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O Contrato Social de Rousseau

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O contrato social: Um marco para o direito 
» Mayk Carvalho Santana 
RESUMO: A passagem do homem de um estado de natureza para um estado civil, 
e por consequência, existiria ai, a formação de uma relação de soberania e poder entre 
os homens. Um pacto social que estabelece igualdade de condições para os cidadãos. 
Para ele, é a propriedade privada que possibilitou essa mudança, do estado de natureza 
para o estado civil, e dessa forma, o homem começaria a se tornar o fruto da sua própria 
evolução 
. 
PALAVRAS-CHAVE: Contrato; sociedade; evolução; estrutura social; direito. 
 
1 Introdução 
Rousseau tenta buscar os verdadeiros princípios do direito político, 
fundamentando as bases do estado. O livro aborda temas como: o estado de natureza, 
no qual os indivíduos viveriam isolados desconhecendo lutas sociais, estado civil que 
seria um estágio evoluído em relação ao estado natural do homem, ele decide viver 
em comunidade. Trata ainda do exercício da soberania relacionando-a ao poder como 
autoridade suprema, independência que seria exercida pelo povo, diferenciando do 
que seria governo, ou seja, certa pessoa ou conjuntos de pessoas que administram o 
estado. A idéia de propriedade privada também é abordada, como um dos motivos 
que levariam o ser humano a fazer um contrato social, este o principal tema do livro. 
A obra Do contrato social traz, inicialmente, a questão da legitimidade da 
soberania do estado, o autor diz não saber como resolver o problema, pois ela foi 
imposta pela força, mas acredita que poderia legitimá-la. Na sua concepção, o povo 
que obedece, age corretamente, se não, agem bem melhor, porque se usurparam sua 
liberdade pela forte têm o direito de retomá-la da mesma forma. A liberdade é 
intrínseca ao ser humano e esse tem por instinto sua própria conservação, tornando-
se adulto e independente (fase da razão segundo Rousseau) somente constitui família 
(primeiro modelo das sociedades políticas), caso a supressa dessa liberdade, o 
proporcione algum proveito. 
 
 
 
 
 
2 O contrato social 
Rousseau esclarece sobre a passagem do homem de um estado de natureza 
para um estado civil, e por consequência, existiria ai, a formação de uma relação de 
soberania e poder entre os homens. Um pacto social que estabelece igualdade de 
condições para os cidadãos. Para ele, é a propriedade privada que possibilitou essa 
mudança, do estado de natureza para o estado civil, e dessa forma, o homem 
começaria a se tornar o fruto da sua própria evolução. 
A sociedade deveria ser regida por um contrato social que versasse sobre o 
bem comum, ou seja, o cidadão deveria ceder parte da liberdade individual para o bem 
da coletividade. Explicando melhor, Rousseau assevera: 
 
A primeira e mais importante conseqüência decorrente dos princípios até 
aqui estabelecidos é que só a vontade geral pode dirigir as forças do 
 Estado de acordo com a finalidade de sua instituição, que é o bem comum, 
 porque, se a oposição dos interesses particulares tornou necessário o 
estabelecimento das sociedades, 
foi o acordo desses mesmos interesses que o possibilitou. 
O que existe de comum nesses vários interesses forma o liame social e, 
se não houvesse um ponto em que todos os interesses concordassem, 
nenhuma sociedade poderia existir. 
Ora, somente com base nesse interesse 
comum é que a sociedade deve ser governada...Afirmo, pois, que a soberania, 
não sendo senão o exercício da vontade geral, jamais pode alienar-se, e que o soberano, 
 que nada é senão um ser coletivo, só pode ser representado por si mesmo. 
O poder pode transmitir-se; não , porém, a vontade... 
A soberania é indivisível pela mesma razão por que 
 é inalienável, pois a vontade ou é geral, ou não o é; 
ou é a do copo do povo, ou somente de uma parte. 
No primeiro caso, essa vontade declarada é um ato de soberania e 
 faz lei; no segundo, não passa de uma vontade particular ou de um ato de 
magistratura, quando muito, de um decreto.(Rousseau, 2009, p. 43 ). 
 
E a partir daí, surge uma noção de soberania como a conhecemos, uma 
vontade geral que deve ser respeitada, pois o poder político é oriundo do povo, e este 
seria o verdadeiro detentor do poder soberano. 
Para Rousseau, o pacto social daria vida ao corpo social e as leis dariam o 
movimento e a vontade. As leis seriam condições da associação civil, sendo 
necessário conhecer o povo que a ela se submeterá. Dessa forma, a ordem do pacto 
se basearia na consciência do homem, preparando-os para o comportamento 
adequado e necessário para o convívio em comunidade. 
 
 
Ele fala sobre a democracia, aristocracia e monarquia, mas salienta que a 
democracia muda de forma mais continua, e é por isso que o cidadão deveria ter cada 
mais força para manter sua liberdade, segundo Rousseau (2009. p.86), “ se existisse 
um povo de deuses, governar-se-ia democraticamente, governo tão perfeito não 
convém aos homens”. 
Lembramos, nesta obra o autor faz uma distinção entre o estado e a religião e 
mostra que um não deveria interferir no outro, traçando aquilo que seria conhecido 
futuramente como: Estado Moderno. 
A professora de filosofia da USP Marilena Chauí conceitua que, o estado de 
natureza tem a função de explicar a situação pré-social na qual os indivíduos existem 
isoladamente. E traz de forma brilhante a concepção do estado de natureza a partir 
dos ensinamentos de Rousseau: 
No estado de natureza, os indivíduos vivem isolados pelas florestas, sobrevivendo 
com o que a natureza lhes dá, desconhecendo lutas e comunicando-se pelo gesto, 
pelo grito e pelo canto, numa língua generosa e benevolente. Esse estado de felicidade 
original, no qual os humanos existem sob a forma do bom selvagem inocente, termina 
quando alguém cerca um terreno e diz: "É meu". A divisão entre o meu e o teu, isto é, 
a propriedade privada, dá origem ao estado de sociedade, que corresponde, agora, 
ao estado de natureza hobbesiano da guerra de todos contra todos.(Chauí, 2000, p.220) 
Rousseau faz parte da escola contratualista, segundo Dallari (1998 .p.13) , esta 
num sentido amplo,compreende a todas aquelas teorias políticas que vêem a origem 
da sociedade e o fundamento do poder num contrato, isto é, num acordo tácito ou 
expresso entre a maioria dos indivíduos, acordo que assinalaria o fim do estado natural 
e o início do estado social e político. Num sentido mais restrito, por tal termo se 
entende uma escola que floresceu na Europa entre o começo do século XVII e o fim 
do XVIII e teve seus máximos expoentes em Hobbes, Locke, Rousseau, Kant . Por 
escola entendemos aqui não uma comum orientação política, mas o comum uso de 
uma mesma sintaxe ou de uma mesma estrutura conceitual para racionalizar a força 
e alicerçar o poder no consenso. 
O que toda essa avaliação sobre a obra tem em comum com o direito das 
obrigações? Na verdade, vê-se que, há sim, um ponto fundamental e comum, o direito 
das obrigações é regido pelo princípio da autonomia da vontade, nele se funda a 
liberdade contratual das partes, consistindo no poder de estipular livremente, como 
melhor lhes convier, mediante acordo de vontades, a disciplina de seus interesses, 
tutelados pela ordem jurídica. Lembramos que, essa autonomia, atualmente, seguindo 
a constituição federal de 1988 (art.170,III) e o artigo 421 do novo código civil, é 
limitada pela chamada função social do contrato, ou seja, o contrato deve ser firmado 
para o interesse privado, mas sem ferir os interesses da coletividade. Sendo assim, 
tanto as ideias afirmadas nesta obra como o princípio primordial do direito das 
obrigações têm o mesmo enfoque, o bem comum. 
3 Conclusão 
Enfim, do contrato social é uma importante obra que nos traz um arcabouço 
teórico muito vasto, consegue trabalhar vários temas sem perder o foco principal. É 
preciso lembrar que se trata
de uma verdadeira obra prima, já que traça os princípios 
daquilo que será conhecido, mais adiante, como Estado Moderno. Sua influência na 
Revolução Francesa é notória, suas idéias políticas serviram de inspiração ideológica 
aos pensamentos daquela época. Apesar disso, Rousseau mostra-se em desarmonia 
com a teoria do liberalismo, pois não concebia um estado sem a participação ativa do 
povo, como verdadeiro senhor da soberania. 
O presente trabalho tem como objetivo discutir a obra Do contrato social em 
face de uma pequena relação com direito das obrigações, em foco, o princípio da 
autonomia da vontade. Sendo assim, será de grande utilidade para todos aqueles que 
se interessam pelo estudo do renomado mestre Rousseau, e principalmente para 
estudantes de direito. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do 
Brasil.Organização de Alexandre de Moraes. 16.ed. São Paulo: Atlas,2000. 
CHAUÍ, Marilena. Filosofia. 1.ed. São Paulo: Ática, 2008. p.220-223 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do estado. 2.ed.São 
Paulo: Saraiva, 1998. 
ROUSSEAU, Jean Jacques. Do contrato social ou princípios do direito político. 
Tradução: Pietro Nassetti.3.ed. São Paulo: Martin Claret, 2009. 
 
Fonte: http://www.conteudojuridico.com.br/?colunas&colunista=36160_&ver=1332.

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