006 Direitos da Pessoa Natural

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DIREITO CIVIL – DA PESSOA NATURAL
Prof. Anderson Araújo de Medeiros
DA PESSOA NATURAL
Conceito:
A pessoa física ou natural é o ente dotado de estrutura e de complexidade biopsicológica, sendo capaz de particar os atos da vida civil.
O que é a personalidade jurídica?
A Personalidade Jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair deveres na ordem jurídica. Quem a possui é denominado sujeito de direitos.
PERSONALIDADE JURÍDICA
(Aptidão para titularizar direitos e contrair obrigações) 
Pessoa física X Pessoa Jurídica X Animais irracionais?
Aquisição da Personalidade Jurídica pela Pessoa Natural
Em que momento a pessoa física adquire personalidade?
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Quando considera-se o nascimento com vida?
NASCIMENTO COM VIDA
O nascimento com vida ocorre no instante em que principia o funcionamento do aparelho cárdio-respiratório.
Exame de referência:
Exame de docimasia hidrostática de Galeno;
Logo: respirou, adquiriu personalidade jurídica!
Problemática
Maria, mãe de um nascituro de 8 meses de gestação, entra em trabalho de parto e ao final recebe a notícia de que o seu filho haveria nascido falecido. Ocorre que o mesmo tinha expectativa de receber uma herança do seu genitor, também falecido durante a gestação. Tal herança será transmita à Maria?
Não. Como o nascituro nasceu morto, não adquiriu personalidade jurídica, só mera expectativa, não se concretizando e inviabilizando os direitos sucessórios da mãe. 
Registro de nascimento
Após o nascimento, quantos dias deverá ser feito o registro e em que lugar?
Após o nascimento há de ser realizado o registro da pessoa natural. Este se dará no lugar que tiver ocorrido o parto, ou no lugar da residência dos pais, dentro do prazo de 15 dias.(Art. 50, LRP)
Obrigados a fazer a registro – LRP (Situação de casamento)
Art. 52. São obrigados a fazer declaração de nascimento: (Renumerado do art. 53, pela Lei nº 6.216, de 1975).
1º) o pai; 
2º) em falta ou impedimento do pai, A MÃE, sendo neste caso o prazo para declaração prorrogado por quarenta e cinco (45) dias; 
3º) no impedimento de ambos, o parente mais próximo, sendo maior achando-se presente; 
4º) em falta ou impedimento do parente referido no número anterior os administradores de hospitais ou os médicos e parteiras, que tiverem assistido o parto; 
5º) pessoa idônea da casa em que ocorrer, sendo fora da residência da mãe; 
6º finalmente, as pessoas encarregadas da guarda do menor. 
Filho de uma relação informal?
(Lei 8560/1992 – Lei de investigação de paternidade)
Art. 2° Em registro de nascimento de menor apenas com a maternidade estabelecida, o oficial remeterá ao juiz certidão integral do registro e o nome e prenome, profissão, identidade e residência do suposto pai, a fim de ser averiguada oficiosamente a procedência da alegação.
§ 1° O juiz, sempre que possível, ouvirá a mãe sobre a paternidade alegada e mandará, em qualquer caso, notificar o suposto pai, independente de seu estado civil, para que se manifeste sobre a paternidade que lhe é atribuída.
§ 2° O juiz, quando entender necessário, determinará que a diligência seja realizada em segredo de justiça.
§ 3° No caso do suposto pai confirmar expressamente a paternidade, será lavrado termo de reconhecimento e remetida certidão ao oficial do registro, para a devida averbação.
§ 4° Se o suposto pai não atender no prazo de trinta dias, a notificação judicial, ou negar a alegada paternidade, o juiz remeterá os autos ao representante do Ministério Público para que intente, havendo elementos suficientes, a ação de investigação de paternidade.
PL 16/2013
Atenção!!! Tramita no Congresso Nacional.
Autoria do Senador Humberto Costa do PT-PE
* Igualdade de tratamento entre o pai e a mãe (um ou outro, em conjunto ou isoladamente);
* procura promover a cidadania do recém-nascido 
Natureza Jurídica do registro de pessoa físca?
O registro de nascimento da PESSOA FÍSICA é “ato meramente declaratório”, afinal de contas a personalidade jurídica foi adquirida desde o nascimento com vida. Pode-se afirmar que o registro constitituiria mera aquisição pretérita da personalidade, daí seu efeito ex tunc.
Obs. Para PJ  natureza constitutiva (art. 45, CC)
TEORIAS DA AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE
Teoria natalista ou negativista (Sílvio Rodrigues, Arnold Wald)
X
Teoria concepcionista (Clóvis Beviláqua)
X
Teoria da personalidade condicional ou condicionalista (Washington de Barros Monteiro) – direitos patrimoniais suspensos “personalidade formal”)
Direitos do Nascituro
1) É titular de direitos personalíssimos (como o direito a vida, a integridade física, o direito à proteção pré-natal, etc.)
 	- Regra da proibição do aborto (possível aborto quando? 
Aborto necessário/ terapêutico; aborto sentimental/humanitário; aborto de feto anencéfalo.
Direitos do Nascituro
2) pode receber doação, aceita pelo seu representante (curador);
3) pode ser beneficiado por legado ou herança, na forma do art. 1798 do Código Civil;
4) pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses, consoante arts. 877 e 878 do CPC;
Direitos do Nascituro
5) Segundo o STF (Rcl 2040), o nascituro tem direito à realização de exame de DNA, para aferição da paternidade;
6) A Lei 11.804/2008 instituiu a possibilidade do pleito de alimentos gravídicos, deferidos à gestante, em favor do nascituro, desde a concepção até o parto.
O que seria o Natimorto, possui algum direito? 
Alguns afirmam que o natimorto é aquele que já nasceu falescido. 
Expressa o Enunciado 1º do Conselho da Justiça Federal (CJF) que “a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como o nome, imagem e sepultura”. O natimorto terá, ainda, registro de nascimento e óbito, com remissões recíprocas, em livro específico, nas pegadas do art. 53 da LRP. (nem todos os Estados admitem e alguns exigem requisitos de tamanho e peso).
DA CAPACIDADE
Conceitua-se a capacidade como a medida jurídica da personalidade, dividindo-se em: a) capacidade de direito ou de gozo e b) capacidade de fato, atividade ou de exercício. 
Personalidade (capacidade jurídica plena) = capacidade de direito + capacidade de fato
Capacidade de Direito
É uma capacidade genérica, adquirida juntamento com a personalidade. Justo por isso, afirma o art. 1º que “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Trata-se de um atributo inerente à condição humana, podendo ser também compreendida como a aptidão para contrair direitos e deveres na ordem jurídica, na qualidade de sujeito.
Capacidade de Fato
A capacidade de direito está presente em todos os seres humanos. Contudo, nem todos possuem capacidade de fato, que se traduz pela possibilidade de, pessoalmente, praticar, exercer os atos da vida civil.
Aqueles que não possuem capacidade de fato são chamados de ...?
INCAPACIDADE CIVIL ABSOLUTA
A) Menores de 16 anos de idade; (menores impúberes); 
 	- excepcionalmente podem praticar atos para situações de direito existencial, ex. participação na adoção.
B) Aqueles que por enfermidade ou doença mental não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; 
C) Aqueles que mesmo por causa transitória não puderem exprimir a sua vontade; 
 	- nesse caso, não precisa de interdição.
Direito de Representação
Os absolutamente incapazes são representados, pois, em regra, a sua vontade é irrelevante para o direito, sendo nulos os atos praticados sem representação, na forma do art. 166 CC/2002.
INCAPACIDADE CIVIL RELATIVA
A) Os maiores de 16 e menores de 18 anos; (menores púberes)
 	- há atos que o relativamente incapaz pode realizar sonzinho, como testemunhar, aceitar mandato e fazer testamento
B) Ébrios ‘habituais’, viciados em tóxicos e os que por doença mental tenham o discernimento reduzido;
 	- Se a embriaguês habitual ou o vício
em drogas retirar a capacidade plena, será hipótese de incapacidade absoluta.
 	- Se o ébrio ‘não for habitual’ o estado será de incapacidade transitória (incapac. absoluta). 
INCAPACIDADE CIVIL RELATIVA
C) Os excepcionais que não tenham desenvolvimento mental completo;
 	D) Os pródigos;
- Segundo a legislação em vigor, a curatela do pródigo somente o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, atos que não sejam de mera administração, ou seja, atos de disposição patrimonial (art. 1.782,CC).
- Atos possíveis e individuais: testemunhar, atos do poder familiar, casar (cuidado com o regime de bens)
Direito de Assistência
Os relativamente incapazes são assistidos, sendo que a sua vontade é relevante juridicamente, necessitando de um assistente para a completa validade do ato, sob pena de anulabilidade (art.171, CC), devendo o assistido assinar o ato com seu assistente.
E como fica a situação do índio?
Hodiernamento, o Código Civil remete à legislação especial (Leis 5.371/67 e 6.001/73). Na forma da legislação específica, os silvículas - índios sem hábitos urbanos são absolutamente incapazes, sendo os seus atos, sem assistência do órgão tutelar (FUNAI), nulos.
Atenção! índios integrados a sociedade podem ser capazes
Requisitos para a capacidade plena dos índios
A legislação especial veicula os requisitos:
- idade mínima: 21 anos;
- conhecer a língua portuguesa;
- habilitação para o exercício de atividade útil;
- razóavel compreensão dos usos e costumes.
DA EMANCIPAÇÃO
É uma forma de antecipação da capacidade “civil” plena, a qual ocorre de forma irrevogável e irretratável. É o que se denomina de emancipação. Tal antecipação sempre deve ser analisada sobre a ótica do menor, consoante a proteção integral. 
DICA: A emancipação implica prévio alcance da maioridade civil.
DA EMANCIPAÇÃO
Com a emancipação, cessará, para os menores, a incapacidade:
a- Por concessão dos pais, ou de um deles, na falta do outro, independente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor;
 	- emancipação voluntária
b- Pelo casamento ;
c- Pelo exercício de emprego público efetivo;
d- Pela colação de grau;
e- Pelo estabelecimento civil ou comercial, com economia própria.
Obs. uma vez emancipado, em regra, nada o fará perder a emancipação! CJF , enunciado 397 – vício de vontade.	
Problemática
Jãozinho, rapaz desordeiro, filho de Maria e Pedro, recebeu emancipação voluntária dos pais. Ocorre que João era famoso por não respeitar ninguém e vivia causando problemas na comunidade em que residia. De quem será a responsabilidade pelos danos causados por atos civis de Joãozinho? 
A pergunta é extremamente interessante, pois demonstra o receio da emancipação tornar-se um mecanismo de fuga dos genitores da sua responsabilidade parental. Há um precedente do STJ no qual consigna que “a outorga de emancipação voluntária pelos pais não os exonera da responsabilidade civil dos filhos.” (Responsabilidade solidária)
DO ESTADO DA PESSOA FÍSICA
Indica a situação jurídica da pessoa nos contextos político, familiar e individual.
Aspectos do direito de estado:
 
(I) INDIVIDUAL: diz respeito às características físicas da pessoa (idade, sexo, cor, altura); 
(II) FAMILIAR: indica a sua situação na família, em relação ao matrimônio e ao parentesco;
(III) POLÍTICO: concerne à posição do indivíduo na sociedade política.
CARACTERÍSTICAS DO ESTADO DA PESSOA
 
(I) INDIVISIBILIDADE
(II) INDISPONIBILIDADE
(III) INALIENÁVEL
(IV) IRRENUNCIÁVEL
(III) IMPRESCRITIBILIDADE
DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL:
Trabalho em grupo:
Questões dissertativas:
O que é morte presumida?
Como ocorre a declaração da morte presumida, sem decretação de ausência? 
O que é o princípio da comoriência?
O que é ausência?
Quando ocorre a morte presumida com decretação de ausência?
DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL:
6) Como e quando ocorrerá a curadoria de bens do ausente?
7) Como ocorre a sucessão provisória dos bens d ausente?
8) Quando ocorre a sucessão definitiva? Analise também o art. 38 do CC/2002.
Dever de casa: organize um esquema gráfico levando em consideração os pontos 2, 5, 6, 7 e 8.