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1 Instituto de Ciências da Saúde Campus Brasília Curso: FARMÁCIA Disciplina: Microbiologia e Micologia Clínicas Prof: Flavio Gaspar Bianchi Estudo Dirigido nº 1 - Infecções Hospitalares NOTA Nome do aluno: RA: Turma: Assinatura do aluno: Data: INSTRUÇÕES Este estudo dirigido deve ser respondido individualmente e entregue para o professor até o dia 26 de março, em sala de aula. Para responder o estudo dirigido o aluno deve realizar a leitura do Manual de Microbiologia Clínica da ANVISA, disponível em http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/microbiologia.asp Este estudo dirigido conta como um dos trabalhos extra-classe do 1º bimestre propostos no plano de ensino da disciplina. A média dos trabalhos extra-classe vale 20% da média final do 1º bimestre. QUESTÕES Questão 1 - Os patógenos implicados nas infecções hospitalares são transmitidos ao indivíduo tanto via endógena, ou seja, pela própria flora do paciente quanto pela via exógena. Esta última inclui veículos como mãos, secreção salivar, fluidos corpóreos, ar e materiais contaminados, como por exemplo, equipamentos e instrumentos utilizados em procedimentos médicos. Quais os principais fatores, relacionados ao paciente, que influenciam a aquisição de uma infecção hospitalar? Os principais fatores são: status imunológico idade (recém-nascidos e idosos são mais vuneráveis) uso abusivo de antibióticos procedimentos médicos, em particular, os invasivos immunosupressão falhas nos procedimentos de controle de infecção Questão 2 - As infecções do trato urinário (ITUs) estão entre as doenças infecciosas mais comuns na prática clínica, particularmente em crianças, adultos jovens e mulheres sexualmente ativas, sendo apenas menos frequente que as do trato respiratório. Quanto à topografia, como as ITUs podem ser divididas? Quanto à topografia, as ITUs são divididas em: a) Altas - que envolvem o parênquima renal (pielonefrite) ou ureteres (ureterites) b) Baixas - que envolvem a bexiga (cistite) a uretra (uretrite), e nos homens, a próstata (prostatite) e o epidídimo (epididimite). Questão 3 - Com relação à patogênese da infecção urinária, quais são as possibilidades de um microrganismo alcançar o trato urinário e causar infecção? As três possibilidades de um microrganismo alcançar o trato urinário e causar infecção são: Via ascendente: o microrganismo poderá atingir através da uretra, a bexiga, ureter e o rim. Esta via é a mais frequente, principalmente em mulheres (pela menor extensão da uretra) e em pacientes submetidos à instrumentação do trato urinário. Via hematogênica: ocorre devido a intensa vascularização do rim podendo o mesmo ser comprometido em qualquer infecção sistêmica; é a via de eleição para ITU(s) por alguns microrganismos como Staphylococcus aureus, Mycobacterium tuberculosis, Histoplasma spp., sendo também a principal via das ITU(s) em neonatos. Via linfática: é rara embora haja a possibilidade de microrganismos alcançarem o rim pelas conexões linfáticas entre o intestino e o rim e/ou entre o trato urinário inferior e superior. Questão 4 - A maioria das ITUs é diagnosticada através de dados clínicos e laboratoriais como piúria e ou bacteriúria e também pela urocultura com contagem de colônias. Qual contagem de UFC/mL é adotada como limite indicativo de infecção urinária? Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 2 O critério de diagnóstico tradicional de bacteriúria, estabelecido por Kass (1956), determina a contagem ≥105 UFC/ml como limite indicativo de infecção urinária. Questão 5 - A pesquisa da Piúria reflete a possibilidade de resposta inflamatória do trato urinário. A causa mais comum é a infecção bacteriana que poderá ser confirmada pela urocultura; porém a piúria poderá ser evidenciada em outras situações clínicas, cuja urocultura resulta negativa. Quais são essas condições? a) Não infecciosa: - doença túbulo-intersticial (nefropatia por analgésicos e beta-lactâmicos) - cálculos e corpos estranhos - terapia com ciclofosfamida - rejeição de transplante renal - trauma genitourinário - neoplasias - glomerulonefrite b) Infecciosa (microrganismos de difícil cultivo): - Tuberculose e infecções causadas por micobactérias atípicas - Haemophilus influenzae - Chlamydia spp. e Ureaplasma urealyticum - Gonococos - Anaeróbios - Fungos - vírus (herpes, adenovírus, varicela-zoster) - Leptospiras c) Outras causas infecciosas: - durante ou até uma semana após o tratamento adequado da ITU - Infecção “mascarada” pela antibioticoterapia - infecções adjacentes ao trato urinário (apendicite, diverticulite e prostatite) Questão 6 - A identidade da bactéria infectante isolada na cultura de urina é um dos fatores indicativos de infecção. Porém, o resultado da identificação do microrganismo deve ser associado com a avaliação do número de unidades formadoras de colônias UFC por ml para a interpretação da urocultura. Por que? Porque não podemos esquecer que existem microrganismos que colonizam frequentemente a uretra distal de pacientes, e que raramente causam ITUs. Cerca de 10 a 20% das pacientes apresentam colonização da mucosa vaginal e da região periuretral por enterobactérias por esta razão, além da identificação de bactérias uropatógenas, a avaliação do número de unidades formadoras de colônias UFC por ml tornou-se um critério importante na interpretação da urocultura, já que os microrganismos colonizantes geralmente apresentam-se em contagens baixas. Questão 7 - Explique o princípio do método de semeadura com alça calibrada, utilizado para a quantificação da urina e posterior identificação de microrganismos, descrevendo o procedimento e meios de cultura empregados. Esse método consiste em utilizar a urina não diluída, e fazer a semeadura utilizando-se uma alça de platina ou de plástico (disponível comercialmente), de diâmetro calibrado capaz de carrear uma quantidade fixa de urina (0,001 ou 0,01ml), padronizando desse modo o fator de diluição. Em sua execução a alça bacteriológica é introduzida em uma amostra de urina bem homogeneizada, fazendo-se movimentos para baixo e para cima no sentido vertical. A alça carregada é então utilizada para inocular cada meio de cultura, fazendo-se, inicialmente, uma linha reta no centro da placa e completando-se o espalhamento com uma série de passagens em um ângulo de 90º, através da linha original. Importante item de controle de qualidade é utilizar alças calibradas periodicamente aferidas ou, quando possível, alças descartáveis. As placas com meio seletivo (Mac Conkey ou EMB) e outro meio não seletivo (Ágar Sangue de Carneiro a 5%) deverão ser incubadas 24 horas à 35-37ºC, devendo este período ser prolongado quando as condições clínicas justificarem ou quando houver suspeita de infecção por Gram positivos (Enterococos e Streptococcus agalactiaeou leveduras). Atualmente utiliza-se muito o meio CLED, que permite crescimento das enterobacterias, impedindo o espalhamento dos Proteus, a maioria dos gram positivos e leveduras. É prudente a leitura em 48-72 horas quando a contagem de leucócitos ou a bacterioscopia sugerirem infecção urinária e não for verificado crescimento bacteriano em 24 horas. Questão 8 - A maioria das infecções de vias aéreas superiores são autolimitadas, de etiologia viral, porém outras são provocadas por bactérias e exigem tratamento antimicrobiano. Contudo, a identificação de uma bactéria patogênica ou potencialmente patogênica não necessariamente indica seu envolvimento na infecção. Por que? Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.3 Porque estes microrganismos podem também ser detectados em portadores como é o exemplo do Haemophilus influenzae. Desse modo, o conhecimento da flora normal do trato respiratório superior é essencial para a interpretação dos resultados da cultura. A orofaringe contém uma microbiota mista com grande densidade de bactérias aeróbias, anaeróbias facultativas e anaeróbias estritas, incluindo Streptococcusalfa hemolíticos e não hemolíticos, Streptococcusbeta hemolíticos não pertencentes ao grupo A, Neisserias não patogênicas, Haemophilus spp., difteróides, Staphylococcus sp, Micrococcus spp., Anaeróbios (Bacteroidesspp, Fusobacterium spp., Veillonella spp., Peptostreptococcus spp., Actinomyces spp.). Alguns patógenos como Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes, Haemophilus influenzae, Neisseria meningitidis, enterobactérias e leveduras como Candida albicans podem ser componentes transitórios da flora de orofaringe em indivíduos saudáveis, sem desenvolvimento de doença. A mucosa nasal anterior é frequentemente colonizada por Staphylococcus epidermidise difteróides, e alguns indivíduos são portadores intermitentes ou definitivos de Staphylococcus aureus. Questão 9 - Quais são os meios de cultura mais utilizados para semeadura de materiais obtidos das vias aéreas superiores? Os meios de cultura mais utilizados para semeadura,de materiais obtidos das vias aéreas superiores são o Ágar Chocolate (com sangue de cavalo) e Agar Sangue incubados em atmosfera de 5% de CO2, e Ágar Mac Conkey. Na rotina não se recomenda fazer enriquecimento, nem fazer uso de meios seletivos. Na suspeita de infecções por anaeróbios usar meios e condições apropriadas para o cultivo destas bactérias. Para cultura do bacilo diftérico é recomendável encaminhar a Laboratório de Saúde Pública. O meio seletivo é o meio de Ágar Sangue cistina-telurito. O bacilo também cresce em Agar Sangue, sendo opcional fazer enriquecimento em Ágar Loeffler azul de metileno. Questão 10 - Apesar dos progressos diagnóstico-terapêuticos, as pneumonias ainda representam a causa mais importante de morte atribuída à doença infecciosa nos países desenvolvidos, em parte pela dificuldade de se estabelecer o agente etiológico e dirigir a terapêutica específica, pela grande diversidade de agentes possíveis. Contudo, existe uma interessante associação entre fatores predisponentes e agentes etiológicos que podem facilitar a pesquisa ou interpretação de achados microbiológicos. Para cada fator predisponente relacionado abaixo, indique os mais prováveis agentes etiológicos associados. Fator predisponente Agentes etiológicos mais prováveis Alcoolismo Streptococcus pneumoniae, Anaeróbios, Enterobactérias Infecção por HIV precoce Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Mycobacterium tuberculosis Má higiene dentária Anaeróbios Pnemonia de aspiração Anaeróbios Surtos de gripe Influenzavirus, Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes(A), Haemophilus influenzae Questão 11 - Considerando-se as diferentes topografias associadas às infecções hospitalares, as localizadas no trato respiratório inferior, têm grande importância pela frequência em que ocorrem e pela morbidade associada. Quais são os agentes mais comumente isolados nessas infecções e quais as possíveis formas dos microrganismos alcançarem o trato respiratório inferior. Os agentes mais freqüentemente isolados são: a) ƒBacilos Gram negativos b) ƒEnterobactérias: Klebsiella spp., E. coli, Enterobacter spp. c) ƒBacilos Gram negativos não fermentadores: P. aeruginosa, Acinetobacter baumaniie outras espécies, etc. d) ƒCocos Gram positivos, principalmente Staphylococcus aureus. e) ƒOutros agentes, tais como Legionella pneumophilae Vírus Respiratório Sincicial (VRS) aparecem em casos de surto e em pacientes imunodeprimidos, assim como Aspergillus spp. e Pneumocystis carinii. De uma maneira geral os microrganismos podem alcançar o trato respiratório pela aspiração de secreções da orofaringe, pela inalação de aerossóis contendo bactérias, pela translocação de microrganismos do trato gastrointestinal ou pela disseminação hematogênica de um foco a distância. Ainda, para que a infecção respiratória ocorra é necessário existir a perda das defesas do hospedeiro, um inóculo suficiente para alcançar o trato respiratório ou a presença de um microrganismo altamente virulento. Questão 12 - Dentre as infecções hospitalares, a pneumonia hospitalar é a que leva a morte com maior frequência, com um risco maior na Unidade de Terapia Intensiva. Defina o conceito de pneumonia hospitalar, abordando sua frequência e principais causas associadas. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 4 A pneumonia de origem hospitalar é definida como aquela que aparece após um período maior ou igual a 48 horas de admissão e não está incubada no momento da hospitalização. Segundo dados da literatura, ocorre entre 6 a 10 casos a cada 1000 admissões hospitalares. Entre as pneumonias, aquelas associadas com ventilação mecânica através de entubação orotraqueal ou traqueostomia, são as mais frequentes. São definidas para pacientes sob ventilação mecânica em um período igual ou superior a 48 horas. Nesta situação a incidência de infecção é de 7 a 21 vezes maior à que ocorre em pacientes que não necessitam de respirador. Questão 13 - Com relação ao diagnóstico laboratorial das pneumonias, quais são as amostras aceitáveis para exame e a principal dificuldade encontrada na coleta dessas amostras? As amostras aceitáveis são: escarro, aspirado traqueal ou transtraqueal, lavado bronco-alveolar, escovado brônquico e biópsia brônquica, punção pulmonar e biópsia pulmonar. O diagnóstico das infecções do trato respiratório inferior, do ponto de vista microbiológico, é dificultado pela contaminação da amostra, em nível do trato respiratório superior, durante a coleta. Questão 14 - Aspectos da análise macroscópica do escarro, tais como cor, quantidade, consistência e cheiro, podem ser úteis para sugestão de agentes ou patologias. Cite alguns exemplos que confirmam esta afirmação. Escarro purulento – pneumonia bacteriana (embora nas pneumonias por vírus ou micoplasma a infecção secundária pode oferecer os mesmos achados em cerca de 30 a 50% dos casos) Expectoração matinal, abundante e fétida - bronquiectasia Expectoração escassa ou aquosa (mucóide) - pneumonias atípicas Escarro avermelhado, mucóide - Klebsiella pneumonia Escarro fétido associado a pneumonia aspirativa - anaeróbios Questão 15 - A bacterioscopia do escarro pela coloração de Gram é um recurso simples, rápido e barato, podendo ser muito útil para orientação terapêutica, desde que atendidas algumas condições. Quais são essas condições? A bacterioscopia do escarro tem significado clínico importante quando um material purulento e representativo é analisado, quando os analistas são experientes, quando as informações clínicas e/ou o clínico participam da interpretação e quando os achados são bem definidos. Algumas medidas relacionadas à coleta e processamento da amostra podem tornar os resultados obtidos com este espécime de maior utilidade. A remoção de próteses e gargarejo com água imediatamente antes da coleta pode reduzir substancialmente a contaminação da amostra. O único cuidado é impedir o uso de substâncias com conteúdo bactericida. Preferencialmente, deve-se colher a primeira amostra de escarro da manhã, por ser um material mais concentrado, utilizando-se a porção mais purulenta para análise. A coleta por um período de 24 horas é inadequada, já que durante o dia passa a ocorrer diluição da amostra, morte de alguns agentes fastidiosos, e em contrapartida, o crescimento bacteriano de outros microrganismos. Questão 16 - Das técnicas endoscópicas para coletade material, por que o lavado e o escovado bronco- alveolar são as mais utilizadas para o diagnóstico de pneumonia? Porque o escovado bronco-alveolar obtém um maior volume de amostra, o que aumenta a sensibilidade do método e permite que se realize um maior número de procedimentos diagnósticos além da cultura, após a citocentrifugação da amostra. Dentre eles incluem-se colorações para identificação de organismos específicos, porcentagem de macrófagos e leucócitos contendo microrganismos (nas pneumonias considera-se relevante acima de 2%), e presença de fibras de elastina como indicador de necrose pulmonar. São referidos valores de sensibilidade e especificidade para o lavado bronco-alveolar variando de 80-100% e 75-100% respectivamente e para o escovado de 65-100% e 60-100%. Questão 17 - Todo resultado liberado pelo laboratório de microbiologia é consequência da qualidade da amostra recebida. O material coletado deve ser representativo do processo infeccioso investigado, devendo ser eleito o melhor sítio da lesão, evitando contaminação com as áreas adjacentes. Cite alguns aspectos básicos da coleta e do transporte de amostras para análise microbiológica. O profissional responsável pela coleta será também responsável por identificar de forma legível e correta o material a ser encaminhado ao laboratório de microbiologia. Quem coleta o material deve ser devidamente treinado e periodicamente reciclado nesta atividade. Deve saber que o material deverá ser destinado, o mais brevemente possível, ao laboratório. Além disso, deve adotar os seguintes procedimentos: a) Colher antes da antibioticoterapia, sempre que possível. b) Instruir claramente o paciente sobre o procedimento. c) Observar a antissepsia na coleta de todos os materiais clínicos. d) Colher do local onde o microrganismo suspeito tenha maior probabilidade de ser isolado. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 5 e) Considerar o estágio da doença na escolha do material. Patógenos entéricos causadores de diarréia, estão presentes em maior quantidade e são mais facilmente isolados durante a fase aguda ou diarréica do processo infeccioso intestinal. f) Coletar quantidade suficiente de material para permitir uma completa análise microbiológica. Caso a quantidade seja pequena, priorizar os exames. g) Utilizar as barreiras de proteção necessárias a cada procedimento. h) Tratar toda amostra como potencialmente patogênica. i) Usar frascos e meios de transporte apropriados. j) Não manusear a amostra em trânsito. k) Não contaminar a superfície externa do frasco de coleta e verificar se ele está firmemente vedado. (caso ocorram respingos ou contaminação na parte externa do frasco, fazer descontaminação com álcool 70% ou outra solução descontaminante disponível). l) Não contaminar a requisição médica que acompanha o material. m) Transportar as amostras em sacos plásticos fechados. n) Identificar claramente a amostra coletada, com todos os dados necessários. o) Colocar a identificação no frasco de coleta e nunca na tampa ou sobre rótulos. p) Encaminhar os materiais imediatamente ao laboratório Questão 18 - O objetivo do laboratório de microbiologia não é apenas apontar o responsável por um determinado estado infeccioso, mas sim, indicar, através do monitoramento de populações microbianas, qual o perfil dos microrganismos que estão interagindo com o homem. Com essas informações, a equipe de saúde é capaz de definir quais microrganismos podem ser responsáveis pelo quadro clínico de um paciente e assim, propor um tratamento mais adequado. Cite outras atribuições e competências importantes do laboratório de microbiologia. Entre as atribuições e competências importantes do laboratório de microbiologia, podemos citar: a) Elaborar e viabilizar normas para coleta, conservação e transporte de material de interesse clínico; b) Estabelecer e executar rotinas microbiológicas, dentro dos padrões técnico-científicos vigentes, que permitam o isolamento e identificação dos principais agentes infecciosos de importância clínica, por gênero e, se possível, por espécie; c) Determinar a sensibilidade às drogas antimicrobianas; d) Efetuar o controle de qualidade de suas atividades e dos processos de esterilização; e) Divulgar e implementar normas de biossegurança; f) Participar junto com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do rastreamento epidemiológico dos surtos de infecção hospitalar; g) Fornecer periodicamente dados relacionados com a etiologia das infecções hospitalares e da resistência às drogas; h) Executar outras atividades afins de natureza não rotineira e de relevância em determinadas situações como, por exemplo, estudos microbiológicos de materiais inanimados, portadores, desinfetantes, etc. Questão 19 - Defina o conceito de biossegurança e explique como os laboratórios de microbiologia podem ser classificados de acordo com as normas da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Biossegurança é a condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente. A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) é responsável pela maioria das atribuições relativas ao estabelecimento de normas, análise de risco, acompanhamento, emissão de certificados de qualidade em biossegurança (CQB) para o desenvolvimento de atividades em laboratório nessa área, definindo o nível de biossegurança dos laboratórios de microbiologia. As características físicas estruturais e de contenção de um laboratório determinam o tipo de microrganismo que pode ser manipulado em suas dependências. Existem quatro níveis de biossegurança. Nos laboratórios de nível 1 (NB-1) as práticas, o equipamento de segurança e o projeto das instalações são apropriados para o treinamento educacional secundário ou para o treinamento de técnicos, e de professores de técnicas laboratoriais. É adequado ao trabalho que envolva agente com o menor grau de risco para o pessoal do laboratório e para o meio ambiente. Nos laboratórios de nível 2 (NB-2) as práticas, os equipamentos, a planta e a construção das instalações são aplicáveis aos laboratórios clínicos, de diagnóstico, laboratórios escolas e outros laboratórios onde o trabalho é realizado com um maior espectro de agentes nativos de risco moderado presentes na comunidade e que estejam associados a uma patologia humana de gravidade variável. O nível 3 (NB-3) é aplicável para laboratórios clínicos, de diagnóstico, ensino e pesquisa ou de produção onde o trabalho com agentes exóticos possa causar doenças sérias ou potencialmente fatais como resultado de exposição por inalação. A equipe laboratorial deve possuir treinamento específico no manejo de agentes patogênicos e potencialmente letais devendo ser supervisionados por competentes cientistas que possuam vasta experiência com estes agentes. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 6 Nos laboratórios de nível 4 (NB-4) realiza-se o trabalho com agentes nativos ou exóticos que possuam um potencial de transmissão via respiratória e que podem causar infecções sérias e potencialmente fatais. O Mycobacterium tuberculosis, o vírus da encefalite de St. Louis e a Coxiella burnetiisão exemplos de microorganismos determinados para este nível. São poucos laboratórios no mundo que possuem instalações compatíveis com nível 4 de biossegurança. Questão 20 - De acordo com as normas da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, como os microrganismos podem ser classificados segundo seu grau patogênico? Cite exemplos. Os microrganismos podem ser divididos em 4 classes. Os de classe 1 são de baixorisco individual e baixo risco para a comunidade, incluindo microrganismo que não causa doença ao homem ou animal. Ex: microrganismos usados na produção de cerveja, vinho, pão e queijo. (Lactobacillus casei, Penicillium camembertii, S. cerevisiae, etc). Os de classe 2 são de risco individual moderado e risco limitado para a comunidade. Incluem patógenos que causam doenças ao homem ou aos animais, mas que não consistem em sério risco, a quem o manipula em condições de contenção, à comunidade, aos seres vivos e ao meio ambiente. As exposições laboratoriais podem causar infecção, mas a existência de medidas eficazes de tratamento e prevenção limita o risco. Exemplo: bactérias- Clostridium tetani, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus; fungos - Candida albicans. Os de classe 3 possuem elevado risco individual e risco limitado para a comunidade. Incluem patógenos que geralmente causam doenças graves ao homem ou aos animais e pode representar um sério risco a quem o manipula. Pode representar um risco se disseminado na comunidade, mas usualmente existem medidas de tratamento e de prevenção. Exemplos: bactérias- Bacillus anthracis, Brucella, Chlamydia psittaci, Mycobacterium tuberculosis; fungos - Blastomyces dermatiolis, Histoplasma. Os de classe 4 são de elevado risco individual e elevado risco para a comunidade. Incluem patógenos que representam grande ameaça para o ser humano e para aos animais, representando grande risco a quem o manipula e tendo grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro. Normalmente não existem medidas preventivas e de tratamento para esses agentes. Exemplos: Vírus de febres hemorrágicas, Febre de Lassa, Machupo, Ébola, arenavírus e certos arbovírus. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
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