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Direito Penal

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Direito Penal
Nascimento da Criminologia (divergência)
Em 1764 – Dei Delitti E Delle Penne – C. Beccaria – Criminologia com viés humanitário.
Em 1876 – L’Uomo Delinquente – C. Lombroso- Criminologia com viés etiológico. (Positivismo criminológico)
Mas o que é “criminologia”?
Ciência empírica que estudo o crime, o criminoso, a vítima e do controle social do comportamento delitivo.
Ocupa-se do crime enquanto fato.Ciência, pois, apresenta função, método e objeto próprio. Reúne informações válidas e confiáveis sobre a criminalidade baseada na observação do mundo concreto.
Seu método → método empírico
História da Criminologia
Período da antiguidade
Grandes pensadores já opinavam e forneciam conceitos sobre o estudo do crime e da pena 
Ex: Sócrates (470-399 a.C.) – importância da ressocialização – pena e sua finalidade
Período da Id. Média
São Tomás de Aquino (1226-1274) – precursor da justiça distributiva, isto é, de se dar a cada um o que é seu segundo certa igualdade.
Escolas Criminológicas
Escola Clássica (séc. XVIII)
Procurou construir os limites do poder punitivo do Estado em face da liberdade individual.
Baseada no iluminismo;
Reação ao absolutismo;
Insurge-se contra as torturas e desrespeitos aos direitos fundamentais praticadas pelo antigo regime absolutista;
Entende que o direito penal tem um fim de tutela (pena é instrumento de proteção- proporcional ao delito, deve ser certa, conhecida e justa);
Responsabilidade penal encontra-se no livre-arbítrio (o homem livre que escolhe o mal);
Beccaria;
Método dedutivo.
Escola Positiva (séc. XIX-XX)
Lombroso marca a fase antropológica, Garofalo e Ferri marcam a fase jurídica.
A criminalidade é considerada um fenômeno natural de causa determinada;
A criminologia deve explicar as causas do delito, utilizando-se de método científico capaz de prever meios de combater o crime;
A criminologia assume o papel de defesa do corpo social;
Criminologia combatendo a criminalidade;
Reação em favor da defesa social;
A pena é instrumento de defesa social – não deve ser aplicada com o fim de retribuição e sim em razão da periculosidade do delinquente.
Lombroso- não acredita no livre-arbítrio e sim no determinismo (alguns homens já estão determinados para a prática de crime).Neste período positivista o estudo da criminalidade abandona as ideias da escola clássica, defensora do livre-arbítrio, e migra para o terreno do concretismo, da verificação prática do delito e do delinquente.
Cientificidade Criminológica │se dá com a publicação da obra de Lombroso│ - Até então diversas investigações sobre o crime e sua causa e o criminoso foram conduzidas por pseudociências (ciências ocultas→ demologia, fisionomia e frenologia);
Método indutivo.
Criminologia Crítica (séc. XX)
Estudo da teoria sociológica do Funcionalismo de Durkheim
Objeto de estudo é o controle social, o poder que tenta atrelar tudo a ele. Não mais o crime e o criminoso.
Reação social que ajuda a criar o crime, fomentado pela mídia. Não mais fatores etiológicos;
Método dialético.
A Criminologia Crítica com o materialismo histórico entende o crime como político, cultural, dinâmico e relativo. O crime não é qualidade do ato, é ato qualificado como criminoso. O crime nasce da elaboração legislativa, a partir de conflitos na estrutura social. Portanto, o controle social é quem cria o crime. Trabalha a partir do modelo da reação social.
Conceitos importantes:
Rotulação (Howard Becker): agregar imagens pejorativas a indivíduos seletivamente marginalizados pelas ocupações que exercem ou por estarem vagando pelas ruas. 
Estigma (Erving Goffman):  características particulares de um grupo ou indivíduo que seguem o oposto das normais culturais tradicionais de uma sociedade
Estereótipo (Chapman): generalizações que as pessoas fazem sobre comportamentos ou características de outros. Estereótipo significa impressão sólida
Escola Crítica Moderna (séc. XX-XXI)
Objeto de estudo: controle social, crime, vítima e delinquente; 
Crime como fenômeno humano;
Prevenção do delito – prevencionista;
Método: empirismo interdisciplinar.
A criminologia científica moderna é uma ciência empírica e interdisciplinar, com informação válida e segura, relacionada ao fenômeno delitivo, entendido sobre o prisma individual e de problema social, como também formas de o prevenir. Concebe o crime como fenômeno humano, cultural e complexo.
Teorias Sociológicas
Escola de Chicago (dec. 20-30)
Enfoca a organização do espaço urbano – desorganização social = fator criminógeno. 
Duas fases → de 1915 a 1940 e de 1945 a 1960.
Teoria Ecológica: esta escola utilizava-se do conceito de ecologia humana. Logo, mais importante do que os fatos era como as pessoas reagiam a eles, como a experiência prática era fundamental. Assim notou-se a observação direta, o pragmatismo que empregava o método participante. Considerava a experiência do pesquisador. Relata como a cidade produz criminalidade.
Teoria da zona concêntrica – Ernest Burguess
Quanto mais distante do centro, mais residencial. Proximidade com o caos urbano = maior criminalidade
Teoria da Associação diferencial (Edwin Sutherland)
Crimes diferenciados – casos de dessemelhança com os criminosos comuns (grupos empresariais) → White Collor Crimes. 
A conduta criminal deve ser aprendida – inclui técnicas – por meio da interação → aprendizagem comportamental.
Teoria da Anomia (falta de ordem/ ausência de normas) – Durkheim.
Teoria Funcionalista da Anomia → posteriormente desenvolvida por Merton. 
O desvio é um fenômeno normal da estrutura social – exceto pelo excesso.
Teoria Estrutural Funcionalista da Inovação
Vias transversa para atingir o padrão social.
Crime: distância entre o padrão cultural almejado e a estrutura social.
	C
	Conformidade: indivíduo aceita o padrão cultural e os meios institucionalizados
	I
	Inovação: aceita o padrão cultural, mas não os meios institucionais.
	R
	Ritualismo: descaso com o padrão cultural mas resigna-se aos meios institucionais.
	E
	Evasão: não segue as metas culturais nem os meios institucionais,
	R
	Rebelião: busca de uma nova ordem.
Teoria Das Subculturas Delinquentes – Albert Cohen
Teoria da subcultura delinquente
Prática e ideias culturais diferem das seguidas pela sociedade em geral.
Considera o caráter pluralista e atomizado da sociedade 
Crime: reflexo de um sistema de normas e valores distintos, os subculturais, do conflito.
Teoria do Labelling Approach (Dec. 70)
Teoria do etiquetamento/rotulação
Enfoca a reação proveniente do crime
O indivíduo rotulado como delinquente assume este papel
- Etapas explicativas:
I. Criminalização primária: definição da conduta desviada pela criação de normas
II. Criminalização secundária: atribuição do status social por um processo de seleção 
Criminalização terciária: impacto da atribuição do status de criminoso na identidade gera e reforça carreira desviada, como na prisão
Crime: não é qualidade intrínseca da conduta, mas conduta que passa a ser considerada criminosa – reação social quem cria.A passagem do positivismo criminológico para a criminologia crítica se dá pelo desenvolvimento dessas teorias (ecológica, associação diferencial, anomia, inovação, subcultura, labelling.)
Tipos de Prevenção
Primária: ampla/aplicada a longo prazo - Atua nas raízes do problema. Ex: educação, lazer/saúde.
Secundária: focada/ médio-curto prazo - Incide em zonas de concentração de violência. Ex: programas policiais.
Terciária: Indivíduos apenados – evitar a reincidência - Atua mais tardiamente - Produz estigmação e prisionização.
→Prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito
Estado: monopólio da aplicação penal – submetendo-se a limitação importa (constituição e trat. Internacionais) – racionalidade do poder punitivo do Estado.
Direito penal: conter estado policial e poder punitivo – assegurar direitos fundamentais.
Reação ao Crime
Modelo clássico: defende o rigor da sanção.
Modelo neoclássico:defende a eficácia da forma do funcionamento do sistema penal.
→ Teoria absoluta (retribuição): indivíduo paga pelo mal produzido.
→ Teoria relativa (prevenção geral): atua pelo temor infundido aos possíveis delinquentes – exemplaridade. 
→ Teoria relativa (parte especial): atua através da correção do apenado – ressocialização. 
Diverge da teoria agnóstica da pena, segundo esta teoria, a pena não ressocializa, não impede e nem inibe crime.
Pena: função de retribuição
Princípios Constitucionais Penais
VIDE TEXTO: Princípios Constitucionais Penais
LEI PENAL NO TEMPO
Considerações introdutórias 
Assim como nenhuma forma de manifestação de vida consegue evitar a ação corrosiva e implacável do tempo, a lei penal também nasce, vive e morre. E, desde que uma lei entra em vigor, ela rege todos os atos abrangidos por sua destinação, até que cesse a sua vigência. A lei anterior, como regra, perde sua vigência quando entra em vigor uma lei nova regulando a mesma matéria. E, como diz Damásio de Jesus1, “entre estes dois limites — entrada em vigor e cessação de sua vigência — situa-se a sua eficácia. Não alcança, assim, os fatos ocorridos antes ou depois dos dois limites extremos: não retroage nem tem ultra atividade. É o princípio tempus regit actum”. Em outros termos, a lei aplicável à repressão da prática do crime é a lei vigente ao tempo de sua execução. Essa é uma garantia do cidadão: além da segurança jurídica, garante-se lhe que não será́ surpreendido por leis ad hoc, criminalizando condutas, inclusive a posteriori, que até́ então não eram tipificadas como crime.
A natureza dinâmica do Direito determinou a necessidade de conciliar, no âmbito da sucessão de leis no tempo, o princípio tempus regit actum com o da aplicação da lei posterior, sempre que for mais favorável ao indivíduo. Diante dessa necessidade, procurou-se temperar aquele velho princípio para adequá-lo às necessidades modernas, determinando que a lei penal não retroage, salvo para beneficiar o infrator. Essa orientação está prescrita no parágrafo único do seu art. 2º: “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”.
Princípios da lei penal no tempo 
Alguns princípios do chamado direito intertemporal procuram resolver as questões que naturalmente surgem com a sucessão das leis penais no tempo. 
Irretroatividade da lei penal 
Há uma regra dominante em termos de conflito de leis penais no tempo. É a da irretroatividade da lei penal, sem a qual não haveria nem segurança nem liberdade na sociedade, em flagrante desrespeito ao princípio da legalidade e da anterioridade da lei, consagrado no art. 1º do Código Penal “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal” e no art. 5o, XXXIX, da Constituição Federal.
O fundamento dessa proibição, sustenta Jescheck, é a ideia de segurança jurídica, que se consubstancia num dos princípios reitores do Estado de Direito, segundo o qual as normas que regulam as infrações penais não podem modificar- -se após as suas execuções em prejuízo do cidadão.
Ademais, o princípio da irretroatividade da lei penal também tem a finalidade de proteger o indivíduo contra o próprio legislador, impedindo-o de crimina- lizar novas condutas, já́ praticadas por aquele, que, desconhecendo tal circunstância, não tem como nem por que evitá-la. Na verdade, a irretroatividade penal é corolário do princípio da anterioridade da lei penal, segundo o qual uma lei penal incriminadora somente pode ser aplicada a determinado fato concreto caso estivesse em vigor antes da sua prática.
Retroatividade e ultratividade da lei mais benigna 
No conflito de leis penais no tempo, é indispensável investigar qual a que se apresenta mais favorável ao indivíduo tido como infrator. A lei anterior, quando for mais favorável, terá́ ultratividade e prevalecerá mesmo ao tempo de vigência da lei nova, apesar de já́ estar revogada. O inverso também é verdadeiro, isto é, quando a lei posterior for mais benéfica, retroagirá para alcançar fatos cometidos antes de sua vigência.
Assim, pode-se resumir o conflito do direito intertemporal no seguinte princípio: o da retroatividade e ultratividade da lei mais benigna. A lei penal mais benéfica, repetindo, não só́ é retroativa, mas também ultrativa. 
Esses efeitos retro- ativo e ultrativo, consagrados pela Constituição, que configurarem lei penal mais benigna, aplicam-se às normas de Direito Penal material, tais como nas hipóteses de reconhecimento de causas extintivas da punibilidade, tipificação de novas condutas, cominação de penas, alteração de regimes de cumprimento de penas, ou a qualquer norma penal que, de qualquer modo, agrave a situação jurídico- -penal do indiciado, réu ou condenado.
Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo 
A regra geral é a atividade da lei penal no período de sua vigência. A extra atividade é exceção a essa regra, que tem aplicação quando, no conflito intertemporal, se fizer presente uma norma penal mais benéfica. São espécies dessa atividade estendida a retroatividade e ultratividade. Esses dois efeitos ocorrem: quando a lei revogada for mais benéfica, ela terá́ ultratividade, aplicando-se ao fato cometido durante sua vigência; no entanto, se a lei revogadora for a mais benigna, esta será́ aplicada retroativamente. 
O sistema penal brasileiro procura resolver as situações de conflitos temporais que a lei penal pode apresentar, inserindo normas específicas, tanto no Código Penal como na Lei de Introdução ao Código de Processo Penal
As prováveis hipóteses de choques entre a lei nova e a anterior são as seguintes: 
 Abolitio criminis — Ocorre abolitio criminis quando a lei nova deixa de considerar crime fato anteriormente tipificado como ilícito penal. A lei nova retira a característica de ilicitude penal de uma conduta precedentemente incriminada. Nessa hipótese, partindo da presunção de que a lei nova é a mais adequa- da, e de que o Estado não tem mais interesse na punição dos autores de tais condutas, aquela retroage para afastar as consequências jurídico-penais a que estariam sujeitos os autores. Bonfim e Capez elencam os efeitos práticos da abolitio criminis; por sua pertinência, pedimos vênia para transcrever: “O inquérito policial ou o processo são imediatamente trancados e extintos, uma vez que não há mais razão de existir; se já houve sentença condenatória, cessam imediatamente sua execução e todos os seus efeitos penais, principais e secundários; os efeitos extrapenais (sic), no entanto, subsistem, em face do disposto no art. 2o, caput, do Código Penal, segundo o qual cessam apenas os efeitos penais da condenação”
Novatio legis incriminadora — A novatio legis incriminadora, ao contrário da abolitio criminis, considera crime fato anteriormente não incriminado. A novatio legis incriminadora é irretroativa e não pode ser aplicada a fatos praticados antes da sua vigência, segundo o velho aforisma nullum crimen sine praevia lege, hoje erigido a dogma constitucional (art. 5o, XXXIX, da CF e art. 1o do CP). Pontificava o saudoso Assis Toledo (Princípios básicos de Direito Penal..., p. 31), in verbis: “A lei penal mais grave não se aplica aos fatos ocorridos antes de sua vigência, seja quando cria figura penal até então inexistente, seja quando se limita a agravar as consequências jurídico-penais do fato, isto é, a pena ou a medida de segurança. Há, pois, uma proibição de retroatividade das normas mais severas de direito penal material”.
Novatio legis in pejus — Lei posterior que de qualquer modo agravar a situação do sujeito não retroagirá (art. 5o, XL, da CF). Se houver um conflito entre duas leis, a anterior, mais benigna, e a posterior, mais severa, aplicar-se-á́ a mais benigna: a anterior será ultra ativa, por sua benignidade, e a posterior será irretroativa, por sua severidade. A lei menos favorável, seja anterior,seja posterior, denomina-se lex gravior e, como tal, não pode ser aplicada a fatos ocorridos antes de sua vigência.
Novatio legis in mellius — Pode ocorrer que a lei nova, mesmo sem descriminalizar, dê tratamento mais favorável ao sujeito. Mesmo que a sentença condenatória encontre-se em fase de execução, prevalece a lex mitior que, de qualquer modo, favorece o agente, nos estritos termos do parágrafo único do art. 2o do CP. O dispositivo citado deixa claro que a retroatividade é incondicional.
Hungria, a seu tempo, já sustentava orientação nesse sentido: “A lei em período de vacatio não deixa de ser lei posterior, devendo, pois, ser aplicada, desde logo, se mais favorável ao réu”
Questão igualmente interessante a definir é a competência da autoridade judiciária que deve aplicar a lei penal mais benéfica. Afinal, a quem competirá essa atividade jurisdicional? Essa definição dependerá de cada caso concreto, como veremos a seguir: 
Juiz de primeiro grau — processo de conhecimento: quando o processo criminal encontrar-se em andamento, até a prolatação da sentença respectiva. Com a publicação da sentença o juiz esgota sua atividade jurisdicional, não podendo mais atuar no referido processo.
Fase recursal — instância superior: encontrando-se o processo em grau de recurso, a competência para examinar a hipótese de lei penal mais benéfica, anterior ou posterior, é do Tribunal ao qual se destina o recurso, mesmo quando os autos ainda não tenham subido. O juiz do processo de conhecimento esgota sua jurisdição com a publicação da sentença, e, enquanto pender recurso, não se pode falar em juiz da execução, especialmente se considerado o princípio da presunção de inocência assegurado pela Constituição Federal. 
Fase executória (com trânsito em julgado): nesta hipótese, podem-se citar duas orientações a respeito. Pela primeira, compete ao juiz da execução criminal. Quando a lei mais benigna consistir em lei nova, a Lei de Introdução ao Código de Processo Penal dá respaldo legal a essa interpretação pretoriana, estabelecendo: “A aplicação da lei nova a fato julgado por sentença condenatória irrecorrível, nos casos previstos no art. 2o e seu parágrafo único, do Código Penal, far-se-á́ mediante despacho do juiz, de ofício, ou a requerimento do condenado ou do Ministério Público” (art. 13 da Lei de Introdução ao Código de Processo Penal). Mais recentemente, a Lei de Execução Penal, na mesma linha, estabelece: “Compete ao juiz da execução: aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado” (art. 66, I, da Lei n. 7.210/84).
Lei intermediária e conjugação de leis
 Problema interessante surge quando há uma sucessão de leis penais, e a mais favorável não é nem a lei do tempo do fato nem a última, mas uma intermediária, isto é, uma lei que não estava vigendo nem ao tempo do fato delitivo nem no momento da solução do caso.
De acordo com os princípios gerais do Direito Penal intertemporal, deve-se aplicar a lei mais favorável. Se a lei intermediária for a mais favorável, deverá ser aplicada. Assim, a lei posterior, mais rigorosa, não pode ser aplicada pelo princípio geral da irretroatividade, como também não pode ser aplicada a lei da época do fato, mais rigorosa. Por princípio excepcional, só poderá ser aplicada a lei intermediária, que é a mais favorável. Nessa hipótese, a lei intermediária tem dupla extra atividade: é, ao mesmo tempo, retroativa e ultra ativa!
É possível conjugar os aspectos favoráveis da lei anterior com os aspectos favoráveis da lei posterior?
Alguns autores da doutrina nacional e estrangeira opõem-se a essa possibilidade, porque isso representaria a criação de uma terceira lei, travestindo o juiz de legislador. Bustos Ramirez, contrariamente, admite a combinação de leis no campo penal, pois, como afirma, nunca há uma lei estritamente completa, enquanto há leis especialmente incompletas, como é o caso da norma penal em branco; consequentemente, o juiz sempre está configurando uma terceira lei, que, a rigor, não passa de simples interpretação integrativa, admissível na atividade judicial, favorável ao réu.
O Supremo Tribunal Federal teve oportunidade de examinar essa matéria e decidiu pela possibilidade da conjugação de leis para beneficiar o acusado.
Leis excepcionais e temporárias 
As leis excepcionais e temporárias são leis que vigem por período predeterminado, pois nascem com a finalidade de regular circunstâncias transitórias especiais que, em situação normal, seriam desnecessárias. Leis temporárias são aquelas cuja vigência vem previamente fixada pelo legislador, e são leis excepcionais as que vigem durante situações de emergência.
As leis temporárias e excepcionais, nos termos do art. 3º do CP, têm ultratividade. Frederico Marques, analisando o conteúdo e a estrutura dessas leis, afirmava que “por ter sido elaborada em função de acontecimentos anormais, ou em razão de uma eficácia previamente limitada no tempo, não se pode esquecer que a própria tipicidade dos fatos cometidos sob seu império inclui o fator temporal como pressuposto da ilicitude punível ou da agravação da sanção”. Em outros termos, a circunstância de o fato ter sido praticado durante o prazo fixado pelo legislador (temporária) ou durante a situação de emergência (excepcional) constitui elemento temporal do próprio fato típico.
LEI PENAL NO ESPAÇO
Princípios dominantes 
A lei penal, em decorrência do princípio de soberania, vige em todo o território de um Estado politicamente organizado. No entanto, pode ocorrer, em certos casos, para um combate eficaz à criminalidade, a necessidade de que os efeitos da lei penal ultrapassem os limites territoriais para regular fatos ocorridos além de sua soberania, ou, então, a ocorrência de determinada infração penal pode afetar a ordem jurídica de dois ou mais Estados soberanos. Surge, assim, a necessidade de limitar a eficácia espacial da lei penal, disciplinando qual lei deve ser aplicada em tais hipóteses. A aplicação da lei penal no espaço é regida pelos seguintes princípios: 
 Princípio da territorialidade: pelo princípio da territorialidade, aplica-se a lei penal brasileira aos fatos puníveis praticados no território nacional, independentemente da nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico lesado. A lei brasileira adota essa diretriz como regra geral, ainda que de forma atenuada ou temperada (art. 5o, caput, do CP), uma vez que ressalva a validade de convenções, tratados e regras internacionais.
Princípio real, de defesa ou de proteção: esse princípio permite a extensão da jurisdição penal do Estado titular do bem jurídico lesado, para além dos seus limites territoriais, fundamentado na nacionalidade do bem jurídico lesado (art. 7o, I, do CP), independentemente do local em que o crime foi praticado ou da nacionalidade do agente infrator. Protege-se, assim, determinados bens jurídicos que o Estado considera fundamentais.
Princípio da nacionalidade ou da personalidade: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente, pouco importando o local em que o crime foi praticado. O Estado tem o direito de exigir que o seu nacional no estrangeiro tenha determinado comportamento. Esse princípio pode apresentar-se sob duas formas: personalidade ativa — caso em que se considera somente a nacionalidade do autor do delito (art. 7o, II, b, do CP); personalidade passiva — nesta hipótese importa somente se a vítima do delito é nacional (art. 7o, § 3o, do CP).
Princípio da universalidade ou cosmopolita Por esse princípio, as leis penais devem ser aplicadas a todos os homens, onde quer que se encontrem. Esse princípio é característico da cooperação penal internacional, porque permite a punição, por todos os Estados, de todos os crimes que forem objeto de tratados e de convenções internacionais. Aplica-se a leinacional a todos os fatos puníveis, sem levar em conta o lugar do delito, a nacionalidade de seu autor ou do bem jurídico lesado (ex.: art. 7o, II, a, do CP).
Princípio da representação ou da bandeira: trata-se de um princípio subsidiário, e, quando houver deficiência legislativa ou desinteresse de quem deveria reprimir, aplica-se a lei do Estado em que está registrada a embarcação ou a aeronave ou cuja bandeira ostenta aos delitos pra- ticados em seu interior (art. 7o, II, c, do CP).
Princípios adotados pelo Código Penal brasileiro: o Código Penal brasileiro adotou, como regra, o princípio da territorialidade e, como exceção, os seguintes princípios: a) real ou de proteção (art. 7o, I e § 3o); b) universal ou cosmopolita (art. 7o, II, a); c) nacionalidade ativa (art. 7o, II, b); d) nacionalidade passiva (art. 7o, § 3o); e) representação (art. 7o, II, c).
Conceito de território nacional 
O conceito de território nacional, em sentido jurídico, deve ser entendido como âmbito espacial sujeito ao poder soberano do Estado. “O território nacional — efetivo ou real — compreende: a superfície terrestre (solo e subsolo), as águas territoriais (fluviais, lacustres e marítimas) e o espaço aéreo correspondente. Entende-se, ainda, como sendo território nacional — por extensão ou flutuante — as embarcações e as aeronaves, por força de uma ficção jurídica”6. Em sentido estrito, território abrange solo (e subsolo) contínuo e com limites reconhecidos, águas interiores, mar territorial (plataforma continental) e respectivo espaço aéreo.
Os navios podem ser públicos ou privados. Navios públicos são os de guerra, os em serviços militares, em serviços públicos (polícia marítima, alfândega etc.), e aqueles que são colocados a serviço de Chefes de Estados ou representantes diplomáticos. Navios privados, por sua vez, são os mercantes, de turismo etc. Os navios públicos, independentemente de se encontrarem em mar territorial brasileiro, mar territorial estrangeiro ou em alto-mar, são considerados território nacional. Por isso, qualquer crime cometido dentro de um desses navios, indiferentemente de onde se encontrem, deverá ser julgado pela Justiça brasileira (art. 5o, § 1o, 1a parte).
Os navios privados têm um tratamento diferente: a) quando em alto-mar, seguem a lei da bandeira que ostentam; b) quando estiverem em portos ou mares territoriais estrangeiros, seguem a lei do país em que se encontrem (art. 5o, § 1o, 2a parte).
As aeronaves, a exemplo dos navios, também podem ser públicas e privadas. E a elas aplicam-se os mesmos princípios examinados quanto aos navios (art. 5o, §§ 1o e 2o).
Lugar do crime
A definição do lugar do crime, contida no referido art. 6o, deixa uma possível lacuna, quando, por exemplo, se produzir no território brasileiro “parte” do resultado, e a ação ou omissão tenha sido praticada fora do território nacional e o agente não tenha pretendido que o resultado aqui se produzisse. Ocorre que o texto legal refere-se a “parte” da ação ou omissão, mas não faz o mesmo em relação ao resultado, e “parte” do resultado não se pode confundir com todo este.
Extraterritorialidade 
As situações de aplicação extraterritorial da lei penal brasileira estão previstas no art. 7o e constituem exceções ao princípio geral da territorialidade (art. 5o). As hipóteses são as seguintes: a) extraterritorialidade incondicionada; b) extraterritorialidade condicionada. 
 Extraterritorialidade incondicionada — Aplica-se a lei brasileira sem qualquer condicionante (art. 7o, I, do CP), na hipótese de crimes praticados fora do território nacional, ainda que o agente tenha sido julgado no estrangeiro (art. 7o, I, do CP), com fundamento nos princípios de defesa (art. 7o, I, a, b e c, do CP) e da universalidade (art. 7o, I, d, do CP). Os casos de extraterritorialidade incondicional referem-se a crimes: 1) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 2) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, Território, Município, empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 3) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 4) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
A importância dos bens jurídicos, objeto da proteção penal, justifica, em tese, essa incondicional aplicação da lei brasileira. Nesses crimes, o Poder Jurisdicional brasileiro é exercido independentemente da concordância do país onde o crime ocorreu. É desnecessário, inclusive, o ingresso do agente no território brasileiro, podendo, no caso, ser julgado à revelia. A circunstância de o fato ser lícito no país onde foi praticado ou se encontrar extinta a punibilidade será irrelevante.
Extraterritorialidade condicionada — Aplica-se a lei brasileira quando satisfeitos certos requisitos (art. 7o, II e §§ 2o e 3o, do CP), com base nos princípios da universalidade (art. 7o, II, a, do CP), da personalidade (art. 7o, II, b, do CP), da bandeira (art. 7o, II, c, do CP) e da defesa (art. 7o, § 3o, do CP). As hipóteses de extraterritorialidade condicionada referem-se a crimes: 1) que, por tratado ou convenção, o Brasil obrigou-se a reprimir; 2) praticados por brasileiros; 3) pra- ticados em aeronaves ou em embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados; 4) pra- ticados por estrangeiros contra brasileiro fora do Brasil. A primeira hipótese de extraterritorialidade condicionada refere-se à cooperação penal internacional que deve existir entre os povos para prevenir e reprimir aquelas infrações penais que interessam a toda a comunidade internacional. Os tratados e convenções internacionais firmados pelo Brasil e homologados pelo Congresso Nacional ganham status de legislação interna e são de aplicação obrigatória. A segunda hipótese, de extraterritorialidade condicionada, refere-se a crimes praticados por brasileiros, no exterior. Como vimos, pelo princípio da nacionalidade ou personalidade o Estado tem o direito de exigir que o seu nacional no estrangeiro tenha comportamento de acordo com seu ordenamento jurídico. Pelo mesmo princípio, aplica-se a lei brasileira, sendo indiferente que o crime tenha sido praticado no estrangeiro. Por outro lado, em hipótese alguma o Brasil concede extradição de brasileiro nato. Assim, para se evitar eventual impunidade, não se concedendo extradição, é absolutamente correto que se aplique a lei brasileira. O terceiro caso refere-se a crimes praticados em aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou privadas, quando no estrangeiro e aí não tenham sido julgados (art. 7o, c). Neste caso, na verdade, o agente está sujeito à soberania do Estado onde o crime foi praticado. No entanto, se referido Estado não aplicar sua lei, é natural que o Brasil o faça, para evitar a impunidade

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