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Introdução à Economia: Conceitos e Necessidades

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1 
 
ERU 300 - ECONOMIA RURAL 
2 
 
PARTE I – INTRODUÇÃO 
 
01. O CONCEITO DE ECONOMIA 
 
Em um sistema econômico, o problema central gira em torno da escassez. As 
pessoas - e a sociedade como um todo - têm necessidades, mas como os recursos são 
escassos, é preciso desenvolver uma maneira de alocá-los convenientemente, sob pena 
de não haver disponibilidade dos mesmos para todos os indivíduos. Assim, pode-se 
dizer que os principais elementos da atividade econômica são as necessidades humanas, 
os fatores de produção e a tecnologia disponível. 
No que diz respeito às necessidades humanas, é importante salientar que estas 
possuem duas características principais: são diversificadas e insaciáveis. É claro que não 
se pretende com isso dizer que o desejo de um indivíduo em consumir um determinado 
tipo de bem é ilimitado, mas que, no agregado, suas necessidades não têm limitações. 
Isso decorre tanto do volume disponível de bens quanto da capacidade humana em 
desenvolver necessidades. 
Tal insaciabilidade torna-se ainda mais clara se tomarmos por base alguns outros 
fatores como cultura, status ou ambiente social. No que diz respeito às necessidades 
encontramos, em primeiro lugar, as relativas à satisfação de exigências orgânicas que, 
além de múltiplas, diferenciam-se de acordo com as preferências individuais. Em 
seguida às necessidades biológicas encontramos aquelas relacionadas às atividades 
desenvolvidas pelo indivíduo, suas exigências psíquicas etc. Além do exposto, é preciso 
ter em mente que a sociedade como um todo também possui necessidades, ditas 
coletivas, como as de transporte, educação, ordem pública, etc. 
Nesse sentido, um outro ponto importante refere-se à relação existente entre a 
capacidade de satisfação das necessidades e nível de vida, entendidos, no contexto 
social, como sinônimos. A interpretação de nível (ou padrão) de vida é bastante abstrata, 
e está estreitamente relacionada com o contexto histórico pelo qual passa uma 
sociedade. Assim, o que pode ser considerado um padrão de vida satisfatório em uma 
determinada época, pode não sê-lo em um período posterior. 
Da mesma forma, esta definição varia entre as comunidades, sendo que o que é 
considerado ‘bom’ para uma estrutura social, pode ser ‘ruim’ para uma mais 
desenvolvida. Deve-se lembrar, ainda, que na medida em que a capacidade produtiva da 
economia se amplia o padrão considerado satisfatório para uma sociedade se eleva, 
3 
 
deslocando-se para cima. Assim, segundo LEFTWITCH (1979) “a insaciabilidade das 
necessidades humanas, juntamente com os aumentos seculares da capacidade 
produtiva, conduz à contínua mudança no conceito do que constitui um nível de vida 
satisfatório. 
Contudo, ainda que sejam consideradas essas questões do ponto de vista da 
eficiência, o desempenho da economia não deve ser avaliado apenas em virtude de estar 
conseguindo, ou não, proporcionar um padrão de vida “satisfatório”. Tal julgamento 
deveria considerar se está sendo obtido o maior nível de vida possível, dadas as 
limitações de fatores e técnicas de produção, poupando-se uma parcela dos recursos 
para posterior aumento da capacidade produtiva, a fim de que sempre exista uma 
expectativa de aumento do nível de vida da sociedade. O Quadro 1.1 permite uma 
melhor visualização do que foi exposto até o momento: 
 
Necessidade Humana: é a sensação de carência de algo aliada ao desejo de satisfazê-la. 
 
Quadro 1.1 - Tipos de necessidades 
 (a) Segundo o requerente: 
 (a.1) Necessidades do indivíduo: 
 - natural: comer ou dormir. 
 - social: convívio social. 
 (a.2) Necessidades da sociedade: 
 - Coletivas: transporte, educação. 
 - Públicas: ordem pública ou defesa nacional. 
 (b) Segundo a natureza: 
 (b.1) Necessidades vitais ou primárias: conservação da vida. 
 (b.2) Necessidades civilizadas/secundárias: aumentam o bem-estar do 
 indivíduo. 
 
 A necessidade de satisfazer às exigências materiais (sobrevivência e bem-estar) 
faz com que a sociedade engendre seus membros de tal forma que seja possível a 
produção do que é necessário. Nesse processo são detectados dois segmentos básicos: 
produção e consumo. Na produção a empresa deve decidir quais insumos utilizar 
(recursos produtivos ou fatores de produção), quanto produzir (o que se sujeita à 
4 
 
disponibilidade) e o que produzir, bem como os mecanismos pelos quais se dará a 
alocação de tais recursos (padrão tecnológico vigente). Na órbita do consumo, 
empresas e famílias decidem como alocar os recursos de que dispõem a fim de 
satisfazer suas necessidades 
 
1.1. Economia - definição 
 Em síntese, pode-se dizer que “a economia estuda a maneira como se 
administram os recursos escassos com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-
los para seu consumo, entre os membros da sociedade.”. 
 
1.2. Economia: Macro e Micro 
Uma questão importante, que surge na esfera do estudo econômico, diz respeito 
às distinções entre as preocupações macro e microeconômicas. Contudo, vale salientar 
que, embora aparentemente díspares no fundo as duas tratam do mesmo objeto: o 
sistema econômico: a Microeconomia trata do comportamento das unidades 
econômicas, enquanto a Macroeconomia trata do conjunto da economia - para tanto 
sempre são feitas abstrações. 
 
1.3. Os Bens econômicos 
 Os bens econômicos caracterizam-se pela sua utilidade, sua escassez e por serem 
transferíveis. Basicamente podem ser tipificados como a seguir: 
Tipos de bens: 
 ( a ) Segundo seu caráter 
 (a.1) Livres 
(a.2) Econômicos 
 ( b ) Segundo sua natureza 
 (b.1) De capital 
 (b.2) De consumo * Durável 
 * Não durável 
 ( c ) Segundo sua função 
 (c.1) Intermediários 
 (c.2) Finais 
5 
 
 Segundo o caráter, os bens ditos livres são aqueles cujo consumo não possui 
restrições, ou seja, existem com tal abundância que não se submetem a um sistema de 
preços. Os bens classificados como econômicos, por sua vez, são de consumo restrito e 
têm preço, sendo esse, a princípio, estipulado pelas leis de mercado vigentes. 
 A classificação seguinte, de acordo com a natureza, distingue inicialmente os 
bens, como sendo de capital ou de consumo. Os bens de capital são os que permitem a 
ampliação da capacidade produtiva, ou seja, engendram o próprio funcionamento do 
sistema econômico, enquanto que os bens de consumo são aqueles que se destinam ao 
consumo final por parte dos indivíduos. 
Cabe destacar que um mesmo bem pode ser considerado de capital ou de 
consumo de acordo com a sua utilização; se for usado como insumo, é um bem de 
capital, do contrário, pode ser considerado um bem de consumo. Como exemplo, pode-
se citar um automóvel. No caso de ser utilizado estritamente como instrumento de 
prestação de serviços é um bem de capital, contudo, se o mesmo veículo presta-se 
exclusivamente ao uso doméstico, para lazer de uma família, é um bem de consumo – 
no caso, bem de consumo durável. 
 Os bens de consumo podem ser classificados como duráveis ou não duráveis. 
Como a própria denominação sugere, os bens de consumo duráveis têm maior tempo de 
utilização como é o caso de veículo de uso particular, eletrodomésticos etc. Já os não 
duráveis são os de curta vida útil, como os alimentos e vestuário, dentre outros. 
 A classificação posterior – segundo a função – distingue os bem como 
intermediários, caso estes devam ser submetidos a transformações antes de se 
converterem em bens de capital ou em produto final de consumo para os indivíduos; ou 
como finais, quando o bem já encontra-se nas condições necessárias de uso ou 
consumo social. 
Existe ainda, na economia, um tipo de atividadeque não gera bens físicos: os 
serviços. Atualmente, este segmento vem crescendo e ocupando grande parte da parcela 
produtiva da economia, envolvendo grande parcela de trabalhadores. 
 
1.4. Recursos ou fatores de produção 
 Podem ser definidos como os fatores ou elementos básicos utilizados na 
produção de bens e/ou serviços. Eles possuem três características essenciais: são 
6 
 
normalmente limitados na quantidade, são versáteis e podem ser combinados em 
proporções variáveis. 
 A maioria dos recursos é dita escassa em relação ao desejo ilimitado pelos bens 
que eles podem produzir, ou seja, no sentido de que necessitam ser alocados 
convenientemente para atender a uma exigência social, de forma que é justamente esta 
escassez que torna necessária a avaliação cuidadosa de quais necessidades devem ser 
satisfeitas, em que medida e em que ordenação. 
 A versatilidade dos recursos refere-se à possibilidade de seu aproveitamento nos 
mais variados usos. Como exemplo, tomemos o fator trabalho; ele pode ser empregado 
em quase todos os tipos de produção. Entretanto, quanto mais especializado for, maiores 
serão as restrições ao seu uso. Em outras palavras quanto maior a especificidade de um 
fator de produção, maiores serão suas limitações de utilização. 
 Por fim, na maioria das vezes, é possível produzir um mesmo bem combinando 
de formas diferentes os fatores de produção. Poucos são os bens que exigem uma 
combinação a proporções fixas de insumos. Como pode ser notado, essa terceira 
característica está intimamente relacionada à anterior, versatilidade. 
Os fatores produtivos podem ser classificados, basicamente, em três grandes 
segmentos: ( a ) Terra, ( b ) Capital e ( c ) Trabalho. 
 O fator terra deve ser entendido em um sentido amplo, uma vez que os recursos 
oriundos da natureza estão na base de todos os bens produzidos em um sistema 
econômico. O recurso capital (Quadro 1.2) indica a participação de instrumentos de 
transformação dos recursos primários de produção, e envolvem toda a gama de 
máquinas e equipamentos destinados a tal finalidade - não deve, portanto, ser 
confundido com o capital financeiro. 
Quadro 1.2 – Tipos de Capital 
 
 (a) Capital físico ou real 
(a1) Capital fixo: engloba os elementos utilizados na produção e dura vários 
ciclos produtivos; 
(a2) Capital circulante: consiste em bens em processo de preparação para o 
consumo – matéria-prima e estoques disponíveis; 
(a) Capital humano: envolve tudo o que diz respeito à elevação da capacidade 
produtiva dos seres humanos. 
7 
 
 
Por fim, o fator trabalho (Quadro 1.3) relaciona-se com a capacidade produtiva 
dos trabalhadores, presente direta ou indiretamente, na produção de todo tipo de bens. 
Mesmo aqueles que aparentemente não o envolvem, por terem uma produção 
extremamente mecanizada, tem na sua origem o trabalho intelectual humano como fonte 
de elaboração. 
 
Quadro 1.3 – Fator trabalho 
 Fator trabalho: parte da população que desenvolve tarefas produtivas. 
 
(a) População ativa: intervém no processo produtivo; 
(a1) empregados: engloba a parcela da população ativa empregada, quer seja 
em empresas, com salário fixo, ainda que afastado por questões diversas, 
quer seja os empregados ativos marginais, que fazem trabalhos periódicos. 
(a2) desempregados: reúnem todas as qualidades exigidas para 
empregabilidade, mas não se encontram empregados. 
(b) População inativa: parcela da população que apenas consome: aposentados, 
estudantes, incapacitados ao trabalho etc. 
 
 
 Sendo assim, os fatores de produção acima descritos, tendo por característica a 
possibilidade de combinação múltipla, são associados das mais diversas maneiras a fim 
de proporcionarem a satisfação das exigências humanas em uma sociedade, em um 
determinado período histórico. 
 
1.5. A necessidade de optar 
 Continuamente os agentes têm que optar entre o que consumir / o que produzir 
etc. Nesse contexto, gera-se o conceito de custo de oportunidade de um bem ou 
serviço, que deve ser entendido como equivalente à quantidade/valor de outros bens aos 
quais se deve renunciar para obtê-lo. 
 
 
 
8 
 
1.5.1 A curva ou fronteira de possibilidades de produção 
 
A fronteira de possibilidades de produção reflete as opções que são fornecidas à 
sociedade e a necessidade de se optar entre elas. Uma economia está situada sobre a 
fronteira quando todos os fatores de que esta dispõe estão sendo utilizados para a 
produção de bens e serviços. 
Para uma melhor visualização, imaginemos uma determinada economia, com 
certa tecnologia disponível dada e com uma dotação fixa de recursos produtivos. Nessa 
economia podem ser produzidos dois tipos de bens: milho ou soja. Se, em um 
determinado momento, opta-se por produzir mais milho, é preciso que se desloquem 
fatores produtivos da outra atividade – produção de soja – para que seja possível tal 
expansão. Portanto, aumentar a produção de milho tem um custo para a sociedade em 
termos da soja que se deixou de produzir. 
As diversas possibilidades que se apresentam como opções a uma economia 
podem ser demonstradas a partir de um exemplo numérico. As diferentes opções são as 
diversas combinações possíveis de trigo e algodão (Tabela 01), cujos valores podem ser 
plotados em um gráfico, a fim de possibilitar uma melhor visualização do exposto 
(Gráfico 01). 
 
Tabela 1.1 – Possibilidades de produção 
 
Opção 
 
Milho 
 
Soja 
 
Custo de 
oportunidade* 
A 0 7,5 - 
B 1 7,0 0,5 
C 2 6,0 1,0 
D 3 4,5 1,5 
E 4 2,5 2,0 
F 5 0 2.5 
* Unidades de soja que não devem ser produzidas para obter-se uma unidade adicional 
de milho. 
 
 
9 
 
Graficamente a tabela acima pode ser expressa como segue: 
 
Gráfico 1.1 – Curva de possibilidades de produção 
 
Soja 
7,5 
7,0 
 
6,0 
 
4,5 
 
 
2,5 
 
 1 2 3 4 5 Milho 
 
Essa curva reflete as opções oferecidas à sociedade e a necessidade de escolha entre 
elas. Como pode ser notado, um aumento na produção de milho implica, 
necessariamente em uma redução na produção de soja, e vice-versa. Se a produção é 
eficiente, ou seja os recursos são empregados eficientemente, a economia situar-se-á 
sobre os limites da curva. 
10 
 
02. OS AGENTES ECONÔMICOS 
 
 As atividades econômicas desenvolvidas por uma sociedade são realizadas por 
meio de numerosas unidades (ou agentes) de produção, que empregam os diversos 
recursos produtivos – terra, capital e trabalho – na elaboração de tais bens. É através 
destas unidades produtivas que se faz possível o fenômeno da divisão do trabalho. 
 Os agentes econômicos – as famílias, as empresas e o setor público – são os 
responsáveis pela atividade econômica. Supõe-se que eles agem racionalmente, ou seja, 
são sempre coerentes quando tomam decisões. 
 
2.1. Setores econômicos 
 Os agentes econômicos responsáveis pela produção podem ser agrupados em 
três grandes setores: 
( a ) Primário: engloba as atividades que se realizam próximas às bases dos 
recursos naturais, isto é, atividades extrativistas, de pesca, agrícola, pecuárias 
etc. 
( b ) Secundário: Envolve as atividades de transformação (industriais) como a 
indústria e a construção. 
( c ) Terciário ou de serviços: agrupa as atividades direcionadas à satisfação das 
necessidades de serviços produtivos que não envolvem produto físico, como o 
comércio, o setor transporte, os bancos, etc. 
 
2.2. As empresas 
Nas sociedades mais primitivas a produção era feita de modo artesanal e muitas 
vezes realizada individualmente. Atualmente, praticamente toda a produção é 
desenvolvidapor empresas dos mais variados tipos e estruturas. Assim sendo, pode-se 
dizer que a empresa é a unidade de produção básica que contrata trabalho e compra 
fatores com o fim de fabricar e vender bens e serviços. Além disso, as empresas 
modernas contam com possibilidades de organizar complexos processos de produção e 
distribuição, exigidos pelas sociedades atuais, contando cada vez mais com as 
possibilidades de produção de massa e ganhos de escala. 
 As sociedades, a fim de conseguirem fundos que financiem sua expansão 
buscam, continuamente, mecanismos de crédito e empréstimos além de buscarem o 
11 
 
autofinanciamento através do reinvestimento dos lucros obtidos. No caso do 
empréstimo, a empresa recebe de imediato da instituição financiadora, o montante 
solicitado; no caso do crédito, a empresa retira, dentro do limite máximo combinado, o 
capital necessário, podendo realizar diversas retiradas e pagamentos de forma que 
somente pague os juros relativos ao capital efetivamente utilizado. 
 Além das formas descritas de financiamento, a empresa, se for uma sociedade 
anônima, pode emitir ações e obrigações. Quando a empresa emite ações ela está, 
automaticamente, aceitando uma nova participação societária, já que as ações concedem 
aos seus proprietários direitos políticos, como a participação nas assembléias gerais de 
acionistas, e econômicos, através do recebimento de dividendos. Além da emissão de 
ações a empresa pode optar por emitir obrigações e bônus, contraindo para si uma 
dívida junto aos detentores do título, mas sem admitir um novo sócio em seu quadro. 
 
2.3. As famílias ou unidades familiares 
 Dentro de um sistema econômico, os agentes podem ser classificados, 
basicamente, como públicos e privados. Os agentes econômicos privados básicos são as 
empresas, tratadas no item anterior, e as unidades familiares. 
 As atribuições essenciais das famílias consistem em, de um lado, consumir os 
bens e serviços oferecidos pelas empresas, dentro dos limites de sua disponibilidade 
financeira (orçamento) e, de outro, oferecer seus recursos produtivos, quase sempre a 
sua força de trabalho, às empresas. 
 
2.4. O Setor público 
 A esfera governamental composta de órgãos e administrações públicas podem 
ser classificadas em pelo menos três esferas: as administrações municipais, estaduais e a 
central (federal). Além dessa classificação básica, existe outra, um pouco mais 
abrangente, descrita no Quadro 2.1. 
 
 Quadro 2.1 – Setor público 
 
(a) Setor público produtivo 
(a1) Empresas estatais financeiras 
 (a2) Empresas estatais não-financeiras 
12 
 
 
 
 (b) Administração pública 
 (b1)Entes territoriais: estados, municípios e territórios; 
(b2)Previdência social: Sistema de previdência social e outras 
administrações; 
(b3) Administração central: Governo da União e demais organismos de 
caráter nacional. 
 
 As funções do setor público, qualquer que seja a sua instância, são muito 
relevantes. Nos dias de hoje a participação Estatal na vida da sociedade desenvolve-se 
das mais variadas formas, estendendo-se para além da função de guardião do bom 
desempenho da atividade econômica para converter-se em verdadeiro agente 
econômico. Como empresário o setor público oferece à comunidade certos bens com 
características particulares, os bens públicos. Tais bens podem ser entendidos como 
aqueles que são proporcionados a todas as pessoas a um custo que não é maior que o 
seu fornecimento para um único indivíduo – como exemplo, podemos citar a defesa 
nacional. 
 O Estado desempenha, ainda, um papel regulador na economia, procurando 
através de políticas econômicas permitirem o crescimento estável e contínuo da 
economia, pleno aproveitamento dos recursos etc. 
 
03. O SISTEMA ECONÔMICO 
 
Um sistema econômico pode ser entendido como o conjunto de relações 
técnicas, básicas e institucionais que caracterizam a organização econômica de uma 
sociedade. Independentemente do seu tipo, todo sistema econômico deve, de algum 
modo, desempenhar cinco funções básicas, determinando: 
 ( a ) O que se deve produzir; 
 ( b ) Como se deve organizar a produção; 
 ( c ) Como devem se distribuir os produtos; 
 ( d ) Como se devem racionar os bens no período em que a oferta é fixa; 
 ( e ) Como se deve sustentar expandir a capacidade produtiva. 
13 
 
 
( a ) Determinação do que se deve produzir: 
É, basicamente, uma questão de determinar quais são as necessidades dos 
consumidores; em essência, a economia deve estabelecer um conjunto de valores para 
os diferentes tipos de bens e serviços considerando, essencialmente, sua escassez e sua 
utilidade para os consumidores. 
 
( b ) Organização da produção: 
A organização da produção envolve: 
1. procurar canalizar os recursos disponíveis para as atividades produtoras dos bens 
 mais desejados; 
2. usar os recursos eficientemente. 
 
( c ) Distribuição do produto: 
1. A questão da renda: a renda de um indivíduo depende de duas coisas: 
 * das quantidades dos diferentes recursos que pode empregar no sistema 
produtivo; 
 * do quanto recebe por eles. 
2. A distribuição total da renda depende, pois, da forma como os indivíduos podem 
dispor os recursos que possuem. 
 
( d ) Racionamento no curto prazo 
 
( e ) Manutenção do crescimento do sistema econômico 
 
Assim, em síntese, pode-se afirmar que a economia deve responde a três grandes 
questionamentos: 
 1. O que produzir e em que quantidade? Deve-se escolher entre as possibilidades 
de produção de uma economia de modo a satisfazer o mais adequadamente à sociedade. 
 2. Como produzir tais bens e serviços? Toda sociedade deve determinar quem 
vai ser o responsável pela produção, qual a tecnologia a ser empregada, qual o tipo de 
organização da produção etc. 
14 
 
 3. Para quem produzir, ou em outras palavras, quem será o consumidor? 
Devem ser definidos o público-alvo e as maneiras através das quais o produto deverá 
atingi-lo. 
 
3.1. Os sistemas econômicos e as trocas 
 Simultânea às funções de produção e consumo, características básicas do sistema 
econômico, existe um terceira de grande importância que faz intermediação às duas 
anteriores: as trocas. É de certa forma, intuitivo que, se um indivíduo age isoladamente, 
ele é o único responsável pelo suprimento de suas necessidades. Contudo, a partir do 
momento em que se insere em uma sociedade passam a ser observadas as características 
de todos os indivíduos a fim de que se possam estabelecer as participações relativas de 
cada um, mais eficazes para o desenvolvimento do sistema econômico. Assim, como 
cada indivíduo tem habilidades diferentes, existe uma tendência natural para que os 
diferentes agentes se busquem a fim de trocarem seus excedentes de produção. Tal 
intercâmbio é vantajoso na medida em que torna possível a especialização que contribui 
para a eficiência da produção individual. A divisão do trabalho, surgida nesse contexto, 
permite: 
(a) a especialização; 
(b) maior capacidade de cada operário; 
(c) introdução de ferramentas e maquinarias específicas. 
 
Todos esses fatores aumentam a produção por pessoa. Na Antigüidade, nos 
primórdios do desenvolvimento da economia, como entendida atualmente, o meio de 
troca era o escambo, mecanismo através do qual eram trocados os excedentes de 
produção em espécie, ou seja, de acordo com as necessidades os indívíduos procuravam 
trocar suas mercadorias. Assim, se um produtor de trigo necessitava de carne para sua 
sobrevivência ele procurava encontrar-se com um criador a fim de trocar parte do seu 
trigo pela quantidade de proteína necessária. Nesse processo nãohavia moeda envolvida 
e o ‘preço’ da mercadoria era relativo à necessidade de seu uso. 
15 
 
Esquema 3.1 – O escambo 
 
 Trigo 
 Agricultor Criador 
 Carne 
 
A troca realizada somente através do escambo trazia sérios inconvenientes, pois, de 
um lado, era muito demorada, na medida em que era preciso encontrar um indivíduo 
que possuísse a mercadoria desejada e quisesse realizar a troca. Por outro a 
indivisibilidade de algumas mercadorias trazia problemas na hora da efetivação da 
troca. Quando havia muitos participantes as trocas tornavam-se ainda mais complexas e 
as limitações – coincidência de necessidades e indivisibilidade – tornavam-nas 
praticamente inviáveis. 
 
Esquema 3.2. Intercâmbio com dinheiro. 
 Agricultor Criador 
 Necessita vender trigo e Trigo Necessita vender 
 carne e comprar um arado. Fluxo monetário e comprar trigo. 
 
 A C 
 r Ferreiro a 
 a Necessita vender um arado e r 
 d comprar carne. n 
 o e 
 
 
-------- Fluxo monetário 
_____ Fluxo real 
 
16 
 
04. O SISTEMA DE ECONOMIA DE MERCADO 
4.1. Base de funcionamento 
As regras básicas de funcionamento de um sistema lastreado na economia de 
mercado é um conjunto de regras que envolvem os mecanismos de compra e venda de 
mercadorias. O mercado não deve ser entendido apenas de forma geográfica, e sim pela 
amplitude da interferência dos preços em uma determinada região: 
Mercado é toda instituição social na qual bens e serviços, na qual bens e serviços, 
assim como os fatores produtivos, são trocados livremente. 
 
Esquema 4.1. Diagrama do Fluxo circular de bens e serviços e dos fatores 
produtivos e dos pagamentos monetários. 
Mercado de Bens de Consumo e Serviços 
(1) Custo de Vida (2) Receita dos 
Negócios 
 
 
 
 
 
Famílias: Empresas: 
1. Consomem bens e produtos finais 1. Fornecem bens e serviços para 
produzidos pelas empresas; consumo; 
2. Fornecem fatores produtivos. 2. Utilizam fatores fornecidos 
pelas famílias 
 
 
 
 
(3) Renda dos (4) Custos 
Consumidores de Produção 
 
 Mercado de Recursos 
 
Pagamentos monetários pelos produtos 
Fluxo monetário 
Fluxo de produtos 
Pagamentos pelos fatores produtivos 
Fatores produtivos (terra, trabalho, capital...) 
Fluxo monetário 
17 
 
O Fluxo classifica as unidades econômicas em: 
 * famílias 
 * empresas 
Classifica os mercados em: 
 * mercado de bens de consumo e serviços; 
 * mercado de recursos. 
* Em termos monetários os dois fluxos são iguais 
* O fluxo monetário assume quatro aspectos correntes: 
 * Custo de vida do consumidor; 
 * Receita auferida com os negócios; 
 * Custo de produção; 
 * Renda dos consumidores. 
 
4.1.1. Os mercados e o dinheiro 
 
 Como já dito anteriormente, foi graças à existência do dinheiro que o 
intercâmbio mais amplo das mercadorias tornou-se possível, na medida em que cada 
mercadoria é inicialmente trocada por dinheiro e, a seguir, trocado este por outra 
mercadoria. 
 Nesse contexto cada mercadoria passou a ‘valer’ um determinado montante de 
dinheiro, de acordo com a sua valorização junto à sociedade, em outras palavras, cada 
mercadoria passou a ter um preço determinado pela interação entre compradores 
(demandantes) e vendedores (ofertantes). Conceitualmente pode-se dizer que o preço de 
um bem é a sua relação de troca pelo dinheiro, isso é, o número de unidades monetárias 
necessárias para obter em troca uma unidade do referido bem. 
 
18 
 
Tabela 4.1. Esquema do fluxo circular. 
Atividade Mercado de Bens e Serviços Mercado de Recursos 
Fluxo Real 
Produtos das empresas para 
satisfazer as necessidades 
dos consumidores em 
alimentação, vestuário, 
educação, saúde... 
Os principais fatores de 
produção são: recursos da 
natureza; trabalho, 
capacidade empresarial, 
capacidade tecnológica... 
 
Fluxo Monetário As famílias transferem parte 
de suas rendas para as 
empresas ao adquirirem seus 
produtos. 
As empresas remuneram as 
famílias pelo uso dos 
recursos através de salários, 
aluguéis, lucros... 
Oferta Exercida pelas empresas Exercida pelas famílias 
Demanda ou Procura Exercida pelas famílias Exercida pelas empresas 
Interação Através dos preços dos 
produtos 
Através do preço dos 
recursos 
 
19 
 
PARTE II -TEORIA DOS PREÇOS 
 
1. A DEMANDA 
 
Definição: São as várias quantidades de um bem ou serviço que os consumidores estão 
dispostos a retirar do mercado a um conjunto de preços alternativos, tudo o mais 
permanecendo constante. 
 
1.1. Tabelas e curva de demanda 
 
Definição: Uma tabela de demanda descreve as diferentes quantidades de bens e 
serviços que os consumidores adquirirão aos vários preços alternativos (Tabela1. 1 e 
Gráfico 1.1) 
 
 Tabela 1.1. Preço e quantidade de carne de frango. 
Preço (R$/kg) Quant. (kg/semana) 
5 1 
4 2 
3 3 
2 4 
1 5 
 
Gráfico 1.1. Curva de demanda de carne de frango 
 P 
 5 
 
 
 1 
 
 1 5 Q 
 
 
20 
 
A representação gráfica da relação entre a quantidade demandada de um bem, 
num dado período de tempo, e o seu preço é dado pela curva de demanda. 
 
1.2. Mudança na quantidade demandada versus mudança na demanda 
 
(a) Mudança na quantidade demandada 
 
Definição: O efeito no preço de um produto, no caso, a carne de frango, tudo o mais 
permanecendo constante pode ser mostrado como um movimento ao longo da curva de 
demanda. 
 
Gráfico 1.2. Curva de demanda de frango 
 
Qd = 6 - P 
P 
4 
 
2 
 
 
 2 4 Q 
 
 
(b) Mudanças na curva de demanda 
 
Definição: Quando alguns dos fatores, que estavam sendo mantidos constantes na 
definição da curva de demanda, sofrem alterações, há mudanças na própria curva de 
demanda. Os fatores que influenciam a posição da curva de demanda são: 
1. renda do consumidor; 2. gosto e preferência; 3. preços dos produtos relacionados; 
4.expectativa de preço. 
 
 
 
21 
 
1. Exemplo de alteração na renda do consumidor 
 
Gráfico 1.3. Deslocamento da curva de demanda por um aumento na renda do 
consumidor para um bem normal ou superior e para um bem inferior. 
 
P D1 
 
 Bem normal ou superior 
 
P0 
 D0 
 
 Q0 Q1 Q 
P 
 D0 
 
 Bem inferior 
 
P0 
 D1 
 
 Q1 Q0 Q 
 
 
Definições: 
(a) Bem normal ou superior: é um bem cujo aumento na renda do consumidor resulta 
em acréscimos na demanda; 
 
(b) Bem inferior: é um bem cujo aumento na renda do consumidor resulta em 
decréscimos na demanda. 
 
 
 
22 
 
2. Mudança na preferência ou gosto ( Gráfico 1.4) 
 
P 
 D0 D1 
 
 
P0 
 
 
 
 Q0 Q1 Q (Produtos dietéticos) 
 
3. Mudança nos preços dos bens relacionados (Gráfico 1.5) 
 
Definições: 
 
(a) Bens substitutos: dois benssão ditos substitutos se eles desempenham funções 
similares para o consumidor. O aumento no preço de um bem X desloca a curva de 
demanda do bem Y para a direita, se X e Y são substitutos. Ex.: Carne de boi e porco; 
manteiga e margarina. 
 
(b) Bens complementares: dois bens são complementares se eles são usados em 
conjunto um com o outro. Se eles são complementares o aumento no preço de um bem 
X, reduz a quantidade consumida de Y, ou seja, desloca para a esquerda a curva de 
demanda de Y Ex.: Pão e manteiga. 
 
4. Mudanças nas expectativas de preços 
 
Se existe a expectativa do aumento do preço de um bem X, pode haver um 
deslocamento da sua curva de demanda para a direita, na tentativa dos consumidores 
anteciparem a compra deste bem. 
 
 
23 
 
1.3. Função de demanda 
 
Definição: expressa matematicamente a relação entre a quantidade demandada por um 
bem ou serviço, em dado período de tempo, e os vários fatores que a afetam. 
 
É expressa como: 
 
X = f (PX, R, PC, PS) 
 
Em que: 
PX = Preço do bem em questão; 
R = Renda disponível; 
PC = Preço do bem complementar; 
PS = Preço do bem substituto; 
 
Ex 1.: Função de demanda por carne 
 
QX = 4 - 18 PX + 0,7 R + 0,6 PS - 0,2 PC 
Sendo: 
PX = R$12,00 
R = R$ 300,00 
PS = R$11,00 
PC = R$ 9,00 
Então: 
QX = 4 - 18 (12) + 0,7 (300 ) + 0,6 (11) - 0,2 (9) = 2,8 kg de carne. 
 
Exemplo 2.: Função de demanda por manteiga 
QX = 2 - 15 PX + 0,5 R + 0,8 PS - 0,3 PC 
Sendo: 
PX = R$10,00 
R = R$ 300,00 
PS = R$12,00 
PC = R$ 8,00 
24 
 
Então: 
QX = 2 - 15 (10) + 0,5 (300) + 0,8 (12) - 0,3 (8) = 9,2 Kg de manteiga. 
 
1.4. Elasticidade preço da demanda 
 
Definição: Indica a mudança percentual na quantidade demandada em resposta à 
mudança percentual nos preços. 
 
Ep = é definida como a mudança percentual da quantidade demandada dividida pela 
mudança percentual do preço 
 
Seja Q = f (Pq) 
 
Ep = ∆∆∆∆ Q / Q / ∆∆∆∆ P/P = ∆∆∆∆Q/∆∆∆∆P . P/Q 
 
Há duas maneiras de calcular a elasticidade-preço da demanda: através do cálculo da 
elasticidade-arco e da elasticidade-ponto; 
 
Gráfico 1.6. Elasticidade-arco. 
 
R$ 
 3 A 
 
 
 2 B 
 
 
 
 1 2 Q/u.t. 
 
 
Calculada de A para B: Ep = -3 
Calculada de B para A: Ep = -1 
25 
 
Logo, utiliza-se uma fórmula mais precisa: 
 
Ep = (Q2 - Q1 / P2 - P1) . (P2 + P1 / Q2 + Q1) 
 
Assim, no exemplo acima, Ep = 5/-3 = -1,67, que é a elasticidade média entre A e B. 
 
Gráfico 1.7. Elasticidade-ponto: pode ser determinada matemática e geometricamente. 
 
P 
P0 
 E>1 
 L, E = 1 
 
 E < 1 
0 M T Q/u.t 
 
Geometricamente: 
 
A inclinação da curva de demanda linear é LM/MT = ∆P/∆Q 
ou seja: ∆Q/∆P = MT/LM 
P = LM e Q = OM, então 
Ep = ∆Q/∆P . P/Q ou então Ep = MT/LM. LM/OM = MT/OM 
No ponto L, E = 1 = elasticidade-preço da demanda unitária 
à direita de L, E <1 = demanda inelástica 
à esquerda de L, E>1 = demanda elástica 
 
 Quando se diz que a elasticidade-preço da demanda é unitária, quer-se 
evidenciar que uma mudança de 1% no preço desta mercadoria gera uma variação de 
sentido inverso e magnitude igual na sua quantidade demandada. Se a demanda é 
inelástica, tem-se que, frente a uma determinada variação nos preços, a quantidade 
demandada caminha em sentido contrário, e o impacto se dá em menor proporção. Se a 
demanda é elástica, por sua vez, uma variação de 1% no preço dessa mercadoria gera 
uma queda superior a esse percentual na sua quantidade demandada. 
26 
 
1.5. Demanda de mercado 
Definição: Resulta da soma horizontal de todas as curvas de demanda individuais para 
determinado produto. A cada preço, a quantidade demandada no mercado é a soma das 
quantidades de cada indivíduo. A curva de demanda de mercado é mais elástica, ou seja, 
menos inclinada do que a curva de demanda de um indivíduo. 
1.6. Formas de curvas de demanda e elasticidade 
Gráfico 1.8. Perfeitamente elástica. 
 
P 
 
P0 
 
 
 
 Q0 Q1 Q/u.t 
 
Gráfico 1.9. Perfeitamente inelástica. 
 
P 
 
P0 
 
P1 
 
 Q0 Q/u.t 
 
27 
 
Gráfico 1.10. Elasticidade constante 
 
P 
P0 
 
 
 
 Q0 Q1 Q/u.t 
 
 
Gráfico 1.11 Elasticidade Variável. 
 
P 
P0 
 E>1 
 L, E = 1 
 
 E < 1 
0 M T Q/u.t 
 
 
Gráfico 1.12 Elasticidade Variável e diferenciada 
P 
 
P0 
 
P1 
 
 
 Q0 Q1 Q2 Q 
 
 
 
28 
 
Questões relevantes: 
* Qual a importância em se saber acerca da elasticidade? 
* Os produtos agrícolas, em geral são mais inelásticos. 
 
Importante: fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda 
 
1. Disponibilidade de produtos substitutos; 
2. Número de usos que se pode dar ao produto; 
3. Proporção da renda gasta com o produto; 
4. Grau de essencialidade do produto; 
5. O período do tempo. 
 
1.7. Elasticidade-renda da demanda 
 
Definição: A elasticidade-renda da demanda é a mudança percentual na quantidade 
demandada dividida pela mudança percentual na renda; matematicamente é expressa 
como: 
 
Eγ = ∆Q/∆Y * Y/Q 
Sendo assim, se: 
Eγ > 1, o bem é dito superior. 
0 ≤ Eγ ≤ 1, o bem é dito normal. 
Eγ < 0, o bem é dito inferior. 
 
OBS.: Usualmente a elasticidade-renda dos alimentos é muito baixa. 
 
1.8. Elasticidade-preço-cruzada da demanda 
 
Definição: é a variação proporcional na quantidade demandada de um bem dividida pela 
variação proporcional no preço do outro bem. 
EXY = (∆ QX / ∆ PY) . (PY / QX) 
Se EXY > 0 os bens são substitutos; 
Se EXY < 0 os bens são complementares. 
29 
 
1.9. Fatores que afetam a demanda por produtos agrícolas 
 
Foram apresentados anteriormente os fatores que são responsáveis pelo deslocamento 
da curva de demanda por um produto qualquer. Contudo, existem ainda outros fatores 
que afetam a demanda por produtos agrícolas, como: 
 
1. Demografia: o aumento da população gera um deslocamento para a direita da curva 
de demanda; 
2. Geografia e clima: determinados produtos são mais demandados em regiões mais 
frias, por exemplo; 
3. Nacionalidade e etnia: de acordo com os ‘gostos culturais’ de determinada região ou 
população poderemos ter um tipo de demanda. 
 
1.10. Relação entre elasticidade-preço da demanda e receita total 
 
Definição: Receita total = Quantidade vendida (Q) x Preço de Venda (P) 
 
P 
 Ep = 1 
 
 
 Ep>1 Receita total 
 
 Ep<1 Demanda 
 
 
 Q/u.t. 
Receita marginal 
 
 
 
 
 
30 
 
Sintetizando: 
Preço/elasticidade Ep > 1 Ep = 1 Ep < 1 
P aumenta RT cai RT mantém RT aumenta 
P diminui RT aumenta RT mantém RT cai 
 
31 
 
2.OFERTA 
 
Definição: É definida como as várias quantidades de um bem ou serviço que os 
vendedores desejam e são capazes de vender durante dado período de tempo, a todos os 
possíveis preços alternativos, tudo o mais permanecendo constante. 
 
Curva de Oferta: Mostra as quantidades máximas que os vendedores colocarão no 
mercado, por unidade de tempo, aos vários preços. 
 
Diferentemente da curva de demanda,a curva de oferta é positivamente inclinada, 
indicando que quanto maior o preço, maior a quantidade de bens que os produtores 
estarão dispostos a colocar no mercado. 
Portanto, a lei da oferta diz que: “A quantidade ofertada de um produto cresce se o 
preço dele aumenta, e cai se o preço diminui”. Assim, se há uma relação inversa entre 
preço e quantidade demandada, há uma relação direta entre preço e quantidade ofertada. 
 
Função de Oferta: é a expressão matemática da relação entre a quantidade ofertada do 
produto e os fatores que a afetam. 
 
QS = f (PS, I, T) ou seja, a quantidade ofertada é influenciada, de forma geral, pelos 
impostos (I), pela tecnologia (T) e pelo preço do produto em questão (PS). Na realidade, 
muitos outros fatores podem ser incorporados na determinação da quantidade ofertada, 
como será visto posteriormente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
2.1. Relação numérica entre o preço de um produto e a sua quantidade ofertada 
Gráfico 2.1 
 
P 
Preço (R$/kg) Quantidade 
5 5 
4 4 
3 3 
2 2 
1 1 
 
 
2.2. Mudanças na curva de oferta x mudanças da curva de oferta 
 
a) Mudanças na curva de oferta: somente as variações no preço do produto em questão 
podem gerar deslocamentos ao longo da curva de oferta. 
Gráfico 2.2 
 
P 
 
 
 
P1 
 
 
 
P0 
 
 Q0 Q1 Q/u.t. 
 
 
 
b) Mudança da curva de oferta = deslocamento da curva. 
 Fatores que levam ao deslocamento: 
 
b.1. Tecnologia - Uma inovação tecnológica, geralmente reduz o custo de produção, o 
que gera um aumento da quantidade ofertada. 
33 
 
 
Ex.: Uma firma dispõe de certa quantidade de dinheiro para produzir certa quantidade 
de uma mercadoria; quando uma inovação tecnológica reduz o custo de produção, a 
firma poderá, com os mesmos recursos, produzir mais unidades do referido bem. 
 
Gráfico 2.3 
 
 
 
 S0 
P 
 S1 
 
 
 
P0 
 
 
 
 Q0 Q1 Q 
 
b.2. Impostos e/ou subsídios 
 
AUMENTO DOS IMPOSTOS ⇒ AUMENTO DOS CUSTOS ⇒ REDUÇÃO DA 
OFERTA 
REDUÇÃO DOS SUBSÍDIOS 
 
Gráfico 2.5 
 
 
P 
 S1 S0 
 
 
 
P0 
 
 
 
 Q1 Q0 Q/u.t. 
 
 
 
 
 
 
34 
 
REDUÇÃO DOS IMPOSTOS ⇒ REDUÇÃO DOS CUSTOS ⇒ AUMENTO DA 
OFERTA 
AUMENTO DOS SUBSÍDIOS 
Gráfico 2.6 
 
P 
 S0 S1 
 
 
 
P0 
 
 
 
 Q0 Q1 Q/u.t. 
 
b.3. Preços dos fatores de produção 
 
AUMENTO DO PREÇO DOS FATORES ⇒ REDUÇÃO DA OFERTA 
Gráfico 2.7 
 
P 
 S1 S0 
 
 
 
P0 
 
 
 
 Q1 Q0 Q/u.t. 
REDUÇÃO DOS PREÇOS DOS FATORES ⇒ AUMENTO DA OFERTA 
Gráfico 2.8 
 
P 
 S0 S1 
 
 
 
P0 
 
 
 Q0 Q1 Q/u.t. 
 
 
 
35 
 
b.4. Preços dos bens relacionados - competitivos 
 
AUMENTO DO PREÇO DOS BENS RELACIONADOS ⇒ PRESSÃO DA DEMANDA 
⇒ AUMENTO DA OFERTA 
 
Gráfico 2.9 
 
P 
 S0 S1 
 
 
 
P0 
 
 
 
 Q0 Q1 Q/u.t. 
 
 
REDUÇÃO DO PREÇO DOS BENS COMPETITIVOS ⇒ REDUÇÃO DA OFERTA 
DOS BENS CONSIDERADOS 
 
Gráfico 2.10 
 
 
P 
 S1 S0 
 
 
 
P0 
 
 
 
 Q1 Q0 Q/u.t. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
b.5. Expectativa de mudança no preço 
 
EXPECTATIVA DE AUMENTO NO PREÇO ⇒ AUMENTO DA OFERTA 
Gráfico 2.11 
 
P 
 S0 S1 
 
 
 
P0 
 
 
 
 Q0 Q1 Q/u.t. 
 
EXPECTATIVA DE REDUÇÃO DE PREÇO ⇒ REDUÇÃO NA OFERTA 
Gráfico 2.12 
 
P 
 S1 S0 
 
 
 
P0 
 
 
 
 Q1 Q0 Q/u.t. 
 
b.6. Mudanças no clima - um clima ruim pode gerar uma quebra de safra e reduzir 
a oferta de algum bem agrícola, por exemplo. (Gráfico 2.13) 
P 
 S1 S0 
 
 
 
P0 
 
 
 
 Q1 Q0 Q/u.t. 
 
37 
 
 
 
2.3. Elasticidade-preço da oferta 
 
Definição: é a variação percentual na quantidade ofertada de um bem, em resposta a 
variações percentuais em seu preço. 
 
Matematicamente: 
Es = (∆Q/Q) / (∆P/P) 
Es = ∆QS/∆P . P/QS 
 
Elasticidade-arco da oferta 
Es = (∆Q/∆P) . (P0+ P1/Q0+Q1) 
Elasticidade-ponto da oferta 
Es = dQS/dP * P/QS 
 
2.4. Formas de curvas de oferta e elasticidade 
Es = 1 ⇒ oferta unitária 
Es < 1 ⇒ oferta inelástica 
Es > 1 ⇒ oferta elástica 
 
A curva de oferta pode ser classificada, em relação à elasticidade, da mesma forma que 
a curva de demanda. 
 S1 
Análise gráfica 
 S2 
 
 P S3 
 
 A 
 P0 
 
 
 
 
 
 
 E 0 C B Q 
38 
 
a) Curva S1 (corta o eixo das quantidades) 
Inclinação da curva = AB/CB = ∆P/∆Q ou seja, ∆Q/∆P = CB/AB 
P = AB 
Q = OB 
Es1 = ∆Q/∆P.P/Q = CB/AB. AB/OB 
Es1 = CB/OB, e como CB < OB, Es2 < 1 
 
b) Curva S2 (passa pela origem) 
Inclinação da curva = cateto oposto / cateto adjacente 
= AB/OB = ∆P/∆Q , logo, ∆Q/∆P = OB/AB 
P = AB e Q = OB 
Logo, Es2 = ∆Q/∆P . P/Q = OB/AB . AB.OB = 1 
 
c) Curva S3 (corta o eixo dos preços) 
Inclinação da curva = AB/EB = ∆Q/∆P ou seja, ∆Q/∆P = EB/AB 
P = AB 
Q = OB 
Es1 = ∆Q/∆P.P/Q = EB/AB. AB/OB 
Es1 = EB/OB, e como EB > OB, Es3 > 1 
Portanto, no que diz respeito às curvas de oferta: 
 
 
 P S1 
 
 
 P1 S2 
 
 
 P0 
 
 
 Q1 Q2 Q 
 
39 
 
3. EQUILÍBRIO DE MERCADO 
 
Embora seja relevante o estudo, em separado, da oferta e demanda, com vistas a 
compreender com maior profundidade os fatores que as afetam, é de extrema relevância 
analisar os dois lados (do vendedor e do comprador) conjuntamente, a fim de determinar 
o preço e a quantidade de equilíbrio - Gráfico 2.15. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 0 qa qc qe qd qb q(u.t) 
 
 O gráfico 2.15, acima representado, ilustra a determinação do preço de mercado. 
Observe-se que ao preço P1 (acima do preço de equilíbrio P), os vendedores estão 
dispostos a vender 0qb da mercadoria, mas os compradores somente comprarão 0qa. O 
diferencial representado pela linha pontilhada ‘ab’ representa um excesso de oferta no 
mercado, e a tendência, nesse caso, é a de queda do preço do produto. Por outro lado, ao 
preço P2, os consumidores estarão dispostos a comprar 0qd, mas somente encontrarão 
0qc no mercado. Analogamente à análise precedente, o diferencial ‘cd’ representa um 
escassez do produto (ou excesso de demanda), o que propicia uma elevação de perço. 
 Assim, o preço P é o chamado preço de equilíbrio. Segundo LEFTWITCH 
(1991:37), ele pode ser definido como se segue 
 
 “ dadas as condições de oferta e demanda do produto X, é o preço que , se 
alcançado, será mantido. Se o preço se desviar de P, surgirão forças em ação para 
razê-lo de volta àquele nível [...] Ao preço de equilíbrio para as quantidades levadas 
Oferta 
Demanda 
 
P1 
P0 
P2 
e 
 a b 
c d 
40 
 
pelos fornecedores no mercado é tal que seu preço e avaliação pelos consumidores, de 
uma unidade do produto, coincidem.” 
 
3.1. Efeitos de uma mudança na curva de demanda sobre o preço e quantidade de 
equilíbrio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 q (u.t.) 
 Como pode ser observado no gráfico acima, deslocamentos positivos da curva 
de demanda, mantida constante a curva de oferta, geram aumentos tanto no preço 
quanto na quantidade de equilíbrio, enquanto reduções sucessivasna demanda trariam 
efeitos contrários. 
 
3.2. Efeitos de uma mudança na curva de oferta sobre o preço e a quantidade de 
equilíbrio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 q1 q2 q3 q(u.t.) 
 Como pode-se perceber, aumentos sucessivos na oferta, mantida constante a 
demanda, levam, simultaneamente, a aumentos na quantidade ofertada e queda de 
preço. Tal fato é previsível, uma vez que inalteração da demanda frente a um aumento 
na disponibilidade de produto no mercado gera queda no preço do mesmo. 
 
S 
D3 
 D2 
 D1 
 P 
P3 
P2 
P1 
q1 q2 q3 
D 
 S1 S2 S3 
P1 
 P2 
 P3 
41 
 
3.3. Efeitos de um deslocamento simultâneo das curvas de oferte e demanda sobre 
o nível de preço e quantidade de equilíbrio 
 
a) Deslocamentos de ambas as curvas no mesmo sentido: Pode-se inferir apenas que 
há um aumento na quantidade se os deslocamentos são positivos e retração na 
quantidade se os deslocamentos são negativos. Nada se pode afirmar sobre os preços. 
 P 
 
 
 
 
 0 q1 q2 q/ut 0 q2 q1 q/ut 
 
b) Deslocamento de ambas as curvas em sentido contrário: Se houver deslocamento 
positivo da oferta e negativo da demanda o preço cairá (Caso 1); se a demanda cresceer 
e a oferta retrair-se, o preço irá subir (Caso 2). Entretanto, nada se pode inferir sobre a 
quantidade disponível no mercado. 
 Caso 1 Caso 2 
 P P 
 
 
 
 
 0 q/ut 0 q/ut 
 
 
 
 P1 
 P2 
P2 
P1 
S1 S1 
S1 S1 
S2 
S2 
S2 
S2 
D1 
D1 
D1 
D1 
D2 
D2 
D2 
D2 
E1 
E2 E1 
E2 
E1 
E2 
E2 
E1 
42 
 
 
PARTE III - TEORIA DA FIRMA 
 
CONCEITOS ECONÔMICOS BÁSICOS 
 
 Diariamente os agentes econômicos se deparam com a necessidade de optar pelo 
tipo de produção a ser realizada, como deve ser elaborada e em que quantidade. Essas 
três questões fundamentais fazem parte constante do processo de tomada de decisão dos 
agentes e, por conseguinte são úteis nesse processo decisório, conhecimentos acerca da 
função de produção, lei dos rendimentos marginais decrescentes, estágios de produção e 
marginalidade. 
 Em muitos aspectos a Teoria da Firma se assemelha à Teoria do Consumidor. A 
unidade econômica analisada é, por exemplo a firma, ao invés do indivíduo, e enquanto 
o consumidor tenta maximizar a sua satisfação dentro de uma determinada restrição 
orçamentária, a empresa tenta maximizar os seus lucros tendo por restrições o custo dos 
fatores de produção, o preço do produto e a fronteira tecnológica de produção. 
 Assim como na abordagem da teoria da procura, existem diferentes formas de 
analisar a teoria da produção. A primeira delas, mais tradicional, desenvolve-se paralela 
à teoria neoclássica da utilidade. A segunda é o tratamento isoproduto-isocusto, que é 
similar à abordagem das curvas de indiferença. O tratamento tradicional inicia pela 
avaliação da função de produção, passa pela lei dos rendimentos decrescentes e analisa, 
posteriormente a curva de fator –produto para, finalmente definir a escolha que 
minimiza os custos da firma. 
 
1. A ABORDAGEM TRADICIONAL (FATOR-PRODUTO) 
 
1.1. A função de produção 
 
A função de produção descreve uma relação física entre os recursos de uma 
determinada firma e a quantidade de produto produzida por ela, por unidade de tempo, 
sem considerar os preços. Matematicamente, pode ser expressa como: 
Y = f (X1/X2,X3...) 
43 
 
Em que a quantidade de produto Y é produzida a partir da combinação dos recursos 
X1,X2,X3..., sendo que a barra após o primeiro fator indica que somente ele poderá ter 
sua quantidade variada ao longo do tempo. Em outras palavras, no caso exposto, se a 
firma deseja aumentar ou reduzir o volume produzido deve variar apenas o fator X1, 
mantendo constante todos os demais recursos utilizados. O montante de produto 
depende, além dos recursos empregados, da tecnologia em vigor. 
 A função de produção neoclássica considera apenas um fator variável podendo 
ser expressa como: 
 Y = f (X1) 
 Supondo uma relação entre ganho de preso de aves e quantidade de ração 
utilizada, descrita como uma função de produção (Tabela 1.1) podemos esboçar o 
gráfico de uma função de produção simples como sendo: 
Gráfico 1.1 
Y 
 
 
 
 PFT 
 
 
 X1/u.t 
 
Tabela 1.1 Resposta do ganho de peso do frango face à diferentes quantidades de ração 
Fator X1: Consumo de ração (kg) Y: Ganho de peso do frango (kg) 
0 - 
1 0.156 
2 0.560 
3 1.116 
4 1.728 
5 2.300 
6 2.736 
7 2.940 
 
44 
 
 
 A função de produção que expressa matematicamente os dados apresentados na 
Tabela 1.1 é: 
 Y = 0,172 X1
2 – 0,016 X1
3 (1) 
Em que Y é o peso total do frango (em kg) e X 1 é a quantidade de ração 
consumida (em kg). A equação estimada possui algumas vantagens em relação à função 
apresentada na forma tabular, uma vez que permite a análise de forma contínua, e não 
apenas discreta como no caso apresentado na forma de tabela. Assim, tendo em mãos a 
função de produção em sua forma matemática, é possível calcular o ganho de peso 
considerando quantidades de ração não constantes na tabela. Imagine-se, assim, uma 
quantidade de ração igual a 3,5 kg; a quantidade equivalente de ganho de peso seria: 
0,172 (3,5)2 – 0,016 (3,5)3 = 2,10 – 0,69 = 1,41 kg de frango. 
Utilizando os dados fornecidos pela tabela 1.1 é também possível calcular essa 
mesma informação através da interpolação de valores conhecidos. Assim, se 3 kg de 
ração produzem 1,100 kg de frango, e 4kg de ração produzem 1,700 kg de frango, 3,5 
kg de ração irão produzir (1,100 + 1,700)/2 = 1,400 kg de frango. Deve-se reparar no 
fato de que os valores obtidos através da interpolação não são necessariamente os 
mesmos obtidos através da equação (1). 
A Tabela 1.2 mostra a função de produção (equação 1) em termos de ganho de 
peso de frango. Pode-se notar que os retornos apresentados mostram-se primeiro 
crescentes, passando posteriormente a constantes e depois decrescentes. Isso ocorre em 
virtude da Lei dos rendimentos marginais decrescentes, segundo a qual unidades 
adicionais de um fator variável , mantidos todos os demais constantes, geram primeiro 
ganhos de produtividade, passa por um ponto de retorno constante para, posteriormente 
decrescer. 
Assim, a relação entre a quantidade de insumo variável e a quantidade de 
produto produzida pode assumir três formas gerais, como já citado: 
1. Os retornos constantes ocorrem quando cada unidade adicional do fator 
variável, aplicada aos fatores fixos, aumenta a produção em iguais 
quantidades; 
2. Os retornos decrescentes ocorrem quando cada unidade adicional do fator 
variável aumenta a produção total menos do que a unidade de fator variável 
anterior; 
45 
 
3. Os retornos crescentes acontecem quando o acréscimo na produção, 
resultante da adição do fator variável, é maior do que o provocado pelo 
emprego da unidade anterior. 
 
Tabela 1.2 Ganho de peso de frango (kg), consumo de ração (kg) e os retornos 
proporcionados à produção pelo fator variável. 
 
X1 
Consumo de ração (kg) 
Y (PFT) 
Ganho de peso de frango 
(kg) 
Retorno 
(kg) 
0,00 0,000 - 
0,50 0,041 (0,041-0,00)/(0,50-0,00) = 
0,082 
1,00 0,156 (0,156-0,041)/(1,00-0,50) = 
0,230 
1,50 0,333 0,354 
2,000,560 0,454 
2,50 0,825 0,530 
3,00 1,116 0,582 
3,50 1,421 0,610 
4,00 1,728 0,614 
4,50 2,025 0,594 
5,00 2,300 0,550 
5,50 2,541 0,482 
6,00 2,736 0,390 
6,50 2,873 0,274 
7,00 2,940 0,134 
7,50 2,925 -0,030 
 
 
 
 
46 
 
1.2. Produtividade dos fatores 
 
Do produto físico total (PFT), que vem a ser a produção (Y), duas importantes 
relações podem ser derivadas, o Produto Físico Médio (PFMe) e o Produto Físico 
marginal (PFMa). O PFMe é o PFT dividido pela quantidade empregada de insumo 
variável, ou seja: 
 
PFMeX1 = PFT/X1 = Y/X1 
 
O PFMa, por sua vez, é a variação no produto físico total, decorrente da variação 
de uma unidade na quantidade empregada do insumo variável, sendo matematicamente 
representado por: 
 
PFMaX1 = ∆PFT/∆X1 = ∆Y/∆X1 ou, para valores infinitesimais, = dY/dX1 
 
Aplicando as fórmulas de PFMeX1 e PFMaX1 na equação (1) tem-se: 
 
Y = 0,172 X1
2 – 0,016 X1
3 (1) 
 
PFMeX1 = (0,172 X1
2 – 0,016 X1
3)/X1 = 0,172 X1 – 0,016 X1
2 (2) 
 
PFMaX1 = 0,344X1 – 0,048X1
2 (3) 
 
O PFMeX1 apresentado na Tabela 1.3, foi estimado a partir dos dados discretos X1 e 
Y, que se encontram nas duas primeiras colunas desta mesma tabela. A produtividade 
média pode ser obtida para cada nível de ração consumida pelas aves. No exemplo 
tabulado o produto físico médio cresce, atinge um ponto máximo e decresce, não 
atingindo, contudo, valores negativos. 
O produto físico marginal é obtida aplicando-se a fórmula apresentada na equação 
(3), substituindo X1 pelos valores fornecidos pela Tabela 1.3. O comportamento do 
produto físico marginal é o seguinte: cresce, apresenta um ponto de máximo e, a partir 
deste ponto, decresce, chegando a zero e passando a ser negativo. 
 
47 
 
 
Tabela 1.3. Ganho de peso de frango, consumo de ração, produto físico médio e 
produto físico marginal. 
 
X1 
Consumo de ração 
(kg) 
Y (PFT) 
Ganho de peso de 
frango (kg) 
 
PFMeX1 
Y/X1 
 
PFMaX1 
dY/dX1 
0,00 0,000 - - 
0,50 0,041 0.082 0.160 
1,00 0,156 0.156 0.296 
1,50 0,333 0.222 0.408 
2,00 0,560 0.280 0.496 
2,50 0,825 0.330 0.560 
3,00 1,116 0.372 0.600 
3,50 1,421 0.406 0.616 
4,00 1,728 0.432 0.608 
4,50 2,025 0.450 0.576 
5,00 2,300 0.460 0.520 
5,50 2,541 0.462 0.440 
6,00 2,736 0.456 0.336 
6,50 2,873 0.442 0.208 
7,00 2,940 0.420 0.056 
7,50 2,925 0.390 -0.120 
 
Caso se deseje saber a quantidade de insumo variável que proporciona 
incremento nulo, ou seja o ponto exato onde o acréscimo de X1 gera um PFMa = 0, 
basta proceder da seguinte maneira: 
PFMaX1 = 0,344X1 – 0,048X1
2 = 0 
Ou seja: 
 X1 (0,344 – 0,048 X1) = 0 
 X1 = 0,344/0,048 = 7,166 
Assim, conclui-se que quando são utilizados 7,166 kg de ração o PFMaX1 = 0. 
48 
 
Graficamente, as curvas de produto físico total, produto físico médio e produto 
físico marginal assumem as seguintes formas: 
Gráfico 1.2 – Produto Físico Total 
 
Y 
 
 
 I II III PFT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 PFMe 
 
 PFMa 
 
 
Gráfico 1.3 – Produto Físico Médio e Produto Físico Marginal 
 
 O Gráfico 1.2 representa uma função de produção neoclássica e demonstra a lei 
dos rendimentos marginais decrescentes. Essa lei estabelece que, à medida em que se 
empregam mais quantidades de insumo variável, enquanto a quantidade dos demais 
insumos permanece constante, a produção total aumenta, a princípio, a taxas crescentes, 
depois a taxas decrescentes, atinge um máximo e, finalmente, decresce. 
49 
 
 A lei dos rendimentos marginais decrescentes pode também ser descrita em 
termos do produto físico marginal, dado que esse é a taxa de crescimento do PFT. O 
PFMa cresce, atinge um máximo, posteriormente decresce, anula-se e, por fim, torna-se 
negativo. 
 Em termos práticos, a lei dos rendimentos marginais decrescentes pode ser 
melhor visualizada por meio da análise da resposta do ganho de peso do frango frente a 
diferentes níveis de consumo de ração. Cada unidade de ração consumida aumenta o 
peso do frango, inicialmente, a taxas crescentes, de pois, o faz de forma menos que 
proporcional, atinge um máximo e, finalmente, decresce. 
 A análise conjunta dos Gráficos 1.2. e 1.3 permite ainda tecer algumas 
considerações a respeito das curvas de PFT, PFMe e PFMa. A construção geométrica da 
curva de PFMa se dá pela união dos sucessivos pontos de tangência sobre a curva PFT, 
sendo que é possível perceber que o PFMa é máximo no ponto de inflexão da curva 
PFT, e o PFMa é nulo quando o PFT é máximo. A curva de PFMe, por sua vez, 
representa a sucessão dos ângulos formados por uma reta (suposta) que parte da origem 
e toca sucessivamente os pontos que forma a curva PFT; a curva apresenta primeiro um 
crescimento, atinge um máximo e decresce, não sendo, contudo nula em nenhuma 
circunstância. 
 Vale ainda observar que é possível fazer comparações entre as curvas de PFMe e 
PFMa. O ponto de máximo do PFMa é anterior ao ponto máximo do PFMe e, onde o 
PFMe é máximo, ele se iguala ao PFMa. 
 
1.3. Estágios de produção 
 
Os três estágios de produção podem ser definidos a partir das relações entre o PFT, 
PFMe e PFMa (Gráficos 1.2 e 1.3). 
O primeiro estágio de produção corresponde àquele em que o PFMe é sempre 
crescente. Nesse estágio o PFMa é sempre maior do que o PFMe, e ambos são 
positivos; o PFT também apresenta-se crescente. Esse estágio é considerado um estágio 
irracional de produção, porque os insumos são alocados ineficientemente. Um produtor 
irracional jamais operaria nesse estágio de produção porque ele estaria limitando o uso 
do insumo variável, dado que maior produtividade média poderia ser atingida pelo 
50 
 
maior uso desse insumo. O limite entre o primeiro e o segundo estágio de produção 
ocorre no ponto onde o PFMe é máximo, ou seja, no ponto onde o PFMe = PFMa. 
O terceiro estágio é caracterizado, principalmente, por apresentar um produto físico 
total decrescente, PFMa negativo e PFMe também decrescente. Esse estágio também é 
considerado irracional da produção, visto que o emprego de unidades adicionais do 
insumo variável resultaria na redução do produto físico total, ou seja, tais acréscimos 
contribuem para o crescimento do custo e redução da receita. 
O segundo estágio de produção apresenta PFMe decrescente, assim como o produto 
físico marginal, mas ambos são positivos. Nesse estágio o PFMe é sempre superior ao 
PFMa e esse é considerado o estágio racional de produção. O limite entre o segundo e o 
terceiro estágios ocorre no ponto onde o PFT é máximo, ou seja, onde o PFMa é nulo. 
Sendo esse o único estágio racional, e sendo os seus limites o ponto onde o PFMe é 
máximo e o ponto onde o PFMa é nulo, deduz-se que o ponto ótimo de produção estará 
sempre à esquerda ou, no limite, coincidirá com o ponto de máxima produção física. 
Voltando à Tabela 1.3 tem-se que o limite entre os dois primeiros estágios 
encontra-se entre 5,000 e 5,500 kg de ração. O limite entre o segundo e o terceiro 
estágios está entre 7,000 e 7,500 kg de ração. Os valores exatos podem ser obtidos 
fazendo a primeira derivada do PFT (que é o PFMa) e a primeira derivada do PFMe 
iguais a zero. Assim, o limite entre o primeiro e o segundo estágio será, exatamente: 
 
PFMeX1 = (0,172 X1
2 – 0,016 X1
3)/X1 = 0,172 X1 – 0,016 X1
2 
d PFMeX1/d X1 = 0,172 – 0,032 X1 = 0 
Logo, X1 = 5,375 (ponto de consumo de X1 que proporciona o PFMe máximo) 
 
Fazendo PFMaX1 = 0 tem-se o limite entre o 2º e o 3º estágios: 
 
 PFMaX1 = 0,344X1– 0,048X1
2 = 0 
 Ou seja: 
 X1 (0,344 – 0,048 X1) = 0 
 X1 = 7,166 (ponto de consumo de X1 que proporciona o PFT máximo, ou 
PFMa nulo). 
 
51 
 
1.4. Nível ótimo de uso do insumo 
 
 A premissa básica que norteia o comportamento do empresário é o de que ele 
busca a maximização dos lucros da empresa (π), ou da sua receita líquida. Na 
determinação do nível de insumo variável que maximiza o lucro, o uso da análise 
marginal é o mais apropriado. Essa análise é utilizada para comparar o custo do insumo 
variável com a receita do produto. 
 Um insumo variável deve ser adicionado ao processo produtivo até o ponto onde 
a mudança na renda, devido ao uso da última unidade de insumo, for maior ou igual à 
mudança no custo resultante da última unidade empregada desse fator. Se a última 
unidade do insumo variável empregada aumentar mais a receita do que o custo, mais 
desse fator deve ser utilizado. Contudo, se a última unidade de insumo aumentar mais 
os custos do que a receita, menor quantidade desse fator deve ser empregada. 
 Em síntese, um fator variável deve ser empregado até o ponto onde o valor 
adicional do produto for maior ou igual ao total adicional do custo do insumo, isso é, o 
ponto onde o PFMa do insumo, multiplicado pelo preço do produto for maior ou igual 
ao preço do insumo: PFMaX1 . PY ≥ PX1. De outra forma, desde que o valor do produto 
marginal (VPFMa = PFMaX1 . PY) do insumo for maior ou igual ao preço do insumo: 
VPFMa ≥ PX1. 
 A derivação matemática dessa regra de ‘tomada de decisão’ é apresentada a 
seguir: 
 
 Max π = RT – CT (4) 
 
 O lucro é dado pela diferença entre a receita total (RT) e o custo total (CT). Na 
determinação do lucro é necessário, portanto, conhecer a receita e os custos. Os preços 
dos insumos de produção e a tecnologia constituem-se os determinantes basicos do 
custo. Uma vez estabelecida a tecnologia, o total de cada insumo necessário para 
produzir qualquer nível de produto pode ser determinado. 
 O custo total é dado pela soma dos insumos variável e fixo: 
 
 CT = X1. PX1 + K (5) 
 
52 
 
 Em que X1 é a quantidade de insumo variável utilizada e PX1 é o seu preço; e 
onde K é o custo dos insumos fixos. 
 A receita total é obtida pelo produto da quantidade total vendida e preço de 
venda. 
 
 RT = Y.PY (6) 
 
 Em que Y é a quantidade total do produto produzido e PY é o preço de venda do 
mesmo. 
 Assim, para maximizar o lucro tem-se que diferenciar a função π com relação ao 
insumo variável X1, assumindo-se que os preços do produto e do insumo sejam 
constantes. 
 
 π = RT – CT 
 π = Y. PY – X1.PX1 – K 
ϕπ/ϕX1 = (ϕPY/ϕX1). Y + (ϕY/ϕX1). PY – (ϕPX1/ϕX1).X1 - (ϕX1/ϕX1).PX1 - 
ϕK/ϕX1 = 0 
 ϕπ/ϕX1 = 0 + (ϕY/ϕX1). PY + 0 - (ϕX1/ϕX1).PX1 + 0 = 0 
 ϕϕϕϕππππ/ϕϕϕϕX1 = (ϕϕϕϕY/ϕϕϕϕX1). PY - (ϕϕϕϕX1/ϕϕϕϕX1).PX1 = 0 
 
 Logo, tem-se: 
 
 (ϕY/ϕX1). PY - PX1 = 0 
 VPFMaX1 – PX1 = 0 
 VPFMaX1 = Px1 
 
 Se voltarmos à análise dos dados presentes na tabela 1.3, é possível determinar o 
peso ótimo de abate do frango. Para tanto, é preciso introduzir o preço do frango (kg) e 
o preço da ração (kg). Supondo, por exemplo, que o kg de ração custe R$ 0,30 e o kg do 
frango custe R$ 0, 60 o peso ótimo de abate do frango seria de 2,3845 kg e a quantidade 
ótima de utilização do insumo seria de 5,140 kg de ração. Esses dados são obtidos da 
seguinte forma: 
53 
 
Definindo a quantidade ótima de insumo 
 
PY.PFMaX1 = PX1 
0,60 . PFMaX1 = 0,30 
0,60. (0,344 X1 – 0,048 X1
2) = 0,30 
0,2064 X1 – 0,0288 X1
2 – 0,30 = 0 
∆ = (0,2064)2 – 4(-0,0288. –0,30) 
∆ = 0,04260096 – 0,03456 = 0,00804096 
Logo: 
X1 = [-(0,2064) ± (0,00804096)
1/2]/ 2 (-0,0288) 
X1 = -0,2064 ± 0,089667/ -0,0576 
X1 = 5,140 Kg de ração 
 
Definindo o peso ótimo do frango 
 
Y = 0,172 X1
2 – 0,016 X1
3 
Y = 0,172 (26,4196) – 0,016 ( 135, 796) 
Y = 4,557312 – 2,17274 
Y = 2,385 Kg de frango 
 
Utilizando as equações de PFT e PFMa anteriormente definidas é possível ainda, 
definir o nível de ração que maximiza a produção (e não o lucro). Para tanto, como já 
dito, basta igualarmos a equação do PFMa a zero. Assim, tem-se: 
 
PFMaX1 = 0,344X1 – 0,048X1
2 = 0 
 Ou seja: 
 X1 (0,344 – 0,048 X1) = 0 
 X1 = 7,166 Kg de ração(ponto de consumo de X1 que proporciona o PFT máximo, 
ou 
 PFMa nulo). 
 
54 
 
O Gráfico 1.3 ilustra a evolução do ganho de peso do frango frente às diversas 
quantidades utilizadas de ração. Ilustra, ainda, o comportamento dos produtos físicos 
médio e marginal. Os dados são originados da Tabela 1.3. 
Gráfico 1.3 
 
 
2. CUSTOS 
 
Existem vários e diferentes tipos de custos, e vários significados são atribuídos à 
expressão custo de produção. Portanto, simplesmente o termo ‘custo’ tem pouco 
significado para os propósitos aqui desenvolvidos. 
O termo custo significa, para os fins da análise econômica, a compensação que os 
donos que os detentores dos fatores de produção, utilizados por uma firma para produzir 
determinado bem, devem receber para que eles continuem fornecendo esses fatores à 
empresa. O termo compensação é aqui utilizado – e não pagamento – porque existem 
casos onde tal ‘remuneração’ não acontece de modo formal. Segundo HOFFMANN et 
al (1987) existe ainda a possibilidade de alguns donos dos fatores de produção 
fornecerem seu fatores ainda que pouco ou nada ganhem com isso. Segundo esses 
autores “os proprietários de um negócio que não esteja fornecendo um rendimento 
normal sobre o investimento continuarão, muitas vezes, a operá-los por vários anos, 
porque eles não podem, rapidamente, retirar o seu capital investido em bens de 
Evolução dos Produto Físico Total (Y), Produto Físico Médio(PFMe) e 
Marginal(PFMa)
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5
Quantidade de insumo utilizada
Y PFMeX1 PFMaX1
55 
 
produção especializados, com duração de vários anos. Contudo, uma vez desagastados 
os bens de capital, o capital-dinheiro não será reinvestido nesse negócio”. 
 
2.1. Curto prazo e longo prazo 
 
O curto e o longo prazo são conceitos temporais (envolvem tempo), mas eles não 
são definidos como períodos fixos no calendário. Sendo assim, pode-se entender o curto 
prazo como sendo aquele período de tempo no qual pelo menos um insumo é fixo, 
enquanto que no longo prazo, todos os fatores utilizados são variáveis. Em 
conseqüência, no curto prazo existem custos variáveis e custos fixos (já que existem 
fatores fixos e variáveis), porém, no longo prazo, existem apenas custos variáveis, ou 
seja apenas custos que dependem do volume de produção. 
Custos fixos são os custos dos fatores fixos da empresa, portanto, no curto prazo, 
independem do nível de produção. Os custos variáveis, ao contrário, dependem da 
quantidade empregada dos fatores variáveis e, portanto, varia de acordo com o volume 
da produção. Os custos totais da empresa são representados pela soma dos custos fixos 
com os custos variáveis. 
Como exemplo, imaginemos uma empresa têxtil que produz camisas. Os custos 
fixos são os custos do edifício, da maquinaria e da iluminação; eles independem do 
volume de camisas produzido e somente podem ser evitados se a fábrica deixa de 
funcionar. Ainda assim, muitas vezes o proprietário continua tendo custos com a 
manutenção das máquinas (ou com sua depreciação) e com as demais instalações. Os 
custos variáveis dessa empresa podem ser representados, basicamente, pelo trabalho – 
número de empregados – e matéria-prima envolvidos na produção, e irão variar deacordo com o volume produzido, aumentando com um acréscimo na produção e 
reduzindo, caso a produção seja diminuída. 
 
2.2. Tipos de custos 
 
2.2.1. Custos explícitos, contábeis ou diretos 
 
Para um economista, o conceito relevante de mercado pode ser captado pelas 
alternativas de mercado. Muitos fatores de produção são comprados no mercado e 
56 
 
utilizados imediatamente na produção da empresa. Uma vez que estes insumos são 
oferecidos para venda em um mercado aberto, o custo alternativo (custo de 
oportunidade), para qualquer uso específico será igual ao seu preço de mercado. Por 
exemplo, suponha que uma empresa rural compre milho, soja, vitaminas, minerais e 
outros insumos para a alimentação do seu rebanho. Esses insumos, comprados em um 
mercado aberto, têm preços específicos. Esses preços, multiplicados pela quantidade, 
podem então ser utilizados no cômputo do custo de produção daquela atividade 
específica. Esses custos dos insumos que são diretamente determinados pelo produto 
final, são denominados custos explícitos. 
 
2.2.2. Custos implícitos, indiretos ou econômicos. 
 
Os custos implícitos constam dos custos dos fatores que a empresa já possui, 
quase sempre não registrados pela contabilidade, por não constituírem despesas pagas, 
em dinheiro, durante o processo produtivo (por exemplo, aluguel não recebido por uma 
propriedade possuída e utilizada pela firma). Nessa abordagem dos custos, os fatores 
pertencentes à empresa e utilizados no processo produtivo têm custo associado, medido 
pelo seu preço em uso alternativo, ou seja, preço relativo ao que o empresário está 
deixando de receber ao alocar os recursos produtivos em sua empresa. Vale salientar a 
necessidade de se verificar a existência de oportunidade relacionada aos recursos, pois, 
nem sempre os recursos próprios devem ter custos implícitos. 
 
2.2.3. Custos fixos 
 
Os custos fixos são aqueles que permanecem inalteráveis durante um período de 
tempo (curto prazo) e independentes do nível de produção. Esses custos ocorrem, 
mesmo que o recurso não seja utilizado. No longo prazo, como todos os insumos podem 
Ter suas quantidades variadas, os custos fixos são inexistentes. 
Outra característica dos custos fixos é que eles não estão sob o controle do 
administrador no curto prazo; eles existem no mesmo nível, independente de quanto do 
recurso é utilizado. Outra maneira de conceituar os custos fixos, e que facilita o seu 
entendimento é apresentada por REIS e GUIMARÃES (1986), que os consideram como 
sendo aqueles correspondentes aos recursos que: 
57 
 
a) têm duração superior ao curto prazo, portanto sua renovação só acontece no 
longo prazo; 
b) não se incorporam totalmente no produto no curto prazo, fazendo-o em 
tantos ciclos quanto permitir a sua vida útil; 
c) não são facilmente alteráveis no curto prazo, e o seu conjunto determina a 
capacidade de produção da atividade, ou seja, sua escala de produção; 
 
O custo fixo total (CFT) é simplesmente a soma dos vários tipos de custos fixos 
e inclui, usualmente os componentes: depreciação, seguros, impostos e juros. O custo 
fixo médio (CFMe) , que expressa o custo fixo por unidade de produto (Y) é 
determinado pela equação: 
CFMe = CFT / Y 
Em que o produto é medido em unidades físicas. Uma vez que, por definição, o 
custo fixo total é um valor fixo ou constante, independente do nível de produção, o 
CFMe irá decrescer continuamente, com o aumento da produção. A tabela 3.1 apresenta 
os custos fixos e os custos fixos médios de uma firma hipotética. 
 
2.2.4. Custos Variáveis 
 
Os custos variáveis são aqueles sobre os quais o administrador exerce controle 
no curto prazo. Eles podem ser aumentados ou diminuídos pala ação direta do 
administrador e irão variar no mesmo sentido das mudanças na produção. Itens como 
semente, fertilizantes, produtos químicos, gastos com sanidade de rebanho, com 
serviços de máquinas e com mão-de-obra, em geral, são exemplos de custos variáveis. 
Se nenhum produto for produzido, o custo variável pode ser evitado. 
De acordo com REIS e GUIMARÃES (1986), os custos variáveis são os custos 
com recursos que apresentam as seguintes características: 
a) têm duração inferior ou igual ao curto prazo, sendo, portanto, sua 
recomposição feita a cada ciclo do processo produtivo; 
b) incorporam-se totalmente ao produto no curto prazo, não sendo aproveitados 
(pelo menos não claramente) para outro ciclo; 
c) são alteráveis no curto prazo e estas provocam variações na quantidade e na 
qualidade do produto dentro do ciclo. Essas variações se verificam em certos 
58 
 
níveis permitidos pelo conjunto dos recursos fixos e pelas técnicas de 
produção. 
O custo variável total (CVT) pode ser encontrado pela soma de cada custo 
variável individual, que é igual à quantidade do recurso comprada, multiplicada pelo 
preço. O custos variável médio (CVMe) é o custo variável total dividido pelo produto, e 
é calculado pela equação: 
 
CVMe = CVT / Y 
 
O custo variável existe tanto no curto, quanto no longo prazo, sendo que, neste 
último, todos os recursos são considerados variáveis. Assim, a distinção entre custos 
fixos e variáveis também depende do exato ponto no tempo, no qual a próxima decisão 
será tomada. Gastos com fertilizantes são, geralmente, considerados custos variáveis. 
No entanto, uma vez que ele tenha sido comprado e aplicado, o administrador não tem 
mais controle sobre esse gasto. Esse custo deve ser, então, considerado como fixo para o 
restante do ciclo de produção desse produto e futuras decisões devem considerar esse 
fato. O custo com trabalho e o custo de arrendamento da terra são exemplos similares. 
Após a contratação da mão de obra e o contrato de arrendamento Ter sido assinado o 
administrador não pode alterar o valor e seus custos devem ser considerados como fixos 
durante o contrato. Os custos variáveis totais e os variáveis médios hipotéticos para um 
empresa fictícia, são apresentados na tabela 3.1. 
 
2.2.5. Custo total 
 
O custo total é a soma do custo fixo total e do custo variável total (CT = CVT + 
CFT). No curto prazo, ele irá aumentar somente com o aumento do CVT, uma vez que o 
CFT é um valor constante. O custo total médio (CTMe) para um determinado nível de 
produto é igual à soma do CVMe e CFMe ou, ainda, igual a: 
 
CTMe = CT / Y 
 
O custo total médio é tipicamente decrescente, em baixos níveis de produção, 
uma vez que o CFMe decresce rapidamente, e o CVMe pode também ser decrescente. A 
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elevados níveis de produção, o CFMe irá decrescer menos rapidamente e o CVMe irá 
aumentar e será maior mais rapidamente do que a taxa de decréscimo do CFMe. Essa 
combinação faz com que o CTMe aumente. A tabela 3.1 apresenta os custos totais e os 
totais médios hipotéticos. 
 
2.2.6. Custo marginal 
 
O custo marginal (CMa) é definido como a variação no custo total dividido pela 
variação do produto: 
CMa = ∆ CT / ∆ Y, ou ainda como CFT não varia CMa = ∆ CVT/ ∆ Y 
O custo marginal é também apresentado na tabela 3.1. 
 
2.2.7. Custo operacional 
 
Pode ser definido como o custo de todos os recursos de produção que exigem 
desembolso por parte da empresa para sua recomposição. Esquematicamente, o custo 
operacional compõe-se de todos os itens de custo considerados variáveis adicionado de 
uma parcela dos custos fixos, e ainda pela parcela da mão de obra familiar que, embora 
não remunerada, realiza serviços básicos imprescindíveis ao desenvolvimento da 
atividade. 
A finalidade do uso desse custo é mostrar, caso a empresa não tenha 
remuneração igual ou superior ao custo alternativo, se e quanto ela tem de resíduo

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