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FISIOLOGIA SISTEMA DIGESTORIO

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SISTEMA DIGESTÓRIO
Profa. Dra. Cristiane Queixa Tilelli
Aula para a disciplina de BBPE I
1º período de Enfermagem
2º semestre de 2010
SECREÇÃO
• O trato GI secreta em torno de 7 litros de 
líquidos diariamente, em adição aos ~2 litros 
ingeridos
• Íons são secretados e reabsorvidos no tubo GI e 
a água acompanha por osmose
• Principais íons: Na+, K+, Cl-, HCO3- e H+
• Epitélio especializado, com células 
apresentando membranas apical e basolateral
diferenciadas
– Geralmente, quando necessário, transporte ativo de 
um lado da célula e consequentemente passivo do 
outro lado
SECREÇÃO ÁCIDA
• No estômago, HCl é secretado 
pelas células parietais
• H+ é bombeado contra seu 
gradiente de concentração
• H+-K+-ATPase troca H+
intracelular por K+ luminal
• OH- que sobra da água é utilizado 
pela anidrase carbônica 
juntamente com CO2 para produção de bicarbonato, que é
trocado por Cl- intersticial
• O Cl- acompanha o H+ para o 
lúmen através de canal de 
vazamento apical
• Maré alcalina sanguínea 
acompanha liberação de HCl pelo 
estômago
SECREÇÃO DE BICARBONATO
• O duodeno recebe solução rica em 
bicarbonato de sódio produzida pelo 
pâncreas
• Ácinos: parte exócrina do pâncreas
– Células acinares produzem, armazenam e 
secretam enzimas
– Células ductais secretam NaHCO3
• Bicarbonato produzido por anidrase
carbônica a partir de CO2 e água
• Bicarbonato secretado através de trocador 
apical de Cl- e HCO3-
• Na região basolateral há o cotransportador
NKCC (sódio, potássio, 2 cloretos), que leva 
os 4 íons para dentro
• Na membrana apical, o cloreto vai para o 
lúmen por um canal de vazamento chamado 
de CFTR (e daí é utilizado em troca de 
bicarbonato)
• Um trocador de Na+-H+ basolateral envia o 
hidrogênio que resultou da fabricação de 
bicarbonato para o interstício
• Canal de potássio basolateral permite o 
vazamento do íon para o interstício
• A bomba de sódio-potássio também 
basolateral troca sódio por potássio, 
garantindo a manutenção das 
concentrações apropriadas dos íons
• O envio de íons negativos para o lumen
intestinal atrai o sódio via paracelular, que 
leva consigo água
SECREÇÃO DE NaCl
• Células do intestino delgado e 
colo secretam solução isotônica 
de NaCl
• NKCC basolateral joga Cl- do 
interstício para dentro da célula, 
que difunde-se para o lumen na 
membrana apical pelo canal 
CFTR
• Potássio escapa pela membrana 
basolateral por canal de 
vazamento
• Bomba de sódio-potássio trabalha 
na membrana basolateral
• Cloreto intraluminal provoca 
gradiente que atrai sódio via 
paracelular, que leva consigo 
água
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SECREÇÃO DE ENZIMAS 
DIGESTÓRIAS
• Enzimas digestórias são 
produzidas e secretadas por 
glândulas exócrinas (glândulas 
salivares e pâncreas) e por 
células epiteliais do trato GI 
(mucosa do estômago e intestino 
delgado)
• Proteínas: fabricadas no retículo 
endoplasmático rugoso e 
empacotadas em vesículas no 
aparelho de Golgi; secretadas por 
exocitose (ou incorporadas à
borda em escova no duodeno e 
jejuno)
• Enzimas fabricadas como pró-
enzimas ou zimogênios, para 
serem posteriormente ativadas, 
no lúmen GI
SECREÇÃO DE MUCO
• O muco é produzido por células mucosas 
nas glândulas salivares e no estômago e 
células caliciformes no intestino
• Composto de glicoproteínas (mucinas)
SALIVA E BILE
• SALIVA
– Líquido hiposmótico complexo
– Água, íons (rico em K+, pobre em Na+), muco e proteínas 
(enzimas e imunoglobulinas)
– pH 6 a 7
– Inervação
• Parassimpática: aumenta secreção
• Simpática: aumenta secreção, contudo secreção mais concentrada
• BILE
– Secretada pelos hepatócitos
– Sais biliares, pigmentos (bilirrubina), colesterol, outros 
componentes depurados do sangue
– Armazenada e concentrada na vesícula biliar
– Vesícula se contrai para liberar bile para o duodeno junto ao 
suco pancreático, via ducto colédoco
REGULAÇÃO DA FUNÇÃO GI
• A regulação da função GI é complexa e inclui 
diversos componentes:
– Reflexos longos integrados do SNC (via SNA)
• Reflexos cefálicos (antecipatórios)
• Deglutição, defecação
• Influência emocional
– Reflexos curtos integrados do SNE
• Motilidade e secreção
– Reflexos envolvendo peptídeos GI 
• Hormônios e moléculas parácrinas
• Motilidade, secreção (GI e endócrina) e SNC (fome e 
saciedade, p.e.)
O SISTEMA NERVOSO 
ENTÉRICO
• Apesar de geralmente trabalhar com 
coordenação com o SNA, pode trabalhar de 
maneira independente
• Possui
– Neurônios intrínsecos (plexos GI)
– Neurotransmissores e neuromoduladores (p.e.
Serotonina, VIP e NO)
– Glia (sustentação e manutenção do ambiente 
intersticial)
– Sistema capilar que forma uma barreira
– Integração 
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REFLEXOS INTESTINAIS
• Reflexo gastroileal
– Aumento atividade gástrica provoca aumento da 
atividade ileal, aumentando a passagem do quimo 
para o ceco
• Reflexo ileogástrico
– Distensão ileal provoca redução da motilidade
gástrica
• Reflexos intestino-intestinais
– Distensão intestinal provoca relaxamento do restante 
do intestino
PEPTÍDEOS GI
• Ao contrário do que ocorre nas glândulas endócrinas, as 
células produtoras de hormônios GI estão espalhadas 
no epitélio, entremeadas a outras células de funções 
diferentes
– Gastrina (estômago): estimula HCl, estimula pepsinogênio, 
manutenção da mucosa gástrica
– Secretina (intest delgado): estimula secreção água e 
bicarbonato no suco pancreático e potencializa CCK no 
pâncreas
– Colecistocinina ou CCK (intest delgado): estimula contração da 
vesícula biliar, estimula secreção de enzimas no suco 
pancreático, inibe motilidade e secreção gástricas, manutenção 
do pâncreas exócrino
– Peptídio inibidor gástrico ou PIG (intest delgado): inibe 
motilidade e secreção gástricas, estimula secreção de insulina
– Peptídio I semelhante ao glucagon ou GLP-I e guanilina (íleo e 
intest grosso): inibem motilidade e secreção gástricas, 
estimulam secreção de insulina e estimulam eliminação de água 
nas fezes (através da secreção de cloreto) 
DIGESTÃO E ABSORÇÃO
• Digestão e absorção não são reguladas 
diretamente, mas sofrem influência da 
motilidade e secreção
• Biomoléculas
– Carbohidratos (ácidos nucléicos)
– Proteínas
– Gorduras 
• Vitaminas e minerais
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DIGESTÃO DE CARBOHIDRATOS
• Amido, sacarose, glicogênio e celulose (não 
digerível)
• São absorvidos como monossacarídeos: 
glicose, frutose e galactose
• Enzimas
– Amilase quebra polímeros de glicose em cadeias 
menores e maltose (dissacarídeo)
– Dissacaridases quebram dissacarídeos em 
monossacarídeos
• Localizam-se na borda em escova
• Maltase, sacarase e lactase
ABSORÇÃO DE 
CARBOHIDRATOS
• Glicose e galactose
– Simportador apical de 
glicose-Na+ (SGLT)
– Transportador 
basolateral GLUT2
• Frutose
– GLUT5 apical
– GLUT2 basolateral
DIGESTÃO DE PROTEÍNAS
• HCl desnatura proteínas, 
tornando-as susceptíveis 
à ação enzimática
• Enzimas
– Endopeptidases (quebram 
cadeia no seu interior)
• Estômago: pepsina
• Pâncreas: tripsina, 
quimiotripsina
– Exopeptidases (quebram 
cadeia pelas extremidades)
• Pâncreas: 
carboxipeptidases e 
aminopeptidases
ABSORÇÃO DE PROTEÍNAS
• Aminoácidos, dipeptídeos e 
tripeptídeos, além de alguns 
oligopeptídeos
• Aminoácidos
– Cotransportadores apicais 
dependentes de sódio
– Contratransportadores basolaterais de 
sódio e aminoácidos
• Di- e tripeptídeos
– Cotransportadores apicais 
dependentes de hidrogênio, e em 
seguida peptidases citoplasmáticas 
agem produzindo aminoácidos
– Contratransportadores basolaterais de 
hidrogênio e di- ou tripeptídeos
• Oligopeptídeos
– Transcitose (antígenos em recém-
nascidos e alergias)
DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE 
GORDURAS
• Triacilgliceróis, colesterol, fosfolipídeos, ácidos graxos
• Grandes gotas de gordura, misturadas aos sais biliares, emulsificam
em gotas menores
• Digestão pelas lipases e fosfolipases, que necessitam do acesso às 
gorduras pelas colipases, que “abrem caminho” através dos sais 
biliares
• Triacilglicerol é quebrado em monoacilglicerol e 2 ácidos graxos
• Com progressão da digestão, pequenas micelas se formam (ácidosgraxos, sais biliares, monoacilgliceróis, fosfolipídeos e colesterol)
• Há difusão através da membrana (ácidos graxos, monoacilgliceróis)
– Transporte (pouco conhecido) de colesterol
• Dentro da célula, ácidos graxos e monoacilgliceróis recombinam-se 
no retículo endoplasmático e são reunidos com o colesterol e 
proteínas, formando gotas (quilomícrons)
• Quilomícrons são empacotados em vesículas e exocitados
• Quilomícrons são absorvidos pelo sistema linfático
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ABSORÇÃO DE VITAMINAS E 
MINERAIS
• Vitaminas solúveis em lipídeos são absorvidas junto 
com gorduras no intestino delgado (A, D, E e K)
• Vitamina B12 necessita do fator intrínseco produzido 
pelo estômago para ser absorvida, no íleo
• Ferro
– Cotransporte apical com H+ e transportador basolateral
ferroportina (que é destruída quando ligada à hepcidina, 
secretada pelo fígado quando o organismo tem muito ferro 
disponível)
• Cálcio
– Movimento passivo paracelular
– Transporte transepitelial regulável hormonalmente, no duodeno, 
através de canais de Cálcio apicais e Ca2+-ATPase ou 
antiportador sódio-cálcio basolaterais
ABSORÇÃO DE SÓDIO E 
CLORETO
• Sódio
– Canais de sódio apicais
– Simportador sódio-cloreto apical
– Trocador sódio-hidrogênio apical
– Cotransportadores apicais 
dependentes de sódio (glicose, 
galactose, aminoácidos)
– ATPase sódio-potássio 
basolateral
• Cloreto
– Simportador sódio-cloreto apical
– Trocador cloreto-bicarbonato 
apical
– Canal de vazamento de cloreto 
basolateral
REGULAÇÃO DO SISTEMA 
DIGESTÓRIO
• Fase cefálica
– Pensar sobre alimento, visualisá-lo, cheirá-lo
– Ativação dos núcleos vagais que, através do nervo vago, provocam:
• Salivação 
• Secreção de pepsinogênio pelas células principais
• Secreção de HCl pelas células parietais
• Secreção de gastrina pelas células G
– Também estimula histamina por enterocromafins
• Secreção de histamina pelas células semelhantes às enterocromafins
– Também estimula HCl por parietais
• Fase gástrica
– Chegada do alimento ao estômago, provocando
• Distensão gástrica
• Natureza química do alimento
– Início da digestão protéica, produzindo fenilalanina e triptofano, estimula
• Produção de pepsinogênio pelas células principais
• Produção de gastrina pelas células G
– Secreção de pepsinogênio por G
– Secreção de histamina por semelhantes às enterocromafins
» Secreção de HCl por parietais
» Secreção de pepsinogênio por principais
• Queda de pH do suco gástrico reduz a produção de HCl e de gastrina
– Talvez influência da somatostatina, pelas células D
• Fase intestinal
– Chegada de quimo no duodeno
• Aumento da osmolalidade ativa reflexo via vago para inibição da motilidade e secreção gástricas
• Gordura no duodeno estimula secreção de enterogastrona, que também inibe estômago
• Outros inibidores da função gástrica: somatostatina, colecistocinina, peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1)
• GLP-1 e peptídeo insulinotrópico dependente de glicose (PIG) estimulam secreção de insulina em resposta à presença de 
glicose no duodeno
• Presença do quimo estimula células semelhantes às enterocromafins a secretarem serotonina e motilina, que aumentam a 
motilidade intestinal
• A guanilina é produzida pelo íleo e colo e estimula a excreção intestinal de sódio e água
REFERÊNCIA
• Fisiologia Humana, Stuart Ira Fox, 7ª
edição, Editora Manole, 2007.
– Capítulo 18.

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