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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS – UNEAL CAMPUS III – PALMEIRA DOS ÍNDIOS LICENCIATURA EM HISTÓRIA SHEYLA CRISTINA SALUSTIANO O PROCESSO POLÍTICO DE COITÉ DO NÓIA (AL): DE 1827 A 1977. PALMEIRA DOS ÍNDIOS 2015 SHEYLA CRISTINA SALUSTIANO O PROCESSO POLÍTICO DE COITÉ DO NÓIA (AL): DE 1827 A 1977. Trabalho de conclusão do curso de História da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), apresentado como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Historia, sob a orientação do Prof. MsC. Luziano Pereira Mendes de Lima PALMEIRA DOS ÍNDIOS 2015 SHEYLA CRISTINA SALUSTIANO O PROCESSO POLÍTICO DE COITÉ DO NÓIA (AL): DE 1827 A 1977. Trabalho de conclusão do curso de História da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL – CAMPUS III) Palmeira dos Índios apresentados como pré- requisito para obtenção do grau de licenciado em História, sob a orientação do Prof. MsC. Luziano Pereira Mendes de Lima Palmeira dos Índios, ______ de___________ de 2015. COMISSÃO EXAMINADORA: ____________________________________________ Prof. MsC. Luziano Pereira Mendes de Lima Universidade Estadual de Alagoas _____________________________________________ Prof. MsC. José Adelson Lopes Peixoto Universidade Estadual de Alagoas ________________________________________ Prof. Esp. Roberto Calabria Guimarães da Silva Universidade Estadual de Alagoas A memória na qual cresce a História, por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma que a memória coletiva sirva de libertação e não de servidão dos homens. LE GOFF Dedico especialmente esse trabalho a minha família, especialmente a minha mãe pelo incentivo e apoio e ao amigo Ademir da Silva pela contribuição. AGRADECIMENTO Agradeço a Deus, em primeiro lugar, pela força e coragem durante toda esta longa caminhada. A minha mãe Zélia Braúna por todos esses anos de companheirismo, pelo apoio, nos maus ou bons momentos e por me incentivar nesta profissão a qual escolhi para seguir. Aos meus irmãos Edivaldo e Luzia que me incentivaram a nunca desistir nos momentos difíceis da consolidação deste trabalho. Agradeço principalmente ao meu orientador, Luziano exemplo de profissional que aceitou o convite para a orientação deste trabalho, ao qual sou grata, pela paciência, dedicação e por todo conhecimento transmitido e compartilhado. Agradeço também ao parceiro de pesquisa Ademir da Silva Santos por se disponibilizar a ajudar-me em todos os procedimentos para a realização de um trabalho de relevância historiográfica para a sociedade coitenense. Aos professores do departamento de História da Uneal, por todos esses anos de transmissão segura e paciente de conhecimento. Aos meus amigos da Uneal, da turma de História, em especial Anália Carolina, Edileide Palmeira, Antenora Anselmo, Isabelle Barros, Ademir da Silva e Vitória Paixão, que me incentivaram e apoiaram entrando assim para a minha história, e por isso, jamais serão esquecidos. Finalmente, agradeço a todos que colaboraram para o êxito deste trabalho. RESUMO Esse trabalho tem por objetivo analisar o poder político do Sitio Coité, sua representatividade e desmembramento de Limoeiro de Anadia no séc. XX. Dando atenção ao processo de Emancipação Política em 1963, tendo foco em analisar as ações dos dois primeiros Prefeitos, Ernesto Higino da Silva e Manoel Sebastião da Silva. Veremos os avanços sociais, atos administrativos e construções de diversos prédios públicos de ambas as gestões, o apogeu do desenvolvimento urbano e consequentemente avanços na comunicação com demais localidades e cidades alagoanas. O trabalho também retrata a questão da Ditadura Militar no Estado de Alagoas seus efeitos na cidade recém fundada, de Coité Nóia. O município localiza- se na região agreste do Estado de Alagoas. Esse trabalho está fundamentado em autores como, LE GOFF, HALBWACHS Maurice, KOSSOX Boris entre outros. A metodológica adotada parte das informações coletadas durante as pesquisas de campo, fontes documentais dos Arquivos Públicos das Prefeituras Municipais de Coité do Nóia e Limoeiro de Anadia e Câmaras de Vereadores de ambas as cidades, fotografias e entrevistas com 22 moradores incluindo lideranças políticas. A oralidade é uma das principais fontes de memória, enquanto unindo-se com documentos trazem elementos e fontes importantíssimas para a história de uma comunidade. Esse trabalho organiza vários elementos de memória dispersas, visando uma compreensão do processo político de desenvolvimento histórico da cidade de Coité do Nóia. Palavras- Chaves: Política, Emancipação, Governos, Coité do Nóia. BSTRACT This work aims to analyze the political power of Coité village, its representativeness and dismemberment of Limoeiro de Anadia in the century. XX. Giving attention to Emancipation policy process in 1963 and focus on analyzing the actions of the first two Mayors, Ernesto Higino da Silva and Manuel Sebastião da Silva. We will see the social advances, administrative acts and constructions of various public buildings of both administrations, the heyday of urban development and therefore advances in communication with other locations and Alagoas cities. The work also portrays the question of military dictatorship in the State of Alagoas its effects on the newly founded city of Coité Nóia. The municipality is located in the rugged region of the State of Alagoas. This work is based on authors such as, LE GOFF, HALBWACHS Maurice, KOSSOX Boris among others. The methodology adopted part of the information collected during the field research, documentary sources from the Public Archives of Coité of Municipalities of Noia and Limoeiro de Anadia and City Councils of both cities, photographs and interviews with 20 residents including political leaders. Orality is a major source of memory, while uniting with documents bring elements and very important sources for the history of a community. This work organizes several scattered memory elements, seeking an understanding of the political process of historical development of the city of Coité of Noia. Words- Keys: Politics, Emancipation, governments, Coité of Noia. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Localização do Município de Coité do Nóia no mapa de Alagoas ............... 14 Figura 2 Localização do Sítio Coité no Mapa de Limoeiro de Anadia ....................... 15 Figura 3 Foto do Pé de Coité ....................................................................................19 Figura 4 Foto do Sr. Ernesto Higino da Silva ........................................................... 21 Figura 5 Localização de Limoeiro de Anadia em 1957 .............................................. 25 Figura 6 O mapa de Alagoas tem o formato de uma pistola ..................................... 31 Figura 7 I Festa de Emancipação Política ................................................................. 35 Figura 8 Reunião com o Governador do Estado e a População de Coité do Nóia .... 36 Figura 9 Ato de Solenidade de assinatura do termo de Emancipação Política ......... 36 Figura 10 Encontro com as autoridades .................................................................... 37 Figura 11 Alunos do Município de Coité do Nóia em 1963 ....................................... 40 Figura 12 Foto do Primeiro Prefeito eleito pelo voto popular .................................... 42 Figura 13 Ata da primeira reunião da Câmara de Vereadores e assinatura dos 1º vereadores eleitos ..................................................................................................... 43 Figura 14 Ata da reunião para definir o presidente de Câmara ................................. 44 Figura 15 Câmara de Vereadores de Coité do Nóia ................................................. 48 Figura 16 Ato de solenidade da nova instalação da Câmara de Vereadores de Coité .................................................................................................................................. 49 Figura 17 Coité do Nóia – Dimensão do Núcleo urbano ........................................... 52 Figura 18 Foto da Srª. Regina Bezerra da Silva ........................................................ 55 Figura 19 Imagem da Escola Dom Pedro I, na década de 1970 ............................... 56 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12 CAPITULO I DA COLONIZAÇÃO A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DO SÍTIO COITÉ. ..................... 14 CAPITULO II A POLÍTICA E OS POLITICOS DE COITÉ DO NÓIA NOS ANOS DE 1963 A 1970..... ..................................................................................................................... 29 CAPITULO III A PARCERIA DOS GOVERNOS DOS SR.S ERNESTO HIGINO E MANOEL SEBASTIÃO E A RUPTURA POLÍTICA DE AMBOS NO CENÁRIO POLÍTICO MUNICIPAL. .............................................................................................................. 48 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................... 61 APÊNDICES ............................................................................................................. 63 ÍNDICE APÊNDICE I PAGAMENTO DO ALUGUEL DO SALÃO ONDE FUNCIONAVA A PREFEITURA MUNICIPAL DE COITÉ DO NÓIA ..................................................... 64 APÊNDICE II FOLHA SALARIAL DO SR. ERNESTO HIGINO E DE SUA ESPOSA REGINA BEZERRA DA SILVA E DE ALGUNS FUNCIONÁRIOS ............................ 64 APÊNDICE III LÁPIDE DO SR. JOÃO PEREIRA DA SILVA, DOADOR DO TERRENO PARA A CONSTRUÇÃO DA IGREJA DO ALTO SANTO ANTONIO ..... 66 APÊNDICE IV IMAGEM DA CAPELA DE SÃO BENEDITO .................................... 67 APÊNDICE V IMAGENS DAS PRIMEIRAS OBRAS CONSTRUIDAS NO GOVERNO DO SR. MANOEL SEBASTIÃO DA SILVA ............................................ 67 APÊNDICE VI ATA DE INSTALAÇÃO DA NOVA CÂMARA DE VEREADORES DE COITÉ DO NÓIA ....................................................................................................... 69 APÊNDICE VII RECIBO DE VENDA DO TERRENO PARA A CONSTRUÇÃO DO AMBULÁTORIO MÉDICO ......................................................................................... 70 APÊNDICE VIII RECIBO DE PAGAMENTO DA SRª. MARIA SALETE DA SILVA, COMO ENCARREGADA DO POSTO DOS CORREIROS ....................................... 70 APÊNDICE IX IMAGENS DO NÚCLEO CENTRAL DO PERIMENTRO URBANO...... .................................................................................................................................. 71 INTRODUÇÃO Este trabalho busca analisar o processo político da cidade de Coité do Noia, desde sua ocupação territorial, quando pertencia ao município de Limoeiro de Anadia, até o século XX. Dedicou-se especial atenção para sua composição organizacional e política e os desdobramentos decorrentes de sua emancipação e todo o processo de construção do município. Utilizando através da historia local, de fotografias do acervo pessoal do Sr.Ernesto Higino e de documentos da prefeitura municipal, da câmara de vereadores e de entrevistas de moradores da cidade que trazem de volta muitas lembranças para a concretização da formação sócio-política do município. Com isso, o objetivo deste trabalho é conhecer e mostrar as origens da política local, suas influências que se mantêm presentes em Coité do Noia adentrando até o século posterior. E é a partir deste trabalho monográfico, que as pessoas irão ter acesso a informações sobre como se iniciou o processo político local. Para entender como se deu a composição política de Coité do Noia, foi necessário fazer um percurso histórico desde sua povoação, desmistificando a história tradicional onde eleva a família Noia como desbravadora da região, até o rompimento das bases aliadas, dos dois maiores representantes da política local, os Srs. Ernesto Higino da Silva e Manoel Sebastião da Silva. Partindo dessa premissa iremos prosseguir, com os principais acontecimentos no Brasil e em Alagoas durante a Ditadura militar e suas consequências no cenário da política de Coité do Noia. Assim sendo, o presente trabalho monográfico, objetiva analisar o interesse político de cada um dos protagonistas que fizeram parte da composição política de Coité, ate o século XX. Durante as pesquisas de campo realizadas na prefeitura municipal de Coité do Noia e ambas as câmaras de vereadores de Coité e Limoeiro de Anadia, foram feitas imagens fotográficas e entrevistas realizadas com alguns moradores do município de Coité que serão discutidas neste trabalho. Subsidiaram este trabalho, obras de autores da região como: Gilberto Barbosa, Nicodemos Jobim e Castro Neto. 13 Visando concretizar os objetivos expostos, este trabalho encontra-se configurado em três capítulos contendo imagens fotográficas do acervo pessoal do Sr. Ernesto Higino da Silva, câmara de vereadores de Coité do Noia e Limoeiro de Anadia, mapas e copias de documentos da prefeitura municipal de Coité do Noia. No primeiro capitulo, falar-se-á do inicio de povoamento do Sítio Coité pela população branca e escrava na região, sua localização no mapa de Limoeiro de Anadia, suas principais lideranças políticas e o desenvolvimento do processo que acarretaria a Emancipação Política do município. No segundo capítulo, veremos que a emancipação política de Coité do Noia aconteceu meses antes de um período turbulento da história do Brasil: A Ditadura Militar. Observaremos todas as dificuldades que o Sr. Ernesto Higino da Silva, primeiro prefeito por decreto do município, teve para emancipar a cidade e a sua parceria com seu aliado político o Sr. Manoel Sebastião da Silva para a sucessão ao cargo do executivo municipal. Tendo a população direito ao voto, a partir de 1966, elegendo o Sr. Manoel Sebastião da Silva, mas conhecidocomo Sr.”NOEL”, como primeiro prefeito constituído pelo voto popular e elegendo também os representantes da câmara municipal. No terceiro capítulo, vamos falar sobre a dobradinha de governo dos respectivos Srs. Ernesto Higino e Manoel Sebastião, a contribuição que cada governo deu para a evolução do município, junto com a participação da Sr. Regina Bezerra da Silva esposa do Sr. Ernesto Higino. E a ruptura dos mesmos no cenário da política local, onde cada um apresentou uma versão diferente para a fragmentação da união política. CAPITULO I DA COLONIZAÇÃO A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DO SITIO COITÉ. O município de Coité do Nóia está localizado no Agreste de Alagoas na região central do estado e na microrregião de Arapiraca. Limitando-se ao norte com Igaci, ao sul com Limoeiro de Anadia e Arapiraca, a leste com Taquarana e a oeste com Arapiraca e Igaci. Sua sede tem uma altitude aproximada de 280 m e coordenadas geográficas de 9°37‟56,0‟‟ de latitude sul e 36°34‟43,0‟‟ de longitude oeste, segundo CPRM (Serviços Geológicos do Brasil). Com uma população de 10.926 habitantes, deste total 3.737 vivem na zona urbana e 7.189 vivem na zona rural; verifica-se que a maior parte da população vive na zona rural, com uma área de aproximadamente 88 km², segundo dados do último senso do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2010. FIGURA 1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE COITÉ DO NÓIA NO MAPA DE ALAGOAS. ESTADO DE ALAGOAS 0 12 24 km N PERNAMBUCO SERGIPE PE RN AM BU CO BAHIA OC EA NO AT LÂ NT IC O Rio São Francisco Fonte: LIMA, I. F. Geografia de Alagoas. São Paulo: Editora do Brasil S/A, 1965 (Coleção didática do Brasil, vol. 14). 15 FIGURA 2 LOCALIZACÃO DO SITIO COITÉ NO MAPA DE LIMOEIRO DE ANADIA. Fonte: IBGE - Mapa do município de Limoeiro de Anadia no qüinqüênio 1954/58 O território do município denominado atualmente de Coité do Nóia, pertence desde o séc. XIX ao Estado de Alagoas, vinculado em sua origem ao município hoje denominado de Marechal Deodoro, somente a partir de 1838 ficou na jurisdição da Vila e Comarca de Anadia. Em 23 de novembro de 1842 a Câmara de Anadia criou o Distrito Policial e Civil de Limoeiro. Nesta legislatura, José Gregório da Silva, natural do sítio Brejo, era o representante político de Limoeiro na Câmara da Vila de Anadia. A subdelegacia de Limoeiro policiava uma área de: 12 léguas quadradas com 23 quarteirões, conhecidos por: Limoeiro, Ribeira, Laranjeira, Gequiá de Cima, Peripiri, Canabrava, Tapauna, Árvore Comprida, Canudos, Lagôa Grande, Passagem do Vigário, Cruzes, Gulandim, Coité, Oitizeiro, Volta da Telha, Poço da Pedra de Cima, Poço da Pedra de Baixo, Lagoa do Pé Leve, Rio dos Bichus, Mangabeira, Lagôa do Rancho. (JOBIM, 1881, p.37-38) Essa divisão territorial somente foi definida em sessão extraordinária no dia 22 de agosto de 1844. Divisão essa que fez o território do antigo sítio Coité e posterior Vila de Coité ser policiada por Limoeiro. A história do sitio Coité tem suas problemáticas. Pois o que sabíamos sobre a família Noia era apenas a partir da oralidade de moradores antigos da cidade, que diziam apenas que ela existiu. Levando durante muitos anos varias gerações 16 indagarem, porque Coité do Noia, e não do índio, do escravo ou de todos. Dessa forma, para melhor compreendê-la precisa-se trazer para história local o homem comum, seu modo de vida, seus costumes e suas práticas sociais. Assim, o ponto de partida para descrever o passado é desmistificar a história tradicional, que eleva a família Noia como colonizadora da região, esquecendo-se dos índios, muitos deles pegos nas matas para trabalhar como escravos nas terras das famílias ricas, bem como os negros trazidos à força da África para serem escravizados em terras coitenenses. Tal resgate contribui para uma história mais ampla na construção de uma identidade pluricultural. Precisa-se trazer para a história local, as práticas vividas das pessoas simples e suas memórias, para contribuir com a ampliação da historiografia de Coité. Pois seria contraditório falar da história política do município sem trazer para o cenário o cidadão comum. Deste feito, aqui trazemos para nossa atualidade homens que contribuíram dentro desta realidade, pois destacamos a importância dos mesmos para que um trabalho desta natureza seja realizado com sucesso. Segundo (LE GOFF, 1996, p.41). ”A memória na qual cresce a História, por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma que a memória coletiva sirva de libertação e não de servidão dos homens”. A memória ajuda na formação identitária de um povo, pois estabelece sua existência e possibilita resgatar e retratar os modos de vida e costumes, vivenciados em cada comunidade. Dando oportunidade e maneiras de reagir perante seu passado, mesmo que ele tenha sido um passado de dificuldades ou conquistas. O processo de povoamento pela população branca e escrava, na região do Sítio Coité, possivelmente deve ter ocorrido devido ao processo de desenvolvimento da província de Alagoas. No final do século XVIII o Capitão Antônio Rodrigues da Silva, avô de Basílio Estevão da Costa, procedente de Taperaguá, povoação da Vila de Alagoas (atualmente Marechal Deodoro) comprou a Amaro Alves Bezerra de Castro as propriedades Cruzes e Oitizeiro, estabeleceu às margens do rio Coruripe, dando início à criação de gado na região. Seus netos e bisnetos povoaram as localidades de Cana-Brava (atualmente Taquarana) e Sítio Brejo, Boqueirão, Oitizeiro e Sítio Coité (atualmente Coité do Nóia). No Sítio Coité como em toda parte da Província de Alagoas, a população era formada por índios, escravos, pertencente às famílias patriarcais da região. A base 17 econômica fundamentava-se na agricultura, sendo o algodão e a mandioca as principais plantações. Outro fator importante era a criação intensiva de gado e de animais cavalares. As casas-grandes eram de telha e taipa como também os engenhos de descaroçar algodão e as casas de farinha, além das senzalas. A região de Coité depois do fim da escravidão sofreu um processo de abertura para outras famílias, dentre elas, a do senhor Antonio Pedro de Albuquerque, Manoel Cazuza, os Evangelistas, os Bernardino e Virgens, que tiveram a idéia de que as terras eram melhores para o plantio e criação de gado, fazendo com que o sitio tomasse forma de povoado. Em recente entrevista realizada pelo pesquisador Ademir da Silva com o Srs. Ernesto Higino, Geraldo Higino e Daniel Dionísio, políticos e moradores da cidade, fez-se menção, sobretudo a que seus pais contavam que o povoamento aconteceu antes de 1880, pois, na região, já havia engenho e capitães com seus respectivos escravos1. Essa perspectiva corrobora o pensamento de Halbwchs (2006 p. 71) que diz É nesse sentido que a história vivida se distingue da história escrita: ela tem tudo o que é preciso para construir um quadro vivo e natural em que um pensamento pode se apoiar, para conservar e reencontrar a imagem de seu passado. O historiador Ademir da Silva Santos, em sua monografia intitulada „„SÍTIO COITÉ: Apontamentos a partir de fontes documentais primárias do século XIX e fontes orais da atualidade” traz o embasamento para a problemática a respeito da escravidão de índios e africanos, principalmente, de Angola, e sobre as famílias patriarcais da região. Existindo problemática entorno da família Nóia, se ela antes do casamento de Basílio com Anna já morava na região, de quem comprouou recebeu as terras. Informações essas difíceis de desvendar pelo o abandono e destruição dos documentos seculares existentes nos cartórios e igrejas. O poder político de algumas famílias do século XIX se perpetuou adentrando sua influência no século posterior. Por isso, existe a necessidade de se fazer um percurso reflexivo sobre o século XIX para entender-se como se constituiu a população coitenense nesse processo histórico e as relações de poderes estabelecidas na sociedade em estudo. ______________________ 1 Entrevista realizada pelo historiador Ademir da Silva em 15 de agosto de 2013. 18 O povoamento da região se deu no início do século XIX, mas esse processo ampliou-se nas primeiras décadas do séc. XX com a chegada de várias famílias oriundas de outras cidades e estados. Outro fator importante na história de Coité foi sua localização na parte central do Estado de Alagoas, onde grupos do sertão e zona da mata tinham que passar pela região para o transporte de mercadorias e cartas, prestação de serviços de grande valia proporcionando a comunicação entre as regiões. Segundo Loureiro Isabel (2000, p. 44). Assim iam eles abrindo novas rotas de penetração. Onde tomavam rancho, lá ficava uma tapera abandonada e muitas delas posteriormente, foram ocupadas por tropeiros aventureiros que resolvia ali se fixar com a família atraindo outros moradores, dando inicio a novos agrupamentos de casas e mais uma povoação, ali se formava. Por ser um local estratégico entre as partes do Estado, muitos viajantes se fixaram, construindo pontos de apoio. Eram homens simples, conhecidos por almocreves, eles por si só não foram responsáveis pelo povoamento da localidade, mas contribuíam não só com o aumento populacional, como também com o abastecimento de mantimentos que ali não se produziam. Vale ressaltar que em nenhum momento da história local esse grupo social foi lembrado. Por isso, é preciso entender a realidade em que a Vila e posterior o Distrito se encontravam para compreender de forma mais ampla o contexto social de Coité do Nóia antes de sua Emancipação Política. Os almocreves que se destacaram na região de Coité do Nóia foram o Sr. Andrelino Inácio, Laurindo Fogo, Feliciano Inácio, Sr. Siqueira, Manoel Eugênio, Sr.Vicente, Manoel Lourenço, Mané Guerra, Isidoro Bernardo Povoado Cruzes, Luiz Craveiro, Avelino Inácio, Geraldo Higino, Pedro Braúna, Sebastião Marques, Didi Porto e José João. Segundo Alfredo Inácio Soares 78 anos, filho de Feliciano Inácio Soares e neto de Laurindo Inácio Soares, conhecido por Laurindo Fogo. Eles se criaram... Eram almocreves, carregando sal, carregando açúcar, carregando coco do Coruripe da Praia, tudo isso eles faziam, dormindo no campo. A ordem do veio do finado Laurindo... Os filhos não tinham direito de dormir em rancho dentro de casa, chegava no campo podia ser no inverno com 15, 20 burros carregados...chegava nessa Lagoa de Santa Luzia soltava a carga vindo de Coruripe, quando anoitecia a dormida era debaixo da cangaia e ele vinha com o cavalo bom dele, para o rancho dormir, com uma bolsa as vezes tira colo, com seu revólve dentro da bolsa, quando era bem cedo, de madrugada ele riscava, e dizia: carrega os burros e vamos embora.. .Eu não fui um almocreve direto, igual aos meus tios, mas fui uma rama acompanhando os irmãos do meu pai também 2 . _____________________ 2 Entrevista realizada pelo historiador Ademir da Silva em 20 de setembro de 2013. 19 Assim, esses desbravadores abriam novas rotas. A viagem em grupo se tornava menos cansativa e menos perigosa nas travessias desertas. Eles sabiam onde ficavam os ranchos de apoio nos quais as tropas se encontravam, arreando as cargas, faziam fogo e se reuniam conversando, compartilhando notícias e até mesmo cantando. Segundo Loureiro (2000, p. 44) (...) „‟a frente de cada tropa ia a burra madrinha com seu chocalho sonoro que servia para orientar onde encontrá- la com os demais burros, na hora de repor a carga e continuar a jornada”. A denominação do nome da cidade de Coité do Noia faz referência a uma árvore chamada Coité. Este depois de seco é utilizado pela população como cuia, uma vasilha pequena que serve como recipiente para pegar ou guardar diversos objetos e para fazer artesanato. O fruto da árvore não é comestível e demora de seis a sete anos para atingir o tamanho necessário, chegando a pesar de três a quatro quilos. Sua polpa até o presente momento, não tem utilidade. A figura 3 mostra um pé de coité, que se encontra na cidade como cartão postal da mesma. FIGURA 3 - FOTO DA ÁRVORE DE COITE LOCALIZADOS NA CIDADE. Fonte: Djalma foto vídeo digital, 2010. Encontra-se na região, árvores de Coité cheios de frutos que servem para embelezar casas e praças, e foram utilizados também como referência ao nome da 20 cidade. A região enquanto povoado, na época pertencente à Limoeiro de Anadia, formou-se a partir de migrações de povos vindo das regiões vizinhas. Tendo em vista a importância que aquela Vila representava para Limoeiro de Anadia a região já apresentava características de desenvolvimento econômico, pois constava que, em 1928 Limoeiro contava com alguns estabelecimentos comerciais, para a venda de tecidos, miudezas e gêneros de estivas. Segundo o anuário comercial de Alagoas, em 1928 existiam algumas feiras livres no município de Limoeiro (ANUARIO Apud NARDI, 2010). Provavelmente se tratava das feiras da sede municipal, de Coité do Noia, e de Taquarana. É possível que devido a importância dessas atividades, pouco demorou para que Coité tivesse sua representação no legislativo da política local. A participação política da Vila de Coité em Limoeiro teve início com a família do capitão Manoel Sebastião da Silva, primo de Basílio Estevão da Costa, que foi um dos patriarcas da família Sebastião, e que residia na localidade, como relata Santos ( 2014, p.26): Na Ação Civil nº. 21 de 1876 e Audiência Civil nº. 27 de 1877, documentos esses do Cartório do Único Ofício de Limoeiro, consta que o Capitão Manoel Sebastião da Silva foi um dos moradores da localidade, possuía moradas e terras, no Sítio Coité e em Xexéu, região próxima a Vila de São José, antiga Lagoa do Rancho, município de Arapiraca. Dessa forma assim, comprovado que o capitão Manoel Sebastião da Silva, possuidor de terras e moradas tanto na região de Coité, como em outras localidades, fixou residência nesta região. Podemos discutir a participação política do Sr. Antonio Sebastião da Silva, filho do capitão Manoel Sebastião da Silva, que e avô do ex prefeito Manoel Sebastião da Silva conhecido como “Senhor Noel”. O Sr. Antonio foi vereador por Limoeiro em dois mandatos, um pelo período de 1947 a 1951 e o outro pelo período de 1952 a 1955. Seu sogro o Sr. Manoel Barbosa da silva, também foi vereador por Limoeiro por dois períodos, o primeiro de 1956 a 1960 e o outro de 1961 a 1965, conforme será observado na tabela posterior, da pagina 24, deixando claro que existiam certos acordos entre genro e sogro, pois no momento em que um era vereador o outro se afastava. Inclusive, o Sr. Antonio Sebastião da Silva apoiava o Sr. Ernesto Higino da Silva na luta pela emancipação da Vila de Coité. 21 FIGURA 4-FOTO ERNESTO HIGINO DA SILVA. Fonte: Sheyla Cristina, 2014. O Sr. Ernesto Higino da Silva, filho do Sr. Higino Cazuza e da Sra Maria Fiel da Luz, mais conhecida por Maria Higino, nasceu no município de Coité do Noia em 22 de novembro de 1930, vindo de uma família humilde e simples, com cinco irmãos, sendo três homens e duas mulheres, ajudou sempre seus pais,nos serviços da terra e na pequena bodega que eles tinham. Estudou até o terceiro ano do ensino primário em Coité, visto que ainda só tinha o quarto ano do ensino primário em Arapiraca. Casou-se com a Sra. Regina Bezerra da Silva no dia 20 de janeiro de 1951 na igreja do Alto Santo Antonio, com apenas 21 anos de idade. Sua esposa foi nomeada professora pelo então prefeito nomeado de Limoeiro de Anadia, Sr. Luiz Fonseca. Além disso, foi secretária e tesoureira trabalhando junto com o Sr. Ernesto no seu primeiro governo. E Nos anos seguintes durante a administração do seu marido e do seu aliado político o Sr. Manoel Sebastião da Silva, conforme trataremos nos capítulos seguintes. 22 Proprietário de uma pequena farmácia que naquela época era chamada de posto de medicamentos, em entrevista recente declarou Higino da Silva: Naquela época só quem aplicava injeção aqui na vila era eu, só tinha medico em Arapiraca. Ai ele passava o medicamento e eu aplicava, aprendi sem ensinamento algum, as áreas mais fáceis era a veia e o músculo, na maioria das vezes eu trabalhava de graça aplicando injeções, devido a carência das pessoas 3 . As dificuldades eram tantas que ele se submeteu a aplicar injeções sem nunca ter manuseado alguma em sua vida, pois quando uma pessoa adoecia, muitas chegavam até a morrer por falta de assistência médica, tendo em vista a distância a ser percorrida no lombo dos cavalos até Arapiraca, devido a falta de outro tipo de transporte. A Vila de Coité, apesar das dificuldades que a população enfrentava precisava de representantes, que despertassem o interesse em lutar pelo crescimento local. Naquela época a região era bem mais povoada no núcleo rural, pois na parte central da Vila o povoamento era mais escasso. Apesar de a Vila ser menor do que a de Cana Brava dos Pais, e a da cidade de Limoeiro já havia uma representação expressa, pois dos nove vereadores da câmara de Limoeiro, Coité tinha desde 1947, pelo menos dois representante. Destacando-se os Srs. Antonio Sebastião da Silva, Odilon Pereira de Amorim, Manoel Barbosa da Silva, Ernesto Higino da Silva e Geraldo Higino da Silva, por terem sido vereadores por Limoeiro em anos subsequentes. Segue na tabela abaixo os representantes políticos na política de Limoeiro de Anadia. _____________________ 3 Entrevista realizada pela autora no dia 28 de setembro de 2014. 23 TABELA I – REPRESENTANTES POLÍTICOS DA VILA DE COITÉ NA CÂMARA DE VER. DE LIMOEIRO DE ANADIA REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA ANO (1925-1927) João Pereira da Silva ANO (1947-51) Antonio Sebastião da Silva Odilon Pereira de Amorim ANO (1952-55) Antonio Sebastião da Silva Odilon Pereira de Amorim ANO (1956-60) Manoel Barbosa da Silva Ernesto Higino as Silva ANO (1961-65) Manoel Barbosa da Silva Odilon Pereira de Amorim Geraldo Higino da Silva Fonte: Câmara de Vereadores de Limoeiro de Anadia. A tabela acima mostra a representação política que a vila de coité tinha quando pertencia ao município de Limoeiro de Anadia. Os Senhores vereadores citados acima, exceto o Sr. Odilon Pereira de Amorim, tinham certo grau de parentesco. Por isso, provavelmente partindo de interesses políticos que consideravam importantes estabeleceram uma ponte de ligação, formando uma parceria adequada para a realização do processo de mudanças que a Vila precisava realizar. O interesse político fez com que o Sr. Antonio Sebastião da Silva, depois de exercer seu último mandato de vereador, insistisse para que o Sr. Ernesto Higino fosse candidato ao mesmo. Possivelmente o Sr. Antonio Sebastião mantinha amizade com o Sr. Virgilio Barbosa. O mesmo foi prefeito por Limoeiro no ano de 1948; homem de temperamento forte foi um dos pilares de sua família, sendo um dos últimos remanescentes, na forma de viver, dos senhores de engenho e dos fazendeiros da região. O Sr. Virgilio Barbosa foi um dos últimos representantes do coronelismo em Limoeiro. A partir daí se consolidava uma união política para unir forças e ir rumo ao desenvolvimento da região local. O Sr. Ernesto filiou-se ao partido da União Democrática Nacional (UDN), que anos mais tarde com a ditadura seria extinto através do Ato Institucional número 2, que instaurou no Brasil em 1964, surgindo a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido de sustentação do 24 regime, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), oposição consentida. Homem conservador e competente já mantinha certa visibilidade diante da população local, e, com o apoio de lideranças da Vila, conseguiu ser eleito vereador por Limoeiro. Higino da Silva em recente entrevista declarou: Uma vez por semana eu ia a limoeiro a cavalo, mas com o passar do tempo descobri que eu não tinha vocação para o cargo de vereador e para prefeito eu não tinha condições para candidatar, ai vereador eu não queria mais, então terminei o mandato e apoiei meu irmão e compadre Geraldo Higino e ele foi eleito vereador por Limoeiro 4 . A representação do Sr. Ernesto não figurou como o planejado, pois na prática as coisas eram bem diferentes do que na teoria. E o grupo político precisava ser, mas incisivo e determinado para ir rumo ao desenvolvimento tão esperado. Precisava de alianças políticas que viessem como alicerces no futuro da Vila. E para o Sr. Antonio Sebastião, o Sr. Virgilio era uma ponte. Como relata Barbosa Filho (2000, p.168). O prestigio do Sr. Virgilio foi tão grande que depois que terminou seu mandato á frente do executivo municipal de Limoeiro, decide pleitear ao cargo de deputado nas eleições de 1951, mas sem obter êxito, ficando como suplente. Em 1955, vendo que não conseguiria se eleger somente com os votos da região de Limoeiro, decide partir para o sertão Alagoano em busca de votos para se eleger e consegue. Segundo o Sr. Nino “ poucas vezes se viu o povo de Limoeiro tão feliz”. Fazia parte do grupo situacionista do Estado, ou seja, dos que estavam no poder, que a época tinha como chefe do executivo estadual o Dr. Arnon Afonso de Melo e que apoiava para a sucessão o Dr. Afrânio Lages. Com o apoio de um deputado as coisas seriam bem mais fáceis, e os Srs. Ernesto, Geraldo e Manoel Sebastião da Silva, iriam ter mais forças para lutar pela emancipação. Cada um contribuindo com sua parte. Diante de tal situação, o Sr. Ernesto manteve compromisso político com o deputado Virgilio Barbosa, natural do Sitio Brejo em Coité, mas que residia em Limoeiro. A ideia de desvincular a Vila de Coité da cidade de Limoeiro partiu do deputado Virgilio Barbosa e do Sr. Antonio Sebastião. O Sr. Antonio Sebastião era proprietário de pequenas propriedades na região de Coité. ______________________ 4 Entrevista realizada pela autora no dia 28 de Setembro de 2014. 25 O deputado Robson Mendes também veio pedir apoio ao Sr. Ernesto, mas ele já tinha compromisso com outro deputado e não podia apoiá-lo. Assim formou-se um grupo de pessoas interessadas na Emancipação Política, lideradas pelos Srs. Ernesto, Geraldo e Manoel Sebastião da Silva. Também se juntou a esse grupo o deputado Tarcisio de Jesus. FIGURA 5- LOCALIZAÇÃO DE LIMOEIRO DE ANADIA EM 1957 Fonte: IBGE, 1957. Segundo o quadro da divisão administrativa em vigor, fixado pela lei n 1.785, de 5 de abril, de 1954, na cor preta, o município era composto de dois distritos: Cana Brava Dos Pais e Coité. Em 31 de janeiro de 1961, assumiu o governo do estado o então Major Luiz Cavalcante, que teve entre suas metas administrativas a criação de novos municípios, visando obter mais recursos para o desenvolvimento doestado, o que realmente aconteceu. O Sr. Ernesto Higino da Silva realizou várias viagens a capital de Alagoas, participando de algumas reuniões com o governador major Luiz Cavalcante, e juntamente com o deputado Tarcísio de Jesus, recebeu o apoio de outras lideranças no município e fora dele também, para que reconhecesse e aprovasse a lei que separaria Coité da comarca de Limoeiro. 26 Quando Coité foi desmembrado da cidade de Limoeiro de Anadia e passou a ser distrito da recente cidade alagoana Taquarana, no ano de 1962, os vereadores Odilon Pereira de Amorim e Manoel Barbosa da Silva (Paizinho) que já eram vereadores por Limoeiro, lançaram candidatura para concorrer às eleições pelo legislativo em Taquarana e conseguiram vencer o pleito, mais pela constituição Federal de 1946, Art. 36, eles tiveram que optar a respeito do local de exercício do mandato. De acordo com aquele artigo, em seu parágrafo 1º afirmava: § 1º O cidadão investido na função de um deles não poderá exercer a de outro, salvo as exceções previstas nesta Constituição. Assim sendo, os mesmos optaram por exercer o cargo, como vereadores do município de Taquarana, conforme nos informa Castro Neto (2007; 102-103). A câmara de Taquarana, logo apos sua Emancipação Política se configurou da seguinte maneira: setembro de 1963 a janeiro de 1967 Sílvio Von Sosten Gama, Cícero de Castro Silva, Odilon Pereira de Amorim, José Custódio da Silva, Júlio Paixão da Silva, Otávio Melquíades dos Santos, José Emídio de Magalhães, Olavo Rosa da Silva e Manoel Barbosa da Silva (Paizinho). Os vereadores Odilon Pereira de Amorim, José Custódio da Silva e Manoel Barbosa da Silva, representaram o Distrito de Coité do Nóia pelo período de 1963 a janeiro de 1967, sendo posteriormente o Sr. José Custodio da Silva prefeito de Coité nos anos de 1977 á 1981 e de 1989 á 1993. Coité passou um ano vinculado a Taquarana, e um dos fatores que levou á emancipação de Vila para Distrito foi a questão de interrese político, pois os mais interessados no desenvolvimento da mesma viam ali uma oportunidade de suas parcerias aflorarem dentro da política local. A população sobrevivia do trabalho na terra. Os habitantes do distrito não tinham acesso a direitos essenciais, como água encanada, assistência médica, luz elétrica, entre outros. As ruas eram de terra batida, as nascentes do riacho minador, preguiça e olho D água eram as principais fontes de água da população. Segundo alguns depoimentos de populares, que viveram no distrito na época e foram repassando os relatos para outras gerações, os moradores enfrentavam muitas dificuldades. Conforme relata Silva (2011, p.22) em sua entrevista com o senhor Daniel: 27 A cidade era quase toda uma mata. Tinha poucas casas, a gente não tinha luz em casa, nem água, nem nada, quando uma pessoa adoecia, muitas chegavam até a morrer por falta de assistência medica, porque era longe pra levar no lombo dos cavalos pra Arapiraca 5 . As pessoas humildes iam buscar água com potes na cabeça para o consumo próprio; as famílias pobres trabalhavam em sua maioria na forma de meação, arrendando terras e dividindo partes da produção. Tanto o riacho do Coité quanto o rio Coruripe fazem parte da vida da população carente, pois muitos tiram seus sustentos da prática da pesca. Movidos por melhorias nesta localidade e interesses políticos, alguns moradores iniciaram um movimento de emancipação liderado pelos Srs.Ernesto Higino, Geraldo Higino e Manoel Sebastião, dentre eles destacaram-se o Srs. Ernesto e Geraldo, que foram vereadores por Limoeiro de Anadia, cada um com uma legislatura. Inclusive em uma das sessões da câmara de vereadores, o Sr. Geraldo apresentou um requerimento ao presidente Pedro Ferreira da Silva, e obteve aprovação unâmine. O mesmo requereu ao presidente da Casa que decorrido cinco meses de atraso dos vencimentos do funcionalismo público municipal, incluindo-se os subsídios e representações de ajuda de custo dos vereadores, que até aquela data não teriam sido pagos e não saberiam o motivo, pois existia saldo em caixa comprovados em balanços, e o chefe do executivo não estava executando a Lei orçamentária. Enquanto isso acontecia, o senhor prefeito pedia crédito especial para a compra de um jipe para o seu uso próprio no valor de um milhão e trezentos mil cruzeiros. Conforme o Art.114 eram despesas municipais destinadas unicamente a serviços da administração essas com o objetivo de utilidade, e uso dos municípios. Requereu ainda ao Senhor Prefeito as importâncias para pagamentos aos vereadores de acordo com o artigo VIII da organização dos municípios. “Em seguida, o vereador Nivaldo Ferreira de Albuquerque requereu verbalmente que fosse enviado um ofício ao senhor prefeito para esclarecer qual o motivo do funcionalismo em atraso. Esgotando-se a hora, o Senhor presidente declarou encerrada a sessão. 12 de julho de 1963”. (Barbosa Filho, 2000 p. 120). ______________________ 5 ROCHA, Nadjane da Silva. Palmeira dos Índios, 2011 28 O Sr. Geraldo Higino da Silva foi um dos vereadores que votou a favor da denuncia contra o Sr. Luzinario Cícero da Silva, prefeito de Limoeiro de Anadia, sobre irregularidades na administração publica e conseqüentemente houve um processo que o afastou temporariamente e renunciou antes da finalização do mesmo, assumindo o vice prefeito Antonio Alves Canuto. Neste trabalho não é aprofundado mais detalhadamente o processo, pois fugiria do objetivo principal. O movimento que desencadeou o processo pela emancipação ganhou ainda mais força com a fiscalização do Sr. Geraldo Higino, cumprindo seu papel de parlamentar pelo legislativo em Limoeiro. Pois o mesmo não poderia deixar de ser citado, nesse fato tão importante para a política local. Liderados pelo Deputado Tarcisio de Jesus, os Srs.Ernesto, Geraldo, e Manoel Sebastião seguiram rumo ao desafio em busca da tão sonhada emancipação política. Após um ano e dois meses6, segundo os Srs. Ernesto e Geraldo conseguiram que fosse aprovada a lei nº2. 616 que separou o Distrito de Coité do Noia da comarca de Taquarana, elevando-o a condição de cidade. A lei foi aprovada em Agosto de 1963, e sancionada em setembro do mesmo ano. Distrito criado com a denominação Coité ex-povoado, pela lei nº 1785, de 05-04-1954, subordinado ao município de Limoeiro da Anadia ex-Limoeiro. Em divisão territorial datada de 1-VII-1955, o distrito de Coité, figura no município de Limoeiro de Anadia. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1960. Pelo decreto-lei estadual nº 2465, de 24-08-1962, o distrito de Coité deixa de pertencer ao município de Limoeiro da Anadia para ser anexado ao novo município de Taquarana ex-Cana Brava dos Paes. Elevado á categoria de município com a denominação de Coité do Nóia, pela lei estadual nº 2.616, de 21 08-1963, desmembrado de Taquarana. Sede no atual distrito de Coité Nóia ex- Coité. Constituído do distrito sede. Instalado em 21-09-1963. Em divisão territorial datada de 31-XII 1963, o município é constituído do distrito sede. Em 21 de Setembro de 1963 foi comemorado com uma grande festa a emancipação política do município. Com a emancipação, o Sr. Ernesto Higino da Silva foi nomeado prefeito de Coité do Nóia. _________________________ 6 Entrevista realizada pela autora dia 28 de setembro de 2014. CAPITULO II A POLÍTICA E OS POLÍTICOS DE COITÉ DO NOIA NOS ANOS DE 1963 A 1970. A emancipação política da cidade de Coité do Noia aconteceu no período de crise do governo de João Goulart, poucos meses antes dogolpe civil-militar. Neste período Alagoas era governada pelo Sr. Major Luiz Cavalcante, um anticomunista que era feroz opositor do presidente João Goulart. O mesmo teve entre suas metas principais de governo a criação de novos municípios, visando com isto, obter mais recursos para o desenvolvimento do Estado e Coité do Noia foi um dos distritos contemplados para emancipar-se. O distrito tornou-se município em 21 de Agosto de 1963, sete meses antes do golpe que destituiu Jango do poder e daria ao general Castelo Branco o poder de assumir a Presidência da República. Apesar do intenso período de repressão e violência, quando o General Castelo Branco assumiu o poder em 15 de abril de 1964, uma de suas principais preocupações foi controlar a inflação, que se aproximava dos 100 por cento ao ano. Entre as principais medidas adotadas pelos ministros Otavio Gouveia de Bulhões, ministro da Fazenda e Roberto Campos, ministro do Planejamento, foram os cortes nos gastos públicos e o aumento dos impostos e tarifas dos serviços públicos. O governo promoveu um arrocho salarial que afetou as camadas mais baixas da população, e aumentou a concentração de renda nas mãos do setor mais rico da sociedade. Além disso, facilitou a entrada de capitais estrangeiros para fortalecer a indústria e agricultura, o que aumentou a dívida externa brasileira. Essas medidas promoveram a queda da inflação e abriram caminho para a retomada do crescimento econômico; mas contribuíram também para aumentar a impopularidade do regime. Fato este que pode ser comprovado durante as eleições de outubro de 1965, quando foram escolhidos governadores de onze Estados, sendo que a oposição venceu em cinco, dois deles, Guanabara e Minas Gerais, ambos de grande peso político. _________________________ Os parágrafos 3,4 e 5 até a pagina 30, tomaram por base informações contidas em HISTÓRIA: volume único/Gislane Campos Azevedo Seriacopi. Àtica 2005. P.483-484 30 A derrota do governo fez com que uma ala das forças armadas, conhecida posteriormente como “linha dura”, pressionasse o governo para que fossem tomadas medidas mais repressivas. Cedendo a pressão, Castelo Branco decretou o Ato Institucional 2 que extinguiu os partidos políticos e implantou o bipartidarismo. Naquele momento houve apenas eleições para governadores, prejudicando de forma direta o município de Coité, pois, quando o General Castelo Branco assumiu a presidência, só houve eleições em 1965, para governadores, adiando para o ano seguinte as eleições para prefeito. Em entrevista recente Higino da Silva declarou: Eu fui nomeado em Setembro de 1963, tava previsto eleições pra o ano seguinte, mas foi quando houve o golpe militar, ai Castelo Branco suspendeu as eleições e só aconteceram eleições para governadores. Primeiro eu fui nomeado, aqui não tinha câmara de vereadores, não era um prefeito constituído, era por decreto, ate o fundo de participação o município não recebia 7 . Devido as circunstâncias que o país estava passando a mercê de um Golpe civil-militar que foi concretizado no ano seguinte, após sua emancipação, a população coitenense foi atingida de maneira direta. Pois seus habitantes não puderam exercer o direito a democracia, como faziam quando Coité ainda era povoado de Limoeiro de Anadia, onde lá, a população exercia o direito de voto, para eleger seus representantes. A população teve que esperar até o ano de 1966 para poder, enfim, participar das eleições municipais, e consequentemente eleger de forma direta e democrática seus representantes políticos. O estado antes mesmo do golpe militar teve seu nome estampado nos principais veículos de comunicação do país, pois, entre as décadas de 1950 a 1970, Alagoas esteve envolvida em chacinas, cujo objetivo era manter a hegemonia política de clãs familiares, que dominavam, determinadas áreas, denominados currais eleitorais, que conduziram no primeiro Impeachment de um governador no Brasil, o de Muniz Falcão. Obra articulada pela antiga UDN, comandada aqui por representantes das oligarquias alagoanas. Representado por um revólver, indicando os municípios de maior violência. ________________________ 7 Entrevista realizada pela autora no dia 28 de setembro de 2014. 31 FIGURA 6 – O MAPA DE ALAGOAS É UM FORMATO DE UMA PISTOLA. Fonte: Jorge Oliveira, Curral da Morte. Nesse período, a política Alagoana viveu uma explosão de conflitos em todo o estado, onde a violência era o caminho para chegar ao objetivo político. Coité do Nóia e mencionado na figura do mapa do livro Curral da Morte de Jorge Oliveira, não apenas de forma ilustrativa. Mas, como componente da violência política no Estado de Alagoas, onde o deputado Virgilio Barbosa atuava como representante político do distrito de Coité e região. Possivelmente o nome de Coité do Noia é citado devido a forte presença de vários capitães que ditavam as regras de convivência, sendo eles as próprias leis. O mais famoso capitão da região foi Ursulino Barbosa tio do deputado Virgilio Barbosa acusado de ter atirado e matado o deputado Humberto Mendes na assembléia Legislativa de Alagoas, no dia em que ocorreria a sessão que votaria o impeachment do governador Muniz Falcão. Em Maceió, capital do estado, o Sr. Muniz Falcão recorria da decisão do impeachment, e em 24 de janeiro de 1958 reassumiu o governo, sendo ovacionado por populares. Seu governo era denominado de populista e desenvolvimentista. Neste período, ganhou corpo à exploração de petróleo em Alagoas pela Petrobrás, empresa da qual era um defensor. Apesar dos discursos do bloco conservador contra Muniz, que invariavelmente explorava o fato deste, não ser alagoano, rotulando-o como forasteiro, o governador contava com a simpatia da população, como bem frisa o 32 historiador (TENÓRIO, 1995, p.221), o que possivelmente corroborou para a não confirmação do impedimento. Embora mais desgastado e ainda sob cerrada vigilância da oposição oligárquica, Muniz conseguiu concluir o mandato, que se estendeu até 1960. Porém, a divisão da base do governo possibilitou a vitória do Sr. Major Luiz de Souza Cavalcante, candidato do PL e apoiado pela UDN. Com a morte de Muniz Falcão, era sepultado também o bloco populista- trabalhista que completamente desarticulado pela ditadura que iria ocorrer nos anos seguintes, encerrava seu ciclo em Alagoas. As eleições de três de outubro de 1960 levaram 123.976 eleitores às urnas em Alagoas, conforme (BRASIL, Anuário... 1964 p.387) e, além de definir o sucessor de Muniz Falcão no palácio dos Martírios, envolveu os cargos de prefeito e de Presidente da República. O pleito transcorreu com relativa tranqüilidade no Estado, com exceção de Palmeira dos Índios, que precisou contar com intervenção federal, de acordo (OLIVEIRA, 1979 p.27). Neste pleito elegeu-se o candidato Major Luiz Cavalcante do bloco tradicional conservador, que disputava o poder no estado. O governador nomeou nomes experientes para compor o seu governo, mas ousou em nomear três nomes recém - formados da faculdade, inclusive um formado em economia para compor seu secretariado. Devidamente empossado, Luiz Cavalcante não prescindiu de nomes experientes para compor o seu secretariado, como os reputados médicos Deraldo Campos e Ib Gato Falcão, que assumiram as pastas da Educação e da Saúde, respectivamente, conforme (ALBUQUERQUE, 2000, p.233-234). Contudo, o novo governador ousou ao nomear, três jovens recém-saídos da faculdade e da adolescência, como frisa (ALBUQUERQUE 2000, p.233). Eram eles: José de Melo Gomes, que ocupou a pasta da Viação, Everaldo Macedo,no gabinete do governador, e um certo Divaldo Suruagy, que se tornaria um fenômeno da política alagoana,na pasta da Fazenda, como menciona em sua obra (ALBUQUERQUE 2000, p.233). Em pouco tempo o trio passaria a ser chamada, jocosamente, de “jardim infantil”, alcunha inicialmente burilada pela oposição, segundo (OLIVEIRA, 1979 p.33). _____________________________ Os parágrafos seguintes até a página 34 tomaram por base informações contidos em ZAIDAN, Tiago. Relatório da entrevista de campo realizada com o historiador e professor: Alberto Saldanha. Maceió, 2009. 33 No governo, Luiz Cavalcante, bem relacionado com os Estados Unidos, articulou estágio para professores naquele país e recebeu honrarias da Agência Internacional de Desenvolvimento (USAID), por intermédio de seu Secretário de Educação, como descreve (ALBUQUERQUE, 2000, p.235-237). Carismático, costumava protagonizar peculiares momentos de descontração: não raro, ocupava- se com crianças na praça em frente ao palácio, onde se misturava a ponto de chegar a brincar de peão e a soltar pipa, além de comprar e dividir guloseimas com os meninos, segundo (ALBUQUERQUE 2000, p.232). Tal atitude, recorrente, nem sempre era bem vista, especialmente pela oposição, como é possível detectar no prisma do depoimento de Sandoval Caju (1991, p.190), seu desafeto político. Deixando, quase sempre, sobre a mesa de despachos, centenas de processos administrativos, á espera de sua assinatura, em Maceió, juntava- se, às vezes, a um bando de moleques de rua e, no meio deles, sentava-se no chão das calcadas, a chupar roletes de cana, laranjas e pitombas, na mais ruidosa „confraternização‟. A maneira que o Sr. Governador Luiz Cavalcante se portava em determinados momentos, despertava em seus opositores indignação, pois deixava coisas tão importantes para fazer, para ficar dando atenção a simples moleques na rua. Por ser devotado anticomunista e feroz opositor do presidente João Goulart, Cavalcante – como era de se esperar – enfrentou as oposições de seus perseguidos e de setores mais progressistas da sociedade, menciona (SURUAGY 2007, p.31). Somado a estes, havia ainda a oposição circunstancial de Arnon de Mello e de seu jornal. A despeito de toda a disputa – ou de esforços de disputa – entre os blocos conservador e trabalhista, às vésperas do dia 1º de abril de 1964, em Alagoas, o primeiro grupo levava ampla vantagem. Representado no executivo estadual por Luiz Cavalcante, com significativa maioria na Assembléia e entre os congressistas nacionais, as oligarquias tradicionais encontravam como único empecilho a prefeitura de Maceió. Todavia, Sandoval Caju – acuado pela oposição e sem vinculações orgânicas ou ideológicas com as esquerdas – não preocupava. “Coisa nova, mesmo, entre as elites, só um temos „preventivo‟ pelas possíveis e prováveis influências esquerdizantes vindas do grande vizinho, o Estado de Pernambuco, governado pelo „subversivo‟ Miguel Arraes” (LINS, 2009, p.6). Temor que alcançou o ápice quando da articulação do primeiro grande comício no centro de Maceió, previsto para o dia 28 de março de 1964 e com as 34 presenças confirmadas dos líderes reformistas-trabalhistas Miguel Arraes e Leonel Brizola. A tensão tornou-se evidente com a profusão de rumores de que Arraes e Brizola seriam assassinados durante o evento por pistoleiros contratados para este fim. Um grupo de proteção foi organizado pelo Comando Geral dos Trabalhadores, mas o comício não foi realizado. Luiz Cavalcante, por meio da Secretaria de Segurança, proibiu o evento e valeu-se da repressão para certificar-se da não realização do ato, conforme (SURUAGY 2007 p.31-32). Poucos dias depois, no amanhecer de primeiro de abril de 1964, os alagoanos foram surpreendidos pela ostensiva presença de soldados do Exército, devidamente armados, em prédios públicos e logradouros segundo (LINS, 2009, p.7). Iniciava-se a mais longa ditadura brasileira. O governador Luiz Cavalcante, que desde a renúncia de Quadros já se solidarizava com os conspiradores, somou esforços ao movimento golpista desde a madrugada, chegando a reunir o seu secretariado, a checar “(...) o seu dispositivo para fechar o Estado, quando necessário” e a oferecer “(...) tropas ao IV Exército para dominar qualquer possível confusão ou resistência”. Enquanto os governadores dos vizinhos Estados de Pernambuco e Sergipe eram depostos, como consta em (ALBUQUERQUE 2000, p.231) O País e o Estado sofreram modificações que transformaram o ângulo político tanto na visão nacional quanto na estadual. E mediante circunstâncias que favoreceram ou não a população, Alagoas estava crescendo, pois no Período em que o Major Luiz Cavalcante assumiu o governo, uma de suas prioridades foi à criação e emancipação de Vilas e conseqüentemente, eleger um representante, para representar a localidade. As pessoas sempre relataram suas histórias em conversas. Em todos os tempos a história tem sido transmitida de boca em boca. Pais para filhos, Mães para filhas, avós para netos; os anciãos do povoado para a geração mais nova, mexeriqueiros para ouvidos ávidos; todos, a seu modo, contam sobre acontecimentos do passado, os interpretam, dão-lhes significado, mantem viva a memória coletiva. Mesmo na nossa época de alfabetização generalizada e de grande penetração dos meios de comunicação “ a real e secreta história da humanidade” é contada em conversas e, a maioria das pessoas ainda forma seu entendimento básico do passado, por meio de conversas com outros. (GRELE,apud FREITAS 1993,p.5) A memória torna-se um recurso precioso no difícil trabalho de tentar elucidar os fatos, sendo que a memória individual guarda informações sobre indivíduos e das influências do meio sobre ele, auxiliando dessa forma na construção da identidade local. Um representante político tem em suas mãos o poder de comandar uma 35 população e dar a ela a possibilidade de conhecer seu poder de cidadão e desfrutar de serviços e assistências a que todos têm direito, sendo dever do povo cobrar, e função do Estado ofertar. Possivelmente a partir do momento que o Sr. Ernesto Higino tornou-se prefeito nomeado, em Agosto de 1963, a comunidade começou a se expandir ainda mais, dando uma nova cara ao lugar. No dia da emancipação de Coité do Noia e da posse do prefeito nomeado, a população realizou uma grande festa para recepcionar a comitiva do governador, conforme pode ser observado nas fotos abaixo. FIGURA 7 - I FESTA DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA Fonte: Acervo pessoal de Ernesto Higino da Silva. A imagem mostra a receptividade que a população coitenense fez para receber a comitiva do governador para a cerimônia de emancipação. As condições da população na década de 1960 eram carentes, as estradas eram de terra batida, suas casas eram de alvenaria com aparência bem simples; a iluminação era sobre postes de madeira que ficavam apenas na parte central da cidade. Segundo relata Josefa Ferreira da Silva, conhecida como Zélia Braúna, 68 anos “a luz daqui era uns postinhos como um candeeiro, acendia aquela horinha e apagava, quando chegou foi uma alegria nas frentes das casas, o povo só faltou se esbagaçar pra ver8”. __________________________ 8 Entrevista realizada pela autora em 21 de setembro de 2014. 36 A iluminação elétrica de coité era movida por um motor de luz que tinha hora certa para ligar, e desligar. Este dava muito trabalho, pois constantemente quebrava. E causava muitas despesas à administração da cidade, pois naquela época existiam poucos recursos para gastos. FIGURA 8 – REUNIÃO COM O GOVERNO DO ESTADO E APOPULAÇAO DE COITÉ. Fonte: Acervo pessoal de Ernesto Higino. A população prestigiou com grandes expectativas o momento em que o governador reuniu-se com lideranças locais para o discurso formal, na mais nova cidade alagoana. FIGURA 9 – ATO DE SOLENIDADE DA ASSINATURA DO TERMO DE EMANCIPAÇAO. Fonte: Acervo pessoal de Ernesto Higino da Silva. 37 Na foto anterior vemos o Sr. governador Major Luiz Cavalcante possivelmente assinando o livro de atas do município, legalizando a emancipação, diante das lideranças locais, e de olhos curiosos da população que prestigiaram o ato. FIGURA 10 - ENCONTROS DAS AUTORIDADES. Fonte: Acervo pessoal de Ernesto Higino. As articulações políticas provavelmente sendo planejadas depois de um momento tão importante para a cidade. Diante de tal situação, governantes e membros da cidade discutindo como fariam para o crescimento e desenvolvimento do local, pois a população precisava de condições dignas para a sobrevivência. As fotografias expostas aqui registram em momento único, como nos chama atenção Kossoy, (1941, p.155.). O fragmento da realidade gravado na fotografia representa o congelamento do gesto e da paisagem, e portanto a perpetuação de um momento, em outras palavras da memória: do indivíduo, da comunidade, dos costumes, do fato social, da paisagem urbana, da natureza. A cena registrada na imagem não se repetira jamais. O momento vivido, congelado pelo fragmento fotográfico, é irreversível. Ao historiador cabe analisar as imagens, compreender as fotografias, como imagens de uma realidade que jamais voltará no tempo, podendo haver nelas omissões ou manipulações. Apesar de ter sido elevada a categoria de Cidade, as dificuldades eram inúmeras. Quando o Sr. Ernesto tomou posse na prefeitura municipal não existia 38 câmara de vereadores, tampouco o prédio do executivo do município, conforme (APÊNDICE I, p.64). Os serviços da prefeitura funcionavam num salão localizado na antiga rua do comercio, s/n, e pertencia ao pai do Sr. Ernesto Higino, o Sr. Higino Cazuza. Além de alugar o salão para a prefeitura, o Sr, Cazuza vendia para a mesma, alguns produtos de sua mercearia, tais como: papeis, canetas, envelopes, lápis, entre outros. Como se pode observar, havia um certo patrimonialismo no momento da emancipação. Ele administrou a cidade por meio de decretos e com poucos recursos também. Conforme relatou, em recente entrevista, o Sr. Higino da Silva: O município não recebia o fundo de participação, ele ficou só com a arrecadação do município, que era muito pouco, para pagar funcionário, conservar estradas e o motor de luz que tinha aqui, que dava muitas despesas, mas eu sustentei. Só recebia uma parte do ICM que era composto do estado, mais o que sustenta todo município pequeno era o fundo de participação e este Coité não recebia. Foram 2 anos e 4 meses sem poder fazer nada, só isso, sem dever nada a ninguém 9 . Administrar com poucos recursos não é tarefa fácil, pois o Sr. Ernesto teve que se virar com os subsídios que tinha para poder seguir em frente e levar Coité ao desenvolvimento. No momento de dificuldade o Sr. Ernesto Higino pedia ajuda aos amigos das cidades circunvizinhas, e chegava até mesmo “retirar do seu próprio bolso para realizar obras que beneficiariam a população10”, como relatou o mesmo. Veremos sua folha salarial e de pagamentos prestados a alguns trabalhadores da prefeitura, conforme (APÊNDICE II, p.64). O funcionalismo público no período do seu primeiro governo foi pouco, pois as dificuldades encontradas por ele, não admitiria muitos funcionários. As forças políticas locais cobravam iniciativas para que pudessem juntos construir um Coité do Noia digno para ser chamado de cidade. O município naquela época tinha como transporte apenas um jipe com placa 14-72 de propriedade da prefeitura municipal, que foi batizado pela população por „‟poeirinha‟‟. Este era utilizado para tudo, transporte de doentes, viagens do prefeito para resolver assuntos de interesse do município, transportar o motor de luz quando quebrava para o conserto, enfim, era a alternativa mais viável de locomoção naquela época. _________________________ 9 Entrevista realizada pela autora no dia 28 de setembro de 2014. 10 Entrevista realizada pela autora no dia 28 de setembro de 2014. 39 As correspondências de Coité ficavam num posto de correios na cidade de Taquarana e para se ter acesso a elas, era através do Sr. Virtuoso Florêncio da Silva, pois na cidade ainda não existia um posto próprio de correios. Como relata a Senhora Leocilda Maria de Oliveira, 61 anos. Meu avô era Virtuoso Florêncio da Silva. Fazia esse trabalho de carteiro, buscava as cartas na Taquarana, chamava ela antes de Cana Brava. Ele ia a cavalo por umas estradas estreitas, uma vez por semana. Tinha os lugares certos de passar, passava pelo Baixio, Cruzes, Vargem Dantas até chegar na Cana Brava. Trazia muitas cartas e dinheiro em envelopes com o valor, e tudo, e nunca foi roubado. As pessoas confiavam no meu avô. Ele ficou muitos anos fazendo esse trabalho. Pouco tempo depois da emancipação de Coité, ele saiu para morar em Arapiraca, ficando no seu lugar o seu Andre Lino e Avelino 11 . Na cidade também não tinha delegacia de Polícia, câmara de vereadores, açougue público, posto de saúde, nem praças e o único cemitério público que tinha, já não mais servia. As aulas funcionavam em prédios alugados pela prefeitura do município. Uma questão muito importante para o desenvolvimento da cidade era a educação, conforme relata o Sr. Higino da Silva ”a escola Álvaro Paes era a do estado, eu não me importava em ajudá-la não, queria, mas era ajudar o município, ai eu dizia vamos fazer isso Marlene e ela “Marlene” dizia vamos sim12”. O município ajudava as pequenas reformas que a escola Estadual precisava na medida do possível, pois aquela escola já estava implantada ali há muito tempo e servia como fator importantíssimo para aquela cidade. Marlene Maria da Silva foi professora do município vindo lecionar em 1963. O município precisava de mais recursos, para melhorar as condições de vida da população. A vontade de aprender e a força de vontade de seguir em frente, diante daquela situação tão precária, não deixava abalar a comunidade. Pois as lideranças políticas a partir dos anos seguintes iriam empenhar-se ainda mais para cobrar das lideranças Estaduais, recursos para o município. _________________________ 11 SOARES, Diôgo Barbosa. Arapiraca, 2014 12 Entrevista realizada pela autora no dia 28 de setembro de 2014. 40 FIGURA 11 – ALUNOS DO MUNICIPIO DE COITE DO NOIA EM 1963. Fonte: Acervo pessoal de Ernesto Higino. Na foto acima vemos alunos das escolas existentes em Coité, possivelmente indo participar dos festejos de Emancipação Política da cidade. Como foi mencionado anteriormente, existia também em Coité uma escola que era do estado, esta tinha sido construída em 1922, quando ainda era povoado de Limoeiro. Quando Coité tornou-se cidade, o município ajudava a escola do jeito que podia. O importante era servir a população. Em recente entrevista com o Sr. Arlindo Satiro da Silva, mas conhecido como “Sr. Didi”, ele menciona a escola. Quem se criou e viu o Coité crescer que nem eu... O Coité aqui amarrava cavalo, plantava roça de fumo, a casinha velha da gente, aqui no Bairro de Cima era seis casinhas de taipa, no centro era só casa velha de taipa, onde é a Prefeitura tinha de cinco a seis casas de taipa. O povo entrava de cavalo pra dentro... Hoje onde tem a casa do Gerson, a casa da Delha eravago... Seu Finado Marcolino e finado Laudelino, doaram o terreno para a construção do Colégio Álvaro Paes 13 . A princípio o município só disponibilizava as séries iniciais. Quem pretendia prosseguir nos seus estudos tinha que procurar outras regiões mais desenvolvidas, como por exemplo, Arapiraca, que já se apresentava como pólo de desenvolvimento regional. Aquelas pessoas que tinham melhores condições financeiras mandavam seus filhos para a capital, onde lá estudavam em escolas particulares e cursavam o ensino superior. _________________________ 13 Entrevista realizada por Ademir da Silva, 14 agosto de 2013. 41 Outro fator importante para a cidade eram as práticas religiosas, que sempre fizeram parte da vida dos coitenense. A principio as celebrações eram realizadas nas capelas existentes no município, que eram a capela do Sitio Brejo e a capela do Alto Santo Antonio, capela esta a mais antiga da cidade. Na época as capelas eram pertencentes à freguesia de Limoeiro de Anadia. FIGURA II - TABELA DAS PRIMEIRAS CAPELAS DE COITE DO NOIA. CAPELAS DE COITÉ DO NÓIA Comunidade Fundação Doador (a) Padroeiro Festividad e Alto de Sto Antonio 1918 João Pereira Santo Antonio 13/06 Brejo 1921 Manoel Serafim N.S da Conceição 24/05 Fonte: Sheyla Cristina, 2014. As duas capelas sustentaram as práticas religiosas do município até o período em que a Capela matriz foi inaugurada. Tendo sido realizada sua primeira missa, possivelmente no dia 15 de Agosto de 1954. Sendo que o doador do terreno da capela do Alto Santo Antonio foi enterrado na mesma e homenageado pela câmara de vereadores de Limoeiro, por ter sido um dos primeiros vereadores do município e por ter doado o terreno para a construção da capela, conforme a lápide, (APÊNDICE III p.66). A historiadora Anália Carolina de Lima Barbosa, em sua monografia intitulada “A influência do Catolicismo em Coité do Noia a Partir do Século XlX” esclarece a respeito do catolicismo na cidade, como este se desenvolveu no século XIX ao século XXI. Sobre a construção da igreja matriz, intitulada de São Benedito (BARBOSA, 2014 p.61) relata que: No ano de 1936, os filhos e netos de Pedro Antônio de Albuquerque iniciaram a construção da Capela em honra a São Benedito, cuja conclusão da obra só aconteceu no ano de 1951; sob a orientação do Padre José Joaquim Maurício da Rocha e do Pedreiro e Vereador Odilon Pereira de Amorim. A igreja matriz de Coité do Noia ficou vinculada a Limoeiro de Anadia por um determinado tempo, passando a matriz nos séculos posteriores. A igreja foi erguida em frente ao terreno que anos mais tarde seria construída a praça em homenagem a Antonio Pedro de Albuquerque. (APÊNDICE IV p.67) 42 Depois de todo o processo que alavancaria a emancipação política, o órgão público que foi criado, foi o cartório de registros de nascimento, casamento e óbitos, tendo como primeiro oficial, o Sr. José de Sena Filho que também assumiu as funções de tabelião para escrituras de imóveis. O Sr. Ernesto Higino, nomeado por decreto, passou dois anos e quatro meses, como prefeito de Coité. Quando terminou seu mandato do Executivo municipal, apoiou, seu aliado político, o Sr. Manoel Sebastião da Silva, conhecido como Sr. “ Noel”. Sendo que os respectivos senhores mantinham um acordo político que, quando um acabasse seu mandato o outro o apoiaria. Nesta época provavelmente não existia oposição. E possivelmente assim aconteceu. FIGURA 12- FOTO DO PRIMEIRO PREFEITO ELEITO PELO VOTO POPULAR. (MANOEL SEBASTIÃO DA SILVA, CONHECIDO COMO Sr. NOEL). Fonte: Sheyla Cristina, 2014. O Sr. Manoel Sebastião da Silva, conhecido como seu “Noel” filho do Sr. Antonio Sebastião da Silva e da Sra. Josefa Barbosa da Silva, nasceu no sitio Coité, em 31/12/1932. Sua família sempre teve vínculos ligados à política. Seu Pai foi sua maior influência, pois foi a partir dele que seu filho deu os primeiros passos na política local. Casou-se por duas vezes, em seu primeiro matrimonio teve três filhos, 43 sendo um homem e duas mulheres e o segundo matrimonio, teve mais oito filhos, sendo quatro mulheres e quatro homens. O Sr. Noel foi prefeito eleito de Coité do Noia, tendo como vice-prefeito o Sr. Cícero Bastos da Silva, para o período de 1966-1970. Confirmando a ligação política que se consolidava em Coité do Noia. Neste mesmo pleito realizaram-se também eleições para o legislativo da política local, elegendo como primeiros vereadores os Srs. João Fernandes da Silva, Sebastião José da Silva, José Martins dos Santos, Sebastião Porto de Lira, Euclides Feliciano da Silva, Feliciano Inácio Soares, Durval Dionísio de Albuquerque, Antonio Bastos da Silva. Não havendo nenhuma participação feminina na política local, conforme ata da primeira sessão solene da câmara de vereadores. No dia 31/01/1966, foi realizado, no salão da prefeitura municipal, às dezesseis horas, na rua do comercio s/nº, a solenidade de posse dos vereadores e do prefeito eleito, Manoel Sebastião da Silva. Os mesmos foram empossados pela justiça eleitoral. Os salários iniciais dos vereadores não eram muitos, ganhavam de acordo com o repasse do município. FIGURA 13- ATA DA PRIMEIRA REUNIÃO DA CAMARA DE VEREADORES E ASSINATURA DOS PRIMEIROS VEREADORES ELEITOS. Fonte: Câmara Municipal de Vereadores de Coité do Noia. 44 Em março de 1966 foi realizada no salão da prefeitura municipal que funcionava também como câmara de vereadores, a leitura da ata que definia o presidente da câmara de vereadores, o Sr. Antonio Bastos da Silva foi escolhido, presidente por que foi o vereador mais votado no pleito, tendo o Sr. Feliciano Inácio Soares, como vice – presidente, e os Srs. Euclides Feliciano da Silva, e Durval Dionísio de Albuquerque, ambos como 1 e 2 secretários. FIGURA 14- ATA DA REUNIÃO, PARA DEFINIR O PRESIDENTE DA CAMARA. Fonte: Câmara Municipal de Vereadores de Coité do Noia. O município teve seu processo de desenvolvimento bem cauteloso, sendo no mandato do Sr. Manoel Sebastião, realizadas diversas obras que seriam necessárias para que o município tivesse seu processo de desenvolvimento atrelado ao crescimento local. E é nesse sentido que o empenho dos governantes seria o caminho para as realizações e conquistas desejadas. Conforme Maquiavel (2002 p.57,58): O desejo de conquista é coisa verdadeiramente muito natural e ordinária, e sempre que os homens capazes da conquista a realizam serão por isso louvado e não censurados; mas quando não a podem fazer e desejam fazê- la de qualquer modo, eis que estarão presentes os erros e a sencura. A partir do ano de 1967 seria realizada uma sucessão de obras que serviriam de fundamental importância para a população. Não esquecendo que no seu primeiro mandato de governo o Sr. Noel, junto com sua equipe teve a principal dificuldade que foi a falta de recurso, como relatou o mesmo em entrevista realizada pela autora no dia 11 de outubro de 2014. Pois com o pouco que tinha, o município teve de se 45 empenhar para realizar as obras que seriam de imensa necessidade para a localidade. Provavelmente diante das circunstâncias daquela época, as críticas em relação ao governo passado e o atual da época era inexistente, pois a cidade ganharia uma Nova cara a partir das administrações desses dois governos. Quando o Sr. Manoel Sebastião terminava uma obra, iniciava outra. Dentre elas podemos destacar:
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