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Psicanálise Forense

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Psicanálise Forense
Psicologia Jurídica
UNIBAVE – Orleans – SC
Prof. Dr. Flávio Rodrigo Masson Carvalho
 flaviopsicanalise@gmail.com
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A psicanálise forense
 é um ramo de estudo da Psicologia Jurídica, que tem como objetivo traçar estudos inter-relacionados entre as Leis vigentes e a mente humana e seu conteúdo. 
Esta ciência tem como princípios básicos os descritos pelos grandes psicanalistas Lacan e Jung. 
Partindo dessas teorias e de observações empíricas, o Psicanalista Forense tem como atuação tentar adequar as normas, princípios jurídicos e demais postulados com as características da mente humana como a proteção da Personalidade psicológica de cada indivíduo.
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A Psicanálise Forense, auxilia vários outros ramos da Psy Forense. 
Se relaciona com a Psicologia Criminal, na medida em que faz uma análise psíquica do bandido e traz as leis penais para este limite, tendo como grandes exemplos os artigos 26 (Inimputabilidade) inteiro, 77, inciso II que indica ser importante avaliar-se a personalidade do agente antes que se conceda Suspensão Condicional da Pena e artigo 83 (Do Livramento Condicional). 
Também, a Psicanálise Forense se relaciona com a Psicologia Civil, porque está embutida na parte geral do Código Civil, parte em que trata da capacidade das pessoas naturais de realizar atos da vida civil.
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Podemos observar, também, suas relações com a Psicologia Judiciária porque alcança a proteção do direito à intimidade e integridade psíquica das partes envolvidas processos que correm na justiça. 
Também isto ocorre devido a questão do Segredo de Justiça, que foi alcançado por determinadas ações na vara de Família, na vara criminal e em alguns casos da justiça federal. 
Com o advento de estudos mais profundos da psicanálise conjuntamente com o Direito no século XX, os psicanalistas forenses impulsionaram o segredo de justiça, fazendo que este ganhasse mais força nas mãos da proteção da personalidade íntima, da estrutura psíquica que envolvem casos judiciais.
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Onde começa o crime?
Quase sempre é um ato corriqueiro e sem importância, mas com alto valor simbólico, o que faz de qualquer um de nós, um criminoso. 
Visto que a honestidade não é um valor social e sim individual, o sujeito é honesto com a sua limitação, no linguajar  psicanalítico, com sua castração. 
A honestidade surge quando ele reconhece nele este valor, a partir do momento que ele descobre que todos estamos na mesma situação. 
A partir daí o crime ou a honestidade surgem como alternativas, mas só será honesto o sujeito que reconhece sua limitação, e a dos demais.  
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O criminoso delira, escapa de si mesmo pela negação de si, e busca no crime a validação de sua exclusão, pela morte. 
Não é o fato simbólico que inaugura a via criminal e sim uma resposta a sua demanda, que já era delirante. 
O delírio é um sonho em vigília. 
Porque o criminoso não se suicida? 
As doutrinas orientais, muitas delas, usaram o método de levar o criminoso até a sua confissão completa, então era dada a ele uma escolha entre a morte pelo suicídio ou cumprir a sua pena, 90% dos criminosos preferiam o suicídio. ( Um suicídio legal e autorizado pela sociedade ). 
O criminoso não se suicida por que ele vive no delírio. Quando ele confessa e reconhece seus crimes, o faz para obter vantagens e não pelo reconhecimento. 
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A nossa lei impede que o criminoso pela confissão, se incrimine. 
Há uma proteção contra os métodos que eram radicais na busca da sua culpa. Um reflexo do estado ditatorial no Brasil. 
Toda forma de comunicação entre sujeitos se faz pelo uso da linguagem, e ela serve como objeto postiço ao sujeito, que incapaz de comunicar diretamente o faz pelo uso da linguagem, então o sujeito, todos nós fazemos uso da linguagem como meio de comunicação, linguagem que representa seus valores pela cultura.  
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Todos nós não comunicamos diretamente e sim metaforizamos a nossa fala, e por isto precisamos dormir para desfazer os vínculos da metáfora usada. 
Todos os dias desfazemos este fantasma que criamos para comunicar, pelo sono, e depois, na crença de uma sociedade justa, este fantasma acorda pela manhã para novamente renovar os vínculos e falar pela confiança na sociedade.
O sonho então desfaz os vínculos sem delírio a ser trazido para o Real, já o criminoso sonha na vigília, ele rompe com os vínculos do acordo social, trazendo o sonho para a realidade, para a vigília. (As drogas e seu uso interferem nadinâmica natural do sono)
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O que é a Perversão?
O termo perversão tornou-se um conceito para a psicanálise a partir de 1896, quando Sigmund Freud o colocou ao lado da psicose e a neurose. 
Historicamente a perversão está em um campo bem amplo, pois engloba comportamento, práticas e fantasias correlacionados à norma social.
Outro aspecto importante a ser mencionado é que a perversão tanto no Ocidente quanto no Oriente, sempre esteve baseada em múltiplas formas que variaram conforme as épocas, culturas, costumes etc.
Deste modo, a perversão está associada ao momento histórico e cultural de uma determinada sociedade. 
No Ocidente, por exemplo, a homossexualidade na Grécia Antiga era vista como algo natural. 
Com o advento do Cristianismo a prática passou a ser considerada satânica e no século XIX, como algo totalmente anormal para o ser humano.
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No século XX, em 1974, a homossexualidade foi reconhecida como mais uma forma de sexualidade não figurando no terceiro Manual Diagnóstico Estatístico dos Distúrbios Mentais (DSM III) editado em 1987, como parafilias.
Para Freud inicialmente, a perversão (homossexualidade) apresentava  uma ambivalência. Como salientam Roudinesco & Plon: (…) a “disposição perverso-polimorfa” ao homem em geral e, com isso, rejeita todas as definições diferencialistas e não igualitárias da classificação psiquiátrica do fim do século, segundo a qual o perverso seria um “tarado” ou um “degenerado”, porém, por outro, ele conserva a ideia de norma e de um desvio em matéria de sexualidade. (…)
Em 1905, no seu livro Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade, Freud utiliza o termo “perversões sexuais” e emprega mais frequência o termo “inversões”. Com o passar do tempo Freud iria mudar sua terminologia a partir de novas reflexões.
Para Freud, a neurose seria o “negativo da perversão”.
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Parafilia
é um padrão de comportamento sexual no qual a fonte predominante do prazer não se encontra na cópula , mas em outra atividade. 
Em determinadas situações o comportamento sexual parafílico pode ser considerado perversão ou anormalidade. 
Existem muitas práticas que podem ser consideradas como uma parafilia ou não, sendo assim é impossível elaborar um catálogo das parafilias, mas podemos citaras mais comuns: o sadismo, o masoquismo, o exibicionismo, o voyerismo, o fetichismo, a urofilia , etc.
A parafilia tem uma grande relação de atividades que lhe são relacionadas.
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Sendo assim, o pai da Psicanálise apontava para o caráter selvagem, polimorfo e pulsional da sexualidade perversa.
Ao contrário da sexualidade neurótica, a perversa não conhecia o recalque, o incesto e a sublimação. 
A falta de limites decorria em virtude do desvio em relação a uma pulsão, uma fonte (órgão), objeto e alvo. 
A partir dessas constatações Freud distinguiu dois tipos de perversões: a de objeto e a de alvo.
A partir de 1915, Freud  reformulou sua observações. Da descrição das perversões sexuais
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Freud passou para a organização como um modelo baseado clivagem:
(…) “Ao lado da psicose, definida como a reconstrução de uma realidade alucinatória, e da neurose, resultante de um conflito interno seguido de recalque, a perversão aparece como uma renegação ou um desmentido da castração, com uma fixação na sexualidade infantil”.
Jacques Lacan colocou a perversão com uma estrutura, retirando-a do campo do desvio. A abordagem lacaniana introduziu as noções de desejo e gozo. Deste modo,
a perversão seria um componente inerente a psique do homem.
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Com tal perspectiva, a perversão saiu do campo sexual e tornou-se “tratável” no campo psicanalítico, deixando de ser um perigo para a sociedade. 
Como assinalamos acima, Lacan conseguiu reformulou abordagem freudiana facilitando o acesso do perverso ao tratamento psicanalítico. 
O fim da “incurabilidade” para perversão foi de fundamental importância na tentativa formular melhores perspectivas para o perverso.
 
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A Doença Mental
A OMS estima que 450 milhões de pessoas no mundo sofrem de desordens mentais ou de comportamento ou de problemas psicosocial.
1 em 4 pessoas será afetada por desordem mental em alguma etapa da vida.
Desordens mentais e neurológicas representam 14% da carga global de doença e contribuem 28% da carga de doença atribuível as doenças não transmissíveis.
A carga de doença mental tem grande significando .
Estudos mostram que a prevalência de desordens mentais deverão continuar a crescer nos próximos anos.
Em 2030,estima-se que a depressão unipolar será a segunda causa na carga de doença.
Em 2040 aproximadamente 81,1 milhões de pessoas viverão com alguma forma de demência. 
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A carga de condições mentais e neurológicas atinge pesadamente países de baixa e média renda e eles são 6,7 milhões de pessoas, cerca de 80% do mundo.
Muitos países de baixa e média rendas, incluem 15 dos 19 países africanos, para os quais existem dados disponíveis.
Estes países africanos tem alocado menos de 1% de suas rendas para enfrentar doença mental.
Uma proporção significativa de indivíduos com doença mental não recebem tratamento e assistência. 
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A despeito do que acontece e das tendências previstas [estimadas] ,a saúde mental tem sido negligenciada[comparativamente] , sub-notificada.
E recebe muito pouco recurso para pesquisa.
A capacidade da pesquisa em saúde mental permanece baixa.
Entre 1992 e 2001, os pesquisadores de países de baixa e média renda contribuíram com 5% da pesquisa em saúde mental e artigos relacionados na literatura internacional indexada.
E realizaram menos de 14% de ensaios clínicos para novas intervenções em saúde mental.
Existe uma falta de pesquisa específica para contexto sociocultural, econômico e infra-estrutural dos diferentes países de baixa e média renda. 
Obs: o desenvolvimento de intervenções baseadas em evidência podem produzir informações para localizar e estabelecer prioridades e processos de política e decisão na área da saúde mental.
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Epidemiologia das maiores doenças mentais
As variações substanciais no curso, resultado e carga de doença mental crescem através da diferenças da capacidade dos sistemas de saúde.
Obs: A maioria dos estudos tem sido realizados em países de alta renda e poucos tem obtido dados em diferentes comunidades ou grupos étnicos em países de baixa e média renda.
Mesmo dentro de um mesmo país, a incidência de desordens neuropsiquiátricas podem variar substancialmente.
No Inglaterra, no momento, estudo populacionais baseados em estudos caso- controle indicam que a incidência de esquizofrenia varia entre 20/100.000 em Londres para 7,2/100.000 em Bristol, enquanto que estudos semelhantes no Brasil em São Paulo mostra uma incidência de 7,9/100.000,apesar das semelhanças com Londres em termos da densidade populacional , alguns níveis de violência e iniquidades em saúde. 
A avaliação da incidência de todas as psicoses indicam diferenças entre regiões;49/100.000 em Londres,10/100.000 em Bristol mas 15.8/100.000 em São Paulo. 
 
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Estudos realizados no Distrito rural Butajira na Etiópia demonstraram uma prevalência de esquizofrenia de 466 casos por 100.000 habitantes.
Enquanto estudos realizados em semi nômades e populações isoladas das ilhas na região sudeste e centro-sul mostraram que não existem casos de esquizofrenia nestas regiões. No entanto, na população das ilhas tem uma alta prevalência de depressão bipolar.
Obs: Assim, um profundo entendimento das variações na incidência e prevalência das diferentes desordens e doenças mentais em populações específicas é a chave para avaliar as prioridades locais e fornecer as intervenções adequadas[apropriadas]. 
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Estudos epidemiológicos atuais focalizam o aumento da prevalência de demência , particularmente nos países de baixo e média renda.
Estimativas feitas por 10 em 66 grupos de pesquisadores mostram que a prevalência de demência é muito maior do que se havia demonstrado previamente usando os critérios do Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais [ 4a edição ](DSM-IV).
Existe atualmente [2008] mais de 24 milhões de pessoas vivendo no mundo todo com demência.
 E se estima que a prevalência vai aumentar aproximadamente 82 milhões de pessoas em 2040.
A carga atingirá predominantemente os países de média renda. 
A taxa de aumento na prevalência é estimada em 300% na Índia, China, áreas do Sul da Ásia e Pacífico Oeste. E 100% nos países de alta renda. 
No Brasil estima-se um aumento da prevalência em mais de 150 % . 
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ALGUNS DADOS PARA SITUAR A 
QUESTÃO DO 
TRANSTORNO MENTAL 
(ou doença mental, loucura etc. como era denominado em outras épocas) 
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CAUSAS
A maioria das doenças, mentais e físicas, é influenciada por uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
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Ainda Há Muito Que Aprender 
 sobre as causas específicas dos transtornos mentais e comportamentais ...
embora as contribuições da neurociência, da genética, da psicologia e da sociologia, entre outras, desempenharam importante papel informativo da nossa maneira de compreender essas complexas relações. (OMS, 2001, p.36).
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A saúde mental é o primeiro campo da medicina em que se trabalha intensiva e
obrigatoriamente com a interdisciplinaridade e a intersetorialidade. 
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No último meio século, o modelo de atenção em saúde mental mudou da institucionalização (ou internação) de indivíduos portadores de transtornos mentais para um enfoque baseado na atenção comunitária, apoiada na disponibilidade de leitos para casos agudos em hospitais gerais.
O tratamento apropriado de transtornos mentais e comportamentais implica o uso racional de intervenções FARMACOLOGICAS, PSICOLOGICAS E PSICOSSOCIAIS de uma forma clinicamente significativa e integrada.
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A descoberta e o aperfeiçoamento de medicamentos úteis no manejo de transtornos mentais, que ocorreram na segunda metade do século XX, foram reconhecidos em muitos setores como uma revolução na historia da psiquiatria.
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DESMISTIFICANDO ALGUMAS IDÉIAS 
Os transtornos mentais não são de domínio exclusivo deste ou daquele grupo especial; eles são verdadeiramente universais.
Observam-se transtornos mentais e comportamentais em pessoas de todas as regiões, todos os países e todas as sociedades (mulheres, homens, ricos e pobres, entre pessoas que vivem em áreas urbanas e rurais ETC.) 
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A Reforma Psiquiátrica
preconiza a reestruturação da assistência, priorizando o atendimento ambulatorial e promoção a saúde mental, através das ações básicas de saúde e integração com a comunidade
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 É preciso acabar com a idéia de deter pessoas com transtornos mentais e comportamentais em instituições psiquiátricas com foros de prisão. 
A enorme maioria dos portadores de transtornos mentais não é violenta. 
Somente uma pequena proporção esta associada ao risco de violência e a probabilidade desta violência pode ser diminuída por serviços abrangentes de saúde mental.
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RECOMENDAÇÕES GERAIS DA OMS
1. Proporcionar tratamento na atenção primaria
 O manejo e tratamento de transtornos mentais no contexto da atenção primaria é um passo fundamental que possibilita ao maior numero possível de pessoas
ter acesso mais fácil e mais rápido aos serviços. 
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2. garantir o acesso aos medicamentos psicotrópicos
 Esses medicamentos podem atenuar os sintomas, reduzir incapacidade, abreviar o curso de muitos transtornos e prevenir recorrências.
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3. garantir atenção na comunidade
 A atenção baseada na comunidade tem melhor efeito sobre o resultado e a qualidade da vida das pessoas com transtornos mentais crônicos do que o tratamento institucional.
 A meta final é o tratamento e atenção com base na comunidade. Isso implica o fechamento dos grandes hospitais psiquiátricos (OMS, 2001, p.122).
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4. educação em saúde para a população
Uma bem planejada campanha de sensibilização e educação do publico pode reduzir a estigmatização e a discriminação, fomentar o uso dos serviços de saúde mental e lograr uma aproximação maior entre a saúde mental e a saúde física.
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5. envolver as comunidades, as famílias e os usuários
 A comunidade, as famílias e os usuários devem ser incluídos na formulação e na tomada de decisões sobre políticas, programas e serviços.
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6. estabelecer políticas, programas e legislação nacionais
(OMS, 2001, p.149)
No Paraná temos a Lei Estadual 11.189/95
No Brasil a Lei Federal 10.216/01
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Todo paciente tem o direito de ser tratado num ambiente o menos restritivo, com o tratamento menos restritivo ou intrusivo. 
(OMS, 2001, p.13)
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