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1 Luciana Veiga Universidade Federal da Bahia - UFBA Instituto de Biologia Campus Ondina Salvador / BA BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR Curso: Medicina Veterinária Replicação e reparo do DNA - BIBLIOGRAFIA: • Alberts, B.; Johnson, A.; Lewis, J.; Raff, M.; Roberts, K.; Walter, P. (2002). Biologia Molecular da Célula, 4ª Ed. Artes Médicas Ed., Porto Alegre, 1548p • Lehninger, A.; Nelson, D.L.; Cox, M.M. (2000). Principles of Biochesmistry, 3ª Ed. Worth Publishers, New York, 1232p • Klug, W.S.; Cummings, M.R.; Spencer, C.A.; Palladino, M.A. (2010). Conceitos de Genética, Artmed Editora, Porto Alegre, 863p • Pierce, B.A. (2011). Genética: Um Enfoque Conceitual. 3ª. Edição, Rio de Janeiro, Gen Guanabara Koogan S.A, 774p • Watson, J; Baker, T.A.; Bell, S.P.; Gann, A.; Levine, M.; Losick, R. (2006). Biologia Molecular do Gene, 5ª Ed. Artmed Editora, 728p. - Watson & Crick (1953): “Não escapou à nossa atenção que o pareamento específico por nós postulado imediatamente sugere um possível mecanismo de cópia do material genético”. 1. Introdução Serão as duas fitas do DNA parental completamente desenroladas antes que cada uma replique? A replicação começa em pontos aleatórios ou em um único ponto? Depois da iniciação, em qualquer ponto do DNA, a replicação prossegue em uma direção ou em ambas? 2 2. Como ocorre a replicação? M. S. Meselson & F. W. Stahl (1958) - Replicação semiconservativa; - Escherichia coli; - Centrifugação em gradiente de densidade; - Uso do isótopo N14 e N15; - Crescimento por 14 gerações; - Bandeamento em gradiente. - N14 N14: banda leve. - N14 N15: banda intermediária. - N15 N15: banda pesada. - Gradiente nativo: fita dupla de DNA. - Gradiente alcalino: fita simples de DNA. • O DNA é capaz de se autoduplicar para conservar a informação genética; • A molécula se abre e novos nucleotídeos são acrescidos, sempre seguindo a ordem A-T e G-C; • Ao final se tem duas “moléculas- filhas” que conservam a metade da “molécula-mãe”. - Conclusão A REPLICAÇÃO EM PROCARIOTOS - Unidirecional com duas origens. - Unidirecional com uma origem. - Bidirecional com uma origem. - Em que direção ocorre a replicação? 3 - Replicação bidirecional: identifica duas forquilhas de replicação; - Estrutura . - John Cairns (1963) - Qual enzima envolvida na replicação? - Arthur Kornberg e colaboradores (Nobel 1959): - E. coli: DNA polimerase DNA dependente (DNA pol I); - Adicionam desoxinucleotídeos trifosfatados (dATP, dTTP, dGTP e Dctp); - Ligação do grupo livre 3’- OH; - Direção: 5’ 3’. 1955: Acúmulo de evidências que a DNA pol I não é adequada à replicação: - Baixa processividade: velocidade na qual os nucleotídeos são adicionados; - Estudos genéticos mostram muitas enzimas envolvidas na replicação; - Mutações na DNA pol I de E. coli: crescimento normal. 1970: Descoberto das DNAs pol II e III: - DNA pol II: função aparente de reparo; - DNA pol III: - Mais complexa: várias subunidades; - Envolvida na replicação (replicase DNA) e correção de erros. - Fidelidade de replicação: 109 pb replicados - 1 erro; - Atividade exonucleásica 3’ 5’ (correção de erros de leitura); - Atividade exonucleásica 5’ 3’ (liga-se à fita dupla do DNA em locais de aberturas – corrige quebras); - Necessita de um RNA iniciador ou primer. - Características gerais da DNA polimerase 4 Subunidade Função b ATPase requerida para máxima processividade a Atividade polimerizadora (5' para 3') e Exonuclease revisora (3' para 5') q Não-conhecida t Estabiliza a ligação ao molde; básica para a dimerização da enzima. d Aumenta a processividade. d' g y c 5 - Pontos centrais da polimerização • Necessidade de um molde; • Um iniciador é requerido: a DNA pol só adiciona nucleotídeos em uma fita pré-existente; • Processividade: número de nucleotídeos adicionado, em média, depende da dissociação e reassociação com o molde; • Se a síntese prossegue sempre na direção 5’ 3’, como podem as duas fitas serem sintetizadas simultaneamente? Mafalda, às vezes me pergunto: Qual o sentido da vida? É na direção 5’-> 3’, Felipe!!! • Estrutura assimétrica (anti-paralela); • Fita líder: síntese contínua / mesma direção do movimento da forquilha de replicação; • Fita atrasada: síntese descontínua / direção oposta ao movimento da forquilha de replicação; • Fragmentos de Okasaki: - Bactérias: 1000 a 2000 nucleotídeos. - Eucariotos: 100 a 200 nucleotídeos. - Reiji Okasaki e colaboradores (1960) - A replicação do cromossomo circular bacteriano •Dividida em três etapas: - Iniciação; - Elongação; - Terminação. 1. Iniciação: - Origem: Ori C; - 245 pb altamente conservadas; - Duas sequências-chave: - 3 repetições de 13 pb ricos em AT; - 4 repetições de 9 pb. 6 OriC do cromossomo de E.coli - Proteínas presentes na origem de Replicação de E.coli DnaA Reconhece a origem e abre a dupla fita em sítios específicos DnaB (helicase) Desenrola o DNA DnaC Auxilia a ligação de DnaB na origem HU Proteína do tipo histona que estimula a iniciação Primase (DnaG) Sintetiza os primers de RNA Single strand binding (SSB) Liga a fita simples de DNA RNA polimerase Facilita a ação da DnaA DNA girase Alivia a tensão torsional gerada pela abertura da dupla-fita DNA Metilase Metila as sequências GATC na OriC 2. Elongação: - Helicase - Proteínas ligadoras de fita simples (SSB) - Girase - DNA polimerase I e III - Primase - Cinta deslizante - Ligase A síntese do DNA é semi-descontínua e requer um iniciador (primer) de RNA Fita contínua Fita descontínua Síntese da Fita descontínua Síntese da Fita Contínua 7 Fragmentos de Okasaki ocorrem na fita descontínua A DNA polimerase III é responsável pela síntese da maior parte do DNA A DNA polimerase I remove o primer de RNA e preenche as lacunas A DNA ligase sela as quebras - Retirada dos “primers” – DNA pol I - A DNA ligase sela as quebras • Requer um grupo OH livre na extremidade 3' de uma das cadeias de DNA e um grupo fosfato na extremidade 5' da outra cadeia. - DNA ligase - Região 350 Kb) flanqueada por 7 sítios de terminação; - Forquilha anti-horário: TER A; - Forquilha horário: TER C; - Proteína TUS; - Desligamento da DNA pol III das fitas: topoisomerase 3. Terminação 8 A REPLICAÇÃO EM EUCARIOTOS - Após o início da replicação, as proteínas MCM são deslocadas da origem (a replicação só inicia quando a célula passa pela mitose e entra em G1 do próximo ciclo celular). - Várias origens de replicação ao longo dos cromossomos lineares; - 1 origem a cada 3 – 300 Kb; - Conjuntos de 20 a 80 replicons; - Mecanismos para ativação dos replicons e prevenção de re-replicação: pouco compreendidos; - DNA helicase é necessária. A velocidade da forquillha de replicação eucariótica é 2000pb/min Os replicons eucarióticos tem 40-100 kb e são iniciados em tempos diferentes Fase S demora ~ 6hrs em uma célula somática - Proteínas envolvidas na replicação - Helicase - Proteínas ligadoras de fita simples (SSB) - Girase - DNAs polimerase (~13 sendo 5 mais importantes) - Primase - Cinta deslizante - Ligase 9 - “Passagem” por um nucleossomo - Replicação dos telômeros • Telos → final • Meros → parte • Estrutura localizada na extremidadedo cromossomo. • Funções: proteção, arranjo da cromatina no núcelo interfásico • Formado por proteínas e DNA não-codificador. • Os cromossomos de eucariotos são lineares e apresentam seqüências repetitivas em suas extremidades denominadas telômeros: 10 - TELÔMEROS: • Seqüências repetitivas de DNA sem função codificante; • Evitam a formação de cromossomos dicêntricos e perda de informação genética; • Similares em organismos diversos; • Fórmula geral: C (1-8) A / T (1-4). - PROBLEMAS NA REPLICAÇÃO: • Encurtamento: remoção inadequada do último RNA iniciador e substituição por DNA, encurtando a cada ciclo de replicação; •A síntese da fita “líder” continua até o término da fita molde de DNA, no entanto, no telômero a extremidade feita pela primase na fita “atrasada” não segue o mesmo padrão. • Como o iniciador é instável, ele se degrada com o tempo diminuindo, assim, o tamanho do cromossomo. - TELOMERASE: - Enzima formada por um componente protéico (tipo transcriptase reversa) e uma molécula de RNA, que contém o molde invertido. • Promove o mecanismo de síntese nos telômeros; • Contém uma sequência curta de RNA que serve como molde; • Atuação é restrita em alguns tipos celulares: processo normal de envelhecimento e morte celular. • Presente principalmente em células embrionárias e em tumores • Além de prevenir o encurtamento dos telomeros (retardando o envelhecimento) também ativa genes que fazem a célula se dividir indefinidamente. • O número de vezes que esta enzima adiciona as seqüências repetitivas de nucleotídeos não é controlado por ela própria, mas sim por outras proteínas envolvidas no processo. 11 MUTAÇÃO E REPARO DO DNA - Estabilidade: - Mecanismo preciso de replicação do DNA; - Mecanismo preciso de reparo dos erros de cópia; - Mutação: modificação de bases no DNA. - Questões que a célula deve resolver: 1. Como o DNA é corrigido de forma suficientemente rápida para impedir que os erros se incorporem no material genético como mutações? 2. Como a célula distingue a fita parental da fita filha na correção dos erros de replicação? 3. Como a célula restaura uma sequência de DNA quando (devido a uma quebra ou uma lesão grave) a sequência original não pode ser mais lida? 4. Como a célula enfrenta lesões que bloqueiam a replicação? - Todas essas respostas dependem do tipo do erro ou da lesão que necessita o reparo. - Ex: > 130 genes de reparo no genoma humano 12 - Taxas de mutação: - Se elevadas em linhagem somática: destruição do indivíduo - Se elevadas em linhagem germinativa: destruição da espécie - Célula; depende do funcionamento correto dos genes, que por sua vez estão sujeitos a alterações: - Nas sequências codificadoras - Regiões flanqueadoras - Nos pontos do splicing etc. - MATERIAL GENÉTICO: - Se perpetuado com fidelidade perfeita, a variação genética necessária a evolução seria perdida e novas espécies não teriam surgido - Logo, a BIODIVERSIDADE e a VIDA dependem do equilíbrio entre a ocorrência de mutação e do seu reparo. - Espontâneas: nenhum agente além do ambiente - Taxa de mutação espontânea : 10-7 - Induzidas: presença de um agente indutor - Físico: raios X, radiações ionizantes, etc - Químico: agentes alquilantes, acridinas etc - Biológico: transposons - Mudanças herdáveis que representam a base genética da variação. a. Mutações pontuais (em nível molecular) b. Mutações cromossômicas (em nível cromossômico) 13 4.1. Reversão direta da lesão no DNA 4.1.1. Fotorreativação 4.1.2. Reparo de bases alquiladas 4.2. Reparo por excisão 4.2.1. Excisão de bases 4.2.2. Excisão de nucleotídeos 4.2.3. Reparo de mal pareamento 4.3. Reparo pós-replicação 4.3.1. Reparo por recombinação 4.3.2. Reparo sujeito a erros - Mecanismos de reparo a. Excisão de bases: -A citosina do DNA é desaminada espontaneamente sendo, portanto, percebida pela uracil (evento mutagênico potencial) - A remoção da base defeituosa (ou não habitual) pode ocorrer a partir da: • Clivagem da ligação base-açúcar (excisão de base) • Incisão endonucleolítica nos dois lados da lesão • Liberação de nucleotídeos • Preenchimento da região pela ação da DNA-polimerase I e posterior ligação - Reparo por excisão - Um dos mais importantes e gerais mecanismos de reparo (REN) ETAPAS 1. Reconhecimento da lesão 2. Incisão da fita lesada em ambos os lados da lesão e a alguma distância desta 3. Excisão do segmento (oligonucleotídeo) contendo a lesão 4. Síntese de um novo segmento de DNA utilizando a fita não-danificada como molde 5. Ligação OBS: reação, a princípio, livre de erro b. Excisão de nucleotídeos: - Xeroderma pigmentoso: Doença rara autossômica recessiva 1:250.000 - Hipersensibilidade à luz UV, predisposição a câncer de pele quando jovens - Deficiência no sistema de reparo por excisão dos dímeros de pirimidina - Mutações ocorrem em 8 genes: XP-A até XP-G - Leveduras possuem genes homólogos - Normal: sistema de reparo associado a um fator de transcrição (TFII H)
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