Buscar

ALIENACAO PARENTAL tcc

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
Cristiane Willms Hack 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2011 
 2 
 
Cristiane Willms Hack 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Direito da Faculdade de Ciências 
Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como 
requisito parcial para a obtenção de grau de 
Bacharel. 
Orientador: Dr. Eduardo de Oliveira Leite 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2011 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2011 
 4 
TERMO DE APROVAÇÃO 
Cristiane Willms Hack 
 
 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 
 
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção de grau de Bacharel em Direito no Curso de 
Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná. 
 
 
Curitiba, ___ de __________ de 2011. 
 
 
 
___________________________ 
Eduardo de Oliveira Leite 
Coordenador do Núcleo de Monografia 
 
 
 
 
 
 
Orientador:: ______________________________ 
 Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite 
 
 
 
Examinador 1: _____________________________ 
 Prof(a). Dr(a). 
 
 
 
Examinador 2: _____________________________ 
 Prof(a). Dr(a). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço a meu marido Gilberto 
e minha filha Gabriela por 
compreenderem as muitas 
horas de ausência e a 
importância que este momento 
representa para mim. Agradeço 
também ao Professor e 
Orientador Dr. Eduardo de 
Oliveira Leite pela paciência e 
presteza a mim dispensadas. 
 6 
RESUMO 
 
O objetivo deste trabalho é demonstrar que a Alienação Parental consiste em uma 
forma grave de abuso cometido contra o menor, que precisa ser prevenida e 
combatida com rigor. Pretende também demonstrar as conseqüências nefastas 
desta prática, que atinge todos os envolvidos, mas principalmente os menores que 
tem seu desenvolvimento psicológico totalmente prejudicado. Discute algumas 
questões referentes à lei nº 12.318/2010, que veio com a importante missão de 
facilitar a compreensão e a identificação da Alienação Parental e impor medidas de 
prevenção e combate a esta prática. Como fonte utiliza basicamente a pesquisa 
bibliográfica. Este estudo mostra-se relevante à medida que esclarece a 
necessidade de se reconhecer a Alienação Parental, a fim de possibilitar a adoção 
de medidas adequadas quando diante de um caso dessa natureza. 
 
 
Palavras chave: Alienação Parental, falsas memórias, vínculo afetivo, convivência 
familiar. 
 
 7 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8 
1 DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL ............................... 9 
1.1 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA ..................................... 10 
1.2 GUARDA .......................................................................................................... 12 
2.3 COMPARAÇÃO ENTRE A GUARDA UNILATERAL E A COMPARTILHADA .. 13 
2 ALIENAÇÃO PARENTAL...................................................................................... 15 
2.1 DEFINIÇÃO ..................................................................................................... 15 
2.2 DIFERENÇA ENTRE SAP E ALIENAÇÃO PARENTAL ................................... 18 
2.3 EFEITOS COMUNS ......................................................................................... 19 
3 IDENTIFICAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL .................................................. 22 
3.1 FALSA ACUSAÇÃO DE ABUSO SEXUAL ....................................................... 24 
3.2 IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS ....................................................... 26 
3.3 DIFERENÇAS ENTRE O REAL E O FALSO ABUSO ....................................... 28 
4 A PERÍCIA NAS VARAS DE FAMÍLIA ................................................................. 30 
4.1 PAPEL DO PSICÓLOGO ................................................................................. 30 
4.2 PAPEL RELATIVO DOS LAUDOS ................................................................... 31 
4.3 PODER DISCRICIONÁRIO DO JUIZ ............................................................... 33 
5 MEDIDAS DE PROTEÇÃO E EFETIVIDADE ........................................................ 35 
5.1 MEDIDAS PREVISTAS NA LEI N° 12.318/2010............................................... 35 
5.2 VISITA MONITORADA ..................................................................................... 37 
5.3 RELATO DE CASOS ........................................................................................ 38 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 42 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
INTRODUÇÃO 
 
 
A Alienação Parental geralmente tem início com a separação do casal, 
quando um dos cônjuges, por não conseguir superar o sentimento de abandono, 
rejeição, traição, passa a sentir uma imensa necessidade de vingança contra o 
outro, utilizando para isso, os filhos. O cônjuge ressentido passa a plantar nas 
crianças um sentimento de ódio pelo outro, a fim de destruir o vínculo afetivo 
existente entre ambos. Para atingir seu objetivo o alienador utiliza-se de diversos 
artifícios que vão desde a colocação de obstáculos às visitas até a implantação de 
falsas memórias e a falsa acusação de abuso sexual. 
A Alienação Parental não é um fenômeno recente, na verdade, essa prática 
sempre ocorreu, mas devido ao aumento do numero de separações e divórcios, tem 
se tornado cada vez mais evidente. Mas apesar desta prática estar cada vez mais 
presente no nosso cotidiano, muito pouco ainda se sabe sobre ela. E foi por isso 
que, recentemente, foi publicada a lei n° 12.318/2010, para facilitar a compreensão 
desse assunto e garantir que o menor tenha preservada sua integridade física e 
psicológica e seu direito de convivência familiar. 
Veremos que a maior dificuldade está em se apurar se o caso é realmente 
de Alienação Parental, principalmente quando este envolve denúncia de abuso 
sexual, e de se fazer essa averiguação em tempo hábil, a fim de evitar que o 
alienador alcance o seu intento de destruir os laços afetivos entre o filho e o genitor 
alienado. 
Neste breve estudo pretendemos demonstrar a gravidade das conseqüências 
dessa prática e a necessidade de inibi-la, para impedir que pais e filhos sejam 
injustamente privados do seu direito à continuidade de convivência. 
 9 
1 DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL 
 
A Alienação Parental geralmente tem início com a ruptura da relação 
conjugal, quando os pais passam a disputar na justiça a guarda dos filhos e para 
consegui-la fazem uma campanha de desmoralização do outro cônjuge. 
Antes de iniciarmos o assunto vejamos a diferença entre sociedade e vínculo 
conjugal. Para Paulo Nader o vínculo conjugal “é a relação jurídica que se instaura 
entre os cônjuges, enquanto a sociedade é o compromisso de comunhão de vida.” 
Portanto, a dissolução do vínculo conjugal extingue a sociedade conjugal, mas a 
extinção da sociedade conjugal não extingue o vínculo, que só é extinto pela morte 
ou divórcio.1Inicialmente a legislação brasileira não previa nenhuma hipótese de 
dissolução do casamento, essa situação permaneceu até que o Código Civil de 1916 
trouxe a possibilidade do desquite e posteriormente, em 1977, a Lei nº 6.515 passou 
a admitir o divórcio. 
A separação pode se dar de forma consensual ou litigiosa, mas 
independente de como a separação ocorra é certo que todos os membros da família 
terão suas vidas transformadas, conforme observa Mônica Guazelli: 
 
Quando o vínculo conjugal se desfaz, necessariamente, todos os membros 
da família precisarão se adaptar a uma situação nova e inédita em suas 
vidas, e terão de viver dentro de um novo formato e esquema familiar. 
Essas transformações e mudanças na vida de cada um implicam perdas e, 
mesmo que em médio prazo venham se mostrar benéficas, quase sempre 
são rejeitadas num primeiro momento.
2
 
 
 
1
 Nader, Paulo. Curso de Direito Civil – Direito de Família, Vol. 5, p. 197. 
2
 Guazelli, Mônica. A Falsa Denúncia de Abuso Sexual. In: Dias, Maria Berenice. Incesto e alienação 
Parental, p. 37. 
 10 
Quando a separação ocorre de forma consensual, há menos trauma aos 
filhos, pois há maior probabilidade de se chegar a um acordo principalmente nas 
questões referentes à guarda dos filhos menores. Por outro lado, quando se dá por 
litígio, por existir muita mágoa e ressentimento entre os ex-cônjuges, o sofrimento 
causado aos filhos é muito maior, pois estes são obrigados a assistir a guerra 
travada pelos pais, e muitas vezes são utilizados por eles para ferir o outro. 
 
Muitas vezes, porém, além dos normais “problemas” decorrentes de uma 
separação, os adultos não conseguem diferenciar seu papel de 
companheiros/cônjuges do papel parental. Nesse caso as dificuldades são 
ainda mais graves, porque os litigantes fazem o rompimento ser ainda mais 
destrutivo, a si e ao grupo, e usam de todas as armas possíveis para ir 
contra o “ex”. Não é raro que nessas situações os filhos sejam as vítimas 
das manipulações de um dos separandos com o fito de atingir o outro 
cônjuge/companheiro.
3
 
 
A prática da alienação parental pode ocorrer ainda durante o período de vida 
em comum, porém ela se intensifica a partir da separação do casal, quando o fim do 
sonho de amor eterno dá lugar à raiva e ao desejo de vingança contra o outro. 
 
1.1 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA 
 
A relação entre pais e filhos não pode ser abalada pela separação do casal. 
A convivência entre pais e filhos tem que permanecer mesmo que estes passem a 
não viver mais sob o mesmo teto. 
Para assegurar este e outros direitos dos menores foi adotado pelo 
ordenamento jurídico brasileiro o princípio do melhor interesse da criança, que 
fundamenta-se essencialmente no artigo 227 da Constituição Brasileira e na 
Convenção Internacional dos Direitos da Criança, em seu artigo 3.1. Esse princípio 
também está previsto nos artigos 4º e 6º do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
3
 Guazelli, Mônica. Obra citada, p. 37-38 
 11 
Para Paulo Lobo, o princípio do melhor interesse da criança significa que: 
 
...a criança – incluído o adolescente, segundo a Convenção Internacional 
dos Direitos da Criança – deve ter seus interesses tratados com prioridade, 
pelo Estado, pela sociedade e pela família, tanto na elaboração quanto na 
aplicação dos direitos que lhe digam respeito, notadamente nas relações 
familiares, como pessoa em desenvolvimento e dotada de dignidade.
4
 
 
O princípio do melhor interesse da criança veio para garantir que 
prevaleçam os interesses dos filhos sobre os dos pais, ou seja, deixa-se de lado a 
disputa dos pais, para adotar as medidas que mais beneficiarem a criança. Os filhos 
deixam de ser considerados como meros objetos de uma disputa e passam a ser 
tratados como sujeitos de direitos que merecem ter respeitada a sua dignidade e o 
direito a convivência familiar. 
 
O Estado, no seu próprio interesse (num primeiro momento) e no interesse 
da família, propriamente dita, interfere, via Judiciário, na expectativa de 
contornar ou tornar menos dolorosas as situações de crise. E esta 
intervenção é necessária, sempre que o interesse maior dos filhos está em 
jogo.
5
 
 
Há uma inversão dos interesses protegidos. Mais do que discutir a guarda 
dos filhos, discute-se o seu direito à continuidade de convivência ou de contato com 
os pais, ou, como afirma Paulo Lobo “Os pais preservam os respectivos poderes 
familiares em relação aos filhos, com a separação, e os filhos preservam o direito de 
acesso a eles e ao compartilhamento recíproco de sua formação.” 6 
Paulo Lobo salienta que este princípio “não é uma recomendação ética, mas 
diretriz determinante nas relações da criança e do adolescente com seus pais, com 
suas famílias, com a sociedade e com o Estado.” 7 
 
 
4
 Lobo, Paulo. Famílias, p.53. 
5
 Leite, Eduardo de Oliveira. Famílias Monoparentais. p. 186. 
6
 Lobo, Paulo. Idem, p. 169. 
7
 Lobo, Paulo. Idem, p. 55. 
 12 
1.2 GUARDA 
 
 
Segundo Paulo Lobo “a guarda consiste na atribuição a um dos pais 
separados ou a ambos dos encargos de cuidado, proteção, zelo e custódia do filho. 
Quando é exercida por um dos pais, diz-se unilateral ou exclusiva; quando por 
ambos, compartilhada.” 8 
Após a separação do casal inicia-se a disputa pela guarda dos filhos 
menores que, como já vimos pode ser atribuída a apenas um dos pais ou aos dois. A 
guarda é regulada pelo Código Civil Brasileiro nos artigos 1583 e 1584. 
 O ideal é que a guarda seja definida por um acordo dos pais, mas se isso 
não for possível, a decisão se dá por determinação judicial. Mas mesmo que os pais 
entrem em acordo, há necessidade de se submeter essa decisão ao crivo do 
Judiciário para ter a certeza de que a decisão acordada é realmente a que melhor 
atende aos interesses da criança. Caso o juiz entenda que o interesse do menor não 
foi respeitado, ele pode se negar a homologar o acordo. 
Os Tribunais sempre tenderam a atribuir a guarda exclusivamente a um dos 
genitores, que na grande maioria dos casos é a mãe, porém essa tendência vem 
diminuindo, até mesmo por imposição dos pais que hoje são mais participativos e 
mais próximos dos filhos, e por isso, não se contentam mais em apenas visitá-los em 
dias pré determinados. 
Maria Berenice Dias ao comentar essa tendência diz que: 
 
A evolução dos costumes, que levou a mulher para fora do lar, convocou o 
homem a participar das tarefas domésticas e a assumir o cuidado com a 
prole. Assim, quando da separação o pai passou a reivindicar a guarda da 
prole, o estabelecimento da guarda conjunta, a flexibilização de horários e a 
intensificação das visitas. 9 
 
8
 Lobo, Paulo. Obra citada, p. 169. 
9
 Dias, Maria Berenice. Síndrome da Alienação Parental, o que é isso? p.1. 
 13 
Além da guarda unilateral ou exclusiva e da guarda compartilhada ou 
conjunta, existe ainda a guarda alternada e a guarda dividida, porém estas últimas 
não são muito utilizadas devido a uma série de críticas atribuídas a elas. 
 
2.3 COMPARAÇÃO ENTRE A GUARDA UNILATERAL E A COMPARTILHADA 
 
 
Como já comentamos anteriormente, com a mudança de comportamentos e 
o maior envolvimento dos pais com a família e com os filhos, surge a necessidade 
de uma repartição mais equitativa da autoridade parental após a ruptura conjugal, 
como solução para esse problema foi instituída a guarda compartilhada 
A guarda compartilhada é um instituto muito recente e por isso ainda é 
encaradacom um pouco de receio. Mas apesar das críticas a ela atribuídas, suas 
vantagens em relação a guarda unilateral são inegáveis e ela vem ganhando cada 
vez mais espaço. 
Levando-se em conta que hoje os dois cônjuges têm atuado de forma 
igualitária dentro do casamento com relação aos filhos, não é certo, que após a 
ruptura do mesmo, somente um conserve o poder de decisão sobre os filhos, 
excluindo-se o outro genitor, como se este não mais fosse importante na vida do 
menor. É imprescindível que tenhamos em mente que o fim do vínculo conjugal não 
significa o fim do vínculo parental. 
Na guarda unilateral, na grande maioria dos casos, a mãe é beneficiada com 
a guarda dos menores, privando-se os filhos de ter um pai de verdade, pois este 
transforma-se em mero expectador, não tendo direito a participar efetivamente da 
vida dos filhos, cabendo a ele apenas visitas de fim de semana pré agendadas. 
 14 
Resumindo, o guardião (geralmente a mãe) adquire direito soberano de decisão 
sobre a vida dos filhos. 
Já a guarda compartilhada traz a possibilidade de os pais exercerem 
conjuntamente a autoridade parental, possibilitando que ambos possam continuar a 
atuar com pais, ou seja, ambos dividem o poder de decisão sobre questões 
relevantes referente aos filhos. Além disso, há o estreitamento dos laços entre pais e 
filhos, pois apesar dos menores residirem com apenas um dos pais, o outro passa a 
ser uma figura presente (ativa) na vida dos mesmos. 
A guarda unilateral também acaba facilitando a ocorrência de conflitos entre 
os pais, pois o guardião, detentor de poder ilimitado sobre o menor, acaba sentindo-
se dono da criança ou adolescente, o que pode resultar na tentativa de afastamento 
do não-guardião. Na guarda compartilhada, o poder é dividido igualmente entre os 
genitores, o que facilita a permanência do contato com ambos. Isso representa uma 
tentativa de minorar o sofrimento causado pelo rompimento conjugal, pois a criança 
terá os dois pais participando juntos de sua vida. 
A principal dúvida sobre a atribuição da guarda compartilhada diz respeito à 
possibilidade ou não de sua aplicação nos casos de conflito entre os ex-cônjuges, 
sobre isso o professor Eduardo Leite, explica que ela pode sim ser aplicada, pois o 
risco de conflitos existe igualmente em relação à guarda exclusiva e, inclusive, em 
relação a pais não divorciados. Para ele, a guarda compartilhada é “conciliadora.” 10 
Isso nos faz entender porque muitos acreditam que a guarda compartilhada 
é a solução para o problema da Alienação Parental. 
 
10
 Leite. Eduardo de Oliveira. Obra citada, p. 280 e 283. 
 15 
2 ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
2.1 DEFINIÇÃO 
 
A Alienação Parental é um problema muito antigo, mas que só recentemente 
passou a receber a devida atenção. Ela manifesta-se geralmente após a separação 
do casal, mais especificamente no momento da disputa pela guarda, quando um dos 
cônjuges passa a manipular os filhos como forma de atingir o outro. Inicia-se então 
um processo de programação da criança para que esta passe a odiar o outro sem 
motivo aparente. Maria Berenice Dias explica como isso acontece: 
 
Com a dissolução da união, os filhos ficam fragilizados, com sentimento de 
orfandade psicológica. Este é um terreno fértil para plantar a idéia de 
abandonada pelo genitor. Acaba o guardião convencendo o filho de que o 
outro genitor não lhe ama. Faz com que acredite em fatos que não 
ocorreram com o só intuito de levá-lo a afastar-se do pai.11 
 
Trata-se de uma forma de vingança adotada por um dos ex-cônjuges, que 
por sentir-se traído e abandonado pelo outro e por saber que este deseja manter 
contato com os filhos, começa a manipulá-los para separá-los do outro pai ou mãe. 
Nas palavras de Andréia Calçada: “é um genitor fazer alterar a percepção da 
criança sobre o outro genitor, e, em alterando essa percepção ele faz odiar.” 12 
O alienador utiliza-se de uma série de artifícios para fazer com que os filhos 
acreditem que o outro pai não presta, que ele os traiu, que não os ama mais e não 
deseja mais ter contato com eles. Com o tempo os filhos passam a acreditar nessas 
histórias e a repeti-las insistentemente, como se realmente tivessem ocorrido, até 
 
11
 Dias, Maria Berenice. Alienação Parental: um crime sem punição. In: Incesto e Alienação Parental, 
p. 15. 
12
 Documentário: A Morte Inventada - Alienação Parental. Direção de Alan Minas. Caraminhola 
Filmes, 2009. 
 16 
que nem o próprio genitor alienador consiga mais discernir o que é real do que é 
falso passando a acreditar na própria mentira. 
Maria Berenice Dias corrobora esse entendimento no trecho a seguir: 
 
Mas a finalidade é uma só: levar o filho a afastar-se de quem o ama. Tal 
gera contradição de sentimentos e, muitas vezes, a destruição do vínculo 
afetivo. A criança acaba aceitando como verdadeiro tudo que lhe é 
informado. Identifica-se com o genitor patológico e torna-se órfã do genitor 
alienado, que passa a ser considerado um invasor, um intruso a ser 
afastado a qualquer preço. O alienador, ao destruir a relação do filho com o 
outro, assume o controle total. Tornam-se os dois unos, inseparáveis. Este 
conjunto de manobras confere prazer ao alienador em sua trajetória de 
promover a destruição do antigo parceiro. 
13
 
 
Sua existência foi constatada pelo psicanalista e psiquiatra infantil Richard 
Gardner, por volta de 1985 nos Estados Unidos, que a denominou de Síndrome da 
Alienação Parental, definindo-a como “um processo que consiste em programar uma 
criança para que odeie um de seus genitores sem justificativa.” 14 
Outra importante contribuição para o conhecimento desta prática partiu de 
François Podevyn que utilizou suas próprias experiências para descrevê-la: “depois 
que me separei da mãe de meus 3 filhos, vejo-os afastarem-se de mim cada vez 
mais, apesar de todos os meus esforços.” 15 
No Brasil, em agosto de 2010, a lei n° 12.318 finalmente trouxe a definição 
legal de Alienação Parental: 
 
Art. 2
o
 Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação 
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos 
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a 
sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause 
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
16
 
 
 
13
 Dias, Maria Berenice. Obra citada, p.16. 
14
 Podevyn, François. Síndrome da alienação Parental, p.1. 
15
 Podevyn, François. Idem. Ibidem. 
16
 Lei nº 12.318/2010 
 17 
Alienação Parental nada mais é do que uma forma de abuso psicológico 
cometido contra a criança, pois planta nela a idéia de abandonada pelo genitor, o 
que lhe causa muito sofrimento e deixa sequelas para o resto da vida. Pior ainda é 
quando ela se apresenta sob a forma de falsas acusações de abuso sexual, pois 
esta técnica além de danificar o desenvolvimento da criança, cria nela “uma 
confusão psíquica irreversível.” 17 
A Alienação Parental pode ocorrer sob diversas formas, que vão desde a 
simples campanha de difamação do outro pai, a criação de empecilhos as visitas, 
sonegação de informações relevantes referentes à criança, mudança do local de 
residência e até, nos casos mais graves, as falsas acusações de abuso físico ou 
sexual contra o menor. 
Como não poderia deixar de ser o legislador incluiu na lei n° 12.318/2010 no 
parágrafo único do seu artigo 2° um rol exemplificativo de hipóteses em que a 
Alienação Parental pode ocorrer: 
 
Parágrafoúnico. São formas exemplificativas de alienação parental, além 
dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados 
diretamente ou com auxílio de terceiros: 
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício 
da paternidade ou maternidade; 
II - dificultar o exercício da autoridade parental; 
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; 
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; 
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre 
a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de 
endereço; 
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou 
contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou 
adolescente; 
 
17
 Guazzelli, Monica. Obra citada, p. 48. 
 18 
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a 
dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com 
familiares deste ou com avós. 
18
 
 
 
É importante frisar que o legislador fez questão de deixar claro que se trata 
de rol meramente exemplificativo, permitindo que a análise do caso concreto possa 
revelar outras situações que possam ser consideradas como Alienação Parental. 
 
2.2 DIFERENÇA ENTRE SAP E ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
Como vimos o primeiro a tratar do assunto foi o Doutor Richard Gardner que 
a denominou de Síndrome de Alienação Parental. Essa expressão, porém, tem sido 
alvo de muitas críticas quanto a sua utilização. 
Em primeiro lugar esclareceremos o significado da palavra Síndrome que é 
um “conjunto de sintomas que se apresentam numa doença e que a caracterizam.” 
Enquanto alienar significa “tornar alheio, alucinar, perturbar, indispor, malquistar, 
afastar, desviar, endoidecer, enlouquecer, desvirtuar.” 19 
Portanto, podemos concluir que a expressão Síndrome da Alienação 
Parental corresponde ao conjunto de sintomas (sequelas) apresentados pelos filhos 
submetidos à prática da Alienação Parental. Enquanto que Alienação Parental são 
os atos praticados pelo alienador, com a finalidade de promover o afastamento dos 
filhos com o outro genitor. 
Ressaltamos que essa síndrome não consta nem no CID-10 (Classificação 
Internacional de Doenças) nem no DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Doenças Mentais). 
 
18
 Lei nº 12.318/2010. 
19
 Michaelis – Moderno dicionário da Língua Portuguesa 
 19 
2.3 EFEITOS COMUNS 
 
Diversos são os efeitos decorrentes da Alienação Parental e estes podem 
variar conforme alguns fatores, como por exemplo: idade, personalidade, intensidade 
do vínculo estabelecido anteriormente, entre outros. 
Como primeira consequência desta prática, podemos citar a perda do 
vínculo entre a criança e o genitor vítima da alienação. Em alguns casos a situação 
de alienação é tão extrema que torna-se impossível promover qualquer contato entre 
a criança e o genitor alienado, nesses casos a resistência da criança em não querer 
ver o genitor é tão forte que acaba por convencer até o judiciário de que é melhor 
que os dois permaneçam separados. 
 Podevyn, baseando-se nos estudos de Gardner, diz que “o vínculo entre a 
criança e o genitor alienado será irremediavelmente destruído. Com efeito, não se 
pode reconstruir o vínculo entre a criança e o genitor alienado, se houver um hiato 
de alguns anos. 20 
Especialistas ligados a área da psicologia defendem a idéia de que a criança 
precisa conviver com ambos os pais para crescer saudável e, que a falta de 
convivência com um dos dois pode atrapalhar a formação de sua identidade. Pois 
apesar de a criança ter algumas características de personalidade próprias ela 
necessita da interação com o pai e a mãe (que serão os primeiros modelos para 
elas) para formar sua identidade. Nas palavras de Evandro Luiz Silva: 
 
É na convivência familiar e nos primeiros laços sociais que as condições 
psíquicas do ser humano são construídas. Assim é que, a ausência de um 
dos pais que conviveu com a criança pode gerar nela sintomas. Esses 
sintomas, como já dito anteriormente, surgem da sensação de abandono 
que estas crianças fantasiam sofrer e pela falta (da realidade) causada pelo 
ausente. São crianças que, por exemplo, costumam ser ótimas alunas e 
repentinamente, ante a ausência do pai ou da mãe, apresentam uma queda 
 
20
 Podevyn, François. Obra citada, p.2. 
 20 
no rendimento escolar, muitas vezes levando à reprovação; outras passam 
a ter insônia; outras ficam ansiosas, agressivas, deprimidas, enfim, 
marcadas por algum sofrimento. 
21
 
 
A criança vítima de Alienação Parental vive em constante ansiedade, tanto 
por acreditar que está sendo rejeitada, como pela necessidade constante que surge 
de não desagradar o alienador, de aliar-se a ele. Além disso, o menor alienado 
também pode vir a apresentar outros sintomas como medo, angústia, depressão, 
irritabilidade, agressividade, transtornos de identidade, desorganização mental, 
tendência ao uso de drogas e álcool e em casos mais graves, tendência ao suicídio. 
Vimos neste estudo que o menor alienado só consegue perceber que foi 
vítima desta prática, depois que atinge certa idade e se afasta do genitor alienador. 
Quando isso acontece, ele sente-se muito mal a passa a se culpar por haver 
participado de uma campanha injusta contra o genitor alienado, e esse sentimento 
de culpa lhe traz ainda mais sofrimento. 
Mas o pior efeito que a Alienação Parental pode gerar sobre uma criança é 
tendência de que esta quando adulta, passe a reproduzir o comportamento do 
genitor alienador, tornando-se ela também, uma alienadora. 
É exatamente o que vemos no documentário A Morte Inventada, de Alan 
Minas no depoimento da jovem Rafaella que foi vítima de Alienação Parental 
materna. Rafaella hoje adulta, afirma ter medo de que algum dia possa vir a 
reproduzir o comportamento da mãe, tratando os filhos como “fantoches” e sofre 
bastante ao lembrar que a partir de um determinado momento, eram ela e o irmão 
que, para vingar a mãe, passaram a afastar o pai. Neste mesmo documentário, outra 
jovem, Daniela, também vítima de Alienação Parental materna, afirma que hoje 
 
21
 Silva, Evandro Luiz. Perícias Psicológicas nas Varas de Família, p.61. 
 21 
enfrenta muitos problemas de ordem emocional, principalmente com relação à 
rejeição. 22 
A Alienação Parental deixa diversas sequelas que atingem tanto o pai 
alienado como também o próprio alienador, mas os mais prejudicados serão, sem 
duvida, sempre os filhos. E, se não houver o tratamento adequado essas sequelas 
podem durar para o resto da vida. 
 
 
22
 Documentário: A Morte Inventada - Alienação Parental. Direção de Alan Minas. Caraminhola 
Filmes, 2009. 
 22 
3 IDENTIFICAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
Reconhecer uma situação de Alienação Parental não é uma tarefa fácil, e 
pode ser necessário o auxílio de uma equipe de profissionais como psicólogo, 
psiquiatra, assistente social. Esses analisarão todos os envolvidos no caso para 
verificar a veracidade das informações. 
Como já citamos anteriormente a nova lei trouxe algumas diretrizes para 
facilitar essa identificação quando, além de defini-la, citou alguns exemplos de 
hipóteses de ocorrência da Alienação Parental, que, no geral, dizem respeito ao 
comportamento do alienador. Portanto, podemos concluir que o melhor modo de 
identificara presença deste fenômeno é através da análise do padrão de 
comportamento do alienador. 
Não é possível relacionar todas as condutas que o alienador pode adotar, 
mas algumas delas são bem conhecidas: apresentar o novo cônjuge como novo pai 
ou nova mãe; interceptar cartas, e-mails, telefonemas, recados, pacotes destinados 
aos filhos; desvalorizar o outro cônjuge perante terceiros; desqualificar o outro 
cônjuge para os filhos; recusar informações em relação aos filhos (escola, passeios, 
aniversários, festas etc.); falar de modo descortês sobre o novo cônjuge do outro 
genitor; impedir a visitação; “esquecer” de transmitir avisos importantes / 
compromissos (médicos, escolares etc.); envolver pessoas na lavagem emocional 
dos filhos; tomar decisões importantes sobre os filhos sem consultar o outro; trocar 
nomes (atos falhos) ou sobrenomes; impedir o outro cônjuge de receber informações 
sobre os filhos; sair de férias e deixar os filhos com outras pessoas; alegar que o 
outro cônjuge não tem disponibilidade para os filhos; falar das roupas que o outro 
cônjuge comprou para os filhos ou proibi-los de usá-las; ameaçar punir os filhos caso 
 23 
eles tentem se aproximar do outro cônjuge; culpar o outro cônjuge pelo 
comportamento dos filhos; ocupar os filhos no horário destinado a ficarem com o 
outro. Além disso, o alienador também pode utilizar-se de falsas denúncias de abuso 
físico, emocional ou sexual. 23 
Também é possível identificar a ocorrência de Alienação Parental através do 
comportamento dos filhos que tornam-se mais agressivos e passam a evitar o 
contato com o genitor alienado, utilizando para isso desculpas bobas. É comum 
também essas crianças, em caso de conflitos, tomarem o partido do alienador, 
defendendo-o, e contando histórias que não vivenciaram, como fossem suas. 
Segundo Podevyn, a Alienação Parental possui 3 estágios: leve, médio e 
grave. No estágio leve, a criança resiste um pouco à troca de genitores, mas quando 
está sozinho com o outro age normalmente. No estágio médio a resistência no 
momento da troca é intensificada para agradar ao alienador, mas a criança ainda 
aceita ir com o outro genitor. Já no estágio grave, a criança passa a compartilhar as 
mesmas idéias do alienador, tornando-se impossível a visita. 24 
Conforme o exposto, vemos que há a necessidade de se detectar a 
existência da alienação parental o mais rápido possível, pois quanto mais avançado 
o estágio, mais difícil é a reversão do quadro. 
É muito importante também, fazer a diferenciação entre os casos de 
Alienação Parental com os casos de abuso infantil. Pois pode ocorrer que em um 
caso verdadeiro de abuso físico ou sexual infantil, o abusador para defender-se, 
alegue estar sendo vítima da prática de Alienação Parental. 
 
23
 Trindade, Jorge. Síndrome da Alienação Parental. In: Dias, Maria Berenice. Incesto e Alienação 
Parental, p.27-28. Essas condutas também encontram-se previstas no parágrafo único do artigo 2º da 
Lei nº 12.318/2010. 
24
 Podevyn, François. Obra citada, p.9. 
 24 
Segundo a lei da Alienação Parental havendo declaração de indícios de 
Alienação Parental, serão adotadas imediatamente medidas provisórias para 
preservar a integridade psicológica do menor e, constatados tais indícios, será 
determinada perícia psicológica ou biopsicossocial e, se confirmada a existência do 
problema o juiz adotará as medidas cabíveis, conforme veremos mais tarde. 25 
 
3.1 FALSA ACUSAÇÃO DE ABUSO SEXUAL 
 
Na tentativa de excluir o outro genitor da sua vida e dos seus filhos, o 
alienador utiliza todas as armas possíveis, inclusive a Falsa Acusação de Abuso 
Sexual. Esta é, sem dúvida, a forma mais grave de Alienação Parental e a que 
causa mais danos aos filhos. 
Em primeiro lugar, vale lembrar que o abuso sexual infantil existe sim, 
inclusive podendo ser praticado dentro de casa por familiares ou pessoas ligadas ao 
menor, mas não é esta a abordagem que pretendemos fazer aqui. Nosso objetivo é 
tratar das falsas acusações de abuso sexual, utilizadas por um dos genitores como 
forma de atingir o outro genitor. 
Quando ocorre uma acusação de abuso sexual, mesmo que esta venha a 
ser desmentida posteriormente, certamente restarão várias seqüelas. Pois até que 
se demonstre que a acusação era falsa, e que o menor foi manipulado de forma a 
acreditar ter sido mesmo abusado, este terá sido submetido a uma série de 
situações que prejudicarão seu desenvolvimento psíquico, como por exemplo, os 
infinitos depoimentos que terá que prestar a profissionais, muitas vezes, 
despreparados e em locais inadequados. 
 
25
 Lei nº 12.318/2010. 
 25 
Além do fato de que, quando há uma acusação de abuso sexual contra um 
menor, as autoridades envolvidas tem uma maior tendência a solicitar que as visitas 
sejam imediatamente suspensas até que se apure a veracidade das alegações. 
Enquanto a pesquisa psicossocial é realizada, o menor permanece afastado do 
genitor acusado, rompendo-se o vínculo existente entre eles. Apesar de que o juiz 
pode determinar visitas monitoradas, mas ainda assim, o vínculo é enfraquecido. 
Nesses casos o menor é induzido a acreditar que foi realmente abusado 
pelo genitor alienado, e essa lembrança passa a integrar suas lembranças, como se 
ele realmente tivesse vivido aquele fato. Por isso os especialistas afirmam que os 
danos para esta criança serão praticamente os mesmos de uma criança realmente 
abusada sexualmente. 
Muitas vezes a suspensão do contato com o genitor acusado é sugerido por 
profissionais não devidamente habilitados, que baseiam seus laudos nas alegações 
de apenas uma das partes, não proporcionando a outra parte o direito de defesa. 
 Maria Berenice Dias descreve essa situação brilhantemente: 
 
Nesse jogo de manipulações, todas as armas são utilizadas, inclusive – com 
enorme e irresponsável freqüência – a alegação da prática de abuso sexual. 
Essa notícia gera um dilema. O juiz não tem como identificar a existência ou 
não dos episódios denunciados para reconhecer se está diante da síndrome 
da alienação parental e que a denúncia do abuso foi levada a efeito por 
mero espírito de vingança. Com o intuito de proteger a criança muitas vezes 
reverte a guarda ou suspende as visitas, enquanto são realizados estudos 
sociais e psicológicos. Como esses procedimentos são demorados, durante 
todo este período cessa a convivência entre ambos. O mais doloroso é que 
o resultado da série de avaliações, testes e entrevistas que se sucedem, às 
vezes durante anos, acaba não sendo conclusivo. Mais uma vez depara-se 
o juiz com novo desafio: manter ou não as visitas, autorizar somente visitas 
acompanhadas ou extinguir o poder familiar. Enfim, deve manter o vínculo 
de filiação ou condenar o filho à condição de órfão de pai vivo? 
26
 
 
Como mesmo que seja requerida urgência para averiguação da denúncia, 
esse processo pode levar anos para ter uma solução, e ainda resultar inconclusivo, 
 
26
 DIAS, Maria Berenice. Alienação Parental: uma nova lei para um velho problema! p.1. 
 26 
e, como durante todo este período a criança permanece sem contato com o genitor, 
ou com contato reduzido, o alienador terá sido vencedor, tendo alcançado finalmente 
seu objetivo de destruir a relação entre o outro genitor e o filho. 
 
3.2 IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS 
 
Tem-se por Implantação de Falsas Memórias, o fato de um dos genitores, 
geralmente o guardião, fazer com que o menor se convença da existência de algum 
fato que não ocorreu e passe a acreditar que aquela é uma lembrançaverdadeira e 
sua. Como explica Monica Guazelli: 
 
O que se denomina de Implantação de falsas Memórias advém, justamente, 
da conduta doentia do genitor alienador, que começa a fazer com o filho 
uma verdadeira “lavagem cerebral”, com a finalidade de denegrir a imagem 
do outro – alienado -, e, pior ainda, usa a narrativa do infante acrescentando 
maliciosamente fatos não exatamente como estes se sucederam, e ele aos 
poucos vai se “convencendo” da versão que lhe foi “implantada”. O 
alienador passa então a narrar à criança atitudes do outro genitor que 
jamais aconteceram ou que aconteceram em modo diverso do narrado. 
27
 
 
 
A professora Elizabeth F. Loftus relata em um artigo científico os resultados 
de um experimento de implantação de falsas memórias, no qual se concluiu que “as 
pessoas podem ser conduzidas a se lembrarem do seu passado de modo diferente, 
e podem até mesmo ser persuadidas a se “lembrar” de eventos completos que 
nunca aconteceram”. Além disso, Loftus acrescenta que “as recordações são mais 
facilmente modificadas, por exemplo, quando a passagem de tempo permite o 
enfraquecimento da memória original” 28 
 
27
 Guazzelli. Monica. Obra citada, p.44. 
28
 Elizabeth F Loftus foi professora de psicologia e professora auxiliar de direito na Universidade de 
Washington e seu artigo foi publicado na Scientific American. In: CALÇADA, Andréia. Falsas 
Acusações de Abuso Sexual e a Implantação de Falsas Memórias, p. 35-36 
 27 
Diante de tais explicações, vemos que é muito fácil implantar memórias 
falsas na mente de uma criança, tendo em vista que elas são muito sugestionáveis. 
Portanto basta que o guardião, em uma conversa, passe a conduzir as respostas da 
criança acrescentando alguns detalhes e a repeti-las algumas vezes, para que a 
criança incorpore essas “lembranças” como sendo suas. Essa situação fica clara no 
exemplo citado por Monica Guazzelli: 
 
A cena se passa quando a mãe está dando banho na filha e conversa: 
“Minha filhinha, o papai te dá banho e também lava bem tua pererequinha 
que nem a mãe?” “Não lembro”, pode responder a filha; contudo a mãe 
“convence a filha do que e de como o papai faz”, e a criança acaba, até 
porque é sugestionável concordando. Aproveitando-se da sujeição da 
criança, a descrição realizada pela mãe vai ficando cada vez mais 
detalhada, sem é claro, que a criança se aperceba da gravidade daquilo. 
“Mas então” – diz a mãe – “o papai põe a mão em você e fica esfregando 
para limpar bem?” E a criança acabará respondendo: “Sim”. Depois de tanto 
a mãe repetir essa história, a narrativa acabará se transformando numa 
realidade para a criança, pois de fato o pai, quando exerce a visitação, 
costuma auxiliar a filha na rotina do banho. 
Aquela "verdade" que não retrata a verdadeira verdade acaba "entrando" e 
se enraizando na criança de tal forma que, quando ela for questionada a 
respeito, a resposta virá nesse sentido - malicioso - e a criança dirá: 
"Quando papai me dá banho, ele lava a minha perereca e fica esfregando 
bastante para limpar bem" 
29
 
 
Com o passar do tempo as verdadeiras memórias acabam se perdendo e 
nem mesmo o genitor responsável pela implantação dessas Falsas Memórias 
consegue mais distinguir o que é realidade do que não é. E tanto este como o filho 
passam a vivenciar essas fantasias. 
Durante uma investigação de abuso sexual, pode ocorrer que a má 
condução de uma sessão de análise ou interrogatório, feito por policiais, assistentes 
sociais e até mesmo por psicólogos despreparados e que utilizam “métodos 
impróprios”, acabem “contaminando’ a memória das crianças. 30 Portanto é 
 
29
 Guazzelli, Monica. Obra citada, p.44-45. 
30
 Calçada, Andréia. Obra citada, p.40. 
 28 
necessário muito cuidado ao se tomar o depoimento de um menor para não 
influenciá-lo. 
É preciso que o profissional responsável pela investigação mantenha a 
mente aberta, sem formar juízos anteriores e que procurem analisar todos os 
envolvidos, para que tenha acesso a todas as versões da ocorrido. Se a averiguação 
dos fatos for conduzida de maneira adequada, com certeza, muitas injustiças serão 
evitadas. 
 
3.3 DIFERENÇAS ENTRE O REAL E O FALSO ABUSO 
 
 
Da mesma maneira que um genitor acusa o outro de ter cometido abuso 
sexual contra o filho, o outro genitor defende-se acusando aquele de estar utilizando 
uma falsa acusação de abuso com a intenção de separá-lo do filho, constituindo ato 
de Alienação Parental. 
Diferenciar um caso de abuso sexual de um caso de Alienação Parental é 
uma tarefa muito difícil. Em primeiro lugar é preciso muito cuidado para colher o 
depoimento do menor, o que somente deve ser feito por um profissional habilitado e 
com experiência nesse tipo de caso e com o emprego de técnicas adequadas, 
tomando o máximo de cuidado para não induzi-lo a respostas que não são suas. 
Ao longo do tempo, e com o aumento do número desses casos, algumas 
pessoas ligadas à área, conseguiram identificar algumas características que 
distinguem um caso do outro, passaremos então a apresentá-las. 
Segundo Richard Gardner, quando se trata de um caso de abuso o menor 
lembra-se facilmente do ocorrido, transmitindo informações detalhadas, no caso de 
alienação “a criança necessita de ajuda para “recordar-se” dos acontecimentos.” 
 29 
Além disso, na falsa acusação as informações prestadas “carecem de detalhes e 
são contraditórios entre os irmãos.” Quanto ao interrogatório, quando é feito sem a 
presença do alienador “os filhos dão versões diferentes. Quando interrogados juntos, 
se constatam mais olhares entre eles do que em vítimas de abuso.” 31 
Outras características diferenciadoras foram publicadas por Manoel Jose 
Aguilar, que ressalta que crianças abusadas costumam apresentar conhecimentos 
sexuais impróprios para sua idade, como ereção, ejaculação, sabor do sêmen, além 
disso, elas passam a desenvolver condutas voltadas ao sexo como, por exemplo, 
sedução e masturbação excessiva, no caso das falsas acusações as crianças não 
possuem tal conhecimento nem atitudes. Crianças abusadas sexualmente também 
costumam apresentar indicadores físicos como lesões ou infecções, transtornos 
funcionais, como alterações no sono ou alimentação, atrasos educativos e ainda 
alterações no padrão de interação, como, por exemplo, isolamento social e 
agressividade. Outros fatores determinantes do abuso sexual são sentimento de 
culpa, depressão, choro sem motivo, baixa autoestima e até tentativa de suicídio. 32 
É importante também observar se a criança utiliza palavras compatíveis com 
a sua idade, pois nos casos de Alienação Parental é comum a criança utilizar-se de 
palavras ditadas por adultos, outro detalhe importante é que a criança também deve 
apresentar uma visão infantil dos fatos. 
Aguilar diz também que no caso de abuso o genitor percebe e importa-se 
com o sofrimento do filho, podendo ele também ter sido vítima de abusos, além 
disso, as denúncias não estão ligadas à separação do casal, estas geralmente 
antecedem a separação. No caso de Alienação Parental ocorre o contrário.33 
 
31
 Gardner, Richard. In: CALÇADA, Andréia. Obra citada, p. 33 
32
 Aguilar, Jose Manoel. Comparação dos sintomas da alienação parental com os sintomas de abuso 
sexual. Disponível em: HTTP://www.apase.org.br. 
33
 Aguilar, Jose Manoel. Idem. Ibidem 
 30 
4 A PERÍCIA NAS VARAS DE FAMÍLIA 
 
4.1 PAPEL DO PSICÓLOGOPor vezes o direito precisa socorrer-se em outras áreas para solucionar 
problemas que lhe são apresentados. O Direito de Família, por exemplo, com 
freqüência, recorre a Psicologia Jurídica na busca de soluções para os problemas 
que envolvem guarda de filhos e visitas. 
Porém é preciso que o psicólogo tenha em mente que seu papel é distinto 
do papel do juiz, enquanto este tem como função julgar e decidir os casos, ao 
psicólogo não cabe emitir juízo de valor, este somente tem como função descrever 
características psicológicas para que de posse destas o juiz possa decidir qual a 
melhor solução a ser adotada. 
No trecho a seguir o psicólogo Evandro Luiz Silva deixa clara a função do 
psicólogo: 
 
 No entanto, não são raros os casos em que o psicólogo é chamado para 
apontar os comportamentos que fogem à norma, para diagnosticar e colar 
no sujeito o selo CULPADO! E é exatamente este lugar que não devemos 
ocupar. Descrever processos mentais e comportamentais e fornecer 
diagnósticos é próprio do psicólogo, mas valorar, rotular e julgar vão de 
encontro aos princípios fundamentais do seu código de ética. 34 
 
Nos casos de Alienação Parental o psicólogo tem papel fundamental, pois 
na maioria das vezes, o juiz não tem como apurar os fatos apontados, e precisa 
recorrer a uma análise psicológica ou biopsicossocial para chegar a uma decisão. 
Mas como vimos em nosso estudo há situações em que psicólogos 
confundem suas funções e acabam apontando culpados e decidindo com quem os 
 
34
 Silva, Evandro Luiz. Obra citada, p.12. 
 31 
menores devem ficar. Deixam-se comover pelo provável abuso sofrido pelos 
menores e com base somente no relato do guardião, decidem que a melhor solução 
é o afastamento do acusado, sem que seja feita uma perícia psicológica adequada. 
Mais uma vez, esclarece Evandro Luiz Silva: 
 
 A psicologia não se propõe a valorar os comportamentos em melhores ou 
piores, tampouco tem o objetivo de uniformizá-los. Se ela, ao descrever 
características, estruturas de personalidade, fazer diagnósticos, etc..., der 
subsídios para interpretações de valoração ou julgamento, estes ficam por 
conta e risco de quem o fizer. 35 
 
 
Isso não quer dizer que o psicólogo não possa, em seus laudos, apontar 
alternativas para o caso. Muito pelo contrário, ele deve apontar alternativas de 
solução para os problemas detectados, assegurando assim o direito do menor a 
convivência com a família. Assim, se, por exemplo, o juiz ao apreciar um laudo 
psicológico entender que um dos pais não apresenta condições para ser detentor da 
guarda, cabe ao psicólogo, apresentar alternativas (nas sessões devolutivas) para 
que este progenitor possa superar as dificuldades e recuperar o mais rápido possível 
o seu direito de convivência. 36 
 
4.2 PAPEL RELATIVO DOS LAUDOS 
 
 
Conforme visto anteriormente, o juiz pode solicitar a realização de perícia 
psicológica ou biopsicossocial, quando esta se fizer necessária. Porém, como 
salienta Elizio Luiz Perez “a necessidade da perícia, evidentemente, não pode ser 
absoluta, sob pena de retrocesso”. 37 
 
35
 Silva, Evandro Luiz. Obra citada, p.12. 
36
 Silva, Evandro Luiz. Idem. P.15. 
37
 Perez, Elizio Luiz. Breves Comentários acerca da Lei da Alienação Parental. In: Dias, Maria 
Berenice. Incesto e Alienação Parental, p.72. 
 32 
Isso significa que, em casos nos quais fica evidente se tratar de ato de 
Alienação Parental, a perícia torna-se dispensável. Podendo o juiz intervir 
imediatamente, tomando as medidas cabíveis. 
A lei nº 12.318/2010, em seu artigo 5º, caput, deixou clara a importância da 
perícia psicológica ou biopsicossocial diante da existência de indícios da prática de 
Alienação Parental. Porém, o legislador também fez questão de estabelecer, nos 
parágrafos 1º e 2º do mesmo artigo, requisitos mínimos para a realização de laudo 
pericial. Vejamos o que diz a lei: 
 
Art. 5
o
 Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação 
autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia 
psicológica ou biopsicossocial. 
§ 1
o
 O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou 
biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista 
pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do 
relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, 
avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a 
criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra 
genitor. 
§ 2
o
 A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar 
habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico 
profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental. 
 
Ao estabelecer tais requisitos, o legislador tornou evidente sua preocupação 
com a relatividade das informações que possam advir desses laudos. Essa 
preocupação é válida, pois como temos visto, não são raros os casos em que o juiz 
foi levado a tomar decisões erradas, baseando-se em laudos mal elaborados e 
realizados, muitas vezes, por profissionais não habilitados. 
O que se pretende é garantir uma investigação mais profunda, rigorosa e 
responsável e que deixe evidente a boa atuação dos profissionais responsáveis 
pelas perícias. 
 33 
4.3 PODER DISCRICIONÁRIO DO JUIZ 
 
Não há na doutrina uma definição unânime e exata do que seja o poder 
discricionário do juiz. Mas podemos concluir que este refere-se à liberdade que o juiz 
tem de decidir, segundo critérios de razoabilidade, qual providência adotará, dentro 
de limites impostos pela lei. 
O legislador, ao redigir a lei que trata da Alienação Parental, tratou de 
ressaltar o poder discricionário do juiz ao atribuir a este a possibilidade de declarar 
como formas de alienação parental, outros atos percebidos por este, tanto no 
contato com as partes quanto os constatados por perícias, praticados de forma 
direta ou com auxilio de terceiros. 
A nova lei também reforça a idéia de que a convivência familiar é essencial 
para o perfeito desenvolvimento da criança. Tanto que menciona ser um direito 
fundamental da criança ou do adolescente a convivência familiar saudável, 
permitindo que o juiz utilize o seu poder discricionário para intervir em qualquer 
momento processual, aplicando as medidas provisórias que julgar cabíveis, a fim de 
garantir a integridade física ou psíquica do menor e a manutenção do seu direito à 
convivência familiar. Diz a lei: 
 
Art. 4
o
 Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de 
ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou 
incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, 
com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas provisórias 
necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou do 
adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou 
viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso. 
Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao genitor 
garantia mínima de visitação assistida, ressalvados os casos em que há 
iminente risco de prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou 
do adolescente, atestado por profissional eventualmente designado pelo juiz 
para acompanhamento das visitas. 
38
 
 
38
 Lei nº 12.318/2010. 
 34 
A lei, portanto, direcionou o poder discricionário do juiz no sentido de manter 
vivo o vínculo entre o menor e o genitor alienado, mesmo que minimamente por 
meio de visitas monitoradas, o quesomente não será admitido quando representar 
iminente risco a integridade do menor. Para isso, pode o juiz agir liminarmente ou de 
oficio. Como mostra Marcos Duarte: 
 
A norma quis dar efetividade ao comando do art. 226, § 8° da Constituição 
Federal, a exemplo da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), com a 
finalidade de tutelar esta forma de violência no âmbito das relações 
familiares, que é a alienação parental. A providência jurisdicional deve ser 
no sentido de impedir o agravamento do impedimento da convivência entre 
pais e filhos e garantir sua integridade psicológica e moral. Estas 
providências possuem natureza cautelar, antecipatória e também satisfativa, 
podendo (devendo) o juiz agir, liminarmente, inclusive de ofício (art. 797 do 
CPC), ou ainda, com base na cláusula geral autorizadora prevista no § 7° 
do art. 273 do CPC. 
39
 
 
A lei 12.318, portanto inovou quando colocou como regra aproximar pais e 
filhos e não mais afastá-los como vinha acontecendo até então. Agora é preciso ter 
certeza da necessidade de rompimento do convívio com o genitor, não permitindo 
mais que enquanto haja dúvidas quanto ao ocorrido o contato entre ambos seja 
rompido. 
 
39
 Duarte, Marcos. Alienação Parental: Comentários Iniciais à Lei 12.318/2010. Disponível em: 
http://www.ibdfam.org.br. 
 35 
5 MEDIDAS DE PROTEÇÃO E EFETIVIDADE 
 
 
5.1 MEDIDAS PREVISTAS NA LEI N° 12.318/2010 
 
A lei n° 12.318, em seu artigo 4°, prevê que quando forem declarados 
indícios da prática de Alienação Parental, surge imediatamente a necessidade de o 
juiz adotar medidas de cautela a fim de proteger o menor e assegurar seu direito de 
convivência familiar. Determina também que o processo tenha tramitação prioritária, 
para evitar que a demora na apuração das alegações acabe por piorar a situação de 
afastamento entre filhos e pais. 
Entre essas medidas de cautela podemos citar a visita monitorada, que é um 
instrumento útil para garantir direito mínimo de visitação, principalmente em casos 
de denúncia de abuso físico ou sexual. 
Quando caracterizada a Alienação Parental, a lei determina a adoção de 
medidas de proteção direta, que estão elencadas no artigo 6° da lei. Cabe ressaltar 
que trata-se de rol meramente exemplificativo, cabendo a aplicação de outras 
medidas além das que foram citadas. 
 
Art. 6
o
 Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer 
conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, 
em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, 
sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla 
utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus 
efeitos, segundo a gravidade do caso: 
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; 
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
III - estipular multa ao alienador; 
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua 
inversão; 
 36 
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; 
VII - declarar a suspensão da autoridade parental. 
Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, 
inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá 
inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da 
residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de 
convivência familiar. 
40
 
 
É importante também frisar que essas medidas não tem a intenção de punir 
o alienador, mas sim de proteger a criança e o adolescente. Isso pode ser verificado 
no inciso IV, deste mesmo artigo, que abre a possibilidade de acompanhamento 
psicológico e/ou biopsicossocial para qualquer um dos envolvidos e não somente à 
criança. O que reforça a idéia de que a lei pretende possibilitar a reaproximação da 
família e não seu afastamento. 
Como vimos as medidas sugeridas variam desde uma simples advertência e 
multa, à indicação de tratamento psicológico, chegando a impor medidas mais 
severas como a possibilidade de inversão da guarda e ainda a destituição do poder 
parental. A indicação da aplicação de uma ou outra medida dependerá da análise do 
caso concreto. 
Observa-se também no inciso V, a idéia de que a guarda compartilhada 
possa representar um importante instrumento para inibir a prática da Alienação 
Parental. Isso deriva do fato de que a guarda compartilhada, como já nos referimos 
anteriormente, possibilita o exercício conjunto da autoridade parental, estreitando os 
laços entre pais e filhos. 
Segundo Elizio Luiz Perez, as medidas previstas na nova lei não diferem 
muito das que já vinham sendo aplicadas pelos tribunais, estando de acordo com as 
já previstas no artigo 129 do Estatuto do Menor e do Adolescente. 41 
 
40
 Lei n ° 12.318/2010. 
41
 Perez, Elizio Luiz. Obra citada. P.81. 
 37 
5.2 VISITA MONITORADA 
 
Como já vimos, diante de uma acusação de abuso físico ou sexual contra 
menores tem sido comum a determinação do afastamento do acusado e do menor, 
por tempo indeterminado, até que se apure a veracidade da acusação. 
Também já vimos que a lei que trata da Alienação Parental propõe que se 
busque sempre a preservação do convívio entre pais e filhos, a menos que isso 
represente risco de dano a integridade do menor. Para isso a lei prevê, como forma 
de garantia mínima ao direito de convivência, a instituição da visita monitorada, que 
ocorre geralmente em local previamente determinado e com a presença de uma 
terceira pessoa que será responsável por supervisionar o encontro. 
Segundo Maria Regina Fay de Azambuja, algumas alternativas 
experimentadas pelo Sistema de Justiça como forma de operacionalizar as visitas 
monitoradas são: a determinação de visitas no Fórum; a criação do visitário, em São 
Paulo; a designação de uma pessoa de confiança do genitor guardião para 
acompanhar a criança nas visitas e a realização das visitas no recinto do Conselho 
Tutelar. 42 
Ainda segundo Azambuja, tais alternativas tem se mostrado ineficientes, 
porque os locais escolhidos não são apropriados para crianças, pois no Fórum a 
criança é exposta a diversas cenas de litígio entre adultos, o visitário acabou se 
parecendo mais com um presídio do que um local para visitas familiares e o 
Conselho Tutelar não tem como atribuição presidir encontros de pais e filhos. 
Enquanto que nos encontros com a supervisão de pessoa de confiança do guardião, 
 
42
 Azambuja, Maria Regina Fay de. A criança vítima de violência sexual intrafamiliar: como 
operacionalizar as visitas? In: Dias, Maria Berenice. Incesto e Alienação Parental, p.311. 
 38 
o genitor sente-se vigiado pois essa terceira pessoa acaba servindo de informante 
do outro genitor, acirrando ainda mais os ânimos. 43 
Frente a esse problema formulou-se uma nova proposta de realizar os esses 
encontros “no ambiente terapêutico da criança”, para que o profissional que a atende 
possa auxiliar a ambos, evitando assim mais traumas e danos ao menor. 44 
 
5.3 RELATO DE CASOS 
 
Os casos que serão relatados a seguir foram retirados do documentário “A 
Morte Inventada: Alienação Parental” de Alan Minas. 45 
 
Caso 1: Sócrates, Karla e Daniela 
Depois de uma separação conflituosa a mãe que era a guardiã das filhas 
proibiu o pai de vê-las. Este fez várias tentativas de contato, recorrendo inclusive ao 
judiciário, mas nem assim obteve êxito. Para as filhas a mãe contava que opai 
abandonou a família e que não queria mais contato com elas, e descrevia o pai 
como um bandido, que a traiu, agrediu e tentou matá-la. As filhas não sabiam nem 
qual era o nome do pai, pois era proibido mencioná-lo, nem tinham fotos dele. 
O pai só pode ver as filhas quando a mãe precisou falar com ele e teve que 
ceder. Durante o encontro as filhas permaneceram acuadas diante do pai, que era 
como um estranho, sobre o qual pairavam uma série de histórias ruins. Marcaram 
um jantar para o dia seguinte, as filhas aguardaram, em casa, ansiosamente pelo pai 
e este não apareceu, a mãe então disse a elas que o pai não apareceu porque não 
 
43
 Azambuja, Maria Regina Fay de. Obra citada.p.312 
44
 Azambuja, Maria Regina Fay de. Idem. Ibidem. 
45
Documentário: A morte Inventada – Alienação Parental. Direção de Alan Minas. Caraminhola 
Filmes, 2009. 
 39 
queria vê-las e que elas teriam que se contentar em ter como pai o padrasto. Porém 
o que ocorreu foi que a mãe combinou com o pai que seria um passeio a praia e que 
esse deveria aguardar em outro local, ele esperou por horas e depois ligou para a 
mãe que disse que as meninas estavam muito abaladas pelo encontro no dia 
anterior e que seria melhor que eles não se vissem mais. O pai desistiu de procurar 
as filhas e mudou-se com sua nova família para outro país. Elas somente 
descobriram a verdade quando Karla, aos 19 anos, brigou com a mãe e saiu de 
casa. A mãe então precisou ligar para o pai, para solicitar que este desse 
autorização para um processo judicial que a forçasse a voltar para casa. O pai se 
negou e ligou para a filha, convidando-a para conhecê-lo. Karla foi primeiro e depois 
Daniela foi também. 
E apesar de hoje elas se relacionarem bem com o pai, Daniela ressalta que 
a relação nunca mais será a mesma e que os danos são irreparáveis, sendo que ela 
ainda hoje tem muito medo de ser rejeitada. 
 
Caso 2: Rafaella e José Carlos 
Após a separação a mãe ficou com a guarda dos filhos. O pai, que já tinha 
uma nova companheira, ofereceu um apartamento em Recife para a mãe e as 
crianças morarem a fim de que eles ficassem mais próximos. A mãe provavelmente 
achando que haveria a possibilidade de uma reconciliação aceitou, e se mudaram 
para lá. Após três meses quando a mãe se deu conta de que não haveria a 
reconciliação, fugiu com os filhos para o Rio de Janeiro. O pai ainda continuou a 
visitar os filhos por anos. 
Rafaella conta em seu depoimento que a mãe descrevia o pai como um 
canalha, um monstro, que a tinha enganado e traído e trocado sua família por outra. 
 40 
E os filhos passaram a compartilhar o sofrimento da mãe, tornando-se seus 
cúmplices. Tanto que, quando saíam com o pai faziam questão de não mostrar 
interesse por nenhuma atividade e de tratá-lo mal. Ela conta ainda que quando 
retornavam das visitas, para agradar a mãe, não podiam demonstrar nenhum 
entusiasmo pelo passeio, então já entravam em casa reclamando de como era ruim 
sair com o pai. Ela lembra ainda que em determinado momento passou a procurar o 
pai apenas para pedir dinheiro e diz que sentia satisfação em fazer isso, 
principalmente por ver o contentamento da mãe com sua atitude. Depois que ela 
completou 15 anos, o pai acabou desistindo de procurá-los e eles ficaram onze anos 
sem se ver. Até que Rafaella, já adulta, começou a fazer terapia e sentiu a 
necessidade de buscar saber qual era a verdade de tudo aquilo, e foi ao encontro do 
pai. Ela precisou romper com a mãe para descobrir a verdade e o irmão, 
infelizmente, ficou ao lado da mãe. 
Rafaella lembra que a mãe sempre foi muito dedicada e carinhosa com os 
filhos, mas ela lembra também que foi a mãe a responsável por atrapalhar a relação 
dos filhos com o pai. Porém a mãe não admite em hipótese alguma que teve 
qualquer responsabilidade pelo rompimento dos filhos com o pai. Hoje Rafaella se 
culpa por ter participado da campanha contra o pai e teme que algum dia possa vir a 
reproduzir as atitudes da mãe, usando os filhos como fantoches, para ferir o ex 
companheiro. 
Caso 3: Hélio Monteiro 
Este caso relata o sofrimento de um avô ao descobrir que a mãe de sua 
neta, que já estava separada de seu filho, havia dado início a um processo judicial 
na vara da Infância e Juventude, alegando que a filha havia sido vítima de violência 
sexual. Neste Processo de Providências, havia um documento emitido por uma 
 41 
psicóloga da FIA do Rio de Janeiro, que afirmava que a menina havia sido abusada 
sexualmente e nomeava como possíveis autores o pai e o avô. O relatório da 
psicóloga baseou-se apenas no depoimento da mãe da criança, sem dar 
possibilidade de defesa à outra parte e foi responsável pelo afastamento do pai e do 
avô da vida da menor. 
 
Caso 4: “A” 
“A” viveu com sua companheira até a filha do casal completar um ano e três 
meses, até que um dia a mãe simplesmente foi embora levando consigo a filha. 
Após algum tempo ele conseguiu localizar as duas e passou a visitar a criança, 
porém as visitas foram ficando cada vez mais difíceis, pois a mãe colocava todo tipo 
de empecilho. Ele então deu entrada em um processo de regulamentação de visitas, 
durante o qual a mãe alegou que não permitia as visitas devido a criança haver 
sofrido abuso sexual por parte do pai. A psicóloga responsável pela avaliação 
atestou, em uma declaração escrita em poucas linhas, que existiam indícios físicos 
de abuso sexual e que a criança deveria permanecer afastada do pai. Em 2004, o 
próprio juiz que havia expedido a liminar de afastamento, cassou-a e regulamentou 
as visitas, mas a mãe não cumpriu o acordo. O pai socorreu-se novamente no 
judiciário, que afirmou que a mãe deveria receber tratamento psicológico. Apesar de 
estar muito revoltado, o pai afirma que não vai desistir da filha. 
 42 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A separação do casal é um evento que marca a vida de todos os membros 
da família, especialmente a dos filhos. Muitas vezes, os pais ficam tão preocupados 
com seus problemas e suas necessidades durante a separação, que não 
conseguem distinguir o que é melhor para os filhos, tratando-os como meros objetos 
de uma disputa. Nestas situações cabe ao Estado intervir para assegurar que esses 
menores tenham respeitada sua dignidade e seu direito à convivência familiar. 
Uma das maneiras encontradas para se preservar o direito dos filhos de 
contato com os pais é a instituição da guarda compartilhada, que por assegurar uma 
distribuição mais equitativa da autoridade parental, permite que a criança e o 
adolescente beneficiem-se da convivência com ambos. Essa característica 
apaziguadora da guarda compartilhada acabou destacando-a também como uma 
forma de solução para o problema da Alienação Parental. 
Quando a separação ocorre em meio a conflitos, pode desencadear 
sentimentos extremos de ódio e vingança entre os ex-cônjuges. Tais sentimentos 
resultam em condutas desequilibradas por parte dos genitores, e podem 
comprometer seriamente o desenvolvimento psicológico dos filhos, que já estão 
fragilizados pela separação dos pais. Essa fragilidade aliada a alta 
sugestionabilidade (comum da criança) tornam-na presa fácil para o alienador, que 
consegue fazer com ela acredite em todas as histórias inventadas por ele. 
Portanto, podemos dizer que a Alienação Parental é uma forma de abuso 
psicológico cometido contra o menor e que deixa uma série de seqüelas neste, 
podendo transformá-lo em um adulto problemático que pode inclusive, vir a 
reproduzir o comportamento alienador. 
 43 
Também é possível afirmar que identificar a presença da Alienação Parental, 
o mais rápido possível, éuma necessidade, pois quanto mais tempo a criança 
permanecer submetida a esta prática nociva, mais difícil será para reverter o quadro. 
E como essa identificação não é uma tarefa simples, faz-se necessário que os 
profissionais que atuam na esfera do direito de família, busquem informar-se sobre 
esta prática para que quando se deparem com um caso desta natureza tenham 
condições de proceder de maneira adequada, evitando injustiças. 
Vimos nos casos relatados que algumas vezes o Judiciário acabava atuando 
como auxiliar do alienador, que simplesmente desrespeitava as ordens judiciais e 
manipulava o sistema a fim de que o processo se prolongasse pelo maior tempo 
possível, fazendo com que a criança se desligasse totalmente do genitor, sem que 
fossem impostos limites para suas ações. 
Foi para evitar que injustiças como essas continuassem a ser cometidas que 
foi criada recentemente a lei n° 12.318/2010, com o intuito de facilitar a identificação 
da Alienação Parental e a adoção de medidas, pelo juiz, para inibir esta prática. 
A lei traz o conceito legal de Alienação Parental e exemplifica as formas 
como ocorre tal prática, além de direcionar o poder discricionário do juiz para a 
adoção de medidas, que visam proteger a integridade física e psicológica do menor 
e que garantam a manutenção do vínculo parental entre o menor e os pais, 
colocando inclusive, como direito fundamental da criança e do adolescente o direito 
a convivência familiar saudável. Ressaltando que a convivência deve ser mantida 
mesmo durante as investigações, nem que seja de forma reduzida, por meio de 
visitas monitoradas, a não ser que isto represente risco de dano ao menor. 
A lei também estabeleceu alguns requisitos para a realização de perícias, 
que incluem, entre outras, entrevistas com todos os envolvidos, análise do histórico 
 44 
da separação e principalmente, o exame da forma como a criança ou adolescente se 
manifesta acerca da eventual acusação contra o genitor. A lei exigiu ainda que o 
profissional responsável pela perícia possua aptidão comprovada para diagnosticar 
atos de alienação parental. 
É possível concluir que a medida que a Alienação Parental se torna mais 
conhecida, torna-se mais fácil a identificação e prevenção de sua ocorrência. Nesse 
sentido a nova lei representa um avanço, pois aborda questões relevantes 
referentes à Alienação Parental, na tentativa de solucionar ou pelo menos minorar 
os problemas que vinham ocorrendo. 
Esperamos que a lei, que veio em tão boa hora, consiga alcançar seu 
propósito de garantir a efetividade do comando constitucional que assegura as 
crianças e adolescentes total proteção com absoluta prioridade. 
 
 
 45 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
A MORTE INVENTADA: Alienação Parental. Direção de Alan Minas. Produção de 
Daniela Vitorino. Brasil: Caraminhola Filmes, 2009. 
 
AGUILAR, Jose Manoel. Comparação dos sintomas da alienação parental com os 
sintomas de abuso sexual. Disponível em: HTTP://www.apase.org.br. Acesso em: 
31/11/2010. 
 
AZAMBUJA, Maria Regina Fay de. A criança vítima de violência sexual intrafamiliar: 
como operacionalizar as visitas? In: DIAS, Maria Berenice (Coord.). Incesto e 
alienação parental: realidades que a justiça insiste em não ver. 2.ed. São Paulo, 
Revista dos Tribunais, 2010. 
 
BRASIL. Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental 
e altera o art. 236 da Lei nº 8.069, de 14 de julho de 1990. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm. Acesso 
em: 01/02/2011. 
 
CALÇADA, Andreia. Falsas Acusações de Abuso Sexual: e a implantação de falsas 
memórias / APASE – Associação de Pais e Mães Separados. São Paulo: Equilíbrio, 
2009. 
 
DIAS, Maria Berenice. Alienação Parental: um crime sem punição. In: ______. 
Incesto e alienação parental: realidades que a justiça insiste em não ver. 2.ed. São 
Paulo, Revista dos Tribunais, 2010. 
 46 
DIAS, Maria Berenice. Alienação Parental: uma nova lei para um velho problema! ? 
IBDFAM – Instituto de direito de Família. 30/08/2010. Disponível em: 
http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=669. Acesso em: 31/11/2010. 
 
______. Síndrome da Alienação Parental, o que é isso? IBDFAM – Instituto de 
direito de Família. 31/10/2008. Disponível em: 
http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=463. Acesso em 31/11/2010. 
 
DUARTE, Marcos. Alienação Parental: comentários iniciais à lei 12.318/2010. 
IBDFAM – Instituto de direito de Família. 17/12/2010. Disponível em: 
http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=697. Acesso em 31/11/2010. 
 
GUAZZELLI, Monica. A Falsa Denúncia de Abuso Sexual. In: DIAS, Maria Berenice 
(Coord.). Incesto e alienação parental: realidades que a justiça insiste em não ver. 
2.ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2010. 
 
LEITE, Eduardo de Oliveira Leite. Famílias Monoparentais: A situação jurídica de 
pais e mães separados e dos filhos na ruptura da vida conjugal. 2.ed.São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2003. 
 
LOBO, Paulo. Famílias. Direito Civil. 2.ed.São Paulo: Saraiva, 2009. 
 
 
 
 47 
MACEDO, Antonio Luiz Bueno de Macedo. Poder Discricionário do Juiz. 08/01/2009. 
Disponível em: http://www.amacedo.com.br/index.php?option=com_content&view= 
article&id=45:poder-discricionario-do-juiz&catid=35:artigos&Itemid=53. Acessado em 
07/02/2011. 
 
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. Direito de Família. Vol.5. 3.ed.Rio de Janeiro 
Forense, 2009. 
 
PEREZ, Elizio Luiz. Breves Comentários acerca da Lei da Alienação Parental (lei 
12.318/2010). In: DIAS, Maria Berenice (Coord.). Incesto e alienação parental: 
realidades que a justiça insiste em não ver. 2.ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 
2010. 
 
PODEVYN, François. Síndrome da Alienação Parental. 04/04/2001. Tradução para 
Português: Apase – Associação de Pais e Mães Separados 08/08/2001. 
Colaboração: Associação Pais para Sempre. Disponível em http://www.sos-
papai.org/br_francois.html. 
 
ROSA, Felipe Niemezewski. A síndrome de alienação parental nos casos de 
separações judiciais no direito civil brasileiro. Monografia. Curso de Direito. PUC- 
RS, Porto Alegre, 2008. Disponível em http://www.alienacaoparental.com.br//textos-
sobre-sap/felipe_niemezewski.pdf. 
 
 
 
 48 
SANTOS, Rubens dos. Síndrome da Alienação Parental e a legislação brasileira. 
28/08/2010. Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?iddh=4638. 
Acesso em: 20/01/2011. 
 
SILVA, Denise Maria Perissini da. Guarda Compartilhada e Síndrome da alienação 
Parenta: O que é isso? São Paulo, Armazém do Ipê, 2009. 
 
SILVA, Luiz Evandro. Perícias Psicológicas nas Varas de Família: Um Recorte da 
Psicologia Jurídica / APASE – Associação de Pais e Mães Separados. São Paulo: 
Equilíbrio, 2009. 
 
TRINDADE, Jorge. Síndrome da Alienação Parental. In: DIAS, Maria Berenice 
(Coord.). Incesto e alienação parental: realidades que a justiça insiste em não ver. 
2.ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2010. 
 
WEISZFLOG, Walter. Michaelis: Moderno dicionário da Língua Portuguesa. 
Melhoramentos, São Paulo, 2009.

Outros materiais