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Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo Análises da resistência à compressão do Concreto de Alta Resistência utilizando como adição a Sílica Ativa e a Cinza de Casca de Arroz Analysis of the compressive strength of High Strength Concrete using as addition the Active Silica and the Rice Peel Ash FERREIRA, T. C. G.1, ARAÚJO, T. R. L.2, BURG, I. B.3, AMORIM, E. N.4, BETTI, G. N.5 Centro Universitário Adventista de São Paulo, Graduação Engenharia Civil Est. Municipal Pastor Walter Boger, km 3,4, CEP 13165-000, Engenheiro Coelho-SP-Brasil 1e-mail: thais.cristhina@hotmail.com 2e-mail: tamine.araujo@ucb.org.br 3e-mail: iaraburg.ec@hotmail.com 4e-mail: 7amorim@hotmail.com 5e-mail: gabrielnbetti@hotmail.com Resumo O concreto de alta resistência é uma evolução do concreto convencional, não uma mistura revolucionária. Ele vem para satisfazer nossas necessidades de tecnologias de construção. Essa evolução está ligada as novas técnicas de dosagem, o que inclui baixíssima relação água/cimento, uso de adições pozolânicas e aditivos químicos. Este estudo busca avaliar a adição incorporada ao concreto. Será analisado a resistência a compressão de quatro traços com diferentes adições. Um dois traços com adição de cinza de casca de arroz e outro dois com sílica ativa. A cinza de casca de arroz é um material que possui um potencial econômico e tecnologia muito grande. Hoje ela é reconhecida como um material de excelentes propriedades pozolânicas, mas não é muito usada industrialmente, a despeito do baixo custo e da grande disponibilidade. Enfim, será realizado um traço de referência só de cimento, dois traços com substituição volumétrica de cinza de casca de arroz, um com 7% e outro com 35%, e dois traços com substituição volumétrica de sílica ativa, também com 7 e 35%. Palavras-Chave: Concreto de Alta Resistência (CAR), Sílica Ativa, Cinza de Casca de Arroz, Adição, Resistência à compressão Abstract High-strength concrete is an evolution of conventional concrete, not a revolutionary blend. It comes to satisfy our building technology needs. This evolution is linked to the new dosing techniques, which includes very low water / cement ratio, use of pozolan additions and chemical additives. This study aims to evaluate the addition incorporated to the concrete. The compressive strength of four traces with different additions will be analyzed. A two traces with addition of rice husk ash and another two with active silica. Rice husk ash is a material that has economic potential and very great technology. Today it is recognized as a material of excellent pozzolanic properties, but is not widely used industrially, despite its low cost and high availability. Finally, a trace of cement only, two traces with volumetric replacement of rice hull ash, one with 7% and another with 35%, and two traces with volumetric substitution of active silica, also with 7 and 35% . Keywords: High Strength Concrete (HSC), Active Silica, Rice Peel Ash, Addition, Compressive Strength Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 2 1 Introdução Sabe-se hoje que o bem mais consumido no mundo é a água e logo em seguida, o cimento. Junto com agregados e a água obtém-se o concreto, que é o material construtivo mais utilizado no mundo. De acordo com a ABCP, existe hoje no mercado brasileiro uma variedade quanto aos tipos de cimento, mas apesar dessa rica variedade, cada vez mais se exige um concreto com propriedades de resistência e durabilidade superiores às do concreto comum. Aí que entra o Concreto de Alta Resistência. Redução de cargas por unidade de custos maior do que a obtida em concretos convencionais, compensando os custos envolvidos na sua produção; formas, moldes e mesas de moldagens em obras de estruturas pré-fabricadas podem ser utilizadas mais rapidamente, devido à rápida desforma; peças podem ser protendidas mais cedo, devido ao rápido ganho de resistência inicial. Essas são algumas vantagens desse material, ganhando, assim, velocidade para a obra e economia, de acordo com Tutikian et al (2011). Denomina-se, então, pela NBR 6118:2014, concreto de alta resistência concretos que atinjam a resistência à compressão de no mínimo 50 Mpa e de no máximo 90 MPa. A integração de determinados elementos no concreto, como aditivos, adições minerais, pigmentos, fibras e até uso de técnicas diferenciadas de execução como cura em altas temperaturas e pressões, permitem que esse tipo de concreto seja obtido. Denomina-se adição mineral os materiais com atividade pozolanica que são inseridos na mistura, como: pozolanas naturais, cinzas volantes, escória básica granulada de alto-forno, cinza de casca de arroz, metacaulim, sílica ativa e outras. A utilização de adição mineral nos CAR é importante devido à ação química e física que exercem essas partículas. No presente trabalho, foram feitos cinco traços de concreto. Foram dosados concretos com substituição volumétrica de cimento por pozolanas. As pozolanas utilizadas foram Sílica ativa e a Cinza de Casca de Arroz, para verificar a resistência a compressão dessas duas essas adições, e por fim, analisar se a Sílica Ativa pode ser substituída pela Cinza de Casca de Arroz, pois seriam reaproveitados os resíduos agrícolas, diminuindo, assim, o impacto ambiental. Por fim, foi analisado o resultado dos testes de resistência a compressão com essas duas adições distintas. Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 3 1.1 Objetivos Estudar a resistência à compressão do concreto quando tido como adição mineral a sílica ativa e a cinza de casca de arroz; Diante da análise de resistência à compressão, estudar a possibilidade da substituição da sílica ativa pela cinza de casca de arroz; Produzir concreto de alta resistência (CAR) com resistência à compressão acima de 65 MPA. 2 Concreto de Alta Resistência – CAR 2.1 Histórico O concreto de alta resistência surgiu nos EUA em meados dos anos 70, com aplicações em pontes, plataformas petrolíferas, túneis, edifícios altos etc (TORALLES- CARBONARI, 1996), usando concretos de resistência superiores a 50 MPa. Quanto ao Brasil, são raras as obras que utilizam concreto de resistência média superior a 30 MPa. Entretanto, somente a partir dos anos 80 é que começou a se difundir a produção e a comercialização de concretos de resistência a compressão superiores a 70 MPa (MEHTA & MONTEIRO, 1994). Hoje em dia, existem obras com resistências à compressão de até 120 MPa. 2.2 Definição Muito profissionais consideram CAR como sinônimo de concreto de alto desempenho (CAD), porém o conceito pode estar associado a outras características do concreto além da resistência à compressão. De acordo com Mehta e Monteiro (1994), o CAR é um tipo de concreto que possui resistência à compressão maior que 40 MPa. O CAR não é uma mistura nova, é apenas uma evolução dos procedimento utilizados para o seu desenvolvimento. Para se atingir resistência elevadas, de acordo com Tutikian et al (2011), são necessários controle de qualidade severo e mais cuidado na seleção e dosagem dos materiais, como por exemplo: Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação EngenhariaCivil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 4 Diminuição da relação água/aglomerante e da quantidade total de água por m³, através do uso de aditivos plastificantes e/ou superplastificantes; Adequar a composição granulométrica dos agregados para obter maior compacidade, utilizando agregados mais resistentes; Reforçar as ligações químicas entre as partículas, pelo uso dos aditivos minerais, usando partículas mais finas, muitas vezes, que o próprio cimento, o que confere coesão ao concreto. A consequência de um controle assim gera uma microestrutura com poros de menor tamanho, maior oposição à passagem de fluidos e maior fixação de agentes dissolvidos. O resultado final dessas ações simultâneas se traduz em aumento da compacidade, da resistência mecânica, da durabilidade e, portanto, do desempenho (TUTIKIAN, 2011). 2.3 Vantagens e Desvantagens Dentre os concretos de alto desempenho, o concreto de alta resistência é o que mais apresenta benefícios para a maioria das suas propriedades, como, de acordo com Dal Molin (1995): Diminuição das dimensões das peças estruturais, principalmente pilares de edifícios altos, fato que aumenta e melhora os espaços livres, principalmente nos andares mais baixos, onde são mais sobrecarregados; Vigas mais esbeltas e de maior comprimento, reduzindo a quantidade total de vigas necessárias em casa pavimento; Redução no peso total da estrutura, com a consequente redução das cargas nas estruturas; Redução das deformações imediatas como consequência de um maior módulo de deformação; Minimização das deformações lentas, com a redução da fluência devido a menor quantidade de vazios na pasta de cimento; Aumento da durabilidade das estruturas, por haver menos poros e menos permeabilidade, tornando o CAR menos exposto aos ataques agressivos presentes no meio ambiente; Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 5 Redução dos custos devido à redução do volume de concreto necessário; Maior rapidez de execução; Freitas (2005) ainda destaca: Retorno do investimento financeiro mais rápido, pois devido a sua alta resistência nas primeiras idades, permite o encurtamento do cronograma da obra; Menor custo de manutenção, devido a durabilidade da estrutura; Melhor aproveitamento dos espaços internos, otimizando os projetos arquitetônicos e aumentando a área útil; Menor consumo de aço em peças submetidas a flexo-compressão; Menor área de formas e menor mão-de-obra na execução; Porém, DAL MOLIN & MONTEIRO (1996) mostram a necessidade de revisão da norma NBR 6118 de modo a contemplar os concretos de alta resistência. Até certa resistência, 90 MPa, a norma embasa, mas além disso, o projetista encontra-se desamparado. Por ser uma mistura relativamente nova, ainda são necessários mais dados experimentais relacionados ao comportamento estrutural e experiência em projeto e construção usando o concreto de alto de alta resistência. Observa-se possibilidade de ruína frágil e explosiva, sem adequada ductilidade na ruptura, e a redução na capacidade de carga na ruína. São muitas as possíveis soluções para algumas dessas questões, como o uso de fibras para aumentar a ductilidade. 2.4 Estado fresco De acordo com Barbosa (2006), o processo de produção e comportamento do concreto de alta resistência como um concreto de alto desempenho no estado fresco frequentemente se difere ao concreto convencional. Os processo usuais, tais como a mistura e os parâmetros de avaliação necessitam ser adaptados para assumirem um novo significado dos indicadores no controle de qualidade. Quando fresco, o CAR tende a ter problemas como: perda de abatimento, retardamento da pega, que atrasará o desenvolvimento da resistência, e segregação elevada da mistura. Segundo Alves (2000) tais problemas ocorrem por diversos fatores que podem ser drasticamente diminuídos controlando algumas de suas propriedades, como a massa específica, o abatimento, a trabalhabilidade e o teor de ar incorporado. Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 6 A trabalhabilidade é a característica mais importante do concreto fresco, de acordo com Sponholz (1998), pois ela afeta a resistência mecânica através das necessidades de produção como bombeamento, adensamento e acabamento. O CAR possui uma massa específica em torno de 2500 kg/m³, o que é explicado pelo alto consumo de cimento e baixa quantidade de água, o que causa a necessidade da utilização de plastificantes e superplastificantes, para uma maior dispersão dos grãos. Outra necessidade do uso de superplastificantes é a obtenção da consistência com coesão adequada para o lançamento sem risco de segregação. Concretos de alto desempenho, em geral, apresentam teores de 1 a 3% de ar aprisionado, e tem-se mais uma vez a necessidade do uso do superplastificante, pois ele, através da combinação cimento/superplastificante é capaz de reduz os teores de ar aprisionado para o intervalo de 1 a 1,5%. 2.5 Estado Endurecido 2.5.1 Resistência a compressão Sendo a principal propriedade mecânica do concreto, de acordo com Dal Molin (1995) está relacionada com a estrutura interna do material proporcionando uma estimativa do desempenho do concreto e, de forma indireta, da sua durabilidade. O fator mais importante, em concretos convencionais, para se determinar a resistência é a relação água/aglomerante, porém CARs, vai depender das propriedades e proporções dos materiais constituintes, do grau de hidratação e outros fatores. Como a pasta possui uma elevada resistência, observa-se que o agregado se torna o “elo fraco” da mistura. Portanto, a única maneira de elevar a resistência da mistura seria adotando um tipo de agregado graúdo mais resistente. Nota-se também um ganho rápido de resistência nas primeiras idades, isso se dá ao fato da baixa relação água/cimento que permite maior proximidade entre as partículas, e também ao fato do efeito fíler, que provoca melhor distribuição dos grãos, reduzindo assim os vazios. Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 7 2.5.2 Resistência a tração Autores como De Larrard & Malier citados por Costenaro (2003) apontam que o concreto atinge o valor máximo de resistência à tração aproximadamente aos 14 dias de idade, ao contrário do valor da resistência à compressão, que mesmo após os 14 dias continua a crescer, podendo ainda aumentar de 10 a 20 % do seu valor. Para concreto com baixa resistência, os ensaios citados pelo ACI 363 R (1992) concluíram que a resistência à tração na compressão diametral pode chegar a 10% da resistência à compressão, mas para resistências maiores (acima de 84 MPa) pode ser reduzido para 5%. 2.5.3 Módulo de elasticidade Barbosa (2006) diz que para pastas de cimento com baixas relações água/aglomerante, a ligação interfacial entre agregado e a pasta de cimento é normalmente alta e as propriedades elásticas do agregado se tornam importantes no desempenho do concreto. Sponholz (1998) comentam que enquanto alguns pesquisadores indicam que sejam necessários altos módulos de elasticidade para obter CAD, outros recomendammódulo de elasticidade semelhante a pasta do concreto, para não criar diferença de concentrações de tensões ao redor do agregado. 3 Materiais para a produção de Concreto de Alta Resistência 3.1 Agregados No concreto de alta resistência, segundo Dafico (2001), a qualidade do agregado é um dos principais fatores, tanto para a obtenção de uma boa trabalhabilidade como uma alta resistência. Já que a chave para uma alta resistência tem a ver com a baixíssima relação água/cimento, é necessário haver uma boa distribuição granulométricas dos agregados. A forma do agregado graúdo, a dimensão máxima característica bem como a sua origem mineralógica têm influência significativa na performance do concreto. Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 8 3.2 Cimento e Adições minerais O tipo de cimento escolhido é tão importante quanto a demanda de água no concreto. Quanto mais fino o grão do cimento, maior resistência o concreto apresenta. No concreto de alta resistência, deve-se observar o calor de hidratação, devido ao grande consumo de cimento. Como solução a essa observação, pode-se usar pozolanas em substituição a uma parte do cimento ou até mesmo o uso de um cimento de baixo calor de hidratação. As pozolanas são adições minerais que que exercem melhorias na microestrutura da pasta e diminuem o uso de cimento. 3.2.1 Cinza de Casca de Arroz A utilização da cinza da casca do arroz vem sendo ampliada desde a década de 70. Por apresentar teor de carbono, tende a ser preta. Entretanto, a CCA (Cinza de Casca de Arroz) pode ser cinza, púrpura ou branca, dependendo das impurezas presentes e das condições da queima. A norma americana ASTM C 989 classifica a CCA como pozolana de alta reatividade, juntamente com a Sílica Ativa, sendo, assim, possível a sua utilização no lugar da última. Estudiosos listam mais de 30 outras possíveis formas de utilização da cinza da casca de arroz, além de usada na fabricação de concretos. Adicionada juntamente com o cimento Portland, muitas propriedades únicas tem sido reportadas por pesquisadores. 3.2.2 Sílica Ativa Considera também uma pozolana altamente reativa, segundo MALHOTRA (1993) a sílica tem sido usada desde os anos 50, mas somente com o advento da tecnologia do concreto é que ela recebeu devida importância. É um material finíssimo, sendo possível que se aloje entre as partículas de cimento, melhorando assim a sua pasta, tornando-a mais compacta. Em função de suas qualidades, é um material de alto preço, cerca de 3 a 5 vezes o do cimento. Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 9 3.3 Aditivos químicos Para ser possível atingir tão baixa relação água/cimento e ainda manter uma boa trabalhabilidade, altos teores de aditivos são utilizados. Aditivos são tensoativos aniônicos, que quando usado em determinada quantidade, produzem um poderoso efeito dispersante, segundo Mehta e Aitcin (1990). Existem diversos tipos de aditivos, mas o mais usados são: Plastificantes, Retardadores de pega, Aceleradores de pega, Plastificantes retardadores de pega, Plastificantes aceleradores de pega, Incorporadores de Ar, Superplastificantes, Superplastificantes retardadores de pega, Superplastificantes aceleradores de pega. 4 Programa experimental Os dados aqui apresentados foram obtidos a partir de procedimentos realizados na Universidade Federal de Santa Catarina e que foram extraídos da dissertação de doutorado apresentado ao programa de pós-graduação em Engenharia Mecânica da referida universidade por Dario de Araújo Dafico, com título “Estudo da dosagem do concreto de alto desempenho utilizando pozolana proveniente da casca de arroz”, do ano de 2001. 4.1 Escolha e caracterização dos materiais Cimento CP – I – S 32 Água tratada de sistema local de abastecimento Agregado graúdo com dimensão máxima de 19mm e o agregado miúdo foi areia quartzosa natural. Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 10 Sílica Ativa em forma de pó Cinza de casca de arroz moída por 2 horas com baixo teor de carbono Aditivo Plastificante e superplastificante 4.2 Dosagem Foram feitos cinco misturas diferentes de concreto visando contemplar teores diferentes de pozolanas e diferentes relações água/cimento, mesmo que mantendo constante a relação água/aglomerante. Primeiramente escolheu-se um valor razoável da relação água/aglomerante, em massa, que foi de 0,35. Este foi o valor usado para dosar a mistura de concreto de referência, sem nenhuma substituição de cimento por pozolana. Em seguida esta relação água/aglomerante em massa foi transformada em relação volumétrica, e o valor fixado para todos os outros traços que iriam conter cimento e pozolanas. Foram dosados concretos com teores de substituição volumétrica de cimento por pozolana de 7 e 35%. As pozolanas utilizadas foram Sílica Ativa e Cinzas de Casca de Arroz. A tabela 1 resume os traços mostrando suas composições em termos de substituição volumétrica de cimento pelas pozolanas. Tabela 1 – Resumo das proporções volumétricas dos aglomerantes para a mistura Número % CIM. % S. A. % C. C. A. CIM 100% - - CIM + SA 7% 93 7 - CIM + SA 35% 65 35 - CIM + CCA 7% 93 - 7 CIM + CCA 35% 65 - 35 Fonte: Dafico (2001) ADAPTADO As tabelas 2 e 3 mostram a quantidade de cada mistura em massa e volume, respectivamente. Todas as misturas tiveram a mesma quantidade de agregado por betonada. Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 11 Tabela 2 – Quantidade em volume por betonada dos materiais da pasta de concreto Número CIM. (dm³) S. A. (dm³) C. C. A. (dm³) Água (dm³) Plast. (dm³) Super. (dm³) CIM 3,205 - - 3,455 0,0422 0,1975 CIM + SA 7% 2,981 0,224 - 3,455 0,0422 0,1975 CIM + SA 35% 2,083 1,122 - 3,455 0,0422 0,1975 CIM + CCA 7% 2,981 - 0,224 3,455 0,0422 0,1975 CIM + CCA 35% 2,083 - 1,122 3,455 0,0422 0,1975 Fonte: Dafico (2001) ADAPTADO Tabela 3 – Quantidade em massa por betonada dos materiais da pasta de concreto Número CIM. (kg) S. A. (kg) C. C. A. (kg) Água (kg) Plast. (kg) Super. (kg) CIM 9,871 - - 3,455 0,049 0,239 CIM + SA 7% 9,182 0,489 - 3,455 0,049 0,156 CIM + SA 35% 6,416 2,445 - 3,455 0,049 0,296 CIM + CCA 7% 9,182 - 0,484 3,455 0,049 0,296 CIM + CCA 35% 6,416 - 2,423 3,755 0,049 0,396 Fonte: Dafico (2001) ADAPTADO A tabela 4 mostra os valores calculados para o volume de materiais por metro cúbico de concreto e a tabela 5 mostra os valores em massa. Não foi considerado o volume do ar incorporado. Tabela 4 – Volume dos materiais por metro cúbico de concreto Número CIM. (dm³/m³) S. A. (dm³/m³) C. C. A. (dm³/m³) Água (dm³/m³) Plast. (dm³/m³) Super. (dm³/m³) Areia (dm³/m³) Brita (dm³/m³) CIM 175,700 - - 189,4 2,3 10,8 227 394,7 CIM + SA 7% 164 12,3 - 190,1 2,3 7,1 227,8 396,2 CIM + SA 35% 113,9 61,3 - 188,9 2,3 13,4 226,4 393,7 CIM + CCA 7% 163 - 12,3 188,9 2,3 13,4 226,4 393,7CIM + CCA 35% 111,6 - 60,1 201,1 2,3 17,5 221,8 385,7 Fonte: Dafico (2001) ADAPTADO Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 12 Tabela 5 – Massa de materiais por metro cúbico de concreto Número CIM. (kg/m³) S. A. (kg/m³) C. C. A. (kg/m³) Água (kg/m³) Plast. (kg/m³) Super. (kg/m³) Areia (kg/m³) Brita (kg/m³) CIM 541,200 - - 189,4 2,7 13,1 590,1 1046,1 CIM + SA 7% 505,2 26,9 - 190,1 2,7 8,6 592,4 1050 CIM + SA 35% 350,9 133,7 - 188,9 2,7 16,2 588,6 1043,4 CIM + CCA 7% 502,1 - 26,5 188,9 2,7 16,2 588,6 1043,4 CIM + CCA 35% 343,7 - 129,8 201,1 2,6 21,2 576,6 1022 Fonte: Dafico (2001) ADAPTADO Foram moldados 8 corpos de prova de cada mistura, de dimensões 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura. De cada traço e de cada idade, 2 corpos de provas foram ensaiados à compressão com 1, 3, 28 e 63 dias. O capeamento dos corpos de provas foi feito com enxofre para o ensaio, conforme a norma NBR 5739:2007. A tabela 6 mostra os resultados dos ensaios de resistência à compressão. Tabela 6 – Resistência a compressão dos concretos a cada idade Número 1 dia 3 dias 28 dias 63 dias CIM 28,7 45,6 57,4 61,8 CIM + SA 7% 28,7 48,7 69,3 76,1 CIM + SA 35% 22,5 39,3 79,9 82,4 CIM + CCA 7% 28,1 46,2 61,1 63,6 CIM + CCA 35% 20,6 46,2 59,3 66,1 CIM: cimento SA: Sílica Ativa CCA: Cinza da Casca de Arroz Fonte: Dafico (2001) ADAPTADO 5 Analise dos dados Como já observado neste trabalho, a resistência a compressão é umas das características mais importantes do concreto e diferente teores de adições podem influenciar significativamente. De acordo com o trabalho de Dafico (2001), as cinzas foram moídas por aproximadamente 2 horas, sendo que o ideal seriam 6 horas. O motivo foi para que os grãos não se igualassem, tanto pelo aspecto de aumento na superfície específica, quanto em relação à intensificação do efeito microfíler. Além disso, caso fosse Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 13 encontrado um bom comportamento para as cinzas a um tempo de moagem menor, isto implicaria em uma grande vantagem econômica, posto que os custos de moagem são um dos principais fatores limitantes à disseminação do uso da cinza de casca de arroz na produção de concreto. O gráfico 1 faz uma comparação das resistências à compressão dos concretos. Percebe-se que a mistura de cimento + 35 % de sílica ativa foi que a obteve a maior resistência em idades avançadas e mistura de cimento + 7% de sílica ativa foi a que obteve a maior resistência em idade baixa. Mas, nota-se também, que as resistências alcançadas pelas misturas que incorporam cinza de casca de arroz não são insignificantes, ficando não muito abaixo das resistências alcançadas pelas misturas contendo sílica ativa. De acordo com o autor, a cinza de casca de arroz obteve um ótimo desempenho, mesmo com a moagem de apenas 2 horas, o que leva a crer que teria um desempenho excelente, superior ao da sílica, com tempo maior de moagem, sendo provável menos do que as 6 horas sugeridas. Gráfico 1 – Resistência à compressão dos concretos em diferentes dias Fonte: Dafico (2001) ADAPTADO Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 14 5 Conclusão Diante dos resultados obtidos e das análises realizadas, verifica-se o comprimento dos objetivos inicialmente propostos: avaliar as misturas quanto a sua resistência à compressão e diante dessas resistências estudar a possibilidade de substituição da sílica ativa pela cinza de casca de arroz para a produção de concreto de alta resistência (CAR). A sílica ativa é uma pozolana altamente reativa, assim como a cinza de casca de arroz, mas visando um aproveitamento dos resíduos da agricultura, e de acordo com o resultado dos ensaios de resistência à compressão, percebe-se que não há muita diferença entre a resistência a compressão obtida através de uma mistura e a outra, apesar de a cinza de casca de arroz ter seu tempo de moagem bem abaixo do sugerido, e a sílica ativa ter apresentado maiores resistências à compressão, a cinza de casca de arroz pode sim substituir a sílica ativa. Há, ainda, um certo preconceito na indústria para a utilização da mesma em larga escala, apesar de ser uma pozolana obtida através de métodos simples e econômicos. Cadernos de Trabalhos Materiais da Construção Civil Graduação Engenharia Civil - UNASP Departamento de Engenharia Civil Centro Universitário Adventista de São Paulo 15 6 Referências ABCP, Quais são os tipos de cimento Portland. Disponível em: <http://www.abcp.org.br/cms/perguntas-frequentes/quais-sao-os-tipos-de-cimento-portland/>. Acesso em: 14/04/2017 ALVES, M. F. Estudo comparativo de métodos de dosagem para concreto de alta resistência. Porto Alegre, 2000. 140p. Dissertação (Mestrado em engenharia). Universidade Federal do Rio Grande Sul. AMERICAN CONCRETE INSTITUTE COMMITTEE – ACI. State of the art report on high strength concrete 363. Detroit: ACI, 1992. p.55. (363 R-92) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: concreto – ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 1994a. ______. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014 ASTM - AMERICAN SOCIETY FOR TESTING MATERIALS. Standard Test Method for Eletrical Indication of Concrete’s Ability to Resist Chloridde Ion Penetration. ASTM Standard C 1202- 94. USA. 1994. BARBOSA, M. B.; Utilização de resíduos de cinza de casca de arroz e borracha de pneus em concreto de alto desempenho. 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