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Material Didático AULA 11 Gastropatias Manifestações das Doenças do Aparelho Digestório 1 Prof.ª Liliane Martins Roteiro: • Anatomia e Fisiologia • Úlcera péptica gastroduodenal aguda e crônica • Gastrite aguda e crônica • Câncer gástrico 2 Anatomia: 3 FUNDO CORPO ANTRO Fisiologia • O estômago tem sobretudo uma função mecânica • Faz o armazenamento dos alimentos • Através de movimentos peristálticos mistura e transforma os alimentos em pequenas partículas que irão facilitar a digestão. 4 Fisiologia • 2/3 superiores do estômago – células parietais e células principais Células parietais - ácido clorídrico e fator intrínseco Células principais – pepsinogênio • 1/3 inferior – células do antro - Gastrina 5 Fisiologia 6 Secreção de Gastrina Secreção de ácido clorídrico ↓ Ph do estômago Ativação do pepsinogênio à pepsina Células Parietais Células G Fator Intrínseco Absorção da Vit. B12 Mucina Proteção Gastrite • Inflamação aguda ou crônica da mucosa que reveste as paredes internas do estômago; • Desequilíbrio entre os fatores que agridem a mucosa e os que protegem (barreira mucosa); • Causas: - Infecção por Helicobacter pylori - Uso prolongado de ácido acetilsalicílico e de antiinflamatórios - Consumo de bebidas alcoólicas - Gastrite auto-imune - Estresse 7 Gastrite Sintomas: • Epigastralgia • Pirose • Anorexia • Náuseas • Vômitos • Perda de peso 8 Gastrite Diagnóstico • Avaliação clínica; • EDA; • Biópsia. Tratamento • Relacionado à causa; • Combate à Helicobacter pylori; • Uso de IBP; • Antagonistas do receptor H2; • Alterações comportamentais. 9 Úlcera péptica • Afecção orgânica com prevalência em declínio; • É uma lesão, de evolução crônica que pode comprometer as diversas camadas do estômago ou do duodeno; • Homens e mulheres geralmente em faixa etária de intensa atividade laboral. 10 Úlcera Péptica • Etiopatogenia: 1. Úlcera infecciosa por Helicobacter pylori - 90% a 95% das úlceras duodenais e 70% a 80% das úlceras gástricas - A infecção da mucosa gástrica pelo HP ocorre em mais da metade da população mundial - a maioria sem sintomas Apenas 10% a 20% dos indivíduos com gastrite por HP irão desenvolver úlcera péptica no decorrer de suas vidas. 11 Úlcera Péptica • Etiopatogenia da Úlcera infecciosa por Helicobacter pylori - A inflamação da mucosa do antro pelo HP provoca lesão das células D - ↓ da produção de somatostatina - ↑ da quantidade de gastrina - ↑ do estimulo da produção de ácido pelas células parietais localizadas no corpo gástrico. - As células parietais podem aumentar de número, devido ao efeito trófico da gastrina, potencializando os estímulos para maior produção de ácido 12 Úlcera Péptica • Etiopatogenia da Úlcera infecciosa por Helicobacter pylori - Maior quantidade de ácido e pepsina passa do estômago para a primeira porção do duodeno que, desenvolve ilhas de metaplasia gástrica; - As células do epitélio gástrico metaplásico, localizadas no bulbo duodenal, são contaminadas pelas bactérias provenientes do estômago e sofrem inflamação. 13 Úlcera Péptica • Etiopatogenia: 2. Úlcera iatrogênica por antiinflamatórios Responsáveis por mais de 10% das úlceras pépticas 3. Úlcera péptica por causas raras Moléstias, como síndrome de Zollinger - Ellinson, mastocitose sistêmica, Doença de Chron, sífilis e citomegalovírus em pacientes imunodeprimidos 14 Úlcera Péptica 4. Úlcera péptica idiopática - Nos últimos anos vem sendo registrado um aumento nos casos de úlcera péptica de causa desconhecida. - Na Escócia, McColl e cols. estudaram seis pacientes com úlcera péptica idiopática, mostrando que a única anormalidade comum nesses casos era o esvaziamento gástrico acelerado. 15 Úlcera Péptica 4. Úlcera péptica idiopática - Nos Estados Unidos, publicações mostraram que mais de 20% das úlceras pépticas estudadas nos últimos anos são de causa desconhecida, estando muito bem documentadas a ausência de infecção por HP, a ausência de ingestão de Álcool. - Pesquisas sobre influência de estresse, cigarro e outros agentes agressivos do meio ambiente já são documentadas. 16 Úlcera Péptica Sintomas: • Pode ser assintomática em cerca de 25% dos casos. Muitas vezes sua primeira manifestação ocorre através de um episódio de hemorragia ou de perfuração • Epigastralgia (dor que melhora após a alimentação na úlcera duodenal e piora na úlcera gástrica) • Demais sintomas presentes na gastrite • Sialorréia 17 Úlcera Péptica Complicações: • Perfuração e obstrução pilórica • Hemorragias digestivas Diagnóstico • Avaliação clínica; • EDA; • Biópsia; • Pesquisa do HP. Tratamento – semelhante ao da gastrite (atenção as complicações) 18 Gastrite e Úlcera Péptica Objetivos da Dietoterapia • Recuperar e proteger a mucosa gastrointestinal; • Facilitar a digestão; • Aliviar a dor; • Promover um bom estado nutricional; 19 Gastrite e Úlcera Péptica Recomendações: Valor calórico = estado nutricional; Dieta normoproteica, normoglicídica e normolipídica; Suspensão da bebida alcoólica, fumo; Evitar o uso de refrigerantes; 20 Gastrite e Úlcera Péptica Recomendações: Evitar o uso de condimentos fortes e pimenta; Evitar café, chocolate e chás pretos e mate; Evitar frituras e doces; Evitar refeições volumosas; 21 Gastrite e Úlcera Péptica Recomendações: Fracionamento das refeições; Mastigação; Uso de w3, w6 e antioxidantes; Atenção aos casos de HDA e melena. 22 Câncer Gástrico • Três tipos: adenocarcinoma (95% dos tumores), linfoma (3% dos casos) e leiomiossarcoma • Homens – 70 anos • No Brasil - 3º entre os homens e 6º entre as mulheres 23 Estimativa de novos casos: 20.520, sendo 12.920 homens e 7.600 mulheres (2016) segundo o INCA Número de mortes: 12.788, sendo 8.467 homens e 4.321 mulheres (2009) Câncer Gástrico • Prevenção • Dieta balanceada, composta de vegetais crus, frutas cítricas e alimentos ricos em fibras, desde a infância. • Ácido ascórbico e betacaroteno - evitam que os nitritos se transformem em nitrosaminas. • Combate ao tabagismo e a diminuição da ingestão de bebidas alcoólicas. 24 Câncer Gástrico • Fatores de risco: • Alimentação pobre em carnes e peixes e nas vitaminas A e C, ou ainda alto consumo de alimentos defumados, enlatados, com corantes ou conservados em sal • Ingestão de água proveniente de poços com alta concentração de nitrato 25 Câncer Gástrico • Fatores de risco: • Anemia perniciosa, lesões precancerosas (como gastrite atrófica e metaplasia intestinal), e infecções pela bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) • Fumantes que ingerem bebidas alcoólicas ou que já tenham sido submetidas a operações no estômago • História familiar 26 Câncer Gástrico • Diagnóstico • EDA • Estudos citológicos • Diagnósticoprecoce - chances de cura 27 Câncer Gástrico • Tratamento • Gastrectomia total ou parcial - considerar a localização, tamanho, padrão e extensão da disseminação e tipo histológico do tumor • Quimioterapia • Radioterapia 28 Tratamentos secundários Gastrectomia • A gastrectomia total é a retirada completa do estômago por tumores de corpo, fundo ou cárdia. • A gastrectomia consiste da ressecção do tumor, com reconstrução imediata do trânsito intestinal, ligando o intestino à parte restante do estômago (gastrectomia parcial) ou ao esôfago (gastrectomia total). 29 30 • Às vezes há invasão direta de fígado, pâncreas e baço ou de outros órgãos ao redor do estômago. • Neste caso é possível retirar a parte acometida destes órgãos junto com o estômago. Os gânglios linfáticos ao redor do estômago também podem ter que ser removidos. Esta cirurgia chama-se linfadenectomia. • A cirurgia evita complicações como sangramentos ou obstrução à passagem de alimentos, permitindo melhor qualidade de vida ao paciente. Planejamento Dietoterápico • Objetivos • Prevenção ou reversão do declínio do estado nutricional • Evitar a progressão para um quadro de caquexia • Minimizar os sintomas provenientes do tratamento • Garantir melhor qualidade de vida ao paciente A TN deve seguir critérios que visem a individualidade do paciente, seu estado nutricional, estágio da doença, efeitos do tratamento e sua função gastrointestinal. 31 Instituto Nacional do Câncer Planejamento Dietoterápico • Características da dieta • Hipercalórica e hiperprotéica • Atenção à via – jejunostomia • Terapia nutricional perioperatória 32 Considerações • A atrofia gástrica (estágio final da evolução da gastrite crônica) e a anemia perniciosa são considerados fatores etiológicos do Câncer gástrico. • Com relação aos fatores exógenos, podemos destacar o uso abusivo de dieta pobre em fibras que é considerado fator de risco para o quadro de Câncer gástrico. 33 34 • Sabe-se que em 80% dos estômagos com câncer já evidenciou-se a gastrite crônica atrófica. • Com relação a outros fatores de risco, preferencialmente nutricionais, nesta enfermidade pode-se apontar a dieta pobre em frutas, verduras e legumes. 35 • A gastrite e as úlceras pépticas podem resultar de rupturas da integridade da mucosa do estômago devido a anormalidades infecciosas, químicas e neurais. • Qual o tratamento nutricional para Úlcera Duodenal? • O tratamento nutricional da úlcera duodenal é dieta: Normocalórica (de acordo com o estado nutricional), normoprotéica (evitando os concentrados proteicos à noite), normolipídica e normoglicídica, rica em fibras, com controle dos alimentos estimulantes, condimentos fortes e leite. 36 • A hipocloridria gástrica afeta grande parte da população idosa e deve ser considerada na atenção nutricional ao idoso. Tal condição poderá causar má absorção de alguns nutrientes levando a condições patológicas. • Neste caso, um nutriente que tem sua absorção afetada pela hipocloridria é a Vitamina B12 que tem como possível consequência a anemia perniciosa. 37 Paciente S.R., sexo masculino, 59 anos, estatura 1,63 m, peso atual 65 Kg, aposentado, foi atendido no ambulatório de Nutrição do Hospital X. História da Doença Atual: Paciente há um ano apresenta queixa de disfagia. Refere ter reduzido os alimentos e ter alterado a consistência dos mesmos. Nos últimos exames foi constatado uma úlcera gástrica, pela endoscopia. Apresente o tratamento nutricional. 38 Alimentação normal, balanceada de acordo com os hábitos; Intervalos constantes; Volume normal, evitando volumes excessivos; Boa mastigação; Desmistificar o medo do uso de alimentos fibrosos, estimulando a usá-los liberalmente: > consumo frutas (evitar as cascas), vegetais e fibras. 39 Evitar alimentos que produzem manifestações dispépticas - pH alimento. Restrições: álcool - cafeína - condimentos (Ex: pimentas malagueta, caiena e preta) - concentrados proteicos, principalmente à noite. Açafrão e probióticos - < adesão HP. Controle lipídico, > n3 e n6 (estudos conflitantes). Desmistificar o emprego de leite como antiácido. Monitorizar o estado nutricional. 40 • Sr. P.R.S tem câncer gástrico, com significativa perda ponderal recente e com quadro de disfagia para sólidos e líquidos. Neste caso, que tipo de dieta ele deve receber? • R= Terapia de Nutrição Enteral. http://www.inca.gov.br/inca/Arquivos/publicacoes/Consenso_Nutricao_internet.pdf 41 42 • Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica; Organizador(es): Dan L. Waitzberg; Ed. Atheneu, 2009 • Nutrição clínica – Estudos de casos Comentados; Organizador(es): Rita de Cássia de Aquino & Sonia Tucunduva Phillippi Selo Editorial: Editora Manole Ltda., 2009 • Artigo Original: Estudo comparativo de indicadores Nutricionais em pacientes com Neoplasias do Trato Digestório. Vânia Aparecida LEANDRO-MERHI, Ana Paula TRISTÃO, Maria Clara MORETTO, Natália Maria FUGULIN, Kátia Cristina PORTERO-McLELLAN, José Luiz Braga de AQUINO. ABCD Arq Bras Cir Dig Artigo Original 2008;21(3):114-9
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