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resumo direito penal

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SEMANA 1 CIÊNCIA PENAL
1.1. Conceito de Direito Penal 
1.2. Funções do Direito Penal no Estado Democrático de Direito 
1.3. Natureza do Direito Penal 
1.4 Características do Direito Penal 
1.5. Direito Penal Objetivo e Subjetivo 
1.6. Direito Penal Comum e Especial 
1.7. Dogmática penal, política criminal, criminologia, penalogia e vitimologia 
1.8. Direito Penal e outros ramos do Direito
1.1 – Conceito de Direito Penal 
 a) Formal: refere-se às normas que regulam os institutos jurídico penais, definem infrações penais e cominam sanções. (Bitencourt, 2014). 
 b) Material: abrange o conceito formal, mas também refere-se a reprovabilidade de determinadas condutas que afetam gravemente bens jurídicos importantes para o convívio social.
1.2 – Funções do Direito Penal no Estado Democrático de Direito
 a) proteção de bens jurídicos – seleciona os bens jurídicos a serem protegidos. Exemplos: vida, liberdade e patrimônio. 
 b) garantia – limites e mecanismos de atuação. Exemplo: regras sobre prisão. Art. 5º, LXII a LXVIII da CRFB. 
 Garantismo Penal no Estado Democrático de Direito: “mínima intervenção com o máximo de garantias” (FERRAJOLI).
1.3 – Natureza do Direito Penal 
 a) Constitutiva: autonomia conceitual. Cria conceitos próprios diferentes de outras áreas do Direito. 
 b) Sancionatória: “Se F é deve ser S” (Hans Kelsen). Art. 121 do CP: “Matar alguém” (se acontecer o Fato “F”) “pena: reclusão de seis a vinte anos” (deve ser aplicada a sanção “S”).
1.4 – Características do Direito Penal
 a) Normativo – tem por objeto de estudo a norma jurídica. 
 b) Público – prepondera o interesse público, razão pela qual a maioria das ações são públicas incondicionadas. 
 c) Cultural – realidade do direito é convencional, ou seja, não é calcada somente na realidade causal ou lógica. O que é crime hoje pode não ser amanhã, mas a lei da gravidade continuará a mesma, independente das convenções humanas. 
 d) Valorativo – na criação, interpretação e aplicação da norma sempre leva em conta uma escala valorativa. Exemplo: penas diferentes para crimes de gravidades diferentes. 
 e) Finalista – Tutela bens jurídicos relevantes para sociedade. Exemplo: a vida.
1.5 – Direitos Penal Objetivo e Subjetivo
 a) Direito Penal Objetivo: normas que criam delitos e estabelecem sanções. 
 b) Direito Penal Subjetivo: direito de punir do Estado.
1.6.Direito Penal Substantivo e Adjetivo
 Direito penal substantivo: abrange as normas que regulam os instituto jurídico penais, definem infrações penais e cominam sanções, bem como os princípios utilizados para aplicação e interpretação das normas penais (Bitencourt, 2014). 
 Direito Penal adjetivo: é o Direito Processual Penal, que determina a forma de aplicação do Direito Penal.
1.7 – Direito Penal Comum e Direito Penal Especial
 Direito Penal Comum: abrange todas as áreas com exceção do Direito Penal Especial. 
 Direito Penal Especial: Penal Militar e Penal Eleitoral. 
 Legislação Penal Comum: composto pelo Código Penal brasileiro - Decreto-lei 2.848/1940. 
 Legislação Penal Especial: composto pela legislação penal especial ou extravagante.
1.8 – Dogmática penal, política criminal, criminologia, penalogia e vitimologia 
 a) Dogmática Penal: tem a função de interpretar sistematizar e aplicar de forma lógico-racional o Direito Penal. 
 b) Política Criminal: tem a função de fazer a análise crítica do direito posto. 
 c) Criminologia: tem como função principal o estudo das causas do delito e, secundariamente, busca alternativas para responder ao fenômeno criminal, no sentido de preveni-lo e de controlá- lo.
 d) Penalogia – ocupa-se da análise da sanção penal como mecanismo de reação social ao delito. 
 e) Vitimologia – procura analisar a vítima em todos seus aspectos de relação com o delito.
1.9 – Direito Penal e outros ramos do Direito
 a) Direito Constitucional - Exemplo: Artigo 5º, XL, XLV, XLVI e XLVII da Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB. 
 b) Direito Administrativo - Exemplo: Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97); Direito Disciplinar . 
 c) Direito Processual Penal – Código de Processo Penal – Decreto-lei 3.689/41. Direito material e Direito processual. 
 d) Direito Privado – divide-se em Civil e comercial. Responsabilidade civil pela prática de atos ilícitos (art. 927 do Código Civil – Lei 10.406/02).
SEMANA 2 - Princípios Norteadores, Garantidores e Limitadores Do Direito Penal
2.1. Diferença entre regra e princípio 
2.2. Sistema penal constitucional pautado no respeito à dignidade da pessoa humana e consectários princípios 
2.3. Princípios constitucionais e infraconstitucionais
2.1. Diferença entre princípio e regra
 Princípios enunciam elementos gerais, que determinam as bases de dos procedimentos em determinadas áreas, como é o caso da legalidade (CRFB, art. 5º, caput e XXXIX) 
 Regras enunciam elementos mais específicos, determinando os procedimentos a serem adotados em situações mais concretas, como é o caso da previsão do delito de homicídio e respectiva pena (CP, art. 121). Geralmente trazem de forma clara as consequências de seu descumprimento. Prof. Clóvis Lopes Colpani 
2.2. Sistema penal constitucional pautado no respeito à dignidade da pessoa humana e consectários princípios 
 Dignidade da pessoa humana como base para interpretação de todos os outros direitos. 
 Direito Penal interpretado a partir da Constituição Federal e princípios.
2.3. Princípios constitucionais e infraconstitucionais
 a) Princípio da legalidade 
 Proibição de leis vagas, indeterminadas ou imprecisas. 
 Art. 5º, XXXIX da CRFB e art. 1º do CP. 
 Vedação de medida provisória em matéria penal (CRFB, art. 62, § 1º, I, b). 
 Formalidades para edição da norma também dizem respeito ao princípio da legalidade. Prof. Clóvis Lopes Colpani 
b) Princípio da intervenção mínima ou ultima ratio
 Também conhecido como ultima ratio. 
 Somente deve atuar quando os demais ramos do direito revelarem-se incapazes de dar a tutela devida a bens relevantes da vida do indivíduo e da própria sociedade. 
 Fragmentariedade: é decorrente da intervenção mínima e preconiza que o Direito Penal é um sistema descontínuo de proteção de bens jurídicos, pois seleciona aqueles que irá proteger.
c) Princípio da culpabilidade
 Não há responsabilidade objetiva ou só pelo resultado. 
 Culpabilidade no sentido de que somente pode haver responsabilidade penal se houve dolo ou culpa na conduta do agente. 
 Não se confunde com culpabilidade, elemento estrutural do delito que será abordado adiante.
d) Princípios da humanidade e da personalidade da pena
 Humanização do direito penal, tanto na criminalização primária quanto na secundária (CRFB, art. 5º, XLVII, XLVIII, XLIX e L). 
 Fundamento dignidade da pessoa humana – art. 1º da CRFB. 
 Não se pode confundir humanização com falta de rigor. 
 Personalidade da pena - CRFB, art. 5º, XLV
e) Princípio da irretroatividade da lei penal mais severa
 Fenômeno da extra-atividade da lei penal. 
 Lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu. 
 Art. 5º, XL. 
 Art. 5º, XXXIX e art. 1º CP. 
 Ultra-atividade da lei mais benéfica – art. 2º CP. 
 Lei excepcional ou temporária – art. 3º CP.
f) Princípio da adequação social
 Condutas socialmente adequadas não podem ser crimes.
 Entendimento predominante é de que a adequação social da conduta não afasta a tipicidade ou ilicitude. 
 Tem sido aplicado de forma excepcional pelo Judiciário.
 Contravenção penal do “Jogo do bicho” – conduta do apontador poderia ser socialmente adequada, mas não a do banqueiro.
g) Princípio da insignificância ou da bagatela
 A caracterização da tipicidade penal exige uma ofensa de certa gravidade a bens jurídicos protegidos.
 A mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica constituem, para o Supremo Tribunal Federal requisitos de ordem objetiva autorizadores da aplicação do princípio da insignificância.Tem sido aplicada em crimes de furto, mas não deve ser confundido com o furto de pequeno valor ou com o furto famélico. 
 Art. 26 do Projeto de Novo Código Penal define a insignificância penal.
Jurisprudência
 RECURSO CRIMINAL. CRIMES DE FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE AGENTES E CORRUPÇÃO DE MENORES (ART. 155, § 4º, IV, DO CP, E ART. 244-B DO ECA). DECISÃO QUE REJEITOU A DENÚNCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA ANTE A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 
 IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL. ACOLHIMENTO DO RECLAMO. PRINCÍPIO CITADO QUE NÃO SE APLICA AO CASO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS SUBJETIVOS. CRIME PRATICADO NA FORMA QUALIFICADA E, ADEMAIS, COM ENVOLVIMENTO DE ADOLESCENTE. DECISÃO CASSADA. PROSSEGUIMENTO DO FEITO QUE SE IMPÕE. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJSC - Recurso Criminal n. 2013.071859-2, de São Bento do Sul. Relatora: Desa. Marli Mosimann Vargas)
h) Princípio da ofensividade ou lesividade
 Para que se tipifique um crime é necessário que haja, pelo menos, um perigo concreto, real e efetivo de dano a um bem jurídico penalmente protegido.
 Há quem entenda que todos os crimes de perigo abstrato são inconstitucionais. Exemplo: Crime de porte ilegal de arma de fogo (Arts. 14 e 16 da Lei 10826/03).
i) Princípio da proporcionalidade
 É necessário sopesar fins e meios através de uma ponderação (adequação, necessidade e meios adequados). 
 Exemplos: Art. 5º, XLVI (princípio da individualização da pena), XLVII (proibição de determinadas penas), XLII, XLIII e XLIV (maior rigor em relação a infrações mais graves). 
 Razoabilidade – função controladora na aplicação da proporcionalidade.
Jurisprudência
 CRIME CONTRA A SAÚDE PÚBLICA. FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS E MEDICINAIS. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO TIPO PENAL (ART. 273 DO CÓDIGO PENAL). FATO TÍPICO, ANTIJURÍDICO E PUNÍVEL. OFENSA AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE PELO PRECEITO SECUNDÁRIO.
 APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE FIXADA PARA O CRIME DE TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES (ART. 33, CAPUT, DA LEI DE DROGAS). POSSIBILIDADE. (TJSC - Apelação Criminal n. 2010.058560-2, de Brusque. Relator: Juiz Rodrigo Collaço).
SEMANA 3 – TEORIA DA NORMA JURÍDICO PENAL
3.1. Norma Jurídico Penal 
3.2. Classificação das normas 3.3. Fontes do Direito Penal 
3.4. Interpretação da Norma Jurídico Penal 
3.5. Analogia e interpretação analógica 
3.6. Norma penal em branco 
3.7. Conflito aparente de normas
3.1 – NORMA JURÍDICO PENAL 
Normas penais têm a função de regular os institutos jurídico-penais e de definir as infrações penais, proibindo (comissivas) ou impondo (omissivas) condutas, sob ameaça expressa e específica de pena. 
Preceito primário – descreve condutas proibitivas. 
Preceito secundário – cominação abstrata de pena.
3.2. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS
Normas incriminadoras – descrevem condutas que consideram ilícitas atribuindo uma pena. 
Normas não incriminadoras – não tipificam condutas puníveis, podendo ser permissivas (arts. 23 a 25 do CP) e explicativas ou complementares (art. 327 do CP).
3.4. INTERPRETAÇÃO DA NORMA JURÍDICO PENAL
 O objetivo da interpretação é identificar o real sentido e alcance da norma jurídica. 
 “Art. 121. Matar alguém” (CP) 
 “Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público” (CP). 
 “Art. 355. Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo” (CPM).
CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE INTERPRETAÇÃO:
 Quanto às fontes: 
 Autêntica 
 Jurisprudencial 
 Doutrinária
 Quanto aos resultados: 
 Declarativa 
 Extensiva 
 Restritiva
 Quanto aos meios: 
 Gramatical ou literal 
 Histórica 
 Lógico-sistemática
3.5. ANALOGIA E INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
Analogia - é forma de integração da norma jurídica e não de sua interpretação. Em Direito Penal será sempre “in bonam partem”. Ex: Descarte de embriões. Art. 181, I, do CP.
Interpretação analógica – é uma forma de interpretação extensiva, decorrendo do comando da própria lei. Ex: arts. 71 e 121, § 2º, III, ambos do CP.
3.6. NORMA PENAL EM BRANCO
Preceito primário é incompleto, mas secundário é determinado. 
Exemplos:
1º - Art. 33 da Lei 11.343/06 – conceito de drogas é definido por Portaria da ANVISA. Norma penal em branco heterogênea.
2º - Arts. 235 a 237 do CP – conceitos referentes aos impedimentos matrimoniais estão no art. 1521 do CC. Norma penal em branco homogênea.
Norma penal em branco inversa: o preceito primário é completo e o secundário incompleto. 
Exemplo: Art. 1º e 3º da Lei 2.889/56 (Define e pune o crime de genocídio), remetendo a outros tipos penais quanto às penas. 
Art. 35 da Lei n.º 8.977/95: “Art. 35. Constitui ilícito penal a interceptação ou a recepção não autorizada dos sinais de TV a Cabo”. Não tem preceito secundário.
3.7. CONFLITO APARENTE DE NORMAS
• Há apenas a aparente incidência de duas ou mais normas em relação a um fato. 
• Existem três princípios para resolver o conflito aparente de normas: 
• 1º Especialidade: acrescenta elemento próprio à descrição típica prevista na norma geral. Ex: art. 121, § 3º do CP e art. 302 do CTB (Lei 9.503/97). 
• 2º Subsidiariedade: uma norma é primária e a outra é subsidiária, pois descrevem duas condutas em graus diferentes de violação de um bem jurídico. Ex: art. 146 em relação ao 158. Art. 307 do em relação ao 171.
• 3º Consunção: a norma definidora de um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime. Súmula 17 do STJ. 
• Antefato impunível: falsificação do cheque para praticar o estelionato. 
• Pós-fato impunível: subtrair um bem e vendê-lo.
SEMANA 4 – VALIDADE E EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO
Artigos 1º a 12 do Código Penal
4.1 – Anterioridade da lei
 O art. 1º do CP consagra tanto o princípio da anterioridade como da legalidade. 
 “Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. 
 Em direito penal há restrições às interpretações extensiva e analógica.
4.2 – Lei penal no tempo 
 Extra-atividade da lei penal – retroatividade (lei posterior aplicada a fatos anteriores e posteriores a ela desde que benéfica) e ultra-atividade (lei anterior aplicada a fatos anteriores à nova lei desde que benéfica).
 Art. 5º, XL da CRFB. 
 Abolitio criminis (abolição do crime); novatio legis (lei nova). Art. 2º do CP
Jurisprudência
 CORRUPÇÃO DE MENORES. ART. 218 DO CÓDIGO PENAL. NOVA REDAÇÃO DADA PELA LEI 12.015/09. SUJEITO PASSIVO QUE DEVE SER MENOR DE QUATORZE ANOS. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. CONDUTA ATÍPICA. VÍTIMA QUE CONTAVA DEZESSEIS ANOS DE IDADE À ÉPOCA DO EVENTO. ART. 5º, INCISO XL, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ADOLESCENTE, ADEMAIS, QUE JÁ ERA DE TODO CORROMPIDA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 
 "É dogma fundamental em Direito Penal a incidência retroativa da lex mitior, encontrando-se hoje entronizado em nossa Carta Magna, ao dispor que 'a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu' (art. 5.º, XL) (STJ – HC 7.197 – Rel. Vicente Leal – j. 04.06.1998 – RSTJ 114/371)" (Franco, Alberto Silva; Silva Júnior, José; Betanho, Luiz Carlos; Stoco, Rui; Feltrin, Sebastião Oscar; Guastini, Vicente Celso da Rocha, e Ninno, Wilson, Código penal e sua interpretação jurisprudencial, volume 1: parte geral, 7ª ed. rev., atual. e ampl., São Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 2001, p. 59). (TJSC - Apelação Criminal n. 2009.013321-0, de Ituporanga. Relator: Des. Sérgio Paladino).
 4.3 – Lei excepcional ou temporária
 Excepcional - vigência durante situações extraordinárias como as calamidades e guerras (Código Penal Militar). 
 Temporária – prazo pré-estabelecido de vigência.
4.4 – Tempo do crime
 Teoria da atividade – crime considera-se praticado no momento da conduta não importando o momento do resultado; é a adotada pelo art. 4º do CP.
 Teoria do resultado – o delito considera-se praticado no momento do resultado.Teoria mista ou da ubiquidade – momento do crime é tanto o da conduta quanto do resultado.
 Crime Permanente, Continuidade Delitiva e Súmula n. 711, do Supremo Tribunal Federal: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”.
4.5 – Lugar do crime
 Teoria da atividade – lugar do crime é aquele em que foi praticada a conduta, ou seja, os atos executórios (art. 63 da Lei 9.099/95). 
 Teoria do resultado – lugar do crime considera-se aquele em que ocorreu o resultado, ou seja, a consumação. 
 Teoria mista ou da ubiquidade – local do crime é tanto o da conduta quanto o do resultado; esta é a teoria adotada pelo art. 6º do CP. 
 Regras gerais de definição da competência: art. 69 e seguintes do CPP.
 Teoria da intenção – lugar do crime é aquele que, de acordo com a intenção do agente, deveria se produzir o resultado. 
 Teoria do efeito mais próximo – lugar do crime é aquele em que a ação do agente alcança a vítima ou o bem jurídico. 
 Teoria da longa mão – lugar do crime é aquele em que se verificou o ato executivo.
4.6 – Territorialidade
 A regra é a territorialidade - art. 5º, caput e § 2º do CP. 
 Território brasileiro por equiparação art. 5º, § 1º do CP. 
 Imunidades diplomática (Convenção de Viena) e parlamentar (art. 53 da CRFB)
4.7 – Extraterritorialidade
 Incondicionada – não depende de nenhuma condição – art. 7º, I do CP e art. 2º da Lei 9.455/97. 
 Condicionada – depende de algumas condições - art. 7º, II e §§ 2º e 3º do CP. 
 Princípios para aplicação: 
 Defesa - aplica-se a todo crime que afete o interesse nacional (art. 7º, I, a, b e c). 
 Justiça universal - todo Estado tem direito de punir qualquer crime, independente de quem o cometeu e do lugar em que foi praticado (art. 7º, I, d, e II, a).
 Nacionalidade ativa – aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por brasileiro fora do Brasil (art. 7º, II, b). 
 Nacionalidade passiva - aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, § 3º). 
 Representação - aplica-se a lei brasileira ao crime cometido em aeronaves e embarcações privadas quando realizados no estrangeiro e aí não sejam julgadas (art. 7º, II, c). 
 Pena cumprida no estrangeiro – art. 8º do CP - visa evitar a dupla punição 
 Eficácia da sentença estrangeira – art. 9º - homologação se dá pelo STJ, consoante art. 105, I, i da CF
Jurisprudência
 PLEITO DE AFASTAMENTO DA REGRA DE EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL. CRIMES DE HOMICÍDIO TRIPLAMENTE QUALIFICADO OCORRIDOS NO INTERIOR DE RESERVA FLORESTAL LOCALIZADA NA ARGENTINA. INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO ART. 7º, II, "B", E § 2º, DO CP. APLICAÇÃO DA LEI PENAL BRASILEIRA. COMPETÊNCIA. PRELIMINAR AFASTADA. (TJSC - Recurso Criminal n. 2010.063424-2, da Capital. Relator: Des. Torres Marques)
4.8 - Contagem de Prazo
 Prazo penal – arts. 10 e 11 do CP. Prazo processual art. 798, § 1º do CPP. 
 Exemplo de contagem de prazo penal – uma pena de dois anos, dois meses e dez dias de reclusão, cujo cumprimento iniciou-se às 23:30 horas do dia 02/09/14, irá terminar... 
 ....às 00:00 horas do dia 12/11/16
4.9 - Legislação especial 
 Art. 12 do CP: 
 “As regras gerais deste Código aplicamse aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso”.
SEMANA 5 – TEORIA DO DELITO
5.1 – Consolidações da teoria do delito 
5.2 – Objeto jurídico e objeto material 
5.3 – Sujeitos da infração penal 
5.4 – Infrações penais 
5.5 – Classificações das infrações penais
5.1 – Consolidação da teoria do delito
 A definição atual de crime é produto da elaboração inicial da doutrina alemã, a partir da segunda metade do século XIX, tendo por base o método analítico. 
 Três fases se destacam nesse desenvolvimento: conceitos clássico, neoclássico e finalista de infração penal.
5.1.1. Conceito clássico de delito: 
 Von Liszt e Beling criam o conceito clássico de delito, definindo-o por um movimento corporal (ação), que produz uma modificação no mundo exterior (resultado). 
 Identifica-se com o positivismo científico que afasta as proposições de cunho filosófico, psicológico e sociológico. Possuía quatro elementos estruturais: ação, tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade.
5.1.2. Conceito neoclássico de delito:
 É influenciado pela filosofia neokantiana, priorizando o normativo e o axiológico. 
 Crime continua sendo ação típica, antijurídica e culpável.
5.1.3. Conceito finalista de delito: 
 Com o finalismo a teoria do delito encontra um dos mais importante marcos de sua evolução. 
 A mais importante contribuição do finalismo foi retirar os aspectos subjetivos da culpabilidade, dando-lhe caráter normativo (potencial consciência da ilicitude e inexigibilidade de conduta diversa). 
 Dolo e culpa saem da culpabilidade e passam para o tipicidade.
5.1.4. Conceito analítico de delito 
 Conceitos formal e material de delito são insuficientes para análise dos elementos estruturais do delito, surgindo assim o método analítico. 
 A análise do crime inicia pela tipicidade, passando-se em seguida para a ilicitude, sendo que por fim verifica-se a culpabilidade. Alguns autores incluem a punibilidade. 
 Para concepção bipartida, crime é o fato típico e ilícito, sendo a culpabilidade pressuposto para aplicação da pena. 
 Para parte da doutrina no Brasil, crime é fato típico e ilícito, conforme artigos 1º, 23 e 26 do CP.
5.2 – Objeto jurídico e objeto material 
 Objeto jurídico ou bem jurídico tutelado: são os bens jurídicos que o legislador seleciona para o direito penal proteger. 
 Correspondem na maioria das vezes aos nomes jurídicos dos títulos e capítulos do CP e da legislação especial. 
 Objeto material: pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do agente. 
 Seleção dos bens jurídicos a serem tutelados deve ser feita com base nos princípios limitadores do direito de punir do Estado. 
 Os movimentos de política criminal também influenciam na seleção dos bens jurídicos tutelados. 
 Criminologia também tem um papel importante nessa seleção. 
5.3. Sujeitos da infração penal 
 Sujeito ativo: agente que pratica a conduta descrita no tipo penal.
 Sujeito passivo: titular do bem jurídico tutelado. 
 Responsabilidade penal da pessoa jurídica: teorias da realidade (admite) e da ficção (não admite). 
 Art. 225, § 3º da CF c/c art. 3º da Lei 9.605/98.
Jurisprudência 
 CRIME AMBIENTAL. LEI 9.605/98. SENTENÇA CONDENATÓRIA. ANÁLISE DE OFÍCIO. INÉPCIA DA DENÚNCIA. OFERECIMENTO DA AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE CONTRA PESSOA JURÍDICA. IMPOSSIBILIDADE. 
 O crime ambiental imputado tão somente à pessoa jurídica, não sendo incluída na denúncia os atos praticados pela pessoa física responsável pelo suposto crime ambiental que teria atuado em seu nome ou proveito, inviabiliza a instrução da ação penal, pois é o administrador que age com elemento subjetico próprio (dolo ou culpa), atuando em nome e proveito da pessoa jurídica. 
 Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais desde que haja a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício, uma vez que "não se pode compreender a responsabilização do ente moral dissociada da atuação de uma pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio" (Resp nº 564960/SC, 5ª Turma, DJ de 13/06/2005). (TJSC - Apelação Criminal n. 2013.003000-3, de Rio do Sul Relator: Des. Jorge Schaefer Martins).
5.4 – Infração penal 
 5.4.1. Distinção das infrações extrapenais 
 Infrações extrapenais são aquelas que não estão previstas na legislação penal, podendo ter o mesmo bem jurídico tutelado que as penais ou não. 
 Exemplo de infrações extrapenais – administrativas, civis e trabalhistas. 
 5.4.2. Tipos de infrações penais Crimes ou delitos: estão previstos no CP e na legislação especial. 
 Contravenções: estão previstas na Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei 3.688/41). 
 Diferença é de gravidade quanto ao bem jurídico lesado. 
5.5. Classificaçãodas infrações penais 
 5.5.1. Sistemas Classificatórios 
 Tripartido: crimes, delitos e contravenções. 
 Bipartido: crimes e contravenções. É o adotado no Brasil.
5.4.2. Tipos de infrações penais 
 Crimes ou delitos: estão previstos no CP e na legislação especial. 
 Contravenções: estão previstas na Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei 3.688/41). 
 Diferença é de gravidade quanto ao bem jurídico lesado.
5.5. Classificação das infrações penais 
 5.5.1. Sistemas Classificatórios 
 Tripartido: crimes, delitos e contravenções. 
 Bipartido: crimes e contravenções. É o adotado no Brasil. 
 5.5.2. Classificação quanto ao bem jurídico 
 Crime uniofensivo: lesão a apenas um bem jurídico. Ex: art. 121. 
 Crime pluriofensivo: lesão de mais de um bem jurídico. Ex: art. 157, § 3º.
 5.5.3. Quanto ao sujeito 
 Crime comum. Ex: art. 121 do CP. 
 Crime próprio. Ex: art. 316 do CP 
 Crime de mão própria: Ex: art. 342 do CP. 
 Crime de concurso necessário: Ex: art. 288 do CP. 
 5.5.4. Quanto à conduta 
 Crime comissivo: art. 121 do CP. 
 Crime omissivo: próprio (art. 135 do CP) e impróprio (art. 121 c/c art. 13, § 2º, ambos do CP). 
 5.5.5. Quanto à unidade ou pluralidade de ações 
 Crime de ação única: Ex: art. 121 do CP. 
 Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: Ex: art. 33 da Lei 11.343/06.
 5.5.6. Quanto ao resultado 
 Crime material. Ex: art. 121 do CP. 
 Crime formal. Ex: art. 159 do CP. 
 Crime de mera conduta. Ex: art. 150 do CP. 
 Crime qualificado pelo resultado: art. 129, § 3º do CP. 
 5.5.7. Quanto à materialidade 
 Crime de lesão ou de dano: Ex: art. 163 do CP. 
 Crime de perigo: perigo concreto (art. 132 do CP) e perigo abstrato (art. 130 do CP). 
 Súmula 575 do STJ – “Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar à direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo”.
 5.5.8. Quanto a consumação 
 Crime permanente: Ex: art. 148 do CP. 
 Crime instantâneo: Ex: art. 140 do CP (injúria verbal). 
 Crime instantâneo de efeitos permanentes: art. 121 do CP. 
 5.5.9. Quanto aos atos que compõem a fase de execução 
 Unissubsistente: art. 140 do CP (Injúria verbal). 
 Plurissubsistente: art. 159 do CP. 
 Habitual: art. 229 do CP.
 5.5.10. Quanto ao modo de execução 
 Crime de forma livre. Ex: art. 121 do CP. 
 Crime de forma vinculada. Ex: art. 149 do CP. 
 5.5.11. Quanto à relação com os demais tipos delitivos 
 Crime subsidiário. Ex: art. 307 do CP. 
 Crime complexo. Art. 157, § 3º. 
 Crime progressivo ou de passagem. 
 Progressão criminosa.
SEMANA 6 – DO FATO TÍPICO: CONDUTA
6.1 – Fato típico 
6.2 – Conduta
6.1 – Fato típico 
 “É o fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na lei penal” (CAPEZ, p. 115) 
 Elementos:
 a) conduta dolosa ou culposa; 
 b) resultado (só nos crimes materiais); 
 c) nexo causal (só nos crimes materiais); 
 d) tipicidade 
6.2. Conduta 
 Conceito: ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade. 
 Teorias da conduta: naturalista ou causal, finalista, social e constitucional. 
 Prevalece a teoria finalista com o controle dos princípios constitucionais. 
 Elementos da conduta: 
 a) vontade; 
 b) finalidade; 
 c) exteriorização; 
 d) consciência. 
 Ato e conduta: conduta é a realização da vontade humana por meio de um ou mais atos. 
 Ausência de vontade gera a inexistência de conduta. 
 Formas de conduta: ação e omissão. 
 Conduta omissiva: relevância da omissão art. 13,§ 2º do CP. 
 Caso fortuito e força maior excluem o dolo e culpa.
SEMANA 7 – DOS TIPOS PENAIS DOLOSOS E CULPOSOS 
7.1 – Do tipo penal nos crimes dolosos
7.2 – Do tipo penal nos crimes culposos
7.1 – Do tipo penal nos crimes dolosos 
 Dolo é o elemento psicológico da conduta, constituindo-se em um dos elementos do fato típico. 
 Elementos do dolo: consciência e vontade. 
 Dolo abrange todos os elementos do tipo. 
 Fases da conduta: interna e externa. 
7.1.1. Teorias do dolo 
 Da vontade: dolo é a vontade de realizar a conduta. 
 Da representação: dolo é a vontade de realizar a conduta, prevendo a possibilidade de o resultado ocorrer, sem desejá-lo. 
 Do assentimento: dolo é o assentimento do resultado, ou seja, a previsão do resultado com a aceitação dos riscos de produzi-lo. 
 Código Penal adotou as teorias da vontade e do assentimento, conforme art. 18, I.
7.1.2. Espécies de dolo 
 Dolo natural: é aquele identificado como um elemento puramente psicológico, sem qualquer juízo de valor. 
 Dolo normativo: está situado na culpabilidade e não na conduta. 
 Dolo direto ou determinado: é a vontade de realizar a conduta e de produzir o resultado (teoria da vontade). 
 Dolo indireto ou indeterminado: o agente não quer diretamente o resultado, mas aceita a possibilidade de produzi-lo (eventual), ou não se importa em produzir este ou aquele resultado (alternativo). 
 Dolo de dano: intenção de produzir uma lesão efetiva a um bem jurídico. 
 Dolo de perigo: intenção de expor o bem a um perigo de lesão. 
 Dolo genérico: intenção de realizar a conduta sem um fim especial. 
 Dolo específico: vontade de realizar a conduta visando a um fim especial previsto no tipo. 
 Dolo geral, erro sucessivo ou aberratio causae: o agente realiza uma conduta e imagina ter alcançado o resultado, no entanto, com uma segunda conduta é que o resultado acaba sendo alcançado.
 Dolos de primeiro grau e de segundo grau: no de primeiro grau o agente quer produzir os efeitos primários do delito; no de segundo grau estão incluídos os efeitos colaterais do delito.
 Dolo e dosagem da pena: embora a pena prevista não seja diferente quanto ao tipo de dolo, o juiz deve levar em conta tal classificação na dosagem da pena.
7.2. O tipo penal nos crimes culposos 
 Culpa: constitui-se no elemento normativo da conduta, sendo que sua verificação necessita de um prévio juízo de valor, sem o qual não se sabe se ela está ou não presente. 
 Normativo é o sentimento médio da sociedade sobre o que é justo ou injusto. 
 Dever objetivo de cuidado é a exigência de cuidado que todas as pessoas devem ter. 
 Tipo aberto: a conduta culposa não é descrita.
7.2.1. Elementos do fato típico culposo 
 a) conduta (voluntária); 
 b) resultado involuntário; 
 c) nexo causal; d) tipicidade; 
 e) previsibilidade objetiva; 
 f) ausência de previsão; 
 g) quebra do dever objetivo de cuidado. 
 Previsibilidade objetiva: é a possibilidade de qualquer pessoa com prudência mediana prever o resultado. 
 Previsibilidade subjetiva: é a possibilidade que o agente, dadas as suas condições particulares, tinha de prever o resultado. Não exclui a culpa. 
 Princípios do risco tolerado e da confiança.
 Inobservância do dever de cuidado: é manifestado por meio de três modalidades de culpa: 
 Imprudência 
 Negligência 
 Imperícia
7.2.2. Espécies de culpa 
 1ª) Culpa inconsciente: é a culpa sem previsão, em que o agente não prevê o que era previsível. 
 2ª) Culpa consciente: o agente prevê o resultado, embora não o aceite, pois confia que o evitará. 
 3ª) Culpa imprópria ou por extensão: há uma equivocada apreciação da realidade fática, fazendo o agente supor que está acobertado por uma causa de exclusão de ilicitude. 
 Como o erro poderia ter sido evitado pelo emprego de diligência mediana, subsiste o comportamento culposo. 
 4ª) Culpa presumida: por ser uma forma de responsabilidade objetiva não é prevista na legislação penal. Ou seja, é necessário comprovar que houve culpa. 
 5ª) Culpa mediata ou indireta: ocorre quando o agente produz indiretamente um resultado a título de culpa. 
 Graus de culpa: grave, leve e levíssima. 
 Não existe compensação de culpas no direito penal. 
 Participação em crime culposo: há divergência sobre a admissibilidade.
SEMANA 8 – RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
8.1. Conceito 
8.2. Teoriada equivalência das condições ou conditio sine qua non 
8.3. Limitações ao alcance da teoria da conditio sine qua non 
8.4. Outras teorias da causalidade 
8.5. Relevância causal na omissão 
8.6. Teoria da imputação objetiva
8.1. Conceito 
 Relação de causalidade é o meio pelo qual se comprova a ligação entre a conduta do agente e o resultado naturalístico, sendo então possível afirmar se aquela deu ou não causa a este.
8.2. Teoria da equivalência das condições ou conditio sine qua non 
 Art. 13, caput, 2ª parte, do CP, consagra a teoria da equivalência das condições. 
 Todo fator que contribui, de alguma forma, para a ocorrência do evento é causa deste evento. 
 Deve-se fazer o “juízo hipotético de eliminação”.
8.3. Limitações ao alcance da teoria da conditio sine qua non 
 Cadeia causal, aparentemente infinita, é limitada pelo dolo ou pela culpa. 
 Causas (concausas) absolutamente independentes
 Sejam preexistentes, concomitantes ou supervenientes, as concausas podem ser absolutamente independentes. 
 Causas relativamente independentes: pelo juízo hipotético de eliminação, verifica-se que a conduta foi necessária a produção do evento, ainda que auxiliada por outras forças. 
 Também podem ser preexistentes, concomitantes ou supervenientes. 
 Superveniência de causa relativamente independente que por si só produziu o resultado: Art. 13, § 1º do CP. 8.4. 
8.4. Outras teorias da causalidade 
 Teoria da causalidade adequada: somente é causa a condição idônea à produção do resultado, tanto do ponto de vista objetivo, quanto subjetivo. 
 Teoria da causa juridicamente relevante: além dos aspectos adotados pela teoria da equivalência das condições, devem ser levados em conta os critérios de interpretação do tipo penal que se trate. 
8.5. Relevância causal na omissão: 
 Prevalece o entendimento de que na omissão não existe causalidade sob o ponto de vista naturalístico. 
 Há, sem dúvida, um vínculo jurídico 
 Crimes omissivos próprios e impróprios (comissivos por omissão) art. 13, § 2º, do CP.
8.8. Teoria da imputação objetiva: 
 Para essa teoria a relação de causalidade não é suficiente nos crimes de ação, nem sempre é necessária nos crimes omissivos e irrelevante nos crimes de mera conduta. 
 Estrutura-se sobre o conceito de “risco permitido”. Permitido o risco, isto é, sendo socialmente tolerado, não cabe a imputação. 
 No entanto, se o risco for proibido, caberá em princípio, a imputação objetiva do resultado. 
 “Na realidade, a teoria da imputação objetiva tem natureza complementar, uma vez que não despreza de todo a solução oferecida pela teoria da conditio, pois admite essa solução causal” (Bitencourt, 2014).
SEMANA 9 – RESULTADO 
9.1 – Teorias 
9.2. Iter criminis
9.1 – Teorias 
 Teoria naturalística: resultado é a modificação do mundo exterior provocada pela conduta humana. 
 Crimes formal, material e de mera conduta. 
 Teoria jurídica ou normativa: resultado é toda lesão ou ameaça de lesão a um interesse penalmente relevante. 
 Crimes de dano e crimes de perigo (abstrato e concreto). 
9.2. Iter criminis 
 Iter criminis é o caminho do crime, dividindo-se em cogitação, preparação, execução e consumação. 
 Art. 31 do CP. 
 Crime consumado: é aquele em que foram realizados todos os elementos constantes de sua definição legal. Art. 14, I, CP.
 Tentativa (conatus): iniciada a execução o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Art. 14, II, parágrafo único, CP. 
 Formas de tentativa: imperfeita, perfeita, branca ou incruenta e cruenta.
 Critérios de distinção entre atos preparatórios e executórios: 
 Material – começo da execução se dá no ataque direto ao objeto da proteção jurídica. 
 Objetivo-formal – começo da execução se dá com o início da realização do tipo. É o adotado pelo CP.
 Desistência voluntária: Art. 15, 1ª parte, CP. 
 Arrependimento eficaz: Art. 15, 2ª parte, CP. 
 Arrependimento posterior: Art. 16 do CP. 
 Crime impossível ou tentativa inidônea: art. 17 do CP.
SEMANA 10 – TIPICIDADE 
10.1. Conceito de Tipo Penal 
10.2. Estrutura do Tipo Penal 
10.3. Tipicidade e Adequação Típica 
10.4. Espécies de Tipos Penais
10.1. Conceito de tipo penal 
 Descrição das condutas humanas delituosas, criado pela lei penal, como forma de garantia do direito de liberdade (CAPEZ, 2015). 
 Tipo é o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal. O tipo exerce uma função limitadora e individualizadora das condutas humanas penalmente relevantes (BITENCOURT, 2014) 
10.2. Estrutura do Tipo Penal 
 10.2.1. Elementares – são os elementos essenciais do tipo penal, sem os quais a figura típica desaparece ou se transforma em outra. 
 Podem ser objetivas, subjetivas ou normativas
 10.2.2. Circunstâncias – não são essenciais a constituição do tipo penal, mas são elementos que agregados ao tipo, tem a função de modificar suas consequências jurídicas. 
10.3. Tipicidade e Adequação Típica 
 Tipicidade: correspondência formal entre o fato humano e o que está descrito no tipo. 
 “Um fato para adjetivar-se de típico precisa adequar-se a um modelo descrito na lei penal” (BITENCOURT, 2014). 
 A adequação típica pode operar-se de forma direta (art. 121) ou indireta (art. 121 c/c art. 14, II). 
 Alguns autores entendem que a adequação típica é uma análise mais aprofundada do que a simples correspondência formal, averiguando-se primeiro se houve vontade, para depois se fazer o enquadramento. 
 Outros autores entendem que são expressões sinônimas ou complementares.
 Tipicidades formal, material e conglobante 
Formal: correspondência formal entre o fato humano e o que está descrito no tipo penal.
Material: além da correspondência formal entre o fato humano e o que está descrito no tipo penal, analisa-se a relevância do bem jurídico atingido no caso concreto. 
Conglobante: “o fato típico pressupõe que a conduta esteja proibida pelo ordenamento jurídico como um todo” (CAPEZ, 2014).
10.3. Relação entre Tipo Penal, Tipicidade e Adequação Típica 
 Tipo penal: descrição das condutas humanas delituosas, criado pela lei penal, como forma de garantia do direito de liberdade. 
 Tipicidade: correspondência formal entre o fato humano e o que está descrito no tipo. 
 Adequação típica: análise mais aprofundada do que a simples correspondência formal, averiguando primeiro se houve vontade, para depois se fazer o enquadramento. 
10.4. Espécies de Tipos Penais 
 Fundamentais e Derivados 
 Incriminadores e Permissivos 
 Fechados e Abertos
SEMANA 11 ILICITUDE 
11.1 – Conceito de ilicitude 
11.2 – Causas de Justificação 
11.3 – Estado de necessidade
11.1 - Conceito de ilicitude 
 A ilicitude ou antijuridicidade é um dos elementos que compõem o conceito de delito, configurando-se na contrariedade objetiva de um fato em relação a todo o sistema jurídico. 
 É a infração a uma norma imperativa ou de determinação (mandado/proibição). 
 Corresponde a violação do sistema jurídico mediante a realização do tipo, desde que não exista uma causa de justificação.
 Ilicitude formal: contradição entre o comportamento do agente e a norma penal.
 Ilicitude material: em virtude da desobediência à norma, acaba por ferir ou por em perigo bens jurídicos por ela protegidos. Há dano a toda coletividade. 
11.2 – Causas de Justificação 
 A existência de uma causa de justificação faz da ação típica uma ação lícita ou permitida. 
 As causas justificantes têm implícita uma norma permissiva ou autorizante de caráter independente, que faz com que a conduta proibida ou a não realização da conduta ordenada seja lícita. 
 As expressas estão no art. 23 do CP. 
 Excesso punível.
 Nas causas justificantes é necessária a presença de elementos objetivos e subjetivos para sua configuração. 
 Elementos objetivos: existência da injusta agressão, situação de perigo, etc. 
 Elementos subjetivos: conhecimento da injusta agressão, ânimo de defesa, etc.
11.3. Estado de necessidade 
 “Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fatopara salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.” 
 “Situação na qual se encontra uma pessoa que não pode razoavelmente salvar um bem, interesse ou direito, senão pela prática de um ato, que fora das circunstâncias em que se encontrava, seria delituoso” (PRADO, 2010). 
 Hipóteses de estado de necessidade: 
 Situações em que direitos ou bens em conflito são de valor equivalente ou de menor valor. Exemplo: integridade física x integridade física; patrimônio x patrimônio.
 Situações em que direitos ou bens em conflito são de valor diferente: Exemplo: vida x integridade física. 
 Teoria unitária ou monista objetiva, adotada pelo CP, preconiza que o estado de necessidade é sempre uma causa justificante.
 Teoria dualista ou diferenciadora objetiva. 
 O sistema jurídico faculta a lesão ao bem de menor valor como único meio de salvar o de maior valor (estado de necessidade justificante) . 
 No caso de bens jurídicos equivalentes (duas vidas humanas), ou sendo de maior valor o bem sacrificado, a conduta será ilícita, mas poderá não ser reprovável pela exclusão da culpabilidade (estado de necessidade exculpante).
 Requisitos Objetivos: 
 a) Perigo atual e inevitável. 
 b) Direito próprio ou alheio, cujo sacrifício não era razoável exigir-se. Exceção do art. 24, § 2º. 
 c) Não provocado pela vontade do agente.
 d) Inexistência do dever de enfrentar o perigo. Art. 24, § 1º.
 Requisito subjetivo: 
 Ciência da situação fática, vontade ou ânimo de salvar o bem jurídico em perigo. 
 Além do conhecimento dos elementos objetivos da justificante, o agente deve atuar com o fim de salvamento.
Jurisprudência 
 PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. FURTO SIMPLES (CP, ART. 155, CAPUT). ABSOLVIÇÃO POR RECONHECIMENTO DA EXCLUDENTE DE ILICITUDE. ESTADO DE NECESSIDADE (CP, ART. 24). AUSÊNCIA DE RECURSOS FINANCEIROS QUE NÃO CONTEMPLA AS EXIGÊNCIAS DA CAUSA. PERIGO ATUAL NÃO EVIDENCIADO. ALEGADA ATIPICIDADE DA CONDUTA. PRETENDIDA A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. TESE REFUTADA. EXPRESSIVA VIOLAÇÃO AO BEM JURÍDICO TUTELADO. DEVER CONSTITUCIONAL DE INTERVENÇÃO ESTATAL. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SEGURANÇA E DA PROPRIEDADE (CF, ART. 5º, CAPUT E XXII). SENTENÇA MANTIDA. 
 - A alegação de ausência de recursos financeiros sem a efetiva comprovação de situação de penúria suscetível a caracterizar eventual perigo não configura a causa excludente de ilicitude de estado de necessidade, ainda mais quando há a possibilidade do uso de meios lícitos para suprir possíveis dificuldades. [...] (TJSC - Apelação Criminal n. 2013.063794-8, de Forquilhinha. Relator: Des. Altamiro de Oliveira).
 APELAÇÃO CRIMINAL – POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO RASPADA – ART. 16, PARÁGRAFO ÚNICO, IV, DA LEI N. 10.826/03 – SENTENÇA CONDENATÓRIA – RECURSO DA DEFESA. 
 CERCEAMENTO DE DEFESA POR AUSÊNCIA DE JUNTADA DE INQUÉRITO POLICIAL QUE INDICAVA O MOTIVO DA AQUISIÇÃO DA ARMA – CRIME DE MERA CONDUTA – IRRELEVÂNCIA DA PROVA. 
 [...] 
 EXCLUDENTE DE ILICITUDE – ESTADO DE NECESSIDADE – OUTRAS POSSIBILIDADES PARA AFASTAMENTO DO PERIGO – INACOLHIMENTO. 
 Demonstrado que havia outras maneiras razoáveis para que o acusado afastasse o suposto perigo atual, a excludente de ilicitude não se justifica (TJSC - Apelação Criminal n. 2014.007498-1, de Criciúma. Relator: Des. Getúlio Corrêa).
SEMANA 12 ILICITUDE 
12.1. Legítima defesa 
12.2. Estrito cumprimento do dever legal
12.3. Exercício regular de direito 
12.4. Consentimento do ofendido
12.1. Legítima defesa 
 “Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.” 
 “É a situação em que o agente repele agressão atual e ilícita a direito seu ou de outrem” (PRADO, 2010). 
 Requisitos objetivos: 
 a) Agressão atual ou iminente e injusta. 
 b) Direito próprio ou alheio. 
 c) Meios necessários, empregados com moderação. 
 Requisito subjetivo: ciência da agressão e vontade de defesa.
Jurisprudência 
 APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL (ART. 129, § 9º, DO CÓDIGO PENAL). VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. MATERIALIDADE E AUTORIA INCONTESTES. PALAVRAS DA VÍTIMA CORROBORADAS PELA PROVA ORAL E PELO LAUDO DE CORPO DE DELITO. DOLO DEMONSTRADO. EXCLUDENTE DE ILICITUDE DA LEGÍTIMA DEFESA NÃO CONFIGURADA. EVENTUAIS AGRESSÕES VERBAIS QUE, AINDA QUE TIVESSEM OCORRIDO, NÃO JUSTIFICARIAM O ATO PRATICADO, POIS IMODERADO. CONDENAÇÃO MANTIDA. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DEFENSOR DATIVO. VERBA JÁ CONCEDIDA NA SENTENÇA. DEFESA EM PROCESSO QUE ABRANGE A INTERPOSIÇÃO DE EVENTUAL RECURSO. PEDIDO INDEFERIDO. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJSC - Apelação Criminal n. 2013.085445-8, de São José. Relator: Des. Moacyr de Moraes Lima Filho).
 APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL GRAVE (ART. 129, §1º, INC. I, DO CÓDIGO PENAL). RECURSO DA DEFESA. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. RECONHECIMENTO DA EXCLUDENTE DE ILICITUDE DE LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA. OCORRÊNCIA. ACUSADO QUE AGIU PENSANDO ESTAR NA IMINÊNCIA DE SOFRER INJUSTA AGRESSÃO. PROVA ORAL QUE CONFIRMA A VERSÃO DO APELANTE. REQUISITOS DO ART. 25 DO CÓDIGO PENAL PREENCHIDOS. DEMAIS PEDIDOS PREJUDICADOS. CONHECIMENTO PARCIAL DO RECURSO E, NESTA EXTENSÃO, PROVIDO. (TJSC - Apelação Criminal n. 2013.063739-5, de Campos Novos.Relator: Desembargador Ricardo Roesler).
12.2. Estrito cumprimento do dever legal 
 Conceito: a ação se dá no estrito cumprimento de dever legal (CP, art. 23, III, 1ª parte), ou seja, o agente cumpre exatamente aquilo que é prescrito pelo ordenamento jurídico, sendo sua conduta considerada lícita. 
 Colisão de deveres: o dever de não realizar a ação proibida ou de realizar a ação ordenada entre em conflito com outro dever derivado de outra norma do ordenamento jurídico. 
 Requisito objetivo: cumprimento do dever nos limites estabelecidos pela norma. 
 Requisito subjetivo: ciência do dever e vontade de cumpri-lo, no estrito limite da lei.
Jurisprudência 
 CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL. NÃO OCORRÊNCIA. AGENTES QUE NÃO COMPROVAM A NECESSIDADE DO USO DE FORÇA FÍSICA E QUE, ALÉM DISSO, ATUAM COM EXCESSO. EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE DA OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA IGUALMENTE NÃO COMPROVADA. SUPOSTA ORDEM, ADEMAIS, MANIFESTAMENTE ILEGAL. 
 [...] 
 6. A excludente de ilicitude do estrito cumprimento do dever legal encontra previsão no art. 23, III, do Código Penal, e, para sua configuração, "exige-se que o agente se contenha dentro dos rígidos limites de seu dever, fora dos quais desaparece a excludente. [...] Assim, somente os atos rigorosamente necessários e que decorram de exigência legal amparam-se na causa de justificação em estudo" (CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. vol. 1. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 316). 
 7. Não se caracteriza a excludente de culpabilidade da obediência hierárquica quando, além de não comprovada a presença da autoridade superior na cena dos fatos, a suposta ordem dela emanada era manifestamente ilegal. [...] (TJSC - Apelação Criminal n. 2012.027085-5, de Anita Garibaldi. Relator: Des. Paulo Roberto Sartorato).
12.3. Exercício regular de direito 
 Conceito: exercício de uma faculdade em conformidade com o sistema jurídico, sendo que não se pode considerar ilícita a prática de um ato justificado ou permitido pela lei. 
 Exemplos: intervenção cirúrgica, atividade desportiva, castigo aplicado pelos pais, advogados na defesa de seus clientes, ofendículos, etc. 
 Requisito objetivo: atuação efetiva no exercício regular de direitos. 
 Requisito subjetivo: conhecimento do direito e a vontade de exercitá-lo.
Jurisprudência 
 [...] 
 - O agente que se envolve em confusão na frente de uma casa noturna e, ato contínuo, saca arma de fogo de uso permitido, sem autorização legal, e efetua disparos para dispersar agressores, comete os crimes de porte ilegal de arma de fogo e disparo de arma de fogo, previstos no art. 14 e 15 da Lei 10.826/2003, em concursomaterial. 
 - Inaplicável a excludente de ilicitude da legítima defesa quando o réu não demonstra, por força do art. 156 do Código de Processo Penal, a injusta agressão. 
 - Não configura exercício regular de um direito portar arma de fogo em desacordo com a determinação legal e, ainda, efetuar disparos em via pública (TJSC - Apelação Criminal n. 2011.046403-3, de Mafra. Relator: Des. Substituto Carlos Alberto Civinski). 
12.4. Consentimento do ofendido 
 O consentimento do ofendido não está previsto na legislação brasileira, mas pode ser considerado causa de exclusão da tipicidade ou da ilicitude. 
 Ocorre nas situações em que o agente ofende ou põe em perigo um direito, com o consentimento da pessoa que dele pode validamente dispor.
 Consentimento como causa de atipicidade da ação (exclusão da tipicidade): o consentimento do titular do bem jurídico exclui em alguns casos a tipicidade da ação ou omissão. 
 Consentimento pode ser escrito, verbal, expresso ou tácito. 
 Exemplos: artigos 150 e 151 do CP. 
 Consentimento como causa de justificação (exclusão da ilicitude): como causa justificante, o consentimento do ofendido, que é elemento extrínseco ao tipo, importa em renúncia da tutela do bem jurídico disponível. 
 Exemplos: artigos 155, 161, 168 e cirurgias estéticas e de esterilização.
 Requisitos objetivos: capacidade de consentir; anterioridade do consentimento; atuação nos limites do consentido. 
 Requisito subjetivo: ciência do consenso e vontade de atuar nos limites do consentido.
SEMANA 13 CULPABILIDADE 
13.1 – Conceito e fundamentos 
13.2 – Teorias da culpabilidade 
13.3 – Elementos da culpabilidade na concepção finalista 
13.4 – Excludentes de culpabilidade
13.1 – Conceito e fundamentos 
 A evolução da teoria da culpabilidade é um dos aspectos centrais da ciência jurídico-penal. 
 É um conceito dogmático que exige uma justificativa muito clara, pois sua função é fundamentar a punição estatal. 
 Os teóricos do direito penal divergem se a culpabilidade é um predicado do crime ou um pressuposto para aplicação da pena. 
 Cezar Roberto Bitencourt (2008), ao defender o posicionamento de que o crime é fato típico, antijurídico e culpável, indaga: “A tipicidade e a antijuridicidade também não são pressupostos da pena?” 
 Na sua opinião, crime seria o conjunto de todos os requisitos necessários para aplicação da pena, incluindo-se a culpabilidade.
 No Brasil parte da doutrina entende que crime é fato típico e ilícito, conforme arts. 1º, 23 e 26 do CP.
13.2. Teorias da culpabilidade 
 Teoria Psicológica: culpabilidade é o vínculo psicológico que une o autor ao resultado produzido por sua ação (BITENCOURT, 2014). 
 Teoria Psicológico-Normativa – insere no conceito de culpabilidade a imputabilidade e a exigibilidade de conduta diversa. 
 Teoria Normativa Pura – surge com a teoria finalista, sendo que a culpabilidade exige apenas a imputabilidade e a exigibilidade de conduta diversa. 
 Teoria extremada da culpabilidade: dolo passa a integrar o tipo penal, sendo que a consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa passam a fazer parte da culpabilidade.
 Teoria limitada da culpabilidade: somente diverge da teoria extremada da culpabilidade quando o erro recai sobre as causas de justificação. 
 Para teoria limitada existe erro de tipo permissivo quando este incidir sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação. 
 No entanto, se o erro recair sobre a existência ou a abrangência da causa de justificação, o erro será de proibição. 
 CP adota a Teoria Limitada da Culpabilidade.
13.3 – Elementos da culpabilidade na concepção finalista 
 Uma das mais importantes contribuições da teoria finalista foi retirar da culpabilidade os elementos subjetivos que a integravam. 
 A teoria finalista retira o dolo e a culpa da culpabilidade deslocando-os para a tipicidade. 
 A culpabilidade passa a ser um juízo de reprovação da conduta do agente. 
 Os elementos que integram a culpabilidade, segundo a teoria normativa pura (concepção finalista), são: 
 a) Imputabilidade. 
 b) Possibilidade de conhecimento da ilicitude do fato. 
 c) Exigibilidade de obediência ao direito.
 Imputabilidade: o inimputável é aquele que carece de liberdade e de faculdade para comportar-se de outro modo, não sendo capaz de culpabilidade, razão pela qual torna-se inculpável. Assim, culpabilidade é a aptidão para ser culpável. 
 Possibilidade de conhecimento da ilicitude do fato: a ciência da antijuridicidade funda-se no conhecimento das circunstâncias que pertencem ao tipo e à ilicitude.
 Exigibilidade de obediência ao direito: é a possibilidade concreta do autor, capaz de culpabilidade, de poder adotar sua decisão de acordo com o conhecimento do injusto. A excludente ocorre pela inexigibilidade de conduta diversa. 
 A inexigibilidade de conduta diversa pode ser causa supralegal de excludente da culpabilidade, pois existem casos em que não há previsão expressa na legislação penal. Ex: aborto eugênico.
13.4. Excludentes de culpabilidade
 13.4.1. Inimputabilidade e culpabilidade diminuída 
 Imputabilidade é a capacidade de culpabilidade. 
 Sistemas adotados: 
 a) biológico 
 b) psicológico 
 c) biopsicológico 
 Sistema penal brasileiro adota prioritariamente o sistema biopsicológico, com exceção dos menores de 18 anos (biológico) - CF, art. 228 e CP, art. 27.
 Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado – Art. 26 do CP 
 Doença mental são as psicoses dentro das quais incluem-se vários estados mentais que demonstram a incapacidade do criminoso em entender o caráter ilícito de sua conduta. 
 Desenvolvimento mental incompleto é aquele que ainda não se completou, como é o caso dos menores, dos surdos-mudos e os silvícolas inadaptados.
Jurisprudência
 MÉRITO. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA. INOCORRÊNCIA. ELEMENTOS COMPROVANDO A EXISTÊNCIA DE DISCERNIMENTO SOBRE A ILICITUDE DA CONDUTA. OLIGOFRENIA IDENTIFICADA EM LAUDO DE INSANIDADE MENTAL. SEMI-IMPUTABILIDADE RECONHECIDA. 
 Para o agente ser considerado inimputável não basta a mera existência de "doença mental" ou "desenvolvimento mental incompleto ou retardado", ele tem de suprir o requisito de "ser inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento". (TJSC - Apelação Criminal n. 2011.024795-6, de Caçador. Relator: Des. Jorge Schaefer Martins).
 Menoridade: imputabilidade por presunção começa aos 18 anos. 
 Crianças e adolescentes praticam atos infracionais. 
 Discute-se hoje a possibilidade de redução da menoridade penal e sua constitucionalidade.
 PROCESSUAL PENAL – UM DOS AGENTES MENOR DE 18 ANOS À ÉPOCA DOS FATOS – APLICABILIDADE DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – PROCESSO QUE SE CARACTERIZA COMO JURIDICAMENTE INEXISTENTE EM FACE DA INIMPUTABILIDADE – ANULAÇÃO DO FEITO DESDE A DENÚNCIA, INCLUSIVE – ATRIBUIÇÃO DOS DELITOS DE FURTO E ESTELIONATO, HAVENDO CONDENAÇÃO QUANTO AO PRIMEIRO E ABSOLVIÇÃO EM RELAÇÃO AO SEGUNDO DELITO – PRONUNCIAMENTO DESTA CORTE ESTADUAL QUE, ENTRETANTO, PERDE EM PARTE SEUS EFEITOS DIANTE DOS PRINCÍPIOS DO FAVOR REI E DO FAVOR LIBERTATIS – MANUTENÇÃO DA ABSOLVIÇÃO OPERADA NO JUÍZO INCOMPETENTE – INCIDÊNCIA DA SÚMULA 160 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL –REMESSA DO FEITO, QUANTO À CONDUTA REMANESCENTE, AO JUÍZO DA INFÂNCIA E JUVENTUDE, PARA QUE LÁ A CONDUTA SEJA APURADA À LUZ DOS PRECEITOS DA LEI 8.069/90 (TJSC - Apelação Criminal n. 2007.002490-8, de São Joaquim. Relator: Juiz José Carlos Carstens Köhler).
 Desenvolvimento mental retardado é a oligofrenia, em suas formas tradicionais: idiotia, imbecilidade e debilidade mental. 
 São as situações em que o sujeito não atingiu a maturidade psíquica por deficiência de saúde mental. 
 Culpabilidade diminuída: entre a imputabilidade e a inimputabilidade existem gradações que exercem influência na capacidade de entender e autodeterminar-se das pessoas. Art. 26, p. u. do CP. 
 Estão nesta faixa os fronteiriços ou residuais de psicoses, de oligofrenias e grandeparte das personalidades psicopáticas. 
 Conseqüências jurídico-penais: 
 Comprovada a inimputabilidade do agente o mesmo deve ser absolvido (CP, art. 26), aplicando-se medida de segurança (CP, arts. 96 a 99). 
 No caso de imputabilidade diminuída o agente deve ser condenado, com imposição de pena reduzida, sendo possível a substituição por medida de segurança.
Jurisprudência 
 O Código Penal (art. 98) possibilitou ao magistrado, em casos de semi-imputabilidade e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a substituição da pena privativa de liberdade pela medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial). Contudo, em não havendo necessidade de tratamento em nosocômio psiquiátrico, a diminuição de pena mostrase medida mais adequada à espécie (CP, art. 26, parágrafo único) (TJSC - Apelação Criminal n. 2009.059297-1, de Maravilha. Rela. Desa. Salete Silva Sommariva. Data: 14-6-2011)
 13.4.2. Coação moral irresistível e obediência hierárquica – art. 22 do CP 
 Coação moral irresistível – também é conhecida como grave ameaça, pois a coação física (vis absoluta) exclui a própria ação sendo conduta atípica. 
 É tudo aquilo que pressiona a vontade do agente, impondo determinado comportamento a este, de forma a eliminar ou reduzir o poder de escolha. 
 A irresistibilidade da coação é mensurada pelo mal ameaçado, devendo a ameaça ser grave.
 A coação resistível não exclui a culpabilidade, podendo ser considerada uma atenuante genérica (CP, art. 65, III, c, 1ª figura).
Jurisprudência
 [...] 
 RECURSO DA RÉ. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. MATERIALIDADE E AUTORIA NÃO CONTESTADAS. PRETENDIDA EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE. COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL. INOCORRÊNCIA. PROVA DOS AUTOS UNÍSSONA AO AFIRMAR A PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA DA APELANTE À PRÁTICA DO DELITO DE ROUBO. 
 - Não configura coação moral irresistível, causa de exclusão da culpabilidade (CP, art. 22), quando o agente alega que foi forçado a participar do crime de roubo, mas não traz prova a respeito, sobretudo quando a prova dos autos é categórica ao revelar sua adesão voluntária à conduta [...] (TJSC - Apelação Criminal (Réu Preso) n. 2013.014681-8, de Gaspar. Relator: Des. Carlos Alberto Civinski).
 Obediência hierárquica: há divergência se a hierarquia tem que derivar de uma relação de direito público, ou se pode derivar também das relações privadas. 
 De qualquer forma entende-se hoje que a exclusão da culpabilidade não precisa estar expressamente prevista na lei, podendo ser supralegal.
 A exclusão da culpabilidade se dá em razão da subordinação hierárquica, pois o subordinado cumpre ordem de superior, desde que a ordem não seja manifestamente ilegal, podendo ser apenas ilegal. 
 Subordinação hierárquica no Código Penal Militar: não se discute a ilegalidade, pois o militar tem o dever legal de obediência, sendo que somente se escusa de cumprir a ordem se ela for manifestamente criminosa (CPM, art. 38, § 2º).
Jurisprudência 
 EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE DA OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA IGUALMENTE NÃO COMPROVADA. SUPOSTA ORDEM, ADEMAIS, MANIFESTAMENTE ILEGAL [...] 
 7. Não se caracteriza a excludente de culpabilidade da obediência hierárquica quando, além de não comprovada a presença da autoridade superior na cena dos fatos, a suposta ordem dela emanada era manifestamente ilegal. 
 [...] 
 (TJSC - Apelação Criminal n. 2012.027085-5, de Anita Garibaldi. Relator: Des. Paulo Roberto Sartorato).
 13.4.3. Emoção e paixão 
 “Emoção é uma viva excitação do sentimento. É uma forte e transitória perturbação da afetividade a que estão ligadas certas variações somáticas ou modificações particulares das funções da vida orgânica” (BITENCOURT). 
 “Paixão é a emoção em estado crônico, perdurando como um sentimento profundo e monopolizante (ódio, vingança, fanatismo, avareza, etc.). 
 A emoção e a paixão não excluem a culpabilidade (CP, art. 28, I), podendo diminuir a pena. 
 Os estados emocionais ou passionais somente poderão ser excludentes de culpabilidade se forem manifestações de uma doença mental, ou seja, se forem estados emocionais patológicos.
 13.4.4. Embriaguez e substâncias de efeitos análogos – art. 28 do CP 
 Entre as causas biológicas que podem excluir ou diminuir a responsabilidade penal, está a embriaguez, desde que seja completa e acidental. 
 Embriaguez é a intoxicação aguda e transitória provocada pela ingestão de álcool ou de substância de efeitos análogos.
 A embriaguez é dividida em três estágios: inicial (de excitação), intermediário (de depressão) e final (sono profundo ou coma). 
 CP adotou a teoria da actio libera in causa, em relação a responsabilidade penal no que se refere a embriaguez, ou seja, antes de embriagar-se o agente deve ter dolo ou culpa não somente em relação à embriaguez, mas também em relação ao fato delituoso posterior. 
 Formas de embriaguez: 
 1ª - Embriaguez não acidental: voluntária (intencional) ou culposa (imprudente). 
 2ª - Embriaguez acidental: caso fortuito ou força maior – no caso fortuito o agente ignora a natureza tóxica da substância; na força maior sabe o que está acontecendo mas não consegue evitar (Ex: coação). 
 Embriaguez acidental pode ser completa ou incompleta. Art. 28, §§ 1º e 2º do CP.
 3ª - Embriaguez preordenada: o agente deliberadamente se embriaga para praticar a conduta delituosa. É agravante prevista no art. 61, II, l, do CP. 
 4ª - Embriaguez habitual e patológica: a habitual é alcoolismo agudo e a patológica é o alcoolismo crônico. 
 Arts. 29 e 30 do Projeto de Novo Código Penal define as situações de embriaguez e seus efeitos penais.
Jurisprudência
 APELAÇÃO CRIMINAL – PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO (LEI N. 10.826/03, ART. 14, CAPUT) – MATERIALIDADE E AUTORIA INCONTROVERSAS – ALEGADA PERTURBAÇÃO PSÍQUICA POR OCASIÃO DO FATO DELITUOSO – PLEITO DE RECONHECIMENTO DA SEMI-IMPUTABILIDADE EM RAZÃO DE CRIME COMETIDO SOB EFEITO DE ÁLCOOL – IMPOSSIBILIDADE – LAUDO PERICIAL APTO A DEMONSTRAR A PLENA CAPACIDADE PENAL DO AGENTE AO TEMPO DO FATO – INGESTÃO VOLUNTÁRIA DE ÁLCOOL (CP, ART. 28, II) – INCIDÊNCIA DA TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA – AUSÊNCIA DAS CAUSAS EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE E DE REDUÇÃO DE PENA (ART. 28, §1º E §2º) – RECURSO DESPROVIDO. 
 Ex vi do art. 28 do Código Penal, a embriaguez não elide a responsabilidade criminal, salvo se, em decorrência dela, o agente não era, à época dos fatos, capaz de entender total ou parcialmente a ilicitude de sua conduta. 
 Contudo, conforme os §§ 1º e 2º do referido preceptivo, aplica-se a isenção ou a redução da pena, tão-somente, quando a alteração derivada da ingestão de bebidas alcóolicas se der por caso fortuito ou força maior, inviabilizando-se a incidência das causas de exclusão na hipótese de, voluntariamente, o agente se puser embriagado (TJSC - Apelação Criminal n. 2013.075885-7, de Joaçaba. Relatora: Desa. Salete Silva Sommariva).
 ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. HIPÓTESES DE ISENÇÃO DE PENA. RÉU INDÍGENA. ERRO INEVITÁVEL SOBRE A ILICITUDE DO FATO (CP, ART. 21). ALCOOLISMO QUE TORNA O RÉU INIMPUTÁVEL (CP, ART. 26, CAPUT). INVIABILIDADE. EXISTÊNCIA DE LAUDO PERICIAL CLASSIFICANDO O ACUSADO COMO SEMIIMPUTÁVEL. EMBRIAGUEZ PREORDENADA QUE NÃO ISENTA O AGENTE DE PENA. PRONÚNCIA MANTIDA. 
 In casu, deve ser mantida a decisão de pronúncia, uma vez que existem nos autos provas da materialidade delitiva e indícios da autoria do réu, o qual, embora seja índio e alcoolista, foi considerado semi-imputável por laudo pericial (TJSC - Recurso Criminal n. 2012.088118-4, de Chapecó. Relator: Des. Roberto Lucas Pacheco).
 13.4.5. Erro de proibição 
 Embora seja causa excludente da culpabilidade quando inevitável, será analisado juntamente com erro de tipo na Semana 14.
 13.4.6. Causas de justificação exculpantes: 
 As descriminantes putativas existem somente na imaginação do agente que, erroneamente, supõe a ocorrência de uma excludente de criminalidade que, se existisse, tornaria sua ação legítima. 
 Nestes casos haverá um erro de tipo permissivo ou um erro de proibição indireto.
SEMANA 14 TEORIADO ERRO 
14.1 – Conceito de erro 
14.2 – Teorias do dolo e da culpabilidade 
14.3 – Erro de proibição - art. 21 do CP 
14.4 – Erro de tipo – art. 20 do CP
14.1 – Conceito de erro 
 O erro que vicia a vontade, ou seja, que gera uma equivocada percepção da realidade, pode incidir sobre os elementos estruturais do delito (erro de tipo) ou sobre a ilicitude da ação (erro de proibição) 
 Ignorância da lei não se confunde com a ausência de ilicitude de um fato. 
14.2 – Teorias do dolo e da culpabilidade 
 1ª - Teoria extremada do dolo: situa o dolo na culpabilidade e a consciência da ilicitude, que deve ser atual, no próprio dolo. 
 2ª - Teoria limitada do dolo: ao tentar evitar as lacunas da punibilidade da teoria extremada, acabou por criar o “Direito Penal de Autor”.
 3ª - Teoria extremada da culpabilidade: dolo passa a integrar o tipo penal, sendo que a consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa passam a fazer parte da culpabilidade. 
 4ª - Teoria limitada da culpabilidade: somente diverge da teoria extremada da culpabilidade quando o erro recai sobre as causas de justificação. 
 Para teoria limitada existe erro de tipo permissivo quando este incidir sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação. 
 No entanto, se o erro recair sobre a existência ou a abrangência da causa de justificação, o erro será de proibição.
14.3 – Erro de proibição - art. 21 do CP
 No erro de proibição o agente supõe permitida uma conduta proibida. 
 O objeto do erro não é nem a lei nem o fato, mas a ilicitude, isto é, a contrariedade do fato em relação à lei. 
 O erro sobre a ilicitude do comportamento pode apresentar-se sob três modalidades: erro de proibição direto, erro mandamental e erro de proibição indireto.
Jurisprudência
 APELAÇÃO CRIMINAL. RÉUS CONDENADOS PELO CRIME PREVISTO NO ART. 14 DA LEI 10.826/03. 
 INSURGÊNCIA DA DEFESA. RECURSO PUGNANDO A ABSOLVIÇÃO DOS APELANTES AO FUNDAMENTO DE QUE TERIAM INCIDIDO EM ERRO DE TIPO E DE PROIBIÇÃO. INOCORRÊNCIA. ACUSADOS QUE SABIAM QUE PORTAVAM ARTEFATOS BÉLICOS OS QUAIS CARECIAM DE AUTORIZAÇÃO PARA TANTO PELOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA. AMPLA DIVULGAÇÃO, INCLUSIVE COM REALIZAÇÃO DE REFERENDO ACERCA DO TEMA, QUE NÃO PERMITE ADMITIR QUE ALGUÉM DESCONHECESSE A IRREGULARIDADE DE TAL CONDUTA. CONHECIMENTO DA VEDAÇÃO LEGAL ADMITIDO PELOS ACUSADOS. ARGUMENTO RECHAÇADO. 
 O Acusado não pode alegar erro sobre os elementos constitutivos do tipo (CP, art. 20, caput) salvo se demonstrado que "realizou o tipo penal sem ter a consciência do que faz. Há desconformidade entre o que o agente pensou que fazia e o realmente realizado" (SILVA, César Dario Mariano da. Estatuto do desarmamento. 5. ed. Curitiba: Juruá, 2013. p. 109-110).
 "O erro sobre a ilicitude do fato incide quando o agente não tem conhecimento da proibição do seu comportamento, valorando equivocadamente a reprovabilidade da conduta" (TJSC, Ap. Crim. 2012.067131-8, Rel. Des. Carlos Alberto Civinski - j. 22.10.13). (TJSC - Apelação Criminal n. 2014.008402-3, de Herval d'Oeste. Relator: Des. Sérgio Rizelo
 1º - Erro de proibição direto: o engano do agente se dá sobre a norma proibitiva, pois não a conhece ou a conhece mal. Ocorre nos crimes comissivos. 
 2º - Erro mandamental: ocorre nos crimes omissivos, sendo que o erro recai sobre uma norma mandamental. Se o erro mandamental se referir a um crime comissivo por omissão, não incidindo sobre a existência do dever, o erro será de tipo.
Jurisprudência
 APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA. POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO E DISPARO DE ARMA DE FOGO. MATERIALIDADE E AUTORIA DEVIDAMENTE COMPROVADAS. AUSÊNCIA DE IRRESIGNAÇÃO NESTE PONTO. INSURGÊNCIA DA DEFESA FUNDADA NA TESE DO ERRO DE PROIBIÇÃO INEVITÁVEL QUANTO AO DELITO DE POSSE DE ARMA, ALEGANDO A POUCA INSTRUÇÃO DO RÉU, O MEIO EM QUE VIVE, BEM COMO O FATO DE O ARTEFATO ESTAR REGISTRADO NO NOME DE SEU EMPREGADOR. SENTENÇA QUE RECONHECE O ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO, PORÉM NA MODALIDADE INESCUSÁVEL. CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO QUE REVELAM A POSSIBILIDADE DE O RÉU COMPREENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO SE TIVESSE BUSCADO INFORMAÇÕES A RESPEITO, INCLUSIVE COM O SEU PATRÃO. PEDIDO DE REFORMA NÃO ACOLHIDO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. TESE DA DEFESA DE ABSORÇÃO DO CRIME DE POSSE PELO DE DISPARO DE ARMA DE FOGO. INVIABILIDADE. FATOS OCORRIDOS EM CONTEXTOS FÁTICOS DIFERENTES E COM DESÍGNIOS AUTÔNOMOS. RECURSO NÃO PROVIDO (TJSC - Apelação Criminal n. 2012.031585-0, de Campos Novos. Relator: Des. Newton Varella Júnior).
 APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA. PORTE ILEGAL DE ACESSÓRIO DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO (ART. 16, CAPUT, DA LEI N. 10.826/2003 C/C ART. 16, XII, DO DECRETO N. 3.665/2000). SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. 
 PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE (ERRO DE PROIBIÇÃO). ART. 21, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DA INCOMPREENSÃO SOBRE A ILICITUDE DA CONDUTA. APELANTE QUE POSSUI ESCOLARIDADE E ACESSO AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO. PROVA TESTEMUNHAL DANDO CONTA DE SER ELE PESSOA ESCLARECIDA. 
 RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO (TJSC - Apelação Criminal n. 2012.089110-9, de Itapiranga. Relatora: Desa. Marli Mosimann Vargas).
 3º - Erro de proibição indireto: também conhecido como erro de permissão, ocorre naquelas situações em que o agente não crê que o fato seja lícito simplesmente, senão que desconhece a ilicitude no caso concreto. O agente supõe presente uma excludente de ilicitude. 
 Teoria extremada da culpabilidade: erro sobre as descriminantes será sempre erro de proibição
 Teoria limitada da culpabilidade: 
 1º) quando o objeto do erro forem os pressupostos fáticos, haverá erro de tipo permissivo; 
 2º) quando tiver por objeto a existência ou os limites da norma permissiva, o erro será de proibição indireto.
Jurisprudência
 LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE - LEGÍTIMA DEFESA DA HONRA - DESPROPORÇÃO MANIFESTA.
 A faculdade que a lei confere ao particular, de defender os bens jurídicos próprios ou de outrem, deve ser exercida com moderação, dentro dos limites de estrita necessidade. 
 ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO - MÁ COMPREENSÃO DOS LIMITES LEGAIS DA LEGÍTIMA DEFESA - HIPÓTESE NÃO CONFIGURADA. 
 O erro de proibição, seja escusável ou inescusável, só ocorre quando o agente crê sinceramente que sua conduta é jurídica ou socialmente tolerável. 
 RECURSO DESPROVIDO (TJSC - Apelação Criminal n. 2001.025256-2, de Lauro Müller. Relator: Juiz José Carlos Carstens Köhler).
14.4. Erro de tipo – art. 20 do CP
 9.4.1. Conceito: é o erro que incide “sobre situação de fato ou relação jurídica descritas: 
a) como elementares ou circunstâncias de tipo incriminador; 
b) como elementares de tipo permissivo; 
c) como dados acessórios irrelevantes para figura típica.” (CAPEZ).
 14.4.2. Exemplos de erro de tipo 
 a) Erro incidente sobre situação de fato descrita como elementar de tipo incriminador. 
 b) Erro incidente sobre relação jurídica descrita como elementar de tipo incriminador.
 c) Erro incidente sobre situação de fato descrita como elementar de tipo permissivo. 
 d) Erro incidente sobre circunstância de tipo incriminador. 
 e) Erro sobre dado irrelevante.
 14.4.3. Erro de tipo e erros de fato e de direito
 Erro de direito é aquele que incide sobre a equivocada interpretação da norma. 
 Erro de fato é aquele incide exclusivamente sobre uma circunstância fática, sem que haja necessidade de incidência sobre situação jurídica.
 14.4.4. Erro de tipo e delito putativo por erro de tipo 
 Erro de tipo: agente não tem ciência de que está cometendo um delito, mas acaba por praticá-lo. 
 Delito putativo por erro de tipo: agente tem a intenção de praticar um crime, no entanto, em virtude do erro, não sabe que está praticando um irrelevante penal.
 14.4.5. Formas de erro de tipo 
 1ª) Erro de tipo essencial: incide sobre elementares e circunstâncias, impedindo que o agente saiba que está praticando um crime. 
 a) Formas de erro de tipo essencial: invencívelou escusável (não poderia ter sido evitado mesmo com diligência mediana) e vencível ou inescusável (poderia ter sido evitado com diligência mediana). 
 b) Efeitos do erro de tipo essencial: 
 Se recai sobre elementar sempre exclui o dolo, seja evitável ou inevitável. 
 O erro invencível que recai sobre elementar exclui, além do dolo, também a culpa. 
 O erro vencível, recaindo sobre elementar, exclui o dolo, pois todo erro essencial o exclui, mas não a culpa. 
 O erro essencial que recai sobre uma circunstância desconhecida exclui esta.
Jurisprudência
 APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL (ART. 217-A DO CÓDIGO PENAL). SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. 
 PLEITO ABSOLUTÓRIO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. MATERIALIDADE DO FATO E AUTORIA DO DELITO DELINEADAS NOS AUTOS. NO ENTANTO, ERRO DE TIPO ESSENCIAL VENCÍVEL CONFIGURADO. AUSÊNCIA DE CONHECIMENTO ACERCA DA REAL IDADE DA VÍTIMA. OFENDIDA QUE NÃO DISSE AO ACUSADO QUE TINHA 12 ANOS. COMPLEIÇÃO FÍSICA ROBUSTA. DESENVOLTURA ATÍPICA PARA MENINAS DESSA IDADE. TURMA DE AMIGOS MAIS VELHOS. NOTITIA CRIMINIS TRAZIDA PELO CONSELHO TUTELAR. GENITORES DA VÍTIMA QUE SABIAM DA RELAÇÃO SEXUAL E NENHUMA PROVIDÊNCIA LEGAL TOMARAM. ACUSADO COM RECÉM 18 ANOS COMPLETOS, SEM QUALQUER EXPERIÊNCIA SEXUAL. SINGELEZA INCOMUM, COM FALA, JEITO E COMPORTAMENTO TÍPICOS DA ADOLESCÊNCIA. NÃO SATISFAÇÃO DA LASCÍVIA OU BUSCA DE PROVEITO DA MENORIDADE DA VÍTIMA PARA TANTO. AUSÊNCIA DE SEQUELAS PSICOLÓGICAS OU ALTERAÇÃO DE COMPORTAMENTO. OFENDIDA QUE APÓS OS FATOS, FUGIU COM OUTRO RAPAZ PARA O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. AUSÊNCIA DE LESÃO AO BEM JURÍDICO TUTELADO. CONDUTA ATÍPICA. DOLO EXCLUÍDO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO A TÍTULO DE CULPA. SENTENÇA REFORMADA. ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE. 
 RECURSO CONHECIDO E PROVIDO (TJSC - Apelação Criminal n. 2013.057307-7, de Itapiranga. Relator: Des. Leopoldo Augusto Brüggemann).
 APELAÇÕES CRIMINAIS. SENTENÇA CONDENATÓRIA. INSURGÊNCIA DAS DEFESAS. 
 MANUTENÇÃO DE CASA DE PROSTITUIÇÃO (ART. 229, CP). PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO. VIABILIDADE. OFERECIMENTO DE SERVIÇOS SEXUAIS NO ESTABELECIMENTO MANTIDO PELOS RÉUS DEMONSTRADO. EXPLORAÇÃO SEXUAL, TODAVIA, NÃO COMPROVADA. ABSOLVIÇÃO DECRETADA (ART. 386, III, CPP). 
 FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO DE VULNERÁVEL (ART. 218-B, § 2º, II, CP). POSTULADA ABSOLVIÇÃO. ACOLHIMENTO. ADOLESCENTE DE 16 (DEZESSEIS) ANOS E 8 (OITO) MESES DE IDADE. MENOR QUE HAVIA SE ENVOLVIDO COM OS ACUSADOS HÁ CERCA DE 1 (UM) MÊS, QUE NÃO APRESENTOU OS DOCUMENTOS SOLICITADOS E QUE AFIRMOU TER IDADE SUPERIOR. DÚVIDAS DE QUE OS RÉUS TINHAM CONHECIMENTO DE QUE ELA POSSUÍA IDADE INFERIOR A 18 (DEZOITO) ANOS. ERRO DE TIPO ESSENCIAL VENCÍVEL CONFIGURADO (ART. 20, CAPUT, CP). DOLO EXCLUÍDO. CRIME NÃO PUNÍVEL A TÍTULO DE CULPA. CONDUTA ATÍPICA. ABSOLVIÇÃO DECRETADA (ART. 386, VI, CPP). RECURSOS PROVIDOS (TJSC - Apelação Criminal n. 2011.069287-6, de Descanso. Relator: Des. Newton Varella Júnior).
 c) Descriminantes putativas: é a excludente da ilicitude erroneamente imaginada pelo agente. 
 Descriminante putativa por erro de proibição: não há erro sobre a situação de fato, mas sim avaliação equivocada da norma. 
 Descriminante putativa por erro de tipo: agente imagina situação de fato completamente divorciada da realidade, na qual imagina estar albergado por excludente da ilicitude. Incide sobre as elementares de um tipo permissivo. Art. 20, § 1º do CP.
Jurisprudência
 APELAÇÃO CRIMINAL. DISPARO DE ARMA DE FOGO. ART. 15, CAPUT, DA LEI N. 10.826/03. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA NA FORMA RETROATIVA EM RELAÇÃO A UM DOS APELANTES, MENOR DE 21 ANOS NA ÉPOCA DOS FATOS. REDUÇÃO DO PRAZO EM METADE. ART. 115 DO CP. CERCEAMENTO DE DEFESA PELA DISPENSA DE OITIVA UMA TESTEMUNHA DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. AFASTAMENTO. ALEGAÇÃO DE LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA. DESCRIMINANTE NÃO CONFIGURADA. AUSÊNCIA DE ERRO QUANTO À REALIDADE FÁTICA E MEIOS IMODERADOS DE REAÇÃO. TROCA DE TIROS COM A POLÍCIA, ACREDITANDO SE TRATAR DE DESAFETO. CRIME CONSUMADO. CONDENAÇÃO MANTIDA. RECURSO DO CORRÉU DESPROVIDO. 
 Somente age em legítima defesa putativa aquele que supõe, erradamente, estar agindo em legítima defesa ou dentro dos limites legais dessa justificativa (TJSC - Apelação Criminal n. 2010.050784-2, do Tribunal. Relator: Desembargador Ricardo Roesler).
 APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE DISPARO DE ARMA DE FOGO (ART. 15, DA LEI N. 10.826/03). SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. APELO DO MINISTÉRIO PÚBLICO OBJETIVANDO A CONDENAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DISPARO DE ARMA DE FOGO PERPETRADO PELO RÉU NA SUPOSIÇÃO DE QUE HAVIA UM INVASOR NA SUA RESIDÊNCIA. AÇÃO JUSTIFICADA PELAS CIRCUNSTÂNCIAS DO EVENTO. RECONHECIMENTO DE QUE AGIU ACOBERTADO POR UMA DESCRIMINANTE PUTATIVA (LEGÍTIMA DEFESA). APLICAÇÃO DO ARTIGO 20, §1º, DO CÓDIGO PENAL. FUNDAMENTO SUFICIENTE PARA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO (TJSC - Apelação Criminal n. 2009.063884-4, de Bom Retiro. Relator: Des. Newton Varella Júnior).
 2ª - Erro de tipo acidental: incide sobre dados irrelevantes da figura típica, respondendo o agente pelo crime como se não houvesse erro. 
 São cinco as espécies de erro de tipo acidental: 
 a) Erro sobre o objeto: é o erro que incide sobre o objeto material do delito. 
 b) Erro sobre a pessoa: o agente erra a pessoa que quer atingir com sua conduta. Art. 20, § 3º. 
 c) Erro na execução do crime ou aberratio ictus: o erro se dá quanto a execução do crime, por isso também é conhecido como desvio no golpe. Pode ser com unidade simples ou resultado único e com unidade complexa ou resultado duplo. Art. 73 do CP.
 d) Resultado diverso do pretendido ou aberratio criminis: agente quer atingir um bem jurídico, mas por erro na execução atinge bem diverso. Também pode ser com unidade simples ou resultado único e com unidade complexa ou resultado duplo. Art. 74 do CP. 
 e) Erro sobre o nexo causal ou aberratio causae: efetiva-se nas situações em que o agente, supondo já ter consumado o delito, realiza nova conduta, imaginando tratar-se de mero exaurimento, atingindo, nesta segunda conduta, a consumação.
SEMANA 15 - CONCURSO DE PESSOAS
15.1 – Teorias sobre o concurso de pessoas 
15.2 – Requisitos para o concurso de pessoas 
15.3 – Autoria 
15.4 – Autoria mediata 
15.5 – Autoria colateral 
15.6 – Coautoria 
15.7 – Participação em sentido estrito 
15.8 – Concurso de pessoas em crimes culposos e em crimes omissivos 
15.9 – Punibilidade no concurso de pessoas 
15.10 – Circunstâncias incomunicáveis
15.1 – Teorias sobre o concurso de pessoas
 15.1.1. Pluralística: a participação é tratada como autoria ou crime autônomo. 
 15.1.2. Dualística: há uma distinção entre a participação primária e uma secundária, punida com menor rigor. 
 15.1.3. Monística (unitária ou igualitária): não faz qualquer distinção entre autor, coautor e partícipe, pois todos que concorrem para o crime são autores dele. CP adota de forma preponderante esta teoria. 
15.2 – Requisitos para o concurso de pessoas
 15.2.1. pluralidade de pessoas e condutas; 
 15.2.2. relevância causal de cada conduta; 
 15.2.3. vínculo subjetivo entre os participantes; 
 15.2.4. identidade de infração penal. 
15.3 – Autoria
 15.3.1. Conceito extensivo de autor: baseia-se na teoria da conditio sine qua non, considerando-se autor aquele que concorre de qualquer modo para o resultado. Não há diferença entre coautoria e participação. 
 15.3.2. Conceito restritivo objetivo-formal de autor: autor é aquele que realiza ação típica (ou alguns de seus elementos), sendo que a participação está subsumida no tipo penal.
 a) Teoria objetivo-formal – autor é quem realiza o núcleo do tipo penal, sendo partícipe aquele que presta ajuda causalmente para o fato. 
 b) Teoria objetivo-material – considera de maior gravidade a autoria, em razão da relevância da contribuição do autor em relação ao partícipe 
 15.3.3. Teoria do domínio do fato: Parte do conceito restritivo de autor, mas procura abordar também os aspectos subjetivos. 
 Autor é todo aquele que tem o domínio do fato, ainda

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