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HISTÓRIA DO DIREITO GRÉCIA E ROMA

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HISTÓRIA DO DIREITO DA GRÉCIA
Profª Katiane América
O primeiro direito palpável na Grécia foi o chamado Direito Homérico.
O direito desta época era autoritário, não zelava pela isonomia e era existente apenas para promover e defender as realezas, seus parentes e indicados.
Na Grécia antiga (arcaica), pela primeira vez, o direito é objeto de profundos e específicas indagações filosóficas, deixando de ser privativo dos sacerdotes, dos monarcas e dos moralistas, para ser cultivado por filósofos e juristas.
As leis gregas no período, diferenciavam-se das demais leis da Antiguidade por serem democraticamente estabelecidas. Não eram decretadas pelos governantes, mas estabelecidas livremente pelo povo na Assembleia. Resultavam, pois, da vontade popular. Lançaram as bases da Democracia. Devemos a eles o princípio do primado da lei, incorporado à Cultura Ocidental. A justiça, pode-se dizer, era a meta do direito grego, confundida sempre com o bem da pólis.
No período clássico, retirar o poder das mãos da aristocracia com leis escritas foi o papel dos legisladores. Coube-lhes compilar a tradição e os costumes, modificá-los e apresentar uma estrutura legal em forma de leis codificadas. O primeiro legislador de que se tem conhecimento é Zaleuco de Locros (por volta de 650 a.C.), figura lendária a quem é atribuído o primeiro código escrito de leis foi o primeiro a fixar penas determinadas para cada tipo de crime. 
São de particular interesse dois legisladores atenienses: Drácon e Sólon. O primeiro (620 a.C.) fornece a Atenas seu primeiro código de leis, que ficou conhecido por sua severidade e cuja lei relativa ao homicídio foi mantida pela reforma de Sólon, sobrevivendo até nossos dias graças a uma inscrição em pedra. Deve-se a Drácon a introdução de importante princípio do direito penal: a distinção entre os diversos tipos de homicídio, diferenciando entre homicídio voluntário, homicídio involuntário e o homicídio em legítima defesa. 
Sólon (594-593 a.C.) não só cria um código de leis, que alterou o código criado por Drácon, como também procede a urna reforma institucional, social e econômica. No campo econômico, Sólon reorganiza a agricultura, incentivando a cultura da oliveira e da vinha e ainda a exportação do azeite. No aspecto social, entre as várias medidas, são de particular interesse aquelas que obrigavam os pais a ensinarem um ofício aos filhos; caso contrário, estes ficariam desobrigados de os tratarem na velhice; a eliminação de hipotecas por dívidas e a libertação dos escravos pelas mesmas e a divisão da sociedade em classes. 
Com respeito às instituições, manteve os Arcontes, o Areópago e a Assembleia. Acredita-se que a Boulê (Conselho) tenha sido uma criação de Sólon, mas formada inicialmente por 400 pessoas e sendo um conselho paralelo ao Areópago. 
Uma criação importante e de grande repercussão no direito ateniense foi o tribunal da Heliaia, onde qualquer pessoa podia apelar das decisões dos tribunais, assegurava a ideia “de que a lei se encontrava acima do magistrado que tinha a cargo sua aplicação.”
A heliaia era o tribunal popular que julgava todas as causas, tanto públicas como privadas, à exceção dos crimes de sangue que ficavam sob a alçada do areópago. Os membros da heliaia, denominados heliastas, eram sorteados anualmente dentre os atenienses. O número total era de seis mil e, para julgar diferentes causas, eram sorteados novamente para evitar fraudes. O número de heliastas atuando como júri variava, mas atingia algumas centenas. Para permitir que o cidadão comum pudesse participar como heliasta sem prejuízo de sua atividade, recebiam um salário por dia de sessão de trabalho. 
Areópago, tribunal surgido no governo de Sólon, reconhecido como a mais alta corte de justiça da Grécia. Assemelha-se ao Supremo Tribunal Federal. A missão do Areópago era defender de forma perene a lei, a “Constituição” e os costumes.
Foi a primeira casa de justiça da Grécia, no início composto por cinquenta e um juízes com competência para julgar todos os delitos. Com a criação do Tribunal dos Heliastas, o Areópago delegou alguns assuntos que lhe eram de caráter privativo.
O Areópago era presidido pelo arconte-rei ou basileus.
A maior função deste tribunal era julgar os crimes de sangue premeditados e os incêndios dolosos.
À medida que as cidades aumentavam em tamanho e complexidade, reconheciam a necessidade de um conjunto oficial de leis escritas, publicamente divulgadas, para confirmar sua autoridade e impor a ordem na vida de seus cidadãos. Não se discute aqui o bom ou mau uso desse exercício de poder, ou de se é justo ou injusto, mas apenas a sua razão social para o estabelecimento de leis escritas, leis que serviriam não apenas ao interesse de algum grupo, ou partido político, mas de todos os cidadãos incorporados nessa instituição única, a cidade (pólis). 
Embora os gregos não estabelecessem diferença explícita entre direito privado e público, civil e penal, é no direito processual que se encontra uma diferenciação quanto à forma de mover uma ação: a ação pública (graphé) e a ação privada (diké). A ação pública podia ser iniciada por qualquer cidadão que se considerasse prejudicado pelo Estado, por exemplo, por ação corrupta de funcionário público. A ação privada era um debate judiciário entre dois ou mais litigantes, reivindicando um direito ou contestando uma ação, e somente as partes envolvidas podiam dar início à ação. 
Exemplos de ações privadas (diké) são: assassinato (diké phonou), propriedade (diké blabes); assalto (diké aikias); ação envolvendo violência sexual (diké biaion); ilegalidade (diké paranomon); roubo (dike klopes). 
Exemplos de ações públicas (graphé): contra oficial que se recusa a prestar contas (graphé alogiou); por impiedade (graphé asebeias); contra oficial por aceitar suborno (graphé doron); contra estrangeiro pretendendo ser cidadão (graphé xenias); contra o que propôs um decreto ilegal (graphé paranomon); por registrar falsamente alguém como devedor do Estado (graphé pseudengraphes). 
“Não há magistrado que inicie um processo, não há ministério público que sustente a causa da sociedade. Em princípio, cabe à pessoa lesada ou a seu representante legal intentar o processo, fazer a citação, tomar a palavra na audiência, sem auxílio de advogado.”
As sessões de trabalho para julgar os casos apresentados eram chamadas dikasterias, e as pessoas que compunham o júri eram referidas como dikastas em vez de heliastas. Os dikastas eram apenas cidadãos exercendo um serviço público oficial, e sua função se aproximava mais da de um jurado moderno. A decisão final do julgamento era dada por votação secreta, refletindo a vontade da maioria. 
A apresentação do caso era feita por discurso contínuo de cada um dos litigantes, interrompido somente para a apresentação de evidências de suporte, e era dirigido aos dikastas, cujo número poderia variar em algumas centenas, por exemplo 201 ou 501, por julgamento; o número total era sempre ímpar para evitar empate. A votação era feita imediatamente após a apresentação dos litigantes, sem deliberação. Não havia juiz: um magistrado presidia o julgamento, mas não interferia no processo. 
Os litigantes dirigiam-se diretamente aos jurados através de um discurso, sendo algumas vezes suportados por amigos e parentes que apareciam como testemunhas. O julgamento resumia-se a um exercício da retórica e persuasão. Cabia ao litigante convencer a maior parte de jurados e para isso valia-se de todos os truques possíveis. O mais, comum, e que passou a ser uma das grandes características do direito grego, foi o uso de logógrafos, escritores profissionais de discursos forenses. Podemos considerá-los como um dos primeiros advogados da história. 
As instituições políticas que se ocupavam do governo da cidade eram organizadas da seguinte forma:
 O Conselho: - examina; - prepara as leis; - controla.
 A Assembleia: - delibera; - decide; - elege e julga. 
Os Estrategos: - administram a guerra; - distribuem os impostos; - dirigem a polícia.
Os Magistrados: - instruem os processos; - ocupam-se dos cultos; exercem as funções municipais. 
EXERCÍCIO ESCRITO INDIVIDUAL:
1. Discorra sobre a seguinte afirmação:
A escrita surge como nova tecnologia, permitindo a codificação de leis e sua divulgação através de inscrições nos muros das cidades. Dessa forma, junto com as instituições democráticas que passaram a contar com a participação do povo, os aristocratas perdem também o monopólio da justiça. 
2. Discorra sobre a seguinte afirmação: “Quando as leis são escritas, o pobre e o rico tem justiça igual.” 
3. O direito a um julgamento por um júri formado de cidadãos comuns (em vez de pessoas tendo alguma posição especial e conhecimento especializado) é comumente visto nos estados modernos como uma parte fundamental da democracia. 
4. Como funcionava o Tribunal de Heliaia?
5.Explique a formação dos órgãos do governo.
6.Como era organizada a justiça e os tribunais?

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