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Direito Penal Anotações do art 32 ao 52

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Título V 
Das Penas 
 
Capítulo I 
Das Espécies de Pena 
 
Art. 32. As penas são: 
I – privativas de liberdade; 
II – restritivas de direitos; 
III – de multa. 
 
Tema — A pena, a teor do que dispõe o artigo 1º da Lei nº 7.210/84 e para 
boa parte dos doutrinadores, representa u’a medida de caráter preventivo, 
reparador e sócio-educativo, visando a perfeita reintegração do infrator ao 
convívio da Sociedade.
1
 No dizer do insigne Mestre Aníbal Bruno, tal medida 
teria como fim “a defesa social pela proteção de bens jurídicos 
considerados essenciais à manutenção da convivência. É este o fim mesmo do 
Direito Penal, e o instrumento de que ele se vale para atingi-lo é a pena" 
O fenômeno da pena é explicado e justificado diferentemente pelos 
estudiosos do Direito Criminal, em função da ideologia de que se encontram 
imbuídos e, conseqüentemente, de como vêm o delito. Assim, como bem explica 
o Professor Antonio Garcia-Pablos de Molina, para a Criminologia clássica, 
onde o ilícito é tido como enfrentamento formal, simbólico e direto entre o 
Estado e o infrator, o castigo praticamente esgota a resposta ao fato 
delitivo e servindo como meio de dissuasão. Já para a Criminologia moderna, 
ressocializar o delinqüente, reparar o dano e prevenir o crime são 
objetivos de primeira magnitude. Ao cabo de sua explanação o referido autor 
indica as bases para uma eficaz política criminal de prevenção: 1) controle 
razoável, em vista da utopia e ilegitimidade do extermínio total da 
criminalidade que entram em conflito com a ‘normalidade’ do fenômeno 
delitivo e do seu protagonista. 2) escolha correta, adequada e menos 
onerosa dos meios ou instrumentos e dos custos sociais da prevenção. 3) 
intervenção na etiologia do problema criminal, neutralizando suas causas. 
4) Utilização de programas sociais e comunitários de prevenção a médio ou 
logo prazos. 5) prestações positivas, isto é, contribuições e esforços 
solidários que neutralizem situações carenciais, conflitos, desequilíbrios, 
necessidades básicas. 6) estratégia coordenada e pluridirecional, 
pressupondo que o infrator não é o único protagonista do fato delitivo. 7) 
esforço de autocrítica, revisando valores proclamados e praticados, 
partindo do pressuposto de que cada sociedade tem o crime que (muitas 
vezes) ela mesma produz. 
Expondo as principais teorias que procuram fundamentar a pena (retribuição, 
prevenção e união dialética), o Professor Jason Albergaria, resume, sobre o 
tema, as reflexões de Roxin, um dos mais ilustres representantes da teoria 
da união dialética da pena, pela seguinte forma: “a) A pena serve à 
reinserção social do delinqüente (ressocialização) e à proteção de 
comunidade (prevenção geral). b) A pena não pode exceder em sua gravidade o 
grau de culpabilidade do delinqüente (função limitadora do princípio de 
culpabilidade). c) A pena pode ser inferior à que corresponde ao grau de 
culpabilidade. Basta aproximar-se do dito grau no que seja preciso para 
conseguir a reinserção social do delinqüente e a proteção da comunidade. d) 
Dentro do possível, a pena não deve impor-se em virtude da proteção da 
comunidade, numa extensão maior da que exija a reinserção do delinqüente.” 
No Direito pátrio, a teor da lei ordinária, a pena encontra-se regida pelo 
art. 1º do Código Penal, onde se pressupõe claramente os princípios da 
reserva legal (legalidade) e da anterioridade. 
No que pertine à Constituição, a temática encontra-se regulada no artigo 5º 
e firmada nos seguintes princípios: a) legalidade, anterioridade e 
irretroatividade, significando dizer que a pena para ter aplicação deverá 
ser prevista em lei com vigência à data do fato e não podendo recuar sua 
aplicação, exceto para o benefício do réu (incisos II, XXXIX e XL); b) 
humanidade, fundado na dignidade própria do ser humano, vedando-se as penas 
de morte (ressalvado o caso de traição, durante o período de guerra 
1 Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal): 
“Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão 
criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do 
internado.” 
declarada), de prisão perpétua, de trabalhos forçados e de banimento, bem 
como as que sejam consideradas cruéis, (itens III, XLVII, XLIX e L); c) 
pessoalidade e individualização, isto é, a pena deve ser necessariamente 
particularizada em cada caso específico e somente aplicável ao infrator, 
não podendo ela ultrapassar a pessoa deste (números XLV e XLVI); d) 
proporcionalidade, deve a apenação ser proporcional ao agravo cometido pelo 
infrator na justa medida da necessidade e suficiência (LIV); e) 
especialização (inciso XLVIII); e f) competência judiciária, (XXXVII, LIII, 
LIV e LV) vale dizer, somente o Poder Judiciário pode impor pena e, isto, 
após sentença condenatória com trânsito em julgado, resultante de processo 
regular onde se observaram os princípios do contraditório e da ampla 
defesa. 
Deve-se salientar que as penas de morte (ressalvado o caso de traição em 
período de guerra declarada), prisão perpétua, de trabalhos forçados, de 
banimento, bem como as que sejam consideradas cruéis, inexistem entre nós 
por força do disposto no inciso XLVII, do artigo 5º, da Lex Fundamentalis. 
 
Seção I 
Das Penas Privativas de liberdade 
 
Reclusão e detenção 
Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto 
ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo 
necessidade de transferência a regime fechado. 
§ 1º Considera-se: 
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima 
ou média; 
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou 
estabelecimento similar; 
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento 
adequado. 
§ 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma 
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes 
critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais 
rigoroso: 
a) o condenado a pena superior a oito anos deverá começar a cumpri-la em 
regime fechado; 
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a quatro anos e não 
exceda a oito, poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; 
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a quatro 
anos, poderá desde o início, cumpri-la em regime aberto. 
§ 3º A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com 
observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. 
§ 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão 
de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que 
causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos 
legais (NR) 
 
Tema — A teor do estatuído no artigo ora gizado, a pena privativa de 
liberdade seria gênero da qual teríamos a reclusão e a detenção como 
espécies. 
Somando-se a completa falta de estabelecimentos penais adequados no País, 
como previstos legalmente, e a carência de observância dos objetivos e 
regras da execução da pena na conformidade da lei específica, resulta, na 
prática, inexistir qualquer distinção entre reclusão e detenção. 
No que se refere a encarceramento provisório e cumprimento de pena o 
Executivo descumpre a lei de forma revoltante e enxovalha a Carta Política 
de maneira assas provocativa. E tudo ante a inércia do Ministério Público e 
a complacência do Judiciário. Em resumo, os responsáveis pelo sistema 
penitenciário brasileiro não têm o mínimo respeito pela pessoa do apenado, 
fazendo letra morta a legislação criminal ea Constituição Federal, em 
especial no que respeita aos incisos III, X, XLI, XLVI, XLVIII, XLIX, todos 
do artigo 5º, impedindo, assim, a busca da recuperação do infrator penal. É 
como se inexistisse a Lei nº 7.210/84, apesar de perfeita do ponto de vista 
formal. 
A pena de reclusão, estatuída no artigo 33, seria a mais severa delas. A 
sua aplicação estaria reservada para os casos mais graves, exigindo 
cumprimento em regime fechado, semi-aberto ou aberto. Por outro lado, a 
pena de detenção, mais branda, teria como regimes próprios o semi-aberto e 
o aberto, tudo conforme o caput do mandamento referido. Em outras palavras: 
os três regimes — que se apresentam como elementos integrantes do 
tratamento criminológico, o qual visa a prevenção e a defesa da sociedade, 
através da reinserção do infrator ao meio social — são compatíveis com a 
pena reclusiva, enquanto que se tratando de pena detentiva somente há 
compatibilidade com os regimes semi-aberto e aberto. 
Como definido pelo parágrafo primeiro do preceito ressaltado, considera-se 
regime fechado o cumprimento penal em local apropriado e munido de 
segurança eficaz e em seus graus médio e maior (alínea a), destinado ao 
infrator considerado de alta periculosidade. Tratar-se-ia, no caso, de 
penitenciária, comumente adjetivada de segurança máxima, e prevista para 
penas de reclusão como reza o artigo 87, da Lei de Execução Penal. O regime 
semi-aberto, pressupondo um estágio intermediário de periculosidade por 
parte do condenado, implicaria na execução da pena em estabelecimento 
devidamente equipado e voltado para a prática agrária, industrial ou 
similar (letra b). Seria a hipótese, em seus planos originais, da Colônia 
Agrícola de Itamaracá, no Estado de Pernambuco, de há muito transformada em 
imenso e superlotado depósito de presos. Por último, considera-se regime 
aberto, destinado ao apenado em estágio menor de periculosidade, a execução 
da pena em local próprio, sem qualquer característica prisional (alínea c). 
Seria a chamada casa de albergado, extremamente necessária, mas, 
infelizmente, completamente inexistente no País, apesar da lei criadora já 
contar com mais de vinte e cinco anos. 
O parágrafo segundo do mandamento ressaltado, versa sobre questão abordada 
pelo artigo 32 da anterior Parte Geral, quando previa para os regulamentos 
das prisões a inclusão de favores e castigos disciplinares gradativos. 
Assim, por inteligência do parágrafo comentado, as emendas que implicam em 
restrição da liberdade devem ser efetivadas em estágios evolutivos 
(progressão), partindo do regime mais rígido fixado inicialmente na 
Sentença e findando no mais brando, tudo na conformidade com o grau de 
readaptabilidade social demonstrado pelo condenado, nada impedindo, 
contudo, uma regressão de regime, se necessário em função das condições 
objetivas demonstradas pelo sujeito. Também ali se encontram, nas alíneas a 
a c, estabelecidos os critérios quantitativos para a determinação do regime 
inicial a ser imposto na Sentença condenatória: a) fechado, para pena 
superior a oito anos; b) semi-aberto, indicado para pena variável entre 
oito anos e quatro anos e um dia, não sendo o apenado reincidente; c) 
aberto, quando a pena impor quatro anos ou menos, ressalvando-se a hipótese 
de condenado reincidente. 
Simultaneamente, ex vi do parágrafo terceiro, devem ser observados 
critérios qualitativos que, em conjunto, permitirão a fixação do regime 
inicial de cumprimento da pena. Estes últimos encontram-se elencados no 
artigo 59, analisados mais adiante. 
A ressalva da reincidência, constante do parágrafo segundo, entra em linha 
direta de colisão com o estatuído na cabeça do artigo, criando a 
perplexidade. Sobre o tema, o Mestre Celso Delmanto, afirmou que “lendo-se 
os critérios do § 2º deste mesmo art. 33, chega-se à contraditória 
conclusão de que o condenado a pena de detenção (por menor que fosse a 
quantidade dela), desde que se tratasse de reincidente, teria de iniciar a 
execução em regime fechado. O absurdo seria tão enorme e gritante, que não 
se pode aceitar, como mostram estes exemplos: condenado por roubo, mas 
sendo primário e recebendo a pena mínima que a lei prevê, de quatro anos de 
reclusão, pode cumpri-la, desde o início, em regime aberto. No entanto, se 
outra pessoa, já condenada por simples lesão corporal (a pena de três meses 
de detenção), quatro anos depois praticasse simples injúria e fosse 
condenada a dois meses de detenção, teria que cumpri-los em regime fechado 
(penitenciária), sem direito à substituição por pena restritiva de direito 
(CP, art. 44, II) nem sursis (CP, art. 77, I). Obviamente, não se pode 
aplicar tamanha iniqüidade, como esta que resultaria da observância dos 
critérios do § 2º deste art. 33. Por isso, recomenda-se obediência à regra 
geral do caput do mesmo art. 33, permitindo-se que o reincidente em pena 
detentiva a cumpra no regime aberto.” 
 
Regras do regime fechado 
Art. 34. O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a 
exame criminológico de classificação para individualização da execução. 
§ 1º O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento 
durante o repouso noturno. 
§ 2º O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das 
aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a 
execução da pena. 
§ 3º O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou 
obras públicas. 
 
Tema — Por força do que dispõe a Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, far-
se-ia mister a individualização da execução penal, a ser procedida por 
Comissão Técnica de Classificação, a qual deveria levar em conta os 
antecedentes e a personalidade do apenado e, para tanto, seria necessário 
colher opiniões, informações e proceder às diligências e exames que a 
habilitasse para tanto (artigos 5º, 6º e 9º). Na hipótese da condenação 
implicar em cumprimento inicial pelo regime fechado dever-se-ia, ademais, 
proceder ao competente exame criminológico, visando a obtenção dos dados 
necessários à correta classificação possibilitadora da individualização 
requerida (artigo 8º). 
O caput do artigo 34, como se vê, encontra-se inteiramente concorde com a 
Lei de Execução Penal. A prática, entretanto, mostra-se bastante 
distanciada do ordenamento jurídico. 
Os três parágrafos contidos no mandamento estabelecem as demais regras 
gerais aplicáveis ao regime fechado: a) isolamento, no que respeita ao 
período de repouso noturno. b) ocupação, isto é, exercício obrigatório duma 
atividade laboral a ser desenvolvida em comum, observando-se as aptidões 
individuais e as incompatibilidades com a execução. Tal trabalho poderá ser 
exercido internamente, vale dizer, no interior do próprio estabelecimento; 
ou externamente, desde que em serviços ou obras públicas. 
Detalhe a ser anotado é a completa inexistência das comissões técnicas de 
classificação nos estabelecimentos prisionais em nosso País, bem como o 
completo descaso no que respeita ao exame criminológico. 
 
Regras do regime semi-aberto 
Art. 35. Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que 
inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto. 
§ 1º O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, 
em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. 
§ 2º O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos 
supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. 
 
Tema — Existe contradição entre a cabeça do preceito ora ressaltado e o 
parágrafo único do artigo 8º da Lei nº 7.210/84. Este último não estabelece 
a obrigatoriedade do exame criminológicoe tratando-se de lei especial, 
além de posterior, prevalece sobre a regra aqui estabelecida. 
Os dois parágrafos assentam as outras regras gerais aplicáveis ao regime 
semi-aberto: a) ocupação, ou seja, exercício obrigatório de trabalho 
coletivo, durante o período diurno, em estabelecimento agrícola, industrial 
ou similar. Esta atividade poderá ser exercida internamente, isto é, no 
interior do próprio estabelecimento; ou externamente, sem restrição quanto 
à característica pública ou privada. b) escolarização, facultando-se a 
freqüência do condenado a cursos profissionalizantes, além dos regulares de 
segundo e terceiro graus. 
 
Regras do regime aberto 
Art. 36. O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de 
responsabilidade do condenado. 
§ 1º O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, 
trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, 
permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. 
§ 2º O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato 
definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, 
não pagar a multa cumulativa aplicada. 
 
Tema — O regime aberto representa o último e mais avançado estágio na 
reinserção social do condenado, encontrando-se inteiramente embasado na 
demonstração de critérios válidos da capacidade pessoal de entendimento 
ético-jurídico do condenado e da observância das normas, como inscrito no 
caput do artigo. Em tal etapa deverá o apenado trabalhar, freqüentar cursos 
e demais atividades autorizadas, sem qualquer tipo de vigilância direta, 
recolhendo-se ao estabelecimento prisional apenas no período noturno e nos 
dias de folga, na conformidade com o parágrafo primeiro. 
Haverá regressão, implicando na volta a cumprimento de pena sob regime mais 
severo, de acordo com o parágrafo segundo, nas seguintes hipóteses: a) 
prática de crime doloso; b) frustrar os fins da execução; c) deixar de 
pagar a multa aplicada cumulativamente, podendo-o fazer. É de observar-se 
que a regressão poderá acontecer, ainda, por causas previstas no artigo 118 
da Lei de Execução Penal: a) prática de crime doloso; b) prática de falta 
grave; c) condenação em crime anterior cuja pena somada ao restante em 
execução, torne incabível o regime aberto. 
 
Regime especial 
Art. 37. As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se 
os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que 
couber, o disposto neste Capítulo. 
 
Tema — A Carta Magna, de 5 de outubro de 1988, albergando o dispositivo do 
Código Penal, estabelece a obrigatoriedade da pena ser cumprida em 
estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o 
sexo do apenado (inciso XLVIII, do artigo 5º). Mais adiante, no mesmo 
artigo, prescreve que às presidiárias serão asseguradas condições para que 
possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação (item 
L). Por seu turno a Lei de Execução Penal (§ 1º do artigo 82) prevê o 
recolhimento feminino em estabelecimento específico. Novamente, nesta 
questão, o Poder Executivo desconhece completa, inteira e vergonhosamente a 
Lei Maior e, quase sempre, contando com o condenável torpor do Ministério 
Público e o assentimento do Judiciário. Repetimos: os responsáveis pelo 
sistema penitenciário brasileiro — talvez pela quase-certeza de que não 
lhes serão hóspedes — não têm o mínimo respeito pela pessoa do apenado, 
fazendo letra morta a legislação criminal e a Constituição Federal e 
impedindo, assim, a busca da recuperação do infrator penal. 
Ante a ausência da estrutura material para o incremento da lei, resta o bom 
senso e as circunstâncias objetivas que devem guiar as decisões dos 
Magistrados. 
 
Direitos do preso 
Art. 38. O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da 
liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade 
física e moral. 
 
Tema — Segundo o artigo 38, ora destacado, o condenado, restringido em sua 
liberdade de locomoção, mantém o restante dos seus direitos individuais, 
sendo impositivo o completo respeito à sua integridade física e moral por 
parte de todas as autoridades. Tal regra encontra-se disposta no artigo 5º, 
inciso XLIX, da Constituição Federal. De outra banda, também a Lei nº 
7.210/84, instituindo a Lei de Execução Penal, regula a matéria entre os 
artigos 10 usque 27 e, em especial, no 47 em que elenca os direitos do 
preso. Infelizmente os preceitos indicados são inteiramente desobedecidos 
pela maioria esmagadora dos responsáveis pelo seu cumprimento e os nossos 
estabelecimentos prisionais não passam de meros depósitos de presos. 
Apenas a título de levantamento de problemas para debates, a partir dos 
mandamentos referidos, lembraríamos: a) A prisão especial, ante o parágrafo 
único, do artigo 3º, da Lei de Execução Penal, estabelecendo que não haverá 
distinção de natureza racial, social, religiosa ou política, entre os 
internados. b) A ausência de trabalho do prisioneiro frente o artigo 28, da 
Lei de Execução Penal. 
 
Trabalho do preso 
Art. 39. O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os 
benefícios da Previdência Social. 
 
Tema — O exercício do trabalho apresenta-se simultaneamente como direito e 
como dever do prisioneiro, prevendo-se remuneração nunca inferior a três 
quartos do salário mínimo e os benefícios da Previdência Social. 
O valor pago pelo labor e a sua destinação encontram-se explicitados na Lei 
de Execução Penal, nos artigos 28 e 29. 
 
Legislação especial 
Art. 40. A legislação especial regulará a matéria prevista nos arts. 38 e 39 
deste Código, bem como especificará os deveres e direitos do preso, os 
critérios para revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as 
infrações disciplinares e correspondentes sanções. 
 
Tema — A matéria encontra-se prevista no artigo 5º, incisos XLVIII, XLIX e 
L, da Constituição da República e devidamente regulamentada na Lei nº 
7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal). 
 
Superveniência de doença mental 
Art. 41. O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a 
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro 
estabelecimento adequado. 
 
Tema — Havendo acometimento de doença mental ao acusado será observado o 
disposto no artigo 42, deste Código, e no artigo 183, da Lei de Execução 
Penal, substituindo-se a pena por medida de segurança, obedecidos os 
parâmetros constantes do artigo 96, do Código Penal. 
 
Detração 
Art. 42. Computam-se, na pena privada de liberdade e na medida de segurança, 
o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão 
administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos 
no artigo anterior. 
 
Tema — Detração é o abatimento quantitativo do tempo já cumprido em relação 
à totalidade da pena ou medida de segurança imposta ao indivíduo. Por força 
do artigo 42 será abatido: a) Prisão Provisória, isto é, a privação da 
liberdade de locomoção em decorrência de medida processual penal (prisão em 
decorrência de flagrante, prisão temporária, prisão preventiva, prisão 
resultante de pronúncia, prisão em razão de condenação sem trânsito em 
julgado), quer seja cumprida no Brasil ou no exterior; b) Internação, ou 
seja, a permanência em hospital de custódia, de tratamento psiquiátrico ou 
outro estabelecimento adequado e com finalidade semelhante. 
A referência à prisão administrativa perdeu o sentido após o advento da 
Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988, porquanto passou a ser 
inadmissível, ex vi do inciso LXI, do artigo 5º. 
 
SeçãoII 
Das Penas Restritivas de Direitos 
 
Penas restritivas de direitos 
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: 
I – prestação pecuniária; 
II – perda de bens e valores; 
III – (Vetado) 
IV – prestação de serviços à comunidade; 
V – interdição temporária de direitos; 
VI – limitação de fim de semana. 
 
Tema — As penas restritivas de direitos, na conformidade da Exposição de 
Motivos da nova Parte Geral deste Codex, significaram uma experiência 
pioneira em nosso sistema criminal. São elas emendas não-detentivas, mas 
que podem ter efeitos bem mais eficazes que as tradicionais restrições à 
liberdade física, se aplicadas e executadas convenientemente. Em seu favor 
podem ser apontados alguns dentre inumeráveis méritos: a) menor custo para 
o Estado e, conseqüentemente para o cidadão que sustenta a máquina estatal 
através dos impostos, taxas e tributos; b) reserva dos estabelecimentos 
prisionais para os indivíduos que necessitam de reeducação intensa e severa 
em razão de condutas anti-sociais de natureza gravíssima; c) não 
contaminação carcerária; d) não aviltamento da condição humana; e) caráter 
educativo-sociabilizante; f) incentivo ao desenvolvimento do senso de 
responsabilidade; g) valoração de princípios e condutas éticas; h) 
despertar de interesses pela comunidade e suas carências e dificuldades; i) 
maior oferta de mão-de-obra para serviços comunitários e de entidades de 
caráter público. 
Implantada entre nós a partir do advento da Lei nº 7.209, de 1984, as penas 
restritivas de direitos passaram por processo de amadurecimento naquilo que 
respeita ao seu conhecimento, à sua aplicação prática e à demonstração de 
eficiência. Passada sua fase inicial de implantação vem o Legislador 
nacional implementar alterações evolutivas na formatação original do 
instituto e que, infelizmente, sofreu três vetos, data maxima venia, 
apressados e que apenas retardam o seu amplo vigor perfeitamente coadunado 
com o atual nível da boa política criminal que busca a aplicação mínima do 
Direito Penal. Aliás, malgrado os vetos referidos, na Mensagem nº 1.447, de 
25 de novembro de 1998, o Presidente da República reconhece que a Lei em 
testilha “teve sua concepção normativa inspirada na vertente filosófica 
defendida pelas modernas escolas de Direito Penal, cuja tônica doutrinária 
centra-se, nuclearmente, no amadurecimento e na sustentação da tese de que 
as penas privativas de liberdade, instituídas com a finalidade 
preponderante de promover a ressocialização da pessoa do delinqüente, 
estudada a sua aplicação prática ao lume de métodos científicos de política 
criminal, revelaram-se inadequadas e inábeis a propiciar a reintegração do 
detento ao convívio social, sobretudo porque, no ambiente prisional em que 
são ministrados, perdem sua eficácia os diversos programas de orientação e 
de desenvolvimento social do preso. Constatada, cientificamente, a 
inadequação das penas privativas de liberdade para atender aos fins a que 
se destinam, o Direito Penal evoluiu no sentido de que novos métodos de 
repressão ao crime deveriam ser instituídos, mediante a previsão de sanções 
de natureza alternativa, que ao juiz seriam facultadas impor ao condenado, 
em caráter substitutivo às penas de detenção e de reclusão, desde que 
atendidos alguns requisitos relacionados com a pessoa do delinqüente e com 
o ilícito por ele perpetrado. Perfilhando essas diretrizes, o projeto de 
lei em questão, ao propor a instituição de novas penas alternativas ao 
elenco já existente no ordenamento, não se descurou em preservar o caráter 
substitutivo que lhes é conatural, assim como estabeleceu requisitos 
objetivos e subjetivos, concernentes ao delito praticado e à pessoa do 
criminoso, a serem necessariamente considerados pelo juiz, segundo seu 
prudente arbítrio, para a imposição de pena restritiva de direitos, em 
substituição à pena privativa de liberdade objeto da condenação criminal.” 
Nos incisos do artigo 43 do Código Penal, como hoje se encontra redigido, 
ficam estabelecidas cinco espécies de penas restritivas de direitos: a) 
prestação pecuniária (§ 1º do artigo 45 do CP); b) perda de bens e valores 
(§ 3º do artigo 45 deste Codex); c) prestação de serviços à comunidade ou a 
entidades públicas (artigo 46 do CP); d) interdição temporária de direitos 
(artigo 47 ainda do Código Penal); e e) limitação de fim de semana (artigo 
48 do também do CP). 
 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as 
privativas de liberdade, quando: 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o 
crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer 
eu seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade 
do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa 
substituição seja suficiente. 
§ 1º (VETADO) 
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita 
por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a 
pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de 
direitos e multa ou por duas restritivas de direito. 
§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, 
desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente 
recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do 
mesmo crime. 
§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade 
quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No 
cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo 
cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de 30 
(trinta) dias de detenção ou reclusão. 
§ 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o 
juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-
la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. 
 
Tema — A teor do caput do artigo ora ressaltado, as penas restritivas de 
direitos, autônomas e substitutivas, gozam de inteira autonomia em relação 
às demais e se apresentam como opções menos gravosas e mais eficientes para 
uso em determinadas hipóteses. A utilização de tais penas exige, em 
conjunto, os seguintes 
pressupostos gerais de aplicabilidade: a) pena privativa de liberdade 
concretamente aplicada; b) crime cometido sem violência e sem grave ameaça 
à pessoa; c) limite da condenação em quatro anos, sendo doloso o ilícito; 
d) apenação em qualquer grau, quando se tratar de delito culposo; e) não-
reincidência, considerada apenas em relação aos crimes dolosos; vedando-se, 
entretanto, a substituição para a reincidência específica nos crimes 
culposos; f) suficiência da substituição, em razão da culpabilidade, dos 
antecedentes, da personalidade do condenado, dos motivos e das 
circunstâncias que resultaram no delito. 
Uma vez preenchidas as exigência gerais vistas ut retro, elencadas nos 
incisos I a III do artigo evidenciado, hão de ser observadas as regras 
específicas de aplicação estatuídas nos quatro parágrafos (2º a 5º) 
vigentes. Vejamos: 1) condenação até um ano, pode ser substituída: a) por 
multa; ou b) por uma única restrição de direitos; 2) condenação maior que 
um ano, pode ser trocada: a) pelo conjunto formado por uma pena restritiva 
de direitos e mais uma multa; ou b) por duas penas restritivas de direitos; 
3) reincidência, hipótese reservada apenas para condenação por ilícito 
culposo, desde que: a) em contraponto com a reprimenda anterior mostre-se 
como providência socialmenterecomendável; e, também, b) o ato criminoso 
novamente praticado não seja da mesma espécie. 
A matéria do parágrafo 4º do mandamento em referência era cuidada antes 
pelo artigo 45, inciso II, do CP. Uma vez em gozo as penas restritivas de 
direitos vêm requerer o cumprimento das formalidades estabelecidas, as 
quais sinalizam a eficácia das medidas impostas. Em vista disto, não sendo 
cumpridas na conformidade dos parâmetros previamente estabelecidos, é 
perfeitamente compreensível uma retornança para um tipo de apenação mais 
gravosa. Destarte, o parágrafo 4º em tela traça o caminho inverso entre a 
simples restrição de direitos em direção à privação da liberdade, 
apresentando-se como verdadeira regressão de regime para cumprimento de 
pena. Tal fato ocorrerá sempre que não houver justificação, por parte do 
reeducando, para o descumprimento de quaisquer das restrições de direitos 
que lhe fora imposta. Em assim acontecendo, executar-se-á a pena — de 
reclusão ou de detenção —, mas tão-somente do lapso faltante, cujo patamar 
mínimo de cumprimento encontra-se fixado em trinta dias. 
Por fim o parágrafo 5º aventa a hipótese do condenado, em pleno cumprimento 
de pena restritiva de direitos, receber, por outro crime, condenação a pena 
privativa de liberdade. Neste caso caberá ao Juiz da Execução Penal decidir 
sobre a conversão e o que fará seguindo o princípio da compatibilidade das 
penas, pela forma seguinte: a) sendo possível a coexistência de cumprimento 
entre a pena substitutiva em andamento e a nova condenação deixa-se de 
aplicar a conversão; ou b) não sendo possível a execução simultânea das 
duas espécies de penas a cumprir aplica-se a conversão, tornando exeqüível, 
assim, o cumprimento concomitante das emendas. 
Importante atentar que, uma vez preenchidas todas as condições legais para 
a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos 
não pode ser ela negada, porquanto se trata dum direito subjetivo do 
condenado. 
 
Conversão das penas restritivas de direitos 
 
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-
se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48. 
§ 1º A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a 
seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de 
importância fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior 
a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do 
montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes 
os beneficiários. 
§ 2º No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a 
prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza. 
§ 3º A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, 
ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, 
e seu valor terá como teto — o que for maior — o montante do prejuízo 
causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em conseqüência 
da prática do crime. 
§ 4º (Vetado) 
 
Tema — As penas restritivas de direitos, resultado de política criminal 
objetivando permitir a mais rápida e eficiente ressocialização do 
delinqüente, externam o binômio direito subjetivo e benefício, que é 
prestado ao reeducando. A aplicação das mesmas, presentes os requisitos 
legais estabelecidos no 44, subordina-se às definições e aos comandos 
inscritos nos artigos 45 usque 48, todos do Código Penal. 
A prestação pecuniária, a primeira das penas alternativas arroladas, 
encontra-se definida no parágrafo 1º deste artigo 45, consistindo em paga 
monetária, por parte do condenado, diretamente à vítima, ou aos seus 
dependentes; ou, ainda, a entidade de natureza pública ou privada, desde 
que tenha esta cunho social. O valor da pecúnia é fixado pelo Julgador e 
fica limitado ao parâmetro menor de um salário-mínimo e máximo de trezentos 
e sessenta salários-mínimos, cujo estabelecimento deve ser feito sempre em 
atendimento aos critérios do necessário e do suficiente à prevenção e à 
retributividade inerentes ao instituto da apenação. O quantum pago a título 
de pena alternativa será obrigatoriamente deduzido de valor condenatório 
oriundo de eventual ação reparatória de natureza cível, caso haja 
coincidência de favorecido. Deve ainda ser ressaltado, em sede de prestação 
pecuniária, que havendo concordância do beneficiário, poderá ela vir a ser 
concretizada através de prestação doutra natureza, conforme o comando 
estatuído no parágrafo 2º do artigo comentado. 
Por seu turno, o parágrafo 3º deste artigo 45 vem cuidar da segunda das 
penas restritivas de direitos, qual seja, a perda de bens e valores 
pertencentes ao apenado. Em tal caso, o beneficiário passa a ser o Fundo 
Penitenciário Nacional. O valor da condenação terá sempre por teto os 
seguintes parâmetros: a) o montante do prejuízo causado pelo agente; ou b) 
o rendimento obtido com a prática delituosa, seja ele diretamente auferido 
pelo agente ou por terceiro. Quando da fixação do quantum prevalecerá o que 
maior se apresentar (a ou b). Obrigatório é gizar que os bens e valores 
pertencentes a terceiros, mesmo que direta ou indiretamente beneficiado com 
o cometimento do ilícito, não podem ser objeto de decreto de perdimento em 
virtude da falta de previsão legal. 
 
Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas 
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é 
aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade. 
§ 1º A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste 
na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. 
§ 2º A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades 
assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos 
congêneres, em programas comunitários ou estatais. 
§ 3º As tarefas a que se refere o §1º serão atribuídas conforme as aptidões 
do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de 
condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. 
§ 4º Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado 
cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à 
metade da pena privativa de liberdade fixada. 
 
Tema — Como já dito anteriormente, as penas restritivas de direitos são 
fruto de política criminal — significando direito subjetivo e benefício 
estendido ao reeducando —, apresentando-se como autônomas e de caráter 
substitutivo e que, convenientemente manejadas, podem ter efeitos bem mais 
eficazes que as tradicionais restrições à liberdade física. Repetimos que 
tais penas contam com inumeráveis méritos, a exemplo de menor custo para o 
Estado; reserva dos estabelecimentos prisionais para indivíduos que 
apresentem condutas anti-sociais realmente graves; não contaminação 
carcerária; não aviltamento da condição humana; incentivo ao 
desenvolvimento do senso de responsabilidade; valoração de princípios e 
condutas éticas; e a maior oferta de mão-de-obra para serviços 
comunitários. 
Infelizmente, na contra-mão da boa política criminal, que visa reduzir ao 
mínimo as penas privativas de liberdade, boa parte dos nossos Parlamentares 
teimam em propor medidas endurecedoras em relação às penas e às norma 
processuais criminais. É o chamado direito penal de emergência, melhormente 
denominado por alguns como legislação do espetáculo. Essa foi a postura do 
Congresso Nacional após alguns casos emblemáticos, a exemplo do seqüestro 
do empresário Abílio Diniz, que redundou na triste lei denominada dos 
crimes hediondos; do assassinato de Daniela Perez, colorido por certa rede 
nacional de TV, culminando pela introduçãoda figura do homicídio 
qualificado entre os tais crimes hediondos; o escândalo da falsificação e 
adulteração de medicamentos, passando tais condutas igualmente a integrar o 
rol dos crimes hediondos. Não nos surpreenderemos se a recusa em submeter-
se ao “teste do bafômetro” também vir a compor a lista dos crimes 
hediondos. Basta que, para tanto, a mídia resolva apresentar contornos 
trágicos de algum acidente automobilístico. Essa produção legislativa 
espúria nasce sob a égide da emoção popular e da forma cínica do legislador 
em responder pública e imediatamente à sua clientela. É a venda da ilusão 
de segurança buscando aquietar os ânimos da sociedade, como se o 
endurecimento no tratamento das questões penais resolvessem os problemas 
sociais. Tudo falácia, afinal se sabe que pena mais severa em nada diminuiu 
a incidência dos crimes. Mas, votemos ao artigo 46 do Código Penal. 
A pena de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas — já 
enunciada no inciso IV do artigo 43 do CP — tem como pressuposto específico 
de aplicabilidade uma condenação a pena privativa de liberdade com duração 
superior a seis meses, por inteligência do que ficou estabelecido no caput 
deste artigo 46 ora comentado. Além disto necessário se faz o preenchimento 
dos pressupostos gerais de aplicabilidade arrolados nos incisos I usque III 
do artigo 44 do Código Penal. Satisfeitas tais exigências, será ela 
aplicada de acordo com as seguintes regras: a) gratuidade, significando 
dizer que os serviços prestados diretamente pelo apenado não são 
remunerados em nenhuma hipótese; b) locação, isto é, os trabalhos 
desenvolvidos pelo reeducando estarão sempre circunscritos a entidades de 
natureza assistencial ou comunitária, públicas ou privadas, como indicado 
no parágrafo 2º deste mandamento; c) aptidão, vale dizer, será levada 
sempre em consideração as tendências e habilidades profissionais do 
condenado quando da atribuição das tarefas a cumprir e não devendo elas se 
apresentarem como forma de menosprezo ou humilhação ao condenado; d) 
duração, cujo cálculo é fixo e na proporção de uma hora de tarefa por cada 
dia de condenação; d) horário, devendo o trabalho imposto ao apenado ser 
cumprido sem prejuízo da sua jornada normal de trabalho; f) antecipação, 
isto é, caso a pena substituída seja superior a um ano fica facultado ao 
condenado cumpri-la em menor tempo, cujo patamar mínimo será o de uma 
metade da pena privativa de liberdade fixada. 
Por fim, é de observar-se que a execução desta pena encontra-se sob a 
responsabilidade do Juiz da Execução, que se deverá pautar pelo 
estabelecido nos artigos 147 a 150 da Lei de regência. 
 
Interdição temporária de direitos 
Art. 47. As penas de interdição temporária de direitos são: 
I – proibição do exercício de cargo, função ou atividade, bem como de 
mandato eletivo; 
II – proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam 
de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; 
III – suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo. 
IV – proibição de freqüentar determinados lugares. 
 
Tema — A interdição temporária de direitos é a quarta das penas restritivas 
de que cuida o artigo 43, em seu inciso V, implicando em suspensão, 
limitada no tempo, para certas atividades, funções ou cargos. Não se deve 
confundir, entretanto, as proibições aqui contidas — pena substitutiva e 
temporária — com as homônimas elencadas no artigo 92 deste Código, pois 
que neste último se cuida de efeito da condenação e com caráter de 
permanência. 
Este artigo 47 estatui três espécies de interdição: a) proibição do 
exercício de cargo, função ou atividade pública — cujos conceitos se 
encontram contidos no artigo 327 do Código Penal —, bem como de mandato 
eletivo; b) suspensão do exercício de profissão, atividade ou ofício que 
dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder 
público; c) suspensão de habilitação ou autorização para dirigir veículo 
para o qual seja exigida tal formalidade. 
O prazo de duração da interdição será o mesmo da pena substituída. 
Conforme já dissemos alhures, além do Código Penal várias outras leis 
cuidam da área criminal. São as chamadas leis extravagantes. Trata-se da 
aplicação do princípio da especialização, contido no artigo 12 deste Codex. 
Significa dizer que a lei especial, ao tratar diferentemente uma matéria, 
sempre derroga as disposições genéricas anteriormente existentes, afinal a 
lei em questão além de específica é também mais moderna. 
A Lei nº 9.503, de 23 de novembro de 1997, institui o Código de Trânsito 
Brasileiro, o qual cuida dos crimes específicos daquela área por ocasião do 
seu Capítulo XIX. Temos, ali, entre os artigos 292 usque 296 e no artigo 
307, referências à suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir 
veículo. Vejamos, acerca da temática, as observações expendidas em trabalho 
anterior. 
O primeiro deles, nos traz duas modalidades restritivas à regularização do 
direito de conduzir veículo automotor: a) suspensão; e b) proibição. Ambas 
aplicam-se às duas modalidades previstas no referido Código de Trânsito 
Brasileiro para o exercício da direção veicular: 1) permissão; e 2) 
habilitação. 
Da forma como se encontra grafado o preceito a única interpretação possível 
é a de que o Legislador quis proibir, em determinadas hipóteses, a 
adquirição, o adquirimento, a obtenção do documento autorizador — 
precário (permissão) ou definitivo (habilitação) — para a condução de 
veículos automotores. Não se destina, portanto, o artigo 292 do CTB, à 
suspensão de validade da permissão ou da habilitação em tela, mas para a 
obtenção de tais documentos. Dito de outra forma: não se pode suspender e 
nem proibir o direito já concedido para dirigir veículos automotores com 
fulcro no artigo 292 do aludido Código. As apenações do mandamento gizado, 
portanto, somente se impõem àqueles que ainda não detêm o regular direito 
para dirigir veículos automotores, isto é, ao candidato à permissão 
precária e à habilitação definitiva para direção. Em tais casos, poderá ser 
aplicada, tanto isolada como cumulativamente, com outras que se encontrem 
prescritas para os casos concretos. 
É de lembrar-se, ademais, que as duas formas de reprimenda resultam sempre 
temporárias, a teor do artigo 293, caput, do Código de Trânsito Brasileiro, 
pois que não podem ultrapassar o lapso de cinco anos ali previsto. Na 
prática inexiste distinção entre a suspensão e a proibição de que fala o 
Diploma especial, porquanto torna-se idêntico o seu resultado Vale dizer, 
suprime-se o direito de obtenção do documento hábil para a condução de 
veículo automotor por um lapso determinado. Tal reprimenda poderá deixar de 
ser imposta se assim não entender necessária o Julgador. Ademais, poderá 
ela ser fixada como pena principal e única, nada impedindo, contudo, que 
outras previstas possam acompanhá-la de forma cumulativa, forte no 
mencionado artigo 292 do CTB. 
Por seu turno, o caput do artigo 293 do CTB determina que a pena de 
suspensão ou de proibição somente pode ser efetivamente aplicada após o 
trânsito em julgado da Sentença condenatória; momento em que o Poder 
Judiciário deverá notificar as Autoridades de trânsito para fazer cumprir a 
sua determinação impeditiva do reeducando obter a permissão para dirigir ou 
substituir esta pela habilitação definitiva. Adiante-se, ainda, que o 
parágrafo 1º deste artigo 293 conduz diretamente à aplicação da previsão do 
parágrafo único, do artigo 307, do Código de Trânsito Brasileiro. Deve ser 
anotado também que se encontrando o reeducando preso e em regime fechado a 
reprimenda de suspensãoou de proibição para dirigir veículo automotor não 
pode ter sua contagem iniciada enquanto perdurar tal situação, forte no 
parágrafo 2º do mesmo artigo 293. A regra resulta de comando lógico, isto 
porque o apenado já se encontra privado do seu direito de ir e vir, e o que 
lhe impede, portanto, de conduzir veículos automotores. Deverá coincidir, 
destarte, o início de tal pena restritiva, com a devolução do direito de 
locomoção do reeducando, a qual se iniciará com o gozo dos regimes semi-
aberto ou aberto. De outra banda, somos de opinião que todo e qualquer 
período em que a Permissão Para Dirigir ou a Carteira de Habilitação ficou 
retida administrativamente antes da condenação penal deverá ser admitido 
como parte do cumprimento da pena restritiva aplicada. Trata-se de 
prestigiar o Princípio da Compensação. 
De outra banda, o artigo 294 do Código de Trânsito Brasileiro autoriza, 
durante a fase inquisitorial ou do contraditório, a suspensão da permissão 
ou da habilitação para conduzir veículo automotor, bem como a proibição 
para a sua aquisição. Para tanto faz-se necessária decisão devidamente 
fundamentada do Juiz, o qual poderá agir de ofício ou à requerimento da 
Autoridade Policial ou do Ministério Público e será, sempre, embasada na 
garantia da ordem pública. Adiante-se que de acordo com o parágrafo único 
do artigo 294 do CTB cabe recurso, sem efeito suspensivo, da decisão 
judicial nas seguintes hipóteses: a) medida cautelar de suspensão da 
permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, bem como da 
proibição da obtenção de qualquer delas. b) indeferimento do requerimento 
do Ministério Público no sentido do contido na letra anterior. 
Complementando essas disposições o artigo 295 do CTB, de maneira auto-
explicativa, ordena ao Juiz decretador da medida ali referida comunicá-la 
obrigatoriamente a dois órgãos: a) Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN); 
e b) CIRETRAN que tenha área de competência sobre o domicílio ou a 
residência do acusado. 
Diversamente do que preceitua o artigo 292 do Código de Trânsito 
Brasileiro, o artigo 296 é orientado direta e claramente para os detentores 
de permissão ou de habilitação para dirigir veículos automotores. Não se 
aplica, destarte, aos candidatos à obtenção dos citados documentos como 
naquele mandamento. Sua imposição, que não é obrigatória e, sim, mera 
faculdade, poderá acompanhar cumulativamente outras sanções que sejam 
aplicáveis ao caso concreto. Deve, ademais, ser ressaltado que este último 
preceito somente se aplica na hipótese de reincidência em ilícitos 
relacionados no Código especializado, ou seja, novo cometimento, após 
trânsito em julgado de condenação, de algum dos recortes contidos entre os 
artigos 302 usque 312. Relembremo-nos que a reincidência, de forma 
genérica, é a repetição do cometimento de crime. Admite o Código Penal, 
quando do artigo 63, adotando a reincidência ficta e temporal. O uso da 
reincidência como agravante obrigatória, contudo, não encontra acordo entre 
os doutrinadores. Isto, porquanto é de observar-se que já havendo 
julgamento do primeiro delito e se encontrando a pena correspondente 
aplicada ou em fase de execução, não se pode novamente chamar à baila o 
mesmo evento criminoso para nova emenda, por constituir-se bis in idem. 
Impossível se perder de vista o princípio constitucional da legalidade 
vedando a duplicidade de apenação. Abordando a temática, com a propriedade 
que lhe é peculiar, o Mestre Alberto Silva Franco assenta que “o princípio 
do ne bis in idem, que se traduz na proibição da dupla valoração fática, 
tem hoje seu apoio no princípio da legalidade. Não se compreende como uma 
pessoa possa, por mais vezes, ser punida pela mesma infração. O fato 
criminoso que deu origem à primeira condenação não pode, depois, servir de 
fundamento a uma agravação obrigatória de pena, em relação a um outro fato 
delitivo, a não ser que se admita, num Estado Democrático de Direito, um 
Direito Penal atado ao tipo de autor (se reincidente), o que constitui uma 
verdadeira e manifesta contradição lógica. Como acentua Zugaldia Espinar 
(Fundamentos de Derecho Penal, p. 236, 1990), um mesmo fato não pode ser 
tomado em consideração ‘com plurais efeitos fundamentadores ou agravatórios 
da responsabilidade criminal’ mesmo porque a sanção repetida de uma mesma 
conduta possibilita ‘uma inadmissível reiteração no exercício do jus 
puniendi do Estado’ (Dias Palos, La Jurisprudencia Penal Ante la Dogmática 
Jurídica y la Política Criminal, p. 146, Colex, Madrid, 1991). Correta, 
portanto, a conclusão de que o princípio da legalidade não admite, em caso 
algum, a imposição de pena superior ou distinta da prevista e assinalada 
para o crime e que a agravação da punição, pela reincidência, faz, ‘no 
fundo, com que o delito anterior surta efeitos jurídicos duas vezes’ 
(Quintero Olivares, Derecho Penal, Marcial Pons, Madrid, 1989).” 
Por fim, o artigo 307 do Código de Trânsito Brasileiro destina-se 
exclusivamente aos reeducandos que se encontrem no cumprimento de suspensão 
ou de proibição do direito de adquirir a permissão ou a habilitação para 
dirigir veículo automotor, decorrente de imposição fulcrada no Código de 
referência. Criminaliza-se, dessarte, a ação de obter a permissão ou a 
habilitação em franca violação duma decisão judicial. O sujeito ativo, 
portanto, será qualquer pessoa que se encontre em cumprimento de pena de 
suspensão ou de proibição para a adquirição do documento autorizador — 
precário ou definitivo — para a condução de veículo automotivo. De outra 
banda, o sujeito passivo será o Estado, representado pela Administração 
Pública, em especial o Poder Judiciário. Trata-se de ilícito comissivo e 
doloso, em que o tipo objetivo repousa no núcleo violar (ação única) a 
suspensão ou a proibição imposta. Como objeto jurídico a merecer proteção 
encontramos a regularidade administrativa e o acatamento das Decisões 
emanadas do Poder Judiciário. Estamos frente a crime comum no que respeita 
ao agente; caracterizando-se como instantâneo e cuja consumação dá-se com a 
efetiva obtenção do documento concessivo. 
 
Limitação de fim de semana 
Art. 48. A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, 
aos sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou 
outro estabelecimento adequado. 
Parágrafo único. Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado 
cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. 
 
Tema — A última das cinco espécies de penas restritivas de direitos é a 
limitação de fim de semana, significando verdadeira pena de restrição de 
lazer. Implica em permanência semanal, por período de dez horas, dividido 
em dois turnos iguais, para cumprimento aos sábados e domingos em casa de 
albergado ou estabelecimento adequado. 
O parágrafo único prevê a possibilidade de ocupação desse período de tempo 
com palestras, cursos ou atividades educativas. Em tese, a idéia é 
excelente... para países que tenham interesse em solucionar problemas. 
Inexistindo, entretanto, casas de albergado e pessoal habilitado para 
desenvolver as atividades previstas, o resultado somente pode ser um: 
inaplicabilidade e completo fracasso da idéia, infelizmente. 
 
Seção III 
Da Pena de Multa 
 
Multa 
Art. 49. A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da 
quantia fixada na sentença e calculada em dias-multas. Será, no mínimo, de 
dez e, no máximo, de trezentos e sessenta dias-multa. 
§ 1º O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a 
um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem 
superior a cinco vezes esse salário. 
§ 2º O valorda multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de 
correção monetária. 
 
Tema — Como vemos a pena de multa (ou pecuniária), a última daquelas 
previstas no artigo 32 do Código Penal, encontra-se disciplinada em nosso 
ordenamento, seguindo tendência moderna mundial, insculpindo-se consistir 
ela no pagamento, ao Fundo Penitenciário, de determinada quantia estipulada 
através de Sentença e se limitando a um mínimo de dez e a um máximo de 
trezentos e sessenta dias-multa, utilizando como parâmetro de valor o 
salário-mínimo vigente ao tempo do evento criminoso. 
Como preleciona o saudoso Mestre Anibal Bruno, da Faculdade de Direito do 
Recife, são inúmeras as vantagens de tal apenação, pois que não “exclui o 
condenado do seio da família ou do meio social em que vive, não lhe impede 
o trabalho, não o degrada, nem lhe impõe o regime desmoralizante e 
corruptor da prisão.” Este, aliás, é o pensar do Colendo Tribunal de Alçada 
Criminal do Estado de São Paulo, assentando que “A multa é pena que 
substitui vantajosamente as privativas de liberdade e se integra, hoje, nas 
legislações penais com peculiaridades características. Possui o condão de 
liberar o condenado de escassa ou nenhuma periculosidade, tão logo ocorra o 
pagamento, dos gravames e inconvenientes da pena carcerária desde logo 
aplicada.” Não esquece, contudo, a mesma Corte, que “Ontologicamente, deve 
a multa ter um sentido punitivo, de sorte que há de atingir, efetivamente, 
o patrimônio do condenado. Não se concebe multa simbólica ou de valor 
simplesmente decorativo.” 
O valor da pena pecuniária a ser aplicada pelo Julgador encontra seu 
limites estabelecidos no parágrafo primeiro do artigo 49, sempre tendo como 
base o salário-mínimo vigorante à época do fato criminoso: a) mínimo 
normal, um trigésimo do valor do salário-mínimo; b) mínimo especial, em 
decorrência de incidência das causas de redução da pena, na conformidade 
com o artigo 68 deste Diploma; c) máximo, cinco vezes o valor do salário-
mínimo; d) máximo especial, em função da situação financeira do réu, 
elevando-se até ao triplo, de acordo com o § 1º, do artigo 60 do Código 
Penal; decorrente de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, 
multiplicando-se até dez vezes mais, como manda o artigo 33, da Lei nº 
7.492/86, atualmente com força de Lei Complementar. 
A pena privativa de liberdade pode ser substituída pela pena de multa desde 
que aquela não ultrapasse seis meses, assunto a ser apreciado mais amiúde 
quando da abordagem do parágrafo 2º do artigo 60 do diploma criminal. 
O parágrafo 2º do artigo 60 do Código Penal prevê a substituição da pena 
privativa de liberdade pela pena de multa, desde que aquela não ultrapasse 
a seis meses, assunto a ser apreciado quando da abordagem do preceito 
citado. 
No que respeita à fixação da pena pecuniária, o sistema bifásico, exposto 
pelo ilustre Celso Delmanto, mostra-se impecável, in verbis: “Em face da 
cominação abstrata que a reforma penal de 84 instituiu, cremos que o único 
modo de fixar as penas pecuniárias com equilíbrio e justiça será pela 
divisão, em duas etapas ou fases, da operação prevista neste art. 49. Numa 
primeira, estabelece-se o número de dias-multa; noutra, a seguir, fixa-se o 
valor de cada dia-multa. 1ª Etapa: determina-se o número de dias-multa 
entre o mínimo de dez e o máximo de trezentos e sessenta dias. Para a 
escolha desse número de dias, deve-se atentar para a natureza mais ou menos 
grave do crime (pois não há cominação particular para cada delito), para as 
circunstâncias judiciais que levarão à pena-base, para as agravantes e 
atenuantes, para as causas de aumento e de diminuição da pena cabível, 
etc., mas não para a situação econômica do réu. 2ª Etapa: já encontrado o 
número de dias (entre o limite de 10 a 360 dias) pela primeira etapa, 
passa-se, nesta 2ª, à fixação do valor de cada dia-multa, que não poderá 
ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal (vigente à data 
do fato), nem superior a cinco vezes esse mesmo salário mínimo mensal (o 
maior em vigor no dia do crime). Para essa opção, levar-se-á em conta a 
situação econômica do réu (CP, art. 60, caput) e, em atendimento a esse 
dado, será fixado o valor de cada dia-multa, entre os limites estabelecidos 
pelo § 1º deste art. 49. Só assim será alcançada a justa individualização 
da multa, de modo que a pena pecuniária não se torne exorbitante (e 
impagável) para o pobre, nem irrisória (e desprezível) para o rico. Com as 
duas etapas aqui indicadas, um crime cometido, em co-autoria, por um 
sujeito pobre e outro rico, poderá ser apenado com o mesmo número de dias-
multa. Todavia, o valor desses dias-multa será diverso: para o condenado 
economicamente insuficiente, ficará no mínimo de um trigésimo; para o rico, 
esse valor será maior, podendo até, na hipótese de alguns milionários, 
chegar-se ao limite de cinco vezes o salário mínimo ou, mesmo, aumentá-lo, 
ainda, até o triplo (CP, art. 60, § 1º).” 
 
Pagamento da multa 
Art. 50. A multa deve ser paga dentro de dez dias depois de transitada em 
julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as 
circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas 
mensais. 
§ 1º A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou 
salário do condenado quando: 
a) aplicada isoladamente; 
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos; 
c) concedida a suspensão condicional da pena. 
§ 2º O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao 
sustento do condenado e de sua família. 
 
Tema — O artigo 50, na parte inicial de sua cabeça, estabelece o prazo para 
pagamento da pena pecuniária, que será de dez dias, contados a partir do 
dia seguinte ao trânsito em julgado da Sentença condenatória. 
Ainda de acordo com o caput, em sua parte final, poderá o Juiz — no caso 
o da Execução Criminal — permitir o fracionamento do pagamento da multa, 
em parcelas mensais, na conformidade com os dados objetivos determinadas 
pelas circunstâncias e se assim for requerido pelo condenado, o que deverá 
ser efetuado no mesmo prazo disponível por este para o pagamento. Eliminou-
se, desta forma, o limite de parcelamento inicial em três meses 
estabelecido pelo primitivo artigo 36. 
Por inteligência do parágrafo primeiro deste artigo, a cobrança da pena de 
multa poderá ser efetuada diretamente no salário do apenado, nas seguintes 
hipóteses: a) pena de multa aplicada isoladamente ou em conjunto com pena 
restritiva de direitos (incisos I e II); b) gozo de suspensão condicional 
da pena (inciso III). 
Em nenhum caso poderá o desconto incidente para pagamento da pena de multa 
comprometer os recursos considerados indispensáveis à manutenção do apenado 
e seus familiares. 
Encontrando-se preso, a multa poderá ser descontada da remuneração do 
condenado, na conformidade com o artigo 170, caput, da Lei da Execução 
Penal. 
 
Conversão da multa e revogação 
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será 
considerada dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas da legislação 
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às 
causas interruptivas e suspensivas da prescrição. 
 
Tema — A presente alteração operada em nossa legislação criminal passa a 
considerar a multa pecuniária criminal, efetivamente aplicada e com 
trânsito em julgado, como dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que 
respeita à interrupção e suspensão prescricionais, fato este, por sinal, a 
ser observado conjuntamente com a mutação efetuada na redação do artigo 
114, especificamente relativa à prescrição de tal tipo de apenação. Como 
ministra odouto Rodolpho Leal, a “Dívida Ativa é constituída por aquela 
definida como tributária ou não tributária, sendo materializada por uma 
certidão e essa certidão será o título legítimo para início da execução. As 
dívidas tributárias, que são regidas pela lei 8.330, têm o prazo de 
prescrição de cinco anos constantes no Código Tributário Nacional. Ao passo 
que os créditos não tributários, como por exemplo, os previdenciários, têm 
o prazo prescricional de 10 anos, por ser dívida ativa não tributária e, 
por esta mesma razão, são regidos pela lei específica 8.212/91, da 
Seguridade Social.” 
Em função da mudança operada no caput do artigo em comento restou revogado, 
por total falta de aplicabilidade prática, o artigo 182, com seus dois 
parágrafos, da Lei de Execução Penal (nº 7.210, de 1984), onde se tratava 
da conversão da pena de multa em privativa de liberdade, o que fica vedado 
doravante entre nós. 
Em sendo assim, abre-se a possibilidade da cobrança executiva das multas 
aplicadas pelos Juízos criminais, utilizando-se, portanto, o Código 
Tributário Nacional e a Lei de Execução Fiscal. Pelo primeiro, a pena é 
considerada obrigação principal, constituindo-se em dívida ativa e somente 
se extinguindo com o seu respectivo crédito, consoante inteligência dos 
artigos 113, em conjunto com o seu parágrafo 1º; e 201. Esses preceitos 
encontram ressonância plena na já referida Lei nº 6.830/80. 
O que vimos ut retro, contudo, traz à baila problemas de aplicabilidade 
prática de tais executivos, em função de variáveis não atentamente 
vislumbradas, data maxima venia, pelo Legislador. Senão, vejamos. 
A primeira delas é que a Lei não especifica qual Fazenda Pública tornar-se-
á a credora da multa aplicada, se a federal ou a estadual. Lembremo-nos de 
que as multas serão aplicadas ora pela Justiça de âmbito federal, ora pela 
de âmbito dos Estados-Membros, gerando, destarte, a perplexidade. Queremos 
crer, contudo, inicialmente, tratar-se, sempre, da Fazenda Pública da 
União, vez que decorre de lei federal. Isto, sem dúvida, levará a um 
acréscimo ainda maior de execuções nas Varas especializadas e que, como é 
por demais sabido, tem andamento já excessivamente demorado, para não dizer 
infindável, pelo acúmulo de serviço. 
A segunda variável — e esta, sem dúvida, reveste-se de maior gravidade — 
diz respeito ao fato de que a dívida ativa da Fazenda Pública, a partir do 
momento gerador, acarreta em aplicação de correção monetária, juros, multa 
de mora e todos os demais encargos, tais como taxas, custas judiciais e, 
inclusive, honorários advocatícios. Ora, afora a atualização do valor 
monetário da pena de multa, tudo o mais, em nosso modesto entender, passa a 
ser um acréscimo indevido à reprimenda inicial e se caracterizando como 
penalização espúria, pois que carece do necessário processo legal, 
afigurando-se, portanto, não apenas como bis in idem, mas, acima de tudo, 
totalmente inconstitucional a teor do inciso LIV, do artigo 5º, da Lex 
Fundamentalis 
Ao depois, outra variável a ser devidamente sopesada e resolvida é a de que 
a execução fiscal pode ser intentada em desfavor não apenas do devedor, 
mas, também, do espólio e dos sucessores a qualquer título. Ora, isso 
implica em fazer passar a punição a outrem que não o próprio infrator. Tal 
prática, comum nas Idades Antiga, Medieval e Moderna, e anterior à 
subjetivação do Direito Criminal, de há muito se encontra superada, 
vetando, dessarte, a passagem da condenação da pessoa do delinqüente. É 
princípio cogente, em nosso ordenamento jurídico, que a execução penal tem 
por objetivo básico recompor a personalidade do condenado, possibilitando-
lhe a harmônica reintegração à Sociedade e que a pena é personalíssima, não 
se comunicando, por decorrência lógica, a qualquer outra pessoa. Impossível 
cogitar, por essa via, na transferência da obrigação do pagamento da pena 
de multa para o espólio ou sucessores do condenado, o que se nos apresenta 
como verdadeira aberração jurídico-penal. Observe-se, inclusive, mais a 
título de provocação, que uma das causas de extinção da punibilidade é a 
morte do agente — mors omnia solvit —, por inteligência do artigo 107, 
inciso I, do Código Penal, em combinação com o inciso XLV, do artigo 5º, da 
Lei Maior, restando, tão somente, as conseqüências civis. Some-se, ademais, 
que a superveniência de doença mental implica em suspensão da pena de multa 
(art. 52 do Código Penal). Ora, a morte, por evidente, impedirá a 
recomposição da personalidade do condenado e, por via de conseqüência, não 
mais terá sentido a efetivação da aplicação de multa ou de qualquer outra 
penalidade. Mais uma vez procurando guarida no ensinamento do insigne Lente 
Aníbal Bruno, temos que, com o falecimento do apenado, “cessa toda a 
atividade destinada à punição do crime, no que respeita ao morto: encerra-
se o processo penal em curso ou impede-se que ele tenha início, e a pena 
pronunciada ou em execução deixa de existir. Isso decorre naturalmente do 
princípio da personalidade da pena, preceito constitucional entre nós, que 
não permite que ela passe da pessoa do delinqüente, e, então, não pode ser 
sofrida por outrem nem prevalecer depois da sua morte. Esta última 
conseqüência, do mesmo modo que o princípio em que se apóia, é uma 
conquista do Direito Penal moderno (...) A regra tem validade para qualquer 
tipo de pena. A própria multa, que não escapa ao princípio da 
personalidade, embora não atinja o réu na sua pessoa, mas no seu 
patrimônio, extingue-se com a morte do agente. A multa é uma pena e que se 
destina a ser sentida como tal pelo condenado, com o fim de influir no seu 
reajustamento social. Morto o agente, ela perde a sua razão de ser, embora 
o patrimônio persista e passe aos herdeiros. Com isso, aliás, se cumpre a 
vontade da lei de que a punibilidade se extinga, qualquer que seja a 
natureza da pena em que se exprima.” 
Ao cabo, resta por anotar uma quarta variável, qual seja, a posição do réu 
pobre condenado e cuja defesa esteve a cargo da Assistência Judiciária, por 
força do principio constitucional estatuído no inciso LXXIV, do artigo 5º, 
da Carta Magna, e pela lei infraconstitucional.
2
 Ora, não se encontrando um 
determinado infrator penal em condições de arcar com quaisquer despesas 
processuais, como poderá o mesmo suportar uma reprimenda pecuniária? Deve, 
então, o Juiz aplicar-lhe a sanção e já na certeza de que ela se 
transformará em dívida ativa e que, certamente, estará fadada à prescrição? 
Não será, tal apenação, a priori, inócua e de nenhuma serventia? São 
indagações evidentemente provocativas, mas partidas da preocupação natural 
de política criminal e que parecem merecer o devido debate. 
 
Suspensão da execução da multa 
Art. 52. É suspensa a execução da pena de multa se sobrevem ao condenado 
doença mental. 
 
Tema — O mandamento é claro e tornando supérfluo qualquer observação, 
encontrando-se o seu comando reproduzido no artigo 167 da Lei de Execução 
Penal. 
 
2 Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950.

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