Lei nº 9.503/97. As 
perícias realizadas no cadáver da vítima, no automóvel de João, bem como no local do fato, indicaram que 
João estava acima da velocidade permitida, mas que, ainda que a velocidade do veículo do acusado fosse de 
80 km/h, não seria possível evitar o acidente e Juan teria falecido. Diante da prova pericial constatando a 
violação do dever objetivo de cuidado pela velocidade acima da permitida, João foi condenado à pena de 
detenção no patamar mínimo previsto no dispositivo legal. Considerando apenas os fatos narrados no 
enunciado, responda aos itens a seguir. 
A) Qual o recurso cabível da decisão do magistrado, indicando seu prazo e fundamento legal? (Valor: 0,60) 
B) Qual a principal tese jurídica de direito material a ser alegada nas razões recursais? (Valor: 0,65) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere 
pontuação. 
 
II) MODALIDADES DE CULPA 
a) Imprudência 
É a prática de um fato perigoso. 
Ex. dirigir em alta velocidade em via movimentada. 
b) Negligência 
É a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado. 
Ex. deixar arma de fogo ao alcance de uma criança. 
 
c) Imperícia 
É a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. Consiste na incapacidade 
ou falta de conhecimento necessário para o exercício de determinado mister. 
 
 
 
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Ex. médico que deixa de tomar as cautelas devidas de assepsia em uma sala de 
cirurgia, demonstrando sua nítida inaptidão para o exercício profissional, situação que provoca a morte do 
paciente. 
III) CULPA CONSCIENTE 
Na culpa consciente o resultado é previsto pelo sujeito, que espera levianamente 
que não ocorra ou que possa evitá-lo, confiando na sua atuação para impedir o resultado. É a chamada culpa 
com previsão. 
QUESTÃO 4 - 2010-03 
Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava seu automóvel 
tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal começa a discutir 
asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao automóvel. Muito assustada, 
Madalena pede insistentemente para Caio reduzira marcha do veículo, pois àquela velocidade não seria 
possível controlar o automóvel. Caio, entretanto, respondeu aos pedidos dizendo ser perito em direção e 
refutando qualquer possibilidade de perder o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um buraco e, em 
razão da velocidade empreendida, acaba se desgovernando, vindo a atropelar três pessoas que estavam na 
calçada, vitimando-as fatalmente. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de velocidade, e ouvidos 
Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, Caio foi denunciado pelo 
Ministério Público pela prática do crime de homicídio na modalidade de dolo eventual, três vezes em concurso 
formal. Recebida a denúncia pelo magistrado da vara criminal vinculada ao Tribunal do Júri da localidade e 
colhida a prova, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Caio, nos exatos termos da inicial. Na qualidade 
de advogado de Caio, chamado aos debates orais, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos 
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Qual(is) argumento(s) poderia(m) ser deduzidos em favor de seu constituinte? (Valor: 0,4) 
b) Qual pedido deveria ser realizado? (Valor: 0,3) 
c) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de interposição deveria 
ser dirigida? (Valor: 0,3) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 DA CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
4.1) DA CONSUMAÇÃO – Art. 14, I, CP 
I) CONCEITO 
Determina o artigo 14, I, do CP que o crime se diz consumado “quando nele se 
reúnem todos os elementos de sua definição legal”. 
É o tipo penal integralmente realizado, ou seja, quando o fato praticado pelo agente 
se enquadra no tipo abstrato. 
II) ITER CRIMINIS 
Há um caminho que o crime percorre, desde o momento em que é idealizado, 
quando surge na mente do agente, até aquele em que se consuma no ato final. A esse itinerário que o crime 
percorre, desde o momento da concepção até aquele em ocorre a consumação, chama-se iter criminis. 
Portanto, o Iter criminis é o conjunto de fases pelas quais passa o delito. É o caminho 
do crime. Compõe-se das seguintes etapas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Cogitação 
Aqui o agente delibera mentalmente a prática do delito. 
A cogitação, via de regra, não constitui fato punível. 
b) Atos preparatórios 
O passo seguinte é a preparação da ação delituosa que se constitui dos chamados 
atos preparatórios, que são externos ao agente, que passa da cogitação à ação objetiva. É a fase da 
exteriorização da ideia do crime, através de atos, que começam a materializar a perseguição ao alvo idealizado. 
04
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a) COGITAÇÃO 
b) ATOS PREPARATÓRIOS 
c) EXECUÇÃO 
d) CONSUMAÇÃO 
 
 
 
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Ex: a aquisição de arma para a prática de um homicídio ou a de uma chave falsa 
para o delito de furto; e o estudo do local onde se quer praticar o roubo. 
 
Os atos preparatórios também não são puníveis, salvo quando o legislador os define 
como atos executórios de outro delito autônomo. Nesses casos, o sujeito pratica crime não porque realizou 
atos preparatórios do crime que pretendia cometer no futuro, mas sim porque praticou atos executórios de 
outro delito. 
Ex. aquele que, desejando cometer uma falsidade, fabrica aparelho próprio para 
isso, responde pelo crime do art. 291 (petrechos para falsificação de moeda). É punido não porque realizou 
ato preparatório (a fabricação do instrumento) da falsidade futura, mas porque realizou a conduta descrita no 
dispositivo citado. 
 
c) Execução 
Dos atos preparatórios passa-se, naturalmente, aos atos executórios. Atos de 
execução são os dirigidos diretamente à prática do crime. 
É a fase da realização da conduta designada pelo núcleo da figura típica, constituída, 
como regra, de atos idôneos para chegar ao resultado, mas também daqueles que representarem atos 
imediatamente anteriores a estes, desde que se tenha certeza do plano concreto do autor. 
Ex. comprar um revólver para matar a vítima é apenas a preparação do crime de 
homicídio. Agora, desferir o primeiro tiro em direção à vítima já constitui ato executório, já que o agente 
revelou conduta idônea em busca da consumação do delito. 
 
d) Consumação 
É o momento de conclusão do delito, reunindo todos os elementos do tipo penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4.2) DA TENTATIVA – Art. 14, II, CP 
I) CONCEITO 
TENTATIVA é a execução iniciada de um crime, que não se consuma por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. 
II) ELEMENTOS DA TENTATIVA 
A tentativa é a figura truncada de um crime. Deve possuir o que caracteriza o crime, 
menos a consumação. 
São elementos da tentativa: 
 
 
 
 
 
 
 
a) Início da execução do crime 
O início da execução é invariavelmente constituído de atos que principiem a 
concretização do tipo penal. 
Exige-se a existência de uma ação que penetre na fase executória do crime. Uma 
atividade que se dirija no sentido da realização de um tipo penal. 
A tentativa somente é punível a partir do momento em que a ação ingresse na fase 
de execução. Só então se pode precisar a direção do atuar voluntário do agente no sentido de determinado 
tipo penal. 
b) Não consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente 
Iniciada a execução de um crime, o agente não consegue alcançar a consumação 
por circunstâncias alheias à sua vontade. Ou seja, o agente desenvolve conduta voltada a produção de 
determinado resultado, mas não consegue alcançá-lo. Ou seja, o agente quer o resultado, mas não consegue. 
Ex: Desferir disparo contra a vítima, com a intenção de matar, que é submetida a 
uma intervenção cirúrgica exitosa e sobrevive. Trata-se de tentativa de homicídio. 
Agente ingressa numa residência para subtrair objetos, mas soa o alarme e, por 
conta disso, empreende fuga. Trata-se de tentativa de furto. 
a) Início da execução do crime 
b) não-consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
 
 
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III) PUNIBILIDADE DA TENTATIVA 
Nos termos do artigo 14, parágrafo único, do Código Penal, a tentativa nada mais é 
do que uma causa de redução da pena, em que se considera a pena do crime consumada e diminui-se em 
1/3 a 2/3. 
Quanto mais próximo o agente chegar à consumação, menor deverá ser a redução; 
quanto mais distante o agente chegar à consumação, maior deverá ser a redução. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ – Art. 15 
 
5.1) CONCEITO 
A desistência voluntária consiste numa abstenção de atividade: o sujeito cessa 
o seu comportamento delituoso. 
Ex: ladrão, dentro da residência da vítima e prestes a subtrair-lhe valores, desiste 
de consumar o furto e se retira. 
 
O arrependimento eficaz ocorre entre o término dos atos executórios e a 
consumação. 
O agente, nesse caso, já fez tudo o que podia para atingir o resultado, mas 
resolve interferir para evitar a sua consumação. 
Assim, o arrependimento eficaz verifica-se quando o agente ultimou a fase executiva 
do delito e, desejando evitar o resultado, atua para impedi-lo. 
Ex: seestava tentando matar “A”, esgota toda sua potencialidade lesiva e depois 
leva a vítima ao hospital, que, submetida a uma intervenção cirúrgica, acaba sobrevivendo, responderá 
unicamente pelas lesões corporais causadas. 
 
5.2) CONSEQUÊNCIA 
Diz a última parte do artigo 15 que, não obstante a desistência voluntária e o 
arrependimento eficaz, o agente responde pelos atos já praticados. Desta forma, retiram a tipicidade 
dos atos somente com referência ao crime cuja execução o agente iniciou. 
Assim, se o ladrão, dentro da casa da vítima, desiste de consumar o furto, responde 
por violação de domicílio (art. 150 CP). Se desiste de consumar o homicídio, responde por lesão corporal (art. 
129 CP) se antes ferira a vítima. 
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz excluem a tipicidade da tentativa. 
Assim, nesses casos jamais o agente responderá pelo crime tentado, mas somente pelos atos 
até então praticados, se constituírem fato típico. 
 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz: não consumação do delito por força 
de conduta voluntária. 
 
Tentativa: não consumação do delito por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Logo, são institutos incompatíveis. 
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INÍCIO EXECUÇÃO DO CRIME 
TENTATIVA 
NÃO CONSUMAÇÃO POR CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS À 
VONTADE 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA 
E 
ARREPENDIMENTO EFICAZ 
INÍCIO EXECUÇÃO DO CRIME 
NÃO CONSUMAÇÃO POR 
VONTADE PRÓPRIA 
RESPONDE PELOS ATOS 
PRATICADOS 
JAMAIS POR TENTATIVA!! 
 
 
 
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QUESTÃO 3 – XX EXAME 
Andy, jovem de 25 anos, possui uma condenação definitiva pela prática de contravenção penal. Em momento 
posterior, resolve praticar um crime de estelionato e, para tanto, decide que irá até o portão da residência de 
Josefa e, aí, solicitará a entrega de um computador, afirmando que tal requerimento era fruto de um pedido 
do próprio filho de Josefa, pois tinha conhecimento que este trabalhava no setor de informática de determinada 
sociedade. Ao chegar ao portão da casa, afirma para Josefa que fora à sua residência buscar o computador 
da casa a pedido do filho dela, com quem trabalhava. Josefa pede para o marido entregar o computador a 
Andy, que ficara aguardando no portão. Quando o marido de Josefa aparece com o aparelho, Andy se 
surpreende, pois ele lembrava seu falecido pai. Em razão disso, apesar de já ter empregado a fraude, vai 
embora sem levar o bem. O Ministério Público ofereceu denúncia pela prática de tentativa de estelionato, 
sendo Andy condenado nos termos da denúncia. Como advogado de Andy, com base apenas nas informações 
narradas, responda aos itens a seguir. 
A) Qual tese jurídica de direito material deve ser alegada, em sede de recurso de apelação, para evitar a 
punição de Andy? Justifique. (Valor: 0,65) 
B) Há vedação legal expressa à concessão do benefício da suspensão condicional do processo a Andy? 
Justifique. (Valor: 0,60) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. 
A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 
 
QUESTÃO 2 - IX EXAME 
Wilson, extremamente embriagado, discute com seu amigo Junior na calçada de um bar já vazio pelo avançado 
da hora. A discussão torna-se acalorada e, com intenção de matar, Wilson desfere quinze facadas em Junior, 
todas na altura do abdômen. Todavia, ao ver o amigo gritando de dor e esvaindo-se em sangue, Wilson, 
desesperado, pega um taxi para levar Junior ao hospital. Lá chegando, o socorro é eficiente e Junior consegue 
recuperar-se das graves lesões sofridas. 
Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda, fundamentadamente, aos itens 
a seguir. 
A) É cabível responsabilizar Wilson por tentativa de homicídio? (Valor: 0,65) 
B) Caso Junior, mesmo tendo sido socorrido, não se recuperasse das lesões e viesse a falecer no dia seguinte 
aos fatos, qual seria a responsabilidade jurídico-penal de Wilson? (Valor: 0,60) 
 
 
Questão 03 - XII EXAME 
Félix, objetivando matar Paola, tenta desferir-lhe diversas facadas, sem, no entanto, acertar nenhuma. Ainda 
na tentativa de atingir a vítima, que continua a esquivar-se dos golpes, Félix, aproveitando-se do fato de que 
conseguiu segurar Paola pela manga da camisa, empunha a arma. No momento, então, que Félix movimenta 
seu braço para dar o golpe derradeiro, já quase atingindo o corpo da vítima com a faca, ele opta por não 
continuar e, em seguida, solta Paola, que sai correndo sem ter sofrido sequer um arranhão, apesar do susto. 
Nesse sentido, com base apenas nos dados fornecidos, poderá Félix ser responsabilizado por tentativa de 
homicídio? Justifique. (Valor: 1,25) 
A resposta que contenha apenas as expressões “sim” ou “não” não será pontuada, bem como a mera indicação 
de artigo legal ou a resposta que apresente teses contraditórias. 
 
 
 
 
 
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ARREPENDIMENTO POSTERIOR – Art. 16 CP 
 
I) CONCEITO 
Trata-se de causa obrigatória de diminuição da pena que incide quando o agente, 
responsável pelo crime praticado sem violência ou grave à pessoa, repara o dano provocado ou restitui a 
coisa, desde que por ato voluntário do agente, até o recebimento da denúncia ou da queixa. 
Difere do arrependimento eficaz, porque o arrependimento é manifestado após a 
consumação do delito até o recebimento da denúncia. Por isso, chama-se arrependimento posterior. 
II) REQUISITOS 
a) Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa 
A lei se refere à violência dolosa. Logo, cabe arrependimento posterior quando se 
tratar de violência culposa, como, por exemplo, homicídio culposo. 
b) Reparação do dano ou restituição da coisa 
A reparação do dano ou restituição da coisa deve ser voluntária, pessoal e integral. 
A reparação do dano ou restituição da coisa deve ser realizada de modo voluntário. 
Não é necessário que seja espontâneo. Logo, pode ser por meio de conselho ou sugestão de terceiro, uma 
vez que o ato, embora não espontâneo, foi voluntário (aceitou o conselho ou sugestão porque quis). 
A reparação do dano ou restituição da coisa deve ser sempre integral, podendo, no 
entanto, ser parcial mediante concordância da vítima. 
A recusa do ofendido em aceitar a reparação do dano ou restituição da coisa não 
impede a redução da pena pelo arrependimento posterior. 
c) Até o recebimento da denúncia ou queixa 
A reparação do dano ou restituição da coisa deve ser realizada até o recebimento 
da denúncia ou queixa. Trata-se de um limite temporal. 
Se a reparação do dano ou restituição da coisa ocorrer depois do recebimento da 
denúncia, incide a atenuante genérica prevista no artigo 65, inciso III, “b”, do Código Penal. 
III) Critério para redução da pena 
O arrependimento posterior constitui causa de diminuição da pena, devendo ser 
observado o patamar de um a dois terços. 
O juiz, para definir o quantum da redução, deve considerar a celeridade da reparação 
do dano ou restituição da coisa, bem como o grau de voluntariedade do agente. Quanto mais célere e sincera 
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a reparação do dano ou restituição da coisa, maior será a redução da pena; quanto mais distante do fato a 
reparação do dano ou restituição da coisa e menos sincera, menor será a redução da pena. 
IV) Reparação do dano ou restituição da coisa em situações específicas 
a) Peculato culposo 
Nos termos do artigo312, § 3º, do Código Penal, no caso do peculato culposo, se 
anterior à sentença transitada em julgado, a reparação é causa de extinção da punibilidade; se a reparação 
do dano for posterior à sentença irrecorrível, incide causa de diminuição da pena até metade da pena imposta. 
Se o peculato for doloso, a reparação antes do recebimento da denúncia enseja a 
incidência do arrependimento posterior, tendo como consequência a diminuição da pena de 1/3 a 2/3, nos 
termos do artigo 16 do Código Penal. Se a reparação do dano ocorrer após o recebimento da denúncia, incide 
a atenuante genérica do artigo 65, inciso III, “b”, do Código Penal. 
b) Estelionato mediante emissão de cheque sem fundos 
No caso da emissão de cheque sem suficiente provisão de fundos, a reparação do 
dano até o recebimento da denúncia impede o prosseguimento da ação penal, adotando-se uma interpretação 
a contrario sensu da Súmula 554 do Supremo Tribunal Federal. 
Nesse caso, segundo a doutrina, haveria uma causa supralegal de extinção da 
punibilidade, porque o delito de estelionato exige como pressuposto necessário à sua consumação o efetivo 
prejuízo da vítima. 
c) Pagamento integral do débito tributário 
Nos termos do artigo 69 da Lei 11.941/2009; art. 83, § 4º, da Lei 9430/96; art. 9º, 
§ 2º, da Lei 10.684/2003, extingue-se a punibilidade dos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, 
de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A, do Código Penal, quando há o pagamento integral 
dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de 
concessão de parcelamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CRIME IMPOSSÍVEL – Art. 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7.1) CONCEITO 
É a tentativa não punível, porque o agente se vale de meios absolutamente 
ineficazes ou volta-se contra objetos absolutamente impróprios, tornando impossível a consumação do crime. 
É uma causa de exclusão da tipicidade. 
 
 
7.2) DELITO IMPOSSÍVEL POR INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO 
Ocorre quando o meio empregado pelo agente, pela sua própria natureza, é 
absolutamente incapaz de produzir o resultado. 
Ex. o agente querendo matar a vítima mediante veneno, ministra açúcar na 
alimentação, supondo ser arsênico. 
 
Ex. pretender atirar na vítima com arma defeituosa. 
Obs: a ineficácia do meio, quando relativa, leva à tentativa e não ao crime 
impossível. 
Há ineficácia relativa do meio quando, não obstante eficaz à produção do resultado, 
este não ocorre por circunstâncias acidentais. É o caso do agente que pretende desfechar um tiro de revólver 
contra a vítima, mas a arma nega fogo. 
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71
CRIME IMPOSSÍVEL 
Ineficácia Absoluta do 
Meio 
 
Impropriedade 
Absoluta do 
Objeto 
 
FATO ATÍPICO 
NÃO CONSTITUI CRIME 
 
 
 
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Ex: uma porção de açúcar é ineficaz para matar uma pessoa normal, mas apta a 
eliminar um diabético. 
7.3) DELITO IMPOSSÍVEL POR IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO MATERIAL 
Ocorre quando inexiste o objeto material sobre o qual deveria recair a conduta, 
ou quando, pela sua situação ou condição, torna impossível a produção do resultado visado pelo agente. 
A pessoa ou a coisa sobre que recai a conduta é absolutamente inidônea para a 
produção de algum resultado lesivo. 
Ex: “A”, pensando que seu desafeto está a dormir, desfere punhaladas, vindo a 
provar-se que já estava morto ao tempo da ação. 
Obs: a impropriedade não pode ser relativa, pois nesse caso haverá tentativa. 
Há impropriedade relativa do objeto quando: 
a) uma condição acidental do próprio objeto material neutraliza a eficiência do meio 
usado pelo agente; 
Ex: a cigarreira da vítima desvia o projétil 
b) presente o objeto na fase inicial da conduta, vem a ausentar-se no instante do 
ataque: 
Ex: o agente dispara tiros de revólver no leito da vítima, que dele saíra segundos 
antes. 
 
QUESTÃO 3 – IX EXAME 
Mário está sendo processado por tentativa de homicídio uma vez que injetou substância venenosa em Luciano, 
com o objetivo de matá-lo. No curso do processo, uma amostra da referida substância foi recolhida para 
análise e enviada ao Instituto de Criminalística, ficando comprovado que, pelas condições de armazenamento 
e acondicionamento, a substância não fora hábil para produzir os efeitos a que estava destinada. Mesmo 
assim, arguindo que o magistrado não estava adstrito ao laudo, o Ministério Público pugnou pela pronúncia 
de Mário nos exatos termos da denúncia. 
Com base apenas nos fatos apresentados, responda justificadamente. 
A) O magistrado deveria pronunciar Mário, impronunciá-lo ou absolvê-lo sumariamente? (Valor: 0,65) 
B) Caso Mário fosse pronunciado, qual seria o recurso cabível, o prazo de interposição e a quem deveria ser 
endereçado? (Valor: 0,60) 
 
 
 
 
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 ERRO DE TIPO – Art. 20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
08
13
Aberratio Criminis 
 
Exclusão FATO 
ATÍPICO 
 
DOLO 
 
ERRO DE 
TIPO 
Acidental 
 
Essencial 
 
art. 74, CP 
CULPA 
 
Erro do Objeto 
 
Erro Sobre Pessoa 
 
Aberratio Ictus 
 
art.20, § 3°, CP 
art. 73 CP 
Vencível 
 
Invencível 
 
EXCLUSÃO DO DOLO 
 
RESPONDE POR 
CULPA, SE TIVER 
PREVISÃO LEGAL 
 
 
 
 
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8.1) CONCEITO 
A figura típica (ou tipo legal) é composta de elementos específicos ou elementares. 
Em outras palavras, os “elementos constitutivos do tipo” tratam de cada componente que constitui o modelo 
legal de conduta proibida. 
Ex: No crime de homicídio temos os seguintes elementos: matar + alguém. O erro 
sobre qualquer desses elementos pode levar ao erro de tipo. 
O erro de tipo pode recair sobre uma circunstância qualificadora. 
Ex: No crime de lesão corporal seguida de aborto, o sujeito não responde por este 
crime se desconhecia o estado de gravidez da vítima. É que neste caso ele supõe inexistente uma circunstância 
do crime (o estado de gravidez da vítima), subsistindo o tipo fundamental doloso (lesão corporal leve). 
O erro de tipo sempre exclui o dolo, seja invencível ou vencível, podendo, no 
entanto, dependendo do caso concreto, levar à punição por crime culposo, se previsto em lei. 
8.2) ERRO DE TIPO ESSENCIAL 
É o erro que incide sobre as elementares e circunstâncias do tipo. 
Daí no nome erro essencial: incide sobre situação de tal importância para o tipo que, 
se o erro não existisse, o agente não teria cometido o crime, ou, pelo menos, não naquelas circunstâncias. 
Portanto, há erro de tipo essencial quando a falsa percepção da realidade impede o 
sujeito de compreender a natureza criminosa do fato. 
O erro de tipo essencial se subdivide em: INVENCÍVEL OU VENCÍVEL. 
 
A) INVENCÍVEL (OU ESCUSÁVEL) 
Ocorre quando não pode ser evitado pela normal diligência. Qualquer pessoa, 
empregando a diligência ordinária exigida pelo ordenamento jurídico, nas condições em que se viu o sujeito, 
incidiria em erro. 
Ex. o agente se embrenha em mata virgem e fechada, distante de qualquer centro 
urbano, com a intenção de caçar capivara. Pelas tantas, vislumbra um vulto se movimentando pela intensa 
vegetação. Supondo ser um animal, efetua um disparo. Atinge o alvo e constata, para sua surpresa, que 
abateu não um animal, mas um ser humano que, por coincidência, também caçava por ali.DIREITO PENAL 
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O erro de tipo essencial invencível exclui o dolo e a culpa, pois o sujeito não 
age dolosa ou culposamente. 
 
B) ERRO VENCÍVEL (OU INESCUSÁVEL) 
 
Ocorre quando pode ser evitado pela diligência ordinária, resultando de imprudência 
ou negligência. Qualquer pessoa, empregando a prudência normal exigida pela ordem jurídica, não cometeria 
o erro em que incidiu o sujeito. 
É o erro evitável, indesculpável ou inescusável (cuidado: vencível = inescusável): 
poderia ter sido evitado se o agente empregasse mediana prudência. 
 
Ex. Suponha-se que o agente vá caçar em mata próxima a zona urbana, onde 
costumam passar pessoas, e efetua um disparo de arma de fogo contra um vulto pensando ser um animal, 
atingindo, na verdade, uma pessoa que passava pelo local, matando-a. No caso, não obstante ter se verificado 
o erro de tipo, o erro, pelas circunstâncias, não era plenamente justificável, porquanto o agente agiu com 
imprudência, sem o devido cuidado objetivo, devendo responder por homicídio culposo. 
 
 
O erro de tipo essencial vencível exclui o dolo, mas não a culpa, desde que 
previsto em lei o crime culposo. 
 
QUESTÃO 02 - VII EXAME OAB 
Larissa, senhora aposentada de 60 anos, estava na rodoviária de sua cidade quando foi abordada por um 
jovem simpático e bem vestido. O jovem pediu-lhe que levasse para a cidade de destino, uma caixa de 
medicamentos para um primo, que padecia de grave enfermidade. Inocente, e seguindo seus preceitos 
religiosos, a Sra. Larissa atende ao rapaz: pega a caixa, entra no ônibus e segue viagem. Chegando ao local 
da entrega, a senhora é abordada por policiais que, ao abrirem a caixa de remédios, verificam a existência de 
250 gramas de cocaína em seu interior. Atualmente, Larissa está sendo processada pelo crime de tráfico de 
entorpecente, previsto no art. 33 da lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006. 
Considerando a situação acima descrita e empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente, responda: qual a tese defensiva aplicável à Larissa? (valor: 1,25) 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÃO 1 - V EXAME 
Antônio, pai de um jovem hipossuficiente preso em flagrante delito, recebe de um serventuário do Poder 
Judiciário Estadual a informação de que Jorge, defensor público criminal com atribuição para representar o 
seu filho, solicitara a quantia de dois mil reais para defendê-lo adequadamente. Indignado, Antônio, sem 
averiguar a fundo a informação, mas confiando na palavra do serventuário, escreve um texto reproduzindo a 
acusação e o entrega ao juiz titular da vara criminal em que Jorge funciona como defensor público. Ao tomar 
conhecimento do ocorrido, Jorge apresenta uma gravação em vídeo da entrevista que fizera com o filho de 
Antônio, na qual fica evidenciado que jamais solicitara qualquer quantia para defendê-lo, e representa 
criminalmente pelo fato. O Ministério Público oferece denúncia perante o Juizado Especial Criminal, atribuindo 
a Antônio o cometimento do crime de calúnia, praticado contra funcionário público em razão de suas funções, 
nada mencionando acerca dos benefícios previstos na Lei 9.099/95. Designada Audiência de Instrução e 
Julgamento, recebida a denúncia, ouvidas as testemunhas, interrogado o réu e apresentadas as alegações 
orais pelo Ministério Público, na qual pugnou pela condenação na forma da inicial, o magistrado concede a 
palavra a Vossa Senhoria para apresentar alegações finais orais. 
Em relação à situação acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados 
e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) O Juizado Especial Criminal é competente para apreciar o fato em tela? (Valor: 0,30) 
b) Antônio faz jus a algum benefício da Lei 9.099/95? Em caso afirmativo, qual(is)? (Valor: 0,30) 
c) Antônio praticou crime? Em caso afirmativo, qual? Em caso negativo, por que razão? (Valor: 0,65) 
 
QUESTÃO 4 - VI EXAME OAB 
Carlos Alberto, jovem recém-formado em Economia, foi contratado em janeiro de 2009 pela ABC Investimentos 
S.A., pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a captação de recursos financeiros 
de terceiros para aplicar no mercado de valores mobiliários, com a função de assistente direto do presidente 
da companhia, Augusto César. No primeiro mês de trabalho, Carlos Alberto foi informado de que sua função 
principal seria elaborar relatórios e portfólios da companhia a serem endereçados aos acionistas com o fim de 
informá-los acerca da situação financeira da ABC. Para tanto, Carlos Alberto baseava-se, exclusivamente, nos 
dados financeiros a ele fornecidos pelo presidente Augusto César. Em agosto de 2010, foi apurado, em 
auditoria contábil realizada nas finanças da ABC, que as informações mensalmente enviadas por Carlos Alberto 
aos acionistas da companhia eram falsas, haja vista que os relatórios alteravam a realidade sobre as finanças 
da companhia, sonegando informações capazes de revelar que a ABC estava em situação financeira 
periclitante. 
Considerando-se a situação acima descrita, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos 
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) É possível identificar qualquer responsabilidade penal de Augusto César? Se sim, qual(is) seria(m) a(s) 
conduta(s) típica(s) a ele atribuída(s)? (Valor 0,45) 
b) Caso Carlos Alberto fosse denunciado por qualquer crime praticado no exercício das suas funções enquanto 
assistente da presidência da ABC, que argumentos a defesa poderia apresentar para o caso? (Valor: 0,8) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 DESCRIMINANTES PUTATIVAS – Art. 20, § 1º 
 
9.1) CONCEITO 
É a causa excludente da ilicitude erroneamente imaginada pelo agente. Ela não 
existe na realidade, mas o sujeito pensa que sim, porque está errado. Só existe, portanto, na mente, na 
imaginação do agente. Por essa razão, é também conhecida como descriminante imaginária ou erroneamente 
suposta. 
Logo, é possível que o sujeito, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias 
do caso concreto, suponha encontrar-se em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do 
dever legal ou em exercício regular do direito. Quando isso ocorre, aplica-se o disposto no art. 20, § 1º, 1ª 
parte. 
9.2) ESPÉCIES 
A) DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE TIPO 
É um erro de tipo essencial incidente sobre elementares de um tipo permissivo. Os 
tipos permissivos são aqueles que permitem a realização de condutas inicialmente proibidas. Compreendem 
os que descrevem as causas de exclusão da ilicitude. São espécies de tipo permissivo: 
 
 
 
 
 
 
 
Ocorrerá um erro de tipo permissivo quando o agente, erroneamente, imaginar uma 
situação de fato totalmente diversa da realidade, em que estão presentes os requisitos de uma causa de 
justificação. 
Assim, por exemplo, se o agente praticar uma conduta supondo estar diante de uma 
agressão injusta, mas, que na verdade, não existe. Trata-se de legítima defesa putativa. 
O agente pratica uma conduta supondo estar numa situação de perigo, que, na 
verdade, não existe. Trata-se de estado de necessidade putativo. 
Os efeitos são os mesmos do erro de tipo, já que a descriminante putativa por erro 
de tipo não é outra coisa senão erro de tipo essencial incidente sobre tipo permissivo. 
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a) LEGÍTIMA DEFESA 
b) ESTADO DE NECESSIDADE 
c) EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO 
d) ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL 
 
 
 
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