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Material Didático: Aula – 11 Planejamento Dietético em Pediatria Prof.ª. Liliane Martins Plano de Aula • 1- Cálculo para a determinação do valor energético na dieta infantil, de crianças saudáveis. O valor do VET é obtido com base nas recomendações vigentes de calorias de acordo com a FAO/OMS (2004) utilizando-se preferencialmente peso atual do lactente / criança. Os valores em lactentes variam conforme o tipo de aleitamento: materno, artificial ou misto. Considerar em crianças maiores as variações em função da atividade física (fatores de correção segundo o nível de atividade física NAF) por faixa etária e tipo de atividade desenvolvida. Distribuição ideal dos macronutrientes de acordo com a faixa etária. • 2- Determinação do valor protéico na dieta infantil. O valor estimado de proteína é obtido com base no nível seguro de ingestão g/kg de acordo com a FAO/OMS (2007) utilizando-se preferencialmente o peso atual do lactente / criança. • 3 – Micronutrientes e Fibras na Dieta Infantil. • Apresentar as IDR de micronutrientes segundo a faixa etária, proposto pela IOM, utilizado na prática clínica de crianças saudáveis. • Especial atenção para os micronutrientes cuja biodisponibilidade dependa de fatores dietéticos como o cálcio, ferro, zinco, e as vitaminas A e C. • A oferta variada de hortaliças e frutas contribui para o atendimento às necessidades diárias de fibras, onde os valores são recomendados pela IOM (2005) a partir de 1 ano. Requerimento Energético para Lactentes, segundo a idade – FAO, 2004 Idade (meses) Kcal/kg/dia meninos Kcal/kg/dia meninas 0-1 113 107 1-2 104 101 2-3 95 94 3-4 82 84 4-5 81 83 5-6 81 82 6-7 79 78 7-8 79 78 8-9 79 78 9-10 80 79 10-11 80 79 11-12 81 79 Requerimentos energéticos para pré-escolares e escolares, segundo idade e atividade física – FAO, 2004 Idade atividade meninos atividade meninas anos kcal/kg/dia kcal/kg/dia leve moderada intensa leve moderada intensa 1-2 82 80 2-3 84 81 3-4 80 77 4-5 77 74 5-6 75 72 6-7 62 73 84 59 69 80 7-8 60 71 81 57 67 77 8-9 59 69 79 54 64 73 9-10 56 67 76 52 61 70 Níveis seguros de ingestão protéica para lactentes desmamados e crianças até 10 anos de idade ambos os sexos – FAO 2007 IDADE (ANOS) CONSUMO SEGURO DE PT (g/Kg/dia) 0,5 1,31 1 1,14 1,5 1,03 2 0,97 3 0,90 4 – 6 0,87 7 – 10 0,92 Distribuição percentual dos macronutrientes em relação ao VET da dieta – IOM, 2005 Faixas aceitáveis de distribuição dos macronutrientes em relação ao VET da dieta. Idade (anos) % Proteína % Gordura % Carboidrato 1-3 5 - 20 30 - 40 45 - 65 > 4 10 - 30 25 - 35 45 - 65 Exercício para Fixar Calcule a Necessidade de Energia e a Quantidade de Proteína/dia das seguintes crianças abaixo, todos estão localizados no percentil 50 da curva de crescimento. a) M.B.C, sexo masculino, 8 – 9 meses, 9 kg b) C.T.A, sexo feminino, 6 – 7 meses, 7,5 kg c) P.C.S, sexo masculino, 7 – 8 anos, 24,1 kg d) K.B.M, sexo feminino, 6 - 7 anos, 20,7 kg VET= Peso (kg) x recomendação de energia (Kcal/kg/dia) Ingestão de PT= peso (Kg) x recomendação de PT(g/kg/dia) Micronutrientes na dieta Infantil • Ver quadro nº5 – IDR de micronutrientes, segundo faixa etária, proposta pelo IOM, utilizada na prática clínica no planejamento dietético para população sadia. (ref. Biblog. 1). • A ingestão de outros nutrientes denominados elementos-traço, com valores dietéticos de referência estabelecidos (cobre, manganês, cromo, selênio), é satisfatória em regimes alimentares equilibrados com relação à seleção de alimentos e oferta de outros micronutrientes, tendo em vista que outros fatores dietéticos podem interferir na biodisponibilidade destes minerais. • Ver quadro nº 6 – (Ref. Bibliog. 1) .Teor de alguns micronutrientes em alimentos de uso habitual, em porções médias para consumo infantil como forma de nortear a seleção de fontes alimentares para atender necessidades específicas de nutrientes e para o balanceamento geral da alimentação. Fibras na dieta Infantil • São importantes componentes na alimentação; • Não recebem a devida atenção no planejamento dietético para o grupo infantil devido ao temor das mães com relação a oferta de alimentos ricos em fibras em crianças mais jovens; • A oferta variada de frutas hortaliças, entre estas os vegetais folhosos, contribui para o atendimento às necessidades diárias de fibras. Ingestão diária recomendada de fibras para crianças • Valores recomendados pelo IOM, 2005 para ingestão de fibras a partir de 1 ano de idade. IDADE (ANOS) FIBRAS (g/dia) 1-3 19,0 4-8 25,0 Considerações Finais A estimativa de consumo energético e de nutrientes, se o caso indicar, assim como o cálculo da dieta a ser prescrito, devem ser rotina em situações de maior risco nutricional : lactentes, crianças desnutridas, obesas, com distúrbios metabólicos nutricionais. Para as demais situações, a correção de erros dietéticos identificados na história alimentar atual e a orientação qualitativa quanto à seleção, combinação e distribuição horária dos alimentos, conforme o caso, atendem às expectativas. Cuidado na seleção dos alimentos e na adequação da consistência e volume, visto tratar-se de grupo populacional de alta demanda nutricional por unidade de peso corporal, porém de reduzida capacidade digestiva em relação ao adulto. Em situações em que seja necessário o controle mais rigoroso da ingestão de macro e micronutrientes, as tabelas de composição de alimentos disponíveis no mercado serão uma ferramenta imprescindível. Requerimentos Nutricionais na Infância • Terapia Nutricional – TN é o conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio da nutrição parenteral, enteral ou oral. • Requerimento Calórico: as necessidades calóricas na criança sadia são estimadas por um conjunto de requerimentos associados para atender a todas as demandas de necessidades metabólicas basais, atividade e crescimento específico para cada faixa etária. Taxa calórica para lactentes – OMS Manual das Necessidades Nutricionais Humanas. São Paulo, Atheneu, 2004. MESES Kcal/Kg/dia < 3 120 3 a 5 115 6 a 8 110 9 a 11 105 Média no 1º ano 112 Taxa calórica para Crianças de 1 a 10 anos FAO/ OMS - 1985 ANOS INCOMPLETOS SEXO MASCULINO Kcal/ kg/ dia SEXO FEMININO Kcal / kg / dia 1 a 2 104 108 2 a 3 104 102 3 a 4 99 95 4 a 5 95 92 5 a 6 92 88 6 a 7 88 83 7 a 8 83 76 8 a 9 77 69 9 a 10 72 62 Taxa metabólica Basal • Representa aproximadamente 50% do total da necessidade calórica da criança. Para se obter o requerimento mínimo total (RMCT), deve-se adicionar o fator injúria à taxa metabólica basal (TMB). • Alguns fatores influenciam a TMB reduzindo as necessidades energéticas como: Estado Nutricional – em pacientes desnutridos, o metabolismo está cerca de 50% mais baixo; Sono – durante o sono a TMB cai cerca de 10% Tônus muscular (sedação e uso de bloqueador neuromuscular): quanto mais relaxado o músculo,menor a TMB. Fator Injúria ou Fator Estresse • Essa condição inclui as situações que aumentam a demanda metabólica. Os principais fatores de estresse são as doenças de base e suas complicações. Aumento no gasto energético (GE) com o estresse – Lopez et al., Gracia CM et al.; Knobel E et al., Waitzberg e Dias, 2002 Condição Aumento no GE % SRIS 50 = 1,5 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 15 A 25 = 1,15 – 1,25 PEQUENA CIRURGIA < 10 = 1,15 - 1,25 GRANDE CIRURGIA 20 A 30 = 1 – 1,1 QUEIMADURA ATÉ 20% ATÉ 50 = 1,1 – 1,5 QUEIMADURA ATÉ 30 A 50% 70 = 1,7 QUEIADURA ATÉ 50 A 70% 80 = 1,8 QUEIMADURA > 70% 100 = 2 FRATURA 20 = 1,2 MULTI FRATURA/REABILITAÇÃO 50 = 1,5 MULTI FRATURA / SEPSE 60 = 1,6 POLITRAUMATIZADO 40 A 50 = 1,4 – 1,5 TRAUMA DE CRÂNIO 20 A 40 = 1,2 – 1,4 Condição Aumento no GE % INFECÇÃO LEVE 10 A 20 = 1,1 – 1,2 INFECÇÃO MODERADA 20 A 40 = 1,2 – 1,4 INFECÇÃO GRAVE 40 A 80 = 1,4 – 1,8 PERITONITE 40 = 1,4 SEPSE 30 = 1,3 SEPSE GRAVE 40 A 50 = 1,4 – 1,5 BRONCODISPLASIA 15 A 25 = 1,15 – 1,25 INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA 30 = 1,3 INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA 30 A 55 = 1,3 – 1,55 TRANSP. DE MEDULA ÓSSEA 20 A 30 = 1,2 – 1,3 CÂNCER 10 A 50 = 1,15 – 1,5 PÓS OPERATÓRIO DE CÂNCER 10 = 1,1 JEJUM E INANIÇÃO < 10 = 0,85 – 1,1 * 15 A 25 = Percentual adicionado a TMB e 1,15 – 1,25 = multiplicar pela TMB Atividade / Crescimento • Os outros 50% das necessidades calóricas são gastos com a atividade física e com o crescimento, que geralmente está abolido durante os períodos de instabilidade hemodinâmica. • Vale lembrar que, nos pacientes em coma ou sedados, a atividade física também está diminuída. CONSIDERAÇÕES • A Academia Americana de Pediatria recomenda que os lactentes recebam o aporte de 3% da energia total da dieta como ácido linoléico. A quantidade aumentada deste nutriente pode aumentar a peroxidação celular e os requerimentos de VIT. E • Durante o período de estirão do crescimento, mais do que em outras fases, necessitamos de alguns minerais em quantidades dobradas. Considerando esta afirmativa devemos implementar a reposição de Cálcio, ferro, zinco, magnésio. • De acordo com a Ingestão Dietética de Referência (DRI), a recomendação de distribuição de macronutrientes em crianças de 1 a 3 anos de idade é de 45 - 65% de carboidrato, 5 -20% de proteína e 30- 40% de lipídio. Exercício para Fixar • Ver Anexos: Pirâmide Alimentar Infantil para menores de 2 anos. • Realizar leitura de artigo anexo: Pirâmide Alimentar para crianças de 2 a 3 anos (Ver. Nutr. Vol. 16 nº 1 Campinas Jan/Mar. 2003) • Estudo de caso com crianças menores de 2 anos saudáveis. Trabalho em grupo. Referências Bibliográficas • LEITURA RECOMENDADA 1- ACCIOLY, E; SAUNDERS, C; LACERDA, E. Nutrição em obstetrícia e pediatria, 2ª edição, Rio de Janeiro: Cultura Médica: Guanabara Koogan, 2009. Cap. 17; pág. 273-278. 2- WEFFORT, V.R.S & LA MOUNIER, JA. Nutrição em pediatria: da neonatologia à adolescência. São Paulo: Manole, 2009. Parte 4 Terapia Nutricional em Pediatria: Requerimentos Nutricionais na Infância; pág. 219-230.
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