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APOSTILA ATUALIZADA DIREITO DE EMPRESA À LUZ DO CÓDIGO CIVIL (1)

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
CURSO DE DIREITO COMERCIAL
PROFª. ANDREA COSTA MARTELOTTA
DIREITO DE EMPRESA À LUZ DO CÓDIGO CIVIL
					PONTO 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO DE EMPRESA
	
1) TEORIAS SOBRE O DIREITO COMERCIAL: 
a) TEORIA SUBJETIVISTA:
	Afirma esta teoria que o Direito Comercial é a disciplina dos comerciantes.
	
Remonta a fase medieval, onde o ambiente se mostrava avesso, e, até hostil, à atividade mercantil, levando os comerciantes a se unirem, através das organizações de classes, enriquecidas de recursos e poder político a ponto de conquistarem a autonomia de importantes centros comerciais, como por exemplo, as poderosas cidades italianas de Veneza, Florença, Gênova e Amalfi.
	Tal fenômeno espraiou-se na Europa Ocidental, e, principalmente na Alemanha.
	
É portanto nesta fase que o Direito Comercial começa a tomar corpo, haurindo suas normas das regras corporativas e das decisões dos cônsules, que eram os juízes indicados pelas corporações, para solverem os litígios entre os comerciantes.
	
Diante da precariedade do direito comum à época, desenquadrado do formalismo que o Direito Romano impunha, incapaz de regular e assegurar as relações comerciais, foi necessário criar um direito costumeiro, aplicado internamente às corporações por juízes eleitos pelas suas assembléias, era o juízo consular, ao qual tanto se deve a sistematização das regras de mercado.
	
Estes juízes consulares julgavam de acordo com os usos e costumes mercantis e sob a inspiração da eqüidade, dirimindo as disputas entre comerciantes, era o Direito Comercial a serviço do comerciante, corporativo, profissional, especial e autônomo.
b - TEORIA OBJETIVISTA
	Com o alargamento natural da jurisdição dos cônsules, atraindo para seu âmbito demandas entre comerciantes e não-comerciantes e, ainda, demandas outras, que envolviam os comerciantes, mas que não tinham correlação com questões profissionais, destes, houve a necessidade de delimitar o conceito da matéria comercial.
	
Começa, então, a partir de 1808, a delinear-se e a expandir-se o conceito objetivista, deslocando-se a base em que até então se assentava esse Direito, da figura do comerciante para a dos atos de comércio, valendo-se da ficção, segundo a qual, deve reputar-se comerciante qualquer pessoa que, como parte, estivesse em Juízo (nos antigos Tribunais do Comércio, hoje inexistentes), por motivo comercial.
	
O Direito Comercial passou a buscar a sua identificação na natureza do ato praticado e não no sujeito que o pratica e a teoria dos atos de comércio passa a ser o elemento caracterizador do comerciante, este identifica-se porque pratica ato de comércio em caráter habitual.
	
O Código Comercial surge norteado pela teoria objetivista em 1850 e edita-se também o Regulamento 737/50 elencando os denominados atos de comércio.
	
c - TEORIA DA EMPRESA:
	Tendo em vista o extraordinário desenvolvimento da economia capitalista, com o crescimento industrial e o surgimento da produção em massa, desacreditado o sistema objetivista, aparece em destaque, neste panorama, uma nova figura, a do empresário, até então desconhecida.
	
Descarta-se aqui a preponderância do ato de comércio isolado, como também se esmaece a figura do comerciante, surgindo a empresa mercantil e o Direito Comercial .
A conceituação de empresa evolui como a organização de fatores de produção, para a criação ou oferta de bens ou de serviços em massa, ampliando desta forma o campo de incidência do Direito Comercial, introduzindo neste, precisamente, a prestação de serviços.
	A empresa deve ser entendida como uma atividade, que é o seu estatuto jurídico próprio: a atividade econômica de produção e de circulação de bens ou serviços.
2) DA SITUAÇÃO ATUAL DO DIREITO COMERCIAL PÁTRIO:
	Com o advento do Código Civil (Lei n.º 10.406, de 10/01/2002) que entrou em vigor aos 11 de janeiro do corrente ano de 2003, a primeira parte do Código Comercial foi revogada e a teoria da empresa se robustece, superando ainda mais a teoria dos atos de comércio como critério de delimitação do âmbito de incidência do Direito Comercial, trazendo significativas alterações a este ramo do direito, as quais serão estudadas ao longo do curso.
	
É bem verdade que na prática a teoria da empresa já estava instaurada em nosso país desde a década de 70, destacando-se neste diapasão o dizer de Fábio Ulhoa Coelho:
“ O direito comercial brasileiro filia-se, desde o último quarto do século XX, à teoria da empresa. Nos anos 1970, a doutrina comercialista estuda com atenção o sistema italiano de disciplina privada da atividade econômica. Já nos anos 1980, diversos julgados mostram-se guiados pela teoria da empresa para alcançar soluções mais justas aos conflitos de interesses entre os empresários. A partir dos anos 1990, pelo menos três leis (Código de Defesa do Consumidor, Lei de Locações e Lei do Registro do Comércio) são editadas sem nenhuma inspiração na teoria dos atos de comércio, O Código Civil de 2002 concluiu a transição, ao disciplinar, no Livro II da Parte Especial, o direito da empresa.”�
	Importa frisar que a teria da empresa, hoje em vigor, passa a tratar a antiga figura do comerciante como empresário, sendo certo que não se distingue mais o empresário civil do comercial pela natureza do ato praticado, todos são, hoje, considerados empresários, guardadas as distinções de tratamento que ainda permanecem e que serão estudadas a posteriori.
PONTO 2
DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
1 - GENERALIDADES:
	A atividade comercial, anteriormente exercida pelo comerciante, segundo a moderna concepção do direito, é desempenhada pelo empresário.
	Comerciante, numa concepção antiga, era aquele que exercia atos de comércio e deles fazia profissão habitual.
2 - CONCEITO DE EMPRESÁRIO:
	“Empresário é a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade econômica de produção ou circulação de bens ou serviços. Essa pessoa pode ser tanto a física, que emprega seu dinheiro e organiza a empresa individualmente, como a jurídica, nascida da união de esforços de seus integrantes.” (Fábio Ulhoa Coelho).�
	O novo Código Civil em seu art. 966 também traz um conceito de empresário quando diz que:
	“ Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.” 
	Dos conceitos, supracitados, observa-se que empresário pode ser pessoa física ou jurídica. No primeiro caso será chamado de "empresário individual", no segundo de "sociedade (empresária ou simples) e cooperativa". Destas últimas se ocupa o direito societário que estudaremos a seguir, motivo pelo qual interessa centrar, por ora, as atenções sobre a figura do empresário individual, pessoa física que explora, profissionalmente, atividade econômica organizada, para a produção ou circulação de bens ou serviços.
	
Firme-se que a regular inscrição no Registro da Empresa não é requisito essencial para identificação do empresário, pois quem explora atividade empresarial profissionalmente, sem estar devidamente registrado, é considerado, a despeito do registro, empresário, apesar de irregular. Este, inclusive, estará sujeito ao regime-jurídico-empresarial, embora a lei lhe reserve algumas restrições, sendo certo, que, uma pessoa registrada como empresário sem exercer, profissionalmente, a atividade mercantil, não será reputada como tal.
 Diante da assertiva acima mencionada, pode-se afirmar que o direito brasileiro adota o critério real de identificação do empresário, que dá relevância à atividade efetivamente exercida, e o critério formal para distinguir o empresário regular, inscrito no Registro da Empresa, do irregular, que exerce a profissão sem cumprir esta formalidade ou aquele que apresenta um registro desatualizado, porque deixou de arquivar subseqüentes alterações contratuais. 
	Registre-se, contudo, que a inessencialidadedo competente registro, para caracterização do empresário, como tal, não o torna irrelevante para o direito positivo, pois o não-registro acarreta conseqüências jurídicas importantíssimas.
	Firme-se, primeiramente, que o registro do empresário individual, inscreve o nome através do qual, o empresário exercerá e assinará os atos a ele referente, e, ainda será objeto do registro, a manutenção de escrituração regular do movimento negocial.
	O registro encontra-se regulamentado pela Lei n.º 8934/94 e pelos arts. 1150 a 1154 do novo Estatuto Civil. Temos, entretanto, algumas outras leis que tratam desse assunto, como por exemplo: Lei de Registros Públicos nº 6015/1973, Lei 9961/2000 – art. 19 – que trata das sociedades civis ou comerciais de assistência médica, hospitalar e odontológica) e a Lei de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte , nº 9841/1999)
	Diante do exposto, cabe apontar as conseqüências jurídicas da irregular prática de atos empresariais:
a) O empresário será considerado irregular, não adquirindo personalidade jurídica, tendo, contudo, legitimação extraordinária processual (art. 12 VII do C. Civil)
Exceção: Dispensa de escrituração restrita ao pequeno empresário, não alcança a microempresa e a empresa de pequeno porte, pertinente ao empresário rural e ao empresário individual. (art.1179 § 2º e arts, 966 e 968 do C. Civil/2002.
b) A responsabilidade ilimitada e subsidiária dos sócios pelas obrigações da sociedade. Responsabilidade solidária e ilimitada do sócio que contratou pela sociedade e subsidiária e ilimitada dos demais (art. 990 e 1024 do C. Civil) Obs. Por óbvio esta conseqüência só pode recair sobre as sociedades simples ou empresárias e não sobre o empresário individual).
c) A impossibilidade de beneficiar-se da recuperação judicial (art. 48 da Lei 11.101/2005)
d) Não pode promover requerimento da falência dos seus devedores (§ 1º do art. 97 da Lei 11.101/2005)
e) Sanções de natureza fiscal e administrativa.
f) Não pode participar de licitações públicas;
g) Não podem se registrar no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), nos cadastros estaduais e municipais, bem como no INSS.
h) Não possuem proteção ao nome empresarial.
Em face das conseqüências acima mencionadas, os comercialistas, dizem que, na prática, o registro tornou-se obrigatório.
3 - CONDIÇÕES INDISPENSÁVEIS PARA O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO EMPRESARIAL:
a) ESPECULAÇÃO COM INTUITO DE LUCRO;
b) PROFISSIONALIDADE OU HABITUALIDADE
c) ATUAÇÃO NO PRÓPRIO NOME;
d) CAPACIDADE.
OBSERVAÇÕES:
a) ESPECULAÇÃO COM INTUITO DE LUCRO:
	Esta condição se verifica no fato, de nas operações em que intervenha, o empresário procure auferir vantagens, obter lucros. Não é necessário, contudo que o lucro esteja presente, bastando a sua perseguição.
	Mas se alguém explorar atividade econômica, em nome próprio, com habitualidade, mas sem fins lucrativos, fazendo-o por filantropia, não seria considerado empresário, no sentido jurídico da expressão.
	
b) PROFISSIONALIDADE OU HABITUALIDADE:
	O empresário deve praticar os atos negociais em caráter profissional, vale dizer, habitual e reiteradamente.
	Assim, quem exerça esporadicamente, uma atividade empresarial, revendendo, com lucro, mercadoria que tenha adquirido em viagem ao exterior, por exemplo, não é considerado empresário por lhe faltar o elemento da habitualidade.
c) ATUAÇÃO NO NOME PRÓPRIO:
	É necessário que a prática habitual do comércio seja exercida pelo empresário, ou em seu nome e por sua conta e risco.
	Não é portanto considerado empresário quem explore tal atividade em nome de outrem, como é o caso dos "comerciários", que são empregados do empresário, ou dos sócios de sociedade empresária ou simples. Em ambos os casos, a exploração se faz em nome alheio (o empregador ou a sociedade) e, por isso, estes profissionais não podem ser vistos como empresários.
d) CAPACIDADE:
	O art. 972 do novo Código Civil diz que “Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”.
	O artigo acima transcrito sugere o enfrentamento de dois temas, capacidade e impedidos. Far-se-á primeiramente o estudo de capacidade neste tópico e no seguinte estudaremos os impedidos.
	Quem nos dá o conceito de capacidade é a lei civil, e, ao estudá-la, verificamos que pode ser definida como a soma dos requisitos, que se exigem de uma pessoa, para adquirir direitos e contrair obrigações e, em seguida, exercê-los e cumpri-los.
	Neste conceito, encerram-se as duas espécies de capacidade que conhecemos: a capacidade de direito, que consiste na mera possibilidade de ter direitos e obrigações, na esfera jurídica e essa se tem, com a aquisição da personalidade ( arts. 1º e 2º do novo Código Civil), e a capacidade de fato, que é a atuação dessa possibilidade, através do exercício dos direitos e do cumprimento dos deveres.
	É de sabença geral que se toda pessoa física tem capacidade de direito, nem toda, porém possui capacidade de fato, pois há diferentes graus de incapacidade: a total, das pessoas absolutamente incapazes e a parcial, daqueles considerados relativamente incapazes ( arts. 3º e 4º do Código Civil)..
Vale ressaltar, que a incapacidade total é suprida com a representação e a parcial com a assistência.
	A plena capacidade para o exercício de todos os atos da vida civil, se adquire aos 18 anos, completos, conforme o preceito constante do art. 5º do Código Civil, que contempla ainda, outras formas de cessação dessa incapacidade, nos diversos incisos do § único do art. supracitado, nas quais ocorre o fenômeno jurídico da emancipação, a saber:
* por concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos completos;
* pelo casamento;
* pelo exercício de emprego público efetivo;
* pela colação de grau em curso de ensino superior;
* pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.
	Então nos termos da lei civil antes de completar 18 anos, pode o menor se tornar plenamente capaz, desde que ocorra uma das modalidades de emancipação acima elencadas.
Observações Relevantes:
1) Uma questão que deve ser enfrentada é a respeito do registro da emancipação, que encontra disciplina na Lei nº 6015/73, arts. 89 a 94.
	O art. 89 da referida Lei estatui, in verbis, que:
"No Cartório do 1º Ofício ou da 1ª subdivisão judiciária de cada comarca serão registrados, em livro especial, as sentenças de emancipação, bem como, os atos dos pais que a concederem, em relação aos menores nela domiciliados."
	Observe-se que a inscrição no registro público da emancipação por outorga dos pais, feita por instrumento público, independe de homologação judicial.
2) Outra questão a ser enfrentada é a hipótese de emancipação firmada pela Lei Civil no inc. II do art. 5º: casamento. Aqui cabe apontar a idade nubil determinada legalmente, sendo a de 16 anos para homem e para mulher, acabando a distinção anteriormente existente (16 anos para a mulher e 18 para o homem).
Diante dos termos do art. 1.517 do C. Civil, exige-se, entretanto a autorização dos pais ou de seus representantes legais enquanto não atingida a maioridade podendo ainda recorrer-se ao Poder Judiciário na hipótese de desacordo entre os pais (arts. 1.517 § único c/c com o 1631 § único do estatuto civil), bem como na hipótese de denegação injusta (art. 1519 do C.C.) .
Observe-se, contudo, que a autorização dos pais pode ser revogada até a celebração do casamento (art. 1518 do C.C.) 
Firme-se que a regra excepcional contida no art. 1520 do Código Civil, a qual permite o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil supramencionadapara evitar imposição de pena criminal ou em caso de gravidez é tema controvertido na doutrina se tal hipótese produz ou não os efeitos da emancipação.
3) Na hipótese de emancipação do menor por estabelecimento comercial ou civil com economia própria, acabou a antiga discussão existente na doutrina comercialista se tal hipótese de emancipação não estaria condicionada a uma idade mínima, uma vez que o Código anterior não mencionava a idade para a ocorrência de tal hipótese de emancipação. Percebe-se que o novo Código Civil faz previsão expressa da idade de 16 anos encerrando a antiga discussão neste tema.
4) Na hipótese de emancipação por ingresso em categoria funcional pelo exercício de emprego público efetivo, verifica-se que o art. 117 inc. X da Lei 8112/90 traz a proibição ao exercício do comércio ao funcionário público federal, o que se verifica também no âmbito estadual e municipal por conta da compatibilidade vertical da norma jurídica.
3 - DOS INTERDITOS:
	A interdição é instituto de natureza civil que atinge os incapazes de forma absoluta ou relativa, no dizer do art. 9º inc. III do novo C. Civil que não mais elenca as figuras dos loucos de todo o gênero, dos surdos-mudos que não puderem exprimir a sua vontade e dos pródigos, como fazia o antigo estatuto civil.
	Os interditos declarados por sentença judicial, estão submetidos a um regime especial, sob a responsabilidade de um curador que lhes administra os bens e, nessa situação, não podem iniciar o exercício da mercância. Isto é pacífico.
	A controvérsia existente quando em vigor o antigo Código Civil era se um comerciante fosse interditado, se haveria a possibilidade de continuar no exercício do comércio, sob a direção e responsabilidade de um curador. A doutrina se dividia em duas correntes discutindo a matéria de forma acirrada.
	O novo Código Civil enfrentou o tema e posicionou-se favorável a continuidade das atividades empresariais na pessoa do representante legal do interdito, ampliando, inclusive tal possibilidade para o menor, é o que se verifica no texto constante dos arts. 974 e 975 do Código Civil.
4 - DOS IMPEDIDOS DE EXERCER A ATIVIDADE EMPRESARIAL:
O art. 972 do novo Código Civil diz que podem exercer a atividade empresarial os que forem considerados capazes e que não forem impedidos legalmente. E, ainda, aduz no art. 973 que “A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações assumidas”.
	Diante da assertiva supra, verifica-se que os impedidos não são incapazes, e, assim, infringindo regra legal de impedimento, tornar-se-ão passíveis das respectivas sanções. Os atos, porém, que praticarem, serão válidos, produzirão efeitos jurídicos e, se mesmo assim forem praticados de forma habitual, e, profissionalmente, ensejarão que os seus executores sejam considerados empresários, sujeitos, portanto, às leis regentes da matéria, inclusive a falimentar. Esta é a quase unânime opinião dos comercialista.
	Podemos elencar diante de algumas leis esparsas, que estão proibidos de comerciar no Brasil, logo impedidos de exercer a atividade empresarial, no dizer da teoria da empresa:
a) os falidos, enquanto não legalmente reabilitados ( a reabilitação compreende a extinção das responsabilidades civis penais do falido – art. 158 e da Lei 11.101/2005);
b) os funcionários públicos (art. 117 inc. X da Lei 8112/90)
	Anote-se que a proibição legal se limita ao exercício individual do comércio, não se estendendo à participação de sociedade comercial como acionista, cotista ou sócio, sendo certo que o proibido não deve assumir a gerência nem cargo de direção.
	Assim sendo a proibição de caráter pessoal, nada obsta por exemplo o exercício do comércio pelo cônjuge do proibido, firmando a doutrina e a jurisprudência que se restar provado que o proibido se serve do cônjuge para obter vantagens em função de seu cargo, sofrerá este, as sanções administrativas, civis e/ou criminais, conforme o teor da infração.
c) os membros do Ministério Público (art. 44, inc. III da Lei n.º 8625/93)
d) os membros da Defensoria Pública (art. 130, inc. IV da Lei Comp. 80/94)
e) os magistrados (art. 36 inc. I da Lei Comp. 35/79)
	Os incompatíveis também não são incapazes, e se incluem no rol dos impedidos, nos termos da Lei Civil, supracitada, valendo para estes as mesmas observações feitas quando tratamos dos proibidos de comerciar, no que tange a infringência e suas conseqüentes sanções legais, porque estes, também estão impedidos, nas situações impostas, do exercício do comércio.
	Os atos empresariais que, porventura, os incompatíveis venham a praticar, serão válidos, produzindo efeitos jurídicos, ensejando que os seus executores sejam reputados empresários, sujeitos as leis do comércio, principalmente no que diz respeito à falência.
	Firme-se que, exemplificativamente, estão impedidos de comerciar no Brasil:
a - os cônsules, nos seus distritos, salvo os não remunerados (Dec. 4.868/1882, art. 11 e Dec. 3259/1889, art. 42).
b - os médicos, para o exercício simultâneo de farmácia e, os farmacêuticos, para o exercício simultâneo da medicina (Dec. nº 19.606 e 20.877/31);
	Anote-se que o incompatível de comerciar não é incapaz, por isso, os atos por ele praticados não são considerados nulos, e sim, válidos, tornando-se o incompatível, comerciante e passível de sofrer as penalidades administrativas e/ou penais cabíveis à espécie.
	Obs. Ver art. 47 da Lei de Contravenções Penais e art. 204 do Código Penal Militar.
	Como se pode depreender de todo o aduzido, tanto a matéria das incompatibilidades, como a das proibições, não são eminentemente comerciais, sendo por conseguinte reguladas por leis esparsas, de diferentes ramos do Direito, encontrando disciplina no Código Penal, em leis e regulamentos administrativos, nos estatutos do funcionalismo público federal, estadual e municipal etc.
OBS.: Como se vê, tanto a matéria das incompatibilidades como a das proibições não são eminentemente comerciais, sendo reguladas por leis esparsas, especialmente pelo Código Penal, leis e Regulamentos Administrativos, bem como Estatutos do funcionalismo público federal, estadual e municipal.
PONTO 4
SOCIEDADES - PARTE GERAL:
1) Considerações Preliminares:
		O Código Civil Brasileiro publicado aos 10.01.2002, consubstanciado na Lei n.º 10.404/2002, incorporou a Teoria da Empresa em sua parte especial, Livro II, inspirado no sistema italiano, e, trouxe significativas alterações ao Direito Comercial Brasileiro, especificamente no que tange ao Direito Societário, disciplinando as regras básicas da atividade negocial, do conceito de empresário ao de sociedade.
		Fábio Ulhoa Coelho diz que “O Código Civil de 2002, ao entrar em vigor, completará a fase de transição do direito privado brasileiro em direção à teoria da empresa. A partir de sua vigência superar-se-á a teoria dos atos de comércio como critério de delimitação do âmbito de incidência da disciplina jurídico comercial. De notar que, a exemplo do verificado há mais de 60 anos, na Itália, onde a Teoria da empresa foi criada em 1942, ainda permanecerá no Brasil a bipartição do direito privado (em direito civil e comercial). Diversos dispositivos do CC/2002 (por exemplo, o art. 998, que determina seja o ato constitutivo da sociedade simples inscrito no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, enquanto o das sociedades empresárias são arquivados na Junta Comercial) apontam para a sobrevivência de dois regimes jurídicos à unificação legislativa do direito privado. Na verdade, a teoria da empresa apenas altera os contornos delimitadores do âmbito correspondente ao direito civil e ao comercial”.
		Impõe-se com tal regramento, quando de sua entrada em vigor, a revogação da primeira parte do Código Comercial Brasileiro (Lei n.º 556/1850) com a introdução do Direito da Empresa no ordenamento civil em questão.
		Nos seus exatos termos os arts. 966e 981 do Código Civil Brasileiro dizem, respectivamente, que: 
“Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”.
“Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.”
	Consoante terminologia imposta pela teoria da empresa, as sociedades serão sempre de natureza empresarial enquanto que as associações serão sempre de natureza civil cada qual governada por distintos princípios.
		Firme-se porconsegüinte que o novo Código Civil regula toda a matéria relativa às sociedades, sendo certo que as sociedades por ações permanecem regulamentadas pela Lei 6404/76 com as alterações introduzidas pela Lei nº 9457/97 e a E.C. n.º 19/98, é o que estatui o Capítulo V do Título II , aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código Civil nos casos omissos. É o que se depreende dos arts. 1088 e 1089 do C.C./2002.
		O “Direito de Empresa” é disciplinado pelos arts. 966 a 1195 do estatuto civil, constante do Livro II e está dividido da seguinte forma:
Título I – Do Empresário
Título II – Da Sociedade
Sub. Título I – Da Sociedade não personificada
Sub. Título II – Da Sociedade personificada
Título III – Do Estabelecimento
Título IV – Dos Institutos Complementares
		Pelo que se percebe das disposições do estatuto civil as sociedades estão divididas em duas categorias: As sociedade NÃO PERSONIFICADAS e as sociedades PERSONIFICADAS.
		Tavares Borba ao comentar em sua obra “Direito Societário”, a respeito das disposições supra mencionadas afirma que as sociedades NÃO PERSONIFICADAS seriam as sociedades irregulares, chamadas no novo estatuto civil de “SOCIEDADES COMUNS” e as em conta de participação que seriam um mero contrato. PERSONIFICADAS então seriam as demais sociedades por exemplo as LTDA e as S/A .
		A antiga dicotomia entre sociedade civil e sociedade comercial foi substituída pelas expressões sociedade simples e sociedade empresária. A sociedade simples engloba a pequena empresa e a empresa rural. Segundo Tavares Borba a “pequena empresa” deverá ser definida em decreto, com base na natureza artezanal, capital aplicado, renda anual e exigüidade do empreendimento. A empresa rural, que em princípio constitui uma sociedade simples, pode se tornar uma sociedade empresária, caso requeira inscrição no Registro de Empresa é o que estatui o art. 984 do C. Civil/2002.
Quadro sinótico:
								Sociedade em comum	
									(soc. irregular)
				NÃO PERSONIFICADA	
								Sociedade em conta de participação	
									(mero contrato)
SOCIEDADES 
				PERSONIFICADAS		SOC. SIMPLES e EMPRESÁRIAS
A DICOTOMIA ENTRE SOCIEDADE CIVIL E COMERCIAL QUE ANTES DISTINGUIA-SE PELO OBJETO PASSOU A SE CARACTERIZAR DA SEGUINTE FORMA:
						SIMPLES PURA
						SIMPLES IMPURA (art. 1150 in fine)
SIMPLES			COOPERATIVAS (Lei n.º 5764/71)
		(Arts.997 e segts)		
	
						SOCEDADE EM NOME COLETIVO
		EMPRESÁRIAS		SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES
		(arts. 1039 e segts)		SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES
						SOCIEDADE LIMITADA
SOCIEDADE ANÔNIMA
1 – SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS (sociedades em comum e sociedades em conta de participação):
a- SOCIEDADES EM COMUM:
São aquelas que não possuem atos constitutivos inscritos no órgão competente (RCPJ ou Junta Comercial)
Encontram-se disciplinadas nos arts. 986 a 990 do Código Civil.
Para os sócios fazerem prova de sua existência, só através de contrato escrito, mas os terceiros podem fazer prova dessa situação por qualquer meio em direito admitido (art.987 C. Civil)
O art. 989 do C. Civil que consagra entendimento de que os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios SALVO PACTO EXPRESSO LIMITATIVO DE PODERES que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer.
Tal dispositivo nos informa que terceiro que contratar com a sociedade não a poderá responsabilizar pelos atos de seus sócios, caso tenha conhecimento de cláusula expressa limitativa desses poderes, estando resguardado pela teoria da aparência, segundo a qual terceiro não é obrigado a conhecer todas as informações, quando não cumpridas as formalidades legais. (art.1154 parágrafo único do mesmo C. Civil).
O art. 990 dá margem a inúmeras discussões sendo por nós considerada a melhor interpretação a nosso ver a conferida por Cláudio Calo e Mônica Gusmão, na qual haverá responsabilidade ilimitada e solidária com a sociedade, o sócio que contratou em nome dela. Os demais sócios responderão subsidiariamente, ou seja, podem invocar o benefício de ordem previsto no art. 1024 do Código Civil que determina que os bens dos sócios só podem ser atingidos se os bens da sociedade não forem suficientes para lhe cobrirem as dívidas.
Observe-se que a lei conferiu autonomia patrimonial à sociedade em comum, não personificada, o que causa um certo espanto a mais nobre doutrina, que sempre sustentou que o patrimônio das sociedades não personificadas confunde-se com o patrimônio dos sócios não sendo concebível tecnicamente falar-se em benefício de ordem.
b) SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO:
Pode não ter seus atos constitutivos arquivados no órgão competente, em virtude de dispensa legal (art. 992 do Código Civil)
Frise-se que tal sociedade é não personificada mas não considerada um sociedade em comum (art 996 do Código Civil).
 A existência desse tipo societário pode ser comprovada por todos os meios admitidos em direito. (art. 992 do C. Civil)
Possui dois tipos de sócios: o ostensivo e o participante.
O sócio ostensivo assume responsabilidade pessoal e ilimitada perante terceiros (art. 991 do C. Civil).
A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação, responsabilizando-se o sócio ostensivo em seu próprio nome.
O sócio participante, anteriormente denominado de oculto pelo Código Comercial, contraditoriamente, não participa da sociedade, aliás a lei proíbe sua participação nas relações do sócio ostensivo com terceiros. O que temos é um sócio participante que na verdade não pode participar da sociedade sob pena de assumir responsabilidade solidária com o ostensivo.(art. 993 parágrafo único do C. Civil).
Falindo o sócio ostensivo haverá a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, sendo o crédito do sócio participante, se houver, considerado como quirografário (art. 994, parágrafo segundo do Código Civil e art. 102 IV do Dec. 7661/45).
Se falido for o sócio participante o contrato social ficará sujeito ás normas que regulam os contratos bilaterais na falência. (art. 994 parágrafo terceiro do Código Civil e art. 43 da Lei de Falências).
De todo o exposto podemos afirmar que as sociedades em comum se diferem das sociedades em conta de participação porque nestas a dispensa do registro se dá por força da lei e nas sociedades em comum o não registro ocorre por conta e risco dos sócios. Conseqüencia disso é que a existência das sociedades em conta de participação pode ser provada por todos os meios de provas em direito admitidos, enquanto que para que os sócios de uma sociedade em comum prove sua existência somente por documento escrito.
2 – SOCIEDADES PERSONIFICADAS - Generalidades: 
As sociedades personificadas encontram-se disciplinadas nos arts. 997 a 1141 do C. Civil.
As sociedades personificadas dividem-se entre as SIMPLES e as EMPRESÁRIAS.
Firme-se que as sociedades simples assumem a forma típica definida nos arts. 997 e seguintes do novo C. Civil e as Empresárias encontram disciplina a partir do art. 1039 e seguintes do mesmo diploma legal.
	
Obs. Sobre essa expressão “elemento de empresa”, o código não oferece indicação para entendimento da mesma, ficando ao encargo da doutrina e da jurisprudênciaos contornos jurídicos para o instituto.
	Sociedades empresárias hoje são as sociedades: em nome coletivo, em comandita simples, em comandita por ações, limitada e anônima.
	A principal diferença entre a sociedade simples e a empresária é que, embora ambas exerçam atividade econômica, ou seja, objetivem o lucro, a sociedade empresária organiza esta atividade de modo a exercer uma empresa. Se inexistente a empresa ( atividade economicamente organizada que reúne capital e trabalho para a produção ou circulação de bens, produtos ou serviços com intuito de lucro, inexistente a sociedade empresária, e presente a figura do profissional liberal ou sociedade simples.
As sociedades simples são aquelas que exploram atividades econômicas específicas, como a prestação de serviços e as sociedades empresárias desenvolvem atividades econômicas de produção ou circulação de bens ou serviços. Firme-se que as atividades econômicas em geral são aquelas que o direito positivo reserva de forma expressa às sociedades simples, as demais são atividades empresariais, próprias das sociedades empresárias.
O princípio de que a S/A é sempre comercial, independentemente do objeto, por força do § 1º do art. 2º da Lei 6404/76, é mantido sendo adaptado apenas, fazendo-se a leitura de que a S/A será sempre uma sociedade empresária qualquer que seja seu objeto.
As cooperativas que por força da Lei n.º 5764/71, art. 4º, sempre tiveram a natureza civil, qualquer que fosse o objeto, hoje serão sempre uma sociedade simples ao invés de sociedade civil. (ver arts. 1093 a 1096 do novo C.C.).
Antes do advento do novo C. Civil brasileiro havia previsão legal para a existência de seis espécies de sociedades comerciais em nosso país, a saber: sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade de capital e indústria, sociedade por cotas de responsabilidade limitada, sociedade em comandita por ações e sociedade anônima.
O Código Civil manteve as várias espécies de sociedade do C. Comercial/1850, salvo a sociedade de capital e indústria que na verdade já não mais existia na prática mercantil, extinguindo-se portanto legalmente tal tipo de sociedade com a nova roupagem societária em tela. Ressalte-se, entretanto, que de acordo com o art. 1006 do novo ordenamento civil, as sociedades simples, em sua forma própria, admite o sócio de indústria sendo aquele cuja contribuição consista em serviços e não em capital.
Mister destacar, entretanto, que dentre os tipos societários acima mencionados, importam ao presente estudo somente a sociedade por cotas de responsabilidade limitada e a sociedade anônima, uma vez que os demais tipos, praticamente estão em desuso, e tal fato se justifica pela natureza da responsabilidade que os sócios titularizam, que é ilimitada, de todos os sócios ou de, pelo menos, alguns deles, perdendo portanto o interesse na constituição por parte dos que desejam formar, na qualidade de sócios, estes tipos societários.
Diante do acima exposto cabe frisar que o estudo das sociedades em nome coletivo, sociedade em comandita simples e a sociedade de capital e indústria representa hoje mais uma preocupação histórica do que de interesse prático.
De outro lado, cresce a importância da sociedade anônima, que se destina preferencialmente à grande empresa, bem como da sociedade por cotas de responsabilidade que atende basicamente aos médios e pequenos empreendimentos.
A sociedade anônima está suficientemente disciplinada pela Lei 6404/76, modificada pela Lei 9.457/97 e E. C. n.º 19/98, não ocasionando grandes discussões e controvérsias doutrinárias, o que não acontece com a sociedade por cotas de responsabilidade limitada, a qual possui diploma legal bastante precário (Dec. 3708/1919), sendo necessário, para seu completo estudo a realização de um minucioso estudo doutrinário e jurisprudencial, sendo certo que o novo estatuto civil trouxe disciplinamento em matéria de LTDA nos arts. 1052 a 1086, regulamentando uma série de matérias que antes ficavam ao alvedrio das decisões dos tribunais.
O estudo em tela se inicia, dentro do contexto atual, pelo conceito de sociedade e a posteriori traçando considerações gerais de suma importância, a respeito de duas teorias relevantíssimas no tema, a da desconsideração da pessoa jurídica e a do ato ultra vires e a seguir com o estudo das sociedades por cotas de responsabilidade limitada.
2) Conceito de Sociedade:
“É um contrato pelo qual duas ou mais pessoas convêm voluntariamente em pôr alguma coisa em comum para melhor negócio lícito e maior ganho com responsabilidade nas perdas”. (Ferreira Borges)
“Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.” (Caput do art. 981 do CCivil/2002).
Obs. - Sociedade unipessoal – Arts. 251 (subsidiária integral) e 206 I “d” da Lei 6404/76 c/c 1033 IV do novo C.C.
3) Generalidades:
A sociedade é um contrato, a forma jurídica que os sócios assumem para exercer a empresa.
A sociedade recebeu da lei o atributo da personalidade jurídica, tanto a civil quanto a comercial, as quais, com a entrada em vigor do CCivil/2002, passarão a ser sociedades simples e empresárias.
Obs.
 Ver início e fim da pessoa jurídica no novo C. Civil arts.: 985, 45, 51 1033,1034 e 1035, 985 e 1150, ver também, parágrafo 2º do art. 12 do C.P.C.
 Ver, também, Lei 8.934/94 a qual dispõe sobre o Registro Público de empresas mercantis e atividades afins e Decreto n.º 1800/96 que regulamenta a Lei 8.934/94.
Temos como principais efeitos da aquisição da personalidade jurídica os seguintes:
A sociedade é considerada pessoa jurídica, capaz de exercer direitos e contrair obrigações, podendo estar em juízo per se.
A pessoa dos sócios não se confunde com a da sociedade, por conseguinte, comerciante (na linguagem atual – empresário) é a sociedade, os sócios não adquirem esta qualidade.
A sociedade possui patrimônio próprio, respondendo ilimitadamente perante seus credores com sua totalidade patrimonial.
*A sociedade pode modificar a sua estrutura jurídica e/ou econômica sem que isso interfira na pessoa dos seus membros.
	Para Fábio Ulhoa Coelho a personalização da sociedade não está ligada sempre à limitação da responsabilidade dos seus integrantes uma vez que os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais como é o caso das sociedades empresárias em nome coletivo, assim como há uma hipótese de ente despersonalizado em que os participantes podem responder dentro de um limite o qual consiste no sócio participante da conta de participação, se assim previsto no contrato.
	Firme-se que para a doutrina majoritária a personificação societária é parâmetro suficiente para firmar a regra de responsabilidade limitada e subsidiária dos sócios sendo exceções as hipóteses das sociedades empresárias em nome coletivo e da responsabilidade do sócio participante da conta de participação, não podendo tais hipóteses excepcionais romperem a regra mas sim robustecê-la.
Importantíssimo:
Ocorre que a personalidade jurídica sofre restrições nos efeitos apontados acima, quando confrontada com a fraude a credores ou a execução, o abuso de direito e outras situações que veremos a seguir.
Não pode o sócio de uma sociedade se escudar atrás da pessoa jurídica para praticar ilícitos.
Tendo em vista, a ocorrência na prática, de fraudes promovidas através da personalização, principalmente nas S/A, elaborou-se, primeiramente, por construção jurisprudencial, a doutrina da penetração, também denominada doutrina do superamento da personalidade jurídica, da desconsideração da pessoa jurídica, levantamento do véu corporativo, desestimação da pessoa jurídica, despersonalização da pessoa jurídica, disregard doctrine , disregard of legal entity , piercing of the veil corporation, dentre outros. 
Esta teoria esboçada,inicialmente, na doutrina norte-americana, conhecida como DISREGARD OF LEGAL ENTITY, é hoje, amplamente, aplicada em nossos Tribunais para coibir abusos, verificados nas hipóteses de fraude ou abuso de direito, e, em prestígio àqueles que de boa fé contrataram com a sociedade.
Através desta construção doutrinária, descortina-se o véu da pessoa jurídica, e torna possível o alcance do patrimônio particular dos sócios, para honrar obrigações da pessoa jurídica, se o patrimônio desta não for suficiente, na hipótese dos sócios terem se utilizado da pessoa jurídica para fraudar, ou com abuso de direito.
Este assunto merece especial análise por sua influência em nosso Direito Societário.
Cabe ressaltar que esta doutrina não visa considerar ou declarar nula a personificação, mas sim torná-la ineficaz para determinados atos. Possui acentuada aplicação no terreno do Direito Tributário, para coarctar a sonegação e a evasão de impostos, quando se usa a personalidade da sociedade comercial como anteparo.
Aponte-se o avanço neste tema com o advento do Código de Defesa do Consumidor (Lei n.º 8078/90) que adotou expressamente esta doutrina no corpo de suas disciplinas, especificamente, no art. 28 e § 5º.
Tal teoria encontra-se hoje incorporada em outros dois diplomas legais, além do CDC, a saber: Lei n.º 8884/94 (Meio Ambiente) – art. 4º e Lei n.º 9605/98 (Antitruste) - art. 18. 
Atenção: Tal teoria foi incorporada também no art. 50 do novo C. Civil/2002.
Podemos afirma à vista desta matéria, que a personalidade jurídica não constitui um direito absoluto, por estar sujeita e contida pelas teorias da fraude contra credores, da fraude à execução e do abuso de direito.
A doutrina esposada objetiva que o juiz desconsidere, episodicamente, a personalidade jurídica, para coibir a fraude ou o abuso do sócio que dela se valeu como escudo, sem que tal medida importe na dissolução da entidade.
e)Atenção:
Não confundir o tema comentado no tópico anterior com a TEORIA DO ATO ULTRA VIRES, que trata de uma das exceções a regra de que a responsabilidade dos sócios, é limitada, nas Sociedades por Cotas de Responsabilidade Limitada, ao valor do capital social, desde que integralizado, e, nas S/A, é limitada à integralização das ações.
A exceção supramencionada se verifica na hipótese do sócio gerente que abusa (ato ultra vires), agindo fora do objeto social, ou, usa indevidamente os poderes que lhe foram conferidos pelo estatuto (fins pessoais).
A doutrina aqui referida é controvertida, principalmente no que tange as conseqüências do ato ultra vires, dividindo-se em duas correntes, assim delineadas:
A primeira corrente, sustenta que o ato ultra vires é ineficaz perante a sociedade, que nenhuma responsabilidade terá, assumido as conseqüências deste ato, o sócio-gerente. Para esta corrente é presumido o fato de que terceiro conheça o objeto social, em virtude do registro na Junta Comercial ser público. Assim se aceitou o risco, não deve a sociedade ser responsabilizada.
A Segunda corrente, hoje, majoritária, afirma que a sociedade sempre responde, ficando facultado o direito de regresso, em face do administrador faltoso.
O entendimento do STF é de que as limitações contratuais aos poderes do sócio-gerente não são oponíveis a terceiro de boa fé, e, por isso, obrigam a sociedade.
	
	O novo estatuto civil parece ter adotado a teoria em tela no art. 1015, § único, inciso III, excluindo qualquer responsabilidade da sociedade em caso de ato ultra vires praticado pelo sócio gerente, sendo este ato nos termos da lei “estranho aos negócios da sociedade”. Observe-se que a lei não considerou nulo tal ato mas apenas inimputável a sociedade. Frise-se que tal regra impõe-se às limitadas salvo se estas adotarem a forma constante do art. 1053 § único do C.C./2002.
	Nos parece, também, que no art. 50 do novo CCivil in fine houve a adoção da teoria em tela, quando permite a desconsideração da pessoa jurídica e o comprometimento patrimonial particular dos administradores em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, imputando assim responsabilidade pessoal dos administradores.
f) As pessoas jurídicas são classificadas inicialmente em dois grandes grupos: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado, é o que se depreende da leitura do art. 13 do CC/16 e do art. 40 do CC/2002. Pergunta-se: Qual o critério distintivo para identificação de cada uma delas?
	Não se pode afirmar que tal distinção reside na origem dos recursos empregados em sua constituição porque existem por exemplo pessoas jurídicas de direito privado, constituídas exclusivamente com recursos públicos, como é o caso das Empresas Públicas e há pessoas jurídicas de direito público constituídas apenas por recursos particulares, por exemplo a OAB e os Conselhos Profissionais.
	Podemos firmar, no entanto, que o traço distintivo se verifica no regime jurídico a que se submetem, assim as pessoas jurídicas de direito público, como a União, Estados, Autarquias, Concessionárias de serviços públicos e etc. são disciplinadas pelo Direito Público. Enquanto que as pessoas jurídicas de direito privado são disciplinadas pelo Direito Privado.
	Verifica-se como conseqüência de tal distinção que as pessoas jurídicas de direito Público gozam de prerrogativas não titularizadas pelas empresas de Direito Privado por força dos princípios da supremacia e da indisponibilidade do interesse público. Por exemplo, diante da exceção do contrato não cumprido, as pessoas jurídicas de direito privado inadimplentes frente a um contrato bilateral podem ser confrontadas, incontinente, pelo outro contratante com base nos arts. art. 1092 do CC/16 e art. 476 do CC/2002. Perante as pessoas jurídicas de direito público a mora ensejadora de tal argüição deve ser superior a 90 dias sendo certo que durante tal prazo o contratado não poderá interromper o cumprimento de suas obrigações por força do art. 78 inc. XV da Lei 8666/93.
	Não podemos contudo afirmar que a origem dos recursos empregados para a constituição societária é irrelevante como critério distintivo, sendo certo que tal critério servirá para distinguir as pessoas jurídicas de direito privado estatais e particulares. Nas Estatais há, necessariamente, contribuição de capital oriundo do Poder Público, sejam elas Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas criadas para exploração de atividades econômicas e Fundações governamentais. Sendo as Particulares constituídas apenas com recursos particulares.
	Firme-se que ao Direito Comercial interessa a última categoria acima mencionada, a das pessoas jurídicas de direito privado – particulares, porque nela se enquadra a Sociedade Simples e a Sociedade Empresária 
4) Classificação das Sociedades Empresárias:
Temos cinco tipos de sociedades empresárias:
a) Em Nome Coletivo
b) Em Comandita Simples
c) Em Comandita por Ações
d) Anônima
e) Limitada
OBS. 1) O novo CC/2002 aboliu a Sociedade de Capital e Indústria como um tipo de sociedade empresária.
OBS. 2) Apesar de serem cinco os tipos previstos em lei, conforme acima elencados, de sociedades empresárias, somente as Sociedades Anônimas e as Limitadas possuem importância e relevância econômica e prática.
OBS. 3) Não se considera a sociedade em conta de participação como sociedade empresária uma vez que a mesma consiste em uma conjugação de esforços, despersonalizada, sendo na verdade um mero contrato de investimento comum impropriamente disciplinado no capítulo pertinente ao Direito Societário.
		As sociedades empresárias se classificam segundo dois critérios distintivos. 
O primeiro deles é o que leva em conta o grau de dependência da sociedade em relação às qualidades subjetivas dos sócios, critério este que repercute na alienação da participação societária, na penhorabilidade, na hipótese de ingresso de herdeiro dianteda morte de sócio, dação em pagamento etc.
Segundo o critério acima as sociedades podem ser de pessoas ou de capitais.
		Como conseqüência desse critério distintivo nas sociedades de pessoas onde prepondera o fator subjetivo, a cessão da participação societária, por exemplo, depende da anuência de todos os demais sócios. Em se tratando de uma sociedade de capitais o sócio pode livremente alienar sua participação societária sem a anuência dos demais e por conseguinte possível a livre cessão, a dação em pagamento, a penhora, o ingresso de herdeiro em caso de morte de sócio e etc.
		Podem portanto, diante de tal critério distintivo, ser classificadas as sociedades em nome coletivo, as comanditas simples e as limitadas como sociedades de pessoas ou de capitais de acordo com as regras contratuais e as sociedades anônimas e as sociedades em comandita por ações consideradas sempre como sociedades de capital.
		Diante de um outro critério distintivo as sociedades empresárias podem ser contratuais ou institucionais, segundo ao regime de constituição e dissolução do vínculo societário.
		São contratuais as sociedades em nome coletivo, em comandita simples e limitada. Institucionais consideram-se as sociedades anônimas e as sociedades em comandita por ações.
		As sociedades denominadas de contratuais são àquelas constituídas e regulamentadas por um contrato celebrado entre os sócios enquanto que as sociedades institucionais, apesar de se constituírem por um ato de manifestação de vontade não é este revestido pela natureza contratual.
		A diferença diz respeito à aplicação ou não do regime do direito contratual às relações entre os sócios. Por exemplo o herdeiro de cotas de um limitada, dependendo da estipulação contratual poderá ou não tomar parte nela e ainda em recebendo por herança quotas de uma determinada sociedade limitada o herdeiro poderá deixar de nela ingressar, se assim o desejar, procedendo-se a dissolução parcial da mesma e a conseqüente apuração de haveres. Em se tratando de uma sociedade institucional, as hipóteses acima seriam enfrentadas de forma diferente, por exemplo o herdeiro da ação, necessariamente passa a integrar o quadro de acionistas podendo, se desejar, posteriormente negociar livremente suas ações.
5) Da Responsabilidade dos Sócios:
	Tanto na sociedades simples quanto nas empresárias a responsabilidade dos sócios é subsidiária em razão da personalização societária, como disciplinam os art. 596 do CPC e 1024 do CC/2002.
	Entre os sócios haverá solidariedade assegurado, entretanto o direito de regresso pela quota-parte da obrigação.
	Ressalte-se que a solidariedade quando existe é entre os sócios e não entre sócios e sociedade. Exemplo de solidariedade entre os sócios é o que ocorre nas limitadas quanto à integralização do capital social.
	Impõem-se no tema registrar a título de regra excepcional, no que tange a subsidiariedade, a responsabilidade do sócio em sociedade irregular (aquela não registrada) onde a lei prevê responsabilidade direta , não subsidiária (art. 990 do C.C/2002) Trata-se de sociedade em comum, pela terminologia do novo CC – Sociedade não personificada.
	A classificação societária também pode se dar pelo tipo de responsabilidade se, LIMITADA ou ILIMITADA e aqui temos três categorias distintas, a saber:
a) Sociedade de responsabilidade ILIMITADA: onde todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. Ex. Sociedade em nome coletivo.
b) Sociedade de responsabilidade MISTA: Onde apenas parte dos sócios respondem de forma ilimitada. Ex. Sociedade em comandita simples ou por ações.
c) Sociedade de responsabilidade LIMITADA: Em que todos os sócios respondem de forma limitada pelas obrigações sociais. Ex. Sociedade por cotas de responsabilidade limitada e sociedade anônima.
�Coelho, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, vol.1, 6ª ed. rev. E atual. De acordo com o novo código civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002). São Paulo: Saraiva, 2002.
� Coelho , Fábio Ulhoa. op cit. p. 63.
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